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Mestrado em Medicina Legal 2011

AAnAnntttóóónnniiioo oTTTeeeiiixxxeeeiiirrraa aVVViiieeeiiirrraa a

As A ss si i st s t ê ên nc ci ia a m m éd é d i i ca c a p p r r é- é -h h os o sp p i i t t al a l ar a r e e m m r r e e ci c i nt n t os o s d d e e f f ut u t eb e b o o l l

EsEsttuudodo rreaealliizzadadoo emem 30 recintos desportivos, da zona norte, durante a época futebolística 2009/2010 abrangendo os Distritos do Porto, Vila Real, Braga e Viana do Castelo.

Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre em Medicina Legal submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, da Universidade do Porto.

Orientador do Estágio: Professor Doutor Ovidio Costa Categoria: Professor Associado

Filiação: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

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Mestrado em Medicina Legal 2011

DEDICATÓRIA

Quando se dedica qualquer coisa a alguém, por norm a, é dedicado a quem nos diz algo muit o int enso e que, grosso modo, cont ribuiu para a nossa evolução em vários níveis.

Ex ist iram pessoas que ao longo da minha vida académica, profissional, social e familiar foram det erminant es no meu desenvolviment o psico-social. Assim sendo, poderia dedicar est e t rabalho a algumas delas. Uma das pessoas a quem poderia e, porvent ura, deveria dedicar seria à minha esposa, porque ela é part e int egrant e da minha vida, e foi t ambém a principal responsável por eu me compromet er com est e mest rado. No ent ant o, t enho que dedicar este estudo a outras pessoas, pois tenho a certeza que ela vai ent ender e penso que um dia, que desejo que demore a chegar, entenderá ainda melhor.

Na vida, ex ist em poucas coisas que sejam mais import ant es do que os nossos pais.

São eles que nos criam, nos educam, nos dão carinho e nos ajudam desint eressadamente.

Quando ref iro pais , no meu caso, falo no meu pai, na minha mãe e na minha avó que foi uma segunda mãe para mim. A minha avó deu-me o carinho e o amor que me falt ou a part ir do moment o que a minha mãe faleceu (t inha eu na alt ura 6 anos) e desempenhou t am bém papel importante na minha educação e no meu crescimento.

Já há mais de vint e anos que não t enho o privilégio de os t er nest e mundo, por isso, quando consigo algo de relevante, e como forma de os homenagear, recordo-os sempre. Por isso, dedico-lhes est e t rabalho, por t odos os princípios que m e t ransmit iram e que se tornaram pedras basilares para a construção da minha personalidade.

Não esqueço t ambém as dificuldades porque passamos. Os meus pais eram pessoas pobres em t ermos profissionais e cult urais, pois eram agricult ores e analfabet os, mas t enho um grande orgulho em ter sido filho deles, pois, talvez por terem algumas limitações nessas duas áreas, foi da m aneira que me incut iram e ex igiram valores como a humildade, a simplicidade e o respeit o pelo próx imo. Tenho a cert eza que se est ivessem ent re nós, iriam sentir um grande orgulho por ter concluído o mestrado.

Dedico por isso, esta tese à memória do meu Pai, José Vieira; da minha Mãe, Angelina da Conceição e da minha Avó, Carolina da Conceição.

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Mestrado em Medicina Legal 2011

AGRADECIMENTOS

"Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de

si, levam um pouco de nós."

(Felipe Cortelline Roque)

Em primeiro lugar, à pessoa a quem t ambém pert ence est e t rabalho. Ao Professor Dout or Ovidio Cost a por t odo o apoio, dedicação e int eresse most rado desde o primeiro inst ant e, na elaboração dest e t ema. A sua ex periência académica, aliada à sua prát ica clínica t ornaram-se essenciais para me f ornecer o apoio e a orient ação que me permit iram t raçar um caminho sólido, coerent e e sequencial na elaboração deste trabalho.

Para a minha esposa La Salet e Alves, não há adject ivação possível para quant ificar t udo aquilo que me dá, seria necessário escrever várias páginas, por isso agradeço em apenas 3 grandes palavras: OBRIGADO POR TUDO .

À Dr.ª Jacint a Sá por t odo o apoio, dedicação e at enção que me prest ou no Est ádio do Dragão, no jogo entre o FC Porto e a União de Leiria.

Agradeço aos meus sogros pelo carinho que me dão e pela disponibilidade que sempre têm comigo.

Ao Dr. Filipe Serralva pela sua disponibilidade para me ajudar nas dúvidas que me iam surgindo, pela t roca de opiniões e pelos cont act os que me forneceu, que se tornaram fundamentais no avanço do estudo.

Ao Dr. Nelson Puga, médico da equipa sénior do FC Port o agradeço por me t er orient ado e recebido no seu local de t rabalho. Foi at ravés dele que t omei pela primeira vez cont act o com a m ort e súbit a, de um a maneira mais t écnica, nos recintos de futebol. As suas opiniões iniciais e os seus saberes foram muito úteis.

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Mestrado em Medicina Legal 2011

À Professora Doutora Maria José Carneiro de Sousa Pinto da Costa, pelos conselhos, preocupações e incent ivos na conclusão dest e t rabalho. Agradeço t ambém por estar sempre disponível para ajudar os seus alunos.

A t odos os element os do depart ament o médico e dirigent es desport ivos dos clubes por nós estudados, pois, sem eles não seria possível elaborar este estudo.

A t odos os element os das corporações de bombeiros por nós visit ados, na ajuda e na confirm ação da presença ou ausência dos homens da paz nos recint os por nós estudados.

A alguns colegas do mest rado de Medicina Legal que ao longo dest e t empo t odo contribuíram para que, passo a passo, fosse ultrapassando as diversas etapas.

À minha t ia, Emília Vieira, por no período da minha adolescência, me t er ajudado, sem nenhum int eresse e por me fazer sent ir que ela era a pessoa da família mais próxima de mim, a seguir aos meus pais e à minha avó.

Ao Professor, cont errâneo e amigo, Francisco Vagaroso por sempre me t er apoiado, at ravés dos seus conselhos e incent ivos. Com isso fez-me ver que nada se consegue por acaso mas, t ambém, t udo se consegue quando se t em uma vont ade infinita.

À Dr.ª Monika Biderman, docent e no Wall St reet pela ajuda prest ada na t radução do resumo para Inglês.

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Mestrado em Medicina Legal 2011

RESUMO

Num recint o onde se realiza um jogo de f ut ebol, por norma, acorrem m ilhares de pessoas. Est a modalidade desportiva pela sua essência é suscept ível de gerar emoções, st ress, ansiedade e descont rolo emocional. Por isso est ar emocionalment e envolvido num jogo de f ut ebol, parece poder aumentar a probabilidade de acont ecer um acident e cardiovascular.

No present e t rabalho, procedem os à análise de 30 recint os de f ut ebol da zona nort e de Port ugal, nos jogos que decorreram durant e a época fut ebolíst ica 2009/ 2010. Foram englobados os dist rit os do Port o, Braga, Viana do Cast elo e Vila Real. Os recint os f oram distribuídos da seguinte forma: 6 estádios da Superliga; 6 da liga de honra; 6 da II divisão B;

6 da III Divisão e 6 dos campeonat os dist rit ais. Nest e est udo pret endemos averiguar o t ipo de assist ência médica pré-hospit alar e sua funcionalidade nos recint os, nomeadamente: 1) verificar se o número de Desfibrilhador Aut omát ico Ex t erno (DAE) é suficient e de acordo com as normas legais e se est ão colocados em local est rat égico e de fácil acesso aos profissionais de saúde; 2) verificar quem est á responsável pela assist ência aos espectadores e de que m odo chega ao seu conheciment o o pedido de aux ílio; 3) quantificar, no espaço t emporal de um ano, o número de vezes que o DAE f oi ut ilizado e se ocorreram óbit os; 4) analisar e comparar os dados recolhidos com o est ipulado na regulamentação de act os de desfibrilhação aut om át ica ex t erna e, com o est ipulado no regulament o das condições técnicas e de segurança dos estádios.

