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Dissolução, Liquidação e Extinção

Nesses 3 casos a cota não será liquidada

Retirada de sócio

Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias;

se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.

Parágrafo único. Nos trinta dias subseqüentes à notificação, podem os demais sócios optar pela dissolução da sociedade.

Temos aqui duas situações.

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Se a sociedade for de prazo determinado, o sócio poderá se retirar desde que prove judicialmente justa causa (por exemplo surgimento de doença que impossibilite o sócio de continuar na sociedade).

Se a sociedade for de prazo indeterminado, o sócio poderá se retirar, além dos casos previstos em lei ou no contrato, mediante notificação com antecedência de pelo menos 60 dias.

Essa diferença de tratamento das sociedades de prazo determinado e indeterminado possui uma lógica.

Regra geral, a sociedade é de prazo indeterminado. A sociedade de prazo determinado somente possui uma data limite pois os sócios entendem que a consecução do objeto social, uma vez atingida, acarretará no término da necessidade de existência da sociedade. Assim, os sócios fazem seu planejamento para estruturar a sociedade por um determinado período. Nesse contexto, a saída de um dos sócios dentro desse período acarretará, provavelmente, dano irreparável à continuidade da empresa. Por isso o legislador optou por tornar mais difícil a retirada de sócio em sociedade com prazo determinado.

Exclusão de sócio

Tratamos desse assunto, em parte, quando falamos das obrigações dos sócios quanto à integralização do capital social. O CC prevê que, além do caso do sócio remisso, o sócio poderá ser excluído, agora judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave ou incapacidade superveniente. É o que diz o artigo 1.030:

Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.

Veja que é incapacidade superveniente. O incapaz pode ser sócio (regra geral), não pode ser empresário (lembra?). Além desses dois casos, temos a possibilidade de exclusão do sócio no caso de falência ou no caso de atingimento de dívida sobre a cota:

Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026.

Ficamos então com 4 casos de exclusão:

Sócio remisso

Judicialmente por falta grave ou incapacidade superveniente

Falência do sócio

Dívida que atinja a cota

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Devido à importância do artigo 1.026, vamos replicá-lo abaixo:

Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do devedor, fazer recair a execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em liquidação.

Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o credor requerer a liquidação da quota do devedor, cujo valor, apurado na forma do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no juízo da execução, até noventa dias após aquela liquidação.

Continuando, devemos trazer os artigos 1.031 e 1.032:

Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.

§ 1o O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem o valor da quota.

§ 2o A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário.

Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação.

Quanto ao artigo 1.032, temos que nos casos de retirada, exclusão ou morte a responsabilidade atinge fatos ocorridos até 2 anos antes da alteração do contrato. E nos casos de retirada ou exclusão, até 2 anos após.

Neste momento, vale citar a regra do artigo 1.027:

Art. 1.027. Os herdeiros do cônjuge de sócio [este é o primeiro caso], ou o cônjuge do que se separou judicialmente [este é o segundo caso], não podem exigir desde logo a parte que lhes couber na quota social, mas concorrer à divisão periódica dos lucros, até que se liquide a sociedade.

Nesta parte o Direito Empresarial se mistura com a parte de sucessões do Direito Civil. Sem querer tratar a fundo do assunto de Direito Civil, sabemos que existem herdeiros (necessários e testamentários), no caso de falecimento. Da mesma forma temos a meação do cônjuge no caso de separação judicial. Nestes dois casos alguém externo à sociedade teria direitos sobre a cota.

Para não termos uma quebra do intuitu personae, o CC diz que esses estranhos à sociedade que possuem

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Vamos exemplificar (vou ignorar o regime de casamento aqui para não confundir mais):

Vamos iniciar pelo segundo caso por ser mais simples. Digamos que Ana e Abel tenham R$ 70.000,00 de patrimônio (desses, R$ 50.000,00 são relativos à cota no capital social da sociedade e outros R$ 20.000,00 em dinheiro no banco). Ao se separarem cada um deveria ficar com R$ 35.000,00. Acontece que a Ana somente recebe R$ 20.000,00, referentes ao dinheiro em conta, uma vez que a cota de Abel na sociedade vale R$

50.000,00. Ou seja, a cota na sociedade seria R$ 50.000,00 dos quais R$ 15.000,00 deveriam ser dados à esposa.

Como o CC veda a liquidação desta cota, caberia à Ana 30% do lucro sobre os R$ 50.000,00 de capital (R$

15.0000,00 / R$ 50.000,00).

