• Nenhum resultado encontrado

Download/Open

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Download/Open"

Copied!
108
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE GESTÃO E DIREITO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO. ANDRE TONIN FERRARI. DESVALORIZAÇÃO POR ATRASO: UM ESTUDO SOBRE O COMPORTAMENTO IMPULSIVO E PROCRASTINADOR NA TOMADA DE DECISÃO FINANCEIRA. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2016.

(2) DESVALORIZAÇÃO POR ATRASO: ESTUDO SOBRE O COMPORTAMENTO IMPULSIVO E PROCRASTINADOR NA TOMADA DE DECISÃO FINANCEIRA. ANDRE TONIN FERRARI. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação. em. Administração. da. Universidade. Metodista de São Paulo como requisito parcial para obtenção do título de mestre em administração. Área de. Concentração:. Gestão. Econômico. Financeira de Organizações. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Cappellozza. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2016.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA F412d Ferrari, André Tonin Desvalorização por atraso: estudo sobre o comportamento impulsivo e procrastinador na tomada de decisão financeira / André Tonin Ferrari. 2016. 105 p. Dissertação (Mestrado em Administração) --Escola de Gestão e Direito da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2016. Orientação: Alexandre Cappellozza 1. Desvalorização por atraso 2. Impulsividade 3. Procrastinação 4. Tomada de decisão 5. Administração financeira I. Título. CDD 658.

(4) A Dissertação de mestrado intitulada “DESVALORIZAÇÃO POR ATRASO: UM. ESTUDO. SOBRE. O. COMPORTAMENTO. IMPULSIVO. E. PROCRASTINADOR NA TOMADA DE DECISÃO FINANCEIRA.”, elaborado por ANDRÉ TONIN FERRARI, foi apresentada e aprovada em 22 de junho de 2016, perante a banca examinadora composta pelo Prof. Dr. Alexandre Cappellozza. (Presidente/UMESP),. Prof.. Dr.. Elmo. Tambosi. Filho. (Titular/UMESP) e Prof. Dr. Joelson Oliveira Sampaio (Titular/FECAP).. __________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Cappellozza Orientador e Presidente da Banca Examinadora. __________________________________________ Prof. Dr. Almir Martins Vieira Coordenador de Programa de Pós - Graduação. Programa: Pós-Graduação em Administração da Universidade Metodista de São Paulo Área de Concentração: Gestão de Organizações Linha de Pesquisa: Gestão Econômico- Financeira de Organizações.

(5) Dedico este trabalho a meu grande amor Angela, sua presença me fortalece. As minhas filhas Vitória e Beatriz pela pureza e amor incondicional. E aos meus pais, Conceição e Antonio José pela educação e ensinamentos de que a humildade é a ponte para a felicidade. E aos meus sogros, Regina e Donald, por demonstrar que a generosidade é um dos maiores sentimentos do ser humano..

(6) AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço ao Criador por ter me dado a vida e força para persistir, que assim como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muitos leves, sentem-nos ceder, mas cantam, pois eles sabem que possuem asas. Agradeço a todos os professores do Programa de Pós Graduação em Administração Stricto Sensu da Universidade Metodista que foram essenciais durante o processo de aprendizagem. Ao professor Dr Alexandre Cappelloza que ao longo do processo, foi líder, educador e incentivador, mostrando que a educação e o trabalho árduo é um seguro para a vida e um passaporte para a eternidade. Ao Prof Dr Elmo Tambosi Filho, pelos seus ensinamentos e por desmitificar a área financeira, e nos ensinar que a verdadeira humildade se estabelece nas ações que expressam a identidade de quem se mantem em benefício do aprender e ao Prof Dr Joelson Oliveira Sampaio, que contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento deste trabalho, sempre disponível e demonstrando que o segredo do sucesso é a constância de propósitos. Aos meus pais Conceição e Antonio José, cujo ensinamentos sobre integridade, perseverança e humildade levarei eternamente comigo. Apesar da distância vocês sempre me visitam no coração e pensamento. A minha esposa Angela, que sempre me apoiou e nos momentos de dificuldade fez com que enxergasse que há luz no fim do túnel. As coisas que realizamos, nunca serão tão belas quanto a que sonhamos. Mas as vezes, nos acontecem coisas tão belas que nunca pensamos em sonhá-las. Para mim aconteceu você. As minhas princesas Vitória e Beatriz, sua presença me traz força, e tenho a infinita certeza que não existe maior e mais verdadeiro que o amor de vocês. Mateus e Bruna, meus irmãos, amigos, vocês sempre estão comigo em meus pensamentos..

(7) RESUMO Estudos tem sido realizados sobre a desvalorização por atraso que buscam demonstrar a existência de fatores que influenciam a tomada de decisão financeira considerando um cenário aversivo. Alguns destes fatores como o comportamento impulsivo e o comportamento procrastinador, podem ser fundamentais para que o indivíduo aceite ou não desvalorizar determinado valor. Este estudo analisou os comportamentos impulsivo e procrastinador que podem influenciar na tomada de decisão financeira. Através de uma abordagem de investigação quantitativa, os dados foram coletados por meio de um instrumento de pesquisa com obtenção da resposta de 410 questionários. Os resultados obtidos por esta pesquisa confirmam a influência da procrastinação no processo de tomada da decisão financeira individual. Conclui-se que o comportamento procrastinador afeta a tomada de decisão, conduzindo o indivíduo a não desvalorizar o atraso. Porém constatou-se que o comportamento. impulsivo. não. ficou. evidenciado. neste. estudo. como. componente que possa impactar na decisão financeira do indivíduo em cenários aversivos. Palavras-chaves – Desvalorização por Atraso, Impulsividade, Procrastinação, Tomada de Decisão Financeira..

(8) ABSTRACT Studies have been conducted on the delay discouting, which seek to demonstrate the existence of factors that influence financial decision making considering an aversive scenario. Some of these factors with impulsive behavior and the procrastinator behavior, can be critical for the individual to accept or not to devalue certain value. This study analyzed the impulsive behavior and procrastinator that may influence financial decision making. Through a quantitative research approach, data were collected through a survey tool to obtain 410 questionnaires response. The results of this research confirm the influence of procrastination in making the individual financial decision. It concludes that the procrastinator behavior affects decision making, leading the individual to not devalue the delay. But it was found that impulsive behavior was not observed in this study as a component that can impact the financial decision of the individual aversive scenarios.. Keywords – Delay Discounting , Impulsivity , Procrastination , Financial Decision Making ..

(9) LISTA DE QUADROS. Sumário Quadro 1 – Estudos realizados sobre Procrastinação .................................... 25 Quadro 2 – Fatores que definem a procrastinação ativa ................................ 31 Quadro 3 – Questões Demográficas .............................................................. 37 Quadro 4 – Tipos de Impulsividade Escala BIS11 .......................................... 38 Quadro 5 – Estudos de Impulsividade com a escala BIS 11 .......................... 39 Quadro 6 – Construto Impulsividade Atencional ............................................. 40 Quadro 7 – Construto Falta de Planejamento ................................................ 41 Quadro 8 – Construto Impulsividade Motora .................................................. 41 Quadro 9 – Itens do Construto Preferência por Pressão ................................ 42 Quadro 10 – Itens do Construto Satisfação com o Resultado ........................ 43 Quadro 11 – Itens do Construto Habilidade em Cumprir Prazos .................... 43 Quadro 12 – Itens do Construto Decisão Intencional ..................................... 44. LISTA DE QUADROS.

