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O uso turístico e de lazer das áreas lacustres de Nísia Floresta – RN: o caso das lagoas de Arituba e de Alcaçuz

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Academic year: 2021

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CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

Rosyellen Pereira da Silva

O USO TURÍSTICO E DE LAZER DAS ÁREAS LACUSTRES DE NÍSIA FLORESTA – RN: O caso das lagoas de Arituba e de Alcaçuz

Natal/RN 2019

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Rosyellen Pereira da Silva

O USO TURÍSTICO E DE LAZER DAS ÁREAS LACUSTRES DE NÍSIA FLORESTA – RN: O caso das lagoas de Arituba e de Alcaçuz

Monografia apresentada ao curso de Graduação de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, para a obtenção do título de Bacharel em Geografia.

Orientadora: Profª Drª. Maria Aparecida Pontes da Fonseca

Natal/RN 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA

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Rosyellen Pereira da Silva

O USO TURÍSTICO E DE LAZER DAS ÁREAS LACUSTRES DE NÍSIA FLORESTA – RN: O caso das lagoas de Arituba e de Alcaçuz

Monografia apresentada ao curso de Graduação de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, com banca de avaliação composta por:

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Profª Drª. Maria Aparecida Pontes da Fonseca Orientadora, Departamento de Geografia/UFRN

______________________________________

Profº Dr. Alessandro Dozena

Membro, Departamento de Geografia/UFRN

______________________________________

Profº Dr. Marcelo dos Santos Chaves Membro, Departamento de Geografia/UFRN

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AGRADECIMENTOS

A realização desta pesquisa foi muito difícil para mim, então ver todo este trabalho pronto significa muita superação e esforço da minha parte e o reconhecimento de que eu pude realizar tal tarefa.

Antes de mais nada, quero agradecer a minha família por todo apoio e toda compreensão neste árduo caminho da graduação, em especial aos meus pais e a minha irmã, que estiveram ao meu lado o tempo inteiro, me ajudando em tudo o que eu precisava sempre e ao meu namorado Rafael Leão por toda paciência e amparo durante todo o percurso da monografia.

Agradeço por ter sido privilegiada em concluir a graduação na instituição UFRN, onde eu pude aprender muito e construir novas amizades e caminhos diferentes para a minha vida.

Aos amigos que conquistei nesse percurso, quero agradecer a Maria Paula, Jhonathan, Vinnícius e Anderson por todos os momentos vividos no curso e fora dele e por todo o suporte que me foi dado. Em especial, agradeço a Orlando Maximiano por toda a ajuda concedida a mim até os últimos momentos da entrega dessa monografia e por toda a sua amizade.

Aos colegas de curso, muito obrigada. Foi uma experiência única percorrer esse caminho com vocês. Todos fazem parte dessa história.

Muito obrigada aos professores dessa instituição, que se prontificam a todo momento em nos ensinar sempre da melhor forma, compartilhando acontecimentos únicos em sala de aula e também nas aulas de campo. Gratidão a minha orientadora Maria Pontes por toda a paciência e suporte com esse trabalho.

Muito obrigada a todos que de alguma forma estiveram comigo nesse caminho da graduação.

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“Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito.”

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RESUMO

O lazer é um fenômeno que cada vez mais se intensifica na sociedade atual e abrange muitas áreas e definições diferentes. O uso turístico nas lagoas está se tornando uma atividade bastante requisitada nos últimos anos e atrai visitantes o ano inteiro. Com a divulgação do Roteiro das Águas, um circuito que engloba sete lagoas de Nísia Floresta e que foi criado por pessoas que vendem passeios para essas áreas lacustres, o desenvolvimento do turismo nas lagoas tem se intensificado com a oferta de diversos serviços e equipamentos de lazer, modificando a paisagem natural e causando implicações socioambientais. Desta forma, a pesquisa tem como foco analisar o processo de uso e ocupação pelas atividades de lazer e turismo das áreas lacustres compostas pelas lagoas de Arituba e de Alcaçuz, ambas situadas no município de Nísia Floresta (RN), e as dificuldades na aplicação das leis que regulamentam e normatizam a utilização dessas áreas. Os procedimentos metodológicos foram baseados em diversas leituras bibliográficas, a levantamentos de dados do IBGE, IDEMA-RN, SETUR-RN e outros órgãos, assim como as legislações que enquadram as lagoas e também, a aplicação de questionários direcionados aos visitantes das lagoas. A relevância dessa pesquisa é de tentar identificar as formas de usos que têm contribuído para a degradação das lagoas e que também afetam a população que depende delas. Os resultados dessa pesquisa mostraram que a legislação não é aplicada integralmente nas áreas lacustres de Nísia Floresta e que por isso, a preservação ambiental se torna cada vez mais difícil. E também, que as ofertas turísticas estão crescendo rápido nas áreas de lagoas, pois há uma incisiva disseminação desses serviços para quem tem interesse de visitar.

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ABSTRACT

Leisure is a phenomenon that is increasingly intensifying in today's society and encompasses many different areas and definitions. Tourist use in the lagoons is becoming a very sought after activity in the last years and attracts visitors year-round. With the dissemination of the Water Route, a circuit that includes seven lagoons of Nísia Floresta and was created by people selling rides to these lake areas, the development of tourism in the lagoons has intensified with the provision of various services and leisure equipment , modifying the natural landscape and causing social and environmental implications. In this way, the research focuses on the process of use and occupation by leisure and tourism activities in the lake areas of Arituba and Alcaçuz, both located in the municipality of Nísia Floresta (RN), and difficulties in the application of laws that regulate and regulate the use of these areas. The methodological procedures were based on several bibliographical readings, data collection from IBGE, IDEMA-RN, SETUR-RN and other bodies, as well as the legislation that frames the lagoons and also the application of questionnaires addressed to the visitors of the lagoons. The relevance of this research is to try to identify the forms of uses that have contributed to the degradation of the lagoons and that also affect the population that depends on them. The results of this research showed that the legislation is not applied integrally in the lacustrine areas of Nísia Floresta and that, therefore, the environmental preservation becomes more and more difficult. And also, that the tourist offers are growing fast in the areas of lagoons, as there is an incisive dissemination of these services to those who have interest to visit.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURAS

Figura 1: O processo de como um uso turístico pode ser ofertado ... 25 Figura 2: Modelo simplificado de uma distribuição de sedimentos em lagoas ... 28

QUADROS

Quadro 1: Produto interno bruto, PIB per capita e Valor agregado por atividade (em

R$ 1.000,00) no município de Nísia Floresta/RN ... 21

Quadro 2: Percentual de DUO sobre total de domicílios permanentes (DP) nos

municípios litorâneos da Região Metropolitana de Natal – 2000/2010 ... 22

Quadro 3: Crescimento de segundas residências nos municípios litorâneos da Região

Metropolitana de Natal – 1991/2000/2010 ... 29

FOTOGRAFIAS

Fotografia 1: Vista aérea da Lagoa de Arituba ... 32 Fotografia 2: Equipamentos de lazer na lagoa de Arituba ... 33 Fotografia 3: Ocupação de mesas e cadeiras dos restaurantes na beira da lagoa de

Arituba ... 34

Fotografia 4: Ônibus fretados para passeios na lagoa de Arituba ... 35 Fotografia 5: Ocupação da lagoa de Arituba ... 36 Fotografia 6: Porção mais ao sul da lagoa de Arituba que não é utilizada como espaço

turístico ... 37

Fotografia 7: Porção mais ao norte da lagoa de Arituba que não é utilizada como

espaço turístico ... 37

Fotografia 8: Lagoa de Alcaçuz no ano de 2015 ... 38 Fotografia 9: Bares mais simples que oferecem serviços na lagoa de Alcaçuz... 40 Fotografia 10: Bar e restaurante que oferece uma melhor estrutura na lagoa de

Alcaçuz ... 40

Fotografia 11: Segundas residências na lagoa de Alcaçuz ... 41 Fotografia 12: Residências da população local transformadas em bares no entorno

