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FACULDADE NOVOS HORIZONTES. Programa de Pós-Graduação em Administração Mestrado

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Academic year: 2021

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Programa de Pós-Graduação em Administração

Mestrado

ESTRESSE NO TRABALHO:

estudo com gestoras do comércio varejista na região metropolitana

de Belo Horizonte

Adriana Pereira Santos Mafra

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ESTRESSE NO TRABALHO:

estudo com gestoras do comércio varejista na região metropolitana de

Belo Horizonte

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração da Faculdade Novos Horizontes, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Zille Pereira

Linha de pesquisa: Relações de Poder e Dinâmica nas Organizações

Área de concentração: Organização e Estratégia

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A Deus.

À minha família, pela compreensão com minha ausência, pelo apoio incondicional durante a trajetória do Mestrado e por confiar em minha capacidade profissional.

Ao estimado Prof. Dr. Luciano Zille Pereira, pela qualidade das orientações.

À banca do projeto originário desta dissertação, Prof. Dr. Antônio Luiz Marques e Profª. Nathalia de Fátima Joaquim, que leram, analisaram e fizeram suas considerações para que este estudo fosse aperfeiçoado.

À Coordenação do Curso de Administração da Faculdade Novos Horizonte; à Wânia e à Beatriz da Secretaria Acadêmica e ao Murilo, bibliotecário, pelo apoio à minha trajetória no Mestrado.

A todos os colegas de turma do Mestrado, em especial, a Maryelle, Valéria, Marcela, Admilson, Carla, Elisete e Hélvia, que muito me auxiliaram durante o curso, pelos momentos compartilhados, repletos de desafios e de superação.

Aos professores do curso de Mestrado da Novos Horizontes, especialmente as professoras Caíssa Veloso e Sousa, Aleixina Andalécio e Marlene Catarina de Oliveira Lopes Melo, pela valiosa contribuição para minha formação.

A Fúlvia Dolabela, pelas contribuições nas análises estatísticas.

Aos professores Edson Moura da Silva e Patrícia Diniz, pela revisão deste trabalho.

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Ambrósio, Nathalia da Silva, Marly de Moura, Andreia Eiras, Maria Isabel Franca e Márcia Proença, por todo o esforço excepcional a meu favor para captar respondentes para a pesquisa. Ao utilizarem suas influências profissionais, permitiram que eu alcançasse certo quantitativo de gestoras.

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O objetivo deste estudo consistiu em identificar e analisar o estresse ocupacional, compreendendo seus principais sintomas, causas, indicadores de impacto no trabalho e mecanismos de regulação das gestoras do comércio varejista da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A pesquisa classifica-se como um estudo descritivo, com abordagem quantitativa e qualitativa, por meio de survey. Foram pesquisadas 187 gestoras que atuam no comércio varejista da RMBH. O questionário aderente ao Modelo Teórico de Explicação do Estresse Ocupacional em Gerentes (MTEG), desenvolvido e validado por Zille (2005), foi adaptado e utilizado como instrumento de coleta de dados. Também foram realizadas entrevistas individuais semiestruturadas com 20 gestoras, analisadas com base na técnica de análise de conteúdo. Os resultados evidenciaram que 74,9% das gestoras pesquisadas apresentaram quadro de estresse, variando entre leve/moderado a muito intenso. Os principais sintomas de estresse identificados foram: ansiedade, fadiga, dor nos músculos do pescoço e ombros e dor de cabeça por tensão. As principais fontes de tensão excessivas existentes no ambiente de trabalho foram: execução de um trabalho complexo, sobrecarga pela tecnologia, realização de várias atividades ao mesmo tempo com alto grau de cobrança. As principais fontes de tensão relacionadas às características pessoais foram: levar a vida de forma muito corrida, realizando cada vez mais trabalho em menos tempo, pensar e/ou realizar duas ou mais atividades ao mesmo tempo, com dificuldade de concluí-las e não conseguir desligar-se das obrigações do trabalho. Também foram analisadas as fontes de tensão específicas do trabalho das gestoras, destacando: por ser mulher e gestora, de forma geral, as ações no âmbito do trabalho são dificultadas; e necessidade de dar atenção aos filhos (amamentação, apoio e educação, entre outros), ambas atuando como dificultador para conciliar com o trabalho na empresa. Os indicadores de impacto do estresse no trabalho que tiveram maior frequência foram: dificuldade de lembrar fatos recentes relacionados ao trabalho, antes lembrado de forma natural; desejo frequente de trocar de emprego; estar sentindo uma desmotivação importante com o trabalho. Os mecanismos de regulação mais utilizados pelas gestoras foram: experiência pessoal na solução de dificuldades no trabalho e a possibilidade de atrasar os cronogramas. Em relação ao hábito de fumar, foi constatado que as fumantes apresentaram maiores níveis de estresse quando comparadas com as não fumantes. Também houve associação entre consumo de álcool e estresse, ou seja, as gestoras que consomem bebida alcóolica apresentam maior presença de estresse. Por fim, em relação ao nível hierárquico, a maior incidência de estresse ocorreu na alta gerência/diretoria.

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The objective of this study was to identify and analyze the occupational stress, comprising its main symptoms, causes, impact indicators at work and mechanisms for regulation of the management of retail sales in the metropolitan region of Belo Horizonte (MRBH). The research is classified as a descriptive study, with quantitative and qualitative approach, through a survey. 187 managers were surveyed who work in the retail trade MRBH. A supplier questionnaire to the Explanation of Theoretical Model of Occupational Stress in managers (MTEG), developed and validated by Zille (2005), was adapted and used as a data collection instrument. Were also conducted semi-structured individual interviews with 20 managers, analyzed based on the technique of content analysis. The results showed that 74.9% of the surveyed managers had stress framework, ranging from mild / moderate to heavy. The main symptoms of stress were identified: anxiety, fatigue, pain in the neck and shoulder muscles and tension headache. The main sources of existing excessive tension in the work environment: implementing a complex work overload by technology, conducting various activities at the same time with a high degree of recovery. The main sources of stress related to personal characteristics were: take life much race form, increasingly doing work in less time, think and / or perform two or more activities at the same time, hard to complete them and can not turn off the obligations of work. Also the specific voltage sources of the work of management were analyzed, highlighting: as a woman and manager, in general, shares in the work are hampered; and need to pay attention to the children (breastfeeding support and education, among others), both acting as a problem to reconcile with the work in the company. Stress impact indicators at work were more frequent were: difficulty remembering recent events related to work before remembered naturally; frequent desire to change jobs; be feeling a major disincentive to work. The regulatory mechanisms most used by management were: personal experience in solving problems at work and the possibility of delaying the schedules. In relation to smoking, it was found that smokers had higher levels of stress compared to nonsmokers. Also there was an association between alcohol consumption and stress, ie, managing consuming alcoholic beverages have a higher presence of stress. Finally, in relation to the hierarchical level, the highest incidence of stress occurred in top management/ board.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Modelo básico de origem do estresse ... 35

Figura 2 - Modelo dinâmico do estresse ocupacional ... 37

Figura 3 - Modelo tensões no trabalho ... 38

Figura 4 - Modelo de estresse ocupacional ... 39

Figura 5 - Modelo teórico de explicação do estresse ocupacional em gerentes ... 41

Quadro 1 - Referências de pesquisas sobre estresse ocupacional em gestores. ... 43

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Tabela 1 - Distribuição das gestoras pesquisadas, por faixa etária 69 Tabela 2 - Distribuição das gestoras pesquisadas, por estado civil 69 Tabela 3 - Distribuição dos cônjuges das gestoras pesquisadas, que

trabalham 69

Tabela 4 - Distribuição das gestoras pesquisadas, por número de filhos 69 Tabela 5 - Distribuição das gestoras pesquisadas, por nível de

escolaridade 70

Tabela 6 - Distribuição das gestoras pesquisadas, por nível de

pós-graduação 71

Tabela 7 - Distribuição das gestoras pesquisadas, por ramo de atividade 73 Tabela 8 - Distribuição das gestoras pesquisadas, por nível hierárquico 73 Tabela 9 - Distribuição das gestoras pesquisadas, por tempo na função 74 Tabela 10 - Distribuição das gestoras por área/setor da empresa 74 Tabela 11 - Distribuição das gestoras, por horas semanais efetivamente

trabalhadas 75

Tabela 12 - Distribuição das gestoras pesquisadas, por consumo de

cigarro 75

Tabela 13 - Distribuição das gestoras, por consumo de bebida alcoólica 76 Tabela 14 - Frequência do consumo semanal de bebida alcoólica nos