(10) LISTA DE TABELAS Sumário Tabela 1 – Pontuação da Escala BIS 11 – Classificação do Grau de Impulsividade ................................................................................................... 40 Tabela 2 – Ofertas do Experimento ................................................................. 44 Tabela 3 – Desvalorização por Atraso – Situação de Escolha......................... 45 Tabela 4 - Teste de Normalidade aplicados aos respondentes ....................... 48 Tabela 5 - Teste de comparação entre grupos ................................................ 49 Tabela 6 – Teste de oferta experimental e oferta real ..................................... 51 Tabela 7 – Dados descritivos da idade dos respondentes ............................... 52 Tabela 8 – Teste Qui Quadrado – Pagantes Mensalidade .............................. 56 Tabela 9 – Teste qui quadrado – Responsabilidade pela decisão financeira .. 57 Tabela 10 – Frequência média de respostas por construto ............................. 60 Tabela 11 – Frequência de respostas dos itens da escala .............................. 60 Tabela 12 – Comparativo entre desconto (oferta) e retorno de investimento .. 71 Tabela 13 – Resultado Regressão Logística – Prazo um mês ........................ 73 Tabela 14 – Resultado Regressão Logística – Prazo dois meses ................... 74 Tabela 15 – Resultado Regressão Logística – Prazo seis meses .................. 75 Tabela 16 – Resultado Regressão Logística – Prazo doze meses ................. 76 Tabela 17– Resultado Regressão Logística – Prazo trinta e seis meses ....... 77 Tabela 18– Síntese dos Testes de Hipóteses.................................................. 78.

(11) LISTA DE FIGURAS. Sumário Figura 1 – Modelo Conceitual de Pesquisa ..................................................... 35 Figura 2 – Gênero dos respondentes .............................................................. 49 Figura 3 – Histograma da idade dos participantes .......................................... 52 Figura 4 – Situação profissional dos respondentes ......................................... 53 Figura 5 – Tempo de Empresa ........................................................................ 54 Figura 6 – Renda do Respondente.................................................................. 54 Figura 7 – Pagantes Mensalidade ................................................................... 55 Figura 8 – Responsabilidade pela decisão financeira ..................................... 57 Figura 9 – Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 1 Mês ... 65 Figura 10 – Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 6 Meses ......................................................................................................................... 67 Figura 11 - Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 12 Meses ......................................................................................................................... 68 Figura 12 - Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 36 Meses ......................................................................................................................... 69 Figura 13 - Comparativo entre períodos valor da oferta – R$100,00 ......................................................................................................................... 70 Figura 14 - Comparativo entre períodos valor da oferta – R$125,00 ......................................................................................................................... 70.

(12) SUMÁRIOário. 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 8 1.2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO .................................................................. 9 1.3 OBJETIVO DA PESQUISA ..................................................................... 10 1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................... 10 1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................... 10 1.4. ESTRUTURAÇÃO DO ESTUDO ........................................................... 11 2. REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................... 11 2.1 TOMADA DE DECISÃO .......................................................................... 11 2.2 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS ........................................................ 12 2.2.1. Efeito Framing ..................................................................................... 16 2.3 DESVALORIZAÇÃO POR ATRASO ....................................................... 17 2.4 IMPULSIVIDADE .................................................................................... 21 2.5 PROCRASTINAÇÃO............................................................................... 25 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................... 35 3.1 INFORMAÇÃO DA AMOSTRA ............................................................... 36 3.2 INSTRUMENTOS DE MEDIDA ............................................................... 36 3.2.1 Dados Demográficos ............................................................................ 37 3.2.2 Escala de Impulsividade BIS 11 ........................................................... 38 3.2.3 Escala de Procrastinação..................................................................... 42 3.2.4 Questões de Desvalorização por Atraso .............................................. 44 3.2.5 Operacionalização do Experimento ..................................................... 45 3.3. Coleta de Dados ................................................................................... 47 3.4 TÉCNICAS ESTATÍSTICAS .................................................................... 47 3.4.1. Regressão Logística ............................................................................ 47 3.4.2. Teste do Qui Quadrado x² ................................................................... 47 3.4.3. Teste de Mann Whitney....................................................................... 48 4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................ 49 4.1. Teste de Normalidade .......................................................................... 49 4.2. Teste de Comparação entre Grupos ................................................... 50 4.3. Teste de Comparação Experimento e Cenário Real ........................... 51.

(13) 4.4. Descrição Dados Demográficos .......................................................... 51 4.5. Análise Descritiva das Variáveis das Escala ........................................ 59 4.6. Resultado das decisões das ofertas por período ................................. 66 4.7. Resultado das decisões das ofertas entre períodos ............................. 70 4.8. Análise das Hipóteses .......................................................................... 73 5. CONCLUSÕES ........................................................................................... 80 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 84 APÊNDICE ....................................................................................................... 95.

(14) 8 1. INTRODUÇÃO. Decidir é o processo de escolha de uma opção dentre outras alternativas e pode ser considerada como recorrente a quase todo momento. Tal processo envolvem situações cotidianas como decidir qual roupa vestir, ou decisões de outra magnitude como, por exemplo, investir ou não em educação, ou realizar investimentos em outras possibilidades. A tomada de decisão é algo frequente no âmbito empresarial e gestores que não possuem habilidades e conhecimento suficiente podem se comprometer tomando decisões inadequadas em cenários complexos e comprometer os resultados empresariais. Além disto, sabe-se que há uma tendência nos indivíduos em procurar atalhos mentais durante o processo decisório (KAHNEMAN & TVERSKY, 1979). Desta forma diferentes aspectos podem influenciar a tomada de decisão individual levando o indivíduo racional a tomar decisões carregadas por um viés cognitivo, ou seja, em uma situação racional o processo decisório do indivíduo ocorre de forma diferente de uma situação em que os atalhos mentais são ativados, tendo suas decisões influenciadas por emoções (KAHNEMAN & TVERSKY, 1979). Por outro lado, a impulsividade também pode afetar a decisão, considerando que a impulsividade trata-se de uma tendência a resposta de forma rápida e sem reflexão. A impulsividade tem sido relacionada com consequências negativas como inadimplência, arrependimento pós compra e comprometimento da autoestima. A compra por impulso pode adquirir proporções excessivas e levar o indivíduo a adquirir dívidas financeiras ou a enfrentar distúrbios psicológicos (DITTMAR, 1996). No entanto indivíduos tendem a apresentar um comportamento procrastinador, pois acabam prorrogando suas decisões, desta forma perdendo oportunidades que possam ser vantajosas ao indivíduo (HAMASAKI & KERBAUY, 2001)..

(15) 9 Outro aspecto que pode influenciar as decisões se refere ao comportamento procrastinador que pode ser percebido durante a vida estudantil. Onde estudos demonstram que aproximadamente 80% dos estudantes procrastinam, e destes, 50% apresentam prejuízos significativos durante sua vida acadêmica por conta deste comportamento (DRYDEN & SABELUS, 2012; ENUMO & KERBAUY, 1999). Os adultos por sua vez procrastinam em tarefas rotineiras como, por exemplo, marcar exames médicos (HAMASAKI & KERBAUY, 2001), e pesquisadores apontam aumento desse comportamento na população em geral, indicando que a procrastinação afeta cronicamente 15 a 20% da população de indivíduos adultos (HARRIOT & FERRARI,1996; KACHGAL, HANSEN & NUTLER, 2001). No contexto empresarial, profissionais que procrastinam tendem a apresentar resultados abaixo do esperado, gerando inclusive desconforto junto aos liderados, pois deixam o cumprimento das atividades para a última hora, correndo o risco de não entregar o trabalho. No entanto a procrastinação tem sido pouco explorada pelas pesquisas em comportamento organizacional apesar de seus impactos negativos na produtividade empresarial (WEYMANN, 1988). A partir desta possibilidade de investigação científica, este estudo analisou possíveis efeitos da procrastinação e da impulsividade na tomada de decisões monetárias.. 1.2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO. No ambiente corporativo, os gestores estão sujeitos a tomarem decisões frequentemente, abrangendo os diversos níveis empresariais. Decisões tomadas de forma incorreta podem levar a perda de receitas financeiras e produtividade, e também gerando insatisfações junto aos liderados. Profissionais que tomam decisões de forma impulsiva tendem a comprometer. os. resultados. empresarias.. Problemas. originados. da.

