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Desenvolvimento dos uniformes do coral da ACEVALI

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Academic year: 2021

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Desenvolvimento dos uniformes do coral da ACEVALI

MATOS, B. T. P.1; AGUIAR, C. R. L. de2; SILVA, F. C. da 3; AGUIAR, G. C. O. de 4 e SAYÃO, M. L. M.5.

1 Profa. Dra. Brenda Teresa Porto de Matos

1 UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina / Disciplina de PIDRIS – Curso de Engenharia Têxtil, Rua João Pessoa, 2750, Bairro Velha, Blumenau – SC, Brasil, CEP: 89036-256.

1. E-mail: brenda.matos@ufsc.br

2 Profa. Dra. Catia Rosana Lange de Aguiar

2 UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina / Curso de Engenharia Têxtil, Rua João Pessoa, 2750, Bairro Velha, Blumenau – SC, Brasil, CEP: 89036-256.

2. E-mail: catia.lange@ufsc.br

3 Prof. Dr. Francisco Claudivan da Silva.

3 UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina / Curso de Engenharia Têxtil, Rua João Pessoa, 2750, Bairro Velha, Blumenau – SC, Brasil, CEP: 89036-256.

3. E-mail: claudivan.silva@ufsc.br

4 Profa. Dra. Grazyella Cristina Oliveira de Aguiar

4 UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina / Curso de Engenharia Têxtil, Rua João Pessoa, 2750, Bairro Velha, Blumenau – SC, Brasil, CEP: 89036-256.

4. E-mail: grazyella.aguiar@ufsc.br

5 Profa. Dra. Marilise Luiza Martins dos Reis Sayão

5 UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina / Disciplina de PIDRIS – Curso de Engenharia Têxtil, Rua João Pessoa, 2750, Bairro Velha, Blumenau – SC, Brasil, CEP: 89036-256.

5. E-mail: marilise.reis@ufsc.br

Resumo

O trabalho aqui apresentado é o relato de um processo de ensino-aprendizagem, resultado de uma disciplina da sexta fase do Curso de Engenharia Têxtil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), campus Blumenau. O projeto foi desenvolvido em parceria com a Associação de Cegos do Vale do Itajaí (ACEVALI) e teve como objetivo central desenvolver uma coleção de uniformes para o coral “Vozes do Coração” da ACEVALI, a partir de uma temática selecionada pelos acadêmicos envolvidos no processo. No primeiro semestre de 2017, a temática escolhida para o trabalho, a partir da qual os alunos fazem a abstração dos elementos estéticos e visuais foi “Arte Brasileira”. Tal escolha levou em consideração o fato de nossa arte ser extremamente rica e diversificada. Além da temática repleta de elementos visuais, a coleção foi criada a partir das diferentes dimensões da sustentabilidade, tendo como foco especial a sustentabilidade social, a cultural e a espacial. A partir do tema central, foram pesquisados alguns subtemas que, de certa forma, pudessem caracterizar esta

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macrotendência. Além das pesquisas bibliográficas e da pesquisa de campo, a metodologia projetual de desenvolvimento de produto aplicada ao projeto foi a Metodologia em Macro Estrutura MD3E, de Flávio Anthero Nunes dos Santos (2005) que significa Método de Desdobramento em 3 Etapas de Decisão. Definidas as metodologias, os alunos desenharam as peças da coleção e, após estudos, fundamentação teórica e análise da vida e obra de um artista brasileiro, foram escolhidos os modelos para serem confeccionados. Um dos resultados foi a apresentação e prova dos protótipos nos associados da instituição e a parceria com uma empresa da área de moda para confeccionar e patrocinar os uniformes.

Palavras-chave: ensino-aprendizagem; sustentabilidade; responsabilidade social; moda; arte brasileira.

INTRODUÇÃO

Este trabalho aborda os resultados da disciplina Introdução ao Design e Moda, a qual incorpora as Práticas Curriculares de Inovação e Desenvolvimento Regional e Interação Social (PIDRIS), da sexta fase do Curso de Engenharia Têxtil da UFSC, campus Blumenau.

