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Aula 02. Aula 02. Direito Empresarial para ISS Belo Horizonte. Direito Empresarial para ISS Belo Horizonte. Assunto da Aula

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Academic year: 2022

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Prof. Arthur Lima

Aula 00

Nome do curso

Aula 02

Assunto da Aula

Direito Empresarial para ISS – Belo Horizonte

Aula 02

Teoria Geral do Direito Societário

Direito Empresarial para ISS – Belo

(2)

Aula 02 Direito Empresarial para ISS – Belo Horizonte

Sumário

AULA 02... 4

TEORIA GERAL DO DIREITO SOCIETÁRIO ... 5

Considerações gerais sobre sociedades ... 5

Sociedades Simples X Sociedades Empresárias ... 7

Sociedade entre cônjuges ... 9

Sociedade dependente de autorização ... 10

CLASSIFICAÇÕES DAS SOCIEDADES EMPRESARIAIS ... 13

Tipos societários ... 13

Responsabilidade dos sócios ... 14

Regime de constituição e dissolução ... 19

Sociedade de pessoas e de capitais ... 19

Número de sócios... 22

Nacionalidade ... 23

Esquema resumo das classificações ... 25

OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS ... 26

Transformação ... 26

Incorporação ... 28

Fusão ... 29

Cisão ... 29

Considerações finais ... 31

DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO ... 34

Dissolução da sociedade contratual ... 34

Dissolução Parcial...37

Liquidação ... 41

Extinção ... 43

Esquema resumo sobre dissolução ... 45

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ... 47

A desconsideração da personalidade jurídica no Código Civil (Teoria Maior) ... 50

A desconsideração da personalidade jurídica em leis específicas ... 53

Teoria maior x Teoria menor ... 54

Desconsideração inversa ... 58

Subcapitalização ... 59

SOCIEDADES PERSONIFICADAS E NÃO PERSONIFICADAS ... 60

SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS ... 62

Sociedades em comum, irregular e de fato... 62

Sociedades em conta de participação ... 67

SOCIEDADES PERSONIFICADAS ... 72

Sociedade simples pura ... 72

Sociedade em nome coletivo ... 93

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Aula 02 Direito Empresarial para ISS – Belo Horizonte

Sociedade em comandita simples ... 97

Sociedade limitada ... 101

QUESTÕES DE PROVA COMENTADAS ... 117

LISTA DE QUESTÕES ... 167

GABARITO ... 194

RESUMO DIRECIONADO ... 195

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Aula 02 Direito Empresarial para ISS – Belo Horizonte

Aula 02

Olá, pessoal.

Dando continuidade ao nosso curso, vamos hoje iniciar nossas conversas sobre Direito Societário. Vamos apresentar conceitos e classificações gerais.

Como estamos aqui para você ser aprovado rapidamente, precisamos ser sinceros: uma única leitura não será suficiente provavelmente para você absorver todo o conteúdo desta aula, mas insista até se sentir seguro, assim como você fez com controle de constitucionalidade em Direito Constitucional ou Testes de Significância em Estatística. A aprovação chega apenas quando o aluno está bem preparado nos detalhes de todas Disciplinas, não se esqueça jamais disso. Mas, fiquem tranquilos, nosso estudo é bem direcionado a apenas aos assuntos que podem cair em prova, ou seja, você precisa saber bem o conteúdo aqui ensinado.

Ressaltamos que há lógica nesse nosso estudo das sociedades e estamos apresentando o tema com bastantes exemplos para facilitar a sua compreensão, de modo que você saia da completa abstração dos conceitos societários e consiga montar o seu quebra cabeça dos tipos societários.

Os principais artigos abordados serão:

Código Civil: 44, 50, 51, 968, 977, 981 a 985, 994, 1.024, 1.028 a.1038, 1.113 a 1.125, 1.134 Lei nº 6.404/76: 137, 220 a 222, 229, 251 e 252

Código de Defesa do Consumidor: 28 Código Civil: 981 a 1.086

Lei nº 6.404/76: 137, 220 a 222, 229, 251 e 252 Código de Defesa do Consumidor: 28

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Aula 02 Direito Empresarial para ISS – Belo Horizonte

Teoria Geral do Direito Societário

A atividade empresarial pode ser exercida em sociedade ou individualmente, conforme vimos em aulas anteriores do nosso curso.

Vamos nos ocupar na presente aula com as sociedades quanto às suas características gerais, abstraindo um pouco das particularidades dos tipos societários, tema das nossas próximas 02 aulas.

Embora a atividade empresarial tenha como pressuposto uma atividade econômica, nem toda sociedade que visa o lucro é empresarial.

De fato, apenas as sociedades que exploram atividade econômica de forma empresarial é que podem ser consideradas sociedades empresárias.

Considerações gerais sobre sociedades

No Brasil, possuímos dois tipos de pessoas jurídicas: as de direito público e as de direito privado. As diferenças desses tipos de pessoas jurídicas já foram estudadas pelo aluno em outras Disciplinas do Direito.

O artigo 44 do Código Civil enumera as pessoas jurídicas de direito privado em: fundações, associações, sociedades, organizações religiosas, partidos políticos e as EIRELI.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações;

IV - as organizações religiosas;

V - os partidos políticos;

VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.

Dentre esses tipos de pessoas jurídicas, compete ao Direito Empresarial estudar os incisos II e VI.

O inciso VI nos remete à aula anterior, quando tratamos da EIRELI.

Trataremos agora do inciso II do artigo 44, as sociedades, que são classificadas em simples e empresárias. O que as difere é o modo de exploração do seu objeto, ou seja, se é executada a organização profissional dos fatores de produção.

Em nossas aulas de Direito Societário estudaremos exclusivamente as pessoas jurídicas de direito privado, especificamente as sociedades.

