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A P R E N D E R. Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação

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A P R E N D E R

Caderno de Filosofia

e Psicologia da Educação

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Campus Universitário – Caixa Postal 95

Estrada do Bem-Querer, Km 4 – 45083-900 – Vitória da Conquista – BA Fone: 77 3424-8716 – E-mail: editora@uesb.br ou editorauesb@yahoo.com.br

REITOR

Prof. Abel Rebouças São José VICE-REITOR Prof. Rui Macêdo

PRÓ-REITORDE EXTENSÃOE ASSUNTOS COMUNITÁRIOS Prof. Paulo Sérgio Cavalcanti Costa

DIRETORDO DEPARTAMENTODE FILOSOFIAE CIÊNCIAS HUMANAS Prof. João Diógenes Ferreira dos Santos

DIRETOR – EDIÇÕES UESB Jacinto Braz David Filho

COMITÊ EDITORIAL: Profª Ms. Andréa Braz da Costa, Prof. Ms. Braulino Pereira de Santana, Prof. Esp. Hugo Andrade Costa, Prof. Ms. Marcos Lopes de Souza, Profª Ms. Marilza Ferreira do Nascimento, Prof. Ms. Rosalve Lucas Marcelino, Prof. Ms. Paulo Sérgio Cavalcanti Costa, Profª Drª Tânia Cristina R. Silva Gusmão e Profª Drª Zenilda Nogueira Sales.

100 A661a

Aprender – Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação. Ano 5, n. 8, jan./jun. 2007. Vitória da Conquista: Edições Uesb, 2007.

Início da publicação: dezembro de 2003. Periodicidade: semestral. ISSN 1678-7846

1. Filosofia – Periódicos. 2. Psicologia. I. Universidade Estadual do Sudoes-te da Bahia. II. Título.

Catalogação na publicação: Biblioteca Central da Uesb

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A revista Aprender é indexada nas seguintes bases de dados: 1. Index Psi Periódicos (BVS-Psi) - http://www.bvs-psi.org.br

2. Clase, Citas Latinoamericanas en Ciencias Sociales y Humanidades, Universidad Nacional Autónoma de México - http://www.dgb.unam.mx/

3. Sumários de Revistas Brasileiras-Funpec/RP - http://sumarios.org/ 4. Latindex - http://www.latindex.unam.mx/

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A P R E N D E R

Caderno de Filosofia

e Psicologia da Educação

ISSN 1678-7846

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APRENDER – Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação Departamento de Filosofia e Ciências Humanas

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Ano V - n. 8, jan./jun. 2007

EDITORES RESPONSÁVEIS

Prof. Ms. Leonardo Maia Bastos Machado - UESB

Profª Ms. Zamara Araújo dos Santos - UESB

EDITORIA CIENTÍFICA

Profª Ms. Ana Lucia Castilhano de Araújo - UESB

Profª Ms. Caroline Vasconcellos Ribeiro - UESB

Prof. Ms. Gilson Teixeira - UESB

Prof. Ms. José Luís Caetano - UESB

Prof. Ms. Ruben de Oliveira Nascimento - UFU CONSELHO EDITORIAL

Profª Drª Ana Elizabeth Santos Alves - UESB

Prof. Dr. Dante Galeffi - UFBA

Prof. Dr. Danilo Streck - UNISINOS

Profª Drª Delba Teixeira Rodrigues Barros - UFMG Prof. Dr. Diógenes Cândido de Lima - UESB

Profª Drª Eliane Giachetto Saravali - UNESP

Prof. Dr. Filipe Ceppas - UGF/PUC-Rio Prof. Dr. João Carlos Salles - UFBA

Prof. Dr. José Carlos Araújo - UNITRI

Prof. Dr. José Carlos Libâneo - UCG Prof. Dr. Marcelo Ricardo Pereira - UFMG Profª Drª Maria Iza Pinto Amorim Leite - UESB

Profª Drª Maria Luiza Camargos Torres - UNIVALE

Profª Drª Milenna Brun - UEFS

Profª Drª Marilena Ristum - UFBA

Profª Drª Norma Vídero - UESC

Prof. Dr. Paulo Cezar Borges Martins - UESB

Prof. Dr. Paulo Gurgel - UFBA

Profª Ms. Rosane Lopes Araújo Magalhães - UESC

Prof. Dr. Silvio Gallo - UNICAMP

Profª Drª Tania Beatriz Iwasko Marques - UFRGS Prof. Dr. Walter Matias Lima - UFAL

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Apresentação

Zamara Araújo dos Santos ... 7

A

RTIGOS

Pesquisa e teoria sobre habilidades numéricas

Paulo Sérgio T. do Prado ... 13 Estudo sobre a aplicação da prova piagetiana de escoamento do líquido para avaliação da noção temporal

Inaiara Bartol Rodrigues ... 37 Entre os legados de uma compreensão do Ser às contribuições da Psicologia Educacional para formação do Ser

Marcelo Ribeiro ... 61 Implicações psicológicas da avaliação escolar

Ruben de Oliveira Nascimento ... 75 A interdisciplinaridade e as novas formas de organização

do conhecimento

Maria Geralda Oliver Rosa ...101 A pesquisa na escola com crianças pequenas: desafios e possibilidades Reginaldo Santos Pereira e Myrtes Dias da Cunha ...113

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de Lipman: questões sobre aprendizagem e desenvolvimento Carmen Lúcia Dias, Cláudio Roberto Brocanelli e

Carla Luciane Blum Vestena ...131

Elementos de Filosofia da Educação a partir da Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural de Feuerstein Carlos Eduardo de Carvalho Vargas ...145

Epicuro e os tetrapharmakon Flavia Bruno ...161

Ética e Educação: reflexões sobre amizade e cidadania Alonso Bezerra de Carvalho ...171

Ética na mídia impressa: um estudo de notícias publicadas entre 1997 e 2003 Helenice Maia...205

A des-razão como possibilidade criativa na desconstrução da realidade Elenise Cristina Pires de Andrade e Renato Beluche ...235

RESENHAS O potencial do estudo de caso etnográfico para as pesquisas educacionais Benedito G. Eugênio...257

Reflexões sobre o ensino de ortografia nas séries iniciais Benedito G. Eugênio...260

Reflexões sobre a sexualidade e a infância Dilma do Carmo Brito, Gilnúbia Rosa Mendes da Silva, Maria de Lourdes Brito de Souza e Rosangela Rodrigues da Silva ...263

Nominata dos pareceristas...267

Periódicos permutados ...268

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É com grande satisfação que apresentamos este oitavo número de nosso caderno. Em primeiro lugar, porque viemos de receber o resultado final de nossa primeira avaliação pelo sistema Qualis, realizado

desta feita em parceria com a ANPEd, o que por si só, foi mais um fator a

qualificar esse importante sistema de avaliação de periódicos em nosso país, em seu trabalho de apreciação das publicações científicas na área de Educação. O conceito obtido pelo caderno foi o de “Local A”.

Essa primeira avaliação revelou-se fundamental, e por diversas razões. Em especial por indicar-nos os pontos em que o caderno vai bem, aqueles em que ele decididamente avançou, e, ainda, aqueles em que serão necessários aprimoramentos e alterações. Nossa intenção, a partir dessa avaliação inaugural, é desde já a de redobrar os esforços no intuito de aprimorar ainda mais a publicação, de forma que ela possa avançar ainda mais em seu perfil atual, voltado para duas importantes áreas da pesquisa em educação.

Além disso, nos últimos meses registramos uma considerável ampliação do número de nossas permutas, o que permite que nosso caderno chegue a inúmeras novas instituições e, cada vez mais, a pesquisadores por todo o país.