últimos três meses 76

Tabela 15 - Distribuição das gestoras pela ocorrência de problema de

saúde 76

Tabela 16 - Hobbies mais praticados pelas gestoras pesquisadas 77 Tabela 17 - Base para interpretação do estresse ocupacional de acordo

com o MTEG 78

Tabela 18 - Análise descritiva do nível de estresse ocupacional 79 Tabela 19 - Percepção quanto a frequência de estresse ocupacional 80 Tabela 20 - Distribuição das gestoras pesquisadas, por tempo de atuação

na função 82

Tabela 21 - Percepção quanto a frequencia de estresse ocupacional 84 Tabela 22 - Percepção quanto aos sintomas de estresse ocupacional 85 Tabela 23 - Frequência dos indicadores do construto fontes de tensão no

trabalho 86

Tabela 24 - Percepção quanto as fontes de tensão em relação ao trabalho 88 Tabela 25 - Frequência dos indicadores do construto fontes de tensão do

indivíduo 91

Tabela 26 - Percepção quanto às consequências das situações geradoras

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Tabela 27 - Frequência dos indicadores do construto fontes de tensão por

ser mulher gestora 93

Tabela 28 - Percepção quanto a discriminação pelo fato de ser mulher 94

Tabela 29 - Reconhecimentos entre homens e mulheres 95

Tabela 30 - Percepção quanto a gestão feminina nas equipes de trabalho 96 Tabela 31 - Percepção quanto a dificuldade em conciliar a vida familiar e o

trabalho 97

Tabela 32 - Frequência dos indicadores do construto impactos no trabalho 101 Tabela 33 - Frequência dos indicadores do construto mecanismos de

regulação 102

Tabela 34 - Relação entre o nível de estresse ocupacional e o consumo de

bebida alcoólica 107

Tabela 35 - Relação entre o nível de estresse ocupacional e o hábito de

fumar 107

Tabela 36 - Relação entre o nível de estresse ocupacional e a prática de

atividade por hobby 108

Tabela 37 - Relação entre o nível de estresse ocupacional e o nível

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DORT - Distúrbios Osteomusculares relacionados ao trabalho FTIPG - Fontes de Tensão do Indivíduo e do Papel Gerencial

FTT - Fontes de Tensão no Trabalho

IMPACTOS - Indicadores de Impactos no Trabalho

MECREGUL - Mecanismos de Regulação

MTEG - Modelo Teórico de Explicação do Estresse Ocupacional em Gerentes

SAG - Síndrome de Adaptação Geral

SINTOMAS - Sintomas de Estresse

SNS - Sistema Nervos Simpático

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

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SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO ... 16

1.1 Problema de pesquisa ... 18 1.2 Objetivos ... 20 1.2.1 Objetivo geral ... 20 1.2.2 Objetivos específicos ... 20 1.3 Justificativa ... 21

2

REFERENCIAL TEÓRICO ... 23

2.1 Entendendo o estresse ... 23 2.2 As tipologias do estresse ... 25 2.3 As abordagens do estresse ... 28 2.4 Estresse ocupacional ... 31

2.4.1 Impactos no trabalho decorrentes do estresse ... 33

2.4.2 Modelos teóricos explicativos do estresse ocupacional ... 34

2.4.3 Modelo básico de origem do estresse ... 34

2.4.4 Modelo dinâmico do estresse ocupacional ... 35

2.4.5 Modelo tensões no trabalho ... 37

2.4.6 Modelo de estresse ocupacional ... 38

2.4.7 Modelo teórico de explicação do estresse ocupacional em gerentes (MTEG) ... 39

2.4.8 Pesquisas sobre estresse ... 41

2.5 As mulheres gerentes nas organizações ... 51

3

METODOLOGIA DE PESQUISA ... 57

3.1 Abordagens e tipos de pesquisa ... 57

3.2 Unidades de análise e observação, sujeitos e coleta de dados ... 58

3.3 Análise dos dados ... 59

3.4 Anotações de campo ... 60

4

AMBIÊNCIA DO ESTUDO ... 62

4.1

O comércio varejista na RMBH ... 64

5

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 66

5.1.1 Variáveis demográficas ... 67

5.1.2 Variáveis ocupacionais ... 72

5.1.3 Saúde e hábitos de vida ... 75

5.2 Análise do estresse ocupacional ... 77

5.2.1 Sintomas de estresse ... 83

5.2.2 Fontes de tensão ... 86

5.2.2.1 Fontes de tensão no trabalho ... 86

5.2.2.2 Fontes de tensão do indivíduo e do papel gerencial ... 90

5.2.2.3 Outras fontes de tensão ... 99

5.2.3 Indicadores de impacto no trabalho ... 100

5.2.4 Mecanismos de regulação ... 102

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6

CONCLUSÕES ... 111

REFERÊNCIAS ... 118

APÊNDICES ... 129

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1 INTRODUÇÃO

Em relação ao mercado de trabalho, as duas últimas décadas foram marcadas por transformações e reestruturações, que resultaram em um cenário de alta competitividade, com a redução dos níveis gerenciais e o desenvolvimento de tecnologias de comunicação, informação e produção, segundo Davel e Melo (2005). Esses autores complementam que as organizações passam por processos de reestruturação, racionalizando, flexibilizando suas estruturas organizacionais e seus processos produtivos.

A inovação tecnológica e as mudanças organizacionais produziram várias alterações nas configurações do mundo do trabalho, fazendo surgir novas maneiras de administrar, com base na automação dos processos, no enxugamento das funções, na redução hierárquica, na terceirização dos serviços e no surgimento dos programas de qualidade total, como afirmam Davel e Melo (2005). Ainda para os autores, evidencia-se o surgimento de dois movimentos no âmbito das organizações: a racionalização dos processos e a flexibilização do trabalho.

Em consequência das transformações que vêm ocorrendo, visando à competição por clientes e mercados, as organizações também passaram a competir pelo recurso mais importante: o talento humano (ZILLE; BRAGA; ZILLE, 2011). Segundo estes autores, a capacidade da organização de atrair e reter esses talentos é transformada em vantagem competitiva. Diante desse desafio, têm-se requerido novas competências e habilidades e têm surgido novas formas de gerir e de relacionar-se com o trabalho (SAUTER, 2005).

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trabalham mais horas e mais intensamente, visando atingir o sucesso pessoal e recompensas financeiras.

A inovação tecnológica e as mudanças nas estruturas organizacionais criaram situações conflituosas vivenciadas pelos ocupantes da função gerencial. Eles precisam agora conviver com as ambiguidades, complexidades e contradições do mundo do trabalho, segundo Davel; Melo (2005). Os autores citados reforçam que a função gerencial é uma das ocupações que recebem alta carga de estressores decorrentes da falta de perspectiva de futuro, da insegurança, do baixo reconhecimento, do aumento dos meios de controle e da pressão por resultados, confirmando a visão de Cooper (2008).

O gerente é o elo entre os diversos níveis hierárquicos da empresa. Ele é frequentemente submetido a intensa carga de tensão. Consequentemente, possui alta probabilidade de desenvolver fatores que desencadeiam quadros de estresse no trabalho (GOLDBERG, 1978). Cooper (2008) afirma que, para se adaptarem às mudanças, esses gerentes precisam lidar com diversas fontes de tensão, aumentando de forma significativa a sobrecarga psíquica, devido à exigência de respostas rápidas e eficazes. Nesse cenário, observa-se o surgimento de doenças provocadas por sobrecarga nos mecanismos de adaptação do corpo e da mente (SAUTER, 2005).