O projeto teve como objetivo central desenvolver uma coleção de uniformes para o coral “Vozes do Coração”, da ACEVALI, em coprodução com os associados da instituição, tendo como base a reflexão sobre as diferentes dimensões da sustentabilidade. Dentre os diferentes pilares da sustentabilidade, privilegiou-se o social, o cultural e o espacial. A sustentabilidade social foi aqui contemplada por meio do desenvolvimento de produtos para pessoas com deficiência visual e do envolvimento de outras instituições copartícipes. A sustentabilidade cultural primou pela contemplação da arte como uma das expressões estéticas inerentes à criação humana. A sustentabilidade especial buscou a valorização e escolha de um artista local como referência imagética para o projeto.

Dessa forma, no primeiro semestre de 2017, a temática que deu subsídios para a abstração visual e estética para a referida coleção foi a “Arte Brasileira”, a qual, por sua riqueza e diversidade, possibilita infinitas incursões por diferentes áreas de conhecimento. O trabalho proposto buscou transpor a linguagem visual, presente na obra artística, para uma coleção que utilizasse uma linguagem análoga, por meio da qual fosse possível tecer os diferentes tipos de inscrições presentes nas peças: cores, formas, texturas. Tendo como base o tema central, a pesquisa permitiu o trânsito por outros subtemas que, de certa forma, pudessem ampliar o estudo e caracterizar esta tendência.

Definido o subtema caracterizador, algumas perguntas orientadoras nortearam o desenvolvimento do projeto: O que é moda? O que é sustentabilidade? Qual é a relação da engenharia têxtil com a moda? Como promover o resgate da história e da cultura na construção de um produto têxtil? Como desenvolver uma coleção de vestuário experimentando diferentes ferramentas de design e aplicando-as ao projeto? Como desenvolver uma coleção de produtos têxteis que considere as diferentes dimensões da sustentabilidade e busque minimizar os impactos da crise ambiental, aliando mudança de atitude, design e moda? Assim, o objetivo dessa parte do trabalho foi o de levantar questões para possíveis reflexões. Reflexões essas que ajudariam no desenvolvimento do processo de construção do projeto.

Da mesma forma, algumas questões levantadas buscaram ressignificar o conceito de moda, ampliando a percepção sobre esse Sistema que compreende a relação entre o ser humano e o seu entorno, e resgatar os valores socioambientais relativos à moda e ao consumo, tendo em vista a formação de um profissional crítico e reflexivo.

A metodologia utilizada, além da projetual, privilegiou a pesquisa bibliográfica e a de campo, procurando gerar o aprofundamento de conceitos pertinentes como inclusão, acessibilidade, moda inclusiva, desenho universal, sustentabilidade, assim como, arte brasileira e artista brasileiro escolhido como tema-inspiração da coleção.

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METODOLOGIAAPLICADAERESULTADOSOBTIDOS

Conforme exposto anteriormente, o trabalho aqui apresentado é fruto do processo de ensino-aprendizagem da disciplina Introdução ao Design e Moda (PIDRIS) da sexta fase do Curso de Engenharia Têxtil da UFSC. O projeto da disciplina permitiu conexões com o projeto de pesquisa “A moda é para todos: estudo dos princípios do Desenho Universal aplicados ao vestuário” e com o projeto de extensão “Tecnologias para o desenvolvimento inclusivo: coprodução de tecnologias assistivas para cegos em interação social”, coordenados pelas professoras que lecionam a disciplina. Esses projetos fazem parte dos estudos do grupo de pesquisa do CNPQ - Núcleo de Desenvolvimento Regional e de Inovação (NUDRI), cujo “objetivo é promover atividades de ensino, pesquisa e extensão com foco na interação social e no desenvolvimento regional no Vale do Itajaí, estimulando a inovação social e tecnológica”1 dentro e fora da Universidade Federal de Santa Catarina.

O objetivo do projeto foi trabalhar de forma integrada com os associados da ACEVALI, tentando contemplar todas as demandas observadas para a criação dos uniformes. Desta forma, a parceria com os profissionais e associados da instituição envolvida no projeto foi fundamental, para que se criasse um sistema de trabalho relacional, de coprodução e cocriação. Partindo desse princípio, criou-se um conjunto de ações que foram desenvolvidas na disciplina, as quais permitiram a relação entre as atividades e os conhecimentos construídos ao longo do semestre.