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Fotografia 13: Quadriciclos no início do passeio que dá acesso às trilhas para as

lagoas ... 43

Fotografia 14: Comparativo do uso e ocupação do solo nas margens da lagoa de

Alcaçuz nos anos de 2012 e 2019 ... 51

Fotografia 15: Comparativo temporal da lagoa de Alcaçuz nos anos de 2002 e 2019

... 54

Fotografia 16: Comparativo temporal da lagoa de Arituba nos anos de 2002 e 2018

... 55

GRÁFICO

Gráfico 1: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) dos municípios de

Nísia Floresta e Natal – 1991/2000/2010 ... 17

MAPAS

Mapa 1: Localização da área em estudo ... 16 Mapa 2: Área da APA Bonfim-Guaraíra/RN ... 47

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LISTA DE SIGLAS

ANA – Agência Nacional das Águas

APA – Área de Proteção Ambiental

APABG – Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíra

CIPAM – Companhia Independente de Proteção Ambiental

DUO – Domicílio de Uso Ocasional

DP – Domicílio Permanente

FLONA – Floresta Nacional de Nísia Floresta

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte

IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IGARN – Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte

INE – Instituto Nacional de Estatística

REFAUTS – Reserva Faunística de Tibau do Sul

SETUR – Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte

SAPE – Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca do Rio Grande do Norte

SPU – Secretaria do Patrimônio da União do Rio Grande do Norte

MMA – Ministério do Meio Ambiente

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO ... 14

1.1 Procedimentos metodológicos ... 14

1.2 Caracterização da área de estudo ... 15

2. LAZER E TURISMO NAS ÁREAS LACUSTRES ... 23

2.1 Lazer, turismo e território ... 23

2.2 Turismo em áreas lacustres ... 25

2.2.1 Características e definições das áreas lacustres ... 26

2.2.2 A lagoa de Arituba-RN ... 31

2.2.3 A lagoa de Alcaçuz-RN ... 38

3. OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NAS LAGOAS DE ARITUBA E DE ALCAÇUZ ... 45

3.1 Os instrumentos normativos que incidem sobre as lagoas ... 45

3.2 Turismo, lazer e impactos socioambientais ... 50

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 57

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INTRODUÇÃO

O Roteiro das Águas é um tipo de atividade turística que vem crescendo consideravelmente ao longo destes últimos anos, especificamente no município de Nísia Floresta, Estado do Rio Grande do Norte (RN), onde há um grande número de lagoas costeiras. Além disso, verifica-se um intenso processo de expansão de segundas residências no entorno dessas lagoas.

Com o aumento da demanda do Roteiro das Águas, observa-se a necessidade de investigar como o uso turístico e de lazer das áreas lacustres tem sido realizado. O intuito da pesquisa é exatamente de investigar as ações que envolvem as atividades de lazer e turismo, que de alguma forma, estejam afetando tais ambientes lacustres, identificando os impactos socioambientais existentes.

O município de Nísia Floresta contém o maior complexo de lagoas do Estado do RN, com uma quantidade superior a vinte lagoas que estão inseridas na Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíra, uma área que envolve outros munícipios e que tem a função de preservar, proteger e ordenar o uso dos ecossistemas dunares, de mata atlântica e manguezal, assim como todas as lagoas, rios e demais recursos hídricos e todas as espécies vegetais e animais.

O recorte espacial desta pesquisa atentou em estudar duas lagoas que estão situadas em Nísia Floresta (RN): a lagoa de Arituba e a lagoa de Alcaçuz, duas das principais lagoas do município e que são muito utilizadas para atividades turísticas e de lazer, para assim fazer uma comparação entre elas, objetivando melhores argumentos para o desenvolvimento desta pesquisa.

Observa-se que há um intenso fluxo de pessoas frequentando esses ambientes sem a menor preocupação com a preservação e a minimização dos impactos causados. Vários fatores adentram essa problemática, como a poluição, a degradação, a mudança da paisagem por intervenção antrópica e etc. Ainda que os recursos hídricos sejam considerados um bem de extrema importância, constituindo-se atualmente uma nova raridade, porque ainda persistem práticas de uso nocivas desses recursos, mesmo em área de preservação ambiental?

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Apesar de haver uma legislação que coíbe certas práticas nesses ambientes lacustres e de ser um atrativo turístico de grande potencial, ainda ocorrem irregularidades no uso dessas áreas, particularmente das lagoas de Arituba e de Alcaçuz, foco desta pesquisa. Assim sendo, emerge outra questão relevante: os usos das lagoas e de seu entorno pelas atividades de lazer e turismo vêm atendendo as normas e diretrizes que regulam a ocupação desses ambientes?

O objetivo central desta pesquisa é analisar o processo de uso e ocupação do solo pelas atividades de lazer e turismo das áreas lacustres compostas pelas lagoas de Arituba e de Alcaçuz, ambas situadas no município de Nísia Floresta (RN), e as dificuldades na aplicação das leis que regulamentam e normatizam a utilização dessas áreas. Para tentar atingir o foco desse trabalho, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

• Identificar os distintos usos das áreas lacustres;

• Levantar os instrumentos normativos que incidem sobre as lagoas de Arituba e de Alcaçuz de Nísia Floresta (União, Estado e Município);

• Avaliar o uso das lagoas pelas atividades de lazer e turismo;

• Verificar os conflitos decorrentes dos usos existentes nas áreas lacustres;

• Identificar e analisar os impactos socioambientais decorrentes do uso das lagoas e seu entorno.

Com a expansão do turismo nas áreas de lagoas, é de suma importância estudar e buscar compreender de que forma isso está afetando a paisagem e as pessoas que moram perto ou em seu entorno.

A relevância desta pesquisa é de tentar identificar as formas de usos que têm contribuído para a degradação das lagoas e que também afetam a população que depende delas, bem como apontar a importância que essas lagoas têm para a sociedade no geral, além de contribuir para a difusão de uma consciência de preservação.

Esta monografia está estruturada em três capítulos. O capítulo 1 aborda todos os procedimentos metodológicos utilizados nessa pesquisa e faz uma breve caracterização da área em estudo.

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No capítulo 2, discutimos alguns conceitos de turismo e a importância do território para a composição do uso turístico nas áreas lacustres, assim como, as características físicas do ecossistema de lagoa. Ainda nesse capítulo, teremos uma breve conceituação sobre as segundas residências e a importância do lazer para a configuração do uso turístico nas lagoas, fazendo uma descrição sobre as lagoas de Arituba e Alcaçuz, de uma forma mais ampla.

Por fim, no capitulo 3, a legislação (Federal, Estadual e Municipal) que regulamenta as áreas de lagoas será apresentada, afim de compreender quais são esses instrumentos normativos e até onde realmente são aplicados. Também nesse capítulo, será destacado a questão da Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíra e todos os impactos socioambientais existentes através do turismo e do lazer.

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1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO

1.1 Procedimentos metodológicos

O município de Nísia Floresta compreende um complexo lacustre envolvendo um conjunto de mais de 20 (vinte) lagoas. No entanto, no desenvolvimento desta pesquisa, optamos pelo recorte espacial compreendendo as lagoas de Arituba e de Alcaçuz. A justificativa de tal escolha ocorre pelo fato de serem duas das principais lagoas do município e que são muito utilizadas para atividades turísticas e de lazer. Além disto, pretendemos fazer uma análise comparativa entre as mesmas, de caráter ambiental e turístico.

Quanto ao recorte temporal, analisaremos o progresso dos usos turísticos e de lazer nas referidas lagoas a partir do ano de 2000, onde há a grande incidência da internacionalização do turismo no Estado do RN e também a expansão do setor imobiliário naquela região, até os dias atuais.

Os procedimentos metodológicos desta pesquisa foram inicialmente baseados em diversas leituras de dissertações, artigos e livros relacionados com a temática enfocada no tema proposto. Coletas de dados e informações em instituições como o IBGE, IDEMA-RN, SETUR-RN, IGARN-RN, Ministério do Meio Ambiente, Agência Nacional de Águas (ANA) e a Prefeitura de Nísia Floresta foram essenciais na execução desta pesquisa.