Diante desse contexto, os desafios encontrados pelas mulheres que assumem a função gerencial são ainda maiores, pois elas, geralmente, vivenciam dupla jornada de trabalho, já que continuam sendo as principais responsáveis pelas atividades do lar e pelo cuidado dos filhos. A situação feminina agrava-se na atualidade com a crescente demanda das empresas por maior qualificação do trabalhador, exigindo da mulher o cumprimento de não apenas duas jornadas de trabalho, mas três, aqui entendidas como as atividades profissionais, familiares e educacionais (GIRÃO, 2001; LAUFER, 2003; CORREA, 2004;).

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Psicologia e Controle do Stress (IPCS) no período de 7 de abril até 17 de maio de 2012. O estudo contou com a colaboração de 2.195 brasileiros com idade entre 18 e 75 anos, sendo 25,65% do sexo masculino e 74,35% do feminino de todo o País. A multiplicidade de papéis, aliando as responsabilidades profissionais com aquelas voltadas para o cuidado da casa e dos filhos, é um dos principais motivos que fazem as mulheres liderarem as estatísticas do estresse (INSTITUTO DE PSICOLOGIA E CONTROLE DO STRESS, 2014).

1.1 Problema de pesquisa

Os conflitos associados aos papéis sociais que tem que desempenhar, paralelamente ao exercício de sua carreira, levam a mulher a experimentar diferentes formas de discriminação (LAUFER, 2003; CHANLAT, 2005;). Mesmo que executem a mesma atividade que os homens, ela ainda recebe remuneração inferir, seu trabalho é menos valorizado, e além disso ela tem que mostrar uma performance melhor do que a deles para serem promovidas (BRUSCHINI, 1993).

Apesar de as mulheres estarem ocupando mais espaço nas empresas, quando ocupam funções de liderança ou pretendem assumir uma função mais alta nas organizações, ainda sofrem algum tipo de discriminação (CASTRO; RAMOS; MELO, 2011). De acordo com Probst (2006), as mulheres se estressam mais com o trabalho do que os homens; pois embora se dediquem à profissão tanto quanto eles, ao chegarem em casa, têm que executar tarefas domésticas, cuidando da casa e dos filhos. Assim, elas precisam combinar as responsabilidades familiares e profissionais, assumindo o papel de cuidadora de família e de profissional, o que pode gerar tensões (PINTO, 2003).

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As rápidas transformações no ambiente corporativo e o ritmo frenético das inovações tecnológicas transformam a rotina diária de um gerente, aumentado as tensões decorrentes do ambiente de trabalho, podendo chegar a desenvolver quadros de estresse ocupacional (CHANLAT, 2005; ROSSI, 2005; ZILLE, 2005; SAUTER; MURPHY, 2005; ZILLE; BRAGA; MARQUES, 2008; PERREWÉ; SAUTER, 2008; MELO; CASSINI; LOPES, 2011; ZILLE; BRAGA; ZILLE, 2011). No caso desta pesquisa, o foco foi no profissional gerente do gênero feminino, com a denominação “mulher gerente”, cuja trajetória profissional deve ser traduzida por sua capacidade de enfrentar dificuldades e obstáculos que vão além das fronteiras organizacionais, tendo que driblar preconceitos oriundos da cultura brasileira (CHANLAT, 2005).

Esse cenário pode ser confirmado em pesquisa realizada por Zille; Braga; Marques (2008) com 168 gerentes de uma instituição financeira privada de âmbito nacional, localizada na cidade de Belo Horizonte/MG. O resultado apontou que cerca de 150 (89,10%) apresentaram algum quadro de estresse, assim distribuídos: 59 (35,21%) de leve a moderado, 69 (40,97%) intenso e 22 (12,92%) muito intenso. Outra constatação da pesquisa foi com relação ao gênero: os gerentes de sexo feminino, apresentam um percentual de estresse ligeiramente superior aos dos gerentes do sexo masculino.

Esses dados, se comparados com os do trabalho de Zille (2005, p. 231), Zille (2011, p. 14), apresentam a mesma constatação, ou seja, o estresse ocorre com maior frequência em gerentes do sexo feminino.

Pesquisa realizada por Moraes (2014) envolvendo 158 gestoras que atuam no Polo Industrial de Manaus constatou que 84 (53,17%%) apresentaram quadro de estresse instalado, variando de leve/moderado a muito intenso, tendo como sintomas mais recorrentes: ansiedade, fadiga, dor nos músculos do pescoço e ombros e dor de cabeça por tensão.

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de adoecimento psíquico e de estresse ocupacional em mulheres, principalmente aquelas que exercem cargos gerenciais (MELO; MAGESTE; MENDES, 2005). Assim, a pergunta norteadora deste estudo é a seguinte:

Qual é o nível de estresse e quais são suas decorrências em gestoras que atuam no comércio varejista?

1.2 Objetivos

Com a intenção de atender aos propósitos da pesquisa, os seguintes objetivos foram formulados:

1.2.1 Objetivo geral

Identificar e analisar, na percepção dos sujeitos pesquisados, o estresse no trabalho das gestoras que atuam no comércio varejista na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

1.2.2 Objetivos específicos

Para atingir o objetivo geral, foram propostos os objetivos específicos apresentados a seguir:

a) Identificar e analisar o nível de intensidade do estresse ocupacional das mulheres gestoras pesquisadas;

b) Identificar os principais sintomas de estresse ocupacional do grupo pesquisado;

c) Identificar e analisar as principais fontes de tensão em relação ao trabalho das mulheres gestoras pesquisadas.

d) Identificar, na percepção dos sujeitos pesquisados, os principais indicadores de impacto do estresse no trabalho.

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f) Relacionar as variáveis sociodemográficas e funcionais com os níveis de estresse identificados.

1.3 Justificativa

Nos últimos anos, o tema “Estresse no trabalho” tem sido alvo de grande interesse por parte da comunidade científica, gerando estudos sobre diferentes ocupações, indicando que os níveis de estresse estão aumentando não apenas entre os gestores, mas também entre policiais militares, educadores e profissionais de saúde e do comércio varejista (TAMAYO, 2002; MAFFIA; ZILLE, 2013; BEZERRA; MINAYO; CONSTANTINO, 2013; BRAGA; ZILLE 2013; MORAES, 2014).

O estudo sobre o estresse ocupacional em gestoras é importante para o mundo acadêmico, pois trata-se de um tema que ganha destaque e proporções ainda maiores do que em décadas anteriores. Por isso, é necessário fazer questionamentos e análises mais profundas sobre a questão do gênero nas organizações, em particular no espaço gerencial (MELO, 2003). Assim, os resultados desta pesquisa podem contribuir para o processo de investigação e evolução dos estudos científicos sobre o estresse ocupacional, ressaltando a importância e a necessidade de se discutir este tema e ajudar a fomentar outros estudos relacionados ao estresse em mulheres gestoras.

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O estresse passou a ser o preço que a sociedade contemporânea paga pelo desenvolvimento adquirido. Nesse sentido, está cobrando um elevado custo em termos de saúde e bem-estar emocional. As pressões geradas pelas contínuas transformações têm tornado os indivíduos mais vulneráveis às doenças psicossomáticas e orgânicas (ALBRECHT, 1990; RIO, 1995). Este estudo justifica-se pela possibilidade de discutir a saúde física e psíquica da gestora e seus desdobramentos, nos âmbitos laboral e familiar, uma vez que, por meio do conhecimento das fontes de tensão no trabalho, é possível melhorar a compreensão da realidade do trabalho e propor intervenções que beneficiem não apenas as gestoras, mas também as organizações em geral, podendo resultar na melhor qualidade de vida delas e na melhor qualidade dos serviços por elas prestados.