Este número oito compõe-se de 12 artigos e três resenhas. Mantendo a tradição de nossa publicação, esses trabalhos primam por

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sua variedade temática e pela diversidade institucional dos seus autores. É também com satisfação que inclui-se neste número, pela primeira vez, um trabalho de autoria de graduandas do curso de Pedagogia da

UESB. As discentes Dilma do Carmo Brito, Gilnúbia Rosa Mendes da

Silva, Maria de Lourdes Brito de Souza e Rosangela Rodrigues da Silva assinam a última resenha publicada nesta edição.

Abrindo o conjunto de trabalhos apresentados neste número 8, temos o artigo “Pesquisa e teoria sobre habilidades numéricas”, de Paulo Sérgio T. do Prado, Professor Assistente do Departamento de

Psicologia da Educação da Universidade Estadual Paulista (UNESP –

Campus de Marília, SP). O artigo apresenta uma revisão das pesquisas experimentais sobre habilidades numéricas, enfocando privilegiadamente duas abordagens, a saber, a que trata da tarefa de testar essas habilidades nos sujeitos, e a que trata das condições de ensiná-las experimentalmente.

Inaiara Bartol Rodrigues, Professora da Faculdade de Comunicação, Educação e Turismo da Universidade de Marília (UNIMAR)

e Pedagoga do Centro de Estudos da Educação e da Saúde (CEES) da

UNESP (Marília), no artigo “Estudo sobre a aplicação da prova piagetiana de escoamento do líquido para avaliação da noção temporal”, promove uma discussão sobre a construção de tempo na epistemologia genética e a importância da concepção de Piaget para a compreensão acerca da relação entre as ações mentais e a concepção de tempo no desenvolvimento cognitivo.

Em seguida, no trabalho “Entre os legados de uma compreensão do ser às contribuições da psicologia educacional para formação do ser”, Marcelo Ribeiro, Professor de psicologia da Universidade Federal

do Vale do São Francisco (UNIVASF), trata de duas importantes correntes

filosóficas (a pré-socrática e a filosofia existencialista) no que concerne às suas respectivas concepções de Ser, tomado como algo permanente ou transitório, e à sua influência no campo da psicologia da educação. O texto “Implicações psicológicas da avaliação escolar”, de Ruben de Oliveira Nascimento, Professor Assistente do Instituto de

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Psicologia da Faculdade Federal de Uberlândia (UFU) trata das implicações psicológicas da avaliação. O autor expõe a necessidade de se ultrapassarem as avaliações estigmatizantes e estereotipadas, criando condições que favoreçam o crescimento pessoal e escolar, bem como o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.

No texto “A interdisciplinaridade e as novas formas de organização do conhecimento e de avaliação”, Maria Geralda Oliver Rosa, Secretária Acadêmica do Centro de Ensino Superior de Itabira-MG (CENSI), faz uma reflexão sobre os paradigmas da atitude docente e sua mudança face às novas formas de organização do conhecimento. Em seguida, temos o artigo “A pesquisa na escola com crianças pequenas: desafios e possibilidades”, de Reginaldo Santos Pereira, Professor da UESB, e Myrtes Dias da Cunha, Professora da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Tomando como base o exercício investigativo com crianças pequenas, os autores lançam mão de algumas reflexões epistemológicas e metodológicas situando a pesquisa qualitativa como instrumento fundamental na utilização de técnicas que favoreçam uma maior elucidação de hipóteses, questões e problemas inerentes ao processo de pesquisa desenvolvido com crianças. No artigo “Aproximações entre a Psicologia de Vygotsky e a Filosofia para Crianças de Lipman: questões sobre aprendizagem e desenvolvimento”, os autores Carmen Lúcia Dias (Professora da UNESP – Marília), Cláudio Roberto Brocanelli (Doutorando em Educação pela mesma instituição) e Carla Luciane Blum Vestena (Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Guarapuava (PR), partindo da psicologia cultural de Vygotsky e da teoria sobre o aprendizado escolar de Lipman, desenvolvem uma reflexão sobre a dimensão humanizadora da aprendizagem, concebendo a interação entre os instrumentos e os signos como mediadores da relação entre sujeito e objeto no processo de conhecimento.

Em “Elementos de filosofia da educação a partir da teoria da modificabilidade cognitiva estrutural de Feuerstein”, temos o trabalho

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de Carlos Eduardo de Carvalho Vargas, Professor nas Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba. Neste artigo, o autor toma como ponto de partida alguns aspectos da filosofia da educação de Reuven Feuerstein, situando-os como pressupostos da Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural e do modelo teórico Experiência de Aprendizagem Mediada. Partindo disto, o autor demonstra de que forma, por um lado, esses aspectos são aplicados no Programa de Enriquecimento Instrumental de Feuerstein, e por outro, como eles se relacionam, no processo de avaliação educacional, à sua compreensão psicológica e filosófica.

Em “Epicuro e os tetrapharmakon”, Flavia Bruno, Professora da Universidade Cândido Mendes, RJ (Campus Centro) e da Faculdade de São Bento (RJ), faz uma elucidação da ética epicurista nos seus aspectos principais, associada à idéia da filosofia como uma medicina que trata da alma.

O artigo de Alonso Bezerra de Carvalho, Professor do Departamento de Educação da UNESP – Campus de Assis (SP) e do

Programa de Pós-Graduação em Educação da UNESP – Campus de

Marília (SP), “Ética e educação: reflexões sobre amizade e cidadania”, trata da relação entre educação e ética, considerando a ética como um caminho fundamental para a experiência didático-filosófica.

Helenice Maia, Professora do curso de Mestrado em Educação da Universidade Estácio de Sá (RJ) e coordenadora acadêmica da pós-graduação lato sensu da mesma Universidade, no artigo “A ética na mídia impressa”, mostra de que forma a mídia impressa, uma vez ancorada em alguma opção ética, apresenta os juízos de valor com os quais avalia o cotidiano.

E, finalizando o conjunto de artigos deste número, temos o texto “A des-razão como possibilidade criativa na desconstrução da realidade”, de Elenise Cristina Pires de Andrade, pesquisadora do Laboratório de Recursos Audiovisuais (Olho), da Faculdade de Educação da Unicamp e Professora e Coordenadora do curso de Pedagogia das Faculdades Network, Nova Odessa (SP), e Renato Beluche, pesquisador do Núcleo

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de Infoeducação – USP e do Grupo de Pesquisa “Corpo, Identidade Social e Estética da Existência” (UFSCar). O artigo apresenta a experiência realizada por professores de filosofia da rede pública de São Paulo que, tomando como fio condutor o pensamento de Nietzsche e Foucault, produziu uma série de atividades tendo como objetivo “revirar” as idéias e valores que vigoram como regimes de verdades, aliando o ensino de filosofia à idéia de jogo e de arte.

Temos ainda, fechando este número, três resenhas: “O potencial do estudo de caso etnográfico para as pesquisas educacionais”, de

Benedito G. Eugenio, Professor da UESB, apresentando o livro Estudo

de caso em pesquisa e avaliação educacional, de Marli E. D. Afonso de André. O livro traça um panorama das dificuldades metodológicas do processo de pesquisa. O mesmo Professor resenha ainda o livro Ortografia: ensinar e aprender, de Artur Gomes Morais, que trata do problema da ortografia no ensino fundamental.

Dilma do Carmo Brito, Gilnúbia Rosa, Mendes da Silva, Maria de Lourdes Brito de Souza e Rosangela Rodrigues da Silva, graduandas do curso de Licenciatura Plena em Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental (UESB) e Professoras da Rede Municipal de Vitória da Conquista, apresentam o livro Sexualidade(s) e Infância(s): a sexualidade como um tema transversal, que tece uma reflexão sobre a discussão da sexualidade na sala de aula e no cotidiano da criança.

