• Nenhum resultado encontrado

DIREITO CIVIL PROF. PATRÍCIA STRAUSS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "DIREITO CIVIL PROF. PATRÍCIA STRAUSS"

Copied!
108
0
0

Texto

(1)

DIREITO CIVIL

PROF. PATRÍCIA STRAUSS

(2)

DIREITO CIVIL

PROF. PATRÍCIA STRAUSS

SUMÁRIO

01. OBRIGAÇÕES ... 2 02. CONTRATOS ... 43 03. RESPONSABILIDADE CIVIL... 89

01. OBRIGAÇÕES

1. Considerações iniciais

Elementos constitutivos da obrigação:

Credor (sujeito ativo) e devedor (sujeito passivo);

Elemento objetivo imediato: prestação

Elemento imaterial: vínculo

No Direito Obrigacional temos os sujeitos envolvidos que são o credor (polo ativo) e o devedor (polo passivo). O credor tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação e o devedor tem a obrigação de prestá-la.

1.1. Fontes das obrigações

Lei, contratos (tidos como principais fontes das obrigações), atos ilícitos, abuso de direito, atos unilaterais etc.

2. Obrigação de dar coisa certa

As modalidades de obrigações são: dar, fazer, não fazer, alternativas, indivisíveis e solidárias. A obrigação de dar se divide em: dar coisa certa e dar coisa incerta.

(3)

A obrigação de dar coisa certa (Artigos 233-242), por sua vez, se divide em obrigação de dar coisa certa, modalidade entregar e obrigação de dar coisa certa, modalidade restituir. Tanto na de entregar ou na obrigação de restituir, o devedor se compromete a ENTREGAR ou RESTITUIR algo específico, que pode ser tanto bem móvel quanto imóvel.

2.1. Modalidade entregar

Um dos exemplos desta modalidade é o contrato de compra e venda, no qual, após efetuar o pagamento do preço, o comprador se torna CREDOR e o vendedor se torna DEVEDOR.

Para o Código Civil o importante é quando o devedor NÃO cumpre com sua obrigação. Ao não cumprir, a lei então disciplina a solução.

*Para todos verem: tabela abaixo.

Perecimento (perda total)

Com culpa: A obrigação se resolve (volta ao “status quo ante” e o devedor deverá pagar ao credor perdas e danos.

Sem culpa: A obrigação se resolve (volta ao “status quo ante”).

Deterioração (perda parcial)

Com culpa: Credor terá duas opções: Resolver a obrigação ou fica com a coisa como se encontra exigindo, em qualquer dos casos, perdas e danos.

Sem culpa: Credor terá duas opções: receber o bem como se encontra com abatimento ou resolver a obrigação (voltar ao estado inicial)

Resolver a obrigação significa voltar ao estado inicial, ao “status quo ante”.

Assim, por exemplo, o devedor devolveria o dinheiro ao credor.

2.2. Obrigação de dar coisa certa: modalidade restituir

Um dos exemplos de tal modalidade é o contrato de comodato (empréstimo gratuito de bens), uma vez que o bem dado em comodato, teremos de um lado

(4)

o comodante como CREDOR e o comodatário como devedor (com obrigação de restituir, de devolver ao comodante).

Da mesma forma, aqui o Código Civil se preocupa quando o devedor NÃO cumpre com a obrigação:

*Para todos verem: tabela abaixo.

Perecimento

Com culpa: Responderá o comodatário pelo equivalente do valor do bem mais perdas e danos.

Sem culpa: Se a coisa se perde e não é culpa do devedor, então ARCARÁ O CREDOR com a perda. Suporta o credor o prejuízo.

Deterioração

Com culpa: Credor poderá escolher ficar com a coisa como se encontra OU exigir o equivalente, com perdas e danos.

Sem culpa: Sofre o credor a perda e deverá receber o bem no estado em que se encontra.

Importante!

Artigo 237: Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.

Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.

Se entre o contrato e a entrega do bem, por exemplo, sobreveio melhoramentos no bem, o devedor poderá exigir aumento no preço a ser pago e se o credor não concordar, poderá então o devedor pedir a resolução do contrato.

(5)

Resumo - Artigos do Código Civil para cada tipo de Obrigação:

*Para todos verem: esquema abaixo.

3. Obrigação de dar coisa incerta (Artigos 243 – 246, CC)

O objeto da obrigação não é algo específico, mas precisa ser, ao menos, indicado por gênero e quantidade. Assim, o objeto deve ser, ao MENOS, determinável, ou seja, que vai vir a ser determinado.

Como exemplo, podemos pensar em um contrato em que credor e devedor estabelecem que o devedor irá entregar sacas de arroz de sua fazenda. É, assim, possível que se contrate um objeto determinável, mas que, precisará ser escolhido e separado, para que então, possa ser entregue.

DAR COISA CERTA Art. 233 a 242

do CC

Entregar

Perecimento (perda total)

Com culpa Art. 234, 2ª parte

do CC Sem culpa Art. 234, 1ª parte,

do CC

Deterioração (perda parcial)

Com culpa Art. 236, CC

Sem culpa Art. 235, CC

Restituir

Perecimento (perda total)

Com culpa Art. 239, CC

Sem culpa Art. 238, CC

Deterioração (perda parcial)

Com culpa Art. 240, CC

Sem culpa Art. 240, CC Exemplo:

compra e venda

(6)

Como regra, aqui e em outros momentos do Código Civil, se nada foi estipulado pelas partes de outra maneira, a escolha cabe ao devedor.

Há um momento em que a obrigação de dar coisa incerta se torna obrigação de dar coisa certa. Isso ocorre quando a escolha é feita E o credor é cientificado de tal escolha. Após a ocorrências destes DOIS fatos, então iremos buscar respostas para o caso de inadimplemento do devedor, na parte que trata de obrigação de dar coisa certa, já que após a escolha E cientificação, o que era incerto passou a ser certo.

Importante!

Artigo 246: Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.

Por este artigo, o “gênero nunca perece”. Assim, antes da escolha a obrigação continuava sendo INCERTA e se houver o perecimento/deterioração, não poderá o devedor alegar em defesa, ainda que tais fatos tenham ocorrido por caso fortuito ou força maior.