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Aula 02 Direito Empresarial para ISS – Belo Horizonte

Elaboramos abaixo um esquema com os tipos de pessoas jurídicas, apenas para vocês se situarem acerca do objeto da nossa aula: as sociedades.

A personalidade jurídica, adquirida por meio do correto registro do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis, gera algumas consequências no mundo jurídico. A sociedade empresária, como uma pessoa jurídica devidamente constituída, é sujeito de direito personalizado1 e pode, assim, praticar atos e negócios jurídicos que não sejam expressamente vedados em lei.

Além disso, a personalidade jurídica garante à sociedade empresária:

Titularidade negocial: quem realiza um contrato é a pessoa jurídica sociedade, embora o faça através de seus administradores.

Titularidade processual: a sociedade empresária, como titular de personalidade jurídica, tem a capacidade de ser parte processual. Assim, as ações devem ser endereçadas pela sociedade e contra ela, preservando, portanto, a figura dos sócios.

Autonomia patrimonial: o patrimônio é da sociedade e não dos sócios.

1 Uma breve explicação: sujeito de direito não se confunde com pessoa. Tome o nascituro (bebê na barriga da mãe) por exemplo. Embora seja dotado de direitos, a personalidade da pessoa natural inicia-se com o nascimento com vida (artigo

Pessoa Jurídica

Direito Público

Direito Privado

Fundações

Associações

Partidos políticos

Organizações religiosas

EIRELI

Sociedades

Simples

Empresárias

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Responsabilidade patrimonial: a responsabilidade patrimonial da sociedade é sempre ilimitada. Portanto, a sociedade, como pessoa jurídica possuidora de patrimônio próprio, responde pelas suas dívidas com todos os seus bens. A responsabilidade dos sócios é, em regra, subsidiária à da sociedade (artigo 1.024 do CC). Entre os sócios pode ser ou não solidária, limitada ou ilimitada (estudaremos melhor as responsabilidades dos sócios mais a frente).

Devemos tecer alguns comentários sobre o término da personalidade jurídica (analogamente à pessoa natural, seria a morte). Existe certa confusão na doutrina sobre o termo que trata deste término de personalidade: dissolução ou extinção. Alguns usam dissolução para indicar a perda da personalidade jurídica.

Outros usam o termo dissolução para indicar a primeira fase da extinção. Nesta última hipótese, o término da personalidade jurídica ocorreria apenas após concluídas as fases da extinção.

Vamos adotar o entendimento majoritário da doutrina, o mais cobrado nas provas e de acordo com o posicionamento das bancas examinadoras. A personalidade jurídica encerra-se com a extinção, a qual possui 3 fases:

Dissolução: ato de desfazimento da constituição societária.

Liquidação: realização dos recebíveis e passivos.

Partilha: distribuição do resultado entre os sócios.

Parte da doutrina inclui ainda uma quarta fase: o decurso do prazo prescricional das obrigações sociais.

Vamos nos restringir, para efeitos de prova, às 3 primeiras fases.

Sociedades Simples X Sociedades Empresárias

Relembrando: nem toda atividade econômica configura atividade empresarial.

O crivo de verificação para atestar se uma sociedade é empresária ou não reside na forma de exploração do seu objeto social. Ou seja, se essa exploração é realizada profissionalmente e com organização dos fatores de produção, obviamente é empresária. Reparem bem: isso nos remete imediatamente ao conceito de empresário do artigo 966, CC. Palavras-chave: profissional e organização, 02 elementos imprescindíveis para a caracterização do empresário e, por conseguinte, da sociedade empresária.

Atenção

!!

Existem duas exceções a essa regra, ambas no parágrafo único do artigo 982:

“Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”.

Vocês lembram que falamos que aquele que exerce atividade predominantemente intelectual não é empresário? Pois, então, adivinha? A reunião de pessoas que exercem atividade intelectual constitui uma sociedade simples, que deve ser levada a registro através do RCPJ.

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Podemos chegar às seguintes conclusões quanto às sociedades simples:

Visam ao lucro: exercem uma atividade com objetivo de auferir renda, porém não possui a organização dos fatores de produção como elemento de sua atividade.

Atividade predominantemente intelectual: ao contrário de uma sociedade empresarial, cuja atividade é eminentemente relacionada à organização dos fatores de produção (atividade de empresa), numa sociedade simples o predomínio é intelectual.

RCPJ: seu ato constitutivo é levado a registro no RCPJ, regra geral, enquanto a sociedade empresária é no RPEM.

Quer dizer, então, que, regra geral, o objeto social é o elemento definidor da caracterização de uma sociedade em empresária ou simples. Porém, há 02 exceções estabelecidas pelo legislador: qualquer que seja o objeto social, sempre a sociedade por ações será empresária e a sociedade cooperativa, simples.

(FCC. Promotor de Justiça - CE. 2009)

A sociedade empresária, como pessoa jurídica, é sujeito de direito personalizado.

Posta a premissa, é FALSA a consequência seguinte:

a) a responsabilização patrimonial, solidária e direta dos sócios, em relação aos credores, pelo eventual prejuízo causado pela sociedade.

b) sua titularidade negocial, ou seja, é ela quem assume um dos pólos na relação negocial.

c) sua titularidade processual, isto é, pode demandar e ser demandada em juízo.

d) sua responsabilidade patrimonial, ou seja, tem patrimônio próprio, inconfundível e incomunicável com o patrimônio individual de seus sócios.

e) extingue-se por um processo próprio, que compreende as fases de dissolução, liquidação e partilha de seu acervo.

RESOLUÇÃO:

Letra A. O artigo 1.024 do CC diz:

Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.

