• Nenhum resultado encontrado

temática do Direito e mudanças climáticas.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "temática do Direito e mudanças climáticas. "

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

DIREITO E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS MÉTRICAS DA INFORMAÇÃO

1 Débora Mara Corrêa de Azevedo

2 Alice Munz Fernandes

RESUMO

Objetivo do Estudo: Caracterizar as publicações científicas que abordam, de forma conjunta, a

temática do Direito e mudanças climáticas.

Metodologia/Abordagem: Análise cientométrica na base de dados Web of Science, orientada

por determinados critérios operacionais e analíticos. O portfólio de estudos foi composto de 94 artigos, cujas análises pautaram-se em aspectos bibliométricos e sociométricos.

Originalidade/Relevância: A pesquisa realizada contempla um panorama analítico emergente,

compilando temáticas concernentes às ciências sociais, aparentemente dissociadas, por meio do emprego de um método científico proveniente da ciência da informação.

Principais Resultados: Nas últimas décadas, os efeitos das mudanças climáticas têm despertado

o interesse de pesquisadores da área do Direito e não somente das ciências da natureza. Ademais, apesar de a temática analisada permear distintas áreas do conhecimento, observou-se que a maioria das investigações analisadas (70%) é de responsabilidade de um único autor. Quanto aos países de onde tais estudos provêm, destacam-se os Estados Unidos e a Austrália, ao passo que as afiliações predominantes referem-se à University of Melbourne, a University College London e a Chinese University of Hong Kong. Evidencia-se que as abordagens predominantes nos estudos podem ser classificadas em quatro clusters com fortes links de associação. Estes apontam aspectos concernentes à resiliência e adaptação, direito, políticas e protocolos internacionais, bem como governança direcionada a aspectos jurídicos das mudanças climáticas.

Contribuições Teóricas/Metodológicas: O estudo realizado contribui por meio da investigação

de um campo de estudo emergente através de métodos de pesquisa pautados na ciência da informação, a partir dos quais se caracterizou o estado da arte das pesquisas científicas sobre Direito e mudanças climáticas.

Palavras-chave: Agricultura. Direito. Mudanças Climáticas. Segurança Alimentar.

Sustentabilidade.

1Mestra do em Agronegócios pela Universida de Federa l do Rio Gra nde do Sul – UFRGS, Rio Gra nde do Sul, (Bra sil). E-ma il: deb_correa @ya hoo.com.br Orcid id: https://orcid.org/0000-0002-5920-8119

2Doutora nda em Agronegócios pela Universida de Federa l do Rio Gra nde do Sul – UFRGS, Rio Gra nde do Sul, (Bra sil). E-ma il: a licemunz@gma il.com Orcid id: https://orcid.org/0000-0003-3023-605X

Recebido: 03/04/2020 Aprovado: 02/06/2020 Double Blind Review Process

DOI: https://doi.org/10.37497/revcampojur.v8i2.553

(2)

LAW AND CLIMATE CHANGE: AN ANALYSIS FROM INFORMATION METRICS

ABSTRACT

Climate change is an increasingly present reality, as the resulting environmental conditions have already begun to negatively affect the ability to grow enough food to meet the rapid growth of populations. Such changes have an immediate reflection of intensifying the need for the management of environmental risks by law, through the construction of observations, bonds and decisions about the future. In order to analyze what has already been published on the subjects Law and climate change together, a scientometric analysis was performed in the Web of Science database, guided by certain operational and analytical criteria. The study portfolio consisted of 94 articles, whose analyzes were based on bibliometric and sociometric aspects. The results showed that, in recent decades, the effects of climate change have aroused the interest of researchers in the field of Law and not only in the natural sciences. Moreover, although the theme analyzed permeates different areas of knowledge, it was observed that most investigations analyzed (70%) are the responsibility of a single author. The countries from which such studies come from include the United States and Australia, while the predominant affiliations refer to the University of Melbourne, the University College London (UCL) and the Chinese University of Hong Kong. It is also evident that the predominant approaches in the studies can be classified into four clusters with strong association links.