No passado, as mulheres exerciam o papel de mãe e de esposa e viviam restritas à vida privada e ao lar. Entretanto, seu papel social tem se transformado nas últimas décadas, a partir do aumento da escolaridade e da ascensão profissional, impactando as estruturas familiares (OLIVEIRA et al., 2012). Considerando que o ingresso da mulher no mercado de trabalho gera impactos em sua própria vida, na vida da família e da sociedade como um todo, torna-se oportuno e relevante investigar como ela gerencia esse trabalho remunerado e família, assim como a implicação dessa gestão em sua vida, tanto física quanto psíquica.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Visando compreender o estresse ocupacional em mulheres gestoras, na primeira parte deste capítulo abordam-se o surgimento dos conceitos sobre estresse; as tipologias e suas abordagens: biológica, psicológica e sociológica; o estresse ocupacional e os impactos no trabalho. Em seguida, são abordados os modelos teóricos de explicação do estresse, as pesquisas relacionadas ao estresse ocupacional e por fim as mulheres gerentes nas organizações.

2.1 Entendendo o estresse

A palavra estresse, vem conquistando nos últimos anos grande popularidade. Inúmeros significados são atribuídos a ela, tornando-a uma expressão nem sempre clara e consistente (ZILLE, 2005). Para melhor entendimento do estresse, apresentam-se as delimitações acerca do uso do termo e suas abordagens conceituais.

A palavra estresse significa, em português, de acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa (BUENO, 2000, p. 331), “o conjunto de reações orgânicas e agressões; esgotamento”. Para Cooper, Cooper e Eaker (1988), a palavra estresse é derivada do latim stringere, que significa tração apertada, ou seja, “espremer”. Os autores acrescentam que a palavra estresse foi usada desde o século XVII para descrever “fadiga” ou “aflição”.

Segundo Lipp (1996), no século XVIII a palavra estresse passou a ter a definição de “força”, “pressão”, “tensão” ou “esforço pesado”. Estudos de engenharia mostravam que, para se construir pontes ou outras estruturas, tinha que se levar em consideração as características das cargas. Foi assim criada a analogia com o ser humano, ou seja, as pessoas também conseguem lidar melhor com um tipo ou outro de peso e se diferenciam uma das outras por sua capacidade de suportar carga emocional.

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equilíbrio biológico, os quais podem ser influenciados por características pessoais. Ele, portanto, considerava o estresse como uma resposta do organismo que se prepara para enfrentar ou fugir, mediante situações que ameaçam a homeostase (PROENÇA, 1998).

Selye (1959) foi o precursor na pesquisa sobre estresse. Para ele, o termo estresse era aplicado de formas tão diversas e confusas que seria mais fácil começar por estabelecer o que não era estresse. Assim, a reação de estresse do organismo não poderia ser confundida com outras manifestações e estados orgânicos. Selye (1959), na década de 1950, já afirmava que o estresse não era tensão nervosa, estímulo e descarga hormonal das glândulas suprarrenais, que se restringem apenas às consequências das lesões no corpo, alteração da homeostase, reação de alarme, agente de estresse ou estressor a reação específica ou não específica do organismo.

Conceituava Selye (1959, p. 64): “Estresse é o estado manifestado por uma síndrome específica, constituída por todas as alterações não específicas produzidas num sistema biológico.” Ou seja, ocorrem modificações muito específicas no sistema biológico, que são causadas por uma grande variedade de agentes.

Fraser (1983) também apontou a dificuldade em definir o termo estresse. Para ele: estresse é algo subjetivo e está associado com condições emocionais e psicológicas.

Para Couto (1987), o estresse tem origem no desequilíbrio entre as demandas do ambiente em que a pessoa vive e a sua capacidade adaptativa a ele, incorporando os fatores tempo e intensidade. A incapacidade prolongada do individuo em tolerar e superar as exigências psíquicas da vida ou de adaptar-se a elas pode ocasionar a redução de sua capacidade de trabalho e constituir-se em indutor de doenças.

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Considera-se estímulo tudo o que leva à quebra da homeostase do organismo. A resposta é o comportamento gerado por tal desequilíbrio (LEITE JUNIOR; CHAMON; CHAMON, 2010).

A sobrecarga de trabalho é um dos maiores dificultadores que impossibilitam o equilíbrio de aspectos importantes da vida, como família e lazer, agravando o nível de estresse e os danos à saúde (LIPP, 2005, ZANELLI, 2010).

As fontes de tensão estão presentes na vida cotidiana. Podem ser: externa, interna ou do meio ambiente (LIPP, 2005). Para Vanderley e Ximenes (2008, p. 7) a percepção dos fatores estressores, as fontes de pressão, podem levar o indivíduo a manifestar sintomas de estresse, “que dependerão de diferenças individuais, como personalidade, nível de maturidade, capacidade de respostas, quanto de estrutura física e cultural do ambiente social”.

O foco deste estudo é o estresse ocupacional das mulheres gestoras que atuam no comércio varejista da região metropolitana de Belo Horizonte e que ocupam os níveis de alta gerência, de média gerência e de gerência operacional. Para se entender esse tema, é importante que se faça, primeiramente, a distinção entre os seguintes conceitos: tipologias do estresse, estímulo, pressão ou fontes de tensão e as fases do estresse. Eles serão tratados a seguir e servirão de base para a compreensão do estado de estresse (COUTO, 1987).

2.2 Tipologias do estresse

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Segundo Limongi-França e Rodrigues (2005), o estresse não pode ser erradicado da vida, na medida que se trata de um recurso importante e útil, pois pode mobilizar recursos que possibilitem às pessoas enfrentar diferentes situações de ameaça, concreta ou simbólica, da vida em seu quotidiano. A questão é que a percepção dos fatores estressores, seja no nível consciente ou inconsciente, desencadeia no organismo uma reação que mobiliza seus mecanismos de defesa até chegar a um estado de adaptação (BARRETO, 2008).

O estresse pode se tornar “distresse”, isto é, tensão, com rompimento do equilíbrio biopsicossocial por excesso ou falta de esforço, incompatível com tempo, resultado e realização (LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2005). Segundo Rio (1995), no distresse predominam as emoções de ansiedade destrutiva, medo, tristeza e raiva. Segundo Selye (1959), o estresse pode ser benéfico ou não para o indivíduo, dependendo das circunstâncias em que essa reação é desencadeada. Entretanto, do ponto de vista fisiológico essas duas formas de reação são exatamente iguais (ZILLE, 2010).

O estresse se diferencia conforme a sua duração, podendo ser caracterizado como de natureza crônica ou aguda (COUTO, 1987). Este autor explica que é agudo quando se apresenta de forma mais breve e crônico quando perdura por um período maior (três ou mais semanas), podendo causar um efeito deletério maior sobre a saúde do indivíduo.

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desafiadores, com relacionamentos interpessoais empobrecidos. Os sintomas desencadeados pelo estresse de monotonia ou pelo estresse de sobrecarga não se diferenciam, ressalta o autor.

As demandas excessivas a que o indivíduo está submetido podem ser de cunho qualitativo ou quantitativo. Quantitativamente, embora não sejam intensas, as demandas se manifestam de forma repetitiva, frequente ou volumosa, podendo ou não ser simultâneas a outras demandas. Qualitativamente, embora as demandas sejam poucas, são percebidas como intensas e difíceis de lidar, por exigirem do indivíduo um esforço que está acima de sua capacidade física, cognitiva ou emocional(MARRAS; VELOSO, 2012).

A teoria de Selye (1959) foi formulada com base na Síndrome de Adaptação Geral (SAG). Isto é, para garantir o equilíbrio interno, o corpo poderia passar por três fases: reação de alarme; resistência; e exaustão (LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2005).

A fase de alarme é o estágio inicial de mobilização do corpo para a luta ou a fuga. Ocorre uma descarga hormonal, que predispõe o indivíduo a enfrentar a situação adversa em que se encontra ou a ou fugir dela (SELYE, 1959). É considerada a fase positiva do estresse. O ser humano se energiza, por meio da produção da adrenalina; a sobrevivência é preservada; e uma sensação de plenitude é frequentemente alcançada (LIPP, 2005).

