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Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE SILVANA PINTO SIMOES PIRES ME A C Ó R D Ã O

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AGRAVO DE INSTRUMENTO. FALÊNCIA DECRETADA NO ÂMBITO DA AÇÃO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AGRAVANTE NÃO ATENDEU O DISPOSTO NO ARTIGO 53, DA LEI DE FALÊNCIAS.

NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.

UNÂNIME.

AGRAVO DE INSTRUMENTO SEXTA CÂMARA CÍVEL

Nº 70037009958 COMARCA DE PORTO ALEGRE

SILVANA PINTO SIMOES PIRES ME AGRAVANTE

A JUSTICA AGRAVADO

MASSA FALIDA DE SILVANA PINTO SIMOES PIRES ME

INTERESSADO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao recurso.

Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os eminentes Senhores DES. ANTÔNIO CORRÊA PALMEIRO DA FONTOURA E DES. ARTUR ARNILDO LUDWIG.

Porto Alegre, 09 de setembro de 2010.

DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA, Relator.

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R E L A T Ó R I O

DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA (RELATOR)

Adoto o relatório de fls. 712/713-TJ, transcrevendo como segue:

1. Trata-se de agravo de instrumento interposto por SILVANA PINTO SIMÕES PIRES ME contra a sentença que decretou a sua falência, no âmbito da ação de recuperação judicial por esta ajuizada.

Argumenta a agravante, inicialmente, a ocorrência de violação ao artigo 58, da Lei nº 11.101/05, porquanto lhe deveria ter sido concedida a recuperação judicial postulada.

Destacando a natureza privatista da recuperação judicial, refere não haver previsão de realização de perícia com o fim de ser verificada a possibilidade de implantação do plano de recuperação apresentado, cabendo aos credores analisar referida circunstância. Aduzindo não ter sido apresentada qualquer objeção ao plano, a agravante sustenta, além da ausência de previsão, a nulidade da perícia realizada, na medida em que apoiada em demonstrativos juntados à Inicial, os quais retratam situação diversa da existente depois de deferido o processamento da recuperação judicial. Assevera cuidar-se de firma individual, constando na Junta Comercial o antigo endereço residencial da sua responsável legal. Alega, contudo, ter informado, na inicial da ação de recuperação, sua atuação em convênio com a SUSEPE, na colônia penal de Charqueadas, tendo o Juízo e o Ministério Público insistido em realizar intimações e diligências no endereço antigo, razão pela qual restaram frustradas.

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11.101/05, sendo prevista apenas a destituição dos administradores, quando não apresentados os demonstrativos mensais.

Aventando ser a decisão recorrida mais prejudicial aos credores, argumenta pela inviabilidade da falência no momento em que decretada, pois sequer havia sido concedida a recuperação judicial.

Por fim, pugna seja concedido efeito suspensivo ao recurso, para o fim de determinar a continuidade da recuperação judicial, devendo, ao final, ser cassada a decisão recorrida.

Sucessivamente, pede seja a decisão limitada a indeferir o pedido de recuperação.

Observa-se a tempestividade do agravo de instrumento às fls. 02 e 685, havendo o pertinente preparo à fl. 12.

O agravo foi recebido à fl. 700, sendo indeferido o pedido de atribuição de efeito suspensivo.

Intimado, o Magistrado prestou informações às fls. 705, aduzindo o descumprimento do artigo 526, do Código de Processo Civil pela agravante. Juntou cópia da decisão agravada às fls. 707/710.

Certificado o decurso do prazo sem manifestação das partes interessadas, vieram os autos com vista à Procuradora de Justiça, para Parecer.

É o relatório.

V O T O S

DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA (RELATOR)

Adoto como razão de decidir o parecer proferido pela Douta procuradora de Justiça, Sara Duarte Schütz, às fls. 713/715v-TJ:

2. O agravo de instrumento não merece provimento.

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Consoante se infere dos presentes autos, trata-se de agravo de instrumento manejado contra a decisão que decretou a falência da ora agravante, em ação de recuperação judicial por esta proposta.

Verifica-se do instrumento formado que a fase postulatória da recuperação judicial foi encerrada de forma satisfatória, por meio da decisão acostada às fls. 508/509, no sentido de deferir o processamento do pedido.