Para a avaliação dos distintos usos das áreas lacustres, além de levantamentos cartográficos e análises de imagens de satélite, foram realizadas observações in loco com visitas de campo ocorridas nas duas lagoas, entre os meses de abril e maio de 2019. No censo demográfico do IBGE (2010) foi possível identificar todos os dados relacionados às segundas residências e todo o levantamento populacional do município de Nísia Floresta. Dados da Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte (SETUR/RN), bem como a Prefeitura Municipal de Nísia Floresta, foram de enorme relevância para aquisição de dados sobre o turismo no referido município.

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A identificação dos instrumentos normativos foi de suma importância para a compreensão desta pesquisa, logo, as legislações de âmbitos municipal, adquiridos através da Prefeitura de Nísia Floresta; estadual, com decretos e leis do IDEMA-RN e federal, a partir da Constituição Federal do Brasil, foram abordadas vigorosamente afim de obter argumentos plausíveis à pesquisa. Com isso, o Plano Diretor de Nísia Floresta, o Decreto nº 14.369 de 22 de março de 1999 e a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, deram o total suporte a esta discussão.

Foram aplicados dez questionários com moradores e turistas/visitantes no período de abril e maio de 2019, afim de identificar os principais problemas de degradação ambiental nas áreas das lagoas. O resultado desses questionários foi diluído na argumentação dessa monografia e por isso, não há modelo dos questionários a ser apresentado. Finalmente, foi realizada entrevistas também no mesmo período, junto aos comerciantes que têm bares e restaurantes no entorno das lagoas e a empresa Terra Molhada, que vende passeios a essas lagoas e que está situada na estrada de acesso a lagoa de Alcaçuz.

Houve a tentativa de entrevista com o responsável pela sede administrativa do Ecoposto da APA Bonfim-Guaraíra, localizado próximo a lagoa do Bonfim, mas o contato não obteve resposta.

1.2 Caracterização da área de estudo

A área desta pesquisa está situada no Pólo Costa das Dunas, que engloba o litoral oriental do Estado do Rio Grande do Norte e possui forte poder de atratividade devido às belas praias, lagoas, falésias e dunas. Nísia Floresta é um dos locais de visitação do Pólo Costa das Dunas, que além de possuir paisagens naturais únicas, ainda pode ser visitada pelos seus monumentos históricos, a sua gastronomia, muito famosa pelos pratos à base de camarão e outros frutos do mar, e por ter vários locais favoráveis para a prática de esportes, como o kitesurf, windsurf, rapel e asa delta (SETUR-RN, 2010).

O maior complexo de lagoas do RN encontra-se no município de Nísia Floresta, com mais de 20 (vinte) lagoas, sendo as mais conhecidas: a Lagoa do

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Bonfim, do Carcará, de Arituba, de Boa Água e Alcaçuz. No Mapa 1 é possível identificar as lagoas do recorte espacial desta pesquisa: as lagoas de Arituba e de Alcaçuz.

Mapa 1: Localização da área em estudo

Fonte: Google Earth (2019), IBGE (2010). Elaborado por: Orlando Maximiano, 2019.

Nísia Floresta é um município localizado no Estado do Rio Grande do Norte, na região Nordeste do Brasil. Situa-se na latitude de 6º05’28” S e longitude 35º12’31” W, distante 35 km da capital Natal. Os seus limites são definidos pelo município de Parnamirim ao Norte; a São José de Mipibu a Oeste; ao Oceano Atlântico ao Leste e ao Sul por Arês e Senador Georgino Avelino. É um dos municípios com maior extensão da faixa costeira do litoral potiguar.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Nísia Floresta detém uma área territorial de 307,854 km² e uma densidade demográfica de 77,26 hab/km² (IBGE, 2010).

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Ainda de acordo com o IBGE (2010), foi contabilizado no referido município, uma população de 23.784 habitantes, onde 12.288 são pessoas do sexo masculino e 11.496 do sexo feminino, com uma estimativa para o ano de 2018 de 27.260 habitantes. Desse número total de habitantes, 9.380 pessoas são residentes na zona urbana e 14.404 pessoas na zona rural, ou seja, mais da metade da população, cerca de 60,6%, residem em áreas rurais e 39,4% nas áreas urbanas.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), de acordo com o PNUD (2010), é “uma medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano”. Em Nísia Floresta esse índice, em 2010, era de 0,622, onde o coloca na faixa de Desenvolvimento Humano Médio (entre 0,600 e 0,699) e evolui o seu desenvolvimento quando comparado a capital do RN, Natal (ver Gráfico 1).

Gráfico 1: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) dos municípios de Nísia Floresta e Natal – 1991/2000/2010

Fonte: IBGE, (1991, 2000, 2010)

Fazendo uma comparação do IDHM de Nísia Floresta com a capital Natal (Gráfico 1), é possível constatar que esse índice evoluiu significativamente ao longo desses quase vinte anos e que a dimensão que mais contribuiu para o IDHM desse

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munícipio em 2010 foi o de longevidade, com índice de 0,773, seguida da renda, com 0,601 e por último a educação, com 0,518, mantendo-se bem próximo ao crescimento de Natal (PNUD, 2010).

Nísia Floresta faz parte da Região Metropolitana de Natal desde 2002. A Região Metropolitana foi instituída pela Lei Complementar Estadual nº 152 de 16 de janeiro de 1997. Nessa época, apenas seis (06) municípios faziam parte: Natal, Extremoz, Macaíba, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e Ceará-Mirim. Somente no ano de 2002 é que Nísia Floresta começa a fazer parte da região metropolitana juntamente com São José de Mipibu.

Posteriormente, em 2005, Monte Alegre foi adicionado; em 2009, Vera Cruz começa a fazer parte dessa região; Maxaranguape é incorporado em 2013 e em 2015, Arez, Ielmo Marinho e Goianinha integram-se à região metropolitana (TRIBUNA DO NORTE, 2019).

Muito recentemente, o município de Bom Jesus foi inserido a região metropolitana da capital potiguar, após uma lei promulgada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (TRIBUNA DO NORTE, 2019). Atualmente, quinze (15) municípios fazem parte dessa região.

Em relação aos aspectos físicos, o município de Nísia Floresta possui um clima As’, quente e úmido, com chuvas de outono e inverno, de acordo com a classificação climática de W. Köppen. A temperatura média anual está em torno de 27°C, com uma pluviometria média anual de 1.455 mm e uma umidade relativa média anual de aproximadamente 76% (MMA, 2012).

A vegetação predominante nessa área é a dunar e litorânea com a presença de áreas de manguezais. A geomorfologia é composta basicamente por planícies fluviais, planícies costeiras e tabuleiros costeiros e está inserido principalmente na área de abrangência do grupo Barreiras, onde o relevo do município tem menos de 100 m de altitude. A região em questão, possui uma área definida por três (03) tipos de solos: Argissolo Vermelho-amarelo, Latossolo Amarelo e Neossolo Quartzênio. Em geral, são solos bastante arenosos e com fertilidade natural muito baixa e pobre em macro e micronutrientes (IDEMA, 2013).

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De acordo com o IDEMA (2013), “O município de Nísia Floresta possui 25,10% de seu território inserido nos domínios da bacia hidrográfica do rio Trairi; 20,91% nos domínios da bacia hidrográfica do rio Pirangi; e 53,99% nos domínios da Faixa Litorânea Leste de Escoamento Difuso”. E toda a extensão da APA Bonfim-Guaraíra é composta por corpos hídricos e dezenas de lagoas importantes para o município de Nísia Floresta, bem como o Complexo Lagunar de Bonfim e Papeba-Guarairas, uma região com intensa atividade turística e presença do cultivo de camarão.

