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Unidade de Farmácia Oncológica Reconstituição de Fármacos Citotóxicos

aquisição e armazenamento de Medicamentos

6. Produção e Controlo

6.1 Farmotecnia Preparação de medicamentos A farmacotecnia funciona como o sector de preparação das formulações de

6.1.2.1 Unidade de Farmácia Oncológica Reconstituição de Fármacos Citotóxicos

No mundo inteiro, milhões de pessoas vivem com o diagnóstico de cancro. A investigação constante, numa área de intervenção tão importante como esta é, inquestionavelmente, necessária. Ao longo da história, o cancro foi visto de diversas formas, de tumor maligno e incurável à neoplasia, de tragédia individual a problema de saúde pública. A sua história é marcada pelo incessante esforço da medicina em controlá-lo. Cada vez se sabe mais sobre as suas causas, sobre a forma como se desenvolve e cresce, ou seja, como progride. No entanto, as dificuldades técnicas para a cura de muitas de suas formas, o alto custo das tecnologias empregadas com

A terapia farmacológica nestas patologias é maioritariamente considerada quando a cirurgia e a radioterapia não são possíveis ou não se mostram eficientes ou, ainda, quando é aconselhável uma terapia adjuvante a estes dois modos de tratamento. Assim, este recurso pode ter um intuito curativo ou paliativo para os sintomas da neoplasia, ou como instrumento de prolongamento do tempo de vida do doente. Os fármacos utilizados no tratamento de neoplasias malignas designam-se por citotóxicos ou citostáticos, e/ou por antineoplásicos. Os agentes utilizados no tratamento do cancro afetam tanto as células normais como as neoplásicas, porém eles causam maior dano às células malignas do que às dos tecidos normais, devido às diferenças quantitativas entre os processos metabólicos dessas duas populações celulares. O seu mecanismo de ação está direcionado para a destruição de células tumorais através da sua intervenção em diferentes etapas dos processos de crescimento e divisão celular. Os citotóxicos não são letais às células neoplásicas de modo selectivo, o que torna fácil perceber a potência e o perigo aliado a esta medicação. Este fato, obriga a uma atitude muito disciplinada por parte do Farmacêutico, uma vez que este é o principal responsável pela preparação destas FF estéreis.

Antes da consulta, o doente é submetido a análises hematológicas bem como a todo o tipo de exames que o clínico considere relevante. Só depois de determinada a sua viabilidade para receber a sessão quimioterápica é que o doente poderá receber o “OK” clínico. Caso algum(s) parâmetro(s) não permita(m) que o doente receba o tratamento, a sessão será adiada para uma data a determinar entre próprio e o corpo clínico. Após parecer positivo por parte do médico, é transmitido à enfermagem e enviada a prescrição aos SF através de uma AO. A assistente operacional entrega ao Farmacêutico a prescrição médica com o respetivo colante de identificação do doente, para que os fármacos dispensados fiquem corretamente identificados no Livro de Registos. O serviço desempenhado pelo Farmacêutico é, salvo raras excepções, basicamente, de supervisão da preparação dos medicamentos manipulados, sendo esta executada pelos TDT. O Farmacêutico analisa e confirma a prescrição mediante o protocolo instaurado, bem como os dados do doente. A UCPC possui os seus próprios protocolos (ANEXO XV) de prescrição baseados em guidelines internacionais. Se o doente tem medicação oral para fazer (i.e. um anti-emético como o Aprepitant®), esta é de imediato colocada à sua disposição. De seguida, efectuam-se os cálculos necessários para a elaboração dos rótulos de identificação. O rótulo desempenha um

preparação do citotóxico. Os volumes calculados são inscritos na própria folha de prescrição. Encontra-se também referido o resultado do cálculo que instrui a preparação e a velocidade de infusão, possibilitando instruções acrescidas relativas à administração pela enfermagem.

Antes de ser transferido o material necessário para o interior da câmara, são registados os lotes, as doses e os volumes dos fármacos utilizados na folha intitulada “Registo de Lotes” para a preparação de citostáticos. A dispensa do material necessário para a preparação (fármaco; reconstituinte, sistema de administração e diluente quando aplicáveis; e rótulo de identificação) é também da responsabilidade do Farmacêutico. De forma a garantir a preparação destes fármacos em ambiente asséptico, recorre-se a uma CFLV SB de classe II tipo B na qual o fluxo corre unidirecionalmente com velocidade estipulada através da superfície de trabalho. Este fluxo de ar é filtrado através de filtros HEPA, capazes de reter, pelo menos, 99.97% de partículas com diâmetro superior a 0,3µm. Na CFLV, encontram-se dois TDT devidamente protegidos, um destacado para a preparação dos fármacos e o outro responsável por apoiar o primeiro. O TDT de apoio cabe certificar se o material fornecido corresponde ao material necessário para preparar o citostático, segundo as instruções do rótulo. É também sua função confirmar todas as medições e procedimentos realizados. Ambos atentam a qualidade da preparação, nomeadamente no que respeita a partículas suspensas e coloração. Aquando da preparação e dispensa, o Farmacêutico deve assumir um papel participativo e comunicativo na supervisão de todos os procedimentos, desde a utilização adequada do Equipamento de Proteção individual, ao cumprimento rigoroso dos protocolos. O fato de os TDT repetiram as preparações muitas vezes tende a aumentar a probabibilidade de ocorrerem erros, o que reforça o papel integrante que Farmacêutico deve adotar mesmo durante o ato de preparação.Depois de finalizada a preparação, o TDT de apoio notifica o Farmacêutico, que se encontra no exterior da CFVL, permitindo que este confirme que o volume da preparação corresponde ao doente e ao fármaco prescrito pela corroboração da rotulagem e perante esta decidir quanto ao seu destino. Após confirmação, a preparação é rotulada e embalada, sendo transferida para o Farmacêutico, dando este seguimento ao trajeto previsto. A AO é avisada através de um sinal luminoso observado a partir do corredor de acesso, e depois de realizado o registo do citostático no Livro de Registo, transporta o fármaco dentro de uma mala específica para o efeito. Na sala de tratamento, o enfermeiro confirma a receção da preparação rubricando no livro, seguindo-se a administração da quimioterapia de

possível deve efectuá-los para evitar problemas como erros de stock (i.e. os fármacos com propriedades citostáticas são muito caras, pelo que a quantidade existente em stock é, na maioria das vezes, muito reduzida). Apesar de não ter ocorrido nenhuma não-conformidade (i.e. reacção adversa) durante o meu estágio, na eventualidade de o citostático não ter sido administrado terá que ser avaliada a possibilidade de reutilização. Se tal não for possível, deve ser preenchida a folha de registo de inutilizações de citostáticos para evidenciar qual o fármaco e o volume rejeitado e posteriormente enviados para incineração27-29.

Na UCPC é fundamental a existência de kits (derrame/extravasão) e de Programas de Prevenção de Controlo de Risco à exposição a citostáticos que abriguem todos os profissionais que manipulam este standard de medicação. De salientar que a UCPC segue um mapa de controlo microbiológico (ANEXO XVI). Este controlo é realizado com uma periocidade semanal. As placas dos meios de cultura são enviadas para a UCPC com identificação do local da colheita e a data da mesma pelo Serviço de Patologia Clínica.

Notas importantes:

1

Eu tive a oportunidade de participar de forma ativa na preparação de citostáticos pois foi-me dada a oportunidade de acesso à sala de preparação durante 1 dia.