Os objetivos da disciplina são: conhecer os conceitos de moda e de design; entender as estruturas de um projeto de produto; aplicar os métodos projetuais e ferramentas de design; identificar processos e ciclo de um produto; elaborar projetos de produto têxtil; além de, propiciar ao aluno estabelecer uma interconexão entre os conteúdos técnicos e a capacidade de concretizar soluções que impactem na cadeia produtiva ou na rede social; preparar o futuro engenheiro têxtil para traduzir as demandas sociais, ambientais e econômicas em critérios técnicos que devam ser atendidos mediante soluções inovadoras e sustentáveis e contribuir para que o acadêmico desenvolva um olhar voltado para as realidades sociais, econômicas e culturais da região. Percebe-se, portanto, que o projeto desenvolvido permitiu o alcance dos objetivos traçados inicialmente.

A metodologia privilegiou a pesquisa bibliográfica e a de campo com a utilização da pesquisa social de observação dos participantes que consiste na participação real do conhecimento na vida da comunidade ou do grupo. O observador/pesquisador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de membro do grupo. Portanto, é uma técnica pela qual se chega ao conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo. Realizaram-se entrevistas com a diretora, a assistente social, a professora do coral e os associados e participantes do coral da ACEVALI. Utilizando-se de perguntas abertas, buscou-se detectar as necessidades reais dos sujeitos envolvidos. Para aprofundar mais o trabalho, realizou-se uma entrevista com o artista visual em seu ateliê.

A metodologia projetual aplicada ao projeto foi a Metodologia MD3E (Método de Desdobramento em 3 Etapas de Decisão) que é considerada uma metodologia em macroestrutura (dividida em grandes áreas, e a partir delas, subdivididas), proposta por Flávio Anthero Nunes dos Santos (2005) [1]. As três etapas, aqui caracterizadas como três macroestruturas, consistiram em: pré-concepção (pesquisas teóricas e imagéticas), pré-concepção (esboços e construção da coleção) e pós-concepção (apresentações, observações, registros fotográficos e análise dos resultados). Por constituir-se de etapas, o método é considerado aberto, o que possibilita o preenchimento e a interferência de quem o utiliza, diferenciando-se de métodos fechados cujos trajetos já são pré-determinados pelos autores.

Definidas a metodologia e as ferramentas a serem utilizadas, os alunos desenharam a coleção e, após estudos, fundamentação teórica e análise da vida e obra de um artista brasileiro, escolheram os modelos para serem confeccionados. Nessa perspectiva, o projeto teve como tema-inspiração a

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obra “Bailarina”, de 2016, do artista visual Antônio da Silva. A figura 1, evidencia a foto da obra que serviu de inspiração:

Figura 1. Foto do quadro “Bailarina”, 2016 [2] (Antônio da Silva).

Rodrigo Antônio da Silva2 [3], é considerado um artista visual inclusivo, pois se preocupa

com a inclusão e acessibilidade da arte para todas as pessoas. O artista aborda temas como deficiência, religião, diversidade étnica e racial, sexualidade e orientação sexual, diversidade de gêneros, cultura brasileira, cultura afro-brasileira e indígena. Alguns de seus quadros são produzidos em alto relevo e se destinam, principalmente, para pessoas com deficiência visual e baixa visão. Tal recurso permite que essas pessoas possam perceber aspectos da obra como forma e textura, tanto através do tato quanto das canções que o artista cria para compor cada obra.

As cores da coleção foram abstraídas da obra, assim como, das tendências e da logo da ACEVALI. Os tecidos foram escolhidos a partir da entrevista com os associados participantes do coral. Eles queriam que seus uniformes fossem prioritariamente na cor azul (cor da logo da instituição) e fossem confeccionados com tecidos que não amassassem e nem sujassem com facilidade. Dessa maneira, a cartela de tecidos da coleção foi criada com tecidos mistos com a composição maior de fibra de Poliéster.