4. Obrigação de Fazer (Artigo 247-249, CC)

Neste caso, não se tem a obrigação um objeto móvel ou imóvel e sim a PRESTAÇÃO, que consiste no cumprimento de uma tarefa ou a realização de um serviço, por exemplo. A obrigação de fazer pode ser fungível ou infungível.

4.1. Obrigação de fazer infungível

Possui natureza personalíssima. Em caso de o devedor não cumprir com a obrigação, o credor terá as seguintes opções:

• Exigir o cumprimento da obrigação, por força do artigo 497 do CPC, com cominação de multa; ou

• Resolver a obrigação e pedir perdas e danos.

(7)

No entanto, se não for culpa do devedor (pintor perde o movimento dos braços e não consegue mais realizar a pintura que tinha se obrigado, por exemplo) então a obrigação será resolvida (artigo 248).

4.2. Obrigação de fazer fungível

É aquela que pode ser cumprida por outra pessoa. Em caso de não cumprimento pelo devedor, poderá o credor optar:

• exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos do 497 do CPC;

• pedir o cumprimento da obrigação por terceiro, à custa do devedor originário;

• Poderá requerer a conversão em perdas e danos.

5. Obrigação de não fazer (Artigos 250-251, CC)

Importante destacar o momento em que a pessoa se torna inadimplente na obrigação de não fazer. O artigo 390 do Código Civil, dispõe que, nas obrigações negativas, o devedor será considerado inadimplente a partir do dia em que executar o ato no qual deveria se abster.

A obrigação de não fazer, extingue-se quando não é possível abster-se do ato a qual se obrigou a não praticar, desde que o devedor não tenha culpa (art.

250, CC).

→ Quando o devedor praticou o ato que deveria ser abster, mas é possível desfazer o que foi feito, é possível voltar ao “status quo ante” – Artigo 251.

Regra: necessária autorização do juiz: Art. 251 do Código Civil.

Exceção: Se for urgente, conforme disposto no art. 251, parágrafo único do Código Civil, não será necessária autorização do juiz.

→ Quando o devedor praticou o ato que deveria se abster, mas não é possível desfazê-lo, não é possível voltar ao “status quo ante” – Artigo 250.

(8)

Com culpa: ocorrerá a extinção do contrato, e a pessoa será condenada a pagar indenização por perdas e danos.

Sem culpa: só será feita a extinção do contrato.

Obs.: Artigo 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.

EM RESUMO...

Obrigação de fazer fungível:

Fixação: Não personalíssima

Ocorre quando a obrigação pode ser cumprida por terceiro.

Exemplo: Paulo é contratado para pintar a casa de Ana. Caso Paulo não faça a pintura da casa, há a possibilidade de outra pessoa fazer o serviço. Sendo assim, um terceiro executa o serviço, e Paulo realiza o pagamento ao mesmo.

Vejamos o que dispõe o art. 249 do Código Civil e seu parágrafo único:

Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá- lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.

Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.

(9)

Obrigação de fazer infungível:

Fixação: Personalíssima

Somente a pessoa (devedor) pode cumprir com o seu contrato.

Exemplo: João foi contratado para fazer um show na cidade de Santa Cruz do Sul, logo, somente João poderá cumprir o contrato.

Com culpa: resolve + indenização por perdas e danos.

Sem culpa: o contrato somente se resolve (se desfaz).

6. Obrigações alternativas

Nas obrigações alternativas é possível o cumprimento da obrigação através da escolha de um OU de outro objeto. A obrigação será adimplida no momento em que se efetuar o cumprimento de 1 dos objetos. Assim, se Maria, devedora, se obrigou a pagar para João 1000 sacas de arroz OU 1000 sacas de farinha, com a entrega de somente um deles, teremos o adimplemento da obrigação.

Se nada foi estipulado, a escolha caberá ao devedor. Não poderá o credor (João) exigir, por exemplo, que Maria entregue parte em farinha e parte em arroz.

Da mesma forma que não pode João solicitar tal feito à Maria, também não pode Maria solicitar tal feito para João (entrega em partes de cada objeto).

Além disso, se a obrigação se estipulou de forma que ocorram através de prestações periódicas (todo mês Maria precisa entregar, por exemplo) esta escolha poderá ser exercida em cada período.

O artigo 253 nos informa que se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra.

Assim, se uma das obrigações não puder se executada (proibida por lei, por exemplo) então o que era antes obrigação alternativa, passa a ser obrigação simples, já que o débito subsistirá com relação à outra prestação.

Artigo 254: Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar

(10)

Maria (devedora) se comprometeu a entregar para João 1 cavalo OU 1 vaca. Por culpa de Maria, os dois animais morreram, impossibilitando o cumprimento da prestação. Se a escolha couber a Maria ou terceiro, por exemplo, temos que ficará Maria obrigada a pagar o valor da que por último se impossibilitou (o último animal que morreu, por exemplo) mais perdas e danos.

Artigo 255: Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.

Maria (devedora) se comprometeu a entregar para João 1 cavalo OU 1 vaca.

Aqui, um dos objetos se tornou impossível (um animal morreu, por exemplo) por culpa do devedor (Maria) poderá o credor João exigir o outro animal OU o valor do animal que morreu com perdas e danos. Se os dois morreram por culpa de Maria, então o credor poderá reclamar o valor de um OU de outro, além de indenização por perdas e danos. Vale lembrar que neste artigo, a escolha cabia para João.

Já se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação, conforme artigo 256 do CC.

7. Obrigações divisíveis e indivisíveis

A classificação em divisível ou indivisível somente possui relevância quando tivermos mais de um devedor ou mais de um credor.

7.1. Obrigação divisível

O artigo 257 trata sobre a obrigação divisível e nos informa que sendo a obrigação assim, ela será dividida entre tantos credores e devedores houver.

Assim, se Maria e Carla são devedoras de R$100.000,00 (cem mil reais) de João, que é o credor, de acordo com o artigo 257, João somente poderá exigir R$50.000,00 (cinquenta mil reais) de cada uma: “Havendo mais de um devedor

(11)

ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores”.

7.2. Obrigação indivisível

Segundo o artigo 258 a obrigação é indivisível a obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Pode assim, a indivisão ser natural (animal, por exemplo) por motivo de ordem econômica (um pedra preciosa) ou então legal (imposta pela lei).