As principais conclusões do nosso est udo são: a) 57% das equipas que const it uem a nossa amost ra (17) não possuem desfibrilhador; b) 27% dos clubes (8) não sabe com o é dado o alert a em caso de acident e cardiovascular, nem possuem nenhum plano para fazer face a um a sit uação de emergência médica; c) Nos recint os de fut ebol que possuem assist ência médica, em 68% (13) não ex ist e art iculação pré-definida das equipas médicas com as out ras forças, nomeadamente ent re os st ewar ds e forças de segurança: Polícia de Segurança Pública (PSP) e Guarda Nacional Republicana (GNR); e) não se verificaram óbit os nos jogadores das equipas, mas regist aram-se 2 óbit os nos espect adores; f) 37% dos recint os de fut ebol por nós est udados, não possuem nenhum t ipo de assist ência médica ao dispor do espectador.

Palavras-chave: desfibrilhador aut omát ico ex t erno; recint o de fut ebol; assist ência médica pré-hospitalar; morte súbita nos recintos desportivos.

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Mestrado em Medicina Legal 2011

ABSTRACT

In a place where a foot ball game t akes place, as a rule, t housands of people flock. This sport in it s essence is likely t o generat e emot ions, st ress, anx iet y and emot ional imbalance. So being emot ionally involved in a f oot ball game can apparent ly increase t he likelihood of a stroke happen.

In t his st udy, we analyzed t he 30 soccer venues in t he Nort h of Port ugal, and t he games t ook place during t he foot ball season 2009/ 2010. I have included t he dist rict s of Port o, Braga, Viana do Cast elo and Vila Real. The enclosures were dist ribut ed as follows: six st ages of Superliga, six in League of Honor, six of t he Second Division B, six of Division III and six in Dist rict Championships. In t his st udy I int end t o ascert ain t he t ype of pre- hospit alar care and it s funct ionalit y in t he precinct s, namely: 1) verify t hat t he number of AEDs is suf ficient in accordance wit h t he laws and are placed in st rat egic locat ion and easy access t o healt h professionals , 2) check who is responsible for assist ing and how viewers come t o t heir knowledge t o request for assist ance, 4) quant ify t he t imeline of one year, t he number of t imes t hat t he aut omat ed ex t ernal defibrillat or (AED) was used and if any deaths occurred, 5) analyze and compare dat a collect ed wit h t he regulat ions st ipulat ed in t he act s of aut omat ic ex t ernal defibrillat ion, and wit h t he condit ions st ipulat ed in t he regulat ion of technical and safety of the stadiums.

The main conclusions of our st udy are: a) 57% of t he t eams t hat make up our sample (17) haven t defibrillat or b) 27% of clubs (8) do not know how it is given early warning of st roke, or have no plan t o deal wit h a medical emergency, c) In foot ball venues t hat have medical assistance, 68% (13) there is no articulation of pre-defined medical t eams wit h ot her forces, part icularly am ong t he "st ewards" and port uguese policies ent it ies PSP/ GNR, e) t here were no deat hs in t he players of t he t eams, but t here were t wo deat hs in t he audience; f ) 37% of indoor soccer t hat we st udied do not have any t ype of medical care available t o t he viewer.

Keywords: aut omat ed ex t ernal defibrillat or, f oot ball grounds, pre-hospit al care, sudden death in sports venues.

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Mestrado em Medicina Legal 2011

ABREVIATURAS

AVC Acidente Vascular Cerebral

DAE Desfibrilhador Automático Externo

DGS Direcção Geral de Saúde

FCP Futebol Clube do Porto

GNR Guarda Nacional Republicana

INEM Instituto Nacional de Emergência Médica

OMS Organização Mundial de Saúde

PCR Paragem cardio-respiratória

PSP Polícia de Segurança Pública

SCB Sporting Clube de Braga

VSCG Vitoria Sport Clube de Guimarães

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Media de Espectadores por jornada em cada divisão .

Gráfico 2 Desfibrilhadores por divisões.

Gráfico 3 Meios de alerta existentes em caso de pedido de socorro.

Gráfico 4 Articulação da assistência médica com as outras forças de segurança.

Gráfico 5 Localização do DAE e tempo de actuação até chegar ao sinistrado.

Gráfico 6 Assistência medica aos jogadores

Gráfico 7 Recint os em que os espect adores não usufruem de nenhuma assist ência médica organizada.

Gráfico 8 Tempo de transporte do sinistrado ao Hospital mais próximo.

Gráfico 9 Ocorrência de óbitos nos espectadores.

Gráfico 10 Ocorrência de acidentes cardiovasculares nos espectadores.

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ÍNDICE

Pág.

Dedicatória 2

Agradecimentos 3

Resumo 5

Abstract 6

Abreviaturas 7

Lista de gráficos 8

1 Introdução 10

2 Materiais e Métodos 17

2.1 Caracterização da Amostra 17

2.2 Metodologia 18

2.3 Recolha de dados 18

3 Apresentação e discussão dos resultados 19

4 Conclusões 42

5 Comentário final 44

6 Limitações ao estudo 46

7 Bibliografia 47

8 Anexos 52

8.1 Questionário 53

8.2 Declaração de presença no estádio do Dragão 58

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Mestrado em Medicina Legal 2011

1 - INTRODUÇÃO

O Fut ebol é um fenómeno ant ropológico e social que ex ist e desde os prim órdios da humanidade sendo considerado um dos desport os mais populares no m undo t endo, por isso um papel cent ral e nuclear em quase t odas as sociedades mundiais. É prat icado em cent enas de países, despert ando bast ant e int eresse por quase t odos os quadrant es da sociedade. Hoje em dia, o fut ebol moviment a receit as milionárias influenciando, dest a maneira, a economia de cada país. Um jogador despert a paix ões e, sim ult aneament e, é idolatrado por inúmeras pessoas.

O impact o social do Fut ebol é facilment e const at ável por se t rat ar de um fenómeno que, nas suas diversas facet as, se afigura, na nossa sociedade, com o uma t emát ica dominant e, encont rando-se na ordem do dia, t ant o para os programas t elevisivos com o radiofónicos, ou, ainda, nos canais do ciberespaço, o mesmo sucedendo nos escrit os de art iculist as ou, t ão sim plesment e, nas conversas quot idianas que t êm lugar nas ruas e nos cafés13.

A um est ádio onde se realiza um jogo de fut ebol acorrem milhares de pessoas, ent re jogadores, st aff t écnico, pessoal de enfermagem, pessoal afect o à segurança, recursos humanos de muit as ocupações e serviços, para além do adept o comum. Por se t rat ar de um desport o de mult idões, a probabilidade de ocorrerem acident es cardiovasculares, ou m esm o casos de morte, é iminente.

Num est udo realizado por Carroll 4 é referido que o aument o dos int ernament os por enfart e do miocárdio pode ser provocado por dist úrbios emocionais com o, por ex em plo, assist ir, m esmo pela t elevisão, a um jogo de fut ebol. Nesse est udo, é apresent ado com o caso concret o o jogo de f ut ebol Argent ina Inglat erra para os oitavos de final do Campeonato do Mundo de 1998, cujo vencedor foi apurado através da marcação de grandes penalidades. Os aut ores const at aram que, at é 48 horas após o referido jogo, houve um aument o de casos de enfart e do miocárdio, com int ernament o no hospit al, mais concret ament e, um aument o de 25% em comparação com os dias que ant ecederam o supracitado jogo, facto que demonstra bem a importância destes eventos na precipitação de problemas cardiovasculares.