Historicamente, os índios potiguares do grupo Tupi foram os primeiros habitantes da região, que na época era conhecida como Papary, devido a uma lagoa de pesca abundante que existia no território. No decorrer do domínio holandês na capitania do Rio Grande (onde hoje é o estado do Rio Grande do Norte), o desenvolvimento ficou estacionário. Somente depois da expulsão dos holandeses, é que no ano de 1703 os portugueses consolidaram a conquista na capitania Rio Grande e foi a partir daí que o povoado de Papary começou a tomar forma com o florescimento de arruados e vilas (MMA, 2012).

Em 1852 o povoado de Papary desmembra-se de São José de Mipibu tornando-se município com o nome de Vila Imperial de Papary que mais tarde, em 1890, foi denominada de Vila de Papary. Em homenagem a uma personalidade ilustre nascida na comunidade de Papary, Dionísia Gonçalves Pinto, em 1948 a comunidade passa a ser chamada de Nísia Floresta. Dionísia Gonçalves Pinto foi uma importante escritora da época que ficou internacionalmente conhecida por suas ideias defendendo os direitos iguais entre os sexos e denunciando em seus textos as desigualdades sociais. Ela usava um pseudônimo literário conhecido como Nísia Floresta Brasileira Augusta e por ter se tornado uma personagem que marcou a história do município, até hoje a cidade é intitulada de Nísia Floresta (MMA, 2012).

Ao que se refere a economia, naquela época o progresso econômico foi promovido pela pesca abundante nas diversas lagoas existentes nas redondezas e à agricultura, com terras de boa qualidade onde era possível o plantio de várias lavouras. A atividade açucareira deu impulso no avanço econômico com o desenvolvimento da produção e do comércio do açúcar a partir do surgimento de

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alguns engenhos, onde eram plantadas e moídas a cana-de-açúcar para a fabricação de rapadura, mel e cachaça (MMA, 2012).

Atualmente, a economia do município é pautada basicamente na agropecuária, pesca, extração vegetal e o recente crescimento da carcinicultura (cultivo de camarões), além claro, do turismo, que estimula o setor de serviços pela crescente demanda de pessoas visitando os pontos turísticos de Nísia Floresta (IBGE, 2010).

A cana-de-açúcar ainda permanece sendo o principal produto agrícola produzido no município, com mais de 43.000 toneladas colhidas no ano de 2011, segundo dados do IBGE (2010). A mandioca e o coco-da-baía também lideram nos principais produtos, onde as quantidades produzidas ultrapassam as 10.000 toneladas e 5.000 toneladas, respectivamente. Outros produtos como a batata doce e a banana também fazem parte dos produtos agrícolas com maior importância no município (IBGE, 2010).

No Quadro 1 é possível identificar que todos os indicadores econômicos do município cresceram notavelmente no intervalo de dez anos, o que concretiza o avanço da economia. Contudo, o destaque é para o setor de serviços, que tem o maior valor agregado por atividade e cresceu consideravelmente desde o ano 2000, de acordo com pesquisas do IBGE. Esse crescimento ocorre principalmente pelo forte desenvolvimento do turismo no município, pois como aumenta a demanda de pessoas visitando a região, é coerente que existam mais empresas de comércio e serviços para atender a demanda de visitantes flutuantes, sejam turistas ou usuários de segundas residências.

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Quadro 1: Produto interno bruto, PIB per capita e Valor agregado por atividade (em R$ 1.000,00) no município de Nísia Floresta/RN

Indicadores econômicos Ano 2000 2005 2010 Produto Interno Bruto 36.896,00 77.638,00 168.641,00

PIB per capita - - 7.080,42

Valor agregado Agropecuária 3.398,00 13.927,00 36.760,00 Valor agregado Indústria 4.250,00 8.918,00 13.157,00 Valor agregado Serviços 27.555,00 50.581,00 101.340,00 Fonte: IBGE/IDEMA, (2000, 2005, 2010)

SANTOS (2006) explica esse funcionamento e movimento de uma dada unidade espacial a partir dos conceitos de fixos e fluxos:

Os elementos fixos, fixados em cada lugar, permitem ações que modificam o próprio lugar, fluxos novos ou renovados que recriam as condições ambientais e as condições sociais, e redefinem cada lugar. Os fluxos são um resultado direto ou indireto das ações e atravessam ou se instalam nos fixos, modificando a sua significação e o seu valor, ao mesmo tempo em que, também, se modificam. (SANTOS, 2006, p. 38)

Com isso, o espaço geográfico pode ser configurado a partir das atividades que são exercidas nele, onde os fixos se instalam e geram uma movimentação de diversas condições, incluindo pessoas e serviços, e que podem fazer uma nova organização do espaço.

O município de Nísia Floresta também se destaca pelo grande número de Domicílios de Uso Ocasional (DUO), denominação atribuída pelo IBGE (2010) para segundas residências, em relação aos Domicílios Permanentes (DP) (ver Quadro 2).

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Quadro 2: Percentual de DUO sobre total de domicílios permanentes (DP) nos municípios litorâneos da Região Metropolitana de Natal – 2000/2010

Municípios 2000 2010 % DUO /DP % DUO /DP Ceará-Mirim 5,37 8,06 Extremoz 30,16 32,20 Natal 1,32 2,16 Maxaranguape 33,63 32,04 Nísia Floresta 40,05 41,57 Parnamirim 4,37 5,37 Fonte: IBGE, (2000, 2010)

Podemos observar no Quadro 2 que a proporção do número de DUO sobre o número de DP é de 41,57% no ano de 2010, ou seja, Nísia Floresta assume uma grande importância como um destino de lazer e descanso para um número muito significativo de pessoas, fomentando então, o turismo e a expansão imobiliária no município, principalmente nas praias de Búzios, Camurupim, Barra de Tabatinga e Barreta. Outros municípios que também se destacam nessa questão é Extremoz, com 32,20% e Maxaranguape com 32,04%, ambos no ano de 2010. O menor percentual é o de Natal, mas vale ressaltar que em 2010 obteve mais novos 3.070 DUOs, superando a quantidade dos DUOs de Nísia Floresta.

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2. LAZER E TURISMO EM ÁREAS LACUSTRES

2.1 Lazer, turismo e território

O uso turístico existe nas lagoas de Alcaçuz e Arituba, o que contribui para a dinamização econômica do município de Nísia Floresta.

Esse uso turístico complementa o espaço a partir da grande diversidade de ações que permitem redefini-lo e trazer condições diferentes para os inúmeros usos ali realizados e, como SANTOS (2006, p. 39) afirma: “o espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá”, por isso todos os elementos são únicos e indispensáveis.

Contudo, o espaço geográfico é constantemente modificado entrelaçando uma relação de uso e poder, configurando um território onde há expressivas manifestações de agentes sociais que se apropriam do espaço para constituir ações (SANTOS, 2006).

A atividade turística como sendo uma dessas ações, tem diversos aportes que podem interceder sobre o espaço, pois segundo ARRUDA (2010, p. 32) “o turismo é uma atividade transformadora de espaços e produtora de territórios [...] que se desenvolve nos mais diversos lugares do mundo, revestida por um manto de complexidade que permite extensas análises [...]"

Os fixos e os fluxos devem ser considerados em todo o espaço geográfico com a composição de elementos que possam gerar uma dinâmica entre pessoas e serviços para desfazer a “rigidez” do lugar, e assim, estimular a produção de novas funcionalidades ao espaço geográfico, agregando valor aos serviços e possibilitando uma maior interação entre os constituintes do espaço (SANTOS, 2006).

Um território quando configurado, impulsiona os agentes sociais à constituição de novas ações que viabilizem a produção do espaço geográfico, não abstendo da relação de poder que impreterivelmente existirá. No caso específico das lagoas, além de constituir um território político, econômico e social há também a paisagem natural,

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que por si só já é um atrativo estratégico que associa a relação de poder no espaço geográfico (SANTOS, 2006).

Para CRUZ (2007, p. 11) “o uso turístico do espaço leva à formação do que temos habitualmente chamado de ‘território turístico’, quer dizer, porções do espaço geográfico em que a participação do turismo na produção do espaço foi e ainda é determinante”, ou seja, a atividade do turismo molda totalmente as funções do espaço geográfico e mantém uma relação direta com a sociedade e a paisagem, mas ressaltando que não há um território que seja exclusivo de usos turísticos.