Regras da obrigação indivisível A) Plural de devedores:

Maria e Carla são devedoras de 1 animal (indivisível) para João (credor). João poderá cobrar a dívida toda (animal) somente de uma. Aquela que entregar para João o animal, poderá cobrar da outra a quota parte do valor do animal.

Artigo 259: Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.

Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.

B) Plural de credores:

Maria é devedora de 1 animal para João e Carlos, que são os credores de Maria. Tanto João quanto Carlos poderá exigir de Maria o animal, mas Maria só se desobriga da dívida entregando para João e Carlos em conjunto ou então entregando para João, que dará caução (garantia) que o outro credor irá ratificar.

Artigo 260: Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:

I - a todos conjuntamente;

II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.

Lembrando que aquele credor que receber o animal, deverá pagar em dinheiro a quota parte dos outros credores (artigo 261).

(12)

C) Remissão: Artigo 262

Se um dos credores perdoar (remitir) a dívida, não teremos a extinção dela, mas tão somente o desconto da quota do credor que perdoou. Isso também ocorre em caso de transação, novação, compensação ou confusão.

D) Perda da qualidade de indivisível: Artigo 263.

A obrigação indivisível perde esta qualidade, quando se converter em perdas e danos. Perdas e danos é uma obrigação de dar e que é divisível. Se todos os devedores foram culpados, todos responderão em partes iguais. Se somente um for o culpado, os outros devedores estarão liberados, ficando o culpado com a responsabilidade de pagar perdas e danos.

8. Obrigações solidárias (Artigos 264-285, CC)

Tanto quanto na divisibilidade e indivisibilidade, somente há importância em se discutir sobre obrigações solidárias se tivermos MAIS de um credor ou devedor. E, como regra principal da solidariedade, temos que cada CREDOR pode exigir de cada DEVEDOR o cumprimento da obrigação por inteiro. Da mesma forma, cada DEVEDOR pode pagar a qualquer um de seus CREDORES, a dívida toda.

IMPORTANTE:

A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

(13)

8.1. Solidariedade ativa (Artigos 267-274, CC)

Regras da solidariedade ativa A) Credor pode exigir a prestação por inteiro:

De acordo com o artigo 267, cada credor poderá exigir o cumprimento da obrigação por inteiro. Além disso, enquanto algum credor não ajuizou ação contra o devedor, este mesmo devedor poderá pagar para qualquer um dos credores e estará liberado (artigo 268).

Em adição, a dívida será extinta até o valor que for pago. Assim, se Maria deve R$50.000,00 (cinquenta mil reais) para João e Carlos, seus credores, e pagar R$40.000,00 para um deles, ainda assim ficará devendo R$10.000,00 (dez mil reais).

B) Falecimento de um dos credores solidários:

Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes herdeiros somente terá direito a exigir e receber a quota de crédito que corresponde ao seu quinhão hereditário, salvo se for obrigação indivisível.

Digamos que Maria, devedora, deve R$50.000,00 (cinquenta mil reais) para João e Carlos, seus credores solidários. João tem 2 filhos, A e B. João falece. Sendo a quota de João o valor de R$25.000,00, cada filho poderia cobrar de Maria a quantia de R$12.500,00.

Um ponto muito importante na solidariedade ativa é a de que ainda que qualquer um dos credores possa cobrar a dívida toda, ele não terá direito ao valor todo. Após cobrar a totalidade da dívida, por exemplo, deverá entregar as quotas partes aos demais credores.

C) Manutenção da solidariedade

Ao contrário da indivisibilidade, se a prestação se converter em perdas e danos, a solidariedade se mantém (artigo 271).

(14)

D) Remissão por um dos credores:

Se um dos credores remitiu a dívida, responde aos demais pelas partes que lhes caibam. Assim, se João perdoou a dívida de Maria, que era de R$50.000,00 deverá responder para com as quotas partes dos demais.

E) Exceções pessoais:

Exceções pessoais são defesas de mérito que podem ser arguidas como, por exemplo, vícios do consentimento (erro, dolo...) e também incapacidades, por exemplo. Na obrigação solidária ativa o devedor não poderá opor essas defesas contra os demais credores, somente contra aquele credor que fez negócio viciado.

8.2. Solidariedade Passiva (Artigos 275 – 285, CC)

Regras da solidariedade passiva A) Cobrança da integralidade da dívida:

A principal regra aqui é a de que, havendo mais de um devedor, o credor poderá exigir de qualquer um o pagamento da dívida toda.

Assim, se Maria e Carla são devedoras de R$50.000,00, Carlos seu credor, poderá cobrar a totalidade da dívida somente de Maria, por exemplo.

Se o pagamento foi parcial, ainda assim continuam as duas devedoras como obrigadas à totalidade da dívida.

B) Morte de um dos devedores solidários:

Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.

Assim, se Maria e Carla são devedores de R$50.000,00 e Maria falece, deixando dois herdeiros: A e B. Cada um dos herdeiros será responsável apenas

(15)

pela sua quota parte. Assim, João-credor, somente poderia cobrar de A o valor de R$12.500,00, por exemplo.

C) Remissão e pagamento parcial:

Se o pagamento parcial foi realizado por um dos devedores, ou houve o perdão da dívida para um dos devedores, isso não irá atingir os demais devedores solidários. O que os demais devedores terão é um desconto na parte paga parcial ou na parte remitida (perdoada).

D) Impossibilidade de prestação:

Se a prestação por culpa de um dos devedores solidários ficar impossibilitada, a obrigação irá subsistir para TODOS de pagar o valor desta obrigação. Pelas perdas e danos somente responderá o culpado.

E) Exceções pessoais:

Segundo o artigo 281 o devedor demandado por opor ao credor as exceções que lhes forem pessoais e as comuns a todos. Como exemplo, podemos pensar que qualquer devedor poderá alegar a prescrição da dívida, já que são defesas comuns. Já vícios do consentimento, por exemplo (exceções pessoais) somente poderão ser usados pelo devedor que sofreu.

F) Renúncia:

É possível que o credor renuncie de forma parcial a solidariedade (somente para um devedor, por exemplo) ou total (em favor de todos os devedores).

Exemplo: João credor e possui 3 devedoras: Maria, Carla e Joana, que devem R$30.000,00. João renunciou a solidariedade com relação à Maria. Assim, Maria somente poderá ser cobrada de R$10.000,00, enquanto Carla e Joana poderão ser demandadas por R$20.000,00.