These point to aspects concerning resilience and adaptation, law, international policies and protocols, as well as governance directed to the legal aspects of climate change. Thus, the study contributes through the investigation of an emerging field of study through research methods based on information science, from which the state of the art of scientific research on Law and climate change was characterized.

Keywords: Agriculture. Law. Climate Changes. Food Security. Sustainability.

(3)

INTRODUÇÃO

As mudanças climáticas configuram-se como realidades atuais, uma vez que condições ambientais decorrentes, como secas e enchentes, já começaram a afetar negativamente a capacidade de cultivo de alimentos em quantidade suficiente para atender o rápido crescimento das populações (LEVY; PATZ, 2015). Ou seja, muitos dos impactos das mudanças climáticas são canalizados por setores sensíveis ao clima, como a agricultura (MENDELSOHN, 2001).

Deste modo, a mudança e a variabilidade climática apresentam-se como um grande desafio à produção agrícola e aos meios rurais de subsistência. Não obstante, tais fenômenos afetam aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas, cujo sustento, em parte ou na totalidade, provém dos sistemas de produção agrícola. Portanto, os impactos das mudanças climáticas no rendimento das culturas já podem ser detectad os nos dados observados (ALI;

ERENSTEIN, 2017).

Ante ao exposto, a pesquisa realizada teve como objetivo caracterizar as publicações científicas que abordam, de forma conjunta, a temática do Direito e mudanças climáticas. A circunscrição deste estudo justifica-se porque este fenômeno, seja natural ou antrópico, inegavelmente ocasiona impactos em todos os contextos da sociedade (FARBER;

CARLARNE 2017). Logo, verificá-lo associadamente ao Direito a partir de um portfólio de literatura científica permite compreender o estado da arte e o viés das diferentes áreas do conhecimento, além de possibilitar o mapeamento da ciência mundial acerca de tal temática.

REFERENCIAL TEÓRICO

Embora os impactos das mudanças climáticas na agricultura variem com base na localização geológica e em outros fatores, existe consenso de que as mudanças climáticas provavelmente resultarão em uma minimização significativa da safra, aumento dos preços dos alimentos e diminuição da segurança alimentar de milhões de pessoas, particularmente nos países em desenvolvimento. Em seu relatório de 20 14, o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) concluiu que embora os impactos projetados variem entre culturas e regiões, o rendimento das culturas poderá diminuir em mais de 25%. Essas mudanças ocorrerão no mesmo período de aumento populacional – e com renda per capita superior – resultando na maximização da demanda por produção agrícola em aproximadamente 60%

(ANGELO, 2017).

Tais mudanças têm o reflexo imediato de elevar a necessidade do gerenciamento dos

riscos ambientais pelo Direito, mediante a construção de observações, vínculos e decisões

(4)

sobre o futuro. Em razão desse contexto de risco global, tem -se a intensificação de uma tomada de consciência jurídica acerca do necessário comprometimento das presentes gerações em relação às subsequentes. O futuro, portanto, passa a ser a principal justificativa para aplicar o Direito que a própria sociedade produz (CARVALHO, 2010).

Sob essa perspectiva, Bello Filho (2009) aponta que as alterações climáticas provocarão mudanças sensíveis sobre a vida na Terra o que, seguramente, repercutirá no Direito. Em razão disso, o autor destaca o surgimento de um novo Direito, chamado de

“Direito das Mudanças Climáticas”. Ou seja, não se trata de um novo Direito no sentido objetivo, mas da transformação na postura do discurso jurídico diante de uma realidade que as ciências duras são atualmente capazes de demonstrar.

Para Macías Gomes (2010) as mudanças climáticas, como um fato conhecido, têm implicações importantes na disciplina jurídica, especialmente qu ando se considera que, devido aos impactos que dela possam resultar, os Direitos reconhecidos socialmente podem ser total ou parcialmente afetados. Essa situação impõe um desafio direto e sem precedentes às instituições em nível nacional e internacional que devem agir política e legalmente , haja vista que estas precisam estabelecer estruturas de políticas públicas e regulamentares a fim de se enfrentar o desafio da mudança do clima.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa realizada caracteriza-se como quantitativa quanto à abordagem do problema (YU, 2006) e descritiva no que concerne à sua finalidade (LAKATOS; MARCONI, 2011).