Por fim, informamos que já está definida a temática de nosso próximo número: ele será uma edição especial totalmente dedicada ao tema das Dificuldades de Aprendizagem. Esse número é organizado

pela Professora Eliane Saravali, da UNESP, campus de Marília.

Zamara Araújo dos Santos Editora responsável.

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Paulo Sérgio T. do Prado *

Resumo: O texto apresenta uma revisão de pesquisas experimentais sobre habilidades numéricas, na qual duas abordagens são identificadas. Uma constitui-se da exposição dos sujeitos a tarefas elaboradas para testar tais habilidades e, a outra, de ensiná-las em condições experimentais específicas. Uma “combinação” das duas abordagens é identificada num conjunto de pesquisas em que procedimentos de teste são usados para se avaliar o repertório de entrada dos sujeitos. Então, estratégias de ensino são planejadas e implementadas. Finalmente, testes são novamente conduzidos para se avaliar o efeito da intervenção. Embora as pesquisas tenham contribuído para a identificação de variáveis envolvidas na aquisição de habilidades numéricas, o papel da contagem parece ainda não estar bem estabelecido, aguardando por mais pesquisas.

Palavras-chave: Habilidades numéricas. Contagem. Pesquisa experimental. Research and theory about numerical skills

Abstract: A revision of experimental researches on numerical skills is presented in which two approaches are identified. One of them consists to expose subjects

* Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Professor Assistente do Departamento de Psicologia da Educação da Universidade Estadual Paulista (Unesp – Campus de Marília, SP). E-mail: pradopst@marilia.unesp.br

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to tasks designed to test those skills and the other to teach them under specific experimental conditions. A “combination” of the two approaches is identified in a set of researches in which test procedures are used to evaluate initial subjects’ repertoire. Then, teaching strategies are planed and implemented. Finally, tests are conducted again to evaluate the effect of the intervention. Although researches had contributed to identify variables involved in the acquisition of numerical skills, the role of counting appear not to be well defined, waiting for further researches.

Key words: Numerical skills. Counting. Experimental research. Pesquisa e teoria sobre habilidades numéricas

O exame da literatura sobre habilidades numéricas revela que, grosso modo, o tema vem sendo investigado de duas maneiras: a) expondo-se sujeitos a tarefas elaboradas para testá-las; ou, b) ensinando-as em condições experimentais.

a) Testes de habilidades numéricas

Entre os estudos que analisam as habilidades por meio de testes, o de Beckwith e Restle (1966) identificou um conjunto de variáveis que atuam sobre o contar – como a forma dos estímulos, se são iguais ou diferentes, sua cor e sua disposição – e as estratégias empregadas pelos sujeitos (pré-adolescentes e universitários) para a realização daquela tarefa. Em ambos os grupos, conjuntos maiores produziram mais erros e requereram mais tempo para serem contados. E, em linhas gerais,

ambos os grupos usaram a subitização,1 sendo que os universitários a

usaram em combinação com sua capacidade de soma e multiplicação. Potter e Levy (1968) estudaram um dos componentes do contar – a habilidade de apontar cada item de uma coleção, um por vez e somente uma vez cada um até que toda a coleção se esgote. (As outras habilidades seriam, de acordo com os autores, recitar os nomes dos numerais em 1 Tradução de Ottoni (1993) para o neologismo: subitizing, que refere-se a uma capacidade de reconhecer pequenas numerosidades sem o recurso da contagem ou qualquer outro fator lingüístico.

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ordem e coordenar as duas primeiras habilidades para fazer corresponder cada item a um numeral.) Notaram uma correlação positiva entre a habilidade de tocar os elementos sem omissões nem repetições e a idade das crianças, o mesmo ocorrendo com relação à habilidade de contar. Entre as quantidades e o tocar, constatou-se uma correlação negativa. Em ambos os estudos, o modo como os elementos foram arranjados também exerceu influência sobre o contar.

Para Piaget, a capacidade de reconhecer a equivalência numérica entre duas coleções mesmo quando não há correspondência um-a-um entre seus elementos, o que o autor denomina noção de conservação, indica a posse do conceito de número pela criança. (Sobre o conceito e a prova de conservação, ver Carraher, 1982; Kamii, 1991; e Piaget e Szeminska, 1981). Do seu ponto de vista, ao contrário do de outros estudiosos, a enumeração é um mero fator verbal que não desempenha qualquer papel no progresso da correspondência termo-a-termo e da

equivalência numérica (PIAGET; SZEMINSKA, 1981).

Wohlwill (1960) manifesta-se insatisfeito com as análises que se produziram sobre o desempenho de sujeitos (adultos e crianças) em tarefas isoladas e com a carência de suporte experimental adequado da principal construção teórica sobre o assunto, aquela edificada por Piaget. Ministra um conjunto de tarefas numa situação de emparelhamento com o modelo (matching-to-sample) e elabora uma escala hierárquica das habilidades envolvidas.

As formulações de Piaget foram alvo também das críticas de Gelman (1972). Quanto à prova de conservação especificamente, a autora entende como fonte de vieses a interação verbal adulto-criança. Termos tais como “mesmo”, “mais” e “menos” – necessariamente envolvidos na prova piagetiana de conservação – seriam interpretados de forma diferente por ambos. Através de um procedimento no qual empregaram-se técnicas de shows de magia, a autora elaborou uma prova que dispensava o uso daqueles termos. Demonstrou, dessa forma, que a noção de conservação apresenta-se em idade inferior à que supôs Piaget. (Para uma discussão mais aprofundada sobre essa problemática

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metodológica e uma revisão mais completa de estudos cognitivistas sobre o tema, ver Fayol, 1996).

Seguindo pelas trilhas de Wohlwill, autores como Wang, Resnick e Boozer (1971) e Spradlin e colaboradores (1974) também investiram na análise de habilidades em conjunto ao invés de isoladas. Semelhantemente, também o fizeram através de um método que permite a hierarquização de tarefas – a Multiple Scalogram Analysis. Os primeiros trabalhando com crianças normais e, os segundos, com crianças retardadas.

Schaeffer, Eggleston e Scott (1974) aplicaram uma bateria de testes a crianças de dois a seis anos e analisaram os resultados de uma perspectiva segundo a qual habilidades simples vão se integrando hierarquicamente, originando habilidades mais complexas.

Na literatura especializada encontramos também relatos de trabalhos cujos resultados sugerem a presença de habilidades numéricas desde idade muito tenra. Strauss e Curtis (1981) usaram o procedimento de habituação-desabituação para estudar a discriminação de numerosidades visuais em bebês de 10 a 12 meses. Starkey, Spelke e Gelman (1983) investigaram a capacidade de bebês de seis a oito meses para reconhecerem a equivalência numérica entre conjuntos de estímulos intermodais – visuais e auditivos. Wynn (1992) usou uma variação do procedimento para estudar a capacidade de soma e subtração em bebês de cinco meses. (Para uma revisão mais detalhada de estudos com bebês, entre outros, ver Ottoni, 1993 e Prado, 1995.)

Pesquisas como algumas das citadas acima, entre muitas outras, têm sido tomadas como suporte para a idéia de que os bebês são inatamente dotados de habilidades numéricas. Baseando-se nelas e também em pesquisas com animais e interculturais, D. C. Geary (por exemplo: 2001 e Geary e colaboradores, 1996) afirma que a presença das habilidades são produto de pressões evolutivas e, denominando-as “habilidades biologicamente primárias”, conclui que estas constituem-se a baconstituem-se para o deconstituem-senvolvimento de outras mais complexas, as quais chama “habilidades biologicamente secundárias” – como a

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aprendizagem dos símbolos numéricos e algébricos, do uso do sistema decimal, dos cálculos, etc. Estas dependem das primárias, mas seu desenvolvimento se deve também à valoração cultural e a práticas escolares. Resultados de pesquisas interculturais apontam diferenças significativas, desfavoráveis para estudantes americanos, o que leva o autor a desenvolver uma reflexão sobre as práticas pedagógicas de seu país. Essa, contudo, é uma discussão que não desenvolverei aqui.