(16)

G) Devedor insolvente:

O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.

Assim, no caso de João credor ter três devedoras solidárias: Maria, Carla e Joana. Se uma delas efetuar o pagamento da obrigação, poderá solicitar que as demais paguem as quotas partes de cada. Se uma delas for insolvente, a sua quota parte será dividida entre os outros co-devedores.

Muito importante!

Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.

9. Transmissão das obrigações: cessão de crédito e assunção de dívida

É importante destacar o título da matéria a ser examinada: As obrigações são transmitidas. Assim, não há o adimplemento, inadimplemento etc. O que há é a transmissão de uma obrigação de um sujeito para o outro. Isso não ocorre através do pagamento.

9.1. Cessão de crédito (Art. 286 – 298, CC)

Negócio jurídico bilateral;

Gratuito ou oneroso;

Credor transfere a outra pessoa total ou parcialmente a sua posição da relação obrigacional;

Partes da cessão de crédito: Cedente e Cessionário.

Com a cessão se transferem todo o crédito, inclusive com seus acessórios.

Um ponto muito importante é que para que ocorra a cessão não é necessário o consentimento do devedor.

(17)

Observação!

Não é possível ceder o crédito em alguns casos (alimentos, por exemplo);

A impossibilidade de cessão pode estar no documento (instrumento obrigacional) que então impede qualquer tipo de cessão.

A regra proibitiva de cessão não pode ser oposta ao cessionário de boa-fé se não constar no próprio instrumento.

Como as demais regras do CC, a cessão entre partes possui total eficácia, não necessitando inclusive forma escrita. Porém, para que tenha eficácia perante terceiros, é necessária a celebração de um acordo escrito, por meio de instrumento público ou particular.

Ainda que para que ocorra a cessão de crédito não seja necessária a participação do devedor (já que o credor-cedente está cedendo o crédito para outra pessoa – cessionário), é porém imprescindível que o devedor seja notificado. Esta notificação pode ocorrer de forma judicial ou extrajudicial (artigo 290). Também pode ocorrer a notificação presumida, na qual no próprio documento de cessão de cedente para cessionário, o devedor informa que está ciente da cessão.

Em decorrência do princípio da boa-fé, o devedor que não sabia que tinha havido a cessão de crédito (não foi notificado, por exemplo) e que paga ao devedor primitivo, não terá que pagar novamente.

De acordo com o artigo 294 as exceções (defesas) que o devedor poderia opor ao seu antigo credor (cedente) poderão ser opostas também contra o novo (cessionário).

Muito importante!

Na cessão onerosa (cessionário cobra algo do cedente pela cessão de crédito, por exemplo) o cedente fica responsável pela EXISTÊNCIA da dívida para com o cessionário, mas não pelo pagamento a ser feito pelo devedor.

(18)

Exemplo de cessão onerosa: “Factoring” (cheques são vendidos por valores menores).

Além disso, o cedente não responde pela solvência do devedor. Se o devedor não pagar ao cessionário, não poderá o cessionário cobrar a dívida do cedente. Salvo disposição em contrário (conforme artigo 296).

Se ficar estipulado que o cedente responde pela solvência do devedor (artigo 297) o cessionário responderá apenas com relação ao que recebeu do cessionário, com respectivos juros.

9.2. Assunção de Dívida (Artigos 299-303, CC)

Negócio jurídico bilateral pelo qual o devedor com a anuência do credor transfere a um terceiro a posição de devedor em uma obrigação. Consoante artigo 299: É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.

Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

Por exemplo: João é credor e Maria devedora. Carla, amiga de Maria, se oferece para ASSUMIR a dívida que Maria tem para com João. Com a concordância de João, Maria se libera da obrigação, nada mais devendo para João (a não ser que Carla era insolvente, caso em que Maria voltaria para o polo passivo da obrigação). O novo devedor é chamado de terceiro assuntor (Carla).

Diz o artigo 300 que a partir da assunção deverão ser consideradas extintas as garantias especiais dadas pelo devedor primitivo (Maria). Salvo se Maria concordar que tais garantias irão permanecer.

Já o artigo 301 trata que se a substituição do devedor vier a ser anulada, o débito será restaurado, com todas as garantias, salvo as prestadas por terceiro (a não ser que este terceiro estava mancomunado com o devedor primitivo, que sabia do vício).

(19)

EM RESUMO

* Para todos verem: ilustração abaixo da compra e venda (credor e devedor) de um cavalo ou vaca.

1 – Obrigações alternativas

CREDOR DEVEDOR

Objeto: 1 cavalo OU 1 vaca

• Entregando um dos objetos, cumprida está a obrigação;

• Conforme Código Civil, se nada foi estipulado, a escolha cabe ao devedor.

• Ainda que os bens sejam divisíveis, não é possível a entrega em partes.

2 – Obrigações divisíveis e indivisíveis

Obrigação divisível: pode ser cumprida de maneira fracionada. Exemplo: 1000 sacas de arroz.

Obrigação indivisível: não pode ser cumprida em partes. Exemplo: 1 cavalo.

3 – Obrigações solidárias:

Na solidariedade ativa, conforme determina o art. 267 do Código Civil, cada credor solidário, pode exigir do devedor, que a prestação seja cumprida por inteiro.

4 – Transmissão das obrigações:

Cessão de crédito → Cedente cede crédito ao cessionário. Devedor deverá pagar ao novo credor.

Assunção de dívida → Terceiro assume dívida do devedor com consentimento expresso do credor.

(20)

10. Pagamento

10.1. Considerações iniciais

Para que se tenha a liberação do vínculo obrigacional, com a extinção da obrigação (e, como consequência a extinção do vínculo de credor e devedor) é necessário que se cumpra o pagamento com seus 5 requisitos: quem paga, para quem se paga, o que se paga, onde se paga e quando se paga. Uma vez cumpridas tais exigências, teremos a extinção da obrigação através do pagamento. Se uma delas não for cumprida, poderá ser aplicado o ditado de que:

“quem paga mal, paga duas vezes.”

*Para todos verem: esquema abaixo.

10.2. De quem deve pagar (Artigos 304-307, CC)

Um ponto muito importante aqui é que usa as palavras solvens (que paga) e accipiens (quem recebe) e não exatamente credor e devedor. Isso porque outras pessoas além do devedor podem pagar e outras pessoas além do credor podem receber.