(29)

Complementando Selye (1959), Lipp (2005) propõe uma fase intermediária entre a fase de resistência e a de exaustão. Considera um modelo quadrifásico: alerta, resistência, quase exaustão e exaustão. A quase exaustão seria uma fase em que as defesas estão se quebrando. Ela se caracteriza pelo enfraquecimento da pessoa que não está mais conseguindo se adaptar ou resistir ao estressor. Há muita ansiedade e intensa produção de cortisol, destruindo as defesas do organismo e gerando o aparecimento de doenças, além de um efeito negativo na sexualidade (LIPP, 2005).

2.3 As abordagens do estresse

Para ampliar a perspectiva da compreensão sobre o estresse, a literatura apresenta três abordagens: bioquímica, psicológica e sociológica. Elas podem ser consideradas complementares e interligadas (ZILLE, 2005). Quando o foco do estudo é no organismo humano, a abordagem é biológica; quando é na personalidade, a abordagem é psicológica; e quando é no sistema social, a abordagem é sociológica (SAMULSKI; CHAGAS; NITSCH, 1996).

A abordagem bioquímica do estresse surgiu nas décadas de 1930 a 1950, influenciada pelas pesquisas de Selye (1959). A concepção da abordagem bioquímica do estresse está relacionada à reação fisiológica do organismo para manter ou estabilizar o equilíbrio interno diante de uma descompensação do organismo. Selye (1959) considera o estresse um processo dinâmico, que se manifesta por meio de sintomas físicos, psicológicos e comportamentais. Samulski, Chagas e Nitsch (1996) ressaltam, ainda, que Selye (1959) foi o primeiro a chamar a atenção para a capacidade adaptativa do organismo, destacando sua limitada energia de adaptação em situações de estresse constante. Este autor foi o primeiro pesquisador a fazer uma análise profunda das manifestações do estresse do ponto de vista bioquímico (ZILLE, 2005).

(30)

XX, a partir do desenvolvimento da psicossomatização, com questionamentos em relação ao estado emocional dos indivíduos e a suas condições de saúde apresentadas (ZILLE, 2010). O trabalho de Lazarus (1974) é considerado o marco para os estudos desta abordagem, uma vez que o mecanismo psicológico é percebido como determinante no processo, associando-se ao desencadeamento de quadros de estresse (COOPER; COOPER; EAKER, 1988; MORAES; MARQUES; ZILLE, 1998). Cooper; Cooper e Eaker (1988) contribuíram com importantes estudos para o desenvolvimento desta abordagem, os quais ampliaram o entendimento sobre esse complexo processo que envolve os seres humanos (ZILLE, 2010).

A abordagem psicológica, não possui uma direção única, mas várias: psicossomática, interacionista, behaviorista, psicopatologia do trabalho e psicologia social (SAMULSKI; CHAGAS; NITSCH, 1996).

A vertente psicossomática considera que fortes situações emocionais desencadeiam processos de estresse e que um acontecimento vital estressante gera desafios aos quais o organismo não consegue responder adequadamente (KAPLAN; SADOCK, 1993). Segundo Veloso (2000), esta perspectiva busca compreender o adoecimento como reação de somatizações; ou seja, a relação entre as tensões e o aparecimento das doenças.

(31)

A vertente behaviorista tem como destaque os estudos de Friedman e Rosenman (1976), que, segundo Zille (2010). investigaram a associação de determinados tipos de comportamento relacionados a problemas cardíacos. Com base nesses estudos, foram caracterizados dois tipos básicos de comportamentos, denominados “comportamento tipo A” e “comportamento tipo B”. Segundo os autores, o comportamento tipo A é característico de indivíduos que têm elevado nível de agressividade e competitividade, e enquanto o comportamento do tipo B é próprio de indivíduos mais tranquilos e equilibrados, que apresentam, portanto, características de personalidade opostas às apresentadas pelo tipo A (ZILLE, 2010).

A vertente da psicopatologia do trabalho, para Zille (2005), citando Billiard1,

originou-se na França, com o movimento conhecido como “psicopatologia do trabalho”, após a Segunda Guerra Mundial, contando com as contribuições da psicologia social. Segundo o autor, a relação entre a modernização industrial e o movimento destinado à promoção da saúde constituiu a base principal para o desenvolvimento desse novo campo de estudos, que passou a aliar as questões do trabalho aos aspectos relacionados à saúde mental.

A vertente da psicologia social percebe o estresse enquanto fenômeno social, advindo das relações entre os indivíduos e do modo como o grupo reage diante das fontes de tensão. Não estuda o estresse como manifestação individual (DAVIDOFF2

apud VELOSO, 2000). Esta vertente dá ênfase aos estudos sobre cultura e à

construção de valores dos indivíduos como determinante de sua saúde (ZILLE, 2005).

Na abordagem sociológica do estresse, a ênfase está no ambiente social e os estressores são representados pelas condições sócioeconômicas e culturais do trabalho e da vida (SAMULSKI; CHAGAS; NITSCH, 1996). Esta abordagem refere-se à compreensão das diversas variáveis que refere-se estabelecem no contexto da sociedade. A influência cultural interfere no desenvolvimento psíquico do indivíduo.

1 BILLIARD, I. Santé mentale et travail: naissance de la psychopathologie du travail. Paris: La

Dispute, 1996.

(32)

Portanto, as alterações culturais afetam diretamente os mecanismos psicológicos individuais (LEONTIEV, 1978).

Para os propósitos deste estudo, essas abordagens podem ser pensadas a partir de uma dependência mútua e complementar, ao analisar o indivíduo como um ser biopsicossocial que necessita de um olhar multidimensional, abordando a influência dos aspectos biológicos, psicológicos e sociais (ZILLE, 2005).

Em relação as abordagens do estresse, este estudo enquadra-se na abordagem psicológica, na sua vertente interacionista.

2.4 Estresse ocupacional

A lógica empresarial torna-se uma lógica econômica. Busca-se o crescimento ascendente de altos padrões de desempenho, numa corrida para quebrar recordes sem limites. O sujeito-trabalhador passa a ser o competidor dele mesmo, na medida em que precisa se superar sempre (FREITAS, 2000). Cada sujeito, sempre sedento e faminto por reconhecimento e recompensa, será colocado à prova constantemente, em função de um nível de padrão cada vez mais exigente, tornando-o mais vulnerável a doenças psicossomáticas e orgânicas (TANURE et al., 2008),

Com o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas, já é possível afirmar que o estresse ocupacional está presente em quase todos os contextos de trabalho e em todos os níveis da estrutura organizacional (MORAES; MARQUES; KILIMNIK, 1995). Entretanto é percebida alta incidência de estresse ocupacional no trabalho do gerente, marcada por uma rotina sobrecarregada e com intensas horas de trabalho (ZILLE, 2005; ZILLE; BRAGA; MARQUES, 2008; MELO; CASSINI; LOPES, 2011; ZILLE, 2011; MAFFIA; ZILLE, 2013; MORAES, 2014).

(33)

combate às fontes de pressão e que traz consequências negativas para o indivíduo, tanto no plano mental quanto no físico.

O estresse é um problema que pode causar danos à saúde do trabalhador, como esgotamento físico, problemas interpessoais, sentimentos de desamparo e desesperança, burnout, absenteísmo, baixa eficiência e produtividade, impactando os resultados organizacionais (ALBRECHT, 1990; MASLACH, 2005; SADIR; LIPP 2009);

O estresse ocupacional já é reconhecido como um dos riscos mais sérios ao bem-estar psicossocial do individuo, tornando-se fonte importante de preocupação para a sociedade (BATEMAM; STRASSER, 1983). Dentre as principais categorias de riscos psicossociais identificadas relacionados ao trabalho que podem levar ao estresse destacam-se: suporte precário para a resolução de problemas, ambiguidade e conflito de papéis, incerteza na carreira, falta de controle sobre o trabalho, relacionamento interpessoal insuficiente, interface trabalho-família, monotonia das tarefas, sobrecarga e esquema de trabalho (CAMELO; ANGERAMI, 2008).