Como procedimento técnico utilizou-se a cientometria, que trata da mensuração de informações já publicadas (SILVA; BIANCHI, 2001), considerando seu impacto e sua quantidade (VINKLER, 2019). Desse modo, pertence ao conjunto das métricas da informação, conhecidas como iMetrics (MILOJEVIC; LEYDESDORFF, 2013).

A operacionalização deste tipo de investigação fundamenta -se em pressupostos bibliométricos e sociométricos, a fim de identificar padrões de comportame nto em determinado aglomerado de informações (GENG et al., 2017) que, neste caso, provém da literatura científica. Logo, têm-se as três leis clássicas da bibliometria como instrumentos que regem tais modelos ou padrões, quais sejam: Lei de Lotka ou Lei do Quadrado Inverso, Lei de Bradford ou Lei da Dispersão e Lei de Zipf ou Lei do Mínimo Esforço (HOOD; WILSON, 2001; BAILÓN-MORENO et al., 2005).

De forma genérica, a primeira delas postula que um número reduzido de autores

responde por uma quantidade considerável de publicações científicas sobre determinada

(5)

temática, simultaneamente a um elevado número de autores que apresenta pouca contribuição sobre este mesmo assunto (CHUNG; COX, 1990). Já a segunda lei basicamente pressupõe que os periódicos que possuem o maior número de publicações sobre determinado assunto podem ser considerados como aqueles que detêm um núcleo de relevância e qualidade superior acerca do referido tema (BRADFORD, 1934; BOGAERT; ROUSSEAU; VAN HECKE, 2000). Por fim, a Lei de Zipf aborda a f requência de ocorrência de termos ou caracteres ao longo do texto (BAI; WANG, 2019) e postula que aqueles providos de maior incidência podem ser entendidos como sendo os mais relevantes sobre determinada temática (ADAMIC; HUBERMAN, 2002).

Não obstante, para averiguar a colaboração entre os autores empregou-se também elementos concernentes à sociometria, que se baseia na construção de redes e interações de pesquisa para a produção do conhecimento científico (BORDONS et al., 2 015). Deste modo, refere-se à aproximação de indivíduos a fim de estabelecer redes de colaboração múltipla (GUTIÉRREZ et al., 2016) para a complementação de conhecimentos (BLUMBERG;

HARE, 1999).

A partir desta circunscrição, definiu-se como orientação de busca a existência dos termos “climate change” e “law”, mediados pelo operador booleano “and”, somente no título, haja vista que este sintetiza as características predominantes do estudo, denotan do sua pertinência ou não em relação a temática investigada (DELLA BRUNA JR.; ENSSLIN;

ENSSLIN, 2012). Selecionou-se para a busca a base de dados Web of Science, cujo período de publicações correspondeu há todos os anos até a data limite de 07 de setembro de 2019.

Determinou-se como critério de inclusão/exclusão a tipologia de documento correspondente a artigo. Deste modo, o portfólio de estudos analisados foi composto por 94 artigos. Para análise, os dados foram inicialmente organizados em planilhas eletrônicas e as variáveis concernentes ao ano de publicação, periódico e autores foram analisad as através de frequência relativa e absoluta, bem como matrizes de dupla entrada. Posteriormente, os achados foram comparados com os pressupostos estabelecidos pelas leis clássicas da bibliometria.

Conseguinte, elaboraram-se redes de cocitação e de colaboração entre os autores, denotando a estruturação intelectual da temática investigada (KHASSEH; SOHEILI;

CHELK, 2018). Para isso, empregaram-se técnicas pertencentes à bibliometria moderna

(THOMPSON; WALKER, 2015), operacionalizadas através dos softwares VOSviewer e

UCINET, respectivamente.