Digamos agora que Ana e Abel não tenham se separado, mas que tenham dois filhos.

No caso de falecimento de Ana, 50% dos bens do casal, ou seja, R$ 35.000,00 deveriam ser distribuídos entre Abel e os dois filhos, R$ 11.666,66 para cada um. Acontece que Abel assim teria direito a ficar com R$

46.666,66 (R$ 35.000,00 + R$ 11.666,66). Por outro lado, a cota na sociedade vale R$ 50.000,00. Sendo assim Abel “ficou” com R$ 3.333,33 que deveriam ter sido dados aos filhos de Ana. Da mesma forma, aos filhos do casal, caberiam 6,7% do lucro sobre os R$ 50.000,00 de capital, ao invés da liquidação da cota.

Para essas duas hipóteses, o CC impede tanto que Ana exija a liquidação da cota na sociedade a fim de receber os R$ 15.000,00 restantes, quanto que os filhos do casal exijam a liquidação da cota para receberem os R$ 3.333,33.

Atenção !!

Em suma, não se configura caso de resolução de sociedade em relação a um sócio o direito à meação nem à herança da parte do cônjuge do sócio.

Liquidação

A liquidação é o processo de regularização patrimonial de uma sociedade em processo de extinção. Opera sob o nome “em liquidação”, a fim de evitar prejuízos a terceiros.

Neste processo, o ativo, assim como o passivo, é apurado, as obrigações são pagas e, ao final, verifica-se eventual saldo remanescente a ser distribuído entre os sócios.

Pode ser judicial ou extrajudicial independentemente da forma como ocorreu a dissolução.

O objetivo da liquidação é:

Realizar o ativo: que consiste na venda de bens da sociedade e cobrança de credores

Satisfação do passivo: pagamento dos débitos.

Vamos ao passo a passo da liquidação a partir da dissolução de uma sociedade.

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Art. 1.036. Ocorrida a dissolução, cumpre aos administradores providenciar imediatamente a investidura do liquidante, e restringir a gestão própria aos negócios inadiáveis, vedadas novas operações, pelas quais responderão solidária e ilimitadamente.

Parágrafo único. Dissolvida de pleno direito a sociedade, pode o sócio requerer, desde logo, a liquidação judicial.

O artigo 1.036 disciplinou que os administradores da sociedade farão investidura do liquidante. É necessária gestão final da sociedade apenas com vistas a pagar os valores devidos. Os administradores responderão solidária e ilimitadamente por novas operações.

Art. 1.037. Ocorrendo a hipótese prevista no inciso V do art. 1.033, o Ministério Público, tão logo lhe comunique a autoridade competente, promoverá a liquidação judicial da sociedade, se os administradores não o tiverem feito nos trinta dias seguintes à perda da autorização, ou se o sócio não houver exercido a faculdade assegurada no parágrafo único do artigo antecedente.

Parágrafo único. Caso o Ministério Público não promova a liquidação judicial da sociedade nos quinze dias subseqüentes ao recebimento da comunicação, a autoridade competente para conceder a autorização nomeará interventor com poderes para requerer a medida e administrar a sociedade até que seja nomeado o liquidante.

O artigo 1.037 relaciona-se à hipótese da a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. O MP assume função de liquidação da sociedade. Se o MP não assumir nos 15 dias, será nomeado interventor pela autoridade competente.

Art. 1.038. Se não estiver designado no contrato social, o liquidante será eleito por deliberação dos sócios, podendo a escolha recair em pessoa estranha à sociedade.

§ 1o O liquidante pode ser destituído, a todo tempo:

I - se eleito pela forma prevista neste artigo, mediante deliberação dos sócios;

II - em qualquer caso, por via judicial, a requerimento de um ou mais sócios, ocorrendo justa causa.

O artigo 1.038 nos traz hipóteses para escolha do liquidante caso não estejam previstos no contrato social:

eleição será decidida por deliberação dos sócios, podendo ser pessoa estranha àquela sociedade.

Por sua vez, o liquidante também pode ser excluído a qualquer tempo por deliberação dos sócios caso sua eleição tenha ocorrido nos termos do artigo 1.038, caput, ou judicialmente, por requerimento do sócio ocorrendo justa causa.

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Extinção

Finda a liquidação, temos a apuração de haveres, que consiste na verificação de quanto cabe a cada sócio.