Noutro est udo, referent e ao Cam peonat o do Mundo de Fut ebol de 2006, no período compreendido ent re 9 de Junho e 9 de Julho do ano de 2006, foram det ect adas queix as cardiovasculares em 4.279 pacient es. Est es pacient es deram ent rada nos serviços de urgência de 15 hospit ais, de várias localidades da Alemanha e, após diagnóst ico clínico, em t odos eles foram det ect ados problemas do foro cardíaco. Observaram, t ambém, os aut ores

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Mestrado em Medicina Legal 2011

que a maior incidência de problemas cardiovasculares, referent es aos dias dos jogos disputados pela selecção alemã, foram observados durant e as primeiras duas horas depois do início de cada jogo de fut ebol. E acrescentam, ainda, que nesses dias houve um aumento significat ivo do número de event os cardiovasculares em comparação com o número m édio, durante o período temporal que decorreu o estudo19.

Desde sempre ex ist iram sit uações de índole cardiovascular e casos de mort e súbit a relacionados com o desport o. Com o avanço da t ecnologia e a generalização dos midia , est es casos deix aram de permanecer no anonimat o, para passarem a ser casos de elevado mediat ism o, pois, desde algumas décadas, passaram a ent rar pela nossa casa dent ro , através da televisão e, mais recentemente, através da internet.

O primeiro caso que se conhece de mort e súbit a relacionada com a actividade física foi no longínquo ano de 490 a.C., em que o soldado grego Pheldippides, que percorreu 42 quilómet ros de marat ona at é At enas para comunicar a vit ória dos gregos sobre os persas e, após dar a not ícia, caiu inanimado13. Nos últ imos anos em t odo o m undo, ocorreram m ort es de atletas de várias modalidades e, naturalmente, também no futebol.

Com o decorrer dos anos, foram , sucessivament e, aparecendo casos de mort e súbit a em at let as, t odavia, por serem vários, opt aremos por referir apenas alguns mais recent es e com elevada visibilidade social. Dest art e, durant e a Taça das Confederações, no ano de 2003, o camaronês Marc-Vivien Foé, num jogo t ransmit ido em direct o pela t elevisão para quase t odo o mundo t ombou no relvado e não mais se levant ou. O mesmo desfecho sucedeu em Espanha com António Puerta (2007) e Dani Jarque (2009).

Em Port ugal, o primeiro caso conhecido de mort e súbit a foi o do f ut ebolist a Pavão, (ainda hoje é bast ant e recordado), que f aleceu em 1973 na sequência de uma paragem cardio-respirat ória (PCR), aos 13 minut os de um jogo com o Vit ória de Set úbal. A causa da sua mort e parece t er sido uma est enose aórt ica , muit o possivelment e uma miocardiopat ia hipert rófica, uma vez que est a ent idade era m uit o pouco conhecida na época.

Recentement e, vivenciamos os casos de Miklos Feher (2004), para a disput a do campeonat o port uguês de Fut ebol e Hugo Cunha (2005), fut ebolist a da União de Leiria, que fazia um jogo com amigos e de repent e caiu inanimado, de nada valendo as manobras de reanimação.

Se consult armos o dicionário da língua port uguesa, da Port o Edit ora, para t ent armos definir m ort e súbit a t eremos de definir as palavras em separado. Dest e modo, m ort e significa act o ou efeit o de morrer; int errupção definit iva da vida; t ermo da ex ist ência , enquant o súbit a significa repent ina ou inesperada 8.

Por sua vez, o dicionário médico, da Clim epsi Edit ores, define m ort e com o sendo a paragem complet a e definit iva das funções vit ais de um organism o vivo, com

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desapareciment o da sua coerência funcional e nomeadament e da act ividade eléct rica de cérebro (t raçado elect roencefalográfico plano) e, dest ruição progressiva das suas unidades teciduais e celulares, enquanto que o t ermo súbit a apenasé contemplado no lactente23.

Em t ermos cient íficos, mort e súbit a , segundo Pint o da Cost a7 é a mort e inesperada, cuja raridade não é t ão grande como às vezes se pensa .

Por sua vez, Cat arino5 define m ort e súbit a como a que ocorre de forma inesperada, tanto em pessoas doentes como sadias, durante a primeira hora, entre o início dos sintomas até ser considerado o óbito.

Para a Fundação Port uguesa de Cardiologia, mort e súbit a cardíaca é uma mort e de causa nat ural, quase sempre devido a um a doença cardíaca, caract erizada por uma perda súbit a de consciência e que ocorre dent ro de uma hora após o início dos sint omas agudos.

A doença cardíaca subjacent e pode ou não ex ist ir previament e, mas o moment o e o m odo de morte são inesperados12.

A mort e súbit a com origem no sist ema cardiovascular é a causa mais frequent e no m undo ocident al. Em cerca de 25% dos casos, a mort e súbit a, é a primeira manifest ação de doença cardiovascular25.

A cardiomiopat ia hipert rófica é considerada a principal causa de m ort e súbit a cardíaca em jovens incluindo os at let as de alt a compet ição25. Relat ivament e ao fut ebol, o fact or cardíaco t am bém parece ser o m aior responsável, pois, quando a mort e ocorre durant e um jogo de fut ebol, as causas dest a encont ram f undam ent o em circunst ancias bem definidas, na maior part e das vezes na doença coronária cardíaca, cardiopat ia hipert ensiva ou est enose aórt ica 7.

Est as mort es, por serem muit as vezes t elevisionadas em direct o, repent inas e t erem um elevado mediat ism o mundial, principalment e quando ocorrem durant e um jogo de futebol, considerado o desport o mais popular a nível mundial, criam grande impact o na sociedade.

Por ser uma modalidade mediát ica e de elevada oscilação em ocional, o f ut ebol, t al como a art e, visa despert ar em quem assist e uma respost a emocional. Essa respost a é dada pelo adept o, que é um ser racional, organizado e que est á disponível para responder emocionalmente16.

Devido a est a oscilação emocional morre-se com alguma regularidade nos est ádios de fut ebol ou nas suas imediações, seja at ravés de act os de violência, acident es, desordens e confront os. No ent ant o, muit as vezes t ambém se m orre de ex cesso de em oção (st ress) provocada pela essência do jogo de f ut ebol12 pois, est ar emocionalment e envolvido num jogo de futebol, aumenta a probabilidade das pessoas sofrerem um ataque cardíaco2.

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Sabemos hoje, por m ais que o sist ema de at endiment o pré-hospit alar seja eficient e, o fact or t empo é preponderant e no salvament o de um a vida. Por isso, há a necessidade do pessoal m édico t er conheciment os necessários de primeiros socorros e suport e básico de vida, ou seja, a garant ia da circulação cardio-cerebral eficaz. As t écnicas de reanimação cardio-pulm onar e a ut ilização do desf ibrilhador aut omát ico ex t erno (DAE) parecem fundament ais. Em Port ugal, as doenças cardiovasculares const it uem um dos problemas de saúde mais graves para a população, represent ando a principal causa de m ort e. A maioria das mort es evit áveis associa-se à doença coronária e ocorrem fora dos hospit ais. Na maior part e dos episódios de mort e súbit a, que ocorrem em am bient e ex t ra-hospit alar, o mecanismo desencadeador foi a fibrilhação vent ricular, sendo o t rat ament o mais eficaz a desfibrilhação eléctrica.

Sempre que acont ece uma sit uação de mort e súbit a, se for presenciada por alguém t reinado em ressuscit ação cardio-pulmonar e que disponha de um desfibrilhador ex t erno automático, a probabilidade de recuperar e sobreviver será elevada6.

A fiabilidade e segurança dest es aparelhos são t ão elevadas que, após a pesquisa por nós efect uada, corroboramos que a ut ilização de desfibrilhadores aut omát icos ex t ernos em ambient e ex t ra-hospit alar, mesm o sem conheciment os prévios de manuseament o, aument a significativamente a probabilidade de sobrevivência das vítimas.