(16) 10 impulsividade também podem ser presenciado em consumidores que apresentam comportamento impulsivo. A compra por impulso gera vários tipos de consequências negativas, pois no momento em que o consumidor avaliar a realização destes gastos, gera-se emoções negativas, sendo a culpa ou irritação pela aquisição de produtos ou serviços, entre outras consequências (COSTA & LARAN, 2003). Além disto a procrastinação pode levar o profissional a altos níveis de estresse por conta da ansiedade sobre a entrega de seus resultados. Além de levar o indivíduo ao sofrimento físico e emocional, é possível que haja impacto nos relacionamentos empresariais e pessoais (KERBAUY,1997). Sabe-se que indivíduos que procrastinam geralmente tomam decisões que poderiam trazer melhor resultado se fossem decididas anteriormente. Neste sentido, o ato de procrastinar, pode afetar o desempenho do indivíduo no trabalho e levando-o a tomar decisões que podem acarretar em prejuízos ou na perda de oportunidades.. 1.3 OBJETIVO DA PESQUISA. 1.3.1 Objetivo Geral Analisar influências de aspectos individuais a decisões financeiras apresentadas em condições distintas de prazo e valor.. 1.3.2 Objetivos Específicos 1. Analisar o impacto da impulsividade sobre o processo decisório; 2. Analisar o impacto da procrastinação sobre o processo decisório; 3. Comparar e discutir os resultados de experimento vinculado a diferentes cenários decisórios especificados em valor e prazos distintos com os resultados de um cenário decisório real..

(17) 11 1.4 ESTRUTURAÇÃO DO ESTUDO. O presente trabalho apresenta-se organizado em capítulos com as informações importantes para o entendimento do assunto, além da introdução, justificativa, objetivos e contribuições previstas com o estudo contidas nessa primeira parte, o projeto de pesquisa apresenta mais cinco capítulos. No capítulo dois é apresentando o referencial teórico, onde são tratados temas como: tomada de decisão; finanças comportamentais; desvalorização por atraso; impulsividade e procrastinação. No capítulo três trataremos dos procedimentos metodológicos, no capítulo quatro são apresentados e discutidos os resultados e no capítulo cinco são apresentadas as conclusões da pesquisa.. 2. REFERENCIAL TEÓRICO. 2.1 TOMADA DE DECISÃO. A tomada de decisão consiste em um processo individual de ponderar e prever consequências positivas e negativas de determinadas alternativas (REIMANN & BECHARA, 2010). Configura-se como uma situação em que é necessário optar entre uma série de alternativas, especialmente em situações nos quais há certo grau de incerteza a respeito dos resultados dessa escolha. Dado relevante papel das decisões na vida cotidiana, o processo por meio da qual elas são realizadas, tornou um dos principais objetos de estudo em áreas como matemática, economia, filosofia e psicologia (REIMANN & BECHARA, 2010). No contexto das teorias cognitivas que começaram a se consolidar de maneira sistemática na década de 1970, a interpretação de processos de tomada de decisão, eram feitas a partir de teorias normativas, derivadas de estudos oriundos da matemática e economia. Estas teorias, tal como a da.

(18) 12 utilidade esperada (Von Neumann e Morgenstern, 1947) afirmavam que o ser humano era perfeitamente racional, em situações de incerteza, agiria de acordo com estimativas matemáticas dos ganhos relacionados a cada alternativa disponível. Contudo, Simon (1957) chamou a atenção para o fato de que a escolha racional pode ser impactada, pois, faltam aos indivíduos informações completas. Tal processo segundo autor, ocorrendo apenas de forma limitada. Portanto a ideia central do Conceito de Racionalidade Limitada é que o indivíduo possui intenção de agir racionalmente, porém em função de suas limitações cognitivas e computacionais, não conseguem escolher a melhor alternativa, mas opta por uma suficientemente aceitável (FERNANDES, 2000). Segundo Macedo Junior (2003), a psicologia cognitiva considera a decisão como um processo interativo, onde fatores não triviais apresentam influência, como percepções, convicções e modelos mentais do próprio decisor e acabavam por interferir na ação ou decisão escolhida. Além disso, motivos intrínsecos como emoções, estados da mente, tendências e atitudes psicológicas podem influenciar nas decisões, inclusive financeiras.. 2.2 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS. Nos inicios dos anos de 1950, a psicologia julgava os homens como seres perfeitamente racionais e seus comportamentos eram explicados pela relação estímulo resposta (SKINNER, 1957). Nem todo o comportamento poderia ser explicado pela relação estímulo e resposta, considerando que, os seres. humanos. preferem. abreviar. situações. que. são. consideradas. desagradáveis, assim postergando ao máximo a tarefa de ter que tomar decisões. (TOLMAN, 1932). De acordo com o modelo clássico de escolha racional que envolvam processos de tomada de decisão, espera-se que indivíduos, quando submetidos a uma determinada escolha dentro de um universo com várias alternativas, opte por aquela que lhe proporcione a maior satisfação possível,.

(19) 13 ou a combinação que se traduza no melhor resultado (GILOVICH; GRIFFIN, 2002). Da mesma forma, ainda considerando este modelo, que enfatiza o processo racional de tomada de decisão, “os consumidores maximizam satisfação ou utilidade derivada do consumo de um bem, ou seja, os agentes agem racionalmente” (VASCONCELLOS, 2001). A Teoria da Utilidade Esperada é baseada na tomada de decisão por meio de um processo ancorado estritamente em aspectos racionais. Esta teoria fundamenta-se “sobre as preferências reais das pessoas ou entidades quanto aos resultados oriundos de sua decisão, desta forma, abrigando a explicação do comportamento dos agentes de decisão” (BEKMAN; COSTA, 1995). Considerando esta teoria, os tomadores de decisão associam valores de uma quantidade abstrata, chamada de utilidade, aos fatores ou valores monetários envolvidos no processo. Na década de 70, os psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky (1979) testaram os princípios da Teoria da Utilidade Esperada, aplicando um questionário a estudantes que envolviam decisões arriscadas. Os resultados da pesquisa evidenciaram padrões de comportamento divergentes da Teoria da Utilidade Esperada, demonstrando que a tomada de decisão era influenciada por diversos fatores de natureza emocional, social e física e não somente dominada pela razão. As finanças comportamentais representam uma nova perspectiva, que busca incorporar aspectos psicológicos dos indivíduos durante o processo de avaliação e tomada de decisão. Apresenta um aspecto multidisciplinar, envolvendo modelos financeiros tradicionais, métodos quantitativos, economia e psicologia (KIMURA, 2003). Os trabalhos de Kahneman, Slovic e Tverski (1979, 1994) comprovam uma aproximação entre as disciplinas de sociologia e psicologia, convergindo desta forma. com. a. área. denominada. psicologia. econômica.. A. Economia. Comportamental estuda impactos de políticas macroeconômicas na população apoiada pela psicologia, sociologia, antropologia, história e biologia e as Finanças Comportamentais que estuda o comportamento do mercado com.

(20) 14 base em teorias econômicas tradicionais, economia comportamental e psicologia econômica (FERREIRA, 2007). Carneiro (2006), afirma que as finanças comportamentais são o estudo da ação humana com suas fragilidades e falhas dentro do mercado financeiro. Tais fragilidades, apontam para um processo de tomada de decisão enviesado, demonstrando que boa parte dos investidores tomam decisões parcialmente racionais. O surgimento das finanças comportamentais no meio acadêmico remete ao final da década de 70, com a publicação dos trabalhos de Kahneman e Tversky (1979), sobre o comportamento e o processo de tomada de decisão do ser humano em situações aversivas. Sobre o paradigma da Teoria Moderna de Finanças,. os. tomadores. de. decisão. são. considerados. racionais. e. maximizadores de utilidades. A psicologia cognitiva sugere que o processo humano de decisão está sujeito a diversas ilusões cognitivas, podendo ser classificadas de duas formas: ilusões derivadas de processos de decisão heurísticos, chamados também de atalhos mentais, e ilusões causadas pela adoção de crenças ou práticas que levam os indivíduos a cometerem erros. Os processos heurísticos referem-se a modelos criados pelo homem para tomar decisões complexas, por exemplo, em ambientes econômicos de incertezas, onde. todas. as. informações. relevantes. são. coletadas. e. avaliadas. objetivamente, ao invés disto, os tomadores de decisão usam “atalhos mentais” no sentido de facilitar o processo de decisão (KAHNEMAN E TVERSKY, 1979). Para Shleifer (2000), as finanças comportamentais apresentam-se como uma alternativa para avaliar o movimento do mercado financeiro. Portanto é de se esperar a existência de anomalias no processo decisório, que são chamados de atalhos mentais, ou heurística definidos por Kahneman e Tversky (1979), desta forma os seres humanos simplificam o processo de decisão na tentativa de tornarem a tarefa mais simples e rápida, fazendo uso de atalhos mentais. Kahneman e Tversky (1979) apresentam três heurísticas, que significam atalhos mentais, e que, são caminhos utilizados pelo cérebro no intuito de.

