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PROCESSO Nº TST-ARR A C Ó R D Ã O (6ª Turma) GMACC/cmg/hta/m

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A C Ó R D Ã O (6ª Turma)

GMACC/cmg/hta/m

AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE EM RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. FALTA DE INTERESSE DE AGIR. TRANSCENDÊNCIA PREJUDICADA. Despicienda a interposição do presente agravo de instrumento, por falta de interesse de agir, pois a decisão regional deu seguimento ao recurso de revista, o qual teve como objeto central o debate acerca da necessidade de antecipação de provas no caso concreto, ainda que dividido em tópicos. O fato de o Tribunal de origem ter entendido demonstrada divergência jurisprudencial entre o acórdão regional e decisão do TRT da 3ª Região não obsta a análise dos outros argumentos recursais por esta Corte Superior, pois o que se devolve à apreciação é o capítulo recursal, com todos os seus fundamentos. Assim, apesar de o art. 896-A da CLT estabelecer a necessidade de exame prévio da transcendência do recurso de revista, a jurisprudência da Sexta Turma do TST tem evoluído para entender que esta análise fica prejudicada quando o apelo carece de pressupostos processuais extrínsecos ou intrínsecos que impeçam o alcance do exame meritório do feito, como no caso em tela. Agravo de instrumento não provido.

RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. ART. 381, III, DO CPC. TRANSCENDÊNCIA SOCIAL E JURÍDICA. A possibilidade de que o trabalhador se valha da ação de produção antecipada de provas prevista no art. 381, II e III, do CPC trata-se de debate novo, decorrente do advento da Lei 13.467/2017, a qual atribuiu àquele o ônus pelas despesas processuais de

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sucumbência. Verificada, nos termos do art. 896-A, § 1º, III e IV, da CLT, a existência de transcendência social e jurídica.

PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. ART. 381, III, DO CPC. TRANSCENDÊNCIA SOCIAL E JURÍDICA. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 896, § 1º-A, DA CLT. O inciso III do art. 381 do CPC autoriza a produção antecipada de prova, mesmo nas hipóteses em que não há urgência na sua colheita, mas quando o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou obstar o ajuizamento da ação principal. Ou seja, a necessidade de a parte aferir a viabilidade de sua pretensão já configura, per se, motivo apto a legitimar a ação de produção antecipada de provas. Por sua vez, a Lei n. 13.467/2017 introduziu os arts. 790-B e 791-A à CLT, os quais alteraram a sistemática anterior e impuseram ao trabalhador o pagamento de honorários advocatícios e periciais de sucumbência, mesmo se beneficiário da justiça gratuita. Por esse motivo, têm sido frequentes, na Justiça do Trabalho, os pedidos de produção antecipada de provas por empregados, com esteio no art. 381, II e III, do CPC, como uma forma de eles avaliarem antecipadamente a viabilidade da pretensão e de evitar o ajuizamento de reclamações trabalhistas cujos pedidos poderão ser rejeitados e assim gerarão despesas processuais. Salienta-se ser o aludido dispositivo perfeitamente aplicável ao direito processual do trabalho, ante o que dispõe o art. 769 da CLT e recomenda o princípio da aptidão para a prova. Nesse viés, em razão do ônus atribuído ao trabalhador pelas despesas sucumbenciais, inegavelmente legítimo o seu interesse processual de postular em juízo, sem o ônus financeiro que sua vulnerabilidade

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econômica poderia tornar insustentável, a produção antecipada de provas. E tal se dá, sobretudo, quando o trabalhador não detém consigo a prova que, estando virtualmente em poder do empregador como prova pré-constituída ou referindo-se a algo incerto que repute verossímil, revelar-se prova necessária para que estime a futura viabilidade de sua pretensão. In casu, o empregado ajuizou a presente demanda com o fito de realizar a produção antecipada de prova pericial médica, a fim de demonstrar, potencialmente, o nexo causal entre o labor e as patologias supostamente dele decorrentes, bem como requereu cópia do processo administrativo o qual ensejou sua despedida por justa causa. Nesse diapasão, ao entender incabível a produção antecipada de prova no caso concreto, por carecer de urgência, o Tribunal Regional maculou o disposto no art. 381, III, do CPC. Recurso de revista conhecido e provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista com Agravo n° TST-ARR-10610-81.2018.5.15.0057, em que é Agravante e Recorrente JOEL ELIAS DE OLIVEIRA XAVIER e Agravado e Recorrido BANCO DO BRASIL S.A.