Rosh (2008) afirma que alguns fatores contribuem para o estresse ocupacional, apesar de este variar conforme a ocupação e as fontes de pressão. Estes fatores se subdividem em categorias: forma como o trabalho e as tarefas estão definidos; forma de gerenciamento; relacionamentos interpessoais; falta de definição do cargo; preocupações com o emprego ou carreira; preocupações ambientais; discriminação; e violência, abuso físico e mental.

Para Lipp (2005), o estresse no ambiente de trabalho traz consequências nocivas para as organizações, tais como acidentes de trabalho, problemas de relacionamentos, redução na produtividade, excesso de atrasos e faltas ao trabalho, aumento de licenças médicas e alta rotatividade de pessoal. Todas interferem diretamente no desempenho das empresas.

(34)

o domínio das situações de estresse e a adaptação. Ou seja, identificar as estratégias a serem utilizadas no enfrentamento do estressor – coping (FONTES; NERI; YASSUDA, 2010).

Como o estresse ocupacional tem se intensificado, teorias e modelos de estresse vêm surgindo e ampliando a compreensão deste tema tão complexo. Entender o processo de estresse, desde a identificação dos fatores estressantes até as estratégicas para enfrentá-los, bem como os mecanismos de regulação (ZILLE, 2005), é fundamental para contribuir para o equilíbrio biopsiquicossocial.

A seguir, apresentam-se os impactos do trabalho decorrentes do estresse e algumas teorias e modelos sobre o estresse ocupacional. Ressalta-se que nenhum dos modelos tem a pretensão de esgotar o entendimento e a discussão acerca da temática do estresse.

2.4.1 Impactos no trabalho decorrentes do estresse

A internacionalização da economia, com o consequente aumento da competitividade e a redução de custos, e o aumento da produtividade tem gerado transformações no mundo do trabalho e na vida dos trabalhadores (BRAGA; ZILLE, 2013), produzindo um ambiente instável e tensionante, capaz de gerar quadros de estresse ocupacional (KASPERCZYK, 2010).

Os impactos do trabalho decorrentes do estresse já podem ser calculados nos custos psicológicos, físicos e econômicos das organizações e dos indivíduos, podendo ocasionar perda de produtividade e da eficiência e diminuição da qualidade dos produtos e dos serviços prestados (SANTOS; CARDOSO, 2010), como também aumento do absenteísmo e da rotatividade, baixo desempenho e ocorrência de acidentes do trabalho, colocando em risco a saúde das pessoas (SCHIMIDT, 2009).

(35)

A atividade profissional é uma maneira que o indivíduo tem de se inserir socialmente. Os aspectos físicos e psíquicos estão inter-relacionados. Entretanto, com as novas configurações do mundo do trabalho, a oportunidade de emprego pode proporcionar crescimento pessoal e profissional (OLIVEIRA et al., 2012) ou ser fonte de sofrimento. O estresse é um exemplo (MIRANDA et al., 2009).

O conflito entre o trabalho, a família e a vida pessoal interfere no nível de motivação do indivíduo e em seu rendimento dno trabalho (ZANELLI, 2010). O estresse ocupacional ‘tem sido amplamente discutido na literatura nos últimos anos” (BALASSIANO; TAVERES; PIMENTA, 2011, p. 752), o que tem motivado pesquisadores a desenvolver modelos teóricos de estresse ocupacional.

2.4.2 Modelos teóricos explicativos do estresse ocupacional

Existem vários modelos teóricos explicativos do estresse ocupacional. A seguir, apresentam-se cinco deles: COUTO (1987); COOPER et al. (1988); KARASEK et

al. (1998); CHANLAT (2005); ZILLE (2005). O modelo de referência para este estudo

é o Modelo Explicativo do Estresse Ocupacional em Gerentes, desenvolvido e validado por Zille (2005, p. 191), adaptado para este estudo.

2.4.3 Modelo básico de origem do estresse

(36)

Frequentemente, ocorre a interação das três categorias de fatores, conforme mostra a Figura 1.

Figura 1 - Modelo básico de origem do estresse

Fonte: COUTO (1987, p. 35).

2.4.4 Modelo dinâmico do estresse ocupacional

O modelo dinâmico do estresse ocupacional, desenvolvido por Cooper et al. (1988), citado por Zille (2005), considera que as fontes e os efeitos do estresse são múltiplos, abrangendo características organizacionais e individuais. Os agentes estressores, considerados parte integrante de todas as ocupações profissionais são classificados em seis grandes categorias: fatores intrínsecos ao trabalho; papel do indivíduo na organização; relacionamento interpessoal; desenvolvimento na carreira; clima e estrutura organizacional; e interface casa/trabalho. Neste modelo, apresenta-se a dinâmica do estresapresenta-se, considerando suas fontes, categorias individuais, estratégias de enfrentamento e efeitos do estresse sobre o indivíduo e a organização (FIG. 2)

(37)

Fonte: Cooper3 et al. (1998, p. 95), apud Zille (2005, p. 101).

O grau em que os estressores irão afetar o indivíduo vai depender da sua vulnerabilidade individual e de suas estratégias de enfrentamento.

Segundo o modelo, os indivíduos, a partir das suas estruturas e seus valores (que correspondem ao lócus de controle e ao tipo de personalidade, quando submetidos a agentes estressores (que correspondem as fontes de pressão), desenvolvem meios singulares de defesa ou mecanismos de combate. O estresse se manifesta quando estes mecanismos não atuam de forma eficiente.

Os principais indicadores dos efeitos causados pelo estresse incluem: baixa moral, performance deficiente, alta apatia, índices significativos de absenteísmo e rotatividade de pessoal. Esses efeitos provocam reflexos na organização em termos de sua produtividade e, consequentemente, nos níveis de competitividade, estando, portanto, diretamente relacionados ao desempenho dos trabalhadores.

3COOPER et al. Transcriptional and post-transcriptional control mechanisms coordinate the onset of

(38)

2.4.5 Modelo tensões no trabalho

O modelo tensões no trabalho, proposto por Karasek (1998), relaciona o surgimento do estresse com duas variáveis importantes: exigências e demandas do trabalho e capacidade do trabalhador de controlar prazos e o timing do processo. Os dois eixos deste modelo (exigência e controle) estão relacionados às características psicossociais do trabalho. Este modelo prevê que os trabalhadores que se defrontam com alta sobrecarga de exigências ou pressões psicológicas, combinadas com baixo controle sobre o trabalho ou baixo poder de decisão correm maior risco de apresentar problemas de saúde física e mental decorrentes do estresse.

Trabalhos mais ativos (alta demanda e alto controle) estão relacionados à satisfação. Do mesmo modo, a ampliação da habilidade na tomada de decisão, que pode aumentar a influência do trabalhador nas decisões organizacionais (KARASEK, 1979 apud REIS).

Figura 3 - Modelo tensões no trabalho

Fonte: Schnall4 et al. (1994) apud Zille (2005, p. 98).

Tendo como referência o modelo apresentado, a combinação dos diferentes níveis de demanda e de controle estabelece quatro situações de trabalho: alta exigência (alta demanda e baixo controle); trabalho ativo (alta demanda e alto controle);

4SCHNALL et al. Pharmacokinetic characteristics for extent of absorption and clearence in drug/drug

(39)

trabalho passivo (baixa demanda e baixo controle); e baixa exigência (baixa demanda e alto controle).

2.4.6 Modelo de estresse ocupacional

O modelo de estresse ocupacional apresentado por Chanlat (1990, 2005) é explicado por meio de seis variáveis: a) forma de gestão e exigências profissionais requeridas; b) carga de trabalho (física, mental e afetiva); c) grau de autonomia do trabalhador para suas atividades (poder, controle e domínio); d) grau de reconhecimento despendido (conhecimento, experiência, know-how, sabedoria de vida); e) nível de apoio social (hierarquia, pares, subordinados, grupos externos, família, amigos); e f) nível de estresse profissional, que está relacionado com a saúde mental e física das pessoas.