Segundo RODRIGUES (2006):

Um espaço apropriado torna-se território, expressão de poder, poder não somente do ponto de vista político, no sentido mais concreto de fundo dominial, mas expressando também poder no sentido mais simbólico, de apropriação por meio das representações sociais. (RODRIGUES, 2006, p. 305)

Portanto, o território é formado a partir do espaço, onde determinados agentes sociais se apropriam desse espaço conduzindo ações e interesses afim de estabelecer uma relação de uso e poder.

Os usos desses ambientes lacustres são variados e bem distintos, pois além de ser utilizados para fins turísticos e de lazer, é também considerado uma fonte de renda para muitos, principalmente para as pessoas que moram no entorno das lagoas ou perto delas, fazendo com que a economia permaneça ativa.

Para um uso turístico ser ofertado, não basta somente haver um recurso (seja ele natural ou antrópico) que possa ser atrativo para os visitantes, é preciso que além disso existam serviços e equipamentos que possam ser utilizados por esses visitantes, afim de suas necessidades serem supridas num determinado lugar. Com a apropriação disso, um conjunto de elementos que são capazes de satisfazer todas as expectativas num dado segmento do mercado, surge como o produto turístico, que nada mais é do que os recursos e os serviços e equipamentos incorporados. Esse produto turístico somado ao preço, a distribuição e a comunicação, equivale na oferta turística, a um complexo de serviços com preço, lugar e tempo associados, onde cada visitante pode usufruir da maneira que o convém (ver Figura 1).

Para configurar uma oferta turística atrativa, a comunicação é de total importância para a disseminação do uso turístico em um determinado lugar, pois faz

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a propaganda de um ambiente interessante que contenha vários serviços e equipamentos de lazer, despertando a vontade de conhecer nos visitantes.

Figura 1: O processo de como um uso turístico pode ser ofertado

Fonte: Adaptado de MACHÍN (2001)

Nas lagoas estudadas nessa pesquisa, não foram encontradas evidências da atividade de pesca. São lagoas muito voltadas para o turismo e para as atividades de lazer, o que acaba de certa forma inibindo a prática da pesca, principalmente nas áreas com uma dinâmica de fluxo de pessoas mais intensa.

2.2 Turismo em áreas lacustres

O turismo é uma atividade que tem como base a utilização do espaço geográfico e por isso, esse espaço está constantemente em transformação. O turismo nas áreas de lagoas tem se intensificado bastante nos últimos anos e traz não só o aporte de lazer, mas também o aporte econômico, que movimenta grande parte da economia de Nísia Floresta, com a oferta de inúmeros serviços de lazer.

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O acentuado uso turístico nas lagoas de Nísia Floresta, tem colocado esse município na rota de muitos visitantes/turistas que querem apreciar as paisagens naturais com uma certa comodidade e oferta de serviços básicos e, com isso, os investimentos e a divulgação são tão importantes para a disseminação do uso turístico nessas áreas lacustres.

2.2.1 Características e definições das áreas lacustres

Os recursos hídricos sempre foram considerados um bem de extrema importância para todos os seres vivos existentes no planeta Terra, mas atualmente vêm se constituindo uma “nova raridade” por não ser usufruída de uma forma mais consciente e o consumo excessivo com muitos desperdícios, preocupa.

Atualmente, além da Limnologia (ciência que estuda todas as massas d’água continentais), a Geografia e a Geologia têm dado bastante suporte a várias pesquisas nas áreas lacustres. Antes de mais nada, é de fundamental importância saber a definição desses ambientes para compreender melhor o recorte dessa pesquisa.

Segundo ESTEVES (1998), lagoas são corpos d’água considerados rasos, de água doce ou salobra em que a radiação solar pode alcançar o sedimento, possibilitando, consequentemente, o crescimento de macrófitas aquáticas em toda a sua extensão. Há uma certa dificuldade entre os pesquisadores em diferenciar os lagos de lagoas, para isso, questões como a profundidade da bacia lacustre, a profundidade que a área iluminada alcança e se há vegetação aquática no fundo da área lacustre, são imprescindíveis para a definição.

SUGUIO (1980) é bem objetivo em seu conceito, afirmando que lagoas são corpos d’água parada com extensões menores do que lagos. Outra definição de lagoa é apresentada pelo Dicionário Geológico-Geomorfológico publicado pelo IBGE, onde é afirmado que lagoa se constitui em uma “depressão de forma variadas – principalmente tendendo a circulares – de profundidades pequenas e cheia de água doce ou salgada. As lagoas podem ser definidas como lagos de pequena extensão e profundidade.” (GUERRA, 1993, p. 253)

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A laguna, por sua vez, é um lago ou lagoa que possui contato direto com o oceano e, por isso, apresenta água salobra. Podemos ver que não há muitas disparidades entre os conceitos dos autores, porém a questão de existir lagoas com água salgada ou salobra é uma concepção que não cabe generalização. No Estado do RN, por exemplo, não há unidades de lagoas que contenham água salgada ou salobra, todas possuem água doce (IDEMA, 2013).

O contorno das lagoas é naturalmente caracterizado por vegetação, que é conhecida por mata ciliar ou mata de galeria, responsável pela conservação da mesma. A destruição dessa vegetação acelera o processo de erosão nas margens das lagoas, podendo provocar o assoreamento e ainda, numa época de cheias, vir a transbordar (IDEMA, 2013).

Os depósitos lacustres geralmente são de granulação fina e com delgadas laminações, apresentando uma geometria muito variada devido a profundidade e a forma das lagoas, que pode ser circular, elíptica ou irregular, mas sempre levando em consideração que a forma das lagoas pode modificar-se com o tempo (SUGUIO, 1980). De forma bem simplificada, uma das classificações da pedologia das áreas lacustres do município de Nísia Floresta pode ser ilustrada como na Figura 2.

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Figura 2: Modelo simplificado de uma distribuição de sedimentos em lagoas

Fonte: Adaptado de SUGUIO (1980)

Os ambientes lacustres possuem várias formas de utilização para a sociedade e isso é facilmente observado nas lagoas do município de Nísia Floresta. Por conter o maior complexo de lagoas do Estado do RN, Nísia Floresta se destaca e atrai muitas pessoas, ainda mais por conter uma faixa litorânea com diversas praias e outros pontos turísticos.

Como as lagoas detêm uma boa porção de água doce, um bem comum e indispensável a todos, tornam-se centralidades para construções de residências e de outros equipamentos ocupacionais e, para ilustrar isso, temos o caso da Lagoa do Bonfim, que é uma das maiores lagoas do município de Nísia Floresta que, além de ser um atrativo turístico, possui vários imóveis construídos em seu entorno. Ela ainda é responsável pelo abastecimento de água de cerca de 30 municípios do Estado do RN através do sistema adutor Agreste-Trairí-Potengi. Os usuários desse abastecimento utilizam a água para o consumo doméstico e também para a irrigação (IGARN, 2014).

O uso residencial permanente existe nas áreas de lagoas, mas com uma quantidade bem retraída, principalmente quando comparada com as segundas

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residências. Estas tipologias residenciais, vêm crescendo consideravelmente no litoral do RN e o município de Nísia Floresta tem uma importante participação nesse crescimento, conforme mostra o Quadro 3.

Quadro 3: Crescimento de segundas residências nos municípios litorâneos da Região Metropolitana de Natal – 1991/2000/2010

Municípios Ano 1991 2000 2010 Ceará Mirim 579 910 1.858 Extremoz 1.223 2.471 4.354 Natal 1.452 2.780 5.850 Nísia Floresta 2.016 3.442 5.674 Parnamirim 887 1.823 4.018 Fonte: IBGE, (1991, 2000, 2010)

Neste quadro, é possível ver que o município de Nísia Floresta tem os maiores números de residências secundárias nos anos de 1991 e 2000, deixando para trás até a capital Natal. Somente no ano de 2010 que Natal ultrapassa Nísia Floresta na quantidade de residências secundárias, com apenas 176 residências a mais que Nísia Floresta.