Todas essas pesquisas têm em comum a exposição de sujeitos a determinadas tarefas consideradas relevantes para o conhecimento das variáveis que atuam sobre a formação do conceito de número, para se determinar o processo de desenvolvimento desse conceito e até para fundamentar esclarecimentos e críticas sobre aspectos considerados obscuros ou mesmo equivocados em alguns trabalhos. Outra abordagem para o estudo do tema tem sido o ensino, em condições experimentais, de habilidades numéricas.

Um proeminente pesquisador do comportamento, M. Sidman (SIDMAN; STODDARD, 1966), recomendou: “Não teste, ensine”. Por ter essa recomendação algo em comum com outro psicólogo proeminente, parece-me proveitoso recordar primeiro algumas considerações deste último. Refletindo sobre a relação entre desenvolvimento e aprendizagem, Vygotsky (1984) raciocinou que testes psicológicos avaliam aquilo que a criança já conquistou em termos de seu desenvolvimento psicológico, isto é, aquilo que já estaria consolidado em termos desse desenvolvimento, os seus frutos. Podemos dizer que os testes fornecem uma fotografia, isto é, uma “imagem” estática do que a criança é capaz de fazer por si mesma num dado momento, o que o autor conceituou como nível de desenvolvimento real.

Contudo, ainda segundo Vygotsky, isso não é tudo. Há coisas que embora a criança não saiba fazer por si mesma ela poderá fazer se receber algum auxílio de um adulto ou outra criança mais experiente. Essas capacidades seriam os “botões” ou “brotos” do desenvolvimento: o nível de desenvolvimento potencial, que encerra tudo aquilo que a criança só pode desempenhar com a ajuda de alguém, mas que no futuro

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ela poderá fazer por si própria. A distância entre os dois níveis de desenvolvimento, real e potencial, constitui-se o que Vygotsky conceituou como zona de desenvolvimento proximal.

Como na concepção desse autor a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento, esse raciocínio tem importantes implicações pedagógicas. Por isso, numa reação à visão de que o desenvolvimento é que estabeleceria as pré-condições para a aprendizagem e que, portanto, as intervenções pedagógicas deveriam aguardar pelo desenvolvimento psicológico da criança, ele disse que “o único bom ensino [...] é aquele

que se adianta ao desenvolvimento” (OLIVEIRA, 1993, p. 62). E para

promovê-lo, é exatamente na zona de desenvolvimento proximal que deve atuar o educador. Mas embora a discussão sobre a educação seja indubitavelmente importante, permaneçamos no campo da pesquisa psicológica, que é o tema sobre o qual devemos nos concentrar nesse momento. O conceito de zona de desenvolvimento proximal também teve implicações no modo de pesquisar de Vygotsky. De acordo com Oliveira (1993, p. 64-65),

A postura de Vygotsky, no que diz respeito à intervenção de um indivíduo no desenvolvimento do outro, tem conseqüências para seu próprio procedimento de pesquisa. Muito freqüentemente Vygotsky e seus colaboradores interagiam com seus sujeitos de pesquisa para provocar transformações em seu comportamento que fossem importantes para compreender processos de desenvolvimento.

Veja que aquele autor não se limitava a testar seus sujeitos. Ele introduzia variáveis para verificar que efeitos elas exerciam sobre o comportamento deles. Voltando à recomendação de Sidman, note que ela tem uma parte negativa: “não teste”, que se apóia na idéia de que testes, embora possam revelar coisas importantes, não permitem identificar com precisão as variáveis responsáveis pelos comportamentos testados. Algumas dessas variáveis podem ser inerentes ao próprio teste. Numa extensa e relativamente exaustiva revisão de pesquisas que vêm sendo realizadas desde a década de 80

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sobre habilidades numéricas em bebês, Mix, Huttenlocher e Levine (2002) apresentam um questionamento no sentido de que em tais pesquisas o controle experimental sobre determinadas variáveis não é suficiente para se descartar a possibilidade de que os sujeitos respondessem a dimensões de estímulo outras que não a numérica. No entanto, mesmo que o controle experimental fosse perfeito nessas pesquisas, ainda assim permaneceriam no campo das especulações as variáveis responsáveis pelos comportamentos observados nos testes, pois elas se localizam na história do sujeito (ou da espécie), história esta à qual raramente o pesquisador tem acesso, se é que tem algum.

E assim o pesquisador, diante dos resultados produzidos pelo seu teste e sem acesso à história do sujeito, atribui a variáveis internas o comportamento deste. Daí a importância da parte afirmativa da recomendação de Sidman: “ensine”. Embora, obviamente, esse autor reconheça o papel do ensino escolar, seu conselho antes de educacional é metodológico e relaciona-se com um modo de se fazer pesquisa. No contexto da pesquisa comportamental, ensinar alguma coisa a alguém significa criar uma história, a qual poderá ser acompanhada em detalhes pelo pesquisador. Essa é a alternativa para se superar, pelo menos parcialmente, a falta de acesso à história do sujeito. Na elaboração dos procedimentos de ensino, o pesquisador encontra meios para controlar, com elevado nível de rigor e precisão, as variáveis às quais poderá, posteriormente, atribuir os comportamentos analisados. Os estudos a seguir são exemplos disso.

b) O ensino experimental de habilidades numéricas

Em Macedo (1972, 1975) encontramos uma revisão exaustiva de pesquisas especificamente voltadas para a aquisição experimental da noção de conservação. Os estudos foram agrupados em nada menos do que 14 categorias, de acordo com o procedimento básico empregado. O próprio autor adaptou o procedimento de emparelhamento com o modelo à prova de conservação para ensinar a noção de conservação

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de quantidades descontínuas (MACEDO, 1972). Fez o mesmo com o

procedimento de escolha do ímpar – oddity learning (MACEDO; AMÊNDOLA,

1980); e comparou a eficácia de dois procedimentos baseados em teorias divergentes: na de aprendizagem discriminativa, usando oddity learning; e na teoria da equilibração, replicando um procedimento de autores

piagetianos (MACEDO; ASSIS, 1984).

A produção do autor acima parece ter sido motivada, em grande parte, por uma discussão suscitada pelo artigo de Gelman (1969). Inspirada em Zimiles (1963) que, numa crítica às concepções de J. Piaget e J. F. Wohlwill considerou a possibilidade de algumas crianças comportarem-se como não-conservadoras por atentarem para atributos irrelevantes dos estímulos, Gelman (1969) testou experimentalmente essa hipótese. Grosso modo, seu procedimento consistiu do reforçamento diferencial a respostas sob controle das dimensões relevantes dos estímulos – quantidade numérica de fichas e comprimento de bastões. Sujeitos classificados como não conservadores no pré-teste, após um período de treino evoluíram para a condição de conservadores. Pautando-se pelos pressupostos da Análise do Comportamento, Drachenberg (1973, 1990) considerou que um determinado valor numérico é uma propriedade abstrata do conjunto. Sendo esse valor mantido constante em conjuntos de objetos diferentes, a propriedade se generalizaria para todos os grupos de mesmo valor, significando a abstração do conceito. Para ensinar os conceitos de um a dez, adotou um procedimento de modificação gradual no controle de certos aspectos de um estímulo para outro (fading in), aplicando-o numa situação de emparelhamento com o modelo. Dos 13 sujeitos de dois a seis anos, apenas um completou a longa série de 10 passos (cada um com várias etapas e um grande número de tentativas); e cada sujeito fez, em média, 140 sessões de treino. Parece-nos que para o reconhecimento de um valor comum a grupos de objetos distintos é indispensável o uso da contagem. Melhores resultados poderiam ter sido alcançados pelas crianças se tal habilidade lhes houvesse sido ensinada (ver discussão abaixo).

