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REVISTA CIENTÍFICA EDUC@ÇÃO

ISSN 2526-8716

O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E AS POLÍTICAS

PÚBLICAS EDUCACIONAIS

Fabiana Aparecida Reichert Carlos1

Claudio Neves Lopes2 RESUMO

Muitos obstáculos são percebidos, sobretudo a insuficiência de um atendimento educacional apropriado as suas necessidades. É necessário conhecer as diversas características O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um tema que tem gerado inúmeras discussões, pois, é uma condição pouco conhecida entre os profissionais da escola e que na implementação de processos apresentadas pelo indivíduo com Transtorno do Espectro Autista, para assim, saber como mediar, respeitando seu tempo e trabalhando da melhor maneira possível as suas capacidades e o isolamento seja eliminado totalmente. As Políticas públicas, representam um conjunto de ações governamentais destinadas a concretizar os fins essenciais estabelecidos pela Constituição e isso não é tarefa fácil. Para que haja inclusão escolar, é necessário comprometimento por parte de todos os envolvidos, ou seja, alunos, professores, pais, comunidade, diretor, enfim, todos que participem da vida escolar direta ou indiretamente. Este trabalho tem como objetivo entender o funcionamento das Políticas Públicas e os mecanismos que favorecem a inclusão de indivíduos com TEA. O aporte teórico desta pesquisa se dá pela leitura das pesquisas bibliográfica, releitura bibliográfica de livros, Teses de Doutorado, Mestrado, Teses de conclusão de curso e Artigos. Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista; Políticas Públicas; Escolas.

AUTISTIC SPECTRUM DISORDER AND PUBLIC

EDUCATIONAL POLICIES

ABSTRACT

Even many obstacles are perceived, especially the lack of appropriate educational assistance to their needs. It is necessary to know the various characteristics Autistic Spectrum Disorder (ASD) is a topic that has generated numerous discussions, as it is a condition little known among school professionals and that in the implementation of processes presented by the individual with Autism Spectrum Disorder, thus, knowing how to mediate, respecting your time and working as best as possible with your abilities and isolation is eliminated entirely. Public policies represent a set of government actions aimed at achieving the essential purposes established by the Constitution and this is not an easy task. For there to be school inclusion, commitment is required from all those involved, that is, students, teachers, parents, community, principal, in short, everyone who participates in school life directly or indirectly. This work aims to understand the functioning of Public Policies and the mechanisms that favor the inclusion of individuals

1Licenciatura em Pedagogia pela ULBRA - Universidade Luterana do Brasil. E - mail: fabianareichert@ig.com.br.

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with ASD. The theoretical contribution of this research is given by reading the bibliographic research, bibliographic re-reading of books, Doctoral Theses, Master's theses, theses and papers.

Keywords: Autistic Spectrum Disorder; Public policy; Schools.

THE AUTISTIC SPECTRUM DISORDER AND PUBLIC

EDUCATIONAL POLICIES

ABSTRACT

Autistic Spectrum Disorder (ASD) is a topic that has generated numerous discussions, since it is a condition little known among school professionals and that in the implementation of inclusive processes many obstacles are perceived, especially the insufficiency of an appropriate educational service. your needs. It is necessary to know the various characteristics presented by the individual with Autism Spectrum Disorder, in order to know how to mediate, respecting their time and working in the best possible way their abilities and the isolation is totally eliminated. Public Policies represent a set of governmental actions aimed at achieving the essential purposes established by the Constitution and this is not an easy task. In order for there to be school inclusion, it is necessary to commit all those involved, that is, students, teachers, parents, community, director, in short, all who participate in school life directly or indirectly. This work aims to understand the functioning of Public Policies and the mechanisms that favor the inclusion of individuals with ASD. The theoretical contribution of this research is given by the bibliographical researches, bibliographical re-reading of books, PhD Theses, Masters, Theses of conclusion of course and Articles.