Em fase deliberativa, houve a nomeação do administrador judicial, conforme fl. 511, sendo publicado o edital previsto nos artigos 7º, §1º e 52, §1º, da Lei de Falências e de Recuperação de Empresas (fl.513).

Às fls. 534/544, adveio o plano de recuperação judicial, constando nas folhas seguintes, decisão concedendo o pagamento de custas ao final e a determinação da publicação de novos editais, o que foi cumprido nos termos da certidão de fl.577.

Conforme certidão de fl. 581, não foram apresentadas impugnações ao aviso publicado, sendo o plano “aprovado tacitamente”, na dicção de Luiz Inácio Vigil Neto, in Teoria Falimentar e Regimes Recuperatórios – estudos sobre a lei nº 11.101/05, p.170.

A despeito disso, o Ministério Público, na origem, manifestou-se (fl.582/584) pela convolação da recuperação judicial em falência, sob o argumento de não ter a agravante, cumprido com o disposto no artigo 52, IV, da Lei nº 11.101/05, bem como em razão de não se encontrar qualquer empresa em atividade, no endereço fornecido como sendo a sua sede. Juntou documentos às fls. 585/587.

Intimadas as partes, a agravante peticionou às fls. 592/593, informando que suas atividades industriais são realizadas na Colônia Penal Agrícola Daltro Filho, em Charqueadas.

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Novamente intimada a agravante, esta deixou de apresentar demonstrações contábeis do período de janeiro de 2006 a 31 de dezembro de 2008, conforme solicitado (fl.602).

Em face do exposto, também o administrador judicial postulou a convolação da recuperação judicial em falência (fls.604/605). Em relação ao pedido, manifestou-se a ora agravante, às fls. 609/614.

Em decisão de fl. 616, suscitou a Magistrada a quo, a ausência do edital previsto no artigo 7º, §2º, da Lei de Falências, determinando a intimação do Administrador Judicial para tanto, o qual, por sua vez, suscitou a necessidade de nomeação de perito contábil.

Nomeado perito (fl.623 e 626), este apresentou relatório às fls. 628/636, segundo o qual a empresa não detém possibilidade de recuperação, afirmando ser inconsistente o plano de recuperação apresentado.

Intimada, a agravante deixou de se pronunciar.

Ouvido, o Ministério Público reiterou sua manifestação no sentido de ser necessária a decretação da falência, como o que concordou o Administrador Judicial.

Em face do exposto, determinou o Magistrado, à fl. 648, a intimação pessoal da recuperanda, no endereço informado na Inicial, determinando a consulta a cadastros para a sua localização, nos termos da fl.648.

Frustradas as tentativas de intimação, sobreveio a sentença agravada (fls. 658/661). Decretada a falência, não foi possível o cumprimento do mandado de fechamento, lacração e intimação, conforme fls. 688/692.

De todo o narrado, conclui-se tratar de pedido de recuperação judicial que, muito embora não tenha sofrido impugnação pelos credores,

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mostrou-se totalmente inconsistente, nos termos do laudo apresentado às fls. 629/637, do qual se destacam os seguintes trechos:

“(...) Há que se referir que o Plano de Recuperação Judicial apresentado pela empresa Silvana Pinto Simões Pires ME não observa as condições fixadas pelo art. 71 da Lei nº 11.101/05, em vários aspectos, conforme se demonstra a seguir:

1. Que o Plano de recuperação Judicial não abrange, com exclusividade, os créditos quirografários, pois há também, na relação de credores, créditos trabalhistas; 2. A recuperanda propõe-se a pagar débitos com juros de 6% a.a. mais correção monetária, enquanto que o texto legal determina a incidência de juros de 12% a.a. mais correção monetária;

3. A recuperanda propõe o parcelamento do montante do débito em 80 meses, de forma escalonada, porém, o inciso II da Lei supra referida estabelece o parcelamento em 36 parcelas mensais, iguais e sucessivas. (...)

QUESITO H

Apresentar Laudo Pericial com parecer sobre as perspectivas do negócio da empresa.

