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APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

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APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE DEPÓSITO. FALTA DE PRESSUPOSTO ESSENCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO. INSCRIÇÃO EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.

EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO DO CREDOR.

SENTENÇA MANTIDA.

1. O depósito do valor em contento é pressuposto essencial para o desenvolvimento válido e regular do processamento da ação de consignação em pagamento, consoante as regras do art. 337 do CC e art. 893 e seguintes do CPC.

2. Em caso de dívida, trata-se de exercício regular do direito do credor, no caso da instituição financeira, inscrever o nome do devedor em órgão de proteção ao crédito.

APELO DESPROVIDO.

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

Nº 70052256955 COMARCA DE PORTO ALEGRE

MASTER POLO ADUANA E

LOGISTICA LTDA APELANTE

BANCO DO BRASIL S/A APELADO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao apelo.

Custas na forma da lei.

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Participaram do julgamento, além do signatário, as eminentes Senhoras DES.ª ELAINE HARZHEIM MACEDO (PRESIDENTE E REVISORA) E DES.ª LIÉGE PURICELLI PIRES.

Porto Alegre, 31 de janeiro de 2013.

DES. GELSON ROLIM STOCKER, Relator.

R E L A T Ó R I O

DES. GELSON ROLIM STOCKER (RELATOR)

Trata-se de recurso de apelação interposto por MASTER POLO ADUANA E LOGISTICA LTDA, diante da sentença de improcedência nos autos da ação de consignação em pagamento que move em desfavor do BANCO DO BRASIL S.A.

Adoto o relatório da sentença (fls. 91/94) que transcrevo:

I – Trata-se de AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO DE PAGAMENTO, C/C PEDIDO DE CANCELAMENTO DE DADOS CADASTRAIS NEGATIVOS, ajuizada por MASTER POLO ADUANA E LOGÍSTICA LTDA., contra BANCO DO BRASIL S/A, alegando, em síntese, possuir conta bancário junto ao estabelecimento demandado e exerce atividade atinente a desembaraço aduaneiro, atividade inviabilizada em decorrência do bloqueio da conta corrente porque possível o pagamento de algumas taxas aduaneiras e impostos federais exclusivamente perante o réu. Refere, ademais, não ser possível o pagamento de parcelas de acordo, no valor mensal de R$8.882,92, necessidade de elisão da mora para impedir o cadastramento negativo em órgãos de controle ao crédito, SPC e SERASA. Discorre sobre o direito aplicável, dizendo da incidência dos artigos 6º, inciso V, 47, 51, inciso II, e 84, do Código de Defesa do Consumidor, e, ao final, seja autorizado o depósito judicial de R$8.882,92, haja exclusão do seu nome e

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de avalistas do SPC e SERASA, afora a procedência da ação.

Determinada a emenda da inicial (fl. 47), foi ofertado o aditamento de fls. 48/50.

Deferimento da antecipação dos efeitos da tutela para impedir o cadastramento do nome da autora e autorizar o depósito judicial do valor ofertado, à fl. 60 Via petição de fls. 62/63, a demandante postula seja considerada a importância de R$9.300,00, depositada por cliente na conta bancária, e não estornada, como própria para a consignação autorizada.

Em defesa (fls. 73/76), o réu sustenta que, verificada a mora, há carência de ação. No mérito, reafirma a ocorrência de mora no adimplemento da obrigação de pagar e o valor ofertado é insuficiente, dado que sequer considerados os encargos moratórios contratuais, razão pela qual cabe a complementação do valor, a teor do disposto no artigo 899 do CPC, sendo que a autora sequer depositou judicialmente qualquer importância. Alude que a recusa de aceitar o pagamento depois do vencimento das prestações justifica-se pelo disposto na cláusula XI do contrato de empréstimo, a qual estabelece que o inadimplemento de qualquer das parcelas implicaria vencimento antecipado das parcelas vincendas. Requer o acolhimento da prefacial ou a improcedência da ação.

Réplica às fl. 80/81.

Saneador às fls. 82/83, rejeitando a preliminar, explicitando sobre a necessidade de a autora comprovar a realização do depósito judicial do valor objeto do pedido de consignação e instando as partes quanto ao interesse na produção de outras provas, oportunidade em que requereram o julgamento antecipado da lide.

É o relatório. Decido.

A sentença recorrida assim decidiu:

III – FACE AO EXPOSTO, julgo improcedentes os pedidos de consignação em pagamento de cancelamento de dados cadastrais negativos, com a consequente revogação dos efeitos da tutela antecipadamente deferida, e condeno a autora ao pagamento das custas processuais e honorários

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advocatícios arbitrados em R$400,00 (artigo 20, § 4º, do CPC), corrigidos monetariamente, pelo IGP-M, a contar desta data, e com juros de 1% ao mês, contados com igual critério (artigo 397 do Código Civil).

Publique-se. Intimem-se.

Retifique-se a autuação, com a consequente averbação junto à Distribuição, eis tratar-se de ação ordinária.

Decorrido o prazo de dez dias do trânsito em julgado e não havendo manifestação da parte interessada quanto ao prosseguimento, arquivem-se com baixa.

Inconformada, apela a autora às fls. 96-103. Requer o provimento do apelo a fim de ver reformada a sentença na íntegra, julgando- se procedente o pedido de compensação dos valores depositados na conta da demandante. Requer, ainda, a condenação da ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.

Para tanto, aduz que deixou de efetuar os depósitos judiciais por estar com a conta bloqueada, razão pela qual requereu que os valores lá depositados pelos seus clientes sejam compensados com os débitos que possui junto a requerida, a ser apurado em liquidação de sentença.

Contrarrazões às fls. 107-110.

Contados e preparados, vieram os autos a esta Corte de Justiça para apreciação.

Registro que foi observado o disposto nos artigos 549, 551 e 552, do Código de Processo Civil, tendo em vista a adoção do sistema informatizado.

É o relatório.

V O T O S

DES. GELSON ROLIM STOCKER (RELATOR)

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Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. Em não havendo preliminares, passo diretamente ao exame do mérito.

Adianto que compartilho do entendimento do Digníssimo Magistrado a quo quanto a improcedência da demanda.

O depósito do valor em contento é pressuposto essencial para o desenvolvimento válido e regular do processamento da ação de consignação em pagamento, consoante as regras do art. 337 do CC e art.

893 e seguintes do CPC.

O autor consignante deverá na petição inicial, além de observar e cumprir todas as exigências do art. 282 do CPC, requerer