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Baseados também nos pressupostos behavioristas, mas já empregando conhecimento incipiente sobre a produção de desempenhos emergentes, Gast, VanBiervliet e Spradlin (1979) trabalharam com três crianças com idade entre oito e 11 anos classificadas como retardadas, e quatro pré-escolares normais de 3a3m (a = anos; m = meses) a 4a7m. Anteriormente à intervenção, todos eram capazes de: 1) reconhecer os numerais; 2) separar subconjuntos de conjuntos totais a partir de números ditados; e, 3) também a partir de numerais impressos; 4) emparelhar numerais a conjuntos; 5) emparelhar conjuntos a numerais; 6) nomear os numerais; e, 7) contar conjuntos totais. Os valores usados foram de um a seis. A essa classe de estímulos-respostas foi incluído um novo membro – palavra-número impressa. Isso foi feito através de um treino no qual o sujeito selecionava palavras-número a partir de números ditados. Observou-se que a partir do ensino dessa relação, um conjunto de outras novas emergiu. Dessa forma, além das relações que os sujeitos já apresentavam, passaram a apresentar também o emparelhamento de numeral a palavra-número e sua inversa, palavra-número - numeral; a selecionar palavras-número correspondentes a conjuntos e vice-versa, e também a nomear as palavras-número. Não houve diferenças entre o desempenho apresentado pelas crianças normais e o daquelas classificadas como retardadas.

Maydak e colaboradores (1995) investigaram a inter-relação entre classes de estímulos e tarefas de produção de seqüência (sequence-production tasks). Os sujeitos foram um homem e uma mulher com grande atraso no desenvolvimento. Em linhas gerais, o experimento consistiu da formação de classes de estímulos compostas por nomes de números ditados, numerais e quantidades (conjuntos de pontos). Subseqüentemente, foi realizado um treino de produção de seqüência com as quantidades dois a cinco, no qual, dados conjuntos com esses números de elementos, dispostos aleatoriamente, o sujeito devia selecioná-los partindo do menos para o mais numeroso. Por meio de testes apropriados verificou-se, posteriormente, a emergência da seqüenciação dos numerais dois a cinco.

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Também aplicando tecnologia de estudos sobre equivalência de estímulos, Lynch e Cuvo (1995) desenvolveram um programa para o ensino de frações. A alunos de sexta e sétima séries que, segundo seus professores, apresentavam dificuldades em tarefas envolvendo frações e números decimais, foram treinadas as relações: (A) fração – (B) representação pictográfica de fração; e, (B) representação pictográfica – (C) número decimal. Observou-se a emergência das relações B-A, C-B, A-C e C-A. Foi testada, ainda, a generalização com frações de valores correspondentes aos das usadas no treino, com frações e números decimais novos; e a conversão de fração para número decimal e vice-versa, numa prova de tipo papel e lápis.

Observamos que nos dois tipos de abordagem um procedimento empregado com freqüência é o de matching to sample. E nas publicações mais recentes, os autores têm lançado mão de tecnologia que possibilita que o ensino se faça de modo a produzir aprendizagens que vão além do que é ensinado: ensina-se com vistas à produção de desempenhos emergentes.

A metodologia usada nas pesquisas pode servir como recurso para a detecção de necessidades individuais de aprendizagem, propiciando a obtenção de informações que subsidiem a elaboração e implementação de estratégias individualizadas de ensino. Identificando-se relações preIdentificando-sentes, auIdentificando-sentes e/ou não bem estabelecidas no repertório da criança, pode-se planejar o ensino com vistas à promoção de desempenhos emergentes. A seguir, serão apresentados dois estudos cujos autores tentaram fazer isso.

“Combinando” as duas abordagens e discutindo a contagem

Usando alguns dos recursos metodológicos descritos e tendo como sujeitos dois adolescentes, um autista e outro classificado como portador de retardo mental moderado, ambos com déficit de linguagem, Green (1993) aplicou um pré-teste que revelou que um dos sujeitos emparelhava estímulos por identidade e também numerais a seus

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respectivos nomes ditados. O outro, além dessas mesmas habilidades, fazia os pareamentos número ditado-conjunto e numeral-conjunto nos valores de um a três e nomeava todos os numerais (sic).

A autora assume que a compreensão numérica implica em tratar como equivalentes nomes de números falados, numerais impressos e quantidades correspondentes de itens. Ela aponta que freqüentemente assume-se que a contagem é uma habilidade pré-requisito para a aprendizagem de equivalências numéricas e vê no paradigma de equivalência de estímulos a possibilidade de que aquelas equivalências possam ser ensinadas prescindindo-se da contagem.

Um procedimento de treino instalou as relações número ditado-numeral e número ditado-conjunto. Foram usados os numerais 1 a 6 e conjuntos nos valores correspondentes. Os elementos que compunham os conjuntos eram pontos (pequenos círculos pretos sólidos). Um detalhe importante que diz respeito à disposição espacial dos pontos deve ser notado: para cada um dos valores de um a seis foram usados três padrões diferentes, porém fixos, de configuração.

Ao final do treino, um pós-teste revelou que além das relações ensinadas, os sujeitos haviam aprendido também a produzir oralmente nomes de números tanto em resposta a numerais impressos como a conjuntos, a relacionar numerais a conjuntos e vice-versa e ainda demonstraram generalização dessa habilidade quando foram usados conjuntos com figuras de cavalos, casas e moedas. Essas figuras, que não fizeram parte do treino, foram apresentadas de acordo com um dos padrões de disposição espacial usado com os pontos durante o treino.

G. Green é cautelosa ao concluir seu estudo. Ela afirma que para os dois sujeitos do experimento, que de início não apresentavam a habilidade de contagem, esta não pareceu necessária para a aprendizagem das equivalências numeral-quantidade. É uma conclusão que decorre naturalmente dos resultados. Os sujeitos não contavam e não foram ensinados a contar. Mesmo assim, exibiram desempenho que atestou a emergência de relações de equivalência entre numerais e conjuntos.

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Vários autores afirmam que quantidades até três ou quatro são passíveis de subitização. Bebês com poucos meses de idade parecem discriminar conjuntos com esses números de itens (ver, por exemplo, Starkey e Cooper, 1980; Starkey, Spelke e Gelman (1983) e Strauss e Curtis, 1981). Green (1993) usou valores superiores. Porém, parece possível que eventuais dificuldades envolvidas na discriminação de conjuntos com cinco e seis elementos tivessem sido superadas por um treino eficiente, tal como o elaborado pela autora. Contudo, há que se considerar um pouco mais detidamente o tratamento experimental dispensado a uma importante variável. Os elementos de cada um dos conjuntos foram dispostos de acordo com padrões fixos. Mesmo no teste de generalização, quando foram usadas figuras em lugar de pontos, elas foram dispostas de acordo com um dos padrões de disposição usado no treino.