Há muitas discussões acerca do tema de segundas residências, por se tratar de um assunto muito amplo e que envolve diversas denominações. Contudo, o Instituto Nacional de Estatística (INE) da Espanha elaborou um conceito que abrange o debate atual:

Uma residência familiar é considerada secundária quando é utilizada somente parte do ano, de forma estacional, periódica ou esporádica e não constitui residência habitual de uma ou várias pessoas. Pode ser, portanto, uma casa de campo, praia ou cidade utilizada nas férias, verão, finais de semana, trabalhos temporais ou em outras ocasiões. (apud LÓPES COLÁS, 2003, p. 29)

As atividades econômicas também fazem parte dos distintos usos nas lagoas de Nísia Floresta, pois são grandes aportes ao desenvolvimento do turismo nessas

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áreas. Os serviços são de suma importância para que haja o lazer nos espaços turísticos, porque somente os aspectos físicos não são suficientes para desenvolver uma área turística, conforme afirma o autor:

O espaço turístico assume uma função produtiva, pelo fato de tratar-se do uso de fatores físicos que precisam de toda uma série de serviços para que seu uso possa tornar-se efetivo. [...] Em si mesmo, ao espaço físico – mar, praia, sol – não se atribui uma função mercantilizada [...]. O que se converte em espaço produtivo é aquele território em que se localizam os serviços necessários para que o espaço de ócio possa ser usado como tal. (SÁNCHEZ, 1991, p. 223)

Os serviços e os equipamentos de lazer transformam a dinâmica das áreas lacustres e geram economia para o município, acarretando no desenvolvimento do turismo com o aperfeiçoamento desses serviços para melhor atender a quem visita essas áreas. Embora o lazer seja uma prática muito comum a todos nós, é uma atividade com inúmeras definições, onde diversos autores discutem as suas características e acrescentam cada vez mais argumentos para essas discussões.

DUMAZEDIER (2004) definiu que o descanso, o divertimento e o desenvolvimento são funções do lazer, conhecidos como os “Três Ds do Lazer” e numa abordagem mais ampla apresenta o seguinte conceito:

O lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais. (DUMAZEDIER, 1973, p. 34)

Esse autor interpreta o lazer defendendo que o indivíduo busca se libertar das obrigações do dia a dia, sejam com a família, com os amigos ou no trabalho, visando ter um tempo em que se possa fazer o que realmente deseja. A possibilidade de não ter tarefas obrigatórias no dia, remete às atividades que sejam verdadeiramente gratificantes e que são usufruídas para sair do ritmo acelerado dos grandes centros urbanos.

O turismo é um fenômeno multifacetado que abrange diversas categorias e interpretações na atualidade e tem o seu crescimento de forma exponencial junto à sociedade contemporânea. É uma atividade econômica de bastante relevância,

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principalmente para o estado do RN, que tem grande parte da sua economia voltada para as áreas turísticas, onde há uma grande variedade de atrativos que podem ser visitados, no segmento turístico de sol e mar.

No entanto, além de ser uma atividade econômica de grande destaque, é importante ressaltar que é também, segundo Taveira e Gonçalves (2012, p.27), “uma prática social, [...] política, cultural e psicológica, que deixa reflexos nas comunidades receptoras.” Complementando esse argumento, esses mesmos autores afirmam que:

[...] o turismo e o lazer são fenômenos da sociedade moderna entrelaçados, onde um só acontece no âmbito do outro, ou seja, toda forma de turismo é uma modalidade de lazer e este possui uma série de possibilidades de práticas e vivências, dentre as quais, o turismo. (Taveira e Gonçalves, 2012, p. 33)

Com isso, é possível perceber o quão amplo é a definição de lazer e como abrange várias práticas incorporadas ao turismo, onde diversos espaços específicos podem ser surgidos com a finalidade de motivar inclusões e experiências de lazer coletivos e, assim, reproduzir cada vez mais espaços turísticos funcionais.

2.2.2 A lagoa de Arituba -RN

A lagoa de Arituba está localizada entre as coordenadas geográficas 6°04'37.0" S de latitude e 35°06'18.6" W de longitude, com uma distância de aproximadamente 35 km da capital Natal (ver Fotografia 1).

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Fotografia 1: Vista aérea da Lagoa de Arituba

Fonte: IDEMA, 2009 (Foto por Ronaldo Diniz)

O acesso até esta lagoa se faz pela rodovia RN-063, mais conhecida como “Rota do Sol”, que se constitui na principal via de acesso para o litoral Sul de Natal e, já bem próximo à lagoa, o acesso continua pela estrada municipal Av. Monsenhor Antônio Barros.

É considerada uma lagoa grande e sem muita profundidade, com uma paisagem natural bastante atrativa, conforme opinião de muitos usuários. Oferece muitas atividades de lazer e uma infraestrutura completa para quem a visita. Por ser uma das lagoas mais conhecidas do município de Nísia Floresta, e até mesmo do Estado do RN, nos feriados e finais de semana há um intenso fluxo de visitantes, tendo os bares e restaurantes uma quantidade expressiva de pessoas.

Os equipamentos de lazer são diversos, oferecendo ao visitante muitas opções de entretenimento e uma infraestrutura que atende a expectativa de muitos. Composta por vários elementos que o visitante pode usufruir como mercadoria (enfatizando a relação de comércio e consumo), nessa lagoa é possível alugar pedalinhos, caiaques, boias de tamanhos variados e pranchas, como pode ser visto na Fotografia 2.

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Fotografia 2: Equipamentos de lazer na lagoa de Arituba

Foto: Rosyellen Silva – Pesquisa de campo (01 de maio de 2019)

Os bares e restaurantes que ficam no entorno da lagoa de Arituba proporcionam uma grande estrutura para quem a visita, tendo a possibilidade de ficar em mesas com guarda-sóis na beira da lagoa, como pode ser observado na Fotografia 3, ou aproveitar o conforto que há nas edificações dos restaurantes que têm grandes áreas gramadas, redes para descanso, espreguiçadeiras e a existência de algumas arborizações.

Além disso, existem estruturas cobertas para o estacionamento sem a cobrança de taxa para clientes e os carros não ficam na areia, pois foi feita uma pavimentação até chegar a lagoa.

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Fotografia 3: Ocupação de mesas e cadeiras dos restaurantes na beira da lagoa de Arituba

Foto: Rosyellen Silva – Pesquisa de campo (01 de maio de 2019)

Uma modalidade de venda que é cada vez mais comum na lagoa de Arituba é a de vendedor ambulante. É uma atividade que está associada normalmente a grupos de baixo poder aquisitivo e que não têm como vender os seus produtos pelos meios convencionais. Por isso busca sempre os espaços com grandes aglomerações, visando vender os seus produtos com preços mais acessíveis que os do comércio tradicional.

É possível encontrar uma amostra de várias opções de artigos vendidos pelos ambulantes, desde produtos comestíveis como cocadas, açaí, tapioca, salgados, etc, até brinquedos para crianças, roupas de banho, chapéus, capas para celulares, redes, tapetes, etc.

Em contrapartida, os bares e restaurantes do entorno da lagoa têm preços considerados altos por muitas pessoas que a visitam. Refeições à base de camarão (o carro-chefe da região), peixes e outros frutos do mar não são vendidos a menos de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), sendo assim um fator seletivo para muitas pessoas.

