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Relatório estágio profissional

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Academic year: 2021

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“ Vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas,

deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. “

Lc 10, 33-34

Capa:

The Good Samaritan Tends the Wounded Man

Rembrandt Harmensz. van Rijn (1964)

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Índice

Introdução ... 5

Estágio Profissionalizante ... 6

A. Saúde Mental | Tutora: Dr.ª Ana Caixeiro ... 6

B. Medicina Geral e Familiar | Tutor: Dr. Luís Heitor ... 6

C. Pediatria | Tutora: Dr.ª Leonor Sassetti ... 7

D. Ginecologia e Obstetrícia | Tutor: Dr. Pedro Faustino ... 7

E. Cirurgia | Tutor: Dr. Pedro Amado ... 8

F. Medicina Interna | Tutora: Dr.ª Raquel Domingos ... 8

Elementos Valorativos ... 9

A. Ano letivo 2018-2019 ... 9

B. Anos letivos anteriores ... 10

Reflexão Crítica ... 11

Anexos ... 13

Lista de Acrónimos:

AEIPS - Associação para o Estudo e Integração Psicossocial

Ar’Cos – Atelier de Artes do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa

CINTRA - Centro Integrado de Tratamento e Reabilitação em Ambulatório de Sintra EP – Estágio Profissionalizante

IPSS - Instituição Particular de Solidariedade Social MIM – Mestrado Integrado em Medicina

NEC NMS - Núcleo de Estudantes Católicos da NOVA Medical School NHACJR – Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens em Risco PNA - Prova Nacional de Acesso

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Agradecimentos

A Deus,

pela missão confiada e pelos meios para a ir edificando.

Aos meus pais,

pelo sustento de todas as horas.

Às minhas irmãs, avós, família, pelo carinho.

A cada um dos meus amigos, pela feliz jornada de irmãos.

À Faculdade de Ciências Médicas, em cada um dos seus colaboradores, pelo sentido de pertença e oportunidade(s).

Aos médicos que foram, para mim, exemplo de dedicação e escola de empatia, - em particular -

no Brasil, Dr.ª Arlete Bassetto, Dr. João Lyra, Dr.ª Lígia Niero, Dr.ª Simone Manso e Dr. Welder Zamoner, em Portugal, Dr. Luís Heitor e Dr.ª Raquel Domingos.

Aos doentes que me permitiram entrar na sua história e vulnerabilidade, pelo privilégio e responsabilidade.

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Introdução

Segundo a obra O licenciado médico em Portugal1, a educação médica pré-graduada destina-se à formação de médicos competentes, empenhados “nas bases científicas da arte da Medicina, nos princípios éticos, na abordagem humanista que constitui o fundamento da prática médica e no aperfeiçoamento ao longo da vida das suas próprias capacidades de modo a promover a saúde e o bem-estar das comunidades que servem”.

Nesse sentido, os seis anos que constituem o Mestrado Integrado em Medicina devem facultar, aos estudantes, o espaço da aprendizagem teórica e aquisição progressiva de competências, mas também, e não menos importante, do amadurecimento das motivações e talentos humanos individuais, que permitirão embeber o seu cuidado técnico da humanidade que o dignifica.

No último ano do MIM, ponte entre o percurso académico e o exercício profissional autónomo, o Estágio Profissionalizante surge como oportunidade de excelência para, plenamente integrados nas equipas médicas e funcionamento dos serviços, neles os estudantes lapidarem as suas habilidades, de forma a atingirem um conjunto de objetivos globais, designadamente: 1) sedimentar conhecimentos adquiridos nos anos precedentes, com vista à aplicabilidade no doente concreto; 2) treinar aptidões interpessoais e clínicas, com vista à resposta pertinente em todo o espetro de atuação em saúde; 3) interiorizar valores éticos, desenvolver consciência crítica e espírito de liderança, com vista à adoção de atitudes que respondam às exigências da Sociedade.

No presente relatório, que constitui o elemento final de avaliação do MIM, proponho-me analisar retrospectivamente o ano profissionalizante, posicionando-me quanto ao cumprimento dos objetivos delineados, aos ganhos na minha formação pessoal e profissional, e também aos aspetos que poderei trabalhar e melhorar, no início do minha formação pós-graduada.