Keyword: Autism Spectrum Disorder; Public policy; Schools. INTRODUÇÃO

O psiquiatra suíço Plouller em 1906, utilizou o termo autismo pela primeira vez ao descrever o isolamento frequente em alguns de seus pacientes. Mas somente em 1940 que o transtorno recebeu maior atenção, quando o médico austríaco Leo Kanner, teve contato com um garoto com um problema que seria chamado futuramente, como distúrbio Autístico. Algum tempo depois, o psiquiatra austríaco Hans Asperger descreveu uma condição muito semelhante, que ficou conhecida como Síndrome de Asperger (NEGRETTI et al., 2016). Autismo é um termo geral utilizado para classificar o transtorno ou distúrbio do neurodesenvolvimento, conhecido recentemente como Transtorno do Espectro Autista. Seu gene causador não é conhecido, deste modo, não se trata de uma doença nem de uma síndrome, tampouco há identificado um gene comum em vários pacientes, embora os comportamentos e déficits sejam descritos de forma semelhante (NEGRETTI et al., 2016).

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O Autismo é uma condição pouco conhecida entre os profissionais da escola e que na implementação de processos inclusivos muitos obstáculos são percebidos, sobretudo a insuficiência de um atendimento educacional apropriado as suas necessidades (BENINI et al., 2016).

Nesse sentido, os direitos educacionais devem ser estendidos à pessoa com autismo, conforme garantido na Constituição Federal; em seu Art. 205, em relação à educação como um direito de todos, bem como no Art. 206, inciso I, que estabelece igualdade de condições de acesso e permanência na escola. Esses direitos também são previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), nos Art. 58 e 59, que oferece respaldo para que o ensino da pessoa com deficiência (e que apresenta necessidades educacionais especiais) seja ministrado no ensino regular, preferencialmente, assim como, em decretos e documentos. Além disso, há direitos previstos no artigo 1º, no § 2º, da Lei nº 12.764/12, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, designando acesso à educação com as adaptações cabíveis que contemplem suas necessidades (COSTA et al., 2017).

Baseado nessas informações o objetivo deste estudo é verificar se há garantia das Políticas Públicas nas Escolas para as crianças com Transtorno do Espectro Austista.

O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E SUA HISTÓRIA

Na primeira década do século XX, houve a introdução do adjetivo autista na literatura psiquiatra por Plouller que na época estudava o processo do pensamento de pacientes que tinham diagnóstico de demência precoce, modificando para esquizofrenia (GAUDERER et al., 1997).

O Doutor Leo Kanner na década de 1940 apresentou estudos e investigações científicas sobre o Autismo, deste modo, compondo o Autismo como quadro de psicose, ou seja, uma incapacidade de estabelecer relações com outras pessoas, isolamento, comportamento obsessivo e fuga da realidade, para as respostas incomuns dadas pelas crianças ao ambiente, surgindo o nome “Distúrbio Autístico do Contato Afetivo” como sendo a origem das dificuldades apresentadas.

Um dos momentos importantes para a história do Autismo se deu sob os estudos de Michael Rutter em 1978, psicólogo de origem britânica, que confirmou em quatro critérios

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as características do Autismo. Atrasos cognitivos e desvio sociais, problemas de comunicação, comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e compulsivos (NICOLINO et al., 2009).

Hans Asperger, um pediatra austríaco, em 1944 estudou um grupo de crianças que tinham dificuldade em integrar-se socialmente e desconhecendo a descrição de Kanner, indicou um transtorno estável de personalidade definido pelo isolamento social, Asperger chamou esta condição como Psicopatia.

Em 1980, pela primeira vez o autismo seria reconhecido e colocado em uma classe de transtornos, ou seja, os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TIDs), influenciando a definiçaõ desta condição no DSM-III.

Com o passar do tempo e maior conhecimento a respeito desse tipo de condição, surgiu a denominação de Transtornos Globais ou Invasivos do Desenvolvimento (TGD) que incluía, além do Autismo e da Síndrome de Asperger a Síndrome de Rett e o Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD). Mais recentemente adotou-se o termo “Transtorno do Espectro do Autismo” (TEA), para englobar o Autismo, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação (SCHWARTZMAN et al., 2010).

O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E SUAS CARACTERÍSTICAS

A falta de conhecimento sobre o Autismo leva a pensamentos errados sobre o seu comportamento, gerando repulsa por parte da sociedade. Desse modo, Orrú (2007) atesta que, quando as pessoas são questionadas sobre o autismo, geralmente são levadas a dizer que se trata de crianças que se debatem contra a parede, têm movimentos esquisitos, ficam balançando o corpo e chegam até o dizer que é perigoso e precisam ficar trancados em uma instituição para deficientes mentais (ORRÚ et al., 2007).

