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A armadura de Deus (Ef: 6 10 a 18): Entendendo o contexto e o propósito

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Academic year: 2021

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A armadura de Deus (Ef: 6 10 a 18): Entendendo o contexto e o propósito

Esta é uma interpretação de Efésios 6: 10 a 18 é preciso conhecer o contexto em que a mensaguem foi escrita e a realidade vivida pelos seus destinatários. 10 Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder,

11 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderes ficar firmes contra todas as ciladas do diabo;

12 Porque nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os principados e

potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes.

13 Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.

14 Estai pois firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos com a couraça da justiça, 15 Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;

16 Embraçando sempre o escudo da fé com o qual podeis apagar todos os dados inflamados do Maligno.

17 Tomai também o capacete da salvação e a espada do espírito, que é a palavra de Deus; 18 Com toda oração e súplica, orando o tempo todo no Espírito e para isso vigiando com toda a perseverança e súplica por todos os santos”

Contexto Histórico

A cidade de Éfeso era capital da província da Ásia durante o período do Novo Testamento, e mesmo com a concorrência de outros grandes centros não teve dificuldades em manter sua supremacia econômica e social. Mais tarde (data imprecisa) foi convertida em centro administrativo da Ásia Menor. Bem servida por estradas e estrategicamente localizada, Éfeso era um grande mercado onde nativos e estrangeiros conviviam cotidianamente, e também uma suntuosa cidade portuária, cortada por uma enorme avenida de 22m de largura, ladeada com colunas greco-romanas, que dão bem uma idéia de seu porte.

A vida religiosa em Éfeso era intensa, a cidade abrigava o templo de Artemis ou Diana, a deusa da fertilidade, além de inúmeros templos romanos para adoração do imperador. Havia um forte comércio em função dos templos.

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Ali vivia uma numerosa comunidade judaica, que gozava de prestígio. O cristianismo foi introduzido em Éfeso por Paulo em sua segunda viagem missionária, em 52 d.C., quando deixou Áquila e Priscila.

Em sua terceira viagem missionária, Éfeso era um dos alvos, e Paulo viveu ali cerca de 2 anos. São desta estada os episódios de confrontação com os cultos mágicos (AT 19:13) e a hostilidade contra Paulo por atrapalhar os negócios em torno do culto a Diana (At 19:27).

Paulo teve inúmeras dificuldades e correu risco de vida em Éfeso, pelo que escreveu em 1 Co 15:32: “Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me aproveita disso?” Ainda que o texto não tenha sentido literal, evidencia a questão.

É provável que ao escrever o capítulo 6 Paulo estivesse preso, acorrentado a um soldado romano, de onde teria tirado a analogia da armadura.

Provavelmente Paulo tinha em mente a armadura do guerreiro celeste de Is 59:17.

Contexto Literário

Embora desde o século II esta epístola já seja aceita como endereçada aos Efésios, há grande controvérsia quanto a isto. Foulkes aponta que o

documento guarda características de um sermão ou carta circular, que de alguma maneira ligou-se de modo especial à igreja em Éfeso. Chama a atenção o fato de que, tirando-se a introdução, o corpo da epístola não faz referências aos destinatários, como é comum em Paulo.

Até mesmo a autoria Paulina tem sido questionada, mas a posição tradicional, que a aceita, tem prevalecido.

Efésios faz uma espécie de paralelo constante com Colossenses. As duas epístolas, segundo Foulkes, tem planos e argumentos semelhantes, e ambas compartilham expressões que não se encontram nas demais cartas paulinas. Efésios não traz de um problema específico, dá diretrizes gerais sobre a vida no corpo.

Analise dos versículos

Versículo 10: o texto começa com a expressão “quanto ao mais”, que se refere a todo conteúdo anterior da epístola. O conflito espiritual cristão deve ser vivido com as instruções a seguir, mas também considerando o que já foi dito antes, sobretudo a partir do capítulo 4.

“Sede fortalecidos”, no original grego, implica em uma ação constante Versículo 11: A palavra grega empregada é Panhopla (Panhopla), que também ocorre em Rm 13:12 e 1 Ts 5:8, implica na soma total de todas as peças da armadura (hopla - hopla). Assim, devemos entender que as peças desta armadura atuam em conjunto.

É possível também entender a Armadura de Deus como a que ele usa ou a que ele fornece. Muitos comentaristas pensam que Paulo empregou o termo

deliberadamente com duplo sentido.