RESPOSTA

Da análise dos dados constantes nos balancetes mensais de jan a abr/2006, e dos Balancetes Patrimoniais e Demonstrativos de Resultado dos anos de 2004 e 2005, podemos destacar que no Plano de Recuperação apresentado pela recuperanda, um dos itens referidos era a constituição de um Fundo de Reserva, resultante da obtenção de prazo de carência para início de pagamento das dívidas. No entanto, como os prejuízos mensais apurados consomem toda a receita proveniente da venda da mercadoria, torna-se impossível à mesma formar o referido Fundo com o produto de sua atividade. Ressalta-se que nos Balancetes juntados ao processo, não há qualquer registro de instituição desse Fundo.

A empresa acumulou um prejuízo, nos primeiros 4 meses do ano de 2006, na ordem de R$ 61.432,75, o que corresponde a 190,55% do montante das ventas líquidas realizadas no mesmo período.

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corresponde ao total de vendas de mais de um ano. Em nenhum dos 28 meses em que esta Perícia examinou as contas, a recuperanda teve lucro.

Um fator fundamental da análise é que se contata o desinteresse da titular da empresa em desenvolver o Plano de Recuperação, apresentar a documentação contábil, fazer-se presente para buscar soluções junto ao Administrador Judicial e à própria Vara de Falências e Recuperações.

Por todo o exposto, conclui-se que a continuação do negócio da recuperanda encontra-se profundamente prejudicado, pois não se vislumbra possibilidade de recuperação.”

Nesse contexto, forçoso reconhecer não terem sido atendidos os requisitos para a concessão da recuperação judicial, observada a incidência do artigo 53, da Lei de Falências e de Recuperação de Empresas, segundo o qual:

“Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter:

I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme art. 50 desta Lei, e seu resumo;

II – demonstração de sua viabilidade econômica; e

III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada. (...)” (destacou-se)

Dessa forma, cumpre reconhecer o certo da decisão recorrida ao decretar a falência da agravante, uma vez que esta não atendeu ao disposto no artigo 53, da Lei de Falências.

Do referido dispositivo, infere-se a necessidade de ser apresentado o plano de recuperação no prazo de sessenta dias, devendo conter todas as informações e documentos arrolados em seus incisos.

Compulsando-se os presentes autos (fls. 534/544), infere-se não terem sido apresentados os laudos mencionados no inciso III, do

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dispositivo acima transcrito, cuja falta ensejou a realização do laudo pericial já referido, pelo qual se observou a ausência do requisito contido no inciso II; viabilidade econômica.

Logo, o Magistrado a quo atuou com respaldo da legislação incidente à espécie, segundo a qual, uma vez desatendido o prazo para a apresentação do plano de recuperação com as respectivas especificações, será decretada a falência.

Quanto à necessidade de viabilidade econômica do plano, merecem destaque as lições de Fábio Ulhoa Coelho, em sua obra Comentários à Nova Lei de Falências e de Recuperação de Empresas, p. 54:

“Pela Lei brasileira, os juízes, em tese, não poderiam deixar de homologar os planos aprovados pela Assembléia dos Credores, quando alcançado o quórum qualificado da lei. Mas, como a aprovação de planos inconsistentes levará à desmoralização do instituto, entendo que, sendo o instrumento aprovado um blá-blá-blá inconteste, o juiz pode deixar de homologá-lo e incumbir o administrador judicial, por exemplo, de procurar construir com o devedor e os credores mais interessados um plano alternativo.” No caso concreto, além de cuidar-se de plano de recuperação apresentado em desconformidade com a Lei de Quebras, não houve a apresentação de qualquer plano alternativo.

Ademais, como já mencionado, a responsável legal pela empresa agravante mostrou-se desinteressada, ora respondendo às intimações, ora silenciando, havendo verdadeira confusão acerca do endereço informado como sendo a sede da empresa.

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Ante o exposto, nego provimento ao agravo de instrumento.

É o voto.

DES. ANTÔNIO CORRÊA PALMEIRO DA FONTOURA - De acordo com

o(a) Relator(a).

DES. ARTUR ARNILDO LUDWIG - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA - Presidente - Agravo de

Instrumento nº 70037009958, Comarca de Porto Alegre: "[NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME."

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