Face ao panorama ant erior, e pelo fact o dos desfibrilhadores assumirem ex t rema import ância no salvament o de vidas, foi necessário rever a legislação act ual que regulava a sua ut ilização, uma vez que est es aparelhos apenas poderiam ser manuseados por médicos, ist o é, se ex ist isse um desfibrilhador por pert o, e se houvesse necessidade de o ut ilizar, t al não seria possível se não se encont rasse um médico por pert o. Ora, est a sit uação poderia comprometer a eficácia deste procedimento.

Costa6 afina pelo mesm o diapasão quando refere que o principal fact or det erminant e para salvar uma vida, quando est amos perant e uma paragem cardíaca causada por fribrilhação vent ricular, é o int ervalo de t empo desde a perda de consciência at é à desfibrilhação. Est a aut ora acrescent a ainda que a desfibrilhação precoce pode ser realizada em ambient e ex t ra-hospit alar por profissionais de saúde ou out ras pessoas com formação sobre a utilização dos desfibrilhadores.

O desfibrilhador aut omát ico ex t erno é um equipament o leve, pesa pouco mais de um quilo, e foi criado em 1965, por Paul Zoll, para ut ilização em am bient e ex t ra-hospit alar por não médicos5.

Para fazer face a est es imperat ivos legais, e agilizar a rapidez no socorro às vít imas de paragem cardíaca, no Japão, decorria o ano de 1991 quando as aut oridades daquele país

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decidiram proceder a alt erações na legislação, permit indo o uso do DAE por pessoal não médico26.

Também no nosso país, o Decret o-Lei nº 188/ 2009, de 12 de Agost o, veio det erminar e regular a ut ilização de desfibrilhadores aut omát icos ex t ernos, pela primeira vez, por não médicos em ambient e ex t ra-hospit alar no âm bit o, quer do Sist ema Int egrado de Emergência Médica, quer de programas de acesso público à desfibrilhação.

No seguim ent o do supracit ado Decret o-Lei, surgiu recent ement e uma pet ição pública via online, a subm et er à Assembleia da República, a fim de serem inst alados desfibrilhadores aut omát icos ex t ernos em locais públicos, que sejam frequent ados por muitas pessoas, incluindo-se, nesta perspectiva, os recintos de futebol.

No Brasil, em alguns est ados federais, a inst alação do desfibrilhador é obrigat ória em locais frequent ados por muit o público, como, por ex emplo, em shoppings, hot éis, aeroport os, est ações rodoviárias e ferroviárias, est ádios de fut ebol, ginásios de musculação, hipermercados, universidades, et c. No Japão, nas ruas mais moviment adas, ex ist em desfibrilhadores que podem ser usados pelo cidadão comum, o mesmo se passa t ambém, nos Est ados Unidos da América (EUA), onde t ambém as ambulâncias est ão equipadas com o DAE, bem como alguns carros dos órgãos de polícia criminal.

Após efect uarmos uma pesquisa ex aust iva pelas diversas bases de dados nacionais e int ernacionais, nomeadament e a Pubmed, Medline, B-ON (Bibliot eca do conheciment o Online), Web Of Science, Reposit ório Cient ifico de acesso abert o em Port ugal, bibliot eca do ICBAS (Inst it ut o de Ciências Biom édicas Abel Salazar) e biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade do Port o const at amos que, em Port ugal, não ex ist e nenhum est udo cient ífico, propriament e dit o, sobre est a t emát ica. Verificam os apenas, que o jornal Público , no ano de 2004, num t rabalho denominado Assist ência médica no desporto amador , f ez uma visit a a 18 recint os de f ut ebol amador e juvenil. Dest a visit a, a conclusão geral do supracit ado jornal foi de que são evident es graves carências de assist ência m édica a que se sujeit am os espect adores e os prat icant es de fut ebol. Acrescent am, ainda, que mais de 70% dos recint os possuíam post os de prim eiros socorros para os jogadores, no entant o para o público apenas, 33% dos recint os possuíam est es post os. Verificaram, ainda, que em apenas 1 recint o foi encont rado 1 médico que acompanhava a equipa visit ant e, o mesmo sucedendo no que respeit a à presença de ambulâncias, em que apenas um recint o possuía est e t ipo de t ransport e de socorro. No que concerne ao equipament o de reanimação, const at aram que a t ot alidade dos recint os (100%) não possuía qualquer t ipo de equipamento deste género18.

Assim, desde que foi apresent ado o ant erior est udo, aludindo a graves carências, com risco eminent e para a int egridade física dos prat icant es e dos espect adores, o cert o é que

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nada parece t er sido feit o para revert er os result ados apresent ados, quando os mesm os deveriam ser de preocupação e reflex ão dos vários quadrant es da sociedade, nomeadamente as entidades de cariz desportivo.

Dest e modo, por t udo o que foi mencionado ant eriorment e sobre est a t emát ica, e t ambém porque em Port ugal não ex ist e nenhum est udo cient ífico sobre assist ência médica pré-hospit al nos recint os de fut ebol, para os adept os, e para os at let as, julgamos m uit o pertinente elaborar o presente estudo.

Face ao ex post o, procedemos à análise de 30 recint os de fut ebol da zona nort e de Port ugal, nos jogos que decorreram durant e a época f ut ebolíst ica 2009/ 2010. Foram englobados os dist rit os do Port o, de Braga, de Viana do Cast elo e de Vila Real. Os recint os referem-se às seguintes divisões: 6 estádios da Superliga; 6 da Liga de Honra; 6 da II Divisão B; 6 da III Divisão e 6 dos Campeonatos Distritais.

Após a recolha dos dados nos est ádios, irem os analisá-los, discut i-los e compará-los com out ros dados int ernacionais, bem como se se verificam os requisit os que são est ipulados pelo Decret o Regulament ar nº 10/ 2001, de 7 de Junho, do Minist ério da Juvent ude e Desport o, e do Decreto-Lei nº 188/ 2009, de 12 de Agost o, que regulament a a prática de actos de desfibrilhação automática externa.

Assim, consideremos os seguintes objectivos principais para o nosso trabalho:

1 - Caract erizar os meios disponíveis nos est ádios de f ut ebol para fazer face a sit uações de emergência;

1.1 - Verificar se ex ist em DAEs e se est ão colocados em local est rat égico e de fácil acesso aos profissionais de saúde;

1.2 - Verificar se os DAE são sujeitos a revisões periódicas de manutenção;

1.3 - Verificar se os profissionais responsáveis pelo manuseamento e utilização do DAE possuem f ormação específica, assim com o se est ão acredit ados com formação contínua;

1.4 - Verificar quem está responsável pela assistência dos espectadores e de que modo chega ao seu conhecimento o pedido de auxílio;

1.5 - Verificar se ex ist e boa art iculação com as out ras ent idades (PSP, bom beiros e seguranças);

1.6 Quant ificar, no espaço t em poral de um ano, o número de vezes que o DAE foi utilizado e se ocorreram óbitos

2 - Averiguar quais as principais causas de morte súbita que ocorreram na amostra;

3 - Analisar e comparar os dados recolhidos com o previsto na regulamentação da prática de actos de desfibrilhação automática externa;

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Mestrado em Medicina Legal 2011

4- Analisar e comparar os dados recolhidos com o previst o no Regulament o das Condições Técnicas e de Segurança dos Estádios.

Dest e modo, parece-nos import ant e reflect ir sobre um conjunt o de quest ões fundamentais relacionadas com sit uações de possível mort e súbit a e analisar a assist ência médica pré-hospitalar e sua funcionalidade nos recintos onde se realizam jogos de futebol.

Para a consecução dest e t rabalho monográfico, após est a int rodução, ex pomos e delimitamos o t ema e sua pert inência bem como procedemos à delimit ação dos object ivos propostos.