Segue-se então a partilha dos haveres que cabem a cada sócio. Realizada a partilha temos finalmente a extinção da personalidade jurídica.

Deverá o liquidante prestar contas de sua atuação em assembleia dos sócios, e, se aprovada, deverá ser a ata registrada no órgão competente para extinguir a pessoa jurídica.

A extinção ocorre com o respectivo registro na Junta Comercial.

Existe prazo decadencial de 30 dias contados da publicação da ata aprovando a prestação de contas para os sócios contestarem a prestação de contas do liquidante.

Findo o prazo de contestação e inexistindo contestação, extingue-se a personalidade jurídica.

Importante também mencionar o artigo 1.192, CC, o qual dispõe acerca da preservação da escrituração da sociedade extinta enquanto não estiverem prescritas as obrigações sociais.

(VUNESP. TJ-SP – Juiz Substituto. 2017) A retirada do sócio de sociedade limitada

a) depende da aprovação dos demais em assembleia ou reunião.

b) condiciona-se à prévia propositura de ação judicial.

c) condiciona-se à apresentação de justa causa.

d) constitui direito potestativo do sócio retirante.

RESOLUÇÃO:

Letra A. Não temos nenhum tipo de limitação deste tipo.

Letra B. Isso somente se aplica na retirada de sócio da LTDA por tempo determinado. Na por tempo indeterminado basta a comunicação.

Letra C. Isso somente se aplica na retirada de sócio da LTDA por tempo determinado. Na por tempo indeterminado basta a comunicação.

Letra D. Direito potestativo é um direito que não admite contestações. Assim, o direito de retirada do sócio, em uma sociedade por tempo indeterminado, constitui direito potestativo.

Resposta: D.

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(FCC. SEFAZ-SC. 2018)

No tocante à liquidação societária, é correto afirmar:

a) Respeitados os direitos dos credores pignoratícios, pagará o liquidante as dívidas sociais proporcionalmente, distinguindo entre vencidas, a serem pagas em primeiro lugar, e vincendas, a serem quitadas posteriormente, se houver saldo remanescente.

b) Compete ao liquidante representar a sociedade e praticar todos os atos necessários à sua liquidação, salvo alienar bens móveis e imóveis, que é ato exclusivo da Assembleia Geral.

c) Sem estar expressamente autorizado pelo contrato social, ou pelo voto da unanimidade dos sócios, não pode o liquidante gravar de ônus reais os móveis e imóveis ou contrair empréstimos, em nenhuma hipótese.

d) Encerrada a liquidação, o credor não satisfeito só terá direito a exigir dos sócios, individualmente, o pagamento do seu crédito, até o limite da soma por eles recebida em partilha, e a propor contra o liquidante ação de perdas e danos.

e) Somente por autorização unânime em Assembleia Geral poderá o liquidante fazer rateios por antecipação da partilha, na medida em que se apurem os haveres sociais.

RESOLUÇÃO:

Os artigos 1.102 a 1.112 do CC tratam da liquidação. A cobrança desse tema, em geral, é feita através da literalidade dos artigos. Esta questão é do ICMS/SC de 2018. Embora seja da FCC entendemos ser interessante que você esteja atento à necessidade de conhecer estes artigos.

Letra A. O pagamento será feito sem distinção entre dívidas vencidas e vincendas, porém com desconto sobre as vincendas. Art. 1.106. Assertiva errada.

Letra B. Alienar bens móveis ou imóveis é uma das competências do liquidante. Art. 1.105. Assertiva errada.

Letra C. O parágrafo único do artigo 1.105 adiciona uma exceção à falta de autorização expressa no contrato ou por votação unânime dos sócios. Assertiva errada. Veja o dispositivo:

Parágrafo único. Sem estar expressamente autorizado pelo contrato social, ou pelo voto da maioria dos sócios, não pode o liquidante gravar de ônus reais os móveis e imóveis, contrair empréstimos, salvo quando indispensáveis ao pagamento de obrigações inadiáveis, nem prosseguir, embora para facilitar a liquidação, na atividade social.

Letra D. Literalidade do artigo 1.110. Assertiva certa.

Letra E. O artigo 1.107 diz que os sócios poderão deliberar, por maioria de votos. Assertiva errada.

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Esquema resumo sobre dissolução

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Dissolução

Falência de sócio ostensivo (conta de participação)

Falta de uma das categorias de sócios (comandita simples)

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