Muito importante!

Quem paga:

Devedor

Terceiro interessado (por exemplo: fiador):

Ao pagar, se sub-roga nos direitos do credor primitivo.

Quem paga;

Para quem se paga;

Qual o objeto do pagamento;

Lugar do pagamento;

Tempo do pagamento.

(21)

Terceiro não interessado (amigo, por exemplo):

Ao pagar, não se sub-roga, mas tem direito de reembolso contra o devedor.

Isso se fizer o pagamento em seu nome. Se fizer em nome do devedor, será como uma doação e então não terá direito à reembolso.

Segundo o artigo 304 qualquer interessado poderá pagar a dívida e se o credor se opuser poderá o terceiro ajuizar ação de consignação em pagamento.

*Se houver pagamento por terceiro não interessado, sem que o devedor saiba ou em oposição ao devedor não terá o terceiro direito de pedir o reembolso para o devedor, se este último tinha meios para ilidir a ação.

10.3. Para quem se paga (Artigos 308 – 312, CC)

O pagamento será feito ao credor ou a quem de direito represente este credor.

Muito importante!

• Pagamento feito ao credor putativo terá validade se feito de boa-fé, ainda provado que depois não era credor. Aplicação da teoria da aparência (artigo 309).

• Pagamento feito cientemente ao credor incapaz como regra não terá validade, mas se provar que o pagamento reverteu em benefício do incapaz, então será válido (artigo 310).

Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.

EM RESUMO...

Requisitos do pagamento: quem paga, para quem se paga, objeto e prova, lugar e tempo de pagamento.

Quem paga:

Regra: devedor

(22)

Exceções:

o terceiro interessado (Exemplo: fiador → sub-rogação);

o terceiro não interessado: paga em nome próprio (tem direito ao reembolso) ou como se fosse o devedor (doação).

Para quem se paga:

Regra: credor / representante (Art. 308 do CC)

Exceções:

o Art. 309 do CC: credor putativo (alguém que aparenta ser credor, mas que não é);

o Art. 310 do CC: credor incapaz.

✓ O pagamento feito ao incapaz, em regra, não é válido.

Exceção: o pagamento será válido se o devedor comprovar que o pagamento reverteu para o incapaz.

10.4. Objeto e prova

Objeto do pagamento: Art. 313 a 318 do Código Civil Prova: Art. 319 a 326 do Código Civil

→ Objeto

Com relação ao objeto de pagamento, o devedor e credor não são obrigados a pagar ou receber um objeto diferente do contratado, ainda que sejam mais valiosos. Da mesma forma, sendo a obrigação divisível, não podem credor/devedor partilhar a prestação se assim não se estipulou

Princípio do Nominalismo

Artigo 315. As dívidas em dinheiro devem ser pagas em moeda corrente nacional e pelo valor nominal.

(23)

É permitida a cláusula de escala móvel ou cláusula de escalonamento, de acordo com o artigo 316: É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.

Extremamente relevante o artigo 317 que trata sobre a revisão contratual por fato superveniente. Para que ocorra é necessária uma imprevisibilidade somada a uma onerosidade excessiva. Estaria aqui consagrada a teoria da imprevisão.

Muito importante!

Contratação de pagamento em moeda estrangeira e em ouro, quando não há autorização legislativa, é tida como NULA – Artigo 318.

Para o STJ não há nulidade caso o pagamento seja cotado em moeda estrangeira ou em ouro, mas há o valor correspondente em reais, por conversão.

REsp 1.323.219/RJ

→ Prova

O devedor que paga, tem direito à quitação regular e pode reter o pagamento, se não lhe for entregue a quitação. Quitação é a prova efetiva do pagamento. Seus requisitos se encontram no artigo 320: “A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.

Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida”.

Desta forma, preferencialmente se espera que a quitação preencha os requisitos do “caput” do artigo 320. Contudo, caso não possua todos os requisitos, poderá ainda assim o pagamento ser comprado por outros meios.

(24)

PRESUÇÕES DE PAGAMENTO:

São presunções relativas (admitem prova em contrário).

Art. 322: Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.

Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.

Juros são acessórios. Uma vez pago o principal, presume-se que os acessórios também foram pagos.

Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.

Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.

Art. 325: Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida.

10.5. Do lugar de pagamento (Artigos 327 – 330, CC)

Como regra geral, se nada for estipulado, o pagamento será feito no domicílio do devedor. Assim, se nada for estipulado, o credor deverá ir até o devedor para buscar o pagamento.

Domicílio do devedor – dívida quesível ou quérable.

Domicílio do credor ou outro domicílio escolhido dívida portável ou portable.

Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher qual domicílio será efetuado o pagamento. Importante lembrar que se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.

(25)

Muito importante!

Artigo 330: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.

Temos uma importante relação com o Princípio da boa-fé objetiva. Temos aqui a aplicação da “SUPRESSIO” e da “SURRECTIO”.

“Supressio” significa supressão, por renúncia tácita, pelo não exercício com o passar do tempo. Já a “SURRECTIO” significa que, ao mesmo tempo em que o credor, por exemplo perde o direito do domicílio estipulado, significa que o devedor ganha um novo domicílio para efetuar o pagamento.

10.6. Do tempo de pagamento (Artigos 331-333, CC)

Como regra, a dívida deve ser paga no vencimento (artigo 331). No entanto, se não houver data de pagamento, o cumprimento da obrigação poderá se exigido à vista (cuidar o contrato de mútuo, que tem regra própria no artigo 592 do CC).

Já o artigo 333 trata sobre a possibilidade de vencimento antecipado da dívida. Isso ocorre:

I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;

II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;

III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

Para a doutrina, esse rol não é taxativo e sim exemplificativo.

(26)

EM RESUMO

SOBRE PAGAMENTO

*Para todos verem: esquema abaixo.

Requisitos

Objeto

Ninguém é obrigado a receber ou a entregar

objeto diferente do contratado

Prova

A prova do pagamento se

dá através da quitação

Lugar

Como regra:

domicílio do devedor Tempo

Possível vencimento antecipado - Artigo 333.

(27)

Demais requisitos: quem paga e para quem se paga.