O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, por meio do acórdão de fls. 166-170, negou provimento ao recurso ordinário do reclamante.

O demandante interpôs recurso de revista, às fls. 186-212, com fulcro no artigo 896, alíneas a e c, da CLT.

O Tribunal a quo deu seguimento ao apelo (fls. 213-214), por entender demonstrada a existência de divergência jurisprudencial, todavia, o reclamante preferiu interpor agravo de

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instrumento, às fls. 221-242, a fim de que os demais fundamentos do recurso de revista fossem analisados.

Contrarrazões aos recursos e contraminuta ao agravo de instrumento interpostos não foram apresentadas (fls. 247).

Os autos não foram enviados ao Ministério Público do Trabalho, por força do artigo 95 do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho.

É o relatório. V O T O

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE 1 – CONHECIMENTO

Conheço do agravo de instrumento, porquanto regularmente interposto.

Destaco recurso de revista que se pretende destrancar se rege pela Lei 13.467/2017, tendo em vista haver sido interposto contra decisão publicada em 08/03/2019, após o início da eficácia da referida norma, em 11/11/2017.

2 – MÉRITO

O reclamante interpôs recurso de revista às fls. 186-212, ao qual o Tribunal de origem deu seguimento, às fls. 213-214, conforme se verifica abaixo:

“PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Tempestivo o recurso (decisão publicada em 08/03/2019; recurso apresentado em 20/03/2019).

Regular a representação processual. Dispensado o preparo.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Formação, Suspensão e Extinção do Processo.

AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA PERICIAL / INTERESSE DE AGIR

Quanto ao tema em destaque, assim decidiu o Tribunal: „Frise-se que a perícia técnica realizada em reclamação trabalhista visa ter a opinião imparcial do médico de confiança do juízo, após a apresentação do pedido obreiro. Para a interposição da ação, ou o autor tem convicção das razões que originaram a suposta moléstia (psicológica) que o abateu ou não tem. Não é cabível produção de prova antecipada para essa situação. Ressalvo, como já declinado pelo MM. Juiz de Origem, que somente no caso de uma doença grave do autor é que se faria possível a autorização do pedido.‟

Assim sendo, com fundamento no art. 896, „a‟, da CLT, defiro o processamento do recurso, uma vez que o recorrente logrou demonstrar divergência entre o v. acórdão e o aresto oriundo do TRT da 3ª Região (processo nº 0011015-62.2018.5.03.0151).

CONCLUSÃO

RECEBO o recurso de revista” (fls. 213-214).

Embora tenha sido dado seguimento ao apelo, o recorrente interpôs agravo de instrumento às fls. 221-242, a fim de que os demais fundamentos do recurso de revista fossem analisados.

Despicienda, todavia, a interposição do presente agravo de instrumento, por falta de interesse de agir, pois a decisão regional deu seguimento ao recurso de revista – o qual teve como objeto central o debate acerca da necessidade de antecipação de provas no caso concreto, ainda que dividido em tópicos.

O fato de o Tribunal de origem ter entendido demonstrada divergência jurisprudencial entre o acórdão regional e decisão do TRT da 3ª Região não obsta a análise dos outros argumentos recursais por esta Corte Superior, pois o que se devolve à apreciação é o capítulo recursal, com todos os seus fundamentos.

Assim, apesar de o art. 896-A da CLT estabelecer a necessidade de exame prévio da transcendência do recurso de revista, a jurisprudência da Sexta Turma do TST tem evoluído para entender que esta

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análise fica prejudicada quando o apelo carece de pressupostos processuais extrínsecos ou intrínsecos que impeçam o alcance do exame meritório do feito, como no caso em tela.

Assim, reputo prejudicada a análise da transcendência e nego provimento ao agravo de instrumento.

II – RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE

O recurso de revista é tempestivo (fls. 3), apresenta regularidade de representação processual (fl. 19) e inexigível o preparo. Convém destacar que o presente apelo se rege pela Lei 13.467/2017, tendo em vista haver sido interposto contra decisão publicada em 08/03/2019, após o início da eficácia da referida norma, em 11/11/2017.

1 – PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. ART. 381, III, DO CPC. TRANSCENDÊNCIA SOCIAL E JURÍDICA. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 896, § 1º-A, DA CLT

Conhecimento

Consta do acórdão regional:

“DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA

O reclamante pretende a autorização de produção antecipada de provas, consistente em realização de perícia médica para demonstrar nexo causal entre o trabalho e as supostas moléstias que adquiriu.

