03/10/2020
Número: 0600166-85.2020.6.10.0101
Classe: REGISTRO DE CANDIDATURA
Órgão julgador: 101ª ZONA ELEITORAL DE GOVERNADOR NUNES FREIRE MA Última distribuição : 23/09/2020
Processo referência: 06001650320206100101
Assuntos: Registro de Candidatura - RRC - Candidato, Cargo - Prefeito, Eleições - Eleição Majoritária
Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO Justiça Eleitoral
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Partes Procurador/Terceiro vinculado
JOSIMAR ALVES DE OLIVEIRA (REQUERENTE)
JUNTOS PELA TRASFORMAÇÃO 13-PT / 12-PDT / 40-PSB / 43-PV / 45-PSDB (REQUERENTE)
DIRETORIO MUNICIPAL DO PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (REQUERENTE)
DIRETORIO MUNICIPAL DO PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO - PSB DO MUNICIPIO DE GOVERNADOR NUNES FREIRE (REQUERENTE)
PARTIDO SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA- PSDB (REQUERENTE)
DIRETORIO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES EM GOVERNADOR NUNES FREITE/MA (REQUERENTE) 43 PARTIDO VERDE (REQUERENTE)
PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO MARANHÃO (FISCAL DA LEI) Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 11823 266 03/10/2020 14:23 AIRC Petição 11823 286
03/10/2020 14:23 101ª Zona (Governador Nunes Freire) AIRC -Josimar da Serraria
Petição
11823 294
03/10/2020 14:23 PROCURAÇAO AD JUDICIA FERNANDA MARIA MELO COSTA 2020
Procuração
11823 290
03/10/2020 14:23 Ata Vice Prefeito - 1ª Posse como prefeito Outros documentos
11823 292
03/10/2020 14:23 Certidão Josimar SErraria - 2ª posse como prefeito Outros documentos
11824 542
03/10/2020 14:23 foto posse 2020 Outros documentos
11824 543
03/10/2020 14:23 posse dez 2016 Outros documentos
11824 545
03/10/2020 14:23 Posse gestão 2017 - Outros documentos
EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DA 101ª ZONA ELEITORAL DO MARANHÃO (GOVERNADOR NUNES FREIRE),
Registro de candidatura n.º 0600166-85.2020.6.10.0101.
FERNANDA MARIA MELO COSTA, candidata à vereadora na cidade
Governador Nunes Freire-MA, CNPJ - 38.990.051/0001-80, CPF n.º 017034383-96, título de eleitor n.º 056065001104, domiciliada à BR 316, s/n, Loteamento Santa Maria, vem, tempestiva e respeitosamente, perante de Vossa Excelência, ingressar com AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE
REGISTRO DE CANDIDATURA – AIRC, com fulcro no Art. 3º da Lei Complementar nº
64/90, em face de JOSIMAR ALVES DE OLIVEIRA, ou “JOSIMAR DA SERRARIA”, candidato à prefeitura de Governador Nunes Freire-MA, CNPJ de campanha n.º 38.760.439/0001-95, identidade nº 533493-SSP/MA, CPF nº 22522620363, domiciliado à Br 316, Km 66, S/N Chácara Larissa - Primavera, 07668, Governador Nunes Freire-Ma, CEP 65284000, o que faz nos termos abaixo.
1. DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO.
Inicialmente, insta consignar que foi a publicação do edital contendo o pedido de registro de candidatura do Impugnado ocorreu em 30/10/2020, assim, considerando o prazo de 5 (cinco) dias, previsto no art. 3º, da Lei Complementar n.º 64/1990, é perfeitamente tempestiva a presente impugnação1.
1 LC 64/90: Art. 3° Caberá a qualquer candidato, a partido político, coligação ou ao Ministério Público, no
prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação do pedido de registro do candidato, impugná-lo em petição fundamentada.
2. DOS FATOS.
O Impugnado, até então vice-prefeito, assumiu a Prefeitura de Governador Nunes Freire-MA, em 02 de dezembro de 2016, permanecendo até o final do mandato, conforme Ata Solene de Posse, em anexo:
Destaca-se que antes de assumir a prefeitura até o final do mandato 2013/2016, em outubro de 2016, o Impugnado foi eleito novamente vice-prefeito da cidade de Governador Nunes Freire, na chapa majoritária encabeçada por INDALECIO WANDERLEI VIEIRA FONSECA.
Posteriormente, com a morte do ex-prefeito INDALÉCIO VIEIRA2, eleito para o mandato 2017/2020, ocorrida em 29/07/2020, o Impugnado assumiu novamente a Chefia do Executivo, em 07 de agosto de 2020, na cidade Governador Nunes Freire-MA, cargo em que permanece até hoje:
No atual cenário, o Impugnado tenta a reeleição, para novamente ocupar o cargo de prefeito na cidade de Governador Nunes Freire-MA, desta vez para o mandato de 2021 a 2024.
Era o que merecia relato.