Portanto, o Código Civil estabelece a responsabilidade subsidiária dos sócios em relação às dívidas da sociedade. Assertiva incorreta.

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Letra B e C. Estas alternativas nos comprovam que as características que enumeramos para as sociedades empresárias são objeto de cobrança pelas bancas examinadoras. Assertivas certas.

Letra D. Contrapõe-se à Letra A e, portanto, está correta, observando-se o princípio da autonomia patrimonial, em conformidade com o artigo 1.024, CC. Assertiva certa.

Letra E. Devemos olhar as 3 fases para extinção da sociedade, conforme entendimento da doutrina majoritária e da banca CESPE. Assertiva certa.

Resposta: A

(FGV – SEAD-AP – 2010)

Nos termos do Código Civil brasileiro, consideram-se empresárias:

a) todas as sociedades que têm finalidade lucrativa, independente da atividade desenvolvida.

b) as associações.

c) as cooperativas.

d) as sociedades por ações, independente da atividade desenvolvida.

e) as sociedades limitadas, independente da atividade desenvolvida.

RESOLUÇÃO:

Letra A. As sociedades simples também possuem finalidade lucrativa.

Letra B. Associações não se confundem com sociedades (art. 44 do CC).

Letra C. Por força do art. 982, as sociedades cooperativas são sempre simples.

Letra D. Por força do art. 982, as sociedades por ações são sempre empresárias.

Letra E. A LTDA será empresária ou simples a depender da atividade exercida.

Resposta: D.

Sociedade entre cônjuges

Antes de entrarmos nos dispositivos do Código, precisamos esclarecer que este tópico trata da participação dos dois cônjuges numa mesma sociedade. Não confundir com a problemática envolvendo o empresário casado tratada em aula anterior.

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A pergunta a ser respondida é: podem os cônjuges formarem uma sociedade somente entre si ou entre si e com terceiros?

O Código Civil nos respondeu com o artigo 977, que estabelece:

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.

Como podemos ver, o Código é claro ao limitar a possibilidade dos cônjuges constituírem sociedade desde que não tenham casado no regime da comunhão universal nem no da separação obrigatória. Ou seja, importa neste caso o regime de bens do casamento para que exista a possibilidade dos cônjuges estarem juntos no mesmo quadro social.

Vale destacar que essa regra serve tanto para sociedades empresárias quanto para sociedades simples.

Atenção

!!

Esta regra vale tanto para a constituição de sociedade quanto para a entrada posterior do cônjuge como sócio (ou seja, vale tanto para a aquisição originária da condição de sócio quanto para a aquisição derivada da condição de sócio)

O exemplo a seguir vai te ajudar a dirimir quaisquer dúvidas sobre nosso tópico.

Abel e Ana são casados no regime de comunhão universal e, por isso, não podem constituir sociedade entre si. Abel e Muricy, amigos de longa data, no entanto, podem. Abel e Muricy então constituem a Ganha Nunca Nada Artigos Esportivos Ltda. Mesmo estando constituída a sociedade entre Abel e Muricy, não pode Ana ingressar na sociedade posteriormente, por força da vedação do artigo 977.

Sociedade dependente de autorização

O CC dedica uma seção às sociedades dependentes de autorização. Como exemplo deste tipo de sociedade temos as empresas públicas e sociedades de economia mista. O parágrafo 1º do artigo 2º da Lei nº 13.303/16 assim dispõe:

§ 1o A constituição de empresa pública ou de sociedade de economia mista dependerá de prévia autorização legal.

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Essas sociedades, devido às suas atividades, dependem de autorização do Poder Executivo para serem constituídas.

Art. 1.123. A sociedade que dependa de autorização do Poder Executivo para funcionar reger-se-á por este título, sem prejuízo do disposto em lei especial.

Parágrafo único. A competência para a autorização será sempre do Poder Executivo federal.

Atenção

!!

A competência para a autorização será sempre do Poder Executivo federal.

Uma vez deferida a autorização, a sociedade terá 12 meses para iniciar as atividades, caso prazo diferente não esteja em legislação ou ato do poder público. Além disso, o Poder Executivo poderá cassar a autorização no caso da sociedade “infringir disposição de ordem pública ou praticar atos contrários aos fins declarados no seu estatuto”.

As sociedades dependentes de autorização podem ser nacionais ou estrangeiras.

(VUNESP. MPE-SP. 2018) Segundo o Código Civil,

a) o contrato social da sociedade em conta de participação produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro confere personalidade jurídica à sociedade.

b) o empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

c) é facultada a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

d) na sociedade em comum, todos os sócios respondem subsidiariamente e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, aquele que contratou pela sociedade.

e) poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, constituir empresa individual de responsabilidade limitada ou continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais, exceto quanto ao autor de herança.

RESOLUÇÃO:

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Letra A. Veremos mais detalhadamente sobre a sociedade em conta de participação na próxima aula. Por hora, saiba que a sociedade em conta de participação (SCP) é uma sociedade sem personalidade jurídica, mesmo que registre o contrato. Assertiva incorreta.

Letra B. Os assuntos dos artigos 977 e 978 são recorrentes nas provas de concurso, e a VUNESP não é exceção.

Vamos ler estes artigos novamente:

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.

Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

Não vamos confundir as coisas! O empresário casado pode alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis do patrimônio da empresa independente da chamada outorga uxória (outorga conjugal). Este é o artigo 978. Por outro lado, o artigo 977 impede que cônjuges casados no regime de comunhão universal ou separação obrigatória contratem sociedade entre si ou com terceiros!

Estendi o comentário desta assertiva para que fique bem clara a diferença! Assertiva certa.