Deste modo, é necessário um estudo mais aprofundo sobre o autismo para que a falta de conhecimento não se transforme em obstáculos, pois, são seres humanos como todos os outros, apenas com dificuldades e comportamentos diferentes, devido ao Transtorno do Espectro Autista.

A palavra “Autismo” vem da palavra grega “autos”, que significa “próprio”. Autismo significa literalmente, viver em função de si mesmo (GÓMEZ & TERÁN et al., 2014).

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Sendo assim, são necessários estudos contínuos e busca por novas formas de aprendizagem, para ter um conhecimento mais profundo e reflexivo do que é o Autismo, pois, com o crescimento do Transtorno do Espectro Autista e suas variadas formas de apresentar-se, deve-se atentar às características do comportamento.

Goméz e Terán (2014) citam que os sintomas clássicos do Autismo são a interação social limitada, problemas com a comunicação verbal e não verbal, a imaginação, atividades e interesses limitados ou pouco usuais, também podendo ter dificuldades em manter uma conversação ou olhar alguém diretamente nos olhos.

Além de serem confundidos com esquizofrênicos e psicóticos “algumas vezes, os autistas são confundidos com pessoas surdas. Por meio de uma observação mais apurada, percebe-se que eles ouvem, mas não reagem aos estímulos (LIMA et al.,2006, p. 89).”

Silva (2012), afirma que:

Pessoas com autismo apresentam muitas dificuldades na socialização, com variados níveis de gravidade. Existem crianças com problemas mais severos, que praticamente se isolam em um mundo impenetrável; outras não conseguem se socializar com ninguém; e aquelas que apresentam dificuldades muito sutis, quase imperceptíveis para a maioria das pessoas, inclusive para alguns profissionais. Estas últimas apresentam apenas traços do autismo, porém não fecham diagnóstico (p. 232).

Gómez & Terán (2014) falam também sobre outras características do comportamento do Transtorno do Espectro Autista como a coordenação, motora, a linguagem, o âmbito cognitivo, a alimentação entre outros. Em relação a coordenação motora ressalta a questão de que é difícil para o autista imitar atividades motoras representadas por outros, apresentando outros tipos de comportamentos ritualísticos e apegos a determinados objetos de seu interesse.

Existem atrasos na fala, alguns falam em um tom de canção, não considerando o envolvimento de interesse pelo outro indivíduo com quem está falando, fazendo também o uso de repetição de palavras, ao qual chamamos de ecolalias.

No campo cognitivo, enquanto alguns autistas apresentam uma limitação profunda às atividades, outros são notados por um talento extraordinário como, por exemplo, a memorização de músicas, desenhos, listas telefônicas entre outras. Sobre a alimentação é comum que apresentem rejeição total a um tipo de alimento ou então apreciação elevada por determinados alimentos.

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É necessário conhecer as diversas características apresentadas pelo indivíduo com Transtorno do Espectro Autista, para assim, saber como mediar, respeitando seu tempo e trabalhando da melhor maneira possível as suas capacidades e o isolamento seja eliminado totalmente.

POLÍTICAS PÚBLICAS E O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

De modo geral, Políticas públicas, representam um conjunto de ações governamentais destinadas a concretizar os fins essenciais estabelecidos pela Constituição, e as Políticas públicas de inclusão, de modo especial, possuem a finalidade de “[...] assegurar o acesso efetivo de segmentos pouco representados da população aos bens sociais fundamentais, com que se reduz o impacto de um modelo puro de democracia representativa (APPIO et al., 2007).

Com a publicação da lei nº12.764, de 2012, foi desfeito um grande dilema, que “institui a Política Nacional de proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, e da outras providencias. A lei deixa claro que o Transtorno do Espectro Autista é considerada deficiência para todos os efeitos legais. Essa determinação assegura às pessoas autistas um conjunto de direitos conquistados pelas pessoas com deficiências no Brasil, no decorrer das últimas décadas, os autistas viviam desprezados à meras existências, tal o descaso e abandono.