2 Disponível em: <
3. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS. OCUPAÇÃO DA CHEFIA DO EXECUTIVO POR UM TERCEIRO MANDATO CONSECUTIVO. IMPOSSIBILIDADE.
O instituto da reeleição aos ocupantes do cargo de chefia do Executivo foi introduzido no ordenamento brasileiro através da Emenda Constitucional n.º 16 de 1997, que acrescentou o § 5º, ao artigo 14, da Carta Magna o seguinte: “O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente” (CF, art. 14, § 5o).
É dizer que os que ocupem o cargo de chefe do Poder Executivo, ou quem os houver sucedido ou substituído, somente poderão renovar seus mandatos para um único período subsequente.
A proibição para o exercício de mais de dois mandatos consecutivos decorre do
princípio democrático da alternância de poder e tem o fim de evitar a perpetuação de mesmo
grupo político à frente da administração de determinada cidade ou determinado estado.
Sob a interpretação de José Jairo Gomes: “O conceito de sucessão não deve ser
confundido com o de substituição, pois, enquanto naquela a investidura no cargo do titular se dá em caráter permanente, nesta é temporária”3.
No caso concreto, na primeira sucessão, o Impugnado foi empossado pela Câmara Legislativa de Governador Nunes Freire-MA, em 02 de dezembro de 2016, na forma da lei,
permanecendo como prefeito até o final do mandato que foi compreendido em 2013/2016,
portanto, em caráter permanente.
Na segunda sucessão, com a morte do até então prefeito, o Impugnado assumiu o
mandato compreendido entre 2017/2020, também de forma permanente, devendo permanecer
novamente até o seu final.
Observa-se que o novo pedido de candidatura do Impugnado visa a obtenção de possibilidade de se ocupar novamente a Chefia do Executivo Municipal de Governador Nunes Freire-MA, o que configuraria o exercício de um terceiro mandato consecutivo.
Veja, Excelência, que não se trata de um caso em que o vice-prefeito reeleito tenta se candidatar ao cargo de prefeito, nas eleições seguintes ao seu segundo mandato, mas sim de prefeito que tenta a reeleição em 2020, mesmo já tendo assumido a prefeitura, até o final do primeiro mandato, em 2016. Ou seja, em 1º de janeiro de 2017, o Impugnado “passou a faixa” para o seu sucessor, que viria ser sucedido pelo próprio Impugnado, após sua morte, em julho de 2020.
Ocorre que essa “dança de cadeiras” acabou por atrair inelegibilidade inafastável à parte Impugnada.
Assim dispõe a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral:
“Consulta. Terceiro mandato. Prefeito. Matéria já apreciada pelo tribunal superior eleitoral. Prejudicialidade. Não conhecimento. 1. O TSE já definiu que a assunção à chefia do poder executivo, por qualquer fração de tempo ou circunstância, configura exercício de mandato eletivo e o titular só poderá se reeleger por um único período subsequente[...] 2. Considera-se prejudicada a consulta cujo objeto já foi apreciado pela corte. Precedente.3. Consulta não conhecida”.
Ac de 12.5.2015 na Cta nº 21715, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura; no mesmo sentido o Ac de 5.5.2009 na Cta nº 1538, rel. Min. Ricardo Lewandowski).
Assim lecionam Dirley da Cunha Júnior e Marcelo Novelino: “Quanto ao vice, o TSE adota o entendimento de que caso este assuma a chefia do Poder Executivo, seja em caráter temporário ou definitivo, aplica-se-lhe a mesma regra da reeleição estabelecida para o titular (Consulta 1.699-3700). [...] Vale dizer: o vice que houver sucedido o titular e, nas eleições seguintes, tiver sido eleito para o mesmo cargo, não poderá se candidatar novamente para as próximas eleições”4.
O artigo 14, parágrafo 5º, da Constituição Federal veda a perpetuação no cargo, não sendo possível o exercício de um terceiro mandato subsequente, ainda que em município diverso, logo o registro da candidatura do Impugnado não possui salvaguarda na nossa Carta Magna.
Portanto, ausente condição indispensável ao processamento e aceite da candidatura, pugna-se para que este Excelentíssimo Juízo conceda total procedência a presente impugnação, vez que é constitucionalmente inelegível o candidato Impugnado.
4. DOS REQUERIMENTOS.
Diante dos fatos, requer-se a Vossa Excelência:
a) A citação do Impugnado para que apresente contestação no prazo de 7(sete) dias, nos termos do art. 4º, da LC n.º 64/90;
b) A intimação do Ministério Público Eleitoral, enquanto fiscal do ordenamento jurídico;
c) Que, ao final, SEJA INDEFERIDO O PEDIDO DE REGISTRO DE
CANDIDATURA DO IMPUGNADO, tendo em vista a vedação
constitucional de exercício de três mandatos consecutivos na Chefia do Poder Executivo.
Nestes termos, pede e espera deferimento.
Governador Nunes Freire-MA, 03 de outubro de 2020.
MARCUS VINÍCIUS DA SILVA SANTOS OAB/MA n. 7.961.