No segundo pont o faremos a apresent ação de mat eriais e mét odos a part ir dos quais desenvolvemos o nosso trabalho.

No t erceiro pont o, irem os discorrer sobre a análise e discussão dos dados recolhidos, sust ent ando e confront ando com os conceit os ex ist ent es na lit erat ura nacional e internacional.

No quart o pont o apresent aremos o capít ulo das conclusões, mais relevant es, ret iradas no âmbito da temática deste trabalho.

Como forma de sint et izar e alert ar para possíveis sit uações que possam ocorrer nos recintos, faremos no quinto ponto um comentário final ao estudo.

Reportaremos também no sexto ponto as limitaçõescom que nos deparamos no nosso trabalho.

No sét imo pont o report amo-nos às referências bibliográficas que serviram de sustentação à realização e discussão deste estudo.

E, por últ im o, colocaremos nos anex os o quest ionário que nos serviu de m ot e para a obt enção dos dados e out ra document ação (a declaração que com prova a minha presença no jogo de fut ebol ent re o Fut ebol Clube do Port o e a União Desport iva de Leiria, no Est ádio do Dragão, no dia 25 de Out ubro de 2010, na companhia do coordenador da assist ência médica, Dr.ª. Jacint a Sá, com o int uit o de ver in loco como est ava organizada a assist ência médica naquele recinto desportivo).

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2 - MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 - Caracterização da Amostra

A amost ra é const it uída por 30 recint os desport ivos pert encent es aos clubes de fut ebol, da Zona Nort e, englobando os dist rit os do Port o, de Vila Real, de Braga e de Viana do Castelo.

De salient ar que seleccionamos 6 recint os desport ivos de cada divisão da Zona Nort e.

Ao iniciarm os a selecção da amost ra, começám os por abranger t odos os recint os desport ivos da Superliga, o que const it uía a t ot alidade de 6 recint os. Em virt ude dist o, e por uma quest ão equit at iva, opt amos, t ambém, por est udar o mesm o número de recint os nas rest ant es divisões. Assim, f oram divididos da seguint e forma: 6 recint os da Superliga, 6 recint os da Liga de Honra, 6 recint os da II Divisão B, 6 recint os da III Divisão e 6 recint os dos Distritais de Futebol:

Recintos da Superliga:Estádio do Dragão (Fut ebol Clube do Port o), Est ádio dos Arcos (Rio Ave Fut ebol Clube), Est ádio do Mar (Leix ões Sport Clube), Est ádio D. Af onso Henriques (Vit ória Sport Clube), Est ádio da Mat a Real (Fut ebol Clube de Paços de Ferreira), e Est ádio Municipal de Braga (Sporting Clube de Braga).

Recintos da Liga de Honra: Est ádio do Clube Desport ivo Trofense (Clube Desport ivo Trofense), Complex o Desport ivo do Sport Clube de Freamunde (Sport Clube Freamunde), Est ádio Clube Desport ivo das Aves (Clube Desport ivo das Aves), Est ádio Cidade de Barcelos (Gil Vicent e Fut ebol Clube), Est ádio do Varzim Sport Clube (Varzim Sport Clube), Est ádio Municipal 25 de Abril (Futebol Clube de Penafiel).

Recintos da II Divisão B: Est ádio S. Miguel (Gondomar Sport Clube), Est ádio do Bessa (Boavist a Fut ebol Clube), Est ádio Municipal de Lousada (Associação Desport iva de Lousada), Est ádio da Part eira (Aliados Fut ebol Clube de Lordelo), Est ádio do Padroense (Padroense Futebol Clube), Cidade Desportiva de Paredes (União Sport Clube de Paredes).

Recintos da III Divisão: Est ádio Municipal de Amarant e (Amarant e Fut ebol Clube), Complex o Desport ivo Mont e Azevedo (Rebordosa At lét ico Clube), Est ádio Municipal 22 de Junho (Fut ebol Clube Famalicão), Parque Municipal dos Desport os de Fafe (Associação

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Desport iva de Fafe), Est ádio Dr. Lourenço Raimundo (Sport Clube Valenciano), Cam po do Cruzeiro (Associação Desport iva Os Limianos ).

Distritais: Complex o Desport ivo de Barrosas (Cent ro Recreio Popular de Barrosas), Est ádio Municipal Dr. Machado de Mat os (Clube Académico de Felgueiras), Campo das Acácias (União Fut ebol Clube de Barqueiros), Campo do Calvário (União Desport iva Valonguense), Est ádio Municipal de Alpendorada (Fut ebol Clube de Alpendorada), Est ádio Municipal Artur Vasques Osório (Sport Clube da Régua).

2.2. Metodologia

A met odologia aplicada consist iu no preenchiment o de um quest ionário que segue em anex o. As quest ões foram abert as para que os int ervenient es pudessem ex por os seus pontos de vista de uma forma clara e a mais aprofundada possível.

Assist imos t ambém ao jogo de fut ebol ent re o Fut ebol Clube do Port o (FCP) e a União Desport iva de Leiria (UDL), no Est ádio do Dragão, no dia 25 de Out ubro de 2010, t endo acompanhado o coordenador da assist ência médica, Dr.ª. Jacint a Sá, com o int uit o de observar como est ava organizada a assist ência médica naquele recint o desport ivo, por ser o estádio de maior referência da Zona Norte (conforme documento em anexo).

2.3 - Recolha de dados

A recolha de dados decorreu durant e o ano de 2010 e report ou-se à época fut ebolíst ica 2009/ 2010. Os quest ionários foram efect uados nas inst alações dos recint os desport ivos ant eriorment e mencionados. Responderam, aos quest ionários, os responsáveis médicos dos clubes (entenda-se medico, enfermeiro ou massagista, conforme a realidade do clube). De salient ar que, sempre que o responsável médico não era possuidor de t odos os dados por nós solicit ados, éramos encaminhados para o direct or desport ivo do clube e, nos clubes que não possuíam est e cargo, encaminhavam-nos para o President e ou para o Vice- President e. Foram, t ambém, por nós observados in loco as infra-est rut uras e os equipamentos disponíveis nos recintos.

Paralelament e a est e quest ionário, e com o int uit o de validar os dados mencionados pelos clubes, deslocam o-nos às inst alações das corporações de Bombeiros, que nos eram indicadas pelos clubes como sendo as que prestavam serviço nos recintos.

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3 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Ao longo dest e capít ulo iremos confront ar os dados recolhidos com a nossa própria opinião e com as opiniões de diversos aut ores const at ados na lit erat ura nacional e int ernacional. Iremos t ambém socorrer-nos dos est udos cient íficos ex ist ent es com a finalidade de, assim, estabelecer as principais conclusões.

3.1 - Comparação dos dados recolhidos com o estipulado na regulamentação da prática de actos de desfibrilhação automática externa (DAE)

O Decret o-Lei nº 188/ 2009, de 12 de Agost o, no art igo 23º, nº3 menciona que o r esponsável m édico envia sem est r alm ent e um r elat ór io de ocor r ências ao Inst it ut o Nacional de Em er gência Médica (INEM), I. P . No mesmo art igo, no nº 4 é referido que sem pr ej uízo do dispost o no núm er o ant er ior , o INEM, I. P., pode solicit ar , a qualquer momento, inf or m ações sobr e as ocor r ências de par agem car dio-r espir at ór ia . Verificamos que, dos clubes que possuem DAE, nenhum deles envia relatórios semestrais para o INEM. Além disso fomos, t am bém, inf ormados pelos responsáveis médicos dos clubes que, at é hoje, nunca o INEM solicit ou quaisquer dados, nem nunca ninguém daquele organismo se deslocou às sedes dos clubes a fim de fiscalizar esta matéria.