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O que acontece com muita frequência em algumas lagoas de Nísia Floresta é a locação de ônibus para passeios. São ônibus fretados que chegam à lagoa pela manhã e vão embora no final da tarde e a grande maioria dessas pessoas não fazem o uso dos serviços oferecidos pelos bares e restaurantes ou quando isso acontece, fazem parcialmente e, um dos motivos é o preço mais elevado das mercadorias (Fotografia 4). ARRUDA (2010) explica essa atividade da seguinte maneira:

[...] o direito ao lazer é buscado por cidadãos que compõem uma parcela da sociedade com baixo poder aquisitivo, os quais se agrupam, na maioria das vezes, entre familiares e amigos e se deslocam de seu lugar de residência para lugares com atratividade turística. (ARRUDA, 2010, p. 27)

Fotografia 4: Ônibus fretados para passeios na lagoa de Arituba

Foto: Rosyellen Silva – Pesquisa de campo (01 de maio de 2019)

Observa-se na Fotografia 4 uma quantidade considerável de ônibus fretados que tomam conta de uma faixa da rua que dá acesso a lagoa de Arituba e permanecem ali até o final do dia.

Vale ressaltar que a vegetação está totalmente conservada na porção Oeste da lagoa, com um grande exemplar de vegetação nativa, e na parte Leste, já houve muito desmatamento para a construção de bares, restaurantes (ver Fotografia 5) e até mesmo pousada no entorno da lagoa, não respeitando a legislação vigente e, com

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isso, hoje a mata ciliar que deveria proteger a lagoa, quase não é encontrada mais nessa parte Leste.

Fotografia 5: Ocupação da lagoa de Arituba

Fonte: Prefeitura de Nísia Floresta, 2012

No entorno da lagoa não há imóveis caracterizados como segundas residências (analisados somente os que estão fora da determinação da legislação ambiental), mas é possível encontrar uma unidade de pousada que fica quase à beira da lagoa.

A concentração de todos os equipamentos de lazer é encontrada no extremo Leste da lagoa, sendo algumas áreas quase inexploradas para fins turísticos, e isso colabora bastante para a conservação da lagoa. Nas Fotografias 6 e 7, podemos observar alguns trechos da lagoa que não há nenhum suporte turístico.

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Fotografia 6: Porção mais ao Sul da lagoa de Arituba que não é utilizada como espaço turístico

Foto: Rosyellen Silva – Pesquisa de campo (01 de maio de 2019)

Fotografia 7: Porção mais ao Norte da lagoa de Arituba que não é utilizada como espaço turístico

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2.2.3 A lagoa de Alcaçuz-RN

Distante de Natal cerca de 17 km partindo de Ponta Negra, a lagoa de Alcaçuz (Fotografia 8) está situada nas coordenadas geográficas 5°59'40.6" S de latitude e 35°08'36.2" W de longitude, cujo acesso ocorre através da mesma rodovia RN-063, isto é, a “Rota do Sol”.

Fotografia 8: Lagoa de Alcaçuz, no ano de 2015

Fonte: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dX2X4kG9Gx4> Acesso em: Acesso em: 28 de novembro de 2018

O caminho até a lagoa de Alcaçuz, tem a opção de ir pela rodovia RN-063 e depois entrar na localidade de Pirangi do Sul e continuar cerca de 3 km numa estrada vicinal, onde só há dunas e vegetação. Também tem a possibilidade de ir pela rodovia RN-063 e na localidade de Pium, pegar o acesso para a comunidade Hortigranjeira, seguindo numa outra estrada vicinal que passa pela unidade prisional Penitenciária de Alcaçuz, chegando até a comunidade de Alcaçuz, onde localiza-se a lagoa.

O acesso até a lagoa não é muito favorável, pois a estrada de barro é bastante irregular, contendo muitos sulcos e buracos, que em época de chuvas agravam-se muito mais. Os carros com a modalidade 4x4 têm uma facilidade maior em chegar até

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a lagoa, assim como os quadriciclos utilizados nos passeios oferecidos por empresas situadas bem perto da lagoa.

A lagoa de Alcaçuz está sendo muito requisitada ultimamente por suas águas cristalinas e calmas com as famosas redes de nylon, garantindo um bom banho para quem a visita. Por fazer parte do Roteiro das Águas no município de Nísia Floresta, o crescimento de pacotes turísticos oferecendo passeios até ela é bastante significativo e vem ganhando cada vez mais mídia.

É vista também como uma lagoa grande e com partes mais inacessíveis, devido a sua forma assimétrica. A vegetação ainda permanece pouco alterada em muitos pontos ao redor da lagoa, mas há construções de casas, bares e restaurantes bem próximos a beira da lagoa, acarretando em um desmatamento pontual.

Os bares e restaurantes ficam adensados apenas em uma área da lagoa e oferecem, do ponto de vista de conforto e comodidade aos visitantes, uma infraestrutura mais simples sem tantas opções de entretenimento para quem a visita. Há exceções de basicamente dois restaurantes que disponibilizam de uma estrutura maior e com mais opções de entretenimento, visando chamar mais a atenção do cliente. Nas Fotografias 9 e 10 é possível observar esses contrastes nas infraestruturas que ofertam serviços na lagoa.

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Fotografia 9: Bares mais simples que oferecem serviços na lagoa de Alcaçuz

Foto: Rosyellen Silva – Pesquisa de campo (27 de abril de 2019)

Fotografia 10: Bar e restaurante que oferece uma melhor estrutura na lagoa de Alcaçuz

Fonte: Disponível em: < https://www.facebook.com/vivendaencantosdalagoa> Acesso em: 20 de maio de 2019

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Existem residências consideradas secundárias no entorno dessa lagoa, mas com uma quantidade bem limitada, numa média de cinco imóveis utilizados apenas ocasionalmente, como pode ser observado na Fotografia 11.

Fotografia 11: Segundas residências na lagoa de Alcaçuz

Foto: Rosyellen Silva – Pesquisa de campo (27 de abril de 2019)

As outras residências são de uso particular e permanente de pessoas locais (nativos) de Alcaçuz, onde algumas delas foram “transformadas” em bares e pequenos restaurantes para atenderem aos visitantes da lagoa, como mostra a Fotografia 12.

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Fotografia 12: Residências da população local transformadas em bares no entorno da lagoa de Alcaçuz

Foto: Rosyellen Silva – Pesquisa de campo (27 de abril de 2019)

Ônibus fretados para passeios também são realidade na lagoa de Alcaçuz, porém com uma incidência bem menor quando comparada com a lagoa de Arituba. Por conter muitas opções de bares e restaurantes com infraestruturas e serviços bem variados, a concorrência entre eles possibilita aos visitantes da lagoa de Alcaçuz uma maior liberdade de escolha, levando em consideração o poder aquisitivo de cada visitante.

Os equipamentos de lazer na lagoa de Alcaçuz são basicamente os mesmos ofertados na lagoa de Arituba, como pedalinhos e caiaques e o maior restaurante ainda oferece aos clientes redes para descanso no interior da propriedade, uma grande estrutura gramada com muitas mesas, passeios de quadriciclos e até mesmo uma academia ecológica.

Uma atividade de lazer que se destaca na lagoa de Alcaçuz e que não há em Arituba é o passeio em trilhas por quadriciclos e carros 4x4. É o que mais atrai as pessoas que vão à lagoa, buscando experiências diferentes e com a apreciação da paisagem natural, além de ter o conforto, segurança e suporte das empresas que oferecem o serviço (Fotografia 13).

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Fotografia 13: Quadriciclos no início do passeio que dá acesso às trilhas para as lagoas

Foto: Rosyellen Silva – Pesquisa de campo (27 de abril de 2019)

As empresas que ofertam esse tipo de atividade de lazer se localizam em áreas estratégicas e próximas a algumas lagoas. As duas empresas que dominam o mercado nesse ramo de passeios e trilhas com quadriciclos e carros 4x4 no local são a Terra Molhada e o Complexo Capiba. A primeira está localizada na estrada que vai para a lagoa de Alcaçuz, mas ainda faz parte da localidade de Pirangi do Sul e possui uma boa infraestrutura com várias possibilidades de entretenimento, como por exemplo, redes para descanso, piscina, brinquedos infantis e bangalôs, além de um completo restaurante. A segunda situa-se na comunidade de Alcaçuz, bem próximo a lagoa e é caracterizado como um hotel fazenda tendo inúmeras opções de lazer.