A ordem de ficar firmes traz a ideia de não avançar nem recuar, mas guardar posição. Esta necessidade é enfatizada mais 3 vezes no versículo 13 Versículo 12: Não há duvida que aqui Paulo foi literal, ao se referir ao diabo (versículo 11) e os dominadores deste mundo tenebroso. A expressão em grego (“kosmokratoras – kosmokratoras”) refere-se ao dominador de todo o

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mundo, no sentido que Jo 12:31 e 2 Co 4:4 empregam para descrever o diabo. Versículo 13: “Portanto (uma vez que a luta é terrível como descrita no versículo anterior) tomai toda a armadura de Deus.”

A armadura deve ser usada de maneira integral. A ideia de ficar firme, no original grego, implica em resistir firmemente a uma forte oposição.

Versículo 14: o cinturão é a peça que prende todo o resto da armadura. Cingir-se é comumente usado na bíblia para descrever um ato preparatório importante.

Versículo 15: ter calçado os pés pode aludir a um estado de prontidão, o que

talvez implique em estar pronto para avançar, visto em perspectiva com o permanecer firme. Neste sentido, o crente é também um mensageiro das boas novas, que deve avançar apesar da batalha para levar o Evangelho da paz ao mundo.

Versículo 16:o escudo da fé é um scutum, artefato que protegia grande

parte do corpo. Em 1TS 5:8, Paulo fala da fé e amor como uma couraça. Paulo sabia que as ciladas do diabo incluem dardos inflamados setas planejadas pelo inimigo para nos destruir.

Versículo 17:o verbo usado em “tomai também o capacete da salvação”

emprega o sentido de salvação como dom de Deus.

O Antigo Testamento se refere à língua como uma espada. Mas aqui a arma é vista como divina, a espada do Espírito, que separa o falso do verdadeiro (Hb 4:12) e traz julgamento (Is 11:4, Os 6:5).

Versículo 18: embora a oração não seja uma parte da armadura, ela não pode

ser dissociada do texto, é como se, depois de equipado, o leitor devesse permanece orando. Pode estar implícito no texto de Paulo a recomendação de vestir cada peça em oração.

Conclusão

Aplicando o princípio hermenêutico de tratar as figuras de linguagem como tal, podemos entender a Armadura de Deus no sentido que Ricouer emprega para símbolo. Não há porque o cristão esperar que um dia vá receber

efetivamente um armadura feita de metal, que deverá ser vestida para que ele participe de uma batalha sideral. Os elementos aqui apresentam outro significado. Este procedimento não pode ser confundido com alegorização. O texto será tratado literalmente, e o “significado oculto” trata-se apenas e tão somente de reconhecer as figuras de linguagem que Paulo empregou.

Seja esta uma epístola escrita diretamente para Éfeso ou uma carta circular às igrejas, o fato é que Paulo se utiliza de uma analogia muito compreensível para os destinatários. O Império Romano estava presente em toda a região e uma armadura ela algo bastante conhecido. O apóstolo traça um paralelo entre as vestes do soldado e a armadura concedida por Deus para equipar seu exército. Ambos estão em guerra para defender seus territórios.

A guerra do exército de Deus não é travada no plano natural, e sim no sobrenatural. Ela acontece nas regiões celestes mas envolvem o crente diretamente. É preciso estar sempre preparado para um inimigo traiçoeiro e que emprega toda sua força.

O crente encontra-se em posição de defender seu território, é alertado

constantemente para ficar firme e resistir. Não precisa atacar, mas deve estar pronto para avançar, quando tiver a oportunidade de responder à guerra

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levando o Evangelho da paz.

Os elementos do cristão na luta contra o diabo são a verdade, a justiça, a paz, a fé, a salvação, a Palavra e a oração. No duplo sentido que Paulo emprega para a armadura de Deus (fornecida por Deus e que Deus veste, podemos entender estes elementos como uma postura que o cristão deve adotar ou que Deus determina.

Assim, podemos entender a verdade como a atitude de sermos verdadeiros, mas também a Verdade divina que é Jesus nos protegendo. A justiça pode implicar em senso ético, mas também na Justificação que Cristo oferece. O Evangelho da paz como a mensagem que devemos pregar, ou a própria

encarnação do Verbo, a fé como atitude de confiança e como dom de Deus, a salvação como nossa salvação pessoal ou a Obra da Salvação em Jesus, a Palavra como uma incitação ao “Ide”, ou a Palavra de Deus.

Tanto em um caso quanto no outro, é importante notar que estas peças funcionam articuladas como um todo. É este conjunto de coisas, empregado na correta atitude de oração e súplica, que permite ao cristão vencer tudo e permanecer inabalável.