(21) 15 facilitar a tomada de decisão. As heurísticas são: a representatividade, disponibilidade e ancoragem. A representatividade ocorre quando os indivíduos tentam prever de forma intuitiva um determinado fato baseado modelo existentes e préconcebidos. A heurística da disponibilidade, está ligada a determinação da probabilidade através da facilidade de lembrar acontecimentos parecidos. E por fim a heurística de ancoragem que ocorre quando as pessoas tentam prever probabilidades baseadas em uma informação inicial ou ponto de vista (KAHNEMAN E TVERSKY, 1979). Souza et.al (2011), afirma que a finalidade das heurísticas é identificar e compreender as ilusões cognitivas que fazem com que pessoas cometam erros de avaliação na hora de tomarem decisões. Desta forma, o indivíduo nem sempre apresenta um comportamento racional, estando sujeito aos vieses cognitivos. Portanto as finanças comportamentais surgem no cenário econômico como um modelo de estudos sobre o comportamento humano e a irracionalidade do homem, no que diz respeito a tomada de decisão (HALFELD & TORRES, 2001). Desta forma a psicologia cognitiva complementou os princípios das finanças modernas que apresentavam como pressuposto a racionalidade do investidor na tomada de decisão, que em determinadas situações é necessário aceitar a hipótese de que os agentes econômicos não ajam de maneira plenamente racional (THALER,1993). Para Thaler e Barberis (2003), desvios no comportamento racional são intrínsecos a natureza humana e devem ser incorporados a análise econômica como uma extensão dos modelos tradicionais. No entanto os modelos comportamentais precisam especificar a forma da irracionalidade dos agentes. A psicologia neste aspecto desempenha um papel importante, ao fornecer o embasamento teórico que explica os vieses cognitivos que influenciam as preferências, comportamento e decisões das pessoas (SHEFRIN, 2000)..

(22) 16 Segundo Possas (2009), o ser humano apresenta dois métodos, ou maneira, de pensar que acabam influenciando o comportamento, isto de forma intuitiva, ou automática, no qual agimos na maioria das vezes, em que adotamos processos automáticos sem ter a necessidade de um pensamento que exija maior complexidade de ação. Porém também, considera-se o pensamento reflexivo, em que se adotam os processos controlados, exigindose maior complexidade na execução, por exemplo, aprender um novo idioma. Nossa concepção tradicional de tomada de decisão considera apenas um dos quadrantes de nosso cérebro, ou seja, pensamos de forma cognitiva e agimos de acordo com os processos controlados, porém o campo de estudo das finanças comportamentais critica justamente este ponto, pois nosso cérebro também é composto pela parte afetiva, na qual as emoções exercem grande influência nos pensamentos e tomadas de decisão (POSSAS, 2009). Portanto os vieses provenientes das heurísticas de decisão, afetam a relação que possa existir entre a tomada de decisão do indivíduo de acordo com a forma em que determinado assunto é exposto a ele. A postura do ser humano muda de acordo com as alterações na forma de apresentação dos problemas, e que dessa forma os indivíduos procuram simplicar o problema para a tomada de decisão. A este conceito é dado o nome de efeito framing (KAHNEMAN E TVERSKY, 1979).. 2.2.1 Efeito Framing. Como forma de simplificação dos processos de decisão, os indivíduos geralmente não consideram boa parte das características de cada uma das opções de escolha e centralizam sua análise sobre os componentes que distinguem as opções de escolha. Neste contexto, por exemplo, dois problemas são apresentados de formas idênticas, porém a forma como a descrição das alternativas é apresentada, faz com que o indivíduo mude sua escolha (BAZERMAN & MOORE, 2009)..

(23) 17 As pessoas utilizam-se de estratégias baseadas em suas crenças, para o processo decisório, característica da racionalidade limitada. Portanto o processo de tomada de decisão não é restritamente racional, principalmente quando o tempo disponível é limitado. Adiciona-se ainda o fato de que os indivíduos utilizam informações baseadas em suas preferências, que podem mudar dependendo do caminho em que o problema de decisão é apresentado as pessoas, e como buscam caminhos mais simples, denominadas heurísticas, para a tomada de decisão (TVERSKY & KAHNEMAN, 1986). O Efeito Framing é a possibilidade de se influenciar a decisão de um indivíduo apresentando as informações de forma verídica, sem distorções, porém com alterações sutis na apresentação e estruturação das informações de um mesmo problema (MAYER & AVILA, 2010).. Desta forma o Efeito. Framing, estabelece a noção de que o ser humano responde de forma diferente a um mesmo problema decisório a partir de alterações na forma de apresentação do problema (CARVALHO JUNIOR, ROCHA & BRUNI, 2010). O desenvolvimento da Teoria do Prospecto foi embasada por uma série de estudos que forneceram evidências de que era possível a reversão de uma preferência entre alternativas de uma decisão em função da forma como o problema era apresentado. Os pesquisadores denominaram esse fenômeno criando a expressão chamada Efeito Framing (KAHNEMAN & TVERSKY, 1979). Além do efeito framing estudado pelas finanças comportamentais, outro fenômeno pode afetar a tomada de decisão, chamado de desvalorização por atraso.. 2.3 DESVALORIZAÇÃO PELO ATRASO. Desvalorização pelo Atraso ou Delay discounting, representa um comportamento no qual as pessoas aceitam receber valores de forma imediata na medida em que o prazo para este recebimento se torna distante, ou seja, pode ser definido como a depreciação do valor de uma recompensa.

(24) 18 relacionada com o tempo com que o indivíduo leva para aceitar a recompensa. Assim considerando a definição de Desvalorização pelo Atraso, indivíduos que tendem a recusar o recebimento de recompensas mais adiante, apresentam um comportamento imediatista, mesmo que esperar para receber esta recompensa mais a frente seja mais vantajosa (MAR & ROBBINS, 2007). Outras definições apresentam a Desvalorização por Atraso, como a tendência a preferir recompensas menores de forma imediata a valores maiores, mais vantajosos, no qual o indivíduo aceita receber mais tarde (MAR & ROBBINS, 2007). A Desvalorização pelo Atraso apresenta várias suposições, que de acordo com a racionalidade, os indivíduos, planejam seus atos, mensurando as consequências futuras, e que há um enfraquecimento dos efeitos das consequências, em caso da desvalorização por atraso ocorrer, ou seja, o indivíduo. aceita. de. forma. imediata. o. recebimento. da. recompensa. (CRITCHFIELD & KOLLINS, 2001). Portanto, uma pessoa pode escolher em receber de forma instantânea um valor, acreditando em que sua riqueza aumentará ao longo do tempo, e que tomadas em um momento mais cedo proporcione maior utilidade do que tomadas de decisão em um momento mais tarde (FREDERICK,2003). A arbitragem intertemporal também evidencia que as pessoas preferem receber o valor de forma antecipada e na medida em que investem este valor poderão obter ganhos maiores no futuro, ao invés de aguardar para receber um valor maior descontado considerando o tempo entre receber agora ou mais a frente (Frederick,2003). No entanto, participantes que tomaram decisões sobre gastos e aplicações em poupança em determinadas economias, demonstraram que a taxa de juros da economia simulada afeta diretamente os participantes, no momento em que a desvalorização pelo atraso é aplicada (KAWASHIMA, 2006). Mischel, Grusec e Master (1969) descrevem quatro experimentos que procuravam avaliar o efeito do atraso sobre estímulos apetitivos e aversivos, em que a amostra estudada, composta por crianças e estudantes.