Conjuntos são estímulos complexos com uma propriedade especial. Eles possuem dimensões ou atributos que podem variar quase infinitamente. A natureza dos elementos, seu tamanho, cor, textura, cheiro, etc., são todas dimensões irrelevantes. A única dimensão relevante de um conjunto é o número de elementos que ele contém. Respostas adequadas só serão produzidas sob controle dessa dimensão. Uma das dimensões irrelevantes de um conjunto é a maneira como seus elementos se distribuem no espaço. Trata-se de uma dimensão particularmente importante, pois em determinadas situações, pode assumir um controle inadequado de respostas. Jogos de dados e dominós apresentam conjuntos de um a seis pontos dispostos de acordo com padrões fixos, o que faz com que cada conjunto assuma uma configuração peculiar. Nesses jogos (principalmente no de dados) os conjuntos são, em alta freqüência, emparelhados a nomes de números. A configuração de cada conjunto acaba facilitando o reconhecimento do seu valor ou, pelo menos, a associação com a palavra-número correspondente, o que empresta agilidade ao jogo. Dependendo do repertório do indivíduo, no entanto, isso pode tornar-se um problema. Diante de um conjunto de seis elementos quaisquer dispostos de

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maneira não familiar, alguém que sabe contar descobrirá quantos são os itens, mas quem não possui essa habilidade, como uma criança em idade pré-escolar, por exemplo, terá dificuldades para determinar o valor. No experimento de Green (1993), o fato de haver três padrões de acordo com os quais os pontos eram dispostos pode ter dificultado um pouco as coisas para os sujeitos. No entanto, a possibilidade de que as respostas tenham ficado sob controle da dimensão irrelevante disposição espacial dos elementos só poderia ser definitivamente descartada se ao longo do experimento, de tentativa a tentativa, os itens dos conjuntos fossem arranjados de maneira imprevisível para o sujeito. Procurei tomar esse cuidado em um estudo conduzido

anteriormente (PRADO, 2001), cujas linhas gerais passo a descrever.

Foram consideradas as relações entre os estímulos representados pelos retângulos A, B, C e C’ na Figura 1; e entre eles e as respostas representadas pelos retângulos D, E e F naquela mesma figura. As setas, que vão sempre do estímulo modelo para o de comparação ou resposta, simbolizam relações. O diagrama deve ser lido como segue.

Figura 1 – Diagrama esquemático representando as habilidades numéricas analisadas no estudo A Número ditado B Numeral(is) Impresso(s) C Conjunto(s) C’ Variação da disposição D Nomeação E Produção de seqüência F Contagemde subconjunto

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AB - dados o nome de um número falado como estímulo modelo e diversos numerais como estímulos de comparação escolher, entre estes, o que corresponde ao modelo ditado. AC - dados um número ditado e vários conjuntos, cada um com um número diferente de itens, selecionar o conjunto cuja quantidade de elementos corresponda ao nome do número falado. AF - dados um número falado e um conjunto, separar deste um subconjunto com número de itens correspondente ao especificado. BC - dados um numeral e conjuntos, selecionar destes aquele com a quantidade expressa pelo numeral. BD - dado um numeral, dizer o seu nome em voz alta. BE - dados diversos numerais, colocá-los em ordem crescente. BF - dados um numeral e um conjunto, separar deste a quantidade de itens especificada pelo numeral. CB - dados um conjunto e vários numerais, selecionar destes o equivalente ao valor do conjunto. CC - dados um conjunto como estímulo modelo e outros conjuntos como estímulos de comparação, todos com os respectivos elementos dispostos de acordo com um mesmo padrão, escolher dentre os últimos aquele numericamente equivalente ao primeiro. CC’ - dados um conjunto como estímulo modelo e outros conjuntos como estímulos de comparação, não havendo coincidência na disposição dos elementos, selecionar a comparação correspondente ao modelo. CD - dado um conjunto, contar seus elementos e dizer quanto são, isto é, nomear a numerosidade. CE - dados diversos conjuntos com cardinalidades diferentes, ordená-los do menos para o mais numeroso. CF - dados dois conjuntos, um deles com maior número de elementos, separar deste um subconjunto com o mesmo número de elementos do primeiro. Um programa de computador especialmente desenvolvido para o estudo e o uso de um monitor de vídeo com tela sensível ao toque possibilitaram que o teste daquelas relações (e o posterior treino de algumas delas) fosse completamente informatizado. O procedimento básico adotado foi o de discriminação condicional. Tarefas que requeriam a contagem de subconjuntos ou a produção de seqüências foram realizadas através do que na literatura tem sido chamado de respostas construídas. Toda resposta correta levava a uma conseqüência produzida pelo próprio computador: animação efeito sonoro ou mensagem de elogio. Porém, cada tentativa de cada tarefa era apresentada somente uma vez, exceto tarefas envolvendo conjuntos,

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cujas tentativas foram apresentadas duas vezes – uma em que os elementos eram dispostos ordenadamente e outra em que os elementos ocupavam posições selecionadas aleatoriamente pelo computador. O delineamento da pesquisa compôs-se de três fases: pré-teste, treino e pós-teste, antecedidas por um treino preparatório para familiarizar os sujeitos com o uso do equipamento, o qual não será descrito.

Na Figura 2 encontram-se os dados do desempenho de um sujeito do sexo masculino, com idade de cinco anos e sete meses. Com ele foram usados estímulos nos valores de um a nove. As colunas do lado esquerdo de cada par de colunas representam a porcentagem de respostas corretas no pré-teste. Note que, em linhas gerais, o sujeito apresentou um desempenho pobre nas tarefas envolvendo numerais (estes representados pela letra B). Algumas tarefas não constam no gráfico. São elas: a relação AB, em que os acertos desse sujeito foram de 55,6%; BD e BE, em que os escores ficaram abaixo de 50%.

Figura 2 – Desempenho de um menino de 5 anos e 7 meses no pré-teste (antes da intervenção) e no pós-teste das relações (depois da intervenção), excluídas as diretamente ensinadas no treino (AB, BD e BE)

AC- Número ditado – conjunto BC- Numeral – conjunto CB- Conjunto – numeral CD- Nomeação de numerosidades CF- Conjunto – contagem de subconjunto

AF- Nº ditado – contagem de subconjunto BF- Numeral – contagem de subconjunto CC- Conjunto – conjunto

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Um treino, prevendo reforço a respostas corretas e procedimentos de correção de respostas incorretas, instalou as relações AB, BD e BE, consideradas estratégicas para produzirem a emergência de todas as outras relações. A relação AB (número ditado-numeral) foi ensinada pelo procedimento de exclusão (ROSE; SOUZA; HANNA, 1996;

ROSE et al., 1992; FERRARI; ROSE; McILVANE, 1993). A expectativa era

que desse treino emergisse a nomeação dos numerais (BD), o que não aconteceu. Por isso essa relação foi ensinada explicitamente. A relação BE é a produção de seqüência, ou ordenação dos numerais. Reconhecer e nomear esses estímulos são respostas indispensáveis, porém inúteis sem que se saiba ordená-los. Por isso, a ordenação também foi ensinada. Estando o sujeito produzindo seqüências com os numerais 1 a 9 sem erros, e após ter ele alcançado o critério de 95% de acertos na nomeação daqueles numerais em extinção num bloco em que cada numeral foi apresentado cinco vezes, conduziu-se um pós-teste das relações. Este foi idêntico ao pré-teste, exceto pela ordem em que as tarefas foram apresentadas e pela não apresentação das tentativas que testariam as relações treinadas (AB, BD e BE). O desempenho do sujeito nessa fase é expresso nas colunas da direita de cada par de colunas do gráfico da Figura 2. Exceto na relação CE, em todas as outras a porcentagem de acertos foi de 89% ou superior.