O capacete era “a parte mais ornamental da armadura primitiva”, e Paulo usa esta peça atrativa da armadura para representar a salvação: “Tomem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6:17). Charles Hodge escreve:

O que adorna e protege o cristão, que o capacita a levantar sua cabeça com confiança e alegria, é o fato que ele está salvo. Ele é um dos redimidos, transladados do reino das trevas para o reino do querido Filho de Deus. Se ainda debaixo de condenação, se ainda alheio a Deus, um estrangeiro, um alienado, sem Deus e sem Cristo, ele não poderia ter coragem para entrar neste conflito. É porque ele é um cidadão dos santos, um filho de Deus, um participante da salvação do evangelho, que ele pode enfrentar os inimigos mais potentes com confiança, sabendo que ele será sempre mais do que vencedor através daquele que o amou.

Em certo sentido, Deus revela Sua bondade a todos: “Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos” (Mateus 5:45). Mesmo aqueles hostis a Deus devem depender constantemente de Seu sustento para a sua própria existência, “Pois nele vivemos, nos movemos e existimos” (Atos 17:28). Todos deveriam ser comovidos pela bondade de Deus, e, assim se arrependerem a Deus e crerem em Cristo. Mas sem a decisão soberana de Deus, eles não se arrependem e crêem, e nem o podem fazer; portanto, a bondade geral de Deus resulta na condenação eterna dos réprobos.

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A Escritura nos mostra que a graça salvadora de Deus é revelada somente aos Seus eleitos –– Seus escolhidos –– e os ímpios não têm parte nela: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém sabe quem é o Pai, a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar” (Lucas 10:22).

“Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:44).

“Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado” (Efésios 1:4-6).

Assim, a salvação distingue os cristãos do resto da humanidade. Os cristãos são o povo escolhido de Deus: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9). Todos os outros seres humanos são não-salvos, porque Deus não os escolheu.

O capacete pode representar a salvação do cristão de outro modo significante, além de sua atratividade, a saber, “Tomar é realmente receber ou aceitar (dexasthe). Os itens anteriores foram dispostos para o soldado apanhar. O capacete e a espada deveriam ser entregues a ele por um assistente ou por seu carregador de armadura. O verbo é apropriado para a 'inquestionabilidade' da salvação”.

O capacete representa apropriadamente a salvação cristã, não somente por causa da sua atratividade, mas também por causa da maneira na qual o cristão o veste. Embora o adornar as outras peças da armadura dependa da volição do crente, a salvação é totalmente dependente de Deus. Jesus lembra aos Seus discípulos: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome” (João 15:16). O cristão não deve se elogiar que ele tenha “aceito a Cristo”, pois é melhor e mais sábio do que os incrédulos em si mesmo, quando na realidade foi Deus quem soberanamente o escolheu e aceitou: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados”. A única razão de sermos capazes de amá-Lo é “porque ele nos amou primeiro” (1 João 4:19). Assim, no lugar de auto-congratulação e ostentação, deveríamos oferecer ação de graças a Deus, que nos escolheu e nos mostrou misericórdia, não por

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causa de qualquer prévia condição em nós, mas por causa da sua soberana vontade.

Com respeito a se há qualquer significação em a salvação ser representada por um capacete, alguns sugerem que “a metáfora refere-se a pureza de mente”, mas outros dizem que isto pode ser “muito imaginativo”. Para entender corretamente a passagem, não deveríamos aplica a metáfora de uma forma que exceda a intenção do escritor; contudo, mesmo que Paulo não enfatize explicitamente o intelecto com o capacete como uma metáfora, muitos elementos durante toda a passagem implicam em tal ênfase.

Por exemplo, verdade, justiça, o evangelho, fé (tanto em seu aspecto subjetivo e objetivo), salvação, e a palavra de Deus, implicam em conteúdo intelectual para ser entendido pela mente. Portanto, mesmo que fazer da salvação um capacete não seja em si mesmo uma tentativa de enfatizar a compreensão intelectual da soteriologia, a inclusão desta ênfase é inescapável. Em outro lugar, Paulo escreve, “[As Escrituras] são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” (2 Timóteo 3:15). A sabedoria salvadora vem de uma compreensão intelectual da Bíblia, aplicada às nossas mentes para efetuar conversão e santificação pelo Espírito Santo.

Temos derivado diversos pontos à partir da metáfora de que a salvação é como um capacete para o cristão. Primeiro, a salvação é “a parte mais ornamental” do Cristianismo, tanto que “até os anjos anseiam observar” (1 Pedro 1:12). Além disso, a fé com a qual afirmamos o evangelho não “não vem de nós mesmos, é dom de Deus”, para que “ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9). Em adição, é de extrema importância que obtenhamos uma profunda compreensão teológica da salvação, visto que somente então estaremos apropriadamente vestindo o capacete da salvação, que é capaz de nos proteger de numerosas falsas doutrinas que rodeiam o assunto.

Referências

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