Obedece o mesmo à seguinte estrutura: síntese cronológica das atividades, com enunciação dos objetivos específicos e descrição do trabalho realizado em cada estágio parcelar; elementos valorativos, incluindo aqueles realizados no 6º ano (Estágio Clínico Opcional e atividades formativas extracurriculares) e os iniciados/desenvolvidos em anos anteriores; reflexão crítica final sobre o meu desempenho e evolução; e anexos, com a tabela das apresentações realizadas no contexto do EP, os certificados de participação nas atividades mencionadas e o certificado do Programa de Mobilidade realizado no 5º ano.

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Estágio Profissionalizante

O EP integra estágios parcelares em 6 áreas de especialização e organizou-se do seguinte modo: − Saúde Mental – 4 semanas, de 10/09/2018 a 04/10/2018 | Hospital Júlio de Matos;

Medicina Geral e Familiar – 4 semanas, de 08/10/2018 a 02/11/2018 | USF Marginal; Pediatria – 4 semanas, de 05/11/2018 a 30/11/2018 | Hospital Dona Estefânia;

Ginecologia e Obstetrícia – 4 semanas, de 03/12/2018 a 11/01/2019 | Hospital Lusíadas Lisboa; Cirurgia – 8 semanas, de 21/01/2019 a 15/03/2019 | Hospital Beatriz Ângelo;

Medicina Interna – 8 semanas, de 18/03/2019 a 17/05/2019 | Hospital Egas Moniz.

A. Saúde Mental | Tutora: Dr.ª Ana Caixeiro

Como objetivos particulares para este estágio, defini: 1) adquirir autonomia na avaliação do estado mental; 2) aperfeiçoar atitudes facilitadoras da relação terapêutica; 3) contactar com as patologias psiquiátricas mais prevalentes na população portuguesa; 4) perceber o impacto da doença nos vários domínios da vida e o papel do médico na sua gestão.

Neste estágio, integrei a equipa do Serviço de Reabilitação e Residentes, onde participei das rotinas do internamento, nas reuniões multidisciplinares e nas reuniões de triagem. Acompanhei ainda a minha tutora nas reuniões de outras unidades hospitalares, na visita a uma estrutura comunitária da AEIPS e no desfile de moda da Ar’Cos, e realizei a colheita e discussão de uma história clínica. Para colmatar lacunas na vertente mais prática do estágio, acompanhei a Dr.ª Safira Hanemann nas consultas no CINTRA e o Dr. Miguel Jara no Serviço de Urgência (SU) do Hospital de S. José.

B. Medicina Geral e Familiar | Tutor: Dr. Luís Heitor

Como objetivos particulares para este estágio, defini: 1) contactar com as várias vertentes da MGF e com os problemas respetivamente mais frequentes; 2) adotar uma abordagem centrada na pessoa; 3) aplicar estratégias de promoção de saúde e prevenção de doença, interiorizadas ao longo do curso, na gestão do doente; 4) desenvolver autonomia crescente nas atividades.

Neste estágio, acompanhei um total de cerca de 140 consultas nas vertentes de Saúde Infantil, Saúde da Mulher, Saúde Materna, Saúde de Adultos, Doença Aguda e ainda 1 consulta domiciliar. Em todas, participei ativamente na preparação e recolha de dados anamnésicos, na realização autónoma de exame objetivo, na discussão de hipóteses diagnósticas e opções terapêuticas. Progressivamente, pude realizar consultas sob supervisão direta e, depois, também indireta. No final do estágio e como contributo para a USF, fui preletora de um journal club na reunião de serviço.

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C. Pediatria | Tutora: Dr.ª Leonor Sassetti

Como objetivos particulares para este estágio, defini: 1) aperfeiçoar o exame clínico da criança saudável; 2) contactar com a abordagem diagnóstica e terapêutica das patologias mais prevalentes, nos vários ambientes (consulta, urgência, internamento); 3) desenvolver competências de estratificação de risco; 4) aprender sobre doses e formulações dos fármacos mais utilizados em Pediatria; 5) desenvolver ferramentas úteis na relação com a médico-família-criança/adolescente. Neste estágio, acompanhei as rotinas do internamento da Unidade de Adolescentes, participando nas discussões da equipa e no seguimento mais próximo da evolução clínica de 4 doentes, cuja observação e registo diário me foram confiados. Assisti às visitas médicas, às consultas de Pediatria Geral da minha tutora, às consultas de Imunoalergologia do Dr. Jorge Fernandes e ainda participei no atendimento permanente no SU com as médicas internas. Com caráter científico-pedagógico, participei no workshop de Urgências Pediátricas, na aula teórico-prática de Imunoalergologia e no seminário dos alunos do 6º ano (atividades curriculares); e ainda em atividades extracurriculares, como as sessões hospitalares temáticas, as sessões de formação para internos, as Jornadas da UCF “À Conversa com a Fisiatria e o Desenvolvimento”, a ação de formação do NHACJR sobre Maus-Tratos e o curso de Saúde Infantil no Hospital de Santa Maria.