(25) 19 universitários, foram expostos a estímulos apetitivos, sendo a obtenção de créditos acadêmicos e aversivos sendo o recebimento de um choque, com atrasos variando entre um dia a três semanas. Os resultados deste experimento demonstram que 80% da amostra indicou a preferência pelo choque imediato, considerando o estímulo aversivo durante a aplicação do experimento, o que implicaria que eventos aversivos imediatos seriam considerados menos aversivos do que se fossem atrasados, contrariando o efeito de procrastinação (MISCHEL & COLS, 1969). Mischel (1969) afirma que o tempo de espera, ou seja, o atraso por um estímulo aversivo, favorece a escolha do estímulo aversivo de forma imediata e de menor magnitude. No entanto, Yates e Watts (1975) realizaram um experimento em que a situação de escolha, envolvia o atraso de estímulos aversivos, foram aplicados choques elétricos, mas também o atraso de estímulos apetitivos. Desta maneira ao escolher o choque imediato, os participantes tinham a oportunidade também de receber imediatamente o estímulo apetitivo, no caso, créditos acadêmicos. Assim, a escolha final era entre receber um pequeno choque e os créditos imediatamente ou receber um choque maior e os créditos com um atraso maior (YATES & WATTS, 1975). Yates e Watts (1975), com o objetivo de eliminar o suposto efeito do estímulo apetitivo sobre a escolha utilizaram um procedimento em que os participantes foram divididos em dois grupos recebendo instruções diferentes. Os indivíduos do grupo experimental receberam antecipadamente uma quantia específica (US$3,00), e teriam que escolher entre a opção de devolução imediata US$1,00 ou a devolução de US$2,00 com atraso. Os resultados indicaram que a maioria dos participantes do grupo preferiu as alternativas imediatas, tal como no estudo de Mischel (1969) e (Yates & Watts, 1975). No grupo experimental a preferência dos participantes mostrou-se dividida: metade deles mostrou preferência pelas alternativas imediatas, e a outra metade preferiu as alternativas atrasadas. Os dados deste experimento indicam que em situações envolvendo estímulos aversivos e atraso pode haver preferência pelo estímulo atrasado de maior magnitude, ao contrário do sugerido por Mischel..

(26) 20 Thaler (1981), afim de investigar o efeito de diferentes atrasos e de diferentes magnitudes sobre a taxa de desvalorização de estímulos apetitivos e aversivos realizou também um experimento com universitários. Nesse experimento o autor comparou situações em que os participantes deveriam relatar que quantia de dinheiro recebida ou paga após um determinado período de tempo seria equivalente a uma quantia fixa a ser recebida ou paga imediatamente.. O. resultado. este. experimento. apontou. para. uma. Desvalorização pelo Atraso tanto na situação apetitiva quanto na situação aversiva. No entanto, a desvalorização na situação aversiva se mostrou muito menor do que na situação apetitiva, identificando o fenômeno que mais tarde ficou conhecimento assimetria ganho-perda, (LOEWESTEIN & PRELEC, 1992; THALER, 1981). Tal. conclusão. é. importante. para. resultados. dos. outros. dois. experimentos descritos acima, uma vez que a taxa de desvalorização é muito menor na situação aversiva, o uso de atrasos pequenos pode não resultar em uma desvalorização importante (THALER,1981). Nos experimentos propostos por Loewenstein (1988) envolvendo a Desvalorização por Atraso, as escolhas também são feitas a partir de um ponto de referência, no entanto a situação de Desvalorização pelo Atraso o ponto de referência não é dado pela probabilidade de ganho ou perda, mas pelas mudanças temporais provocadas pelas instruções. O nível observado que os indivíduos desvalorizam consequências atrasadas sugeriria o comportamento impulsivo como componente que pode afetar a tomada de decisão financeira (AISNLIE, 1975; LOGUE, 1988; RACHLIN & GREEN, 1972; RICHARDS, ZHANG, MITCHELLl & WIT, 1999)..

(27) 21 2.4 IMPULSIVIDADE. Impulso é considerado uma necessidade forte, e as vezes irresistível, com a inclinação de agir sem deliberação ou planejamento (McCown & DeSimone, 1993), sendo gerado a partir da exposição de um certo estímulo (WOLMAN, 1989). A impulsividade pode ser conceituada como “uma tendência a responder rapidamente a um dado estímulo, sem deliberação ou avaliação das consequências” ou como escolhas comportamentais que não teriam sido feitas caso elas fossem consideradas em termos de suas consequências de longo prazo (ROOK & FISCHER, 1995). Na Universidade de Harvard foi realizado um estudo sobre impulsividade na década de 60, baseando-se nos conceitos de Skinner e aplicada na teoria econômica social (LOGUE, 2002). No entanto, as pessoas apresentam tendência a considerar o valor de um resultado pela quantidade de tempo que levam para obter o referido resultado, sendo que impulsividade desconsidera o valor futuro, desta forma preferindo o resultado presente. O valor da consequência, seja ela desejável ou não tipicamente diminui com o passar do tempo. Ao mesmo tempo, a recompensa, ou punição, que está disponível imediatamente tem impacto maior no desempenho que aquele que é atrasada (GREEN & MYERSON, 1995). De acordo com Moeller, Barrant, Doughert, Schimitz e Swann (2001) a impulsividade pode ser definida como a propensão a reações rápidas e não planejadas a partir de estímulos externos ou internos, sem que sejam levadas em consideração as consequências negativas que podem decorrer das ações para o indivíduo ou outras pessoas. Barrat (1959), definiu a impulsividade como um traço de personalidade, complexo, relacionado a tendência em realizar ações motoras rápidas, de forma não planejada, com frequência, ineficientes e incorretas. Contudo Buss e Plomin (1975) apontaram quatro fatores para o comportamento impulsivo, sendo o principal deles o controle inibitório. Os.

(28) 22 demais considerados são: considerar as consequências das ações antes da tomada de decisão; a habilidade para persistir nas atividades a despeito de outros fatores, chamado de “busca de sensações” e por fim a inclinação ao tédio, com a necessidade de busca por novos estímulos, fator denominado como “persistência”. A impulsividade está relacionada a um padrão comportamental no qual, o indivíduo, manifesta suas respostas, cognitivas e motoras, rápidas porem sem uma reflexão adequada, condicionando a um maior número de erros devido ao baixo foco atencional e perceptivo na tarefa. Desta forma os indivíduos impulsivos tendem a demonstrar falta de previsão das consequências de seus atos (MOLLER, 2011). Normalmente a maioria dos indivíduos apresentam certo grau de impulsividade, que pode ser considerada um traço de personalidade, englobando algumas características como criatividade, espontaneidade, rapidez de resposta, e desorganização (TAVARES,2009). Para tanto a análise do comportamento utiliza medidas de desconto para descrever comportamentos de autocontrole e impulsividade (RACHLIN & COLS, 1991). Mitchell (1999), realizou um estudo com objetivo de estimar se fumantes de cigarro eram mais impulsivos que os não fumantes, por meio da aplicação de questionários de personalidade e uma tarefa de escolha. Os resultados desta pesquisa realizada por Mitchell demonstraram que os grupos de fumantes regulares, foi significantemente mais impulsivo que os não fumantes em 19 das 28 escalas de personalidade. Já considerando a tarefa de escolha, a taxa de desconto é substancialmente mais alta para os fumantes regulares quando a recompensa era atrasada. Considerando as outras duas tarefas a taxa de desconto foi similar para os dois grupos. No entanto o conceito de tomada de decisão foi desenvolvido pela Psicologia Comportamental envolvendo o chamado continuum autocontrole impulsividade. Desta forma há pessoas que apresentam um maior número de.