Pretende, ainda, juntada de cópia do processo administrativo, o qual teve acesso somente visual, sem poder „analisa-lo com calma‟ (fl. 09).

O MM. Juízo de Origem julgou extinto o presente feito, sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, IV, do NCPC, pela ausência dos pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo, in verbis: Vistos vislumbrar, por ora, elementos ensejadores para

tal.

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Firmado por assinatura digital em 03/03/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP Pleiteia o autor a produção antecipada de provas, no sentido de que seja realizado exame pericial para atestar doença relacionada ao trabalho. Fundamenta a pretensão na disposição do artigo 381, III, do Código de Processo Civil e pretende, por meio dessa prova, a comprovação do nexo causal entre a doença que o acometeu e o trabalho por ele desenvolvido no reclamado.

Também pleiteia o acesso ao processo administrativo, cujo desfecho foi a sua demissão, e pretende comprovar a injustiça na dispensa do obreiro, posto que não praticou qualquer ato a justificar a demissão.

Analisando-se os autos verifico não se tratar o meio judicial adequado (produção antecipada de provas).

O dispositivo no qual fundamenta a pretensão (art. 381, III, do CPC) estabelece a produção antecipada de provas com o objetivo de ter prévio conhecimento dos fatos para justificar ou evitar o ajuizamento de ação. Ao que se extrai, o autor já possui o conhecimento de todos os fatos, tanto é que os menciona detalhadamente na petição inicial, e o que deseja é apenas comprovar a veracidade de suas alegações, por meio das provas que pretende produzir. Não houve qualquer alegação na urgência da produção da prova pericial, como por exemplo, doença grave que o pudesse levar a óbito em curto espaço de tempo.

Pretende apenas verificar a viabilidade de ajuizar reclamação trabalhista que, salvo outro juízo, não é a melhor interpretação que deve ser dada ao dispositivo invocado.

Para as providências requeridas, o autor deve ajuizar ação própria, fundamentar as suas pretensões, garantindo à requerida o direito de ampla defesa.

A circunstância implica na ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo, razão pela julgo extinta a ação sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485, inciso IV do CPC

Pois bem.

A produção antecipada de provas se justifica quando houver fundado receio de que venha a se tornar impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação.

Deve haver, pois, uma correlação entre a produção antecipada de provas e o receio justificável da impossibilidade de se verificar certos fatos

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na pendência da ação principal. Caso contrário, não há o interesse jurídico que justifique este procedimento cautelar.

Na hipótese em comento, como bem destacado pela Origem, o obreiro já possui conhecimento de todos os fatos (mencionados na petição inicial e que serão base da causa de pedir de eventual reclamação trabalhista) que o levam a entender que a suposta moléstia que o afligiu tinha nexo causal com o trabalho.

Frise-se que a perícia técnica realizada em reclamação trabalhista visa ter a opinião imparcial do médico de confiança do juízo, após a apresentação do pedido obreiro. Para a interposição da ação, ou o autor tem convicção das razões que originaram a suposta moléstia (psicológica) que o abateu ou não tem.

Não é cabível produção de prova antecipada para essa situação. Ressalvo, como já declinado pelo MM. Juiz de Origem, que somente no caso de uma doença grave do autor é que se faria possível a autorização do pedido. Quanto à suposta impossibilidade de conhecimento do inteiro teor do processo administrativo, que culminou em sua dispensa por justa causa, o próprio obreiro reconhece, na petição inicial, que tomou conhecimento, ainda que por vista rápida, do teor de referido processo.

Há ainda outra questão a ser verificada. Colacionou às fls. 31/34, o pedido de informações que lhe foi encaminhado pelo Banco (auditoria interna), acerca de movimentações financeiras devidamente especificadas no referido documento, onde, aparentemente, foi respeitado o seu direito de defesa, posto que teve prazo de cinco dias para ‘expor todo e qualquer

elemento necessário para a elucidação dos fatos, acompanhado dos respectivos documentos comprobatórios, se for o caso, a fim de assegurar que a solução disciplinar seja a mais adequada’ (fl. 31).

E não é só.

É corriqueiro nesta Especializada que o empregado dispensado por justa causa pleiteie a reversão da rescisão contratual ao argumento de desconhecer as razões da dispensa.

Assim, na apresentação da contestação, compete à reclamada apresentar as razões que ensejaram a dispensa, com documentos.