D. Ginecologia e Obstetrícia | Tutor: Dr. Pedro Faustino

Como objetivos particulares para este estágio, defini: 1) treinar gestos práticos do exame ginecológico e obstétrico; 2) estabelecer diagnósticos provisório e diferenciais com base na probabilidade; 3) desenvolver competências de interpretação de exames complementares, em particular ecografia e cardiotocografia; 3) participar ativamente no bloco operatório e de partos. Neste estágio, acompanhei o meu tutor num total de 46 consultas de Ginecologia e Obstetrícia Geral, onde realizei exame objetivo a todas as doentes, incluindo (quando adequado) observação com espéculo, colheita de colpocitologia e toque vaginal bimanual, observei a realização de ecografias pélvicas e a colocação/remoção de dispositivos intrauterinos. Acompanhei também a realização de 32 ecografias obstétricas, dos vários trimestres, e participei em 7 partos (6 cesarianas, 1 por via vaginal) e 7 cirurgias (3 como observadora, 4 como 2ª ajudante). Contactei ainda com outras valências, nomeadamente as consultas de Uroginecologia (meu tutor), Endometriose (Dr.ª Fátima Faustino) e Patologia do Colo do Útero (Dr.ª Raquel Robalo), e ainda as atividades na Unidade de Procriação Medicamente Assistida (Dr.ª Daniela Rebelo), onde observei a realização de punções ováricas, técnicas laboratoriais de processamento de gâmetas e histerossalpingografias.

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E. Cirurgia | Tutor: Dr. Pedro Amado

Como objetivos particulares para este estágio, defini: 1) sistematizar conhecimentos quanto à abordagem das patologias mais frequentes em Cirurgia Geral, incluindo aspetos da terminologia cirúrgica e principais técnicas utilizadas; 2) desenvolver competências de avaliação de risco anestésico e cirúrgico; 3) distinguir situações clínicas com indicação para cirurgia eletiva e para cirurgia urgente; 4) treinar técnicas comuns de pequena cirurgia; 5) compreender as complicações pós-operatórias mais frequentes e a sua abordagem adequada.

Neste estágio, as atividades compreenderam a seguinte estrutura: 1 semana de aulas teórico-práticas (incluindo o curso TEAM), 1 semana no SU, 4 semanas de Cirurgia e 2 semanas de opcional em Anestesiologia. No SU, acompanhei os médicos nas várias componentes do serviço, onde a Cirurgia Geral intervém sob a forma de consultoria da especialidade. Auxiliei na anamnese, exame objetivo e na realização de algumas técnicas, como sutura de feridas e drenagem de abcessos, e fiz a colheita/interpretação de gasimetrias arteriais e discussão de medidas consequentes. Nas semanas dedicadas à Cirurgia Geral, integrei a equipa do meu tutor, participando nas rotinas de enfermaria, nas consultas de pré-operatório e de seguimento e, ainda, em 11 cirurgias eletivas, onde tive oportunidade de ser 2ª ajudante por 3 vezes. No estágio opcional, acompanhei as consultas pré-operatórias e as atividades no bloco de múltiplas especialidades, na unidade de cuidados pós-anestésicos, no hospital de dia cirúrgico e na Unidade de Dor, contextos em que pude, respetivamente, realizar a avaliação de risco, observar técnicas de indução e reversão anestésicas, acompanhar a monitorização do doente cirúrgico, praticar entubação oro-traqueal e, por fim, acompanhar as consultas de Acupuntura Médica e o apoio prestado na Eletroconvulsivoterapia.

F. Medicina Interna | Tutora: Dr.ª Raquel Domingos

Como objetivos particulares para este estágio, defini: 1) realizar anamnese e exame físico, com autonomia e rigor, a qualquer doente; 2) requisitar exames relevantes à suspeita/situação clínica; 3) sistematizar conhecimentos na sua interpretação, especialmente parâmetros analíticos, radiografia de tórax e eletrocardiograma; 3) evoluir em autonomia na elaboração de propostas terapêuticas; 4) elaborar bons registos clínicos; 5) aperfeiçoar competências de transmissão de informação.