11. Adimplemento e extinção das obrigações

11.1. Consignação em pagamento (Artigos 334 – 345, CC)

Depósito feito pelo devedor ou terceiro de uma coisa devida, para que consiga se liberar da obrigação. É um instituto misto, já que também é tratado no Código de Processo Civil, artigos 539 e seguintes do CPC.

O depósito pode ser feito de forma judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida (neste caso, somente dinheiro e é chamada de consignação extrajudicial)

Uma vez julgada procedente a ação de consignação, teremos a liberação do devedor, que não será inadimplente e, assim, não terá contra ele as consequências do inadimplemento.

As hipóteses do pagamento em consignação são trazidas no artigo 335:

A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Para vários doutrinadores, este rol seria exemplificativo.

Como a consequência da consignação é a liberação do devedor, como se tivesse realizado o pagamento, para que a consignação tenha então FORÇA DE PAGAMENTO, é necessário que concorram em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.

(28)

IMPORTANTE!

A consignação deverá ser requerida no LUGAR do pagamento – artigo 337 do CC.

Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.

O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento.

Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação. Este é o único caso em que um credor pode pedir a consignação.

11.2. Do pagamento com sub-rogação (Art. 346 – 351, CC)

A sub-rogação pode ser entendida como a substituição de uma pessoa por outra, realizada através do pagamento.

O exemplo que pode ser trazido é o caso do fiador que paga a dívida do devedor, para que não seja responsabilizado pelo pagamento. Ao fazer isso, o credor sai da relação obrigacional, já que recebeu o pagamento e o então fiador passa a ser o novo credor do devedor (que não pagou e então continuará devendo, mas agora para o novo credor, que era seu antigo fiador).

Importante destacar que na sub-rogação não há a EXTINÇÃO da dívida e sim a substituição de uma pessoa por outra através do pagamento. Não há o surgimento de nova dívida. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

(29)

Há dois grandes tipos de sub-rogação: legal e convencional:

*Para todos verem: quadro abaixo.

Sub-rogação legal ou automática (deriva da lei). Está no artigo 346:

Sub-rogação convencional (deriva do contrato). Está no artigo 347:

I - do credor que paga a dívida do devedor comum;

II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; (alguém pode pagar a dívida para se afastar de eventual evicção).

III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.

I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;

II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub- rogado nos direitos do credor satisfeito.

Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.

(30)

EM RESUMO...

*Para todos verem: esquema abaixo.

11.3. Da imputação em pagamento (Artigos 352-355, CC)

Imputar significa escolher, eleger, indicar. Quando um devedor tiver várias dívidas com um mesmo credor, sendo elas líquidas e vencidas, este mesmo devedor poderá escolher qual delas ele quer pagar.

Requisitos para a imputação:

Mesmo credor e devedor

Plural de dívidas

Líquidas e vencidas

Débitos da mesma natureza.

Como regra, quem deverá escolher qual dívida será paga, é o devedor (artigo 352). Se o devedor nada fizer, então se transfere o direito de escolha ao credor

Adimplemento e extinção das

obrigações Consignação

pagamentoem

judicial extrajudicial

Sub-rogação

legal ou automática ou de pleno

direito

convencional

(31)

(Artigo 353). Caso nem o devedor, nem credor se manifestem, então teremos a imputação legal, ou seja, a lei, no seu artigo 355, que diz quais serão as dívidas a serem pagas: “Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa”.

Assim:

Havendo capital e juros, primeiro se fará nos juros;

A imputação será feita na dívida vencida em primeiro lugar;

Se todas forem vencidas na mesma data, então a imputação deverá ser feita na mais onerosa.

11.4. Dação em pagamento (Artigo 356-359, CC)

A dação ocorre quando o credor consente em receber objeto diferente do contratado. Assim, se exige uma obrigação previamente criada e um acordo posterior em que o credor aceita receber objeto diverso do contratado.

Para que haja dação, podemos ter então a substituição de dinheiro por bens móvel ou imóvel, de uma coisa por outra, de dinheiro por fato etc.

Muito importante!

Artigo 359: Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer- se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

11.5. Novação: Artigo 360 – 367

Através da novação temos a extinção da obrigação anterior, com a criação de uma nova. O principal efeito é a extinção da dívida antiga, com todos os seus acessórios e garantias.

(32)

Como a novação extingue a obrigação primitiva, liberando as garantias, se o for feita novação sem o consentimento do fiador, ele estará exonerado.

Além disso, é necessária a chamada “intenção de novar”. O ânimo de novar está expresso no artigo 361.

Não é possível que haja novação de obrigações nulas e extintas (artigo 367).

Assim, a obrigação meramente anulável pode ser objeto de novação.

No artigo 360 temos as hipóteses de novação.

I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;

• Temos aqui a novação REAL.

II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;

• Chamada de novação subjetiva passiva, já que além da criação de nova dívida, extinguindo a anterior, também temos a troca do polo passivo (devedor).

• Se o devedor original não foi chamado para consentir (artigo 363) teremos a novação subjetiva passiva por expromissão.

III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.

• Chamada de novação subjetiva ativa, já que além da criação de nova dívida, extinguindo a anterior, também temos a troca do polo ativo (troca de credor).

Súmula 286 STJ: A renegociação de contrato bancário ou a confissão de dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades nos contratos anteriores.

11.6. Compensação (Artigos 368 – 380, CC)

Quando duas ou mais pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e devedora umas das outras, extinguindo-se a obrigação até onde se compensarem.

(33)

Requisitos:

sujeitos são credores e devedores entre eles;

dívidas líquidas vencidas e fungíveis;

se houver determinação de qualidade, somente se compensam se for a mesma qualidade.

A compensação pode ser:

Legal: decorre da lei e independe da vontade das partes.

Convencional: decorre de acordo de vontades entre as partes. Não há necessidade de pressupostos como dívidas líquidas e vencidas, etc., já que sendo Direito Privado, as partes podem convencionar como lhes aprouver.

Prazos de favor não obstam a compensação (artigo 372). Prazos de favor são prazos que os credores dão para seus devedores, de forma a aumentar o prazo para pagamento.

A diferença da causa, do motivo pela qual a compensação pode ocorrer, não impede compensação. No entanto, há casos em que não é possível a compensação (artigo 373):

I - se provier de esbulho, furto ou roubo (presença de atos ilícitos);

II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;

Lembrando que honorários advocatícios não podem ser compensados, perdendo aplicação a Súmula 306 do STJ.