Letra C. A inscrição é obrigatória e deverá ser feita antes de iniciada as atividades. Assertiva errada. Veja o artigo 967 do CC:

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade

Letra D. Na verdade na sociedade em comum todos os sócios respondem solidaria e ilimitadamente, excluído do benefício de ordem aquele que contratou pela sociedade. Assertiva errada.

Letra E. Já vimos em aula anterior que o incapaz não pode constitui empresa, podendo somente continua-la, mediante autorização judicial, quando estivermos diante do caso de incapacidade superveniente ou aquisição da condição de empresário por herança. Assertiva errada.

Resposta: B.

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Classificações das sociedades empresariais

Dividimos as sociedades segundo 05 critérios, a seguir:

a responsabilidade dos sócios

o regime de constituição e dissolução

sociedade de pessoas e sociedade de capital

número de sócios

nacionalidade

Tipos societários

Nosso ordenamento jurídico separa as sociedades empresariais em não personificadas e personificadas.

Dentre as não personificadas temos a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação.

Dentre as personificadas temos a sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ações, sociedade limitada e sociedade anônima.

Vamos explorar melhor a diferença entre sociedades personificadas e não personificadas, bem como as características específicas de cada tipo societário nas aulas seguintes. Por hora, tenha em mente que as sociedades não personificadas não possuem personalidade jurídica. A classificação abaixo é aplicável às sociedades personificadas. As não personificadas serão melhor estudadas em tópico específico.

(FCC. TCM-RJ. 2015)

As sociedades empresárias personificadas adquirem personalidade jurídica com a

a) celebração, por instrumento público, do seu contrato ou estatuto social.

b) inscrição do seu ato constitutivo no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

c) sua inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).

d) inscrição do seu ato constitutivo no Registro Público de Empresas Mercantis, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo.

e) publicação, na imprensa oficial, da sua inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).

RESOLUÇÃO:

A assertiva que melhor completa o enunciado é a letra D.

Resposta: D.

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Responsabilidade dos sócios

Como já apontamos, a responsabilidade patrimonial da sociedade é sempre ilimitada. A responsabilidade dos sócios é, em regra, subsidiária à da sociedade (artigo 1.024 do CC). Entre os sócios, a responsabilidade pode ser solidária ou subsidiária (com benefício de ordem), além de existirem sociedades em que há sócios com responsabilidade limitada e outros ilimitada.

Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.

Este é um tópico importante para a prova e que permeia todo nosso estudo das sociedades. Vamos gastar um pouco mais de tempo nele. Vamos iniciar o estudo com uma explicação menos formal depois vamos às classificações formais.

Imagine a sociedade Ganha Nunca Nada Artigos Esportivos (vamos chamar de GNN) em que Abel e Muricy são sócios. Retirei o “LTDA” do final de propósito para não nos atermos ao tipo societário.

Quando Abel e Muricy integralizam (50% para cada) o capital da GNN, o que eles fazem, de fato, é constituir um patrimônio de afetação à sociedade. Então, imagine que a GNN pegue o capital integralizado e compre um imóvel. Quem é o dono do imóvel? A sociedade GNN. Mas quem é dono do direito sobre o patrimônio da GNN? Abel e Muricy.

Então, caso GNN venha a falir, o patrimônio afetado, ou seja, o dinheiro que Abel e Muricy colocaram na sociedade se perde. Em outras palavras, há o atingimento do patrimônio dos sócios, na proporção do capital alocado. Então, se, por exemplo, GNN tem R$ 100.000,00 de patrimônio e adquire uma dívida de R$

120.000,00, é correto afirmar que todo patrimônio de GNN poderá ser executado para satisfazer a dívida, e com isso os R$ 50.000,00 de cada sócio se perdem.

Daí surge uma pergunta. E com relação aos R$ 20.000,00 faltantes?

Bom, antes de falar dos R$ 20.000,00 faltantes, temos que esclarecer o seguinte: quando falamos de responsabilidade “limitada” ou “ilimitada” dos sócios é com relação à dívida da sociedade! Ou seja, uma responsabilidade limitada possui um limite máximo de atingimento dos bens pessoais (se houver o atingimento claro), independentemente do valor da dívida. A responsabilidade ilimitada não possui limite (professor falando o óbvio...). Na verdade, o limite é a própria dívida, podendo os bens pessoais serem completamente tomados pela dívida.

A satisfação dos R$ 20.000,00 vai depender do tipo societário, ou, contextualizando, do tipo de responsabilidade dos sócios. Mais uma vez reiteramos que estamos falando da responsabilidade dos sócios.

Por que? Pois a responsabilidade do empresário (no nosso caso é a sociedade quem é o empresário) é ilimitada SEMPRE! Ou seja, TODO patrimônio da sociedade será executado para satisfazer a dívida, se for necessário.

Se, por sua vez, a responsabilidade dos sócios for ilimitada, teremos o atingimento dos bens pessoais dos

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Aula 02 Direito Empresarial para ISS – Belo Horizonte

Abel é a casa de praia e o carro. A participação de 50% da GNN é um bem de Abel, mas afetado à sociedade.

Uma vez atingido e esgotado o patrimônio de afetação, caso a responsabilidade de Abel seja ilimitada, o credor pode tentar tomar o carro dele. E se o valor do carro não for suficiente? O credor pode tentar atingir a casa de praia, e assim por diante. Sem limites, até a satisfação da dívida (ou o fim dos bens que podem ser atingidos, tendo em vista que há exceções do Direito Civil, como os bens de família, por exemplo).

Agora vamos dizer que além de ilimitada, a responsabilidade de Abel e Muricy seja solidária. Ou seja, o credor, para satisfazer o seu crédito, pode tentar atingir os bens pessoais de qualquer um dos dois sócios. Cabe ao sócio atingido de forma desproporcional tentar reaver o valor do outro sócio via ação de regresso. No nosso exemplo, se o credor conseguiu tomar o carro de Abel, no valor de R$ 20.000,00, Abel pode entrar com ação de regresso contra Muricy no valor de R$ 10.000,00 (pois cada sócio tinha 50% da sociedade).