Figura 4 - Modelo de estresse ocupacional

Fonte: CHANLAT, J. F. 5 (1990) apud Zille (2005, p. 103)

5 CHANLAT, J. F. Vers une anthropologie de l'organisation, dans L'individu dans l'organisation.

Québec (Canadá): Press de l'Université Laval, 1990

FORMAS DE GESTAO

CARGA DE TRABALHO

GRAU DE AUTONOMIA GRAU DE RECONHECIMENTO

NÍVEL DE APOIO SOCIAL

NIVEL DE ESTRESSE PROFISSIONAL

(40)

O modelo apresentado mostra que há uma associação significativa entre o estresse ocupacional e as variáveis referentes aos aspectos psicossociais e organizacionais do trabalho, o que irá determinar a saúde do indivíduo.

2.4.7 Modelo teórico de explicação do estresse ocupacional em gerentes (MTEG)

O modelo teórico para explicar o estresse ocupacional em gerentes (MTEG), desenvolvido e validado por Zille (2005), serviu de referência para o desenvolvimento deste estudo (FIGURA 5). O autor o desenvolveu, tendo como referências os estudos de Couto (1987), Cooper, Cooper e Eaker (1988); Karasek (1998); Chanlat (1990) e Levi (2003), entre outros. De acordo com Zille (2005), a manifestação do estresse está relacionada ao desequilíbrio acentuado entre os níveis de tensão que o indivíduo recebe do meio e a sua capacidade psíquica de suportá-lo. Zille (2005, p. 241) acredita que este modelo apresenta uma evolução em relação aos demais por incluir um construto que “objetiva explicar indicadores de impactos na produtividade decorrente dos sintomas de estresse, como também a análise específica em relação ao trabalho do gerente”.

Tal modelo está estruturado em cinco construtos de primeira ordem: fontes de tensão no trabalho (FTT), fontes de tensão do indivíduo e do papel gerencial (FTIPG), mecanismos de regulação (MECREGUL), sintomas de estresse (SINTOMAS) e indicadores de impactos no trabalho (IMPACTOS). Os construtos de primeira ordem são explicados por construtos de segunda ordem, que, por sua vez, são explicados pelos indicadores correspondentes, sendo que a exceção se faz ao construto impacto, que é explicado diretamente pelos seus indicadores.

(41)

atividade física. O construto sintomas de estresse é explicado pelos construtos de segunda ordem sintomas de hiperexcitabilidade e senso de humor, sintomas psíquicos, sintomas do sistema nervoso simpático (SNS) e gástrico e sintomas de aumento do tônus, tontura/vertigem, falta ou excesso de apetite e relaxamento. Por fim, o construto indicadores de impactos no trabalho é explicado pelos indicadores: dificuldade de lembrar fatos recentes relacionados ao trabalho que anteriormente eram facilmente lembrados, dificuldade na tomada de decisões, fuga das responsabilidades em relação ao trabalho, que anteriormente eram assumidas de forma natural, desejo de trocar de emprego com frequência, desmotivação para o trabalho, perda do controle sobre os eventos da vida (trabalho, família, relacionamentos, entre outros), excessivo desgaste nos relacionamentos interpessoais, no trabalho ou fora dele, dificuldade de concentração, diminuição na eficácia no trabalho e queda na produtividade (ZILLE, 2005, p. 238).

(42)

Figura 5 - Modelo teórico de explicação do estresse ocupacional em gerentes (MTEG)

Fonte: Zille (2005, p.191)

Fonte: Zille (2005, p. 191)

2.4.8 Pesquisas sobre estresse

Pesquisas sobre estresse em diversos segmentos vêm sendo conduzidas nos últimos anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o estresse como um dos principais males do século, atingindo profissionais de diversos países e trazendo graves consequências para a saúde física, psíquica dos indivíduos como também gerando reflexos em termos de eficiência e de produtividade, assim como comprometendo os resultados das organizações (LEVI, 2005; LEVI, 2003).

(43)
(44)

Quadro 1 - Referências de pesquisas sobre estresse ocupacional em gestores

(continua)

Título Autor/ano Objetivos da pesquisa Metodologia Resultados

Estresse Ocupacional: um olhar sobre o trabalho da mulher gestora do Polo Industrial de Manaus. Moraes (2014) Analisar o nível de estresse, seus principais sintomas, as fontes de tensão no trabalho e os mecanismos de

regulação que envolvem as gestoras do Polo Industrial de Manaus (PIM).

A pesquisa classifica-se como um estudo descritivo, com abordagem quantitativa e qualitativa. Foram pesquisadas 158 gestoras que atuam no PIM. A base teórica do estudo ancorou-se no Modelo Teórico de Explicação do Estresse Ocupacional em Gerentes (MTEG), desenvolvido e validado por Zille (2005).

Os resultados evidenciaram que 53% das gestoras pesquisadas apresentaram quadro de estresse. Os principais sintomas foram: ansiedade, fadiga, dor nos músculos do pescoço e ombros e dor de cabeça por tensão. As principais fontes de tensão foram: “Realização de várias atividades ao mesmo tempo, com alto grau de cobrança” e “Execução de trabalho complexo, aliado à sobrecarga em decorrência da tecnologia”. As principais fontes de tensão individuais foram: “Pensar e/ou realizar frequentemente duas ou mais coisas ao mesmo tempo, com dificuldade de concluí-las, mesmo quando não há exigências para tal”; “Levar a vida de forma muito corrida, realizando cada vez mais trabalho em menos tempo.” As fontes de tensão específicas do trabalho foram: “Ser mulher e gestora e ter que conciliar as demandas da casa com o trabalho”; “Não receber apoio da família em relação ao trabalho”; “Ser mulher e gestora e ter demandas importantes em relação à educação dos filhos”.

(45)

(continuação)

Título Autor/ano Objetivos da pesquisa Metodologia Resultados

Enxaqueca e Estresse em Mulheres no Contexto da Atenção Primária. Correia (2014) Verificar a associação entre enxaqueca e estresse em mulheres, assim como examinar o melhor modelo de predição da enxaqueca, considerando variáveis pessoais e do contexto ambiental.

Abordagem quantitativa. Inicialmente, foi realizado um levantamento dos registros das mulheres pertencentes a famílias cadastradas nos cinco Núcleos do Programa de Saúde da Família (PSF), vinculados à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Foram encontrados 269 cadastros de mulheres nos Núcleos do PSF. Destas, 162 mulheres não foram localizadas em suas residências.

Foram localizadas e visitadas 107 mulheres.

O teste utilizado, elaborado pela Sociedade Brasileira de Cefaleia (SPECIALI, 2003), permite a verificação da intensidade, duração, frequência e características de sintomas relacionados à enxaqueca.

As mulheres deste estudo apresentaram-se vulneráveis e constituem-apresentaram-se em um grupo em risco para um desequilíbrio emocional, devido a dois fatores: a) pela presença de enxaqueca, que corresponde à mais incapacitante das dores de cabeça;e b) pela presença de estresse, na fase de resistência, que corresponde a uma fase em que se inicia o agravamento de sintomas negativos de estresse e com predominância de sintomas psicológicos.

Estresse ocupacional em mulheres policiais. Bezerra; Minayo; Constantino (2013) Apresentar e discutir o estresse ocupacional vivenciado por mulheres policiais militares, a partir de um estudo realizado em uma corporação no Estado do Rio de Janeiro.

Abordagem qualitativa (entrevistas, grupos focais e observação) das percepções dessas mulheres sobre diferenças de gênero no trabalho policial, relação entre estresse ocupacional e problemas de saúde e estratégias para amenizar o estresse. Participaram 42 mulheres: oficiais e praças, profissionais operacionais e de saúde.

(46)

(continuação)

Título Autor/ano Objetivos da pesquisa Metodologia Resultados

O consumo de energia de quem produz energia: estudando o estresse ocupacional e seus efeitos em gestores de uma empresa brasileira do setor de energia elétrica.