(6)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir do portfólio de artigos obtido por meio do delineamento realizado, verifica -se que a primeira publicação que aborda as temáticas de Direito e mudanças climáticas, de forma conjunta, ocorreu no ano de 1982. Tal estudo é de autoria de V. P. Nanda, afiliado a University of Denver, e fornece insights sobre a relação entre as mudanças climáticas em âmbito global e questões concernentes ao Direito internacional (NANDA, 1982). Não obstante, destaca-se que apesar de ser um assunto discutido em distintas áreas do conhecimento, o interesse dos pesquisadores tem se intensificado recentemente, haja vista que os últimos cinco anos (2015- 2019) respondem por cerca de 53% do total de publicações. Neste sentido, a Figura 1 ilustra a distribuição temporal das publicações sobre a referida temática.

Figura 1 – Distribuição temporal das publicações sobre Direito e mudanças climáticas

Fonte: resulta dos da pesquisa (2019).

Como justificativa para a maximização do número de publicações a partir da segunda década do Século XX tem-se o crescimento das preocupações acerca das consequências das mudanças climáticas, além da proposição de medidas de mitigação e adaptação .

No tocante aos periódicos onde tais estudos estão publicados, constata -se que os 94 artigos estão distribuídos em 69 journals e revistas científicas distintas. Deste montante, pouco menos da metade (49%) possui Journal Citation Report (JCR) vigente igual ou superior a 1,00, demonstrando a relevância científica, expressa em índices de citação dos periódicos nos quais a referida temática é publicada ((PODSAKOFF et al., 2005;

GARFIELD, 2006).

0 2 4 6 8 10 12 14

1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018

Publicações

Anos

(7)

Contudo, 6% dos periódicos são responsáveis por 17% das publicações, correspondendo a quatro artigos por journal. Tal achado vai ao encontro do postulado pela Lei de Bradford, de modo que estes podem ser entendidos como os que, teoricamente, possuem maior pertinência à temática investigada (BRADFORD, 1934; BOGAERT;

ROUSSEAU; VAN HECKE, 2000). O Quadro 1 descreve as principais características deste conjunto de periódicos.

Quadro 1 – Principais periódicos sobre Direito e mudanças climáticas

Periódico JCR Editor-Chefe

Ecology Law Quarterly 0,636 Ma ry Ra ssenfoss e Ka ela Shiigi Journal of Environmental Law 2,313 Liz Fisher

Review of European Comparative &

International Environmental Law 2,125 Ha rro va n Asselt

Water International 1,885 Ja mes Nickum

Fonte: resulta dos da pesquisa (2019).

Não obstante, no que se refere ao enfoque predominante nas publicações analisadas, salienta-se que a literatura científica tende a apresentar certa similaridade quando é citada pelos mesmos documentos (KOROM, 2019). Diante disso, para análise das cocitaçõe s, determinou-se como unidade analítica os autores citados que apresentam ao menos dez vínculos de cocitação.

Logo, evidencia-se que os 94 artigos analisados citam 4.130 autores em suas referências (não necessariamente 4.130 obras distintas). Deste total, 22 autores foram citados no mínimo em dez artigos, cuja associação e estrutura de rede elaborada pelo Software VOSviewer é apresentada na Figura 2.

Figura 2 – Rede de cocitações do portfólio analisado

Fonte: ela bora do com o a uxílio do Software VOSviewer (2019).

(8)

Cada vértice corresponde a um autor, ao passo que o tamanho dos rótulos remete a força entre as ligações. A coloração de tais elementos demonstra o grupo ou cluster ao qual estes pertencem e a proximidade entre as vértices expressa a ocorrência de citação conjunta das referências no portfólio analisado (KOROM, 2019).

Neste caso, destaca-se que os 22 autores estão divididos em três grupos distintos, cuja rede de associação é composta por 167 ligações. O autor com maior número de citações corresponde a J. B. Ruhl e integra o cluster vermelho (51 citações). Este pesquisador é afiliado a Vanderbilt University Law School, no Tennessee, e seus estudos envolvem a relação entre estruturas legais e institucionais e recursos ambientais.