E se for subsidiária? Bom, aí comporta o benefício de ordem. Ou seja, caso a responsabilidade de Abel seja subsidiária à de Muricy, os bens de Muricy serão atingidos antes dos bens de Abel.

E se não for nem subsidiária nem solidária? Aí cada um responde por suas próprias obrigações de acordo com sua participação societária; no nosso exemplo, 50% para cada um.

E se a responsabilidade for limitada? Bom, aí estamos diante do caso em que o máximo que o credor conseguirá reaver é o patrimônio da sociedade. Em outras palavras, a responsabilidade dos sócios é limitada ao valor alocado no capital social (que foi utilizado para comprar o imóvel, lembra?).

Com relação à responsabilidade limitada, a regra geral é a responsabilização individual, ou seja, proporcional à participação societária, não existindo solidariedade nem subsidiariedade entre os sócios. Esta regra comporta uma exceção: nas sociedades LTDA em que o capital não esteja completamente integralizado.

Neste caso (LTDA com capital não totalmente integralizado), os sócios respondem solidariamente com relação à integralização do capital, mas de forma limitada.

Tomemos nossa querida GNN novamente. Imagine que Abel tenha integralizado R$ 50.000,00, mas Muricy somente tenha integralizado R$ 15.000,00 dos seus R$ 50.000,00 devidos. GNN pega os (agora) R$

65.000,00 e compra um imóvel e depois adquire uma dívida de R$ 120.000,00.

O credor de GNN vai atingir primeiro os R$ 65.000,00 referentes ao patrimônio da sociedade. Esgotados esses R$ 65.000,00, como o capital não está totalmente integralizado, o credor pode tentar satisfazer sua dívida atingindo o patrimônio pessoal de qualquer um dos sócios (solidariamente). Até qual limite? Neste caso até R$

35.000,00, que é o que falta integralizar do capital de GNN. E os outros R$ 20.000,00 que faltam para completar os R$ 120.000,00? Aí o credor perdeu, porque, após esgotado o montante do capital referente à não integralização, a responsabilidade dos sócios é limitada e, por isso, dívidas da sociedade não atingirão os bens pessoais dos sócios.

Nesse caso também, Abel, caso tenha sido atingido pessoalmente pelos R$ 35.000,00 não integralizados por Muricy, pode entrar com ação de regresso contra Muricy.

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Atenção

!!

Regra geral, quando lemos sobre responsabilidade solidária ou subsidiária dos sócios, estamos falando da existência ou não do benefício de ordem entre eles.

Agora, formalmente, as sociedades podem ser classificadas, de acordo com a responsabilidade dos sócios, em:

Ilimitada: todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. Nessa classificação somente temos a sociedade em nome coletivo. Existe solidariedade entre os sócios.

Mista: parte dos sócios possui responsabilidade ilimitada e outra parte tem responsabilidade limitada. Nessa classificação temos a sociedade em comandita simples, cujo sócio comanditado responde ilimitadamente e o sócio comanditário responde limitadamente. Temos também a sociedade em comandita por ações, cujo sócio diretor responde ilimitadamente e o sócio acionista responde limitadamente. Existe solidariedade entre os comanditados e entre os diretores.

Limitada: os sócios respondem limitadamente. Temos as sociedades limitadas e as sociedades anônimas. No caso das sociedades limitadas, caso o capital não seja totalmente integralizado, os sócios responderão solidariamente com seus bens pessoais pela parte não integralizada.

Atenção

!!

Podemos ter o atingimento dos bens pessoais mesmo numa sociedade cuja responsabilidade dos sócios seja limitada (LTDA e SA). A diferença é que se o capital não estiver totalmente integralizado na LTDA, os sócios respondem solidariamente. Já na SA não existe esta solidariedade.

Vimos, então, que numa sociedade em nome coletivo os sócios respondem ilimitadamente com seus bens pessoais pelas dívidas da sociedade, caso esta não possua recursos para saldar suas dívidas. Todos os sócios da sociedade em nome coletivo são solidários entre si

Em relação à responsabilidade mista, vamos recorrer a um velho mnemônico. Infelizmente não vamos dar os devidos créditos porque não sabemos quem inventou. Lembramos que falaram para nós à época dos cursinhos, ainda presenciais...

Atenção

!!

Sócios comanditados – coitados – responsabilidade ilimitada; e Sócios comanditários – não são otários – responsabilidade limitada.

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Galera, na boa, é impossível errar isso. Esse mnemônico é infalível e intuitivo.

Os sócios comanditados de uma sociedade em comandita simples respondem ilimitadamente com seus bens pessoais quando a sociedade não mais possui condições de saldar suas dívidas e são solidários entre si quanto a esses débitos. Enquanto isso, o sócio comanditário responde limitadamente, ou seja, caso a sociedade não seja capaz de saldar suas dívidas, ele não responderá com seus bens pessoais, limitando seu risco patrimonial ao capital investido por ele na sociedade.

Os sócios diretores (ou acionista diretor) de uma sociedade em comandita por ação respondem ilimitadamente com seus bens pessoais quando a sociedade não mais possui condições de saldar suas dívidas e são solidários entre si quanto a esses débitos. Enquanto isso, o sócio acionista (ou acionista não diretor) responde limitadamente, ou seja, caso a sociedade não seja capaz de saldar suas dívidas, ele não responderá com seus bens pessoais.