Neste estágio, integrei a equipa médica nas atividades de enfermaria, onde todas as manhãs me foram atribuídos 2-3 doentes para observação, registo diário, requisição de exames complementares e revisão terapêutica (sob tutela). À minha responsabilidade, ficaram também a redação de notas de entrada e de alta, a colheita de gasimetrias arteriais e a interpretação do resultado deste e outros exames complementares, havendo sempre lugar à discussão em equipa, bem como a solicitação de

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colaboração a outros profissionais e a comunicação de informações clínicas, pontualmente, a familiares. Acompanhei também as reuniões semanais de discussão de notas de alta e de visita médica (onde apresentei os doentes à minha responsabilidade), os seminários lecionados na faculdade, as sessões hospitalares temáticas e de discussão de casos clínicos, o jornal club do serviço e as apresentações dos alunos do 6º ano. Por fim, participei também ativamente no SU do Hospital de São Francisco Xavier, tanto no Balcão de Atendimento Geral como na Sala de Reanimação, acompanhando os médicos internos na avaliação dos doentes triados (entrevista clínica, exame objetivo dirigido e técnicas diagnósticas simples, como aferição de sinais vitais, eletrocardiograma e gasimetria arterial).

Elementos Valorativos

A. Ano letivo 2018-2019

I. Estágio Clínico Opcional

Apesar de não integrar o EP, considero relevante mencionar o estágio de Medicina Geral e Familiar realizado na USF Santiago de Leiria, de 20 a 31 de maio, sob orientação do Dr. David Tonelo. Para este período, defini, como objetivos: 1) recorrer às competências desenvolvidas no EP na abordagem ao doente pela ótica do médico generalista; 2) adotar uma atitude autorreflexiva e identificar necessidades de aprendizagem remanescentes.

Neste estágio, à semelhança do estágio parcelar, acompanhei as atividades do médico de família nas várias áreas de intervenção, tendo-me sido concedida autonomia para conduzir sempre o exame objetivo e criado o espaço para discutir todos os casos e respetivos planos terapêuticos.

II. Atividades Formativas Extracurriculares

Ao longo do ano, procurei complementar as aprendizagens do EP com a participação em formações nas áreas clínicas de maior interesse pessoal. Participei: na iMed Conference 10.0, nas Jornadas de Cardiologia de Lisboa Ocidental, na Ação de Formação “Violência e maus-tratos a crianças e jovens”, nas Jornadas de Formação da UCF “À Conversa com a Fisiatria e o Desenvolvimento", no Curso de Formação em Saúde Infantil, no Curso TEAM, nas Jornadas de Formação da UCF "Desafios”, no 8º CADU “Principais urgências” e nas II Jornadas Médicas MedLei. Ainda, assisti às sessões teóricas e colaborei como paciente-modelo nas estações práticas do 250º Curso ATLS.

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B. Anos letivos anteriores

I. Programa de Mobilidade | Acordos Bilaterais de Cooperação

Em primeiro lugar, gostaria de referir o período de mobilidade que realizei no Brasil, na Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP), em todo o 2º semestre do 5º ano. Nestes 5 meses, tive o primeiro contacto com uma vasta seleção de especialidades médicas e pude sair verdadeiramente da minha “zona de conforto”, enfrentando desafios únicos como viver sozinha, do outro lado do oceano; contactar com uma população com diferenças socioculturais e epidemiológicas; inserir-me num sistema de saúde e ensino distintos; entre outros, tendo todos contribuído de forma indelével para o meu crescimento pessoal e para uma melhor preparação para a vivência do EP que se seguiu.

II. Atividades Extracurriculares

Por acreditar que a formação médica não se esgota nos espaços escolares, procurei sempre investir em atividades significativas a título pessoal e de compromisso para com a comunidade:

Voluntariado

i. Projetos nacionais - Hospital da Bonecada (2014 e 2015); Férias para Pais de Filhos Portadores de Deficiência (2015); Fé4Missão (2015); IPSS Apoio à Vida (2017-2018); Missão País (2017); iMed Conference 9.0 (elemento da Crew, 2018).

ii. Eventos internacionais - Encontro Europeu de Taizé em Valência, Espanha (2015) e Jornadas Mundiais da Juventude em Cracóvia, Polónia (2016).