(29) 23 comportamentos impulsivos, e pessoas que apresentam um maior número de comportamentos de autocontrole (GONÇALVES, 2005). Autocontrole está relacionado ao controle que o indivíduo exerce sobre parte de seu comportamento quando uma resposta tem consequências que apresentam conflitos, ou seja, quanto esta leva a reforçar o comportamento como punição. De acordo com Skinner (2000), autocontrole seria qualquer comportamento que tornasse a resposta punida menos provável, alterando as variáveis das quais é função. A impulsividade, desta forma caracteriza-se pela ausência ou diminuição de autocontrole, tornado a resposta punitiva mais provável. Considerando a tomada de decisão, indivíduos autocontrolados apresentam maior probabilidade na escolha de alternativa atrasada, ou seja, quanto maior o tempo de escolha a que o indivíduo é exposto, maior a chance de escolher esta opção. Considerando também a possibilidade de receber um valor maior em detrimento de uma alternativa imediata de menor valor, em uma situação apetitiva. Por sua vez um indivíduo impulsivo na mesma situação, tenderia a escolher a alternativa imediata, mesmo de menor valor, em detrimento da alternativa atrasada de maior valor. Em uma situação aversiva, um indivíduo autocontrolado apresentaria maior probabilidade em escolher alternativa imediata de menor magnitude em detrimento de uma alternativa aversiva atrasada de maior magnitude. O indivíduo impulsivo tenderia a procrastinar, apresentando maior probabilidade na escolha da alternativa aversiva atrasada de maior magnitude, em detrimento da alternativa aversiva imediata de menor magnitude (AINSLIE, 1974). Além disso, a definição de autocontrole foi baseada na perspectiva cognitivista, como a proposição voluntária de gratificação imediata para obtenção de uma recompensa mais valiosa, embora mais atrasada (Mischel et al.,1989)..

(30) 24 A desvalorização pelo atraso pode ser considerada uma definição operacional de impulsividade, que representa a perda do valor que uma recompensa sofre com o aumento o atraso para sua obtenção (YOON et al., 2007). A impulsividade é a preferência pelos resultados a curto prazo ao invés de recompensas futuras, mesmo estas recompensas podendo ser mais valiosas, no entanto, na procrastinação, a recompensa a longo prazo está associada a execução de uma ação pouco atrativa, portanto, assim como acontece no comportamento. impulsivo,. o. indivíduo. escolhe. uma. atividade. menos. importante, porém mais prazerosa a curto prazo (VAN EERDE, 2000). Portanto, entende-se que a desvalorização por atraso pode estar relacionada a impulsividade, e elabora-se a seguinte hipótese: Hipótese (H1) – a impulsividade influencia positivamente a desvalorização por atraso. Segundo Barrat (1959), a impulsividade pode se desdobrar na impulsividade motora a ação em que o indivíduo age sem premeditação, a impulsividade atencional que está relacionada a tomada de decisão rápida e a impulsividade por falta de planejamento que engloba comportamentos orientados para o presente. Desta forma formulam-se as seguintes hipóteses: Hipótese (H1a) – A impulsividade atencional influencia positivamente a desvalorização por atraso. Hipótese (H1b) – A impulsividade motora influencia positivamente a desvalorização por atraso. Hipótese (H1c) – A impulsividade por falta de planejamento influencia negativamente a desvalorização por atraso. No entanto, comportamentos com baixo grau de impulsividade podem levar o indivíduo a apresentar um comportamento de adiamento de tarefas que são importantes e que pode podem impactar na tomada de decisão (FERRARI & EMMONS, 1994)..

(31) 25 2.5 PROCRASTINAÇÃO. A procrastinação é definida como um comportamento de se adiar tarefas, de se transferir atividades para “outro dia” que não o atual; deixar de fazer algo ou, ainda, interromper o que deveria ser concluído dentro de um prazo determinado (KERBAUY, 1997). Procrastinar também se refere a atrasar uma tarefa importante que tem um reforçador atrasado, em benefício de alguma coisa mais rápida e fácil que traga menor ansiedade. (BOICE, 1996). Significa atrasar ações vitais até que o desempenho e os resultados sejam maiores do que os as atividades realizadas no tempo adequado. A procrastinação é temporária ou permanente, podendo também ser definida como uma função ao nível comportamental, adiamento do planejado, ao nível cognitivo, no qual há um adiamento da tomada de decisão (DEWITTE & LENS, 2000). A procrastinação é uma tendência comportamental, que traz consequências negativas para o indivíduo. Sendo o sintoma mais típico o fraco desempenho, pois. devido. ao. comportamento. de. iniciarem. tudo. mais. tarde,. os. procrastinadores acabam não tendo tempo suficiente para realizar a tarefa, considerando suas capacidades (FERRARI, JOHNSON & MCCOWN, 1995). Segue no quadro 1 alguns estudos relevantes sobre procrastinação. Quadro 1 - Estudos realizados sobre Procrastinação ASSUNTOS. ESTUDOS. REFERÊNCIAS. Referente aos trabalhos ou obrigações Hábito de Estudo. acadêmicas que não concluídas dentro do. (GREEN,. prazo, por exemplo, deixar de estudar para. 1982).. avaliações. Nesta categoria, procura-se manipular tempo e técnicas para estudar. Hábito de Estudo. Investigação sobre a frequência da. (SOLOMON &. procrastinação acadêmica em estudantes.. ROTHBLUM,.

(32) 26 1984). Aplicado a estudantes de psicologia, analisando. Hábito de Estudo. Hábito de Estudo. (BESWICK,. três explicações psicológicas para a. ROTHBLUM E. procrastinação.. MANN, 1988).. Investigação se alunos motivados intrinsicamente em aprender tendem a procrastinar menos do que alunos externamente motivados.. (ORPEN, 1998).. Realização de um experimento para testar se a. Hábito de Estudo. adição de recursos para aumentar a motivação reflete positivamente no desempenho e aprendizado dos estudantes de um curso a. (TUCKMAN, 2007).. distância. Na qual se procura estudar como a procrastinação impacta na tomada de decisão importantes na vida. Pesquisas Clínicas. do indivíduo como por exemplo, trabalho, casamento, família, etc... Nestas categorias as variáveis levadas em consideração são medo do. (ELLIS E KNAUS, 1975).. fracasso, baixa estima, dificuldade em lidar com tarefas não prazerosas. Desenvolvido que inclui nos aspectos pessoais dos. Pesquisas Clínicas. procrastinadores fatores relacionados a auto eficácia, autoestima e auto regulação.. Vida Cotidiana. (KLASSEN; KUZUKU, 2009).. Estudo sobre o efeito do controle familiar sobre a. (FERRARI &. indecisão dos estudantes.. OLIVETTE, 1993).. Pesquisas Clínicas. Vida Cotidiana. Sobre procrastinação e gênero sobre os efeitos do. (STEWART &. álcool, associado ao desvio de comportamento.. GETZ, 2007).. Procrastinação da vida cotidiana na qual se. (MILGRAM,. procura trata de questões que envolvem. SCOLOFF e. pontualidade de determinação de prioridades.. ROSEMBAUM, 1988).. Fonte: Elaborado pelo autor.