Por sua vez, no cluster verde o autor com maior número de citações é D. Bodansky (29 citações), afiliado a Sandra Day O'Connor College of Law, da Arizona State University, cujos esforços de pesquisas destacam principalmente o Acordo de Mudanças Climáticas de Paris.

Finalmente, a principal referência do cluster azul é o Intergovernmental Panel on Climate Change comumente conhecido pelo acrônimo IPCC (18 citações), uma organização científica-política criada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) com o intuito de avaliar a ciência relacionada às mudanças climáticas (IPCC, 2019).

Quanto aos termos predominantes nos artigos científicos, destaca -se que assuntos dotados de multidisciplinaridade tendem a apresentar uma terminologia heterogênea. Assim, identificar as palavras expressas com maior recorrência auxilia na verificação dos diferentes domínios do conhecimento científico (GRIFFITHS; STEYVERS, 2004). Para tanto, construiu-se uma rede de coocorrência de termos a partir de dados textuais por meio do Software VOSviewer.

Como unidade de análise determinou-se as palavras-chaves, o que se justifica pela relevância de tais elementos na indexação dos estudos (BRANDAU; MONTEIRO; BRAILE, 2005). Conseguinte, definiu-se o número mínimo de três coocorrências, de modo que das 346 palavras-chaves apresentadas pelos 94 artigos, somente 21 atendiam a esta circunscrição.

Estas foram agrupadas em quatro clusters distintos e 91 ligações, conforme ilustra a Figura

3.

(9)

Figura 3 – Rede de coocorrência de palavras-chaves do portfólio analisado

Fonte: ela bora do com o a uxílio do Software VOSviewer (2019).

Observa-se que o cluster azul é formado por cinco vértices que permitem denominá-lo de mudança climática propriamente dita, haja vista que envolve predominantemente termos concernentes à ciência, política e governança com forte ligação a temática central. Já o cluster vermelho pode ser entendido como aquele com foco mais acentuado na adaptação e capacidade de resiliência frente às mudanças climáticas. Por sua vez, o cluster verde é composto por vértices que denotam a relevância do Direito internacional, ao passo que o cluster amarelo aborda questões direcionadas a acordos e protocolos internacionais instituídos para tratar de aspectos ambientais.

No tocante aos autores responsáveis pelas publicações analisadas, tem -se que os 94

artigos provêm de 132 pesquisadores diferentes. Salienta-se que 95% dos autores contribuem

com somente uma publicação cada, ao passo que 5% dos indivíduos respondem por cerca de

16% do portfólio averiguado. Tal achado corrobora com o postulado pela Lei de Lotka

(CHUNG; COX, 1990), cujos indivíduos dotados de maior representatividade nos estudos

sobre Direito e mudanças climáticas são apresentados no Quadro 2.

(10)

Quadro 2 – Principais autores sobre Direito e mudanças climáticas no portfólio analisado

Autor Afiliação Publicações

Benoit Ma yer The Faculty of Law of the Chinese University of Hong

Kong 5

Ja cqueline Peel Melbourne Law School – University of Melbourne 2

Ja n McDona ld Faculty of Law – University of Tasmania 2

Kirsten H. Engel James E. Rogers College of Law – University of Arizona 2

Lee Godden Melbourne Law School – University of Melbourne 2

Phillipa C. McCorma ck Faculty of Law – University of Tasmania 2 Fonte: resulta dos da pesquisa (2019).

Salienta-se que o autor Benoit Mayer, que contribui com o maior número de publicações, desenvolveu todos os seus estudos que compõem o portfólio analisado individualmente. Sua linha de investigação refere-se ao Direito internacional acerca das mudanças climáticas, abordando também aspectos pertencentes a responsabilidade do Estado e das políticas em torno do referido fenômeno.