Ambas fazem passeios em trilhas que dão acesso a outras lagoas, como a trilha Amarela e a trilha da Juventude, por exemplo, e que têm balcões de vendas nas movimentadas calçadas da Avenida Engenheiro Roberto Freire, em Ponta Negra/Natal, onde há uma maior concentração de turistas. Ressaltando que há o serviço de transfer para os hotéis antes e depois dos passeios já inclusos no pacote vendido.

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A culinária nessa lagoa, assim como em toda a região, também é um atrativo para quem pensa em apreciar um cardápio com muitas possibilidades de escolha em pratos com peixes, caranguejos, galinha caipira entre outras iguarias. Geralmente os frutos do mar e os crustáceos são obtidos pelos próprios moradores do povoado de Alcaçuz, que é conhecida por inicialmente ter sido uma vila de pescadores, onde atualmente persiste essa denominação e, através da tradição, essa atividade de pesca foi sendo passada de geração a geração.

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3. OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NAS LAGOAS DE ARITUBA E DE ALCAÇUZ

As lagoas são ecossistemas frágeis que demandam uma preservação constante para que continuem a existir e, a sociedade e o poder público, têm papéis fundamentais para fazer isso acontecer. Porém, o uso turístico nesses ambientes causa impactos na dinâmica social e ambiental, tendo a possibilidade de serem negativos, a curto ou longo prazo, interferindo no processo natural do ecossistema.

3.1 Os instrumentos normativos que incidem sobre as lagoas

A legislação ambiental brasileira é bastante ampla e engloba a grande maioria das áreas ambientais do país, tornando-se assim uma das mais completas legislações do mundo. Porém, há uma grande deficiência quando trata-se de colocar em prática as devidas leis por não haver uma fiscalização abrangente em todo o território brasileiro.

No município de Nísia Floresta, a realidade não é diferente. Por ser um município com muitas áreas naturais, recursos hídricos e um grande complexo de lagoas, demanda uma fiscalização mais intensiva para evitar infrações e crimes ambientais, como também a ocupação desordenada das áreas de proteção, havendo a necessidade de um esforço efetivo por parte do poder público e da população em geral.

As lagoas de Arituba e Alcaçuz estão situadas numa Área de Proteção Ambiental (APA) estadual, que designa a seguinte definição:

Essas áreas pertencem ao grupo de UCs [Unidades de Conservação] de uso sustentável, em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, com atributos bióticos, abióticos, estéticos ou culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. [...] tem como objetivo proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. (ICMBio, 2011)

Foi criada através do Decreto Estadual Nº 14.369 de 22 de março de 1999 a APA Bonfim-Guaraíra, com o intuito de preservar, proteger e ordenar o uso dos ecossistemas dunares, de mata atlântica e manguezal, assim como todas as lagoas,

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rios e demais recursos hídricos e todas as espécies vegetais e animais. Engloba os municípios de Nísia Floresta, São José de Mipibu, Goianinha, Senador Georgino Avelino, Tibau do Sul e Arês, no litoral Oriental do Estado do RN, e possui uma área superior a 42 mil hectares, configurando-a como a maior Unidade Estadual de Conservação em área emersa do estado (ver Mapa 2).

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Mapa 2: Área da APA Bonfim-Guaraíra/RN

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A APA Bonfim-Guaraíra (APABG) ainda possui em sua área três outras unidades de conservação oficiais: a Floresta Nacional de Nísia Floresta (FLONA) que é de âmbito federal; o Parque Estadual Mata da Pipa de domínio estadual e a Reserva Faunística de Tibau do Sul (REFAUTS) de esfera municipal. Há também o Santuário Ecológico de Pipa, no município de Tibau do Sul que mantém uma grande reserva de mata atlântica.

Para gerenciar a APABG há um conselho que foi instituído através do Decreto Estadual Nº 22.988 de 18 de setembro de 2012 e é composto por 24 instituições que compõem as esferas federais (SPU e IBAMA), estaduais (SAPE, SETUR, IGARN e IDEMA) e municipais (os poderes legislativos e executivos) e ainda grupos representativos da sociedade, como os sindicatos e as associações dos moradores e também do setor produtivo atuante na área da APA. Como infraestrutura, a APABG possui uma sede que está localizada no município de Nísia Floresta conhecida como Ecoposto, onde integra a sede administrativa, a casa do pesquisador e o alojamento da Companhia Independente de Proteção Ambiental (CIPAM).

O Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) da referida APA, até o presente momento, é inexistente. Muitas prorrogações foram feitas pelos órgãos competentes e o plano de manejo da APABG ainda não consiste em estratégias e programas de atuação do ZEE, mesmo sendo um instrumento imprescindível para fornecer diretrizes para o uso e ocupação do solo, ordenando o território por meio de planejamentos que integralizem as relações ambientais com as econômicas e sociais.

Devido ao crescimento turístico nas áreas lacustres, o IDEMA tem dado mais atenção às atividades que ocorrem nas lagoas, fazendo o cadastramento de algumas atividades de lazer praticadas nesses espaços, como por exemplo, os passeios de quadriciclo nas dunas e lagoas, porém a fiscalização e o monitoramento são feitos basicamente só quando há ocorrências de conflitos em determinada área ou com denúncias anônimas feitas ao IDEMA.

Ainda no domínio estadual, o município de Nísia Floresta está estabelecido na Lei Nº 7.871 de 20 de julho de 2000, que dispõe sobre o ZEE do Litoral Oriental do RN, que foi instituída a partir do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro. Faz parte da Zona Especial Costeira que “compreende as unidades ambientais legalmente protegidas e aquelas que, por suas características físicas, restringem o uso e a

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ocupação do solo [...]” (Art. 8º, 2000, p. 2), englobando todas as nascentes dos corpos d’água de superfície, lagoas e demais mananciais.

No âmbito municipal, as áreas lacustres estão amparadas por uma norma específica da Lei Complementar Nº 001/2007 de 05 de novembro de 2007, o Plano Diretor de Nísia Floresta, onde a mesma regulamenta o uso das margens das lagoas. De acordo com o Plano Diretor de Nísia Floresta, as áreas lacustres estão inseridas em zonas especiais de proteção ambiental, garantindo normas específicas para proteger ao máximo tais áreas. Para isso, o Art. 17, § 2º da Lei Complementar Nº 001/2007 de 05 de novembro de 2007 institui que:

[...] Ao redor das lagoas, lagos, rios, cursos d’água e nascentes não será permitida qualquer construção nas áreas situadas em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, contado da margem do espelho d água, em projeção horizontal, com largura mínima de: [...] cinquenta metros, ao redor de lagos e lagoas naturais, situadas em área urbana; [...] (NÍSIA FLORESTA, 2007, p. 22)

E para complementar, o § 3º assegura ainda que:

[...] áreas de domínio público ou privado, destinadas à proteção integral dos recursos ambientais nela inseridos, especialmente os ecossistemas lacustres, associados às formações dunares móveis ou com vegetação remanescente da Mata Atlântica e às demais formas de vegetação natural de preservação permanente, onde não serão permitidas quaisquer atividades modificadoras do meio ambiente natural ou atividades geradoras de sobre-pressão antrópica, constituindo estas zonas, as áreas situadas em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal [...] (NÍSIA FLORESTA, 2007, p. 22 e 23)

Sendo assim, observa-se que a legislação existe, mas não é aplicada como deveria nessas áreas, visto que as faixas mínimas para quaisquer tipos de construções não são respeitadas como deveriam, caracterizando ações que prejudicam a preservação desses ambientes e modificam a paisagem natural do espaço.

Nas duas lagoas dessa pesquisa, é notável o descumprimento da legislação, pois os bares e restaurantes estão construídos na beira da lagoa, desconsiderando totalmente o limite mínimo para tal, além dos equipamentos de lazer, como os pedalinhos, caiaques, mesas e cadeiras, etc, que tomam conta das margens.

Na esfera federal, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a lei maior do país, é estabelecido que todas as pessoas têm o direito de desfrutar de

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