(33) 27 A ansiedade da avaliação, dificuldades na tomada de decisão, falta de controle, o medo das consequências do sucesso, a aversão a tarefas e os padrões excessivamente perfeccionistas são apontadas como algumas das razões para o comportamento procrastinador (SOLOMON & ROTHBLUM, 1984). Desta forma, existem dois tipos de procrastinadores, os passivos e ativos. Os procrastinadores passivos são aqueles no sentido tradicional. Em termos cognitivos os procrastinadores passivos não apresentam a intenção de procrastinar, mais o fazem por conta de sua incapacidade de tomar decisões de forma rápida. Já os procrastinadores ativos, são capazes de agirem sobre suas decisões em tempo útil, no entanto acabam suspendem suas ações de forma deliberada, focando sua atenção em outras tarefas de maior relevância (CHU & CHOI, 2005). Existe uma diferença entre os procrastinadores ativos, considerando as dimensões cognitivas, afetivas e comportamentais. Considerando a questão afetiva, quando um prazo se aproxima, os procrastinadores tendem a sentir a pressão tornando-se pessimistas, principalmente sobre sua capacidade em alcançar resultados satisfatórios (FERRARI, PARKER & WARE, 1992). Por sua vez os procrastinadores passivos são propensos a desistir e não terminar as tarefas. A procrastinação ativa trata-se de um fenômeno que inclui componentes cognitivos, como a decisão de adiar, afetivos que preferem a pressão do tempo e comportamentais, que concluem uma tarefa dentro do prazo (CHU E CHOI, 2005). Se o indivíduo considerar que há a possibilidade de ser punido pelo seu comportamento procrastinador e não acontecer (Van Eerde, 2000), ou até mesmo se este comportamento procrastinador for recompensado por bons resultados no trabalho ou provas, torna-se evidente que o sucesso obtido após deixar a realização de uma tarefa para a última hora, reforça a crença de que a procrastinação pode se tornar uma estratégia praticável, sugerindo a existência de uma ligação entre o comportamento e suas consequências (TUCKMAN E SCHOUWENBURG, 2004)..

(34) 28 A procrastinação envolve uma escolha voluntária de um comportamento ou tarefa sobre outras opções, desta maneira não se pode atrasar de forma irracional todas as tarefas, mas pode-se simplesmente favorecer algumas em detrimento de outras. A menos que o indivíduo procrastine de forma aleatória, a natureza da própria tarefa pode ter algum efeito sobre as decisões (STEEL, 2007). Tanto o castigo como as recompensas são incentivos ao comportamento. Desta maneira, a procrastinação deveria ocorrer com maior frequência nos indivíduos que foram recompensados pelo seu comportamento, e que optaram por atividades mais reforçadoras, ou que não foram punidos de forma suficiente por procrastinarem (SKINNER,1975). O tempo é considerado como componente central do conceito, é proposto que procrastinar não implica somente em evitar tarefas, mas estaria também relacionado a habilidade do indivíduo em estimar o tempo necessário para cumprimento com sucesso de uma tarefa (SILVER, 1974). Neste sentido, a procrastinação seria considerada um resultado da análise do custo benefício das escolhas comportamentais. Um estudo realizado em 1994 por McCows e Roberts, com 1.543 estudantes universitários, segundo Ferrari, Johnson e McCown (1995), o trabalho confirmou que procrastinar é uma fonte significativa de estresse pessoal, que afeta o desempenho acadêmico, relacionando-se ao desconforto emocional e a desajustamentos. Ellis e Knaus (1977), concluíram que a procrastinação depende da tarefa, e que o medo de errar e a aversão a tarefa são algumas causas percebidas. Como meio de salvar sua autoestima, esses alunos podem encontrar uma desculpa irracional para a procrastinação, como um programa especial na televisão ou uma festa. Hermans (1976) constatou que apenas altos níveis de procrastinação somados ao alto receio de um fracasso foram correlacionados fortemente. Rothblum (1990) estima que 6% a 14% dos estudantes procrastinadores tem um elevado receio do fracasso, mais para a maioria dos procrastinadores esse medo não é a principal motivação para o seu comportamento..

(35) 29 Ferrari, Johnson e McCown (1995) identificaram duas categorias de procrastinadores, aqueles que apresentam receio do fracasso e aqueles com atividades desagradáveis. Além disso, a procrastinação foi associada a baixa estima, maior ansiedade e depressão (BESWICK, et al., 1988). Estudos apontam para fatores de ordem ambiental, como por exemplo, influências parentais, normas sociais, aversão ou dificuldade na realização da tarefa, aspectos pessoais, orientação a metas, atribuição de causalidades, autocontrole, crenças irreais, questões envolvendo a baixa aprovação social, dificuldades de gestão de tempo e o planejamento para estudar e disciplina para o trabalho (FERRARI, 2004). Beswick, Rothblum e Mann (1988), realizaram um estudo aplicado a uma amostra de 245 indivíduos na Austrália, no qual procurou obter três explicações de ordem psicológica para a procrastinação, sendo: indecisão, crenças irracionais sobre autoestima e baixa autoestima. No entanto vale a pena ressaltar que os pesquisadores não encontraram relação significativa entre a procrastinação e as crenças irracionais, apresentando inclusive correlação negativa e significativa entre procrastinação e a autoestima. No entanto descobriu-se que os indivíduos que adiavam a realização ou a conclusão de seus trabalhos acadêmicos apresentavam uma tendência a ter uma baixa autoestima. Day, Mensik e O’Sullivan (2000), realizaram um estudo com 242 canadenses com o objetivo de identificar os tipos de tarefas com maior índice de procrastinação. Os resultados demonstram que as atividades mais adiadas pelos indivíduos estudados foram a leitura acadêmica, redação de textos, a realização de trabalhos acadêmicos e o estudo para a realização de avaliações. Já Tuckman (2007) realizou tal experimento para testar se a adição de recursos com o intuito de aumentar a motivação reflete positivamente no desempenho e aprendizado dos estudos de cursos a distância. Participaram do experimento 98 estudantes, sendo 56 homens e 42 mulheres. O resultado demonstra que alunos com comportamento procrastinador que foram expostos.

(36) 30 ao método com recursos motivacionais apresentaram melhor desempenho do que os estudantes expostos ao método tradicional. Balkis e Duru (2009), realizaram um estudo com 329 mulheres e 251 homens, indicando que a tendência a procrastinar apresenta maior incidência entre os homens. Já Iskender (2011) examinou a relação entre a procrastinação acadêmica e os seguintes fatores: gênero, autocompaixão, e atitudes disfuncionais. A pesquisa foi aplicada para 251 homens residentes na Turquia. Os resultados demonstraram que não há diferenças estatisticamente significativas quando se analisam as variáveis: procrastinação, autocompaixão e atitudes disfuncionais. No entanto descobriu-se correlação positiva e significativa entre autocompaixão e procrastinação acadêmica e correlação negativa não significativa entre autocompaixão e atitudes disfuncionais. Sampaio e Bariani (2011), também realizaram um estudo exploratório com o objetivo de descrever o comportamento de procrastinador entre indivíduos residentes no Brasil, além de identificar as atividades com maior índice de procrastinação e o sentimento relatado pelos pesquisados ao procrastinar. Os resultados revelam que 82% da amostra pesquisa apresentam comportamento procrastinador, deste universo 53% pertenciam ao curso de Ciências Biológicas. Para tanto vale destacar dois posicionamentos que direcionam a investigações sobre o tema, uma que compreende a procrastinação com um traço de personalidade e outra com um comportamento (WOLTERS, 2003; SCHOUWENBURG, 2004; STEEL, 2007). Alguns elementos geradores da procrastinação foram identificados por exemplo como aversão a tarefa, atraso a execução da tarefa, baixa auto eficácia e impulsividade, assim como distração, autocontrole, falta de informação e organização (AKERLOF, 1991; BOICE, 1996; ELLIS & KNAUS, 1977; FERRARI, JOHNSON & MCCOWN, 1995; HAMASAKI & KERBAUY, 2001; KNAUS, 2000; MILGRAN & ROSENBAUM, 1988. STRONGMAN & BURT, 2000)..