Não obstante, Kirsten H. Engel também não possui co-autorias nos estudos analisados, cujo foco refere-se à medidas regulatórias e contenciosas adotadas por diferentes governos locais e estaduais para a mitigação das mudanças climáticas. Por sua vez, Jacqueline Peel e Lee Godden, afiliados a mesma instituição, desenvolveram um artigo em conjunto que trata das leis de mudanças climáticas em uma era de governança multinível. O mesmo ocorreu com Jan McDonald e Phillipa C. McCormack que, em parceria, elaboraram um artigo sobre a lei australiana de conservação e as compensações da biodiversidade enquanto mecanismo para a promoção da resiliência frente às mudanças climáticas.

Sob um panorama geral, aproximadamente 70% dos artigos analisados são de

responsabilidade de um único autor, o que denota que, diferentemente do que ocorre em

outras áreas do conhecimento, os estudiosos jurídicos apresentam certa propensão em

trabalhar individualmente. Todavia, reconhece-se que, mesmo em menor proporção, existem

inter-relações e colaboração entre os autores, cujas redes são expostas na Figura 4.

(11)

Figura 4 – Redes de colaboração entre os autores do portfólio analisado

Fonte: ela bora do com o a uxílio do Software UCINET (2019).

Legenda : somente a utores que possuem a o menos um link de a ssocia çã o .

Observa-se que apenas 11% dos artigos contam com a participação de no mínimo três autores, o que vai de encontro ao praticado pelas ciências agrárias ou animais, por exemplo, cuja metodologia de pesquisa, predominantemente experimental, requer a contribuiç ão de um grupo geralmente maior de indivíduos. Conquanto, destaca -se que os 94 artigos analisados refletem autores afiliados a 110 instituições distintas espalhadas ao redor do mundo. Entre estas, a University of Melbourne , a University College London (UCL) e a Chinese University of Hong Kong (CUHK) são as que apresentam maior número de contribuições, com quatro autores cada.

Sob a perspectiva da internacionalização dos estudos sobre Direito e mudanças

climáticas, verifica-se que o portfólio analisado é proveniente de autores que representam 27

países diferentes, cuja distribuição é ilustrada na Figura 5.

(12)

Figura 5 – Distribuição geográfica dos países que publicaram sobre Direito e mudanças

climáticas no portfólio analisado

Fonte: ela bora do com o a uxílio do Software Microsoft Office Excel (2019).

Observa-se que apesar de instituições estadunidenses não se destacarem individualmente no que se refere à quantidade de estudos sobre a temática, os Estados Unidos foi indicado como a origem da maioria das publicações analisadas. Em seguida, tem -se a Austrália, seguida pela Inglaterra. Assim, infere-se que o estudo conjunto sobre Direito e mudanças climáticas tem despertado o interesse dos pesquisadores com maior intensidade nestes países.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O contributo da investigação realizada corresponde à análise de uma temática emergente e dotada de interfaces multidisciplinares mediante o emprego de técnicas de pesquisa e ferramentas analíticas provenientes da ciência da informação. Deste modo, evidencia-se tanto a interdisciplinaridade das ciências quanto de seus mecanismos estruturais e operacionais.

Não obstante, a caracterização das pesquisas científicas acerca da temática estudada

pode fornecer insights para investigações posteriores, uma vez que possibilita identificar

certos padrões de comportamento em relação ao portfólio averiguado. Deste modo, o

contributo do estudo realizado pauta-se, sobretudo na caracterização do estado da arte sobre

a temática de Direito e mudanças climáticas de forma conjunta. Além disso, destaca -se a

(13)

utilização de uma metodologia originalmente desenvolvida na área de ciência da informação, o que demonstra a tendência multidisciplinar dos estudos científicos.

Como limitação da investigação realizada aponta-se a utilização de somente uma base de dados, que apesar de relevante e significativa para a ciência, não aborda todas as investigações acadêmicas publicadas sobre o assunto. Sendo assim, é possível que artigos que atendessem os critérios de inclusão e demonstrassem aderência com a pesquisa realizada não tenham sido incluídos no portfólio de análise .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMIC, Lada; HUBERMAN, Bernardo. Zipf's law and the Internet. Glottometrics, v. 3, n. 1, p.143-150, 2002.