A Lei n.º 12.764/12 representa um marco na vida de cada pessoa com autismo e daquelas que convivem com essas pessoas, pois trouxe à tona o importante tema das Políticas Públicas. Portanto, procurando satisfazer as necessidades dessa minoria que por tanto tempo permaneceu invisível aos olhos do Legislativo e do Executivo e com o propósito de superar os obstáculos que dificultam a inclusão na sociedade, a Lei contemplou uma ampla lista de direitos. Nessa perspectiva, o artigo 3º, em síntese, estabelece expressamente quais são os direitos que a pessoa com autismo possui: à vida digna; à integridade física e moral; à segurança; ao lazer; acesso integral aos serviços de saúde, a qual inclui diagnóstico precoce, atendimento multiprofissional, a obtenção de medicamentos, nutrientes adequados; à educação em instituição de ensino regular ou especial; à moradia; ao mercado de trabalho; à previdência e assistência social; ao meio de transporte adequado para efetivação do direito à educação e do acesso à saúde (BRASIL et al., 2012).

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Apesar desses melhoramentos, a Lei n°. 12.764/12 é alvo de muitas críticas por deixar falhas no que diz respeito à obrigatoriedade da presença dos tutores para o atendimento especializado aos estudantes autistas, principalmente na rede privada de ensino e ao acesso de crianças a creches e escolas, que muitas vezes é dificultado em razão do Transtorno do Espectro Autista, além disso, as escolas e outras instituições de ensino não possuem equipes especializadas (com psicólogos, terapeutas, fonoaudiólogos, entre outros) para o atendimento dessas crianças e adolescentes, o que é fundamental para o seu desenvolvimento (COSTA & FERNANDES et al., 2018).

A Lei n° 9.394/96, a qual estabelece as Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, também menciona as pessoas com o transtorno em seu artigo 4°, ao decretar que é dever do Estado “[...] atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL et al., 1996, p. 138).

A Política Nacional de Educação Especial, publicada no Brasil em 1994, estabelece “um conjunto de objetivos destinados a garantir o atendimento educacional do aluno portador de necessidades especiais, cujo direito a igualdade de oportunidades nem sempre é respeitado (Brasil et al., 1994, p. 67).”

Deste modo, cada município ou estado também possui suas leis. No geral, os benefícios incluem atendimento gratuito na Assistência Social (CRAS e CREAS), Benefício de Prestação Continuada, que é um benefício socioassistencial regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei 8.742/93), atendimento educacional especializado (mesmo em escola regular, é possível um acompanhamento de um profissional específico em Transtorno do Espectro Autista), na Saúde, com atendimento terapêutico e dentário, entre outros, além de passe livre no transporte público. Até mesmo vagas específicas para deficientes em estacionamentos podem ser asseguradas a quem tem Autismo ou acompanha um autista, inclusive a redução da jornada de trabalho sem redução de salário em alguns casos. Antes, porém, deve-se consultar os pré-requisitos específicos para cada lei como, por exemplo, a questão da renda família. (MUNDO et al., 2016).

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Segundo Martins (2006), a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva requer, especialmente, uma escola pensada e organizada a partir de um processo inclusivo, em que as escolas:

Devem centrar-se na busca de rever concepções, estratégias de ensino, de orientação e de apoio para todos os alunos, a fim de que possam ter suas necessidades reconhecidas e entendidas, desenvolvendo ao máximo as suas potencialidades (MARTINS et al., 2006, p. 246).

Para as autoras, Brande e Zanfelice (2012), receber alunos com deficiência, mais especificamente com Transtornos do Espectro Autista, é um desafio que as escolas enfrentam diariamente, pois pressupõe utilizar de adequações ambientais, curriculares e metodológicas.

Isso não é tarefa fácil, pois, para que haja inclusão escolar, é necessário comprometimento por parte de todos os envolvidos, ou seja, alunos, professores, pais, comunidade, diretor, enfim, todos que participem da vida escolar direta ou indiretamente (SCARDUA et al., 2008).