Braga, et. al. (2013)

Identificar os principais fatores de tensão no trabalho, bem como diagnosticar o nível de estresse ocupacional na função gerencial em uma organização do setor de prestação de serviços em energia elétrica. Esta pesquisa é descritiva e explicativa, utiliza o o Modelo Teórico para Explicação do Estresse em Gerentes (MTEG).

Quanto aos fins, pesquisa explicativa e descritiva; quanto aos meios de investigação, trata-se de pesquisa de campo e estudo de caso. Para a coleta de dados, utilizou-se o questionário referente ao MTEG. O estudo se deu com 62, ou 38,75%, dos 160 gerentes e superintendentes da empresa, sendo que, do total da amostra 58, ou 93,56%, são gerentes e 4, ou 6,44%, são superintendentes.

Dos gestores, 62,9% têm quadro de estresse, variando de leve a moderado a estresse intenso; 32 gestores, ou 51,61%, possuem estresse leve a moderado; e 7, ou 11,29%, estresse intenso. Apenas 23 gestores, ou 37,1%, têm ausência de estresse. Segundo os dados, os profissionais estão trabalhando, em média, de 10 a 12 horas por dia, caracterizando sobrecarga de trabalho. Verificou-se desequilíbrio entre a estrutura psíquica e as pressões psíquicas das situações de trabalho. Dos gerentes, 65,62% têm quadro de estresse, em contrapartida a 25% dos superintendentes. Dos quadros de estresse intenso, 85,7% foram diagnosticados em gerentes e 14,3% foram diagnosticados em superintendentes. Tensões Excessivas no Trabalho e o Estresse Ocupacional: Estudo com Gestores que Atuam em Empresas Privadas de Setores Diversos. Zille et al. (2011) Analisar o estresse ocupacional em trabalhadores que ocupam a função gerencial em empresas privadas de Minas Gerais, identificando os principais fatores de pressão excessiva, os níveis de estresse ocupacional, os principais sintomas e os indicadores de impacto na produtividade.

Pesquisa de abordagem quantitativa, de natureza descritivo-explicativa, tendo como estratégia a pesquisa de campo e o survey, com amostra por acessibilidade de 637 indivíduos. Os dados foram coletados por meio de questionário e analisados por meio da estatística descritiva.

Dos gerentes, 75,7% ou 482 têm quadro de estresse. Os gerentes intermediários têm os níveis mais significativos de estresse. Dos gestores, 27,0% ou 167 têm problemas de saúde. Principais sintomas:

ansiedade, nervosismo, fadiga,

irritabilidade, angústia e dor nos músculos do pescoço e ombros. Fontes de tensão no trabalho: várias atividades ao mesmo tempo, alto grau de cobrança; prazos

apertados, filosofia de obsessão e

(47)

(continuação)

Título Autor/ano Objetivos da pesquisa Metodologia Resultados

em menos tempo; não desligar-se das questões relacionadas ao trabalho. Os indicadores de impactos na produtividade:

desejo de trocar de emprego,

desmotivação e perda do controle dos eventos da vida e do trabalho.

O estresse e os impactos no trabalho na função gerencial: buscando as interfaces das realidades brasileira e portuguesa. Zille (2011) Estudar o estresse ocupacional em gestores que atuam em organizações privadas brasileiras, com perspectiva de análise comparativa com a realidade portuguesa.

Pesquisa de natureza descritiva e explicativa, utilizando como estratégia a pesquisa de campo e o survey. Foram pesquisados gestores de empresas privadas de Minas Gerais, de diversos setores da economia. Unidades de análise: profissionais que

exercem a função gerencial nos níveis alta gerência, gerência intermediária, supervisão operacional. Amostra de 637 indivíduos. Instrumento: questionário baseado no modelo teórico explicativo do estresse ocupacional em gerentes - MTEG.

Dos gerentes, 75,7% têm quadros de estresse ocupacional; 55,9%, estresse leve a moderado; e 14,6%, estresse muito intenso. Principais sintomas: ansiedade, nervosismo, fadiga e irritabilidade. Fontes de tensão: várias atividades ao mesmo tempo, alto grau de cobrança, prazos apertados, filosofia organizacional de obsessão e compulsão por resultados. As fontes de tensão dos

(48)

(continuação)

Título Autor/ano Objetivos da pesquisa Metodologia Resultados

Do Estresse e Mal-Estar Gerencial ao Surgimento da Síndrome de Estocolmo Gerencial. Melo et al. (2011) Analisar o mal-estar gerencial vivenciado pelos gestores do setor de informática, considerando as variáveis pressões e estresse, presente nas práticas gerenciais.

O estudo é de natureza qualitativa. Foram realizadas 36 entrevistas semi-estruturadas, com gerentes em 10 empresas de médio e grande porte do setor de informática. Os sujeitos dessa investigação foram 36 gerentes que ocupam cargos de nível intermediário, sendo 18 homens e 18 mulheres.

(49)

(continuação)

Título Autor/ano Objetivos da pesquisa Metodologia Resultados

Todo o trabalho e nenhum jogo? O significado do trabalho e estresse no trabalho de gerentes de nível médio nos

Estados Unidos, Brasil e Coréia Kuchinkea et al. ( 2010) O estudo investigou dimensões do significado do trabalho e o estresse no trabalho entre gerentes de nível médio nos Estados Unidos, Brasil e Coreia .

Esta pesquisa quantitativa foi realizada online. Os voluntários são profissionais de nível superior que atuam como gerentes intermediários. Isso resultou em 416 respostas utilizáveis para a taxa de resposta, estimada ao ano de 22%. Os itens da pesquisa foram retirados do significado de projeto de trabalho THE MOW INTERNATIONAL RESEARCH PROGRAM, (1987). 5 itens foram medidos (centralidade do trabalho -absoluta e relativa), 11 itens foram medidos (condições de trabalho (desejadas), 6 resultados do trabalho foram medidos (desejados), e mais 6 itens funcionam (identificação do papel). Estresse no trabalho foi medido utilizando Peterson et al., (1994). Construção consistindo de conflito de papéis (3 itens), ambiguidade papel (5 itens), e sobrecarga de papel (5 itens). Todos os itens foram medidos usando um Likert de sete pontos

(50)

(continuação)

Título Autor/ano Objetivos da pesquisa Metodologia Resultados

Stress e qualidade de vida: influência de algumas variáveis pessoais.

Sadir et. al. (2010)

Verificar as variáveis pessoais que interferem nos níveis de estresse e na qualidade de vida de uma amostra de 106 adultos de ambos os sexos que frequentavam uma clinica psicológica

Foram utilizados três instrumentos: questionário para levantamento de dados sóciodemográficos, inventário de qualidade de vida e inventário de sintomas de estresses de Lipp. Amostra: 106 adultos de ambos os sexos que frequentavam uma clínica psicológica.

Dos participantes, 88% receberam diagnóstico de estresse; na categoria gerente ou supervisor , 81% estavam com estresse elevado. 71% eram homens e 29% mulheres. Associação significativa entre gênero e estresse. Os gerentes e supervisores apresentaram maior prejuízo nos quadrantes social e afetivo.

Mulheres executivas no mercado de trabalho Quelhas (2010) Analisar como as mulheres lidam com as pressões advindas da necessidade de conciliação das responsabilidades

decorrentes de sua tripla jornada de trabalho, entendida aqui como atividades profissionais, do lar e da educação continuada.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, cuja coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas buscando obter as histórias orais temáticas de cinco mulheres trabalhadoras que dividiam seu tempo entre as obrigações profissionais (independentemente do cargo ocupado), as exigências do estudo acadêmico e os cuidados com a família e os filhos. Elas foram escolhidas pelo critério de acessibilidade. Os discursos foram submetidos à técnica de análise do conteúdo. Todas as mulheres estavam na faixa etária de 42 a 55 anos, tinham pelo menos um filho, estavam inseridas no mercado de trabalho e davam continuidade aos seus estudos num curso de mestrado em administração. História oral temática foi a metodologia escolhida para a realização da pesquisa. Segundo Meihy (1996).

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