Pelo que f oi referido ant eriorm ent e, const at a-se que a legislação ex ist ent e não é cumprida pelos clubes e que, est e assunt o, t ambém não parece ser priorit ário para os mesmos, at é porque não ex ist e fiscalização apropriada pela ent idade que é responsável por ex ercer t al act o. Consideramos est a sit uação ainda mais grave porque, à ex cepção de um clube, nenhum element o do depart ament o médico, dos clubes que const it uem a nossa amost ra, t inha conheciment o dest a obrigat oriedade. Ficamos, t am bém, convencidos de que as ent idades que deveriam ser responsáveis pela verificação e pela fiscalização se encont ram alheadas da necessidade de fiscalizar t al procediment o. Ant ónio Carraça, president e do Sindicat o de Jogadores, já no ano de 2004, parecia ir de encont ro à nossa opinião pois, ao referir-se a um est udo elaborado pelo jornal Público , int it ulado Assist ência médica no desport o amador , salient ou que não adiant a ex ist irem leis, se ninguém as fiscaliza, ist o é, devia ex ist ir uma fiscalização, um rast reio, para que, de um m odo prof ilát ico, f ossem punidos t odos os infract ores. É que em Port ugal o principal

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Mestrado em Medicina Legal 2011

problema nem sequer é a ausência de leis ou regulamentos, mas sim a ausência de qualquer fiscalização e a consequente aplicação das sanções devidas"18.

Opinava ainda que, grande part e dos m ais de 100.000 fut ebolist as federados ex ist ent es em Port ugal, bem como o grosso dos prat icant es de out ras modalidades amadoras, tem um acompanhamento médico insuficiente.

3.2 - Comparação dos dados recolhidos com o estipulado na regulamentação das condições técnicas e de segurança dos estádios

Após análise ex aust iva do Decret o Regulament ar nº 10/ 2001, de 7 de Junho, que regulamenta a classificação dos estádios em função da lotação, verificamos, desde logo, que ex ist em alguns requisit os que não são cumpridos, nem implement ados, nos recint os desportivos, cuja obrigatoriedade é exigida. Cont udo e, dada a abrangência daquele decret o regulament ar, ir-nos-em os debruçar apenas naqueles que t enham int eresse para a nossa temática.

O âmbit o daquele diploma, refere no art igo 2º, nº 1, que As ent idades pr om ot or as de obr as de const r ução de novos est ádios, cuj o pr oj ect o est ej a pendent e de apr ovação à dat a de ent r ada em vigor do pr esent e diplom a, dever ão adapt ar o m esm o às condições t écnicas nele est abelecidas .

Por sua vez, o nº 2 do m esmo art igo, diz-nos que Nos casos de obr as de r em odelação, am pliação, alt er ação ou benef iciação de est ádios, as nor m as do Regulam ent o anexo ao pr esent e diplom a aplicam -se em t udo o que dir ect am ent e concer ne às ár eas que sej am obj ect o de int er venção .

Assim, após int erpret ação dos dois parágrafos ant eriores, depreende-se que est e diploma legal se aplica, apenas aos recint os que venham a ser const ruídos, bem com o aqueles que venham a sofrer obras de ampliação ou alt eração, a part ir da sua ent rada em vigor.

De seguida, cit aremos os art igos de int eresse dest e diploma legal e os crit érios que deveriam ser cumpridos na const rução, ampliação, rem odelação ou alt eração dos recint os que constituem o nosso estudo.

Dest art e, o art igo 4º do supracit ado diploma legal, com base nos crit érios definidos no art igo 3º, classifica os est ádios de acordo com a lot ação máxima N, que lhes for fix ada, nas seguintes classes:

a) Classe A: N igual ou super ior a 35.000 espect ador es;

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b) Classe B: N igual ou superior a 15.000 e inferior a 35.000 espectadores;

c) Classe C: N igual ou superior a 5.000 e inferior a 15.000 espectadores;

d) Classe D: N inferior a 5.000 espectadores.

Por sua vez, o artigo 27º do supracitado diploma refere que Os estádios das classes A, B e C devem ainda pr ever espaços par a uso das f or ças de segur ança e ser viços de bom beir os, que const it uir ão o cent r o de coor denação e segur ança par a as oper ações de m onit or ização dos sist em as de segur ança e aler t a, pr ef er encialm ent e anexos ou ar t iculados funcionalmente com o centro de comando das inst alações .

Relat ivament e a est a t emát ica const at amos que, dos recint os por nós visit ados, ex ist em 2 recint os que foram am pliados na sua lot ação e rest aurados há cerca de 1 ano e que não cumprem as ex igências dest e diploma legal, ist o é, deveriam cum prir a obrigatoriedade de possuir e de prever um espaço para as forças de segurança e bombeiros, não englobando no entanto este espaço.

O art igo 14º refere-se a Disposit ivos de cont rolo de espect adores , mencionando no seu pont o 1º que, os est ádios das classes A, B e C dever ão est ar dot ados de sist em as de cont r olo e vigilância, const it uídos por equipam ent o de r ecolha e gr avação de im agens em supor t e vídeo, em cir cuit o f echado .

No que concerne ao art .º 14º, na nossa am ost ra, deparamo-nos com 4 recint os que foram const ruídos, am pliados ou melhorados, depois da ent rada em vigor dest e diploma legal (7 de Junho e 2001), e que, em t ermos de lot ação, preenchem os requisit os sobre a ex igibilidade dos sist emas de cont rolo e vigilância. Assim, após analisarmos os dados recolhidos, verificamos que est es recint os não cumprem o que est á regulament ado, ist o é, não possuem qualquer t ipo de sist ema de cont rolo e vigilância. Consideram os est a lacuna crucial pois, um sist ema de cont rolo e vigilância, pela sua especificidade, agiliza os meios de socorro na assist ência médica a det erminada pessoa vít ima de acident e cardiovascular. A sua não existência torna a prestação de socorro mais vulnerável.

Est es at ropelos à lei, que det ect amos, são o corolário lógico da não ex ist ência de fiscalização por parte das entidades competentes.

(22)

3.3 - Media de Espectadores por jornada em cada divisão

Superliga:

Na Superliga,

jogo (38 000). Em sentido oposto surge o recinto do Paços de Fer o FCP é um dos dois clubes,

do numero de

sempre o mesmo dispositivo, independentemente No recinto do FCP

o disposit ivo de assist ência médi

enfermeiros e 3 médicos. Num jogo considerado de alt o risco est e disposit ivo é subst ancialment e reforçado, pois, est ão present es 5 ambulâncias, 40 socorrist as, 9 enfermeiros e 5 médicos.

aludimos, estão dotadas de desfibrilhador manual.

À ex cepção do FCP nenhum out ro clube requisit a assist ência médica em f unção da quantidade de público.

10.000 12.000 14.000 16.000

Media de Espectadores por jornada em cada divisão

Superliga:

Na Superliga,o recint o do FCP

000). Em sentido oposto surge o recinto do Paços de Fer é um dos dois clubes,

do numero de espectadores.

sempre o mesmo dispositivo, independentemente No recinto do FCP

o disposit ivo de assist ência médi

enfermeiros e 3 médicos. Num jogo considerado de alt o risco est e disposit ivo é subst ancialment e reforçado, pois, est ão present es 5 ambulâncias, 40 socorrist as, 9 enfermeiros e 5 médicos.

aludimos, estão dotadas de desfibrilhador manual.

À ex cepção do FCP nenhum out ro clube requisit a assist ência médica em f unção da quantidade de público.

0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000

Media de Espectadores por jornada em cada divisão

Gráfico 1

o recint o do FCP

000). Em sentido oposto surge o recinto do Paços de Fer é um dos dois clubes, d a n o ssa am o st r a q u e

espectadores.

sempre o mesmo dispositivo, independentemente No recinto do FCP, num jogo considerado o disposit ivo de assist ência médi

en f er m eir o s e 3 m éd ico s. Nu m j o g o co n sid er ad o d e alt o r isco est e d isp o sit ivo é su b st an cialm en t e r ef o r çad o , p o is, est ão p r esen t es 5 am b u lân cias, 4 0 so co r r ist as, 9 en f er m eir o s e 5 m éd ico s. De r ef er ir q u e

aludimos, estão dotadas de desfibrilhador manual.