III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.

Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas.

Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.

(34)

Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento.

11.7. Confusão (Artigo 381 – 384, CC)

A confusão ocorre quando na mesma pessoa se confunde as figuras de credor e devedor. Pode ocorrer por um ato “inter vivos” ou “causa mortis”.

Ela pode ser total ou parcial, ou seja, ocorrer com relação a toda a dívida ou somente de parte dela.

Como exemplo, podemos pensar que alguém deve uma quantia ao seu pai.

Esse pai então falece e esse filho irá receber herança. Teremos a extinção da dívida, já que o filho irá receber a herança.

11.8. Remissão de dívidas (Artigos 385 – 388, CC)

A remissão é o perdão da dívida que é concedida pelo credor ao devedor. No entanto, para que se tenha a liberação do devedor, é necessário que ele ACEITE o perdão. Assim, é um negócio jurídico bilateral.

A remissão pode recair sobre a dívida inteira ou sobre parte dela.

Há formas de perdão expresso (escrito) e também tácito. Um exemplo de remissão tácita ocorre no artigo 386, em que o credor devolve o título da obrigação (cheque, por exemplo) ao devedor. No entanto, se devolver, restituir o objeto empenhado (garantia do penhor) não significa que perdoou a dívida, mas sim que não quer mais a garantia – artigo 387.

(35)

EM RESUMO

Consignação: quando se quer realizar o pagamento, no sentido de cumprir com a obrigação, mas não se consegue, então se consigna.

Sub-rogação: substituição de uma pessoa por outra realizada através do pagamento.

Imputação: escolhe qual dívida, líquida e vencida, se quer pagar.

Dação: quando o credor aceita receber um objeto diferente do contratadoNovação: contratação de nova dívida para extinguir a anterior.

Compensação: mesmo credor e devedor com reciprocidade de dívidas líquidas e vencidas.

Remissão: Perdão e que precisa da concordância do devedor.

Confusão: confunde na mesma pessoa, as figuras do credor e devedor.

12. Inadimplemento

12.1. Das disposições gerais (Arts. 389-393, CC)

O Código Civil dá grande importância para o inadimplemento das obrigações. Temos aqui a responsabilidade civil contratual.

A partir do inadimplemento, nasce o dever de indenizar perdas e danos (artigos 402, 403 e 404 do CC).

Temos dois tipos de inadimplemento:

Inadimplemento relativo, parcial ou mora: Descumprimento parcial em que a obrigação ainda pode ser adimplida.

Inadimplemento total ou absoluto: A obrigação não pode mais ser cumprida.

Ela se tornou inútil para o credor.

Como regra, de acordo com o artigo 389 não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

(36)

No entanto, (artigo 393) o devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Caso fortuito é evento totalmente imprevisível. Força maior é evento previsível, porém inevitável. Na parte final do artigo 393 é dito que se a parte assumir o risco (Cláusula de assunção convencional) então mesmo em caso fortuito/força maior irá responder.

12.2. Da mora (Artigos 394 – 401, CC)

Mora é atraso, retardamento ou até mesmo o cumprimento inexato da obrigação que, então, traduz o não cumprimento do contrato e, assim, a mora. A mora pode ser tanto do credor quanto do devedor.

Estar em mora é não cumprir a obrigação no tempo, forma, objeto, enfim, a maneira como foi originalmente contratado.

Mora do devedor: Artigo 394 - Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.

O devedor em mora responde pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado (artigo 395).

→ Chamada de “mora solvendi” ou “mora debendi”.

Obs.: Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora (artigo 396). Assim, se a obrigação não for cumprida em razão de algo que não seja culpa do devedor, não teremos a caracterização da mora. Esse aspecto é bem importante, já que informa que para que haja a mora, é necessário que haja a CULPA do inadimplente. Se não houver culpa, não teremos mora.

(37)

Classificação da mora:

Mora “ex re” ou mora automática: Se houver data para adimplemento da obrigação e não for cumprida, temos que o seu inadimplemento já constitui automaticamente em mora o devedor.

Mora “ex persona” ou mora pendente: Se não houver data (termo), a mora precisa primeiro ser constituída através de interpelação judicial ou extrajudicial.

Mora irregular ou presumida: Artigo 398: Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.

Mora do credor: Artigo 400 - A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.

→ A mora do credor é chamada de mora “accipiendi, creditoris ou credenti”.

Há ainda a colocação do artigo 399, que trata sobre a responsabilidade do devedor que, em mora, responde pela impossibilidade da prestação, mesmo que essa impossibilidade resulta de caso fortuito ou força maior. O devedor poderá se isentar de tal responsabilidade se comprovar que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse cumprida pelo devedor.

Como com a mora (inadimplemento relativo) é possível o cumprimento da obrigação, podemos ter então a chamada PURGA DA MORA: Artigo 401:

Art. 401. Purga-se a mora:

I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta;

II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data.

(38)

Inadimplemento absoluto da obrigação: Não cumprida a obrigação, temos o artigo 389, que diz que o inadimplente responde pelo valor do objeto, mais perdas e danos, juros, cláusula penal (se prevista) atualização monetária, custas e honorários do advogado.

Entende a doutrina que a menção aos honorários no artigo 389 e também no 404 é de honorários contratuais e não sucumbenciais.

Obs.: Entendimentos doutrinários:

Mora “ex re”: Juros moratório passam a contar a partir do vencimento da obrigação.

Mora “ex persona”: Juros moratórios passam a contar a partir da citação.

Mora presumida ou irregular: a partir da ocorrência do evento danoso.

Súmula 54 do STJ: “Os juros morátorios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual”.

Súmula 380 STJ: A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do autor.

Súmula 369 STJ: No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora.

Súmula 412 STF: No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo.

Súmula 562 STF: Na indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito cabe a atualização de seu valor, utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios, os índices de correção monetária.

Súmula 426 STJ: Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da citação.

(39)

12.3. Das perdas e danos (Artigos 402-405, CC)

Segundo o artigo 402 as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu (danos emergentes ou positivos), o que razoavelmente deixou de lucrar (lucros cessantes ou danos negativos).

Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. Assim, não é possível a reparação de dano hipotético ou eventual.

Para a doutrina, as perdas e danos do CC apenas tratam de danos materiais.