ALI, Akhter; ERENSTEIN, Olaf. Assessing farmer use of climate change adaptation practices and impacts on food security and poverty in Pakistan. Climate Risk Management, v. 16, p. 183-194, 2017.

ANGELO, Mary Jane. Untangling the climate-food web: achieving food security and agricultural climate-resilience. In Research Handbook on Climate Change and Agricultural Law. London: Edward Elgar Publishing, 2017.

BAI, Yang; WANG, Xiuli. Zipf’s law and the frequency of characters or words of oracles. Advances in Intelligent Systems and Computing, v. 858, p. 828 -835, 2019.

BAILÓN-MORENO, Rafael et al. Bibliometric laws: empirical flaws of fit.

Scientometrics, v. 63, n. 2, p. 209-229, 2005.

BELLO FILHO, Ney de Barros. Direito ambiental das mudanças climáticas: novos paradigmas da atuação judicial. 2009. Disponível em: < http://www.

planetaverde.org/mudancasclimaticas>. Acesso em 29 jul. 2019.

BLUMBERG, Herbert; HARE, Paul. Sociometry applied to organizational analysis: A review. Journal of Group Psychotherapy, Psychodrama and Sociometry, v. 52, n. 1, p. 15, 1999.

BOGAERT, Jan; ROUSSEAU, Ronald; VAN HECKE, Piet. Percolation as a model for informetric distributions: fragment size distribution characterized by Bradford curves.

Scientometrics, v. 47, p.195-206, 2000.

BORDONS, María et al. The relationship between the research performance the scientists and their position in co-autorship networks in three fields. Journal of Informetrics, v. 9, n. 1, p. 135-144, 2015.

BRADFORD, Samuel. Sources of information on specific subjects. Engineering, v.

137, p. 85-86, 1934.

(14)

BRANDAU, Ricardo; MONTEIRO, Rosângela; BRAILE, Domingo. Importância do uso correto dos descritores nos artigos científicos. Brazilian Journal of Cardiovascular Surgey, v. 20, n. 1, p. 7-14, 2005.

CARVALHO, Délton Winter. Mudanças Climáticas e as implicações jurídico- principiológicas para a gestão dos danos ambientais futuros numa sociedade de risco global.

Direito e Mudanças Climáticas, v. 2, p. 39-59, 2010.

CHUNG, Kee; COX, Raymond. Patterns of Productivity in the Finance Literature: a study of the bibliometric distributions. The Journal of Finance, v. 45, n. 1, p. 301 -309, 1990.

DELLA BRUNA JR., Emílio; ENSSLIN, Leonardo; ENSSLIN, Sandra Rolim.

Seleção e análise de um portfólio de artigos sobre avaliação de desempenho na cadeia de suprimentos. Revista Gestão da Produção, Operações e Sistemas, v. 7, n. 1, p. 113 -125, 2012.

FARBER, Daniel; CARLARNE, Cinnamon Piñon. Climate Change Law. UC Berkeley Public Law Research Paper, n. 419, 2017.

GARFIELD, Eugene. Citation indexes for science: a new dimension in documentation through association of ideas. International Journal of Epidemiology, v. 35, n. 5, p.1123-1127, 2006.

GENG, Shengnan et al. Building life cycle assessment research: A review by bibliometric analysis. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 76, n. 176 -184, 2017.

GRIFFITHS, Thomas; STEYVERS, Mark. Finding scientific topics. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 101, p. 5228 –5235, 2004.

GUTIÉRREZ, Jimmy et al. The multiple team formation problem using sociometry.

Computers & Operations Research, v. 75, p. 150 -162, 2016.

HOOD, William; WILSON, Concepción. The literature of bibliometrics, scientometrics, and informetrics. Scientometrics, v. 52, n. 2, p. 291 -314, 2001.