Paulon, Freitas e Pinho (2005), a aprendizagem é considerada um aspecto fundamental para o desenvolvimento do ser humano:

Um pressuposto frequente nas políticas relativas à inclusão supõe um processo sustentado unicamente pelo professor, no qual o trabalho do mesmo é concebido como o responsável pelo seu sucesso ou fracasso. É claro que a aprendizagem dos alunos é uma das metas fundamentais, não só dos professores, mas de todo o profissional que esteja implicado com a educação e, sem dúvida, uma prática pedagógica adequada é necessária para alcançá-la (PAULON, FREITAS, & PINHO et al., 2005, p. 92). É possível realizar algumas adaptações curriculares nas atividades apresentadas no Ensino fundamental para os alunos autistas:

Nas situações de integração escolar, nem todos os alunos com deficiência cabem nas turmas de ensino regular, pois há uma seleção prévia dos que estão aptos à inserção. Para esses casos, são indicados a individualização dos programas escolares, os currículos adaptados, as avaliações especiais e a redução dos objetivos educacionais para compensar as dificuldades de aprender. Em suma: a escola não muda como um todo, mas os alunos têm de mudar para se adaptar às suas exigências (MANTOAN, et al., 2006, p. 32).

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei nº 8069/1990, aponta o artigo 54, que é dever do Estado oferecer atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino:

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Artigo 54- É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: I - Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

II - Progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - Atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;

IV – Atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016)

V - Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI - Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;

VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo; § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente. § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola (ECA et al., 1990, 63).

A Declaração Mundial de Educação para Todos, de 1990 e a Declaração de Salamanca, de 1994, ressalta a necessidade de instituições de políticas públicas educacionais voltadas para que a diferença humana fosse assumida na educação:

Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas, sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades, aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades, escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêm uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional (BRASIL et al., 1994, p. 26).

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Conforme o Decreto nº 6571, de 2008 revogado pelo Decreto nº7.611,de 2011, o AEE – Atendimento e Educacional Especializado é considerado como “conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular” (BRASIL et al., 2011)

De acordo com o Decreto nº 6571, 2008, o atendimento educacional especializado foi criado para dar um suporte para os alunos deficientes para facilitar o acesso ao currículo: Artigo 1º - A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto, com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular.

§ 1º - Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular.

§ 2º - O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas (BRASIL et al., 2008, p. 156). É importante, ter um ambiente acolhedor no espaço educativo, onde o aluno possa ter mobilidade, e a escola um prévio conhecimento das especificidades da criança autista. O ambiente deve dar informações sobre o que é solicitado ou esperado naquele espaço, de uma forma clara com acesso fácil da criança ao objeto de que fará uso ou o trajeto que deverá realizar; pode-se utilizar divisórias que ajudem a criança a entender onde cada área de trabalho começa e termina, bem como colaborar para estabelecer o contexto integrado das atividades; b – Minimizar distrações visuais e auditivas a fim de possibilitar que o estudante preste atenção no conceito e não nos detalhes (SCHWARTZMAN et al.,1995).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao conhecer mais sobre a temática do Transtorno do Espectro do Autismo e refletir sobre a inclusão destes estudantes na escola comum, percorremos um longo caminho, de pesquisa bibliográfica a fim de compreender sobre práticas pedagógicas inclusivas voltadas para alunos com TEA.

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Quando pensamos no processo de inclusão escolar, vale comparar como um jogo de quebra-cabeça. Quando o mesmo se encontra desmontado dentro da embalagem, com suas peças soltas e misturadas, fica difícil perceber a falta de alguma delas, caso haja, pois são muitas e todas semelhantes entre si. Assim que o jogo é montado e organizado, podemos perceber uma falha, um buraco no conjunto do quebra-cabeça. Deste modo, ocorrer na inclusão escolar, onde cada peça é fundamental para o conjunto da obra e todas juntas se encaixam, ao final.

A inclusão escolar vem sendo implementada no ensino regular de forma gradativa pela legislação, ao mesmo tempo, vem sendo percorrida por alguns profissionais ainda despreparados e por uma sociedade ignorante, no sentido de desconhecer as legislações e valores de direitos humanos. Incluir alunos com Transtorno do Espectro Autista em turmas regulares ainda é um assunto muito delicado no Brasil, dadas as características do transtorno, tornando-se um grande desafio para a educação e áreas interdisciplinares.

Deste modo, é necessário realizar mais estudos com este tema, especialmente os relacionados aos alunos com Transtorno, a fim de divulgar os trabalhos que estão sendo desenvolvidos e de que forma os processos de inclusão estão ocorrendo, através de investigações com sujeitos diversificados e também diferentes abordagens metodológicas.

É preciso que cada vez mais se desmistifique certas crenças e valores e se ter mais conhecimentos sobre estes indivíduos que são capazes de surpreender e superar muitas expectativas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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