Caso outros danos venham a surgir do inadimplemento, podem também ser pedidos (danos morais, estéticos) etc.

12.4. Dos juros legais (Artigos 406-407, CC)

Um dos principais efeitos do inadimplemento contratual é a incidência de juros.

Classificação dos juros:

Convencionais: decorrem de um contrato entre as partes;]

Legais: decorrem da lei

Moratórios: decorrem do descumprimento parcial da obrigação (que é o significado de mora). São devidos desde a constituição da mora e não dependem de alegação/comprovação do prejuízo (artigo 407).

Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.

Compensatórios ou remuneratórios: decorrem de uma utilização acordada de determinado capital.

(40)

Importante! Observar Súmulas relativas ao tema:

Súmula 283 do STJ: As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura.

Súmula 596 STF: As disposições do Decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o Sistema Financeiro Nacional.

Súmula 530 STJ: Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros efetivamente contratada - por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento aos autos -, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor

12.5. Da cláusula penal (Artigos 408 – 416, CC)

Cláusula penal é uma punição, penalidade de natureza CIVIL e tem a ver com o inadimplemento obrigacional. Também é chamada de multa contratual ou pena convencional.

Ela é contratada pelas partes e ocorre em caso de inadimplemento do contrato. É uma obrigação acessória e tem o fim de obter o cumprimento do contrato.

A cláusula penal pode ser classificada em: clausula penal moratória e clausula penal compensatória.

Clausula penal moratória: caso de inadimplemento parcial, em que ainda é possível o cumprimento. Serve para a punição de quem retardou em efetuar o pagamento. Não compensa o inadimplemento, nem substitui o pagamento.

A doutrina entende que a multa moratória deve ter um teto de até 10% sobre o valor da dívida. Já para contratos de consumo, o valor é de até 2%.

O artigo 411 trata especificadamente da clausula penal moratória, já que diz:

Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança

(41)

especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal. Assim, quando houver clausula penal moratória, poderá o credor exigir o cumprimento da obrigação E o cumprimento da clausula penal moratória.

Cláusula penal compensatória: no caso de inexecução total da obrigação. Ela tem a função de antecipar as perdas e danos

Aqui temos a aplicação da regra do artigo 412: O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.

Neste caso não poderá o credor exigir o cumprimento da obrigação E também a multa compensatória: Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor (artigo 410).

Se a clausula penal tiver um valor excessivo, deverá o juiz reduzir: A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. (artigo 413).

Importa lembrar que o STJ entende que se houver clausula penal para uma parte do contrato e quem infringir foi a outra parte (que não tem previsão de cláusula penal) ela deve se aplicar para ambos os contratantes, indistintamente, ainda que redigida para a aplicação de apenas uma das partes.

Não é necessária a comprovação de culpa do devedor, para que se possa solicitar a incidência da clausula penal: Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo (artigo 416).

Ainda que o prejuízo exceda o previsto na clausula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. e o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.

(42)

Assim, não se pode cumular multa compensatória com indenização por perdas e danos decorrentes do inadimplemento da obrigação. Contudo, se no contrato estiver previsto tal possibilidade, a multa compensatória será já o mínimo de indenização. Cabe ao credor então comprovar o prejuízo excedente.

12.6. Arras ou Sinal (Artigos 417 – 420, CC)

Como o próprio nome nos ensina, arras é um sinal dado em um negócio, em dinheiro ou outro bem móvel entregue por uma parte à outra. Tal sinal irá constar em um contrato preliminar. São muito comuns em promessa de compra e venda de imóvel.

Há dois tipos de arras:

1) Confirmatórias: Quando não há a possibilidade de arrependimento quanto à celebração do contrato definitivo. Teremos então o artigo 418:

Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.

A parte que sofreu com o inadimplemento do outro poderá pedir indenização suplementar ou execução: “A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.” – Artigo 419.

Como não há possibilidade de arrependimento, não cumprido o contrato, já incide as arras.

Sem clausula de arrependimento e com perdas e danos.

2) Penitenciais: Quando consta no contrato a possibilidade de arrependimento.

Aqui as arras terão função unicamente indenizatória, já que as partes podiam se

(43)

arrepender, se assim quisessem. Está no artigo 420: Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente.

Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.

Obs.: Súmula 412 do STF:

No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior, a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo.

→ → → Com cláusula de arrependimento e sem perdas e danos.

RESUMO

ARRAS CONFIRMATÓRIAS: sem cláusula de arrependimento e com perdas e danos.

ARRAS PENITENCIAIS: com cláusula de arrependimento e sem perdas e danos.

02. CONTRATOS

1. PRELIMINARES (Artigos 421 – 426, CC) 1.1. Princípios Contratuais

Há diversos princípios que embasam o Direito Contratual, como o Princípio da Função Social do Contrato, da Boa-fé Objetiva, do “Pacta sunt servanda” e do Consensualismo.

Art. 421 – Função Social do Contrato: é um princípio que limita a própria autonomia da vontade, já que impede que o contrato prevaleça se estiver em desacordo com o interesse social. Como exemplos de aplicações do princípio, temos os institutos do estado de perigo (art. 156 do CC) e lesão (art. 157 do CC).

Referências

Documentos relacionados

e não falo dos teus olhos, porque neles vejo as árvores e as folhas lá nelas.. Não falo porque não me crescem na

Processo de se examinar, em conjunto, os recursos disponíveis para verificar quais são as forças e as fraquezas da organização.

Por outro lado, quando se fala em pequenas e médias empresas, onde o número de funcionários é maior, é mais bem dividida e o uso da Intranet se torna

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Santana, disse ontem que o atual cenário de turbulências no setor elétrico “está caminhando para

A raiva é uma doença viral que acomete os animais domésticos, silvestres e destes para o homem, causando uma doença com sintomatologia?. nervosa, aguda e fatal, levando ao óbito

De fato, a aplicação das propriedades da regra variável aos estudos lingüísticos além da fonologia não constitui assunto tranqüilo, seja porque a variável passa a ser

Deus não vai perguntar quantas pessoas você atraiu para a igreja.... mas vai perguntar como você influenciou o Mundo à

´e aquele pelo qual a filosofia alem˜a traduziu, depois de Kant, o latim existentia, mas Heidegger deu-lhe um sentido muito particu- lar, j´a que designa na sua filosofia