Colaboração com grupos académicos

Entre 2017 e 2018, a convite do NEC NMS, fui responsável por orientar um grupo de bioética, competindo-me preparar e moderar as reuniões quinzenais de aprofundamento e discussão temática.

Colaboração com equipa diocesana

Desde a sua criação, em 2014, integro a equipa de Pastoral Pré-Matrimonial da diocese de Leiria-Fátima (3xSIM), onde colaboro na dinamização de encontros de oração e reflexão bissemestrais para casais de namorados.

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Reflexão Crítica

Concluir o Estágio Profissionalizante – e consequentemente, o Mestrado em Medicina - é olhar o caminho percorrido sob nova luz e constatar, com muita alegria, que todas as expectativas foram amplamente superadas, e que os objetivos que tracei, e aos quais me dediquei, foram globalmente atingidos. Enfim, que tudo foi bom, que grande foi o ganho... que o esforço valeu a pena!

Relativamente aos estágios do EP, as semanas dedicadas à Saúde Mental permitiram descobrir a vertente da reabilitação dos doentes com patologia mental grave, e compreender o impacto da existência de estruturas especializadas no possibilitar do retorno à vida em comunidade. Se a expectativa do contacto com as psicopatologias mais prevalentes nos adultos foi correspondida no ambiente de consulta, infelizmente, a frequência do serviço de urgência, pela baixa afluência de doentes verificada, não permitiu o mesmo contacto com a patologia/manifestações agudas.

Em Medicina Geral e Familiar, aprendi a perseguir, em cada consulta, a verdadeira arte médica: a integração da melhor evidência disponível no cuidado - atento e pessoal - ao doente concreto. O contacto com as principais patologias da população portuguesa; o treino de sistematização das queixas e achados; a participação ativa em medidas de prevenção primária, secundária, terciária e quaternária, foram pontos muito positivos neste período. De todo o EP, porém, a experiência mais enriquecedora que vivi, consistiu na condução autónoma de várias consultas, sob diferentes níveis de supervisão. Assim, o estágio excedeu as (já de si, altas) expectativas, levando não só a cumprir os objetivos, como a reconhecer pontos de melhoria e a trabalhar neles num ambiente protegido. No estágio de Pediatria, seguir os adolescentes internados permitiu contrariar o caráter esporádico com que tendencialmente se contacta com esta população e aperfeiçoar ferramentas úteis na relação médico-doente. Porém, o volume observado foi relativamente reduzido e a autonomia auferida, a meu ver, algo tardia. Na vertente de doença aguda, o menor contacto com as patologias mais típicas da infância foi compensado com a frequência semanal do SU.

O estágio de Ginecologia e Obstetrícia, decorrido num hospital privado, permitiu uma visão abrangente da especialidade, tendo a realização de gestos práticos e a participação ativa em procedimentos sido a regra, contrariando qualquer receio e permitindo um balanço final excelente. Por sua vez, o estágio de Cirurgia revelou-se menos prático que o esperado, na reduzida possibilidade de integrar ativamente os tempos cirúrgicos e a realização de técnicas, em relação com o número de alunos sob tutela dos cirurgiões. Ainda assim, o empenhamento nas atividades de enfermaria, nas consultas perioperatórias e na vertente de Anestesiologia permitiu adquirir noções importantes de avaliação de risco, indicações operatórias e revisão (com observação de alguns

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Finalmente, o estágio de Medicina Interna constituiu o exemplo feliz daquilo que é possível lograr quando à responsabilidade confiada se alia a autonomia (tutelada), permitindo ao estudante “aprender fazendo”, sem nunca se sentir sozinho. Ao longo destas semanas, em que vivi o contacto próximo com os doentes e em que me permiti, visando os objetivos, “demorar” na realização de uma boa história e um exame físico detalhado, recebi de prémio, mais que os conhecimentos e aptidões reforçadas, tantas vezes o diagnóstico ensinado pelo doente, nas linhas (ou vazios...) do seu discurso, a aprendizagem da escuta atenta e o respeito pela sua dignidade.

Agora, na convergência dos contributos individuais de cada uma das parcelas, importa olhar os objetivos globais inicialmente delineados, ponderar lacunas e perspetivar soluções.