IPCC. Intergovernmental Panel on Climate Change. About the IPCC. 2019. Disponível em: <https://www.ipcc.ch/about/>. Acesso em: 11 set. 2019.

KHASSEH, Ali Akbar; SOHEILI, Faramarz; CHELAK, Afshin Mousavi. An author co-citation analysis of 37 years of iMetrics. The Electronic Library, v. 36, n. 2, p. 270-285, 2018.

KOROM, Philipp. A bibliometric visualization of the economics and sociology of wealth inequality: a world part. Scientometrics, v. 1, p. 1-20, 2019.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 5.

ed. São Paulo: Atlas, 2011.

LEVY, Barry; PATZ, Jonathan. Climate Change, Human Rights, and Social Justice.

Annals of Global Health,v.81, n.3, 2015.

(15)

MACÍAS GÓMEZ, Luis Fernando. El derecho del cambio climático: un nuevo paradigma del derecho?. In: PACHÓN, Maria Del Pilar Garcia; NAVAS, Oscar Dario Amaya (Eds.). Derecho y cambio climático. Bogotá: Universidad Externado de Colombia, 2010.

MENDELSOHN, Robert. Global warming and the American economy. New Horizons in Environmental Economics. London: Edward Elgar Publishing, 2001.

MILOJEVIC, Stasa; LEYDESDORFF, Loet. Information metrics (iMetrics): a research specialty with a socio-cognitive identity?. Scientometrics, v. 95, n. 1, p. 141-157, 2013.

NANDA, Vead. Global climate change and international-law. Impact of Science on Society, v. 32, n. 3, p. 365-374, 1982.

PODSAKOFF, Philip et al. The influence of management journals in the 1980s and 1990s. Strategic Management Journal, v. 26, p. 473-488, 2005.

REI, Fernando; CUNHA, Kamyla. O futuro do regime internacional das mudanças climáticas. In GRANZIERA, Maria Luiza Machado; REI, Fernando (Org.) O Brasil e o regime das mudanças climáticas. Santos, 2015. P. 23 – 35.

SILVA, José Aparecido; BIANCHI, Maria de Lourdes Pires. Cientometria: a métrica da ciência. Paidéia,v. 11, n. 21, p. 5-10, 2001.

THOMPSON, Dennis; WALKER, Cheri. A descriptive and historical review of bibliometrics with applications to medical sciences. Pharmacotherapy, v. 35, n. 6, p. 551-559, 2015.

VINKLER, Péter. Core journals and elite subsets in scientometrics. Scientometrics, p.

1-19, 2019.

YU, Chong Ho. Philosophical foundations of quantitative research methodology.

Lanham: Rowman and Littlefield, 2006.

Referências

Documentos relacionados

Nesse sentido, o maior engajamento desses atores na participação da governança climática internacional e no desenvolvimento de políticas locais sobre mudanças climáticas é

Contudo, chega-se à conclusão de que paralelamente ao desenvolvimento de produtos ecologicamente corretos e que atendam às normas mais recentes de bem-estar animal, o

– Auxiliar os países desenvolvidos no cumprimento de seus compromissos de redução de emissões de GEE – Auxiliar os países em desenvolvimento a alcançarem. um

Assim, para efeito de análise deste levantamento, considera-se de fundamental importância o debate sobre estes reais valores apresentados pelos principais gases

Do ponto de vista do efeito do fenômeno de mudanças climáticas sobre as populações, foi consensual que os segmentos mais pobres estão mais vulneráveis aos efeitos

Os resultados poderão acenar potencialidades e deficiências no Acordo de Paris, evidenciando por exemplo, a necessidade de incentivos para a cooperação caso seja

Create and implement an integrated network to study coastal benthic habitats along the Brazilian coast (ReBentos) to establish long time series on benthic biodiversity as an strategy

Quando 62 pessoas em 2015 (Oxfam, 2015) concentram 50% da riqueza do mundo, indubitavelmente há que se questionar o processo histórico de formação de riqueza, que está associado