Outro sujeito do estudo foi um menino de 4 anos e 10 meses, com quem o procedimento adotado foi idêntico ao que se acaba de descrever, exceto pelos valores dos estímulos usados, que foram de um a cinco. Observe a Figura 3. As relações AC, AF, CD e CF não constam no gráfico porque nelas houve 100% de acertos já no pré-teste. Também nessa fase, os escores foram de 60% na relação AB e inferiores a 50% nas relações BD e BE, que também não constam no gráfico. À semelhança do que se descreveu anteriormente, essas três últimas relações foram explicitamente ensinadas. Tendo o sujeito apresentado 100% de acertos em todas elas, procedeu-se a um pós-teste de todas as relações, menos as ensinadas e aquelas em que ele já desempenhava com perfeição. As colunas à direita em cada par

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na Figura 3 representam os desempenhos emergentes. Não houve grandes diferenças do pré para o pós-teste nas relações BC, CC e CE sendo, contudo, marcantes as diferenças nas relações BF e CB.

Em ambos os casos descritos acima os sujeitos não se saíam bem em tarefas que implicavam o uso de numerais, mas após o treino estes foram integrados à rede de relações, isto é, passaram a fazer parte das classes de equivalência. Quanto à contagem, os sujeitos já apresentavam habilidades razoavelmente bem desenvolvidas, o que poderia explicar seu desempenho em algumas das tarefas do pré-teste que envolviam conjuntos. Contudo, na tarefa de produção de seqüências de conjuntos (CE), nota-se que não houve grande alteração do pré para o pós-teste, o que merece algumas considerações.

As dificuldades inerentes à tarefa podem ter desencorajado os sujeitos a contar. Ao início de cada tentativa, apresentam-se vários conjuntos espalhados na parte inferior da tela. A ordenação era feita Figura 3 – Desempenho de um menino de 4 anos e 10 meses no pré-teste (antes da intervenção) e no pós-teste das relações (depois da intervenção), excluídas as relações diretamente ensinadas no treino (AB, BD e BE) e aquelas em que houve 100% de acertos no pré-teste (AC, AF, CD e CF)

BC- Numeral – conjunto

BF- Numeral – contagem de subconjunto CB- Conjunto – numeral

CC- Conjunto – conjunto

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tocando-se cada conjunto com o dedo, o que provocava seu deslocamento para a parte superior da tela e seu posicionamento da esquerda para a direita. Conjuntos de até três ou quatro pontos não oferecem grandes dificuldades para serem ordenados. Porém, quantidades superiores requerem contagem. Não somente isso. O sujeito deve contar os pontos de vários conjuntos ainda não colocados em seqüência, comparando o valor de cada um com o do último conjunto da série dos que já foram ordenados. Os pontos são relativamente pequenos e ocupam uma área também pequena. Além disso, a contagem deve ser feita com um bastão, pois a tela é sensível ao toque e o dedo só deve ser usado para produzir o deslocamento dos conjuntos e indicar a finalização da tarefa. O controle de estímulos e a cadeia de respostas são muito complexos. Produzir as seqüências sem contar pode ser um comportamento de esquiva. De qualquer modo, o pior desempenho dos sujeitos foi exatamente na tarefa em que eles eximiram-se da contagem.

Conclusão

Para finalizar, faremos uma breve comparação entre os estudos de Prado (2001) e de Green (1993). Ambos possuem semelhanças importantes, chegando mesmo a se complementarem. Algumas conclusões da autora serão discutidas.

Green (1993) empregou procedimentos surgidos há algumas décadas para fins exclusivos de análise do desenvolvimento de habilidades numéricas (por exemplo: Spradlin e colaboradores, 1974; Wang e colaboradores, 1971 e Wholwill, 1960), usando-os para fazer um pré-teste de relações com seus sujeitos. Estes não tinham habilidades de contagem, não nomeavam quantidades (ou numerosidades), mas emparelhavam numerais a nomes de números ditados.

Os dados obtidos no pré-teste auxiliaram G. Green a tomar decisões concernentes ao treino, em que nomes de números serviram como estímulos modelo tanto para a escolha de conjuntos como de

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numerais correspondentes. Posteriormente, verificou-se a emergência das relações numeral-conjunto e vice-versa e também a generalização da relação entre nomes de números ditados e conjuntos com figuras diferentes das de treino. Os sujeitos apresentaram desempenho satisfatório em todas essas relações, mesmo sem terem aprendido a contar.

Também em Prado (2001), procedimentos semelhantes aos anteriormente empregados em estudos do desenvolvimento de habilidades numéricas foram adotados para pré-testar as habilidades dos sujeitos. Verifiquei que as crianças já eram hábeis contadoras desde seu ingresso na pesquisa, mas não se saíam tão bem com os numerais. Elas foram ensinadas a nomear e a ordenar os numerais. Posteriormente, exibiram relações entre numerais e conjuntos (entre outros desempenhos). Elas não usaram a contagem para produzir seqüências de conjuntos e, provavelmente por isso não apresentaram bom desempenho nessa tarefa.

Green (1993) não ensinou a contagem aos seus sujeitos, mas conseguiu que eles fossem mais longe do que os de Drachenberg (1973, 1990), que também não ensinou aquela habilidade. Mas até onde eles iriam? Quais seriam as vantagens de uma aprendizagem de relações condicionais das quais fizessem parte conjuntos, sem a aprendizagem de habilidades de contagem?

O paradigma de equivalência surgiu como modelo de relações estímulo-estímulo e trouxe consigo uma reação contrária à idéia da linguagem como elemento mediador do comportamento simbólico. Em Sidman (1994, 2000), contudo, a noção de classes de equivalência não se limita mais a estímulos, passando a incluir respostas. Estas podem ser as mais diversas, inclusive verbais. A contagem inclui, entre outras, respostas verbais. Estas devem entrar na classe de equivalências que constitui o conceito de número. Nos resultados do estudo descrito acima (PRADO, 2001), isso é sugerido pelo desempenho dos sujeitos na contagem de subconjuntos sob controle de diversos estímulos (relações AF, BF e CF).

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A contagem é uma habilidade tão presente e útil no dia-a-dia, que as vantagens que ela oferece parecem óbvias. Privar dessa habilidade crianças e jovens normais ou com qualquer tipo de comprometimento, significa impor-lhes dificuldades à sua aprendizagem de repertórios acadêmicos e à sua integração social. Como se sairia, por exemplo, um jovem que aprendeu uma série de discriminações incluindo conjuntos, mas sem ter aprendido a contar quando, no seu trabalho, recebesse de seu chefe uma ordem (oral ou por escrito) para fazer 50 pilhas de 25 caixas?

Para finalizar, é possível afirmar que recursos teóricos e metodológicos da Análise do Comportamento constituem-se em meios úteis para se estudar, de modo produtivo, habilidades numéricas. Discriminação (simples ou condicional), generalização e equivalência de estímulos envolvendo estímulos numéricos são necessárias, mas parecem não ser suficientes. A contagem aguarda por análises mais detalhadas tanto em si mesma como no que diz respeito à sua integração na rede de relações que compõem o que poderíamos chamar de conceito de número. Mais estudos são necessários.

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escoamento do líquido para avaliação da noção temporal

Inaiara Bartol Rodrigues *

Resumo: O presente artigo trata da avaliação da concepção de tempo do sujeito epistêmico. De acordo com a epistemologia genética, a construção da noção de tempo requer a coordenação das operações de ordem dos acontecimentos e de imbricação das durações. Nossos estudos demonstram que a prova do escoamento do líquido proposta por Piaget é um instrumento de avaliação da noção temporal muito adequado porque possibilita verificar empiricamente como o sujeito está coordenando suas ações mentais em relação à concepção de tempo no decorrer do seu desenvolvimento cognitivo. Palavras-chave: Noção de tempo. Desenvolvimento cognitivo. Epistemologia genética.