À ex cepção do FCP nenhum out ro clube requisit a assist ência médica em f unção da quantidade de público.

13.416

Media de espectadores por jornada em cada divisão

Mestrado em Medicina Legal

Media de Espectadores por jornada em cada divisão

Gráfico 1

Média de espectadores por jornada em cada divisão.

o recint o do FCPé aquele que p

000). Em sentido oposto surge o recinto do Paços de Fer da nossa am ost ra que

espectadores. Quase t odos os rest ant es clubes por nós est udados mant ém sempre o mesmo dispositivo, independentemente

, num jogo considerado

o disposit ivo de assist ência médica é const it uído por 3 ambulâncias, 40 socorrist as, 6 enfermeiros e 3 médicos. Num jogo considerado de alt o risco est e disposit ivo é subst ancialment e reforçado, pois, est ão present es 5 ambulâncias, 40 socorrist as, 9

De referir que aludimos, estão dotadas de desfibrilhador manual.

À ex cepção do FCP nenhum out ro clube requisit a assist ência médica em f unção da 1.483

Media de espectadores por jornada em cada divisão

Mestrado em Medicina Legal

Media de Espectadores por jornada em cada divisão

Média de espectadores por jornada em cada divisão.

é aquele que p

000). Em sentido oposto surge o recinto do Paços de Fer da nossa am ost ra que

odos os rest ant es clubes por nós est udados mant ém sempre o mesmo dispositivo, independentemente

, num jogo considerado normal

ca é const it uído por 3 ambulâncias, 40 socorrist as, 6 enfermeiros e 3 médicos. Num jogo considerado de alt o risco est e disposit ivo é subst ancialment e reforçado, pois, est ão present es 5 ambulâncias, 40 socorrist as, 9 De referir que t odas as ambulâncias, a que ant eriorm ent e aludimos, estão dotadas de desfibrilhador manual.

À ex cepção do FCP nenhum out ro clube requisit a assist ência médica em f unção da 1.108

Media de espectadores por jornada em cada divisão

Mestrado em Medicina Legal

Media de Espectadores por jornada em cada divisão

Média de espectadores por jornada em cada divisão.

é aquele que possuí a maior méd 000). Em sentido oposto surge o recinto do Paços de Fer

da nossa am ost ra que adapta

odos os restantes clubes por nós estudados mantém sempre o mesmo dispositivo, independentemente de o recinto estar

normal (lotação ate 25.0000 espectadores) ca é const it uído por 3 ambulâncias, 40 socorrist as, 6 enfermeiros e 3 médicos. Num jogo considerado de alt o risco est e disposit ivo é subst ancialment e reforçado, pois, est ão present es 5 ambulâncias, 40 socorrist as, 9 t odas as ambulâncias, a que ant eriorm ent e aludimos, estão dotadas de desfibrilhador manual.

À ex cepção do FCP nenhum out ro clube requisit a assist ência médica em f unção da

950 340

Media de espectadores por jornada em cada divisão

Media de Espectadores por jornada em cada divisão

Média de espectadores por jornada em cada divisão.

a m aio r m éd ia d e esp ect ad o r es p o r 000). Em sentido oposto surge o recinto do Paços de Ferreira

a assist ên cia m éd ica, em f u n ção o d o s o s r est an t es clu b es p o r n ó s est u d ad o s m an t ém recinto estar pouco ou muito lotado

(lotação ate 25.0000 espectadores) ca é const it uído por 3 ambulâncias, 40 socorrist as, 6 en f er m eir o s e 3 m éd ico s. Nu m j o g o co n sid er ad o d e alt o r isco est e d isp o sit ivo é su b st an cialm en t e r ef o r çad o , p o is, est ão p r esen t es 5 am b u lân cias, 4 0 so co r r ist as, 9 t o d as as am b u lân cias, a q u e an t er io r m en t e

À ex cep ção d o FCP n en h u m o u t r o clu b e r eq u isit a assist ên cia m éd ica em f u n ção d a 340

Media de espectadores por jornada em cada divisão

Media de Espectadores por jornada em cada divisão

ia de espect adores por reira(2500). De referir que ssist ência m édica, em f unção odos os restantes clubes por nós estudados mantém

pouco ou muito lotado (lotação ate 25.0000 espectadores) ca é const it uído por 3 ambulâncias, 40 socorrist as, 6 enfermeiros e 3 médicos. Num jogo considerado de alto risco este dispositivo é substancialmente reforçado, pois, estão presentes 5 ambulâncias, 40 socorristas, 9 todas as ambulâncias, a que anteriormente

À excepção do FCP nenhum outro clube requisita assistência médica em função da Superliga

Liga de honra 3ª Divisão 2ª divisão B Distritais

2011

ia de espect adores por . De referir que ssist ência m édica, em f unção odos os rest ant es clubes por nós est udados mant ém

pouco ou muito lotado (lotação ate 25.0000 espectadores) ca é const it uído por 3 ambulâncias, 40 socorrist as, 6 enfermeiros e 3 médicos. Num jogo considerado de alt o risco est e disposit ivo é subst ancialment e reforçado, pois, est ão present es 5 ambulâncias, 40 socorrist as, 9 t odas as ambulâncias, a que ant eriorm ent e

À ex cepção do FCP nenhum out ro clube requisit a assist ência médica em f unção da Superliga

Liga de honra 3ª Divisão 2ª divisão B Distritais

ia de espect adores por . De referir que ssist ência m édica, em f unção odos os rest ant es clubes por nós est udados mant ém pouco ou muito lotado.

(lotação ate 25.0000 espectadores), ca é const it uído por 3 ambulâncias, 40 socorrist as, 6 enfermeiros e 3 médicos. Num jogo considerado de alto risco este dispositivo é substancialmente reforçado, pois, estão presentes 5 ambulâncias, 40 socorristas, 9 todas as ambulâncias, a que anteriormente

À excepção do FCP nenhum outro clube requisita assistência médica em função da

(23)

Mestrado em Medicina Legal 2011

Liga de Honra:

O Varzim é o clube com o maior número de espect adores por jogo (3000). Por sua vez o Penafiel é o clube que menos assist ência t em (700). É de ressalvar que à ex cepção do Varzim e do Penafiel, t odos os out ros clubes possuem assist ência da mesma ordem de grandeza.

De referir que, no recint o do clube com maiores espect adores (Varzim), a assist ência médica é igual ao clube com menos espect adores (Penafiel), pois, ambos colocam ao dispor do público meios iguais, ou seja, 1 ambulância com 9 bombeiros. Est a sit uação parece-nos contraproducente pois, um clube que alberga no seu recint o quase 5 vezes mais espect adores, em relação a out ro clube, não pode t er os mesmos meios para fazer face a uma ocorrência.

De salient ar que, das ambulâncias que prest am serviço nos recint os dest es 6 clubes, apenas duas delas possuem desfibrilhadores manuais.

Dest es 6 clubes da liga de honra, nenhum deles requisit a assist ência médica em função da lotação do recinto.

2ª Divisão B:

O recinto do Boavista é o que possui a melhor média de espectadores por jogo (3.000), e a diferença é t ão sint omát ica para os out ros recint os, podendo afirmar-se que est ão mais espect adores present es no Est ádio do Bessa que nos out ros recint os t odos. Em sent ido oposto surge o recinto do Paredes, com apenas 200 espectadores.

Existem dois recint os nest a divisão que não possuem qualquer t ipo de assist ência médica para os espect adores pelo que, se for necessário prest ar socorro às vít imas, é accionado o número nacional de emergência (112).

Das ambulâncias que prest am serviço nos recint os dest es 4 clubes, apenas uma delas possuem desfibrilhador manual. Verificam os t ambém que, num det erminado clube, o médico nos referiu que a corporação de bombeiros que ali prest a serviço nos jogos possui uma ambulância com desfibrilhador manual, mas não a ut ilizam no jogo de fut ebol, porque a corporação determinou que é preferível a mesma ficar ao dispor dos restantes cidadãos.

Nest a divisão det ect ám os que 1 clube nos forneceu inf ormações imprecisas, no que concerne à presença de ambulâncias, pois informaram-nos que possuíam assistência médica no recint o. Cont udo, após confirmarmos nas respect ivas corporações de bom beiros, f oi-nos referido que não prestavam ali serviço.

De mencionar que, à ex cepção de um, nenhum dos out ros clubes da nossa amost ra reforça a assist ência médica em f unção do número de espect adores present es em cada evento.

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Mestrado em Medicina Legal 2011

3ª Divisão:

O Fafe é o clube com o maior número de espect adores por jogo (2000). Por sua vez o valenciano é o clube que menos assistência tem por partida (700).

Ex ist e um recint o nest a divisão que não possui qualquer t ipo de assist ência médica para os espect adores, pelo que se for necessário prest ar socorro às vít imas é accionado o número de emergência (112).

De salient ar que, das ambulâncias que prest am serviço nos recint os dest es 6 clubes, nenhuma delas possui desfibrilhadores DAE ou manuais. Obt ivemos inf ormação at ravés de uma das corporações de bombeiros que t êm possibilidade de colocar num desses recint os uma ambulância com DAE, cont udo não possuem pessoal habilit ado para o seu manuseamento.

Nest a divisão, det ect ám os que 1 clube nos forneceu inf ormações imprecisas, no que concerne à presença de ambulâncias, pois informaram-nos que possuíam assistência médica no recint o. Cont udo, após confirmarmos nas respect ivas corporações de bom beiros f oi-nos referido que não prestavam ali serviço

De mencionar que nest a divisão nenhum clube reforça a assist ência médica em f unção dos espectadores presentes em cada evento.

Distritais:

O Alpendorada é o clube com o maior núm ero de espect adores por jogo (650). Por sua vez o Barqueiros é o clube que menos assistência tem por partida (40).

Da t ot alidade dos recint os dest a divisão, nenhum possui qualquer t ipo de assist ência médica para os espect adores pelo que, se for necessário prest ar socorro às vít imas, é accionado o número de emergência (112). De salient ar que ex ist e um clube que efect ivament e coloca uma ambulância (sem desfibrilhador) no int erior do recint o, t odavia foi-nos ref erido, de um m odo ex plícit o, que est a se dest ina apenas a socorrer os jogadores das equipas, não se encont rando disponível para o t ransport e e para o socorro dos espectadores.

Nest a divisão det ect ám os que 3 clubes nos deram informações imprecisas, no que concerne à presença de ambulâncias, pois informaram-nos que possuíam assistência médica nos recint os. Cont udo, após confirmarmos nas respect ivas corporações de bombeiros foi- nos referido que não prestavam ali serviço.

Em t ermos gerais pensamos que nos recint os de t odas as divisões que disponham de apenas um a ambulância, a prest ação de socorro às vít imas est á fragilizada, pois, se, por suposição, essa viat ura t iver que ser accionada para t ransport ar alguém ao hospit al mais

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Mestrado em Medicina Legal 2011

próx imo, m oment aneament e não vai haver nenhum meio de socorro à disposição dos espectadores.

3.4. Desfibrilhadores por divisões

Gráfico 2 Desfibrilhadores existentes em cada divisão.

Pela análise do gráfico const at a-se que na Superliga a t ot alidade das equipas (100%) possui desfibrilhadores. Na Liga de Honra apenas uma equipa não possui desfibrilhador.

Todos os clubes por nós est udados possuem apenas um desfibrilhador em cada recinto, com ex cepção do FCP, que possui 7 (5 manuais e 2 DAE), do VSCG que possui 2 (1 manual e 1 DAE) e do SCB que também possui 2 (1 manual e 1 DAE).

No que concerne à sua localização, no que concerne ao FCP, 4 encontram-se sit uados nas bancadas, um est á no relvado, junt o ao banco de suplent es, 1 no post o cent ral e out ro acompanha uma equipa móvel. No SCB e VSCG ambos se encontram no relvado e nos outros restantes clubes permanecem no relvado ou nas imediações deste.

De referir que, est es aparelhos no espaço t emporal de uma época desportiva (2009/ 2010), apenas por 2 vezes foram ut ilizados e essas ut ilizações ocorreram no Est ádio do Dragão.

6

5

2

0 0

0 1 2 3 4 5 6 7

Superliga Liga de Honra 2º Divisão B 3ª Divisão Distritais

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Mestrado em Medicina Legal 2011

Todos os desfibrilhadores f oram sujeit os a revisões periódicas de manut enção, e os elementos que são responsáveis pelo seu manuseamento possuem formação específica para exercer tais actos frequentando também periodicamente acções de formação continua.

Em sent ido opost o, na 3ª Divisão e nos Dist rit ais, nenhuma das equipas por nós est udadas possui qualquer t ipo de desfibrilhador, quer seja manual, quer seja aut omát ico.

Em t ermos globais, const at a-se que mais de met ade das equipas que const it uem a nossa amost ra, 57%, não possuem desfibrilhador. Num est udo efect uado por Borjesson, em diversos países europeus, e cujo principal object ivo foi o de invest igar os act uais procediment os de segurança cardiovascular, dos principais recint os desport ivos, o aut or verificou que 28% dos clubes não têm um DAE disponível. Todavia, est a am ost ra, em bora apresent e uma percent agem inf erior à nossa, é mais gravosa, ainda, em virt ude dest e estudo apenas englobar equipas de top, dos vários países2.

Est e aut or parece evidenciar uma cert a est upefacção, pois menciona ainda que, mesmo os recint os que se encont ravam a mais de cinco minut os do hospit al mais próx imo, 25%, não dispunham de desfibrilhadores aut omát icos ex t ernos. Refere, ainda, o mesm o especialist a que cinco minut os são considerados o t empo máx imo admissível para se realizar a desfibrilhação, em caso de paragem cardíaca2.

As carências por nós det ect adas nos cam peonat os amadores (3ª Divisão e Dist rit ais) vão de encont ro ao único est udo realizado no nosso país sobre est e assunt o, pelo jornal Público , intitulado Assist ência m édica no despor t o am ador . Os invest igadores dest e periódico, que se deslocaram a 18 recint os de Nort e a Sul do país, no ano de 2004, sat irizaram, na alt ura, a sit uação, afirmando que, se um a am bulância é um a ut opia, um m édico anda lá per t o e at é um m assagist a cr edenciado pode ser um caso sér io 18. Acrescent aram, ainda, que nenhuma das equipas visit adas possuía qualquer t ipo de equipamento de reanimação.

Est a sit uação, com que nós e os invest igadores do Público nos deparamos, chega a ser incom preensível pois, cada recint o de fut ebol deveria t er desfibrilhadores semi- aut omát icos disponíveis e, mesm o os leigos, deveriam ser t reinados para usá-los. Tofield

acrescent a ainda que, o caso do fut ebolist a espanhol

Puert a, verificado em Sevilha, foi um t rágico ex em plo de fragilidade de act uação. Conclui que, os desfibrilhadores podem ser út eis t ambém para o público e que deveriam, inclusive, est ar devidament e sinalizados, para a event ualidade de haver necessidade de serem utilizados32.

Pensamos que nos recint os de fut ebol, onde não ex ist e nenhum desfibrilhador, os espect adores est ão forçosament e ent regues a si próprios e, caso suceda uma sit uação de

Referências

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