(37) 31 Nesse sentido são diferenciados dois tipos de procrastinadores, os ativos e passivos. Dentro deste contexto os procrastinadores passivos são considerados procrastinadores tradicionais, congelando suas decisões em virtude de indecisões, deixando de executar as tarefas em tempo hábil. Por outro. lado,. os procrastinadores. ativos apresentam. características de. comportamento desejáveis e atitudes, preferindo trabalhar sobre pressão, tomando decisões, controlando o tempo e auto eficácia com objetivo de executarem de forma melhor as tarefas. Nesse contexto a procrastinação não se apresenta apenas como componente de gestão do tempo, pois também envolve fatores que estão relacionados com fenômenos comportamentais, afetivos e cognitivos, assim como se destaca a noção de que uma tarefa pode ser adiada até sua data limite e mesmo assim ser bem executada, gerando resultados positivos, despertando nos indivíduos sensações agradáveis de capacidade de realização e auto eficácia (BUI, 2007; FEE & TANGNEY, 2000). Em 2005 a partir de estudos realizados com estudantes universitários no Canadá, provenientes de diferentes culturas, foram definidas quatro variáveis que fundamentam a procrastinação: estresse, depressão, satisfação com a vida e nível de desempenho (CHU E CHOI, 2005). Como resultado, foi mapeada uma estrutura multifuncional, reunindo estes quatro fatores que definem a procrastinação ativa: preferência por pressão (PPP), decisão intencional (DI), habilidade em cumprir prazos (HCP) e satisfação com os resultados (SCR) (CHU E CHOI, 2005). Portanto optaram por uma estrutura tetrafatorial, conforme o quadro 2: Quadro 2 – Fatores que definem a procrastinação ativa Fatores de Procrastinação. Definição Este fator considera o stresse como elemento, que é motivado pela necessidade de lidar com desafios. Preferência por Pressão (PPP). e por demandas externas para completar a tarefa no tempo determinado. De acordo com Freedman e Edwards (1988), essa pressão pode desenvolver sentimentos de desafio. Os seguintes itens ilustram.

(38) 32 a questão: “É realmente difícil para mim trabalhar sabendo que os prazos estão próximos” e “Fico chateado e relutante para agir quando sou forçado a trabalhar sob pressão”. Os indivíduos que procrastinam tendem a se motivar, quando, sob pressão conseguem executar as tarefas em tempo hábil, obtendo resultados satisfatórios. Desta forma, procrastinadores ativos decidem de forma intencional adiar suas tarefas, Satisfação com os Resultados. postergando para o último momento a execução de. (SCR). tarefas com o objetivo de utilizar de forma eficaz seu tempo para obter um resultado gratificante. Dois dos itens que representam este fator são: “Meu desempenho tende a piorar quando tenho que correr para cumpri prazos” e “Não me saio bem se tenho que fazer minhas atividades às pressas”. Procrastinadores ativos são capazes de determinar corretamente um tempo mínimo e necessário para a conclusão de uma tarefa, por meio da utilização. Habilidade em cumprir prazos (HCP). de estratégia de enfrentamento sob estresse para atingir seu objetivo com sucesso. Os fatores que descrevem esta questão são: “Quando começo alguma atividade, tenho dificuldade em termina-la” e com “Com frequência não consigo cumprir metas que estabeleço para mim mesmo”. Procrastinadores. tendem. a. alternar. de. uma. atividade para a outra sem se preocupar com o planejamento ou organização do tempo. Estão Decisão intencional (DI). dispostos a adiar tarefas que planejam executar, alterando sua programação mesmo a curto prazo. Os fatores que permitem representar este fator são: “Adio de propósito minhas atividades para usar meu tempo. mais. eficientemente”. e. “Adio.

(39) 33 intencionalmente o meu trabalho para aumentar minha motivação”.. Fonte: Adaptado de CHU e CHOI (2005).. Os estudos sobre procrastinação refletem a condição passiva, evidenciando características que são consideradas frequentes entre os brasileiros, tais como adiar tarefas e decisões (ENUMO E KERBAUY,1999). Portanto. refere-se. a. aspectos. psicológicos. inatos,. sendo. o. comportamento de adiamento de tarefas, decisões ou atitudes comuns as pessoas do mundo todo. O hábito de atrasar/adiar e comum a jovens, adultos, homens. e. mulheres,. independentemente. da. sua. condição. social. (DOMINGUEZ, 1999). Considera-se a procrastinação um problema frequente (Ferrari, Johnson &. McCown,. 1995).. Cerca. de. 25%. das. pessoas. adultas,. relatam. comportamentos procrastinatórios em tarefas consideradas rotineiras como pagar contas, impostos, marcar exames médicos (SCHOUWEMBURG, 2004). Para cerca de 25% das pessoas adultas não estudantes, o ato de procrastinar parece ser um problema significativo e, em 40% dos casos, originou perdas financeiras no ano precedente a investigação (McCown & Johnson, 1989). Estima-se ainda que seja um fenômeno comum a cerca de 70% dos estudantes universitários e tarefas relacionadas com a vida acadêmica (FERRARI, O’CALLAGHAN & NEWBEGIN, 2005). Pesquisas mostram que os procrastinadores crônicos em geral apresentam. características. comportamentais:. como. baixa. estima,. alto. perfeccionismo, ansiedade elevada, baixa tolerância a frustração, alta necessidade por autonomia e uma perspectiva temporal inadequada (Aitken, 1982; Burkas & Yuen, 1983), utilizado posteriormente como desculpa para possíveis críticas. Por exemplo, os procrastinadores muitas vezes evitam usar informações relevantes para completar facilmente a tarefa (FERRARI & TICE, 2000)..

(40) 34 No entanto estudos realizados por Chu e Choi (2005), apontam para os chamados procrastinadores ativos, que procrastinam suas decisões de forma consciente, utilizando o fato de deixarem a realização de tarefas para a última hora como fator motivador, podendo afetar a tomada de decisão. Portanto, formula-se a seguinte hipótese: Hipótese. (H2). –. A. procrastinação. ativa. afeta. negativamente. a. desvalorização por atraso. A procrastinação ativa também pode levar o indivíduo a perder oportunidades devido a tomada de decisão encima da hora. Podem ser definidos como quatro os fatores que definem a procrastinação ativa, sendo a preferência por pressão, satisfação com os resultados, habilidade em cumprir prazos e decisão intencional (CHOI & MORAN, 2009). Desta forma formulam-se as seguintes hipóteses: Hipótese. (H2a). –. A opção. por. pressão. afeta. negativamente. a. desvalorização por atraso. Hipótese (H2b) – A satisfação com o resultado afeta negativamente a desvalorização por atraso. Hipótese (H2c) – A habilidade em cumprir prazos afeta negativamente a desvalorização por atraso. Hipótese. (H2d). –. A. decisão. desvalorização por atraso.. intencional. afeta. negativamente. a.

(41) 35 Na figura 1 temos o modelo conceitual da pesquisa. Figura 1. Modelo Conceitual de Pesquisa IMPULSIVIDADE. PROCRASTINAÇÃO. Fonte: Elaborado pelo autor. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS. Este estudo é de corte transversal, pois os dados serão coletados em um só ponto no tempo e sintetizados (HAIR et., al 1999). O estudo utilizou técnicas quantitativas para análises dos resultados que buscam identificar os indivíduos que apresentam comportamento impulsivo e procrastinador e que afetam a tomada de decisão financeira e procura generalizar os resultados da amostra para a população-alvo (MALHOTRA, 2001)..

Referências

Documentos relacionados

A vacina não deve ser administrada a imunodeprimidos, grávidas, menores de 1 ano de idade e hipersensibilidade a algum dos componentes da vacina e terapêutica concomitante

Após 96 horas, houve um aumento no consumo, com o aumento de 100 para 160 ninfas, que não diferiu significativamente da densidade 220; com 280 ninfas disponíveis houve um

Principais fontes de financiamento disponíveis: Autofinanciamento: (corresponde aos fundos Principais fontes de financiamento disponíveis: Autofinanciamento: (corresponde aos

Local de realização da avaliação: Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação - EAPE , endereço : SGAS 907 - Brasília/DF. Estamos à disposição

(2014) através da World Values Survey. A preocupação com o meio ambiente, bem como a pouca importância dada ao “ter” são características dos que tendem a

Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a quantidade de lodo de esgoto produzido pela ETE Belém, estação que produz lodo aeróbio e utiliza a caleação como método

Este trabalho é resultado de uma pesquisa quantitativa sobre a audiência realizada em 1999 envolvendo professores e alunos do Núcleo de Pesquisa de Comunicação da Universidade

Nos tempos atuais, ao nos referirmos à profissão docente, ao ser professor, o que pensamos Uma profissão indesejada por muitos, social e economicamente desvalorizada Podemos dizer que