O projeto e as peças foram apresentados aos sujeitos da pesquisa e eles selecionaram dois modelos de uniformes: um no formato de beca e outro no formato de poncho. O primeiro possuía mangas e lembrava o modelo de becas utilizados em apresentações de corais e formaturas, e o segundo possuía uma modelagem mais ampla e única, sem mangas, lembrando a forma de um poncho.

Algumas alterações foram feitas até a apresentação do projeto final. Os modelos foram adaptados seguindo as orientações dadas pelos associados: o uniforme teria que ser azul (cor da logo da instituição), com uma modelagem simples, ampla, que facilitasse o vestir e que ficasse bem

2 “Artista plástico, compositor e intérprete. Nasceu em Itajaí, Santa Catarina, no dia 18 de novembro de 1986. Aos oito anos, mudou-se para Blumenau (SC) e desde menino demonstrava grande paixão pela arte esboçada nos seus primeiros desenhos. Na adolescência, embalado por canções de Baden Powell, Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha, Cartola e Gonzaguinha, passou a estudar música nas horas vagas e, mais tarde, expressava a principal característica como artista: com traçados, cores fortes e movimento, iniciou a tarefa de redescobrir a vida como pintor. Nas telas, a maior inspiração vem da forma de viver e de reinventar o cotidiano, retratando a cultura brasileira de forma simples, unindo sons a cores e produzindo telas artesanais, que ganham vida em seu ateliê. Hoje, Antônio da Silva possui mais de 400 composições e arranjos musicais, além de uma centena de desenhos e telas”. Fonte: Assessoria de imprensa/Nane Pereira Comunicação e Arte.

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em diferentes corpos, fosse unissex, atendendo diferentes estaturas, gêneros e composição corporal. A altura da beca deveria ser até o joelho (para não tropeçarem no próprio uniforme), linha do braço indo até o cotovelo, decote amplo para facilitar o vestir, com abertura somete nas laterais para ter maior conforto térmico tanto no verão quando no inverno. As logos das instituições serão bordadas e, abaixo, transcritas em braile com aviamentos em relevo. A Figura 2 evidencia o desenho técnico do modelo escolhido:

Figura 2. Desenho técnico do uniforme, 2017 [4] (Alunos da disciplina).

O projeto foi apresentado à empresa Imperial, a qual aceitou patrocinar e confeccionar os uniformes do coral da ACEVALI, conforme o modelo escolhido pelos associados. A partir deste projeto, os integrantes do coral passarão a contar com trajes apropriados para suas apresentações. Portanto, a cocriação dos trajes foi essencial para a obtenção do resultado satisfatório a que a pesquisa chegou.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Com o desenvolvimento deste projeto, os acadêmicos, assim como o colegiado do curso de Engenharia Têxtil da UFSC, envolveram-se ao máximo para que os resultados de suas pesquisas fossem significativas não só academicamente, mas também para os profissionais, instituições e demais pessoas envolvidas.

Os objetivos do trabalho foram alcançados, evidenciando a possibilidade de se trabalhar de forma integrada, proporcionando interação entre universidade e comunidade. O trabalho exposto proporcionou aos acadêmicos envolvidos maior conhecimento sobre as diferentes dimensões da sustentabilidade, arte brasileira e regional, além de provocar a percepção da responsabilidade social frente a um mundo tão diverso.

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Agradecimentos as instituições parceiras: UFSC, ACEVALI, IMPERIAL. Aos professores e orientadores do projeto.

Ao artista visual Antônio da Silva. Aos alunos do projeto:

Arthur Adriano; Julia Zabot Pellerin; Michael Meurer Referências

[1] SANTOS, Flávio Anthero Nunes Vianna dos. MD3E: uma proposta de método aberto de projeto para uso no design industrial. 2005. 163f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.

[2] SILVA, antônio. Quadro “Bailarina”, 2016.

[3] PEREIRA, Nane. Rodrigo Antônio da Silva. Comunicação e Arte. Assessoria de imprensa, 2016.

[4] ADRIANO, Arthur; PELLERIN, Julia Zabot; MEURER, Michael. Desenho técnico do uniforme escolhido, 2017.

Para qual área temática que o trabalho está sendo submetido, exemplo:

GT1 - Novos modelos de negócio e de gestão em empresas de moda: Gestão da sustentabilidade e da responsabilidade social

Referências

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