Por fim, quanto à responsabilidade limitada, sabemos que os bens pessoais dos sócios não serão via de regra afetados, a não ser em hipóteses que estudaremos mais adiante como na desconsideração da personalidade jurídica e em atos ultra vires. Essa regra comporta uma exceção: quando em sociedades limitadas o capital social não for totalmente integralizado, os sócios responderão de forma ilimitada e solidariamente pela parte faltante.

Vamos esquematizar esse conteúdo para te ajudar na organização dessa enxurrada de informações:

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(CESPE. ICMS-ES. 2013)

Rafael, Elias e Otávio instituíram a sociedade Beta Ltda. com o capital social subscrito no valor de R$

30.000,00, sendo cada quota equivalente ao valor de R$ 10.000,00. A integralização do capital não foi totalmente realizada, visto que Otávio não realizou qualquer espécie de contribuição, Rafael integralizou o valor de sua quota em dinheiro e Elias contribuiu com prestação de serviços.

Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta em relação à responsabilidade dos sócios quanto à integralização do capital social da empresa.

a) Elias e Otávio respondem de maneira solidária em relação ao valor de R$ 20.000,00, ao passo que Rafael responde subsidiariamente.

b) Elias e Otávio respondem de maneira solidária em relação ao valor de R$ 20.000,00, ao passo que a Rafael não cabe nenhuma responsabilidade, visto que ele adimpliu sua obrigação social.

Solidariedade

Responsabilidade dos sócios

Ilimitada Nome coletivo Todos os sócios

Mista

Comandita

Simples Sócios

Comanditados

Comandita por

Ações Acionistas

Diretores

Limitada

Sociedade Limitada

Todos os sócios com relação ao

capital não integralizado Anônima

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c) Otávio responde pessoalmente por sua quota não integralizada, sendo a responsabilidade de Elias e Rafael subsidiária em relação aos respectivos valores.

d) A responsabilidade dos três sócios é solidária em relação ao valor da quota de Otávio, visto que a quota não foi integralizada nem com aporte de capitais, nem mediante prestação de serviços.

e) A responsabilidade dos três sócios é solidária em relação ao valor das quotas de Otávio e de Elias, visto que o primeiro não integralizou nenhum capital e o segundo integralizou mediante serviços, modalidade não permitida pelo ordenamento jurídico.

RESOLUÇÃO:

Vimos que no caso das sociedades limitadas, a responsabilidade dos sócios é limitada. Porém, quanto ao capital social não integralizado, a responsabilidade é limitada e solidária entre os sócios; neste caso, portanto, pouco importa qual foi o sócio que não integralizou o capital, pois são todos os sócios solidários pela parte não integralizada.

Ficamos então entre as alternativas D e E.

A alternativa d está incorreta, pois o Código Civil expressamente veda a integralização de capital social com serviços para a sociedade limitada (artigo 1.055, parágrafo segundo).

Resposta: E

Regime de constituição e dissolução

Nesta classificação temos as sociedades contratuais e as sociedades institucionais.

Contratuais: ato constitutivo é o contrato social e são dissolvidas segundo as regras do Código Civil. Aqui temos a sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples e a sociedade limitada.

Institucionais: são constituídas por um ato institucional ou estatuto e dissolvidas segundo as regras da Lei nº 6.404/76. Enquadradas aqui temos as sociedades anônimas e as sociedades em comandita por ações.

A participação social de uma sociedade contratual é chamada de cota. Numa sociedade institucional é chamada de ação.

Sociedade de pessoas e de capitais

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As sociedades empresariais personalizadas podem também ser classificadas como sociedade de pessoas (intuitu personae) ou sociedade de capital (intuitu pecuniae).

Na sociedade de pessoas estamos tratando de uma sociedade em que a figura pessoal do sócio é de suma importância. Já numa sociedade de capital, a importância reside no capital alocado na sociedade.

As sociedades institucionais são sempre de capital (sociedade em comandita por ações e a sociedade anônima).

As sociedades em nome coletivo e em comandita simples são de pessoas, com algumas regras específicas sobre a morte de sócios.

Na sociedade em nome coletivo teremos a liquidação parcial da sociedade, podendo o contrato social dispor em contrário. Na sociedade em comandita simples, temos duas situações: caso o falecimento seja do sócio comanditado, a sociedade se comporta como de pessoas (ou seja, liquidação da cota); caso seja de sócio comanditário, a sociedade é de capital (ou seja, o herdeiro poderá passar a compor o quadro societário), podendo o contrato prever liquidação da cota no caso de falecimento de sócio comanditário (se comportando assim como sociedade de pessoas).

No caso das sociedades limitadas, o contrato social definirá a existência ou não, bem como a extensão, do veto de entrada de novos sócios. Devemos saber que, caso seja o contrato social omisso, a sociedade limitada é uma sociedade de pessoas.

Vamos ao esquema:

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(CESPE. Procurador do Município – João Pessoa/PB. 2018)

Um sócio de determinada sociedade limitada decidiu ceder as suas quotas empresariais. Contudo, no ato constitutivo dessa sociedade, não fora estipulada a forma de cessão de quotas.

Nessa situação hipotética, o referido sócio

a) poderá realizar a cessão a qualquer um dos sócios.

b) deverá dar preferência ao sócio que detiver mais cotas na sociedade.

c) deverá ter a anuência da maioria dos sócios.

d) poderá ceder suas cotas a qualquer um dos sócios; porém, se outro sócio se opuser, a eficácia do ato de cessão será obstada.

e) deverá distribuir as quotas proporcionalmente entre os sócios que indicarem interesse.

Contrato pode prever

de forma diversa?