Desde logo, é gratificante verificar, no campo dos conhecimentos, como o contacto com a prática clínica diária em áreas como a Medicina Interna e a Cirurgia, num ensino eminentemente artesanal (rácio tutor-aluno 1:1 - 1:2), permitiu consolidar e integrar saberes, ao estimular o estudo individual e a discussão frutuosa com os médicos assistentes, mas também (e, talvez de forma mais significativa), ao permitir criar associações mentais (perenes) aos casos acompanhados.

Paralelamente, foi possível, de forma transversal, treinar aptidões clínicas como o raciocínio estruturado, e adquirir progressiva confiança na realização autónoma de atos médicos que qualquer generalista deve dominar. Este treino foi particularmente expressivo, pela relação tempo-volume de doentes, nos estágios de Medicina Geral e Familiar e Ginecologia e Obstetrícia.

Pude ainda trabalhar nuances nas minhas aptidões interpessoais, particularmente nos contextos de Saúde Mental e Pediatria, e desenvolver um maior entendimento do doente como um todo, com necessidades que não se restringem ao plano patológico, mas estendem às outras dimensões da vida. Por fim, o contacto com situações de maior fragilidade, sofrimento e dependência, que tão frequentemente acompanham a doença crónica/terminal, despertou em mim uma maior consciência da responsabilidade do médico em atuar, com toda a capacidade técnica e humana, no cuidado da pessoa, no respeito pela história que carrega e pelos próprios limites éticos do bem-querer.

De entre tudo o que foi ganho, porém, reconheço, a persistência de algumas lacunas, em especial no reconhecimento de prioridades em contexto de urgência ou diante de múltiplos motivos de consulta, e ainda no estabelecimento de propostas terapêuticas. Apesar da incerteza do futuro, creio que a preparação da PNA e o início do exercício autónomo ajudarão a superar estas dificuldades.

“Fim – o que resta é sempre o princípio feliz de alguma coisa”, disse um dia Agustina Bessa-Luís. Do fim do Mestrado, o que resta? Resta a alegria de ter alcançado a meta, a gratidão imensa pelo tempo vivido... sobretudo, a vontade de continuar, de seguir. Aprendendo e servindo, com toda a vida, durante toda a vida. É tempo de principiar! Vamos!

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Anexos

A. Trabalhos apresentados ao longo do Estágio Profissionalizante

Medicina Geral e Familiar

“Effect of 5-day nitrofurantoin vs single-dose fosfomycin on clinical resolution of uncomplicated lower urinary tract infection in women”

Journal club apresentado em reunião clínica na USF Marginal.

Artigo publicado em: JAMA. 2018; 319(17): 1781–1789. doi: 10.1001/jama.2018.3627.

Ginecologia e Obstetrícia

"Cancro da mama na gravidez" Trabalho individual apresentado em reunião clínica do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Lusíadas.

Pediatria

“Exercício físico no tratamento da Anorexia Nervosa"

Trabalho de grupo realizado por Filipa Rodrigues, Grazielle Lima, Maria Felício, Thaíza Malheiros.

Apresentado por Filipa Rodrigues e Maria Felício, no Hospital Dona Estefânia, em duas ocasiões: 1) Seminário dos alunos do 6º ano, no Serviço de Pediatria Médica; 2) reunião clínica no Serviço de Pedopsiquiatria.

Cirurgia

"Será Quisté um problema? - Abordagem cirúrgica dos quistos do colédoco"

Trabalho de grupo realizado por Filipa Rodrigues e Maria Felício, apresentado no Seminário dos alunos do 6º ano no Auditório do Hospital Beatriz Ângelo.

Medicina Interna

"Síndrome Febril Indeterminada" Trabalho de grupo realizado por Ana Carolina Antunes, Maria Felício e Pedro Riesenberger, apresentado no Serviço de Medicina II do Hospital Egas Moniz.

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B. Certificados - Atividades Formativas Extracurriculares iii. iMed Conference 10.0 | 3-7 de outubro de 2018

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vi. “Violência e maus-tratos a crianças e jovens” – Ação de Formação | 12 de novembro de 2018

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vii. “À Conversa com a Fisiatria e o Desenvolvimento" – Jornadas de Formação da UCF, Vertente Saúde da Criança e do Adolescente | 16 de novembro de 2018

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x. "Desafios” – Jornadas de Formação da UCF Todos os Santos, Vertente Saúde da Criança e Adolescente | 31 de janeiro de 2019

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xiii. II Jornadas Médicas MedLei | 30 de maio – 1 de junho de 2019

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