E sobre estes documentos o autor pode se manifestar; logo, igualmente, também não é o caso de se autorizar qualquer antecipação de prova, até

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porque, ainda que entenda o obreiro que o pedido de informações de fls. 31/34 não seja suficiente para demonstrar as razões da abertura do processo administrativo (que culminou com sua dispensa), compete à reclamada, quando da apresentação da contestação, apresentar todos documentos que possui guarda e serviram como base para a rescisão contratutal, sob pena de ser confessa quanto a essa matéria de fato.

Com efeito, não pode este Juízo violar garantias individuais, neste caso, garantias da reclamada, admitindo o prosseguimento do processo, por uma „curiosidade‟ qualquer do requerente.

Não pode o autor utilizar comodamente o Poder Judiciário em simples procedimento investigativo.

Assim, cabe ao Magistrado coibir o manejo abusivo da produção antecipada da prova, quando destinada a uma investigação especulativa indiscriminada, sem objetivo certo ou declarado, com vistas a „pescar‟ qualquer prova para eventualmente subsidiar acusação futura.

Reconhecer a existência de um direito autônomo à prova não significa, portanto, afirmar que a tutela do direito à prova não deva guardar qualquer relação com a necessidade e urgência de demonstração da pertinência entre a prova que se pretende obter e a situação de direito material objeto da demanda.

Dessa forma, demonstrar a finalidade da prova representa ônus do qual o autor da ação de antecipação de prova não pode se desvincular (art. 382,

caput, CPC); o que não foi observado pelo recorrente, no presente caso.

Em suma, a produção antecipada de prova sem urgência não pode ser utilizada de forma abusiva pelo requerente/recorrente, sendo certo que compete ao Magistrado verificar os limites e a pertinência da prova pretendida, a legalidade de sua produção e se os requisitos legais para a antecipação estão presentes.

Frise-se, apenas para que não se alegue omissão, que em momento algum se violou o acesso à Justiça, direito de defesa ou devido processo legal, muito ao contrário. Poderá o autor interpor no prazo legal a reclamação trabalhista para buscar os direitos que entende violados, e produzir todas as provas em direito admitidas.

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E foi com base no devido processo legal, obedecendo-se a legislação de vigência, que o MM. Juiz de Primeiro Grau extinguiu a ação sem resolução de mérito.

Portanto, por não se adequar ao procedimento legal o pedido formulado na inicial, mantenho a r. sentença.

Recurso não provido” (fls. 167-169).

O reclamante alega que a produção antecipada de provas é uma prerrogativa legal, ante o disposto no artigo 381, incisos II e III, do CPC, pois se presta a viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito, bem como a aferir a viabilidade do ajuizamento da ação principal.

Nesse sentimento, rechaça o argumento do Tribunal de origem, de que a aludida demanda somente se justifica quando há fundado receio de que venha a se tornar impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação, bem como que deva haver “uma correlação entre a produção antecipada de provas e o receio justificável da impossibilidade” (fls. 192).

Argumenta, a propósito da antecipação da prova pericial médica, que a demanda em comento não trata de uma cautelar, motivo por que desnecessária a demonstração de urgência ou receio de tornar infrutífera a produção probatória.

A respeito do pleito de apresentação do processo administrativo que culminou em sua dispensa por justa causa, em 17/12/2017, salienta que estava doente quando fora intimado para, no prazo de cinco dias, expor todo e qualquer elemento necessário para a elucidação dos fatos. Destaca novamente que o acesso ao processo administrativo se trata de prerrogativa sua, a qual se funda na necessidade de deter conhecimento prévio dos fatos que possam justificar ou evitar o ajuizamento de ação, nos termos do inciso III do art. 381 do CPC.

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Indica violação do art. 5º, XXXV, LIV e LV, da CF, art. 381, incisos II e III, do CPC e transcreve arestos, com o intuito de demonstrar a existência de divergência jurisprudencial.

Analisa-se.

A decisão regional foi publicada após iniciar-se a eficácia da Lei 13.467/2017, em 11/11/2017, que alterou o art. 896-A da CLT, passando a dispor:

"Art.896-A - O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.

§ 1º São indicadores de transcendência, entre outros: I - econômica, o elevado valor da causa;

II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;

III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente assegurado;

IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação trabalhista.

§ 2º Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao recurso de revista que não demonstrar transcendência, cabendo agravo desta decisão para o colegiado.

§ 3º Em relação ao recurso que o relator considerou não ter transcendência, o recorrente poderá realizar sustentação oral sobre a questão da transcendência, durante cinco minutos em sessão.

§ 4º Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do recurso, será lavrado acórdão com fundamentação sucinta, que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal.

§ 5º É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de instrumento em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da matéria.

§ 6º O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise dos

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pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não abrangendo o critério da transcendência das questões nele veiculadas."

Insta frisar que o Tribunal Superior do Trabalho editou novo Regimento Interno – RITST, em 20/11/2017, adequando-o às alterações jurídico-processuais dos últimos anos, estabelecendo em relação ao critério da transcendência, além dos parâmetros já fixados em lei, o marco temporal para observância dos comandos inseridos pela Lei 13.467/2017:

"Art. 246. As normas relativas ao exame da transcendência dos recursos de revista, previstas no art. 896-A da CLT, somente incidirão naqueles interpostos contra decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho publicadas a partir de 11/11/2017, data da vigência da Lei n.º 13.467/2017."

Evidente, portanto, a subsunção do presente recurso de revista aos termos da referida lei.

A possibilidade de que o trabalhador se valha da ação de produção antecipada de provas prevista no art. 381, II e III, do CPC trata-se de debate novo, decorrente do advento da Lei 13.467/2017, a qual atribuiu àquele o ônus pelas despesas processuais de sucumbência. Verificada, nos termos do art. 896-A, § 1º, III e IV, da CLT, a existência de transcendência social e jurídica.

Ainda em exame inicial, por se tratar de apelo regido pela Lei 13.015/2014, necessário analisar o cumprimento do requisito do art. 896, § 1º-A, incisos I, II e III, da CLT.

No particular, o recorrente transcreveu o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento (às fls. 198-200), indicou os dispositivos e arestos em relação aos quais entende haver violação ou dissenso jurisprudencial, com os argumentos e respectivas articulações analíticas que justificam o pleito recursal, inclusive com destaque dos trechos dos arestos que dariam ensejo à divergência.

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Cumprida a formalidade inaugurada pela Lei n. 13.015/2014, passa-se ao exame de mérito.

O demandante pleiteou a produção antecipada de prova pericial médica, a fim de demonstrar o nexo causal entre o labor e as patologias supostamente dele decorrentes, quais sejam, episódios depressivos e ansiedade generalizada. Requereu, ademais, cópia do processo administrativo o qual ensejou sua despedida por justa causa, sob o argumento de que, ao requerer vista do feito, foi-lhe negado o direito de fazer carga dos autos ou deles fazer cópia, mas somente lhe foi permitido olhá-lo “por cima”, o que inviabilizou a correta prestação de informações e lhe tolheu o direito ao contraditório.

O Tribunal de origem indeferiu a produção antecipada de provas, sob o argumento de que o reclamante já detinha conhecimento de todos os fatos aptos a ensejar o ingresso com a reclamação trabalhista, na qual seria produzida a prova pericial ora solicitada. Apontou que ao autor foi concedido um prazo de cinco dias para que se manifestasse sobre o procedimento administrativo e acostasse as provas que reputasse necessárias, de modo que, ao menos aparentemente, fora respeitado seu direito de defesa. Salientou ainda a inexistência de urgência capaz de legitimar o pedido de antecipação probatória.

O Capítulo II do Código de Processo Civil de 1973 disciplinava os procedimentos cautelares específicos e, dentre eles, a chamada “produção antecipada de provas” (arts. 846 a 851), com caráter tipicamente acautelatório, destinada à colheita de provas que estivessem sob o fundado risco de se perder.

Com o advento do novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015), aboliram-se os procedimentos cautelares específicos, inclusive aqueles destinados à produção antecipada de provas, a qual deixou de exigir demonstração de urgência ou de risco de perda.

Com efeito, a demanda autônoma de produção antecipada de provas (art. 381 do CPC) foi topologicamente alocada no Capítulo XII do CPC de 2015, o qual disciplina as provas em geral, o que demonstra o intuito de legislador de ampliar e simplificar as possibilidades de ajuizamento da citada ação.

Transcreve-se o art. 381, in verbis:

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“Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:

I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;

II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito;

III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação”.

Como se observa, o inciso I foi o único que manteve o regramento tradicional constante do CPC de 1973, ao mencionar o fundado receio de que a prova venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação. Os demais incisos, ao revés, introduziram uma nova sistemática, ao permitir que as partes buscassem a colheita probatória com o único objetivo de aferir as vicissitudes da lide e a sua viabilidade prática.

De fato, o inciso III supratranscrito autoriza a produção antecipada da prova, mesmo nas hipóteses em que não há urgência na sua colheita, mas quando o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou obstar o ajuizamento da ação principal. Ou seja, a necessidade de a parte aferir a viabilidade de sua pretensão já configura,

per se, motivo apto a legitimar a ação de produção antecipada de provas.

Impende consignar ainda que o art. 382, §3º, do CPC preconiza que os “interessados poderão requerer a produção de qualquer

prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção conjunta acarretar excessiva demora”, devendo ser

realizada a citação do interessado na produção da prova ou na demonstração do fato, salvo se inexistente o caráter contencioso.

Ademais, tendo em vista que ao magistrado é vedado, nesse procedimento, pronunciar-se sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, bem como sobre as respectivas consequências jurídicas, não será admita defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário (art. 382, §2º e §4º, do CPC).

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Em outras palavras, considerando que não haverá juízo de valor sobre pretensão de mérito à qual se reporta a produção antecipada de prova, também não será possível às partes apresentar recurso, circunstância que não importa em nulidade por cerceamento de defesa, porquanto o contraditório se formará oportunamente, nos autos da ação principal.

Por sua vez, a Lei n. 13.467/2017 introduziu os arts. 790-B e 791-A à CLT, os quais alteraram a sistemática anterior e impuseram ao trabalhador o pagamento de honorários advocatícios e periciais de sucumbência, mesmo se beneficiário da justiça gratuita. Essa regra, que inova clara heterodoxia quando comparada com outros microssistemas que também regem demandas entre partes assimétricas (v.g. a Lei n. 8.078/1990 e a Lei n. 9.099/1995), não pode ser considerada um dado hermenêutico extravagante.

Por esse motivo, têm sido frequentes, na Justiça do Trabalho, os pedidos de produção antecipada de provas por empregados, com esteio no art. 381, II e III, do CPC, como uma forma de aferir antecipadamente a viabilidade da pretensão e de evitar o ajuizamento de reclamações trabalhistas cujos pedidos poderão ser rejeitados e assim gerarão despesas processuais. Salienta-se ser o aludido dispositivo perfeitamente aplicável ao direito processual do trabalho, ante o que dispõe o art. 769 da CLT e recomenda o princípio da aptidão para a prova. Nesse viés, em razão do ônus atribuído ao trabalhador pelas despesas sucumbenciais, inegavelmente legítimo o seu interesse processual de postular em juízo, sem o ônus financeiro que sua vulnerabilidade econômica poderia tornar insustentável, a produção antecipada de provas. E tal se dá, sobretudo, quando o trabalhador não detém consigo a prova que, estando virtualmente em poder do empregador como prova pré-constituída ou referindo-se a algo incerto que repute verossímil, revelar-se prova necessária para que estime a futura viabilidade de sua pretensão.

In casu, como já aludido, o empregado ajuizou a

presente demanda com o fito de realizar a produção antecipada de prova pericial médica, a fim de demonstrar o nexo causal entre o labor e as

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patologias supostamente dele decorrentes, bem como requereu cópia do processo administrativo o qual ensejou sua despedida por justa causa. Nesse diapasão, ao entender incabível a produção antecipada de prova no caso concreto, por carecer de urgência, o Tribunal Regional maculou o disposto no art. 381, III, do CPC.

Conheço do recurso de revista, por violação do art. 381, III, do CPC.

Mérito

Conhecido o recurso de revista por violação do art. 381, III, do CPC, seu provimento é consectário lógico.

Dou provimento ao recurso de revista, para reformar o acórdão regional e deferir a produção antecipada das provas documental e pericial pleiteadas na exordial, devendo ser baixados os autos ao juiz de primeira instância, a fim de proceder a citada colheita probatória.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade: a) julgar prejudicado o exame da transcendência e negar provimento ao agravo de instrumento do reclamante; b) reputar configurada a transcendência social e jurídica do recurso de revista do reclamante; c) conhecer do recurso de revista por violação do art. 381, III, do CPC e, no mérito, dar-lhe provimento para reformar o acórdão regional e deferir a produção antecipada das provas documental e pericial pleiteadas na exordial, devendo ser baixados os autos ao juiz de primeira instância, a fim de proceder a citada colheita probatória.

Brasília, 3 de março de 2021.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

AUGUSTO CÉSAR LEITE DE CARVALHO Ministro Relator

Referências

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