Morte de sócio

Alienação da participação

Capital

Comandita

por ações Capital

Anônima Capital

Pessoas

Nome

Coletivo Pessoas Sim

Comandita Simples

Comanditado:

Pessoas Comanditário:

Capital Sim

Sociedade Limitada

Omissão Contrato:

Pessoas Sim

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RESOLUÇÃO:

Na omissão do contrato social, a sociedade limitada rege-se como sociedade de pessoas, no que tange à alienação das cotas. A sociedade de pessoas, como vimos, é aquela com intuitu personae onde a pessoa do sócio importa. Sendo assim, não existe óbice algum para a cessão da participação para qualquer um dos sócios já existentes, mas sim para a alienação a pessoa estranha à sociedade.

Interessante ressaltar que o artigo 1.057 do Código estabelece, quanto à alienação da participação a pessoa estranha à sociedade, que, na omissão do contrato, a cessão da participação não poderá ser realizada se mais de 25% do capital social se opuser. Vamos tratar melhor deste assunto na aula em que falarmos da LTDA.

E se o contrato social não for omisso? Bem, nesse caso a cessão da participação rege-se pelas regras do contato social.

Resposta: A

Antes de encerrarmos, você pode estar se perguntando qual o motivo de falarmos tanto da morte do sócio neste tópico? A morte do sócio representa uma quebra de parte do quadro societário. Assim, se tivermos a morte de um sócio numa sociedade de pessoas, a regra é a liquidação da cota, ou seja, o herdeiro não passa a ser sócio (lembre que numa sociedade de pessoas a pessoa do sócio é muito importante). Assim, a não liquidação da cota no caso de morte de sócio numa sociedade de pessoas é uma exceção que pode ser prevista no contrato em alguns casos.

Por outro lado, se tivermos a morte de sócio numa sociedade de capital, a regra é a continuidade da sociedade sem a liquidação da cota.

Número de sócios

Neste ponto existe certa divergência na doutrina. Parte entende que a EIRELI é uma sociedade unipessoal, parte entende que é um novo tipo de empresário. Nós preferimos a segunda posição, até porque está alinhada com o Enunciado 3 da I Jornada de Direito Comercial, o qual alega que a EIRELI “não é sociedade unipessoal, mas um novo ente”, ao lado de empresários individuais e sociedades empresárias.

Para por fim de vez a essa divergência, em 2019 foi inserida no nosso Código Civil a possibilidade de constituir uma Sociedade Limitada com apenas um sócio, ou seja, uma Sociedade Unipessoal Limitada. Esta modalidade foi trazida pela Lei da Liberdade Econômica (Lei 13.874/19) e será abordada em tópico específico.

De qualquer forma, nosso ordenamento jurídico admite uma sociedade empresária unipessoal: a subsidiária integral.

A subsidiária integral será melhor estudada quando tratarmos das sociedades anônimas. Por hora, devemos saber que uma sociedade pode ser constituída como subsidiária integral ou convertida em uma com a aquisição de todas as suas ações. Cumpre ressaltar que, em ambos os casos, o sócio único da subsidiária

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Subsidiária Integral

Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionista sociedade brasileira.

...

§ 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária integral mediante aquisição, por sociedade brasileira, de todas as suas ações, nos termos do artigo 252.

Art. 252. A incorporação de todas as ações do capital social ao patrimônio de outra companhia brasileira, para convertê-la em subsidiária integral, será submetida à deliberação da assembleia-geral das duas companhias mediante protocolo e justificação, nos termos dos artigos 224 e 225.

Como regra geral devemos saber que nosso ordenamento jurídico prevê a pluralidade dos sócios.

Entretanto cumpre observar que nosso ordenamento jurídico admite também a sociedade unipessoal de advocacia (art. 15 da Lei nº 8.906/94), contudo não se trada de uma sociedade empresária!

Nacionalidade

De acordo com a nacionalidade, as sociedades empresárias poderão ser nacionais ou estrangeiras.

Nacional é a sociedade “organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração” (artigo 1.126 do Código).

Estrangeira é a sociedade que não é nacional, ou seja, organizada de conformidade com lei estrangeira ou que tenha a sede de sua administração no exterior.

Observe que a nacionalidade dos sócios ou a origem do capital são fatores sem influência na classificação da nacionalidade da sociedade.

Além disso, as sociedades estrangeiras possuem um rito mais complexo, necessitando de autorização para seu funcionamento. Entretanto pode ser acionista de sociedade anônima brasileira. É o que prevê o artigo 1.134 do CC:

Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira.

(FGV – SEFAZ-RJ – 2010)

Com relação às sociedades nacionais e sociedades estrangeiras, analise as afirmativas a seguir.

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I. A sociedade constituída segundo a lei estrangeira poderá exercer atividade no Brasil, desde que autorizada pelo Poder Executivo, submetendo-se, quanto aos atos praticados no Brasil, às leis e aos tribunais do país em que se constituiu.

II. A sociedade é nacional quando é organizada em conformidade com a lei brasileira, tem a sede de sua administração no território brasileiro e com a maioria de seu capital controlado por brasileiros natos.

III. O estrangeiro está proibido de exercer qualquer atividade empresarial no Brasil.

Assinale:

a) se nenhuma afirmativa estiver correta.

b) se somente a afirmativa I estiver correta.

c) se somente a afirmativa II estiver correta.

d) se somente a afirmativa III estiver correta.

e) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

RESOLUÇÃO:

I. O artigo 1.137 nos traz que a sociedade estrangeira “ficará sujeita às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos ou operações praticados no Brasil”.

II. Lei brasileira e sede e administração no brasil. Não tem nada de maioria do capital social controlado por brasileiros natos.

III. Não existe esta vedação.

Portanto nenhuma assertiva está correta.

Resposta: A.