Étude sur l'application de l'épreuve piagetienne de l'écoulement du liquide pour l'avaliation de la notion temporel

Résumé: Cet article a pour objet l’évaluation de la conception du temps du sujet épistémique. D’après l’épistémologie génétique, la construction de la

* Doutora em Educação pela Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) – campus de Marília. Docente da Faculdade de Comunicação, Educação e Turismo da Universidade de Marília (Unimar). Pedagoga do Centro de Estudos da Educação e da Saúde (CEES) da Unesp – campus de Marília. E-mail: inaiara@marilia.unesp.br

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notion de temps nécessite la coordination des opérations de l’ordre des évènements et de l’imbrication des durées. Notre étude a montré que l’épreuve de transvasement des liquides qui a été proposée par Piaget est un instrument d’évaluation de la notion temporal bien adéquat parce qu’il permet de vérifier empiriquement comment le sujet coordonne ses actions mentales par rapport à la conception du temps pendant son développement cognitif.

Mots-clés: Notion de temps. Développement cognitif. Épistémologie génétique. A noção temporal é reconhecida como uma das mais significativas noções que o aluno deve adquirir para poder apropriar-se dos conhecimentos produzidos sobre a nossa realidade. Por esse motivo, vários profissionais de diversas áreas se preocupam em verificar o conhecimento que o sujeito possui sobre essa complexa noção. A questão que colocamos é de que forma podemos avaliar que conhecimento o sujeito possui sobre o tempo.

A maioria das orientações voltadas para a avaliação da noção temporal, principalmente na área de ensino da educação infantil e ensino fundamental, propõe verificar o conhecimento sobre noções de anterioridade e posterioridade entre acontecimentos e o conhecimento sobre as métricas temporais expressa basicamente nos conceitos de manhã, tarde, noite, hora, dia, mês, ano. Apesar desses conceitos fazerem parte do conhecimento temporal, eles não demonstram as operações lógicas que o sujeito cognoscente necessita elaborar para compreender de forma lógica a noção temporal.

Nossos estudos sobre esse tema tomam como referência a teoria piagetiana que estuda a noção temporal e demonstra como a criança constrói esse conhecimento ao longo do seu desenvolvimento cognitivo. A partir de seus pressupostos teóricos Piaget [19—] propõe algumas provas de avaliação da noção temporal, dentre elas a prova do escoamento do líquido. O ponto de vista que defendemos é que, dentre todas as provas propostas por Piaget, a prova do escoamento do líquido avalia de forma conclusiva as operações mentais que o sujeito é capaz de realizar no momento em que é avaliado sobre seu conhecimento em relação ao tempo.

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Para argumentar a favor dessa posição teórica, achamos necessário primeiro expor os pressupostos teóricos que Piaget defende em relação à noção de tempo para em seguida relatar sobre a prova em si.

Sobre os pressupostos da teoria piagetiana em relação à noção de tempo

O tempo é definido como coordenação de movimentos de velocidades diferentes. Isto significa dizer que os objetos podem apresentar deslocamentos, ou seja, diferentes posições no espaço denominadas de movimento. Quando há a coordenação entre os deslocamentos desses diferentes objetos podemos abstrair o tempo. No entanto, se os deslocamentos desses objetos possuírem velocidades iguais e constantes, a noção temporal se confunde com a noção espacial, permitindo que as operações espaciais estabeleçam as relações necessárias para a construção temporal. Sem poder contar com a percepção imediata e com puras relações espaciais, quando se trata de movimentos de velocidades diferentes, abstrair a noção de tempo requer a coordenação dos co-deslocamentos (coordenação de dois ou mais movimentos).

A estreita relação entre tempo e velocidade leva a impossibilidade de dissociar as noções temporais do contexto físico e cinemático, caracterizando a noção temporal como um conhecimento físico. Porém, o fato de ser um conhecimento físico não significa para Piaget que a noção temporal é um conjunto de constatações perceptivas, pelo contrário, a noção temporal requer a capacidade cognitiva de coordenar esquemas de natureza operatória, ou seja, esquemas antecipatórios que darão ao pensamento uma flexibilidade (reversibilidade do pensamento) para trabalhar com hipóteses a serem testadas mentalmente.

Mas quais são essas operações específicas para a constituição da noção temporal e quais as relações que essas operações estabelecem entre si para resultar no tempo lógico?

As duas principais operações são: (1) a ordem (ou sucessão) dos acontecimentos (ou movimentos) e (2) a imbricação das durações.

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A ordem dos acontecimentos é a transformação espacial (fato do objeto mudar de posição no espaço) provocada necessariamente por uma relação causal, fazendo, por exemplo, com que depois do A venha o B e depois do B venha o C (ou então que o amanhã se torne hoje e o hoje se torne ontem).

A imbricação das durações é a relação de inclusão hierárquica que se estabelece entre as possíveis séries que o objeto compõe no decorrer do seu deslocamento, ou seja, a noção de imbricação das durações em uma determinada seqüência significa que uma duração menor está contida na duração maior. Por exemplo, na seqüência A ® B ® C ® D a duração AB está contida em AC, a duração AC está contida na duração AD.

Ambas operações só ganham uma significação temporal operatória quando o sujeito estabelece essas coordenações entre co-deslocamento (relação entre dois ou mais movimentos). Para que o sujeito alcance essa coordenação necessária ele deverá compreender que para cada estado sucessivo de um determinado movimento existe um único estado sucessivo correspondente no outro movimento simultâneo e que há uma correspondência entre a relação de imbricação formada pela série de estados sucessivos composta em cada um dos movimentos envolvidos nessa operação mental.

Essa complexa abstração cognitiva não surge de repente, segundo Piaget, ela é construída de acordo com as coordenações cognitivas que o sujeito vai sendo capaz de elaborar em suas experiências sobre os movimentos realizados pelos objetos da realidade, inclusive sobre seus próprios movimentos.

Para explicar como ocorre o desenvolvimento da noção temporal em sujeitos epistêmicos, Piaget [19--] descreve as características do pensamento em relação à noção temporal de acordo com dois grandes períodos de desenvolvimento do pensamento cognitivo: período sensório-motor e período da representação. Nós iremos nos restringir ao período da representação nesse artigo devido ao nosso objetivo que é tratar sobre a prova do escoamento do líquido.

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No período da representação, Piaget descreve os seguintes níveis do desenvolvimento cognitivo temporal: nível do tempo intuitivo e nível do tempo operatório.

Antes de descrevermos as características desses dois níveis do conhecimento temporal, iremos descrever a prova do escoamento do líquido proposta por Piaget. Em seguida, iremos caracterizar os níveis de desenvolvimento cognitivo temporal, exemplificando pela análise das etapas da prova do escoamento do líquido.

Sobre a prova de avaliação da noção temporal

Descreveremos a prova do escoamento do líquido da seguinte forma: primeiro apresentaremos o instrumento e material impresso utilizado, depois apresentaremos os critérios de análise dos resultados e por fim apresentaremos um comentário referente à análise feita em relação aos resultados obtidos tendo como referência as duas operações que resultam na aquisição da noção temporal.

A prova deve ser aplicada individualmente para cada sujeito. Deve ser realizada em uma sala em boas condições sonoras e de iluminação e que possua uma mesa grande para o sujeito poder manipular o material impresso. A aplicação da prova dura em torno de 1h30.

Os materiais utilizados na prova do escoamento do líquido são: (1) instrumento do escoamento do líquido: esse instrumento foi montado usando uma garrafa de forma arredondada que se afunila no gargalo e na qual foi feito um orifício no fundo, para entrada de água e saída de ar (esse orifício permanece constantemente aberto). Uma segunda garrafa de igual volume da primeira, mas com um formato cilíndrico. As duas garrafas estão graduadas em oito níveis (riscos na garrafa) que possuem idêntica duração de escoamento da água de um nível para o outro. Uma torneira adaptada com pedaços de mangueira une as duas garrafas, sendo que a garrafa arredondada (que será representada nos exemplos pelo símbolo Ÿ) está

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