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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ. Caroline Steudel Filus

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Academic year: 2021

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(1)

Caroline Steudel Filus

AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO TRABALHISTAS COLETIVAS NA

PREVENÇÃO DE DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES

RELACIONADOS AO TRABALHO- DORT - E SEUS REFLEXOS

NO MUNDO JURÍDICO.

CURITIBA 2010

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AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO TRABALHISTAS COLETIVAS NA

PREVENÇÃO DE DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES

RELACIONADOS AO TRABALHO- DORT - E SEUS REFLEXOS

NO MUNDO JURÍDICO.

CURITIBA 2010

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AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO TRABALHISTAS COLETIVAS NA

PREVENÇÃO DE DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES

RELACIONADOS AO TRABALHO- DORT - E SEUS REFLEXOS

NO MUNDO JURÍDICO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Dr. André Luiz Tesser

CURITIBA 2010

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TERMO DE APROVAÇÃO

Caroline Steudel Filus

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel

em Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas do Curso de Direto.

Curitiba, , de 2010.

__________________________________

DIREITO

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Orientador:

Prof. Dr. André Luiz Tesser

(5)

Agradeço a Deus pelo dom da Vida;

À Minha família, meu marido Rodrigo, meus pais e meus irmãos por sempre

me apoiarem e acreditarem fielmente em meus objetivos;

Ao Professor Dr. André Luiz Tesser pelo apoio, ensinamentos e créditos dado

durante todas as fases da pesquisa;

Aos meus amigos Luciana Almeida Ghidin e Sergio Melo pelo incentivo diário,

amizade e sorrisos.

(6)

Este trabalho é um estudo da crescente ocorrência de DORT – Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, suas características, conseqüências,

legislação, doutrinas e jurisprudências existentes.

O presente estudo buscou saber quais são as medidas de proteção trabalhistas coletivas

na prevenção destas lesões e sua previsão legal no nosso ordenamento jurídico.

O objetivo geral desta pesquisa foi verificar a influencia das ações desenvolvidas como

prevenção de lesão em trabalhadores na decisão de processos trabalhistas

indenizatórios por acometimento de DORT.

As medidas de proteção trabalhistas coletivas na prevenção de distúrbios

osteomusculares relacionados ao trabalho possuem um grande reflexo no mundo

jurídico, tendo em vista que haverá culpa do empregador quando não forem

empregadas as normas legais, convencionais, contratuais ou técnicas de segurança,

higiene e saúde do trabalho.

A jurisprudência dominante em consonância com a legislação atual entende que é

obrigação legal do empregador cumprir e fazer cumprir as medidas de prevenção de

DORT, no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais.

A ergonomia, os rodízios dos postos de trabalho, a ginástica laboral, a CIPA (comissão

interna de acidente de trabalho), o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional) entre outras medidas previstas no nosso ordenamento jurídico, são

ferramentas eficazes no combate da DORT.

(7)

1 INTRODUÇÃO...

09

2 AS DOENÇAS OCUPACIONAIS – LER/ DORT ...

13

2.1 HISTÓRICO...

13

2.2 CONCEITO

16

2.3 ETIOLOGIA

19

2.4. INCAPACIDADE PARA O TRABALHO

24

2.5. LEGISLAÇÃO

25

3 AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO TRABALHISTAS COLETIVAS

NA PREVENÇÃO DA DORT

30

3.1 ERGONOMIA

33

3.2 GINÁSTICA LABORAL

39

3.3 RODÍZIO DE POSTOS DE TRABALHO

41

3.4 PCMSO

43

3.5 C.I.P.A

44

4 CONSEQUENCIAS JURÍDICAS DA DORT

46

4.1 NOTIFICAÇÃO E EMISSÃO DO COMUNICADO DE ACIDENTE

DE TRABALHO.

46

4.2 ACIDENTE DE TRABALHO

49

4.3 DIREITO DO TRABALHADOR ACOMETIDO POR LER/DORT

51

4.4 DANO, CULPA E NEXO CAUSAL

54

5. CONCLUSÃO

59

(8)

TABELA 1 – RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA ENTRE O TRABALHO

(9)

1 INTRODUÇÃO

A ocorrência de lesões em trabalhadores devido ao ambiente laboral e aos movimentos realizados nos postos de trabalho é um problema que vem crescendo e são causas freqüentes de processos de indenização civil na justiça comum e atualmente também na justiça trabalhista

Segundo o INSS (Normas Técnicas para Avaliação de Incapacidade, 1998)entre

1970 e 1985 a proporção era de 2 casos para cada 10 mil trabalhadores e, de 1986 a 1992, esse número cresceu para 4 casos para cada grupo de 10 mil funcionários. Essas lesões atingem o trabalhador no auge de sua maior produtividade e experiência profissional, já que a maior incidência ocorre na faixa de 30 a 40 anos de idade.

Conforme o Relatório Anual do Núcleo de Referência em Doenças Ocupacionais do Instituto Nacional de Seguridade Social emitido 1998, de um total de 906 casos de avaliação de doença ocupacional nada menos de 550 eram casos de DORT – Distúrbio Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho - (60,71%). Em 1994, de um total de 963 casos de avaliação de doença ocupacional, os casos de DORT corresponderam a 554 (57,53%). E em 1995, de um total de 1.643 casos analisados, as DORT corresponderam a 1.160 casos (ou 70,6%).

Casos de DORT (Distúrbio Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) / LER (Lesões por Esforços Repetitivos) são um problema que vem ocorrendo em vários países do mundo. No Japão, atingiu o auge na década de 70, na Austrália nos anos 80. Em 1998, nos Estados Unidos, ocorreram 650 mil novos casos de LER/DORT, responsáveis por 2/3 das ausências ao trabalho, com um custo estimado entre US$ 15 a

(10)

20 bilhões, segundo a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, só foi reconhecida pela Previdência Social como doença ocupacional em 1987, como “tendinite do digitador”. Em 1993 foi instituído pelo INSS o nome de Lesão por Esforço Repetitivo (LER). Em 1998, a nomenclatura e a norma foram alteradas para Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).1

A Norma técnica do INSS, baixada em Ordem de Serviço. N. 606 de 05 de agosto de 1998 define os DORT, embora nomeados como LER (Lesão por Esforços Repetitivos), da seguinte forma: “Uma síndrome clínica caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não por alterações objetivas, que se manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho, podendo afetar tendões, músculos e nervos periféricos”.

Atualmente, a Norma técnica do INSS, baixada em Ordem de Serviço nº 98 de 05 de dezembro de 2003 revogou as disposições em contrário, especialmente da Ordem de Serviço INSS/DSS Nº 606, de 5 de agosto de 1998 e conceituou a LER/DORT como: “uma síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, mas podendo acometer membros inferiores. Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos, síndromes miofaciais, que podem ser identificadas ou não. ”.

(11)

As medidas de proteção trabalhistas coletivas, como, por exemplo, ergonomia, rodízios de postos de trabalho e ginástica laboral são instrumentos que o Ministério do Trabalho, através de suas Normas Regulamentadoras prevê como de prevenção de lesões ao trabalhador.

As Normas Regulamentadoras determinam a adoção de medidas de segurança e de medicina do trabalho. Estipuladas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, devem ser cumpridas por empresas privadas, públicas e órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam

empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (fonte: Site

Ministério da Saúde. Disponível em http://www.saúde.gov.br.).

O reconhecimento específico da LER/DORT teve seu início no Brasil em 1986, a direção geral do INAMPS, que publicou uma circular reconhecendo tenossinovite como doença do trabalho, posteriormente, a portaria nº 4.062 de 06/08/87 trouxe a terminologia doenças dos digitadores. Em 1991 a lei 8.213/91 equiparou à acidente de trabalho as doenças do trabalho e as doenças profissionais.

A resolução SS 197/92 por meio da Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo, trouxe definitivamente para o Brasil a terminologia Lesões por Esforços Definitivos (LER).

Atualmente as DORT constam no anexo II do decreto nº 6.957 de 09 de setembro de 2009.

(12)

Para PATRÍCIO (1999) a “qualidade de vida, enquanto produto e processo, diz respeito aos atributos e às propriedades que qualificam a vida, e ao sentido que tem para cada ser humano”. Assim como é com a qualidade de vida, a atenção para com a saúde do ser humano, e em especial, dos trabalhadores, tem sido alvo de estudos e esforços conjuntos (população e órgãos estatais) nestas últimas décadas.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 retirou o assunto Saúde do Trabalhador do campo do Direito do Trabalho e o inseriu no campo do Direito Sanitário, isto porque existe um entendimento de que a saúde é um direito que não pode ser negociado e deve ser garantido integralmente.

Segundo o art. 7º da CF de 1988:

"São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.“

Ainda, também o art. 200 da CF de 1988 determina que:

“Ao Sistema Único de Saúde (SUS), compete: II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador.”

As medidas preventivas devem ser adotadas pelo empregador e obedecidas pelos empregados. O Ministério do Trabalho e a Secretaria Municipal de Saúde possuem a responsabilidade de fiscalização do ambiente laboral. A equipe da vigilância em ambientes de trabalho inadequados e que oferecem riscos tem o poder de intervir diretamente para garantir a preservação da vida e da saúde de trabalhadores.

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O empregado possui o direito de adentrar na justiça do trabalho em busca de indenização, quando constatada lesão permanente ou temporária à saúde em decorrência da atividade produtiva.

O operador do direito, no intuito de instruir os empregadores e os empregados possui a obrigação de conhecer as principais medidas trabalhistas de proteção coletivas de LER e DORT, as leis que asseguram estas medidas, bem como as jurisprudências atuais.

2 AS DOENÇAS OCUPACIONAIS – LER/ DORT

O conhecimento da literatura médica quanto a LER (Lesões por esforços repetitivos) \ DORT (Distúrbio osteomuscular relacionado ao ambiente de trabalho) é importante para que se possa entender de que forma ocorre o acometimento da saúde do trabalhador e como são realizadas as medidas de prevenção no ambiente laboral previstas no ordenamento jurídico.

A melhor compreensão da Ler/Dort e a análise de suas causas, conseqüências, conceito, diagnóstico e sua prevenção, auxilia o entendimento da extrema relação dos aspetos jurídicos e ergonômicos e, portanto, se faz indispensável sua abordagem e compreensão no presente trabalho.

2.1 HISTÓRICO

A doença ocupacional possuía sua nomenclatura usual no Brasil como “lesões por esforços repetitivos” (LER), atualmente sendo renomeada como “distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT)”.

(14)

A origem das lesões ocupacionais está no desequilíbrio entre as exigências das tarefas e a organização do trabalho, pois muitas vezes se impõe ao trabalhador uma carga além de suas possibilidades.

Os relatos de doenças ocupacionais são muito antigos, sendo que provavelmente um dos primeiros registros, segundo Couto (2000, p. 31), sobre distúrbios funcionais dos membros superiores por sobrecarga, vem da Bíblia: “Eleaser permaneceu firme e massacrou os filisteus até que sua mão se cansou e se enrijeceu sobre a espada” (livro II de Samuel, cap. 23, vers. 10).

Bernardino Ramazzini, médico italiano considerado “pai da medicina do trabalho” escreveu em 1700 o livro “As Doenças dos Trabalhadores”. Nele, cita as lesões em duas passagens: ao falar da doença dos escribas e notários, uma espécie de cãibra e dormência que acometiam aqueles que tinham como função escrever durante todo o dia e, no capitulo das doenças das posições forçadas e inadequadas do corpo, o que pouco a pouco pode produzir graves enfermidades (RAMAZZINI, 1999, p.25).

Ramazzini havia encontrado sinais desta moléstia quando colocou em sua obra “De Morbis Artificum Diatriba”: “aqueles que levam a vida sedentária, e são chamados por isso artesão de cadeira, como sapateiros, alfaiates e os notários, sofrem doenças especiais decorrentes de posições viciosas e da falta de exercícios”.

Ele observou as doenças dos notários e dos escribas, e afirmou: “... são três as causas das doenças dos escreventes: 1. contínua vida sedentária; 2. contínuo e sempre o mesmo movimento de mão e 3. atenção mental para não manchar os livros”. (RAMAZZINI, 1999, p. 235).

(15)

No século XIX, nos Estados Unidos, a introdução do telégrafo exigiu movimentos repetitivos e foi acompanhada por epidemia desses agravos (DEMBE, 1996).

A partir da segunda metade do século XX, diversos países do mundo presenciaram a chegada das patologias relacionadas ao trabalho. Essas ocorrências dão-se simultaneamente devido às transformações dos processos produtivos, imposição da cadencia da máquina sobre o homem, da automação, da difusão da microeletrônica como base técnica, de novas relações de emprego, do autoritarismo de gerencias e de novas técnicas de organização do trabalho (MENDES, 2005, pg. 1502).

Segundo a Norma Técnica do INSS nº 98 de 05 de dezembro de 2003, com a chegada da Revolução Industrial, quadros clínicos decorrentes de sobrecarga estática e dinâmica do sistema osteomuscular tornaram-se mais numerosos. Entretanto, apenas a partir da segunda metade do século, esses quadros osteomusculares adquiriram expressão em número e relevância social, com a racionalização e inovação técnica na indústria, atingindo, inicialmente, de forma particular, perfuradores de cartão. A norma explica que a alta prevalência das LER/DORT é conseqüência das transformações do trabalho e das empresas. As alterações no ambiente laboral têm se caracterizado pelo estabelecimento de metas e produtividade, considerando apenas suas necessidades, particularmente a qualidade dos produtos e serviços e competitividade de mercado, sem levar em conta os trabalhadores e seus limites físicos e psicossociais.

O aparecimento da LER/DORT nasce da exigência de adequação dos trabalhadores às características organizacionais das empresas, da intensificação do

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trabalho e padronização dos procedimentos, da impossibilidade de qualquer manifestação de criatividade e flexibilidade, execução de movimentos repetitivos, ausência e impossibilidade de pausas espontâneas, necessidade de permanência em determinadas posições por tempo prolongado, exigência de informações específicas, atenção para não errar e submissão a monitoramento de cada etapa dos procedimentos, além de mobiliário, equipamentos e instrumentos que não propiciam conforto.

No Brasil, os primeiros relados sobre lesões por esforços repetitivos ocorreram com os digitadores e foram descritas como tenossinovite ocupacional. Na década de 80 essas lesões se manifestaram com os bancários e a partir da década de 90 em linhas de montagem de produção. Foram apresentados, no XII Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho - 1973, casos de tenossinovite ocupacional em lavadeiras, limpadoras e engomadeiras, recomendando-se que fossem observadas pausas de trabalho daqueles que operavam intensamente com as mãos.

Segundo o Relatório Anual do Núcleo de Referência em Doenças Ocupacionais do Instituto Nacional de Seguridade Social emitido 1993, de um total de 906 casos de avaliação de doença ocupacional nada menos de 550 eram casos de DORT (60,71%). Em 1994, de um total de 963 casos de avaliação de doença ocupacional, os casos de DORT corresponderam a 554 (57,53%). E em 1995, de um total de 1.643 casos analisados, as DORT corresponderam a 1.160 casos (ou 70,6%).

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O termo LER- lesões por esforços repetitivos- foi introduzido no Brasil pelo médico Mendes Ribeiro, em 1986, durante o I Encontro Estadual de Saúde de profissionais de processamento de dados, no Rio Grande do Sul ( MONTEIRO, 2007).

De acordo o Ministério da Saúde (2000), a tendência mundial é utilizar cada vez mais a denominação work related musculoskeletal disorders (WRM), traduzida como distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT).

Conforme Manual Técnico do Ministério da Saúde, a Dort/LER são:

“danos decorrentes da utilização excessiva, imposta ao sistema músculo-esquelético, e da falta de tempo para recuperação. Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, tais como dor, parestesia, sensação de peso e fadiga. Abrangem quadros clínicos do sistema músculo-esquelético adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condições de trabalho. Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos podem ser identificadas ou não. É comum a ocorrência de mais de uma dessas entidades nosológicas e a concomitância com quadros inespecíficos, como a síndrome miofascial. Freqüentemente são causas de incapacidade laboral temporária ou permanente” (2006).

A definição de LER/DORT torna-se mais ampla abrangendo patologias distintas e não mais só aquelas causadas pelo fator repetitividade.

A Norma técnica do INSS, baixada em Ordem de Serviço. n. 606 de 05 de agosto de 1998, define os DORT, embora nomeados como LER (Lesão por Esforços Repetitivos), da seguinte forma:

“Uma síndrome clínica caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não por alterações objetivas, que se manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho, podendo afetar tendões, músculos e nervos periféricos”.

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Posteriormente, INSS editou a Instrução Normativa INSS/DC nº 98, de 05 de dezembro de 2003, publicada no Diário Oficial da União de 10 de dezembro de 2003, que aprovou nova Norma Técnica sobre LER E DORT e foi assim conceituada:

“Entende-se LER/DORT como uma síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, mas podendo acometer membros inferiores. Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos, síndromes miofaciais, que podem ser identificadas ou não. Freqüentemente são causa de incapacidade laboral temporária ou permanente. São resultado da combinação da sobrecarga das estruturas anatômicas do sistema osteomuscular com a falta de tempo para sua recuperação. A sobrecarga pode ocorrer seja pela utilização excessiva de determinados grupos musculares em movimentos repetitivos com ou sem exigência de esforço localizado, seja pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posições por tempo prolongado, particularmente quando essas posições exigem esforço ou resistência das estruturas músculo-esqueléticas contra a gravidade. A necessidade de concentração e atenção do trabalhador para realizar suas atividades e a tensão imposta pela organização do trabalho, são fatores que interferem de forma significativa para a ocorrência das LER/DORT”

O moderno conceito da DORT também foi incorporado pelo INSS com intuito de atualizar o caráter multifatorial deste acometimento e exemplificar os seus diversos sintomas. Ainda, aponta as distintas patologias enquadradas como tal.

O autor Couto define DORT, como sendo:

“[...] transtornos funcionais, transtornos mecânicos e lesões de músculos e/ou tendões e/ou de fáscias e/ou de nervos e/ou de bolsas articulares e pontas ósseas nos membros superiores ocasionados pela utilização biomecanicamente incorreta dos membros superiores, que resultam em dor, fadiga, queda de desempenho no trabalho, incapacidade temporária e, conforme o caso, podem evoluir para uma síndrome dolorosa crônica, nesta fase agravada por todos os fatores psíquicos (inerentes ao trabalho ou não) capazes de reduzir o limiar de sensibilidade dolorosa do indivíduo.” (1998, p. 20)

Formatado: Recuo: À

esquerda: 0 cm, Primeira linha: 1,25 cm

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As DORT/LER são doenças do trabalho provocadas pelo uso incorreto e excessivo do sistema que agrupa ossos, nervos, músculos e tendões, atingindo, principalmente, os membros superiores, possuem como causas os diversos tipos de pressões existentes no trabalho, tantos físicas quanto psíquicas (GAIGHER E MELO, 2001).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou as doenças que possuem relação com o trabalho em duas categorias. A primeira são as doenças profissionais em que o agente causal é bem conhecido, como a patologia silicose, causada pela inalação crônica de partículas finas de sílica. A segunda categoria compreende as doenças relacionadas ao trabalho, são as patologias que não possuem um fator estritamente determinado, e relação causa e efeito tão linear como ocorre com doenças profissionais. Segundo a OMS, as doenças relacionadas ao trabalho podem ser causadas em parte pelas condições de trabalho desfavorável, pois suas causas são multifatorias (RIO, 1998, pg. 89).

O autor Rodrigo Pires do Rio esclarece no seu livro quanto à relação do trabalho e a presença de doenças musculoesqueléticas a importância de:

“ (...) Delimitar o papel do trabalho nos processos patológicos do sistema musculoesquelético. Ou seja, quando ele constitui-se num risco, como isso acontece qual a intensidade desse risco. È uma questão de se estabelecerem limites, critérios que permitam definir a partir de que ponto as cargas exercidas sobre esse sistema durante a atividade laborativa podem favorecer o aparecimento ou agravamento de doenças musculoesqueléticas” (1998).

O reconhecimento da DORT é pacífico, porém é necessária a caracterização do nexo técnico com o trabalho.

(20)

Como já mencionado no subitem anterior, a DORT é uma patologia de aspectos multifatoriais, determinada por fatores físicos, psicológicos, ergonômicos, sociais e econômicos, o que dificulta o apontamento da causa e a determinação do nexo causal com o ambiente laboral.

Por muito tempo se acreditou que a DORT tinha apenas como causa os movimentos repetitivos, denominada inicialmente ate como “doença dos digitadores”. Posteriormente, com avanço da patologia, verificaram outros fatores causais.

Devido o fato do diagnostico da DORT/LER ser clinico, há a necessidade de um exame físico detalhado, bem como uma análise detalhada da atividade laboral realizada pelo trabalhador que pode apresentar queixas de dores, parestesias, sensação de fraqueza, cansaço, agulhadas, vermelhidão, edema, perda de força muscular e/ou diminuição do controle dos movimentos, hipotrofia e atrofia.

O diagnóstico das DORTs é de difícil determinação, eis que as evidencias

clínicas de alterações tendinosas podem não se distinguir de alterações musculares e articulares (KILBOM, 1987).

Ainda, a dificuldade de especificar a causa também se dá devido a origem multifatorial da DORT como a vibração, posturas incorretas, invariabilidade de tarefa, mobiliário, repetição, ritmo, pressão mecânica sobre determinados segmentos do corpo, força, fatores organizacionais e psicossociais.

E por fim, é comum que alguns sintomas da Ler/Dort coincidam com diferentes afecções.

(21)

Assim, o padrão de adoecimento muscoloesquelético que acompanham estas patologias desafia o paradigma médico e impõe uma análise aprofundada das dimensões biomecânicas, cognitivas, sensoriais e afetivas da atividade do trabalho.

A causa da Ler/Dort e seu fenômeno doloroso, pode ter origem na fadiga muscular localizada e/ou generalizada, ou num processo inflamatório localizado, ou num processo mecânico que evolui para a degeneração dos tecidos ou até num processo de compensação muscular no intuito de proteger a musculatura afetada (MENDES, 2005, pg 1505).

Conforme protocolo de investigação, diagnóstico, tratamento e prevenção das LER/DORT, do Ministério da Saúde:

¨Não há uma causa única e determinada para a ocorrência de LER/DORT. Vários são os fatores existentes no trabalho que podem concorrer para seu surgimento: repetitividade de movimentos, manutenção de posturas inadequadas por tempo prolongado, esforço físico, compressão mecânica sobre um determinado segmento do corpo, trabalho muscular estático, vibração, frio, fatores organizacionais e psicossociais.¨ ( 2001, p.10)

Ainda, no protocolo de Lesões por Esforços Repetitivos (LER) Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort), Dor relacionada ao trabalho, do Ministério da Saúde:

“ Os fatores de risco não são independentes, interagem entre si e devem ser sempre analisados de forma integrada. Envolvem aspectos biomecânicos, cognitivos, sensoriais, afetivos e de organização do trabalho. Por exemplo, fatores organizacionais como carga de trabalho e pausas para descanso podem

(22)

A Instrução Normativa INSS/DC nº 98, de 05 de dezembro de 2003, publicada no Diário Oficial da União de 10 de dezembro de 2003, que aprovou nova Norma Técnica sobre LER E DORT relaciona no seu item 4 os diversos fatores causais da patologia:

“a) o grau de adequação do posto de trabalho à zona de atenção e à visão. A dimensão do posto de trabalho pode forçar os indivíduos a adotarem posturas

ou métodos de trabalho que causam ou agravam as lesões osteomusculares; b) o frio, as vibrações e as pressões locais sobre os tecidos.

A pressão mecânica localizada é provocada pelo contato físico de cantos retos ou pontiagudos de um objeto ou ferramentas com tecidos moles do corpo e trajetos nervosos; c) as posturas inadequadas. Em relação à postura existem três mecanismos que podem causar as LER/DORT: c.1) os limites da amplitude articular; c.2) a força da gravidade oferecendo uma carga suplementar sobre as articulações e músculos; c.3) as lesões mecânicas sobre os diferentes tecidos;d) a carga osteomuscular. A carga osteomuscular pode ser entendida como a carga mecânica decorrente: d.1) de uma tensão (por exemplo, a tensão do bíceps); d.2) de uma pressão (por exemplo, a pressão sobre o canal do carpo);d.3) de uma fricção (por exemplo, a fricção de um

tendão sobre a sua bainha); d.4) de uma irritação (por exemplo, a irritação de um nervo).

Entre os fatores que influenciam a carga osteomuscular, encontramos: a força, a repetitividade, a duração da carga, o tipo de preensão, a postura do punho e o método de trabalho; e) a carga estática. A carga estática está presente quando um membro é mantido numa posição que vai contra a gravidade. Nesses casos, a atividade muscular não pode se reverter a zero (esforço estático). Três aspectos servem para caracterizar a presença de posturas estáticas: a fixação

postural observada, as tensões ligadas ao trabalho, sua organização e conteúdo; f) a invariabilidade da tarefa. A invariabilidade da tarefa implica monotonia

fisiológica e/ou psicológica; g) as exigências cognitivas. As exigências cognitivas podem ter um papel no surgimento das LER/DORT, seja causando um aumento de tensão muscular, seja causando uma reação mais generalizada

de estresse; h) os fatores organizacionais e psicossociais ligados ao trabalho. Os fatores psicossociais do trabalho são as percepções subjetivas que o

trabalhador tem dos fatores de organização do trabalho. Como exemplo de fatores psicossociais podemos citar: considerações relativas

à carreira, à carga e ritmo de trabalho e ao ambiente social e técnico do trabalho. “A “percepção” psicológica que o indivíduo tem das exigências do trabalho é o resultado das características físicas da carga, da personalidade do indivíduo, das experiências anteriores e da situação social do trabalho.”

(23)

Acrescenta, também, a norma do INSS (2003) um quadro exemplificativo que relaciona as causas ocupacionais com a patologia:

TABELA 1 – RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA ENTRE O TRABALHO E ALGUMAS ENTIDADES NOSOLÓGICAS – 2003.

LESÕES CAUSAS OCUPACIONAIS EXEMPLOS ALGUNS DIAGNÓSTICOS

DIFERENCIAIS

Bursite do cotovelo (olecraniana)

Compressão do cotovelo contra superfícies duras

Apoiar o cotovelo em

mesas Gota, contusão e artrite reumatóide

Contratura de fáscia palmar Compressão palmar associada à vibração Operar compressores pneumáticos Heredo - familiar (Contratura de Dupuytren)

Dedo em Gatilho Compressão palmar associada à realização de força Apertar alicates e tesouras Diabetes, artrite reumatóide, mixedema, amiloidose.

Epicondilites do Cotovelo

Movimentos com esforços estáticos e preensão prolongada de objetos, principalmente com o punho estabilizado em flexão dorsal e nas prono-supinações com utilização de força.

Apertar parafusos, desencapar fios, tricotar, operar motosserra

Doenças reumáticas e metabólicas, hanseníase, neuropatias periféricas, contusão traumas.

Síndrome do Canal Cubital Flexão extrema do cotovelo com ombro abduzido. Vibrações.

Apoiar cotovelo ou antebraço em mesa

Epicondilite medial, seqüela de fratura, bursite olecraniana forma T de Hanseníase

Síndrome do Canal de Guyon Compressão da borda ulnar do punho. Carimbar

Cistos sinoviais, tumores do nervo ulnar, tromboses da artéria ulnar, trauma , artrite reumatóide e etc

Síndrome do Desfiladeiro Torácico

Compressão sobre o ombro, flexão lateral do pescoço, elevação do braço.

Fazer trabalho manual sobre veículos, trocar lâmpadas, pintar paredes, lavar vidraças, apoiar telefones entre o ombro e a cabeça

Cervicobraquialgia, síndrome da costela cervical, síndrome da primeira costela, metabólicas, Artrite Reumatóide e Rotura do Supra-espinhoso

Síndrome do Interósseo Anterior

Compressão da metade distal do antebraço. Carregar objetos pesados apoiados no antebraço Síndrome do Pronador Redondo

Esforço manual do antebraço em pronação.

Carregar pesos, praticar musculação, apertar parafusos.

Síndrome do túnel do carpo

Síndrome do Túnel do Carpo

Movimentos repetitivos de flexão, mas também extensão com o punho, principalmente se acompanhados por realização de força.

Digitar, fazer montagens industriais, empacotar

Menopausa, trauma, tendinite da gravidez (particularmente se bilateral), lipomas, artrite reumatóide, diabetes, amiloidose, obesidade neurofibromas, insuficiência renal, lupus eritematoso, condrocalcinose do punho

Tendinite da Porção Longa do Bíceps

Manutenção do antebraço supinado e fletido sobre o braço ou do membro superior em abdução.

Carregar pesos

Artropatia metabólica e endócrina, artrites, osteofitose da goteira bicipital, artrose acromioclavicular e radiculopatias C5-C6

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Tendinite do Supra - Espinhoso

Elevação com abdução dos ombros associada a elevação de força.

Carregar pesos sobre o ombro,

Bursite, traumatismo, artropatias diversas, doenças metabólicas

Tenossinovite de De Quervain

Estabilização do polegar em pinça seguida de rotação ou desvio ulnar do carpo, principalmente se acompanhado de força.

Apertar botão com o polegar

Doenças reumáticas, tendinite da gravidez (particularmente bilateral), estiloidite do rádio

Tenossinovite dos extensores dos dedos

Fixação antigravitacional do punho. Movimentos repetitivos de flexão e extensão dos dedos.

Digitar, operar mouse

Artrite Reumatóide , Gonocócica, Osteoartrose e Distrofia Simpático-Reflexa (síndrome Ombro - Mão)

Obs.1 : considerar a relevância quantitativa das causas na avaliação de cada caso.

A presença de um ou mais dos fatores listados na coluna "Outras Causas e Diagnóstico Diferencial" não impede, a priori, o estabelecimento do nexo.

Obs. 2 : vide Decreto nº 3048/99, Anexo II, Grupo XIII da CID -10 - " Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo, Relacionadas com o Trabalho"

Fonte: Instrução Normativa INSS/DC nº 98, de 05 de dezembro de 2003

2.4. INCAPACIDADE PARA O TRABALHO.

A ocorrência da Dort pode causar um impacto no desempenho do trabalhador e gerar uma incapacidade laboral para determinada atividade ou para toda a atividade.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) determina incapacidade como “qualquer redução ou falta da capacidade para realizar uma atividade de uma maneira que seja considerada normal para o ser humano, ou que esteja dentro do espectro considerado normal”.

No Brasil a Previdência Social define incapacidade laborativa ou para o trabalho como “impossibilidade do desempenho das funções específicas de uma atividade ( ou ocupação) em conseqüência de alterações morfopsicofisiológicas provocadas por doença ou acidente”. O termo “impossibilidade” é entendido como” incapacidade para

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atingir a média de rendimento alcançada em condições normais pelos trabalhadores da categoria da pessoa examinada”.

A norma técnica de avaliação de incapacidade para fins de benefícios previdenciários, específica para DORT, apresentada como o anexo da OS 606, de 5 de agosto de 1998, da Diretoria de Seguro Social do INSS, estabelece:

“ A avaliação da incapacidade laborativa levara em conta cada caso em particular, dependendo das queixas clínicas, dos achados do exame físico e do diagnóstico firmado em relação à atividade exercida (...) Deve-se se confrontar o quadro clínico frente à postura e os gestos envolvidos na atividade de trabalho.”

Caso em decorrência da LER permaneçam seqüelas incapacitantes, é devido ao

seguradoo auxílio-acidente.

A Norma técnica do MPAS- INSS diz que será concedido o auxílio- doença acidentário quando provar a incapacidade temporária e o nexo e, na falta deste, concede-se-à auxílio-doença previdenciário.

2.5. LEGISLAÇÃO

A primeira legislação mais específica sobre as condições de trabalho foi editada somente em 8 de junho de 1978, através da Portaria nº 3214, denominada de Normas Regulamentadoras (NRs).

A Constituição Federal de 1988 trouxe um avanço no campo do trabalho e da saúde, eis que abrangeu o direito do indivíduo à promoção e prevenção, na qual saúde e condições de trabalho constituem hoje um direito do trabalhador, determinando em seu Art. 7º, inciso XXII, as normas de saúde e segurança, e em seu art. 200, inciso VIII a

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proteção ao meio ambiente do trabalho e os direitos reparatórios à saúde do trabalhador no art. 7º, XXIII, XXVIII, in verbis:

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...)

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei (...)

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho”.

A Lei Orgânica Nacional da Saúde nº 8.080, de 19 de dezembro de 1990, definiu a saúde do trabalhador, dizendo que:

“Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, a promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa a recuperação e a reabilitação da saúde dos trabalhadores, submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho”(1990).

O reconhecimento específico de LER/DORT teve seu início no Brasil em novembro de 1986, a direção geral do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) publicou a Circular de Origem nº 501.001.55 nº 10, pela qual orientava as Superintendências para que reconhecesse a tenossinovite como doença do trabalho, quando resultante de "movimentos articulares intensos e reiterados, equiparando- se nos termos do parágrafo 3º, do artigo 2º da Lei nº 6.367, de 19/10/76, a

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um acidente do trabalho". Ainda nessa Circular, há referência a "todas as afecções que, relacionadas ao trabalho, resultem de sobrecarga das bainhas tendinosas, do tecido peritendinoso e das inserções musculares e tendinosas, sobrecarga essa a que, entre outras categorias profissionais, freqüentemente se expõem digitadores de dados, mecanógrafos, datilógrafos, pianistas, caixas, grampeadores, costureiras e lavadeiras." (MONTEIRO, 1995).

A portaria nº 4.062 , de 06/08/87 foi a primeira referencia oficial ao grupo de afecções do sistema músculo-esquelético, definindo a terminologia como doença dos digitadores. Também essa Portaria enquadrava a "síndrome" no parágrafo 3º, do artigo 2º da Lei nº 6.379/76 como doença do trabalho e estendia a peculiaridade do esforço repetitivo a determinadas categorias, além dos digitadores, tais como datilógrafos, pianistas, entre outros.

Em 23/11/90, o Ministro do Trabalho publicou a Portaria nº 3.751 alterando a NR 17 e atualizando a Portaria nº 3.214/78. Embora não se tratasse de uma Portaria exclusiva para a prevenção das LER/DORT, abordava aspectos das condições de trabalho que propiciavam a ocorrência dessa síndrome. O ato normativo em questão abordou vários aspectos das condições laborais, aconselhando a adequação ergonômica dos postos de trabalho e pausas para descanso em determinadas atividades laborais.

Em 1991, o então Ministério unificado do Trabalho e da Previdência Social, na sua série Normas Técnicas para Avaliação de Incapacidade, publicou as normas

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referentes às LER, que continham critérios de diagnóstico e tratamento, ressaltavam aspectos epidemiológicos.

Também em 1991, a lei 8.213/91 (Lei de planos e benefícios da previdência social) equiparou à acidente de trabalho as doenças do trabalho e as doenças profissionais.

No ano de 1992, a resolução SS 197/92 por meio da Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo, trouxe definitivamente para o Brasil a terminologia Lesões por Esforços Definitivos (LER). No mesmo ano, a Secretaria do Estado do Trabalho e Ação Social e Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais publicaram a resolução 245/92.

A portaria nº 1339/ GM de 18 de novembro de 1999 descreve as principais Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo relacionado com o trabalho e descreve seus principais agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional

Em 1993, o INSS publicou sua Norma Técnica para Avaliação de Incapacidade para LER, ampliando o seu conceito, reconhecendo na sua etiologia além dos fatores biomecânicos, os relacionados à organização do trabalho.

Em 1998, em substituição às normas de 1993, o INSS publicou a OS Nº 606/98.

Recentemente, a OS nº 606/98 foi revisada pela instrução Normativa nº 98, de 5 de dezembro de 2003, e teve como objetivo simplificar, uniformizar e adequar a atividade médico-pericial frente ao atual nível de conhecimento da síndrome das Lesões

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por Esforços Repetitivos-LER, e dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho-DORT e adequar à norma a evolução da Medicina do Trabalho, da Medicina Assistencial e Preventiva e dos meios de diagnósticos, bem como a nova realidade social

A Portaria nº 1.700 de 27 de julho de 2006

Institui o Programa de Prevenção de Doenças e Promoção da Saúde do Servidor Público e demais trabalhadores no âmbito do Ministério da Saúde.

Ainda, o Decreto nº 6.042 de 12 de fevereiro de 2007

Altera o Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, e dispõe sobre a aplicação, acompanhamento e avaliação das mencionadas alterações.

Atualmente, as D.O.R.T. constam no anexo II do Decreto nº 6.957, de 9 de setembro de 2009 DOU DE 10/9/2009 que Alterou o Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, entre as patologias citadas estão: a artrose, dorsalgia, Cervicalgia, Ciática, Lumbago com Ciática, Sinovites e Tenossinovites, lesões do ombro e bursites, apontando como principais agentes etiológicos as posições forçadas, gestos repetitivos, vibrações localizadas, ritmo de trabalho penoso e condições difíceis de trabalho.

No que tange às normas específicas para as relações de emprego, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), em seus artigos 154 a 201 dispõe sobre a segurança e saúde no trabalho. Ainda, determina o art. 154 da CLT que a observância disposta nos artigos da CLT não desobriga as empresas do cumprimento de outras

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disposições oriundas de regulamentos sanitários dos Estados, Municípios e convenções coletivas de trabalho.

No plano internacional, desde os anos 70, documentos da OMS, como declaração

de Alma Ata e a proposição de Estratégia de Saúde para Todos, tem enfatizado a

necessidade de proteção promoção da saúde e da segurança no trabalho, mediante a

prevenção e o controle dos fatores de risco presentes nos ambientes de trabalho (OMS, 1995).

Recentemente, o tema vem recebendo atenção especial no enfoque da promoção da saúde e na construção de ambientes saudáveis pela OPA (1995). A Organização Mundial do Trabalho (OIT), na convenção/OIT nº 155/1981, adotada em 1981 e ratificada pelo Brasil em 1992, estabelece que o país signatário deva instituir e implementar uma política nacional em matéria de segurança e do meio ambiente de trabalho. (Ministério da Saúde do Brasil, 2001, pg 18).

3 AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO TRABALHISTAS COLETIVAS NA PREVENÇÃO DA DORT

A DORT possui uma etiologia complexa e multifatorial, o que dificulta o apontamento de apenas uma fórmula para evitar o seu surgimento. Entretanto, há instrumentos que possibilitam de forma eficaz a prevenção de sua ocorrência no ambiente laboral.

Os sindicatos da categoria profissional ou o Ministério Público do Trabalho podem ingressar em juízo para requerer que o empregador faça as adaptações do

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ambiente do trabalho às condições ergonômicas, fixando multa diária até o cumprimento da sentença (MONTEIRO, 2007).

Ademais, em atenção ao art. 7º, inciso XXII, da Constituição Federal: “é direito do trabalhador a redução dos riscos inerentes ao trabalho".

Segundo o art. 158 da CLT: “Cabe às empresas:

I – cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho, II – instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais.

IIII – adotar medidas que sejam determinadas pelo órgão regional competente.

IV – facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.”

Segundo o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR-02063-2008-662-09-00-2-ACO-03837-2010-publ-05-02-2010): “As ações de prevenção das doenças laborais devem ser de tal maneira que, efetivamente, retirem, ou ao menos, minimizem o potencial lesivo do labor sobre a saúde do empregado”.

No mesmo sentido entende o TST (Tribunal Superior do Trabalho):

"RECURSO DE REVISTA - INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO - CONDUTA CULPOSA DA RECLAMADA - CONFIGURAÇÃO. O art. 949 do Código Civil prevê que, em caso de lesão ou ofensa à saúde, a indenização será devida até o fim da convalescença. No caso de a lesão acarretar incapacidade permanente para o trabalho, além do pagamento das despesas com tratamento e dos lucros cessantes, faz jus o trabalhador a pensão, correspondente à importância do trabalho para o qual se inabilitou (art. 950 do Código Civil). Entretanto, para que o empregado faça jus às parcelas acima elencadas, deve demonstrar a existência dos seguintes requisitos: a) conduta culposa do empregador; b) lesão que o torne inapto ao trabalho; e c) nexo causal entre a referida conduta e o dano experimentado. Dessa forma, se, por ato culposo da reclamada - que

submetia a reclamante ao desempenho de atividades repetitivas, sem a adoção de medidas eficazes de proteção à saúde - a obreira adquiriu moléstia incapacitante de forma permanente para o trabalho, faz jus ao

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Civil, sem prejuízo da condenação ao pagamento de indenização por danos morais, conforme determinado pela sentença proferida pela Vara do Trabalho. Recurso de revista conhecido e provido" (Processo: RR - 340/2006-111-18-40.2 Data de Julgamento: 24/09/2008, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 1ª Turma, Data de Publicação: DJ 06/10/2008)”. (grifo nosso)

O autor Hudsons Couto (1995) indica quatro medidas simples que podem reduzir acentualmente os casos novos de LER: “a) revezamento obrigatório nas funções; b) instituição de pausas a cada hora trabalhada; c) melhoria na área de engenharia da empresa; d) melhoria do relacionamento humano”.

O Ministério do trabalho através da NR 17 instituiu algumas medidas a serem adotadas no ambiente laboral com intuito de prevenir as LER/ DORT.

Segundo Monteiro (2007) “a NR-17 do Ministério do Trabalho constitui hoje a principal norma que, se cumprida em todos os seus itens, certamente servirá de grande

valia para a diminuição das causas ensejadorasdo risco das LERs.

A Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho: “visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente” e indica que “para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho¨”.

Assim, as medidas de proteção trabalhistas coletivas previstas em normas e reforçadas nas jurisprudências devem ser adotadas pelo empregador.

Excluído: ).

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Uma das ferramentas mais eficaz na prevenção da DORT é a ergonomia, eis que atua diretamente na causa e aborda inúmeros fatores do ambiente laboral.

3.1 ERGONOMIA

Entre os vários conceitos de ergonomia encontrados na literatura, existem diversas abordagens dos principais autores e instituições, dentre as quais podemos citar os seguintes conceitos e definições de ergonomia.

Segundo Grandjean (1998, Prefácio), “a palavra ergonomia vem do grego: ergon = trabalho e nomos = legislação, normas. Sucintamente, a ergonomia poder ser definida como a ciência da configuração das ferramentas, das máquinas e do ambiente de trabalho.

Segundo Wisner (1994), a “a ergonomia é definida como: o conjunto dos conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia”.

A Ergonomics Research Society, da Inglaterra, define ergonomia como sendo o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e o ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos destes relacionamentos.

Ergonomia que pode ser resumidamente definida como um meio sistemático e racional de se adequar o trabalho ao ser humano, tem como objetivo primário de aperfeiçoar a performance e a segurança do trabalhador, através do estudo e desenvolvimento de princípio de estudo e atuação da ergonomia, sendo estes:

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Econômicos: A conjuntura, as exigências de qualidade, a situação da empresa em relação ao mercado, as dependências no campo dos investimentos e no campo comercial, são elementos que se manifestam em termos de condicionantes, de exigências ou de possibilidades ao nível dos postos de trabalho.

Sociais: A mão de obra disponível e suas características, as relações de força dentro da empresa, as políticas salariais e de seleção de pessoal, definem uma série de aspectos, que o analista precisa estudar de forma aprofundada, para caracterizar a situação de trabalho a ser analisada.

Técnicos: As exigências e os limites da tecnologia que regulam a execução do trabalho e as decisões que foram tomadas em termos tecnológicos, são determinantes do quadro no qual se inscrevem as condições da atividade do operador.

Organizacionais: a organização geral do sistema de produção com seus diferentes aspectos, referentes a política de manutenção do material, as decisões em matéria de suprimento dos postos de trabalho, da relação entre postos (grau de dependência, rigidez, repartição das áreas e das tarefas, organização do tempo de trabalho), os métodos, as comunicações, os procedimentos e as prescrições, são outros aspectos que determinam as condicionantes de execução do trabalho. (SANTOS E FIALHO, 1997).

A CLT nos seus artigos 198 e 199 tratam da ergonomia, sob o título genérico

Da Prevenção da Fadiga”, in verbis:

“Art. 198. È de 60 (sessenta) quilogramas o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher.

(...)

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Art. 199. Será obrigatória a colocação de assentos que assegurem postura correta ao trabalhador, capazes de evitar posições incômodas ou forçadas sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado.

Parágrafo único: Quando o trabalho deva ser executado em pé, os empregados terão a sua disposição assentos param serem utilizados nas pausas que o serviço permitir.”

Atualmente, NR 17 do Ministério do Trabalho e Emprego exemplifica alguns parâmetros ergonômicos a serem utilizados no ambiente laboral:

“17.3. Mobiliário dos postos de trabalho.

17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição.

17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos:

a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento;

b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais.

17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalhador, em função das características e peculiaridades do trabalho a ser executado.

17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto:

a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; c) borda frontal arredondada;

d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar.

17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador.

17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas. (...)

17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:

a) todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores;

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c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento.”

A análise ergonômica prevista na NR17 é obrigação da empresa e consiste em um instrumento de prevenção da LER/DORT extremamente eficaz, uma vez que visa adaptar o posto de trabalho as características do trabalhador e nunca o contrário.

Cabe ao empregador fazer a análise ergonômica do trabalho, abrangendo levantamento, transporte e descarga individual de materiais; mobiliários e equipamentos dos postos de trabalho; condições ambientais do trabalho e organização do trabalho (OLIVEIRA, 2002).

Segundo O Tribunal de Alçada de Minas Gerais (Apelação Civil n° 166.096-0):

“Age com culpa o empregador, ante a inobservância das normas regulamentadoras da atividade laborativa, respondendo civilmente na hipótese de doença profissional conhecida como tenossinvite, adquirida pelo empregado, sendo devida a indenização a partir da data em que iniciou o tratamento médico”.

De acordo com a Primeira Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (processo de n.° 2001.01.1.073632-3):

"A não-adoção pela empregadora das condições de trabalho necessárias à prevenção de doenças decorrentes da atividade exercida por seus empregados, como a LER/DORT, configura-se culpa, hábil a ensejar reparação por danos decorrentes de tais doenças”.

A análise ergonômica no ambiente laboral aponta os riscos e problemas do ambiente laboral e verifica a importância das exigências dos equipamentos de segurança, a necessidade de ambiente higiênico, saudável e sem ruídos, que promovam nos funcionários a diminuição de problemas de saúde e/ou acidentais, sem necessidade de pedir afastamento por problemas médicos ou até mesmo correndo menor risco de ter

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a obra embargada pelo Mistério do Trabalho, em virtude de não cumprimento de normas aplicáveis à espécie, em particular a NR-17, que trata da Ergonomia (NETO; TORRES, 2006).

O objetivo principal da analise ergonômica do trabalho (AET) é avaliar o entorno de um posto de trabalho, com a finalidade de determinar riscos, observar excessos e propor mudanças de (FIALHO; SANTOS, 1997) .

A análise ergonômica deve ser realizada de maneira global, abrangendo, dentre outros fatores: o posto de trabalho, as pressões, a carga cognitiva, a densidade e a organização do trabalho, o modo operatório, os ritmos e as posturas, o método utilizado no trabalho, as características do ambiente (principalmente quanto ao conforto térmico, conforto acústico e iluminação) e a análise cognitiva do trabalho (COUTO, 1995, p.374).

Assim, a análise ergonômica prevista na norma regulamentadora do Ministério do Trabalho, visa identificar, através de observações no local de trabalho, quais os fatores que interferem na saúde do trabalhador, e ato contínuo, traçar metas e soluções de adequação com vistas à prevenção de patologias e a manutenção da qualidade da saúde no ambiente laboral.

Wisner (1994) descreve como é feita esta abordagem, “Não se trata mais de fazer com que a tarefa seja descrita pela direção, e sim de analisar as atividades de trabalho...” e também complementa com a seguinte descrição, “Todas as atividades devem ser observadas, sejam elas prescritas, imprevistas ou até inconscientes por parte dos trabalhadores”.

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A Nr 17 no seu ANEXO II (Aprovado pela Portaria SIT n.º 09, de 30 de março de 2007) exemplifica como deve ser realizada a analise ergonômica em empresas com atividades de telemarketing:

“8.4. As análises ergonômicas do trabalho devem contemplar, no mínimo, para atender à NR-17:

a) descrição das características dos postos de trabalho no que se refere ao mobiliário, utensílios, ferramentas, espaço físico para a execução do trabalho e condições de posicionamento e movimentação de segmentos corporais; b) avaliação da organização do trabalho demonstrando:

1. trabalho real e trabalho prescrito;

2. descrição da produção em relação ao tempo alocado para as tarefas; 3. variações diárias, semanais e mensais da carga de atendimento, incluindo variações sazonais e intercorrências técnico-operacionais mais freqüentes; 4. número de ciclos de trabalho e sua descrição, incluindo trabalho em turnos e trabalho noturno;

5. ocorrência de pausas inter-ciclos;

6. explicitação das normas de produção, das exigências de tempo, da determinação do conteúdo de tempo, do ritmo de trabalho e do conteúdo das tarefas executadas;

7. histórico mensal de horas extras realizadas em cada ano;

8. explicitação da existência de sobrecargas estáticas ou dinâmicas do sistema osteomuscular;

c) relatório estatístico da incidência de queixas de agravos à saúde colhidas pela Medicina do Trabalho nos prontuários médicos;

d) relatórios de avaliações de satisfação no trabalho e clima organizacional, se realizadas no âmbito da empresa;

e) registro e análise de impressões e sugestões dos trabalhadores com relação aos aspectos dos itens anteriores;

f) recomendações ergonômicas expressas em planos e propostas claros e objetivos, com definição de datas de implantação.”.

O anexo II da NR 17 do Ministério do Trabalho forneceu parâmetros mais objetivos para a confecção do laudo ergonômico que, embora direcionado para trabalhadores de telemarketing, auxiliou a determinar requisitos mínimos de uma análise também para outras atividades laborais.

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A prática de exercícios no ambiente laboral teve sua origem no Japão em 1928, com sessões de ginástica diariamente praticada por funcionários dos correios (POLITO; BERGAMASCHI 2002).

A ginástica laboral constitui-se de séries de exercício diários realizados no local de trabalho, durante a jornada, que visa atuar na prevenção das lesões causadas pelo trabalho, normalizar as funções corporais e proporcionar aos funcionários um momento de descontração e socialização, durante a jornada. (POLITO; BERGAMASCHI, 2002). Segundo Martins (2001), são exercícios efetuados no próprio local de trabalho, com sessões de cinco, 10 ou 15 minutos, tendo como principais objetivos a prevenção da LER/DORT e a diminuição do estresse, através dos exercícios de alongamento e de relaxamento. TARGA E DIAS (apud CAÑETE, 1996) classificam A Ginástica Laboral quanto ao seu fim, em três tipos, a saber:

- Ginástica Preparatória- conjunto de exercícios realizados no início da jornada

de trabalho, preparando o indivíduo para suas necessidades laborais podendo ser: de velocidade, de força ou de resistência, aperfeiçoando as coordenações ou sinergias.

- Ginástica de Compensação- realizadas durante as pausas obrigatórias,

objetiva o impedimento da instalação de vários vícios de postura, em face da posição que o indivíduo é obrigado a permanecer durante suas atividades habituais. A ginástica de compensação desenvolve atividades que utilizam a sinergia muscular, pouco utilizada durante a jornada, e possibilitam relaxamento

àquelasmuito solicitadas.

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- Ginástica Corretiva- também realizada durante as pausas, tem como função restabelecer o antagonismo muscular, utilizando exercícios específicos que visam alongar os músculos que estão encurtados.

A ginástica laboral previne a incidência de LER/DORT, proporciona uma melhor circulação sangüínea, aumenta a flexibilidade muscular, mobilidade e postura do trabalhador, além de atuar na mudança de rotina, melhorar a integração dos funcionários entre os colegas e com os superiores e diminuir o stress (LIMA, 2003).

A NR 17 no seu item 17.6.3 prevê que para atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores a necessidade de implantar pausas para descanso. A pausa associada a exercício é conhecida como Ginástica Laboral.

A Lei Nº 4.474, de 20 de dezembro de 2004 do Estado Rio de Janeiro autorizou o poder executivo estadual a firmar convênio com o governo federal para a implantação do programa de ginástica laboral em todos os órgãos de serviço público do estado do Rio de Janeiro, no seu art. 2º define o objetivo da implantação como:

“promover a melhoria da saúde do servidor, proporcionando uma diminuição do stress físico e mental do dia-a-dia, com exercícios de mobilização, relaxamento, alongamento, dinâmica de grupo, e promovendo "blitzes" para verificar como anda a postura e o comportamento das pessoas, tendo como objetivo levar saúde e descontração aos ambientes de trabalho e ajudar a prevenir Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), como dorsalgias, lombalgias, escolioses posturais, desequilíbrio muscular, tendinites, patologias compressivas nervosas, e ainda diminuir a incidência de vícios de postura e doenças cardiovasculares.”

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Segundo o acórdão do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, proferido pela Relatora Des. Federal do Trabalho Márcia Domingues no dia 27/01/2010, o empregador deve zelar pela saúde do trabalhador, vejamos:

“No que se refere à culpa, ao contrário do que aduz o Réu, a Exma. Julgadora de origem não concluiu pela responsabilidade objetiva, mas sim subjetiva. O Reclamado descuidou-se em relação ao mobiliário adequado, ausência de pausas, grande número de casos idênticos de LER entre os empregados na função de caixa, prorrogação habitual da jornada, ausência de ginástica

laboral ou de qualquer procedimento capaz de amenizar os efeitos danosos do trabalho repetitivo. Nesse passo observe-se que os próprios

PPRAs apresentados reconhecem falhas na ergonomia referente aos empregados que faziam uso do microcomputador e os ASOs periódicos reconhecem o serviço de cunho repetitivo”. (grifo nosso).

Portanto, a implantação da Ginástica Laboral no ambiente laboral é mais instrumento do empregador em busca da prevenção de DORT/LER, eis que disponibiliza pausas para o trabalhador durante a atividade laboral e associa alongamentos e relaxamentos da musculatura, tudo, de acordo com o previsto na NR 17.

3.3 RODÍZIO DE POSTOS DE TRABALHO

O rodízio dos postos de trabalho é mais um instrumento utilizado pelas empresas com o objetivo de tentar minimizar os riscos de lesões em trabalhadores.

Dos estudos realizados encontrados na literatura os principais benefícios encontrados foram: redução de monotonia, redução estresse no trabalho, aumento da inovação dos trabalhadores, aumento do tempo livre, redução lesões por esforços

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repetitivos, aumento de produção, redução do absenteísmo e redução do turn-over 2 (FILUS, 2006).

O rodízio nos postos de trabalho permite a alternância de atividades e previne a sobrecarga em apenas um grupo muscular, minimizando os riscos de doenças osteomusculares relacionada ao trabalho.

Para Couto (1995), os revezamentos tornam os trabalhadores em indivíduos polivalentes. Segundo o autor, embora esta medida não seja uma solução completa para o problema de qualidade de vida no ambiente laboral, o trabalhador se sente bem melhor, pois após uma fase inicial de resistência, ele percebe que aprendeu e percebe ainda um aumento de suas alternativas profissionais.

Segundo AXELSON & PONTEN, 1990; ELLIS, 1990; HENDERSON, 1992; HINNEN ET AL, 1992; PAUL ET AL “Atualmente a utilização dos rodízios se aplica em empresas que buscam a redução dos problemas musculoesqueléticos” (1990, apud FILUS, 2006, p. 67).

A NR17 do Ministério do Trabalho cita a aplicação de rodízio de postos de trabalho em seu ANEXO I -TRABALHO DOS OPERADORES DE CHECKOUT:

“4.1. A disposição física e o número de checkouts em atividade (abertos) e de operadores devem ser compatíveis com o fluxo de clientes, de modo a adequar o ritmo de trabalho às características psicofisiológicas de cada operador, por meio da adoção de pelo menos um dos seguintes itens, cuja escolha fica a critério da empresa:

a) pessoas para apoio ou substituição, quando necessário; b) filas únicas por grupos de checkouts;

c) caixas especiais (idosos, gestantes, deficientes, clientes com pequenas quantidades de mercadorias);

d) pausas durante a jornada de trabalho;

2Turnover

é um termo, do idioma inglês, utilizado para caracterizar o movimento de entradas e saídas, admissões e desligamentos, de profissionais empregados de uma empresa, em um determinado período. Quanto aos desligamentos, podem ser espontâneos ou provocados pelas empresas. (POMI, Rugenia Maria, 2009)

Referências

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