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Esquema resumo das classificações

Classificações das sociedades

empresárias personalizadas

Responsabilidade dos sócios

Ilimitada Nome coletivo

Mista Comandita

simples e por ações

Limitada SA e LTDA

Regime de constituição e

dissolução

Contratual Nome coletivo, comandita simples e LTDA

Institucional SA e comandita por ações

Alienação da participação

societária

Capital Comandita por

ações e SA

Pessoas Nome coletivo, comandita simples e LTDA

Número de sócios

Unipessoal Subsidiária integral

Pluripessoal

Nacionalidade

Nacional

Estrangeira

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Operações societárias

Por vezes as sociedades sofrem mudanças estruturais com consequências jurídicas relevantes. É o caso das operações societárias que compreendem a transformação, a incorporação, a fusão e a cisão.

O tema é tratado tanto no Código Civil quanto na Lei das SA (Lei n° 6.404/76). Para confirmar as competências dos diplomas legais, o Conselho de Justiça Federal (CJF) publicou o Enunciado 70 que diz:

As disposições sobre incorporação, fusão e cisão previstas no Código Civil não se aplicam às sociedades anônimas. As disposições da Lei n. 6.404/76 sobre essa matéria aplicam-se, por analogia, às demais sociedades naquilo em que o Código Civil for omisso.

Vamos então tentar apresentar como os dois diplomas legais tratam do assunto.

Transformação

A transformação é uma mudança no tipo societário.

O CC trata do assunto nos artigos 1.113 a 1.115:

Art. 1.113. O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade, e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que vai converter-se.

Art. 1.114. A transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo se prevista no ato constitutivo, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando-se, no silêncio do estatuto ou do contrato social, o disposto no art. 1.031.

Art. 1.115. A transformação não modificará nem prejudicará, em qualquer caso, os direitos dos credores.

Na Lei das SA temos os artigos 220 a 222 tratando do assunto. As disposições são muito semelhantes, então vamos nos ater à leitura do Código Civil.

Primeiro ponto interessante é que a transformação não extingue a sociedade nem cria uma nova. Como dissemos, é uma mera alteração do tipo societário.

A deliberação pela transformação exige votação unânime, exceto se o contrato ou estatuto previr de forma diversa. Caso o contrato ou estatuto preveja a transformação da sociedade, os sócios dissidentes têm o direito de se retirarem. O artigo 1.031, que trata da resolução da sociedade com relação a um sócio, será melhor estudado mais adiante.

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Em relação à Lei das S.A., destacamos um dispositivo legal que julgamos interessante, o parágrafo único do artigo 221:

Parágrafo único. Os sócios podem renunciar, no contrato social, ao direito de retirada no caso de transformação em companhia.

Veja que o sócio poderá renunciar, no contrato social, ao direito de retirada quando a sociedade for transformada em companhia. Ou seja, de antemão, o sócio abdica do direito de retirada.

No caso de falência, nosso Código diz no parágrafo único do artigo 1.115:

Parágrafo único. A falência da sociedade transformada somente produzirá efeitos em relação aos sócios que, no tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titulares de créditos anteriores à transformação, e somente a estes beneficiará.

Ou seja, para os credores anteriores à transformação, aplicam-se as regras do tipo societário anterior, aí incluído eventual responsabilidade ilimitada e/ou solidária dos sócios. Vamos a um exemplo.

Imagine que Abel e Muricy tenham constituído a Abel & Muricy como uma sociedade em nome coletivo (cuja responsabilidade dos sócios é ilimitada e solidária). Enquanto sociedade em nome coletivo, Abel & Muricy realizou transações no mercado com a sociedade GCS LTDA, por exemplo. Em certo momento, os sócios da Abel & Muricy resolvem mudar o tipo societário (ou seja, realizar uma transformação) para LTDA, passando a se chamar Abel & Muricy LTDA, a qual oferece maior segurança patrimonial aos sócios. Caso Abel & Muricy (mesmo já como LTDA) venha a falir, a sociedade GCS LTDA tem o direito de cobrar a dívida, se for o caso, dos sócios Abel e Muricy, pois GCS LTDA adquiriu a posição de credora da sociedade Abel & Muricy quando esta ainda era uma sociedade em nome coletivo.

Por fim, temos dois dispositivos que podem causar confusão:

Art. 968

§ 3º Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.

Art. 1.033

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.

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Veja que o termo usado pelo legislador foi “transformação de registro”. Esses seriam casos de operação societária, regida pelas regras que estudamos? Veja o entendimento do CJF:

Enunciado 464. A "transformação de registro" prevista no art. 968, § 3º, e no art. 1.033, parágrafo único, do Código Civil não se confunde com a figura da transformação de pessoa jurídica.

Atenção!! O instituto da transformação de registro previsto no art. 968, § 3º, e no art.

1.033, parágrafo único não é operação societária!

Incorporação

Incorporação é a absorção de uma ou mais sociedades por outra.

O CC trata do assunto nos artigos 1.116 a 1.118:

Art. 1.116. Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para os respectivos tipos.

Art. 1.117. A deliberação dos sócios da sociedade incorporada deverá aprovar as bases da operação e o projeto de reforma do ato constitutivo.

§ 1o A sociedade que houver de ser incorporada tomará conhecimento desse ato, e, se o aprovar, autorizará os administradores a praticar o necessário à incorporação, inclusive a subscrição em bens pelo valor da diferença que se verificar entre o ativo e o passivo.

§ 2o A deliberação dos sócios da sociedade incorporadora compreenderá a nomeação dos peritos para a avaliação do patrimônio líquido da sociedade, que tenha de ser incorporada.

Art. 1.118. Aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta a incorporada, e promoverá a respectiva averbação no registro próprio.

Atenção!! A avaliação da sociedade incorporada será feita por peritos nomeados pelos sócios da incorporadora. Ou seja, os sócios da incorporadora não fazem a avaliação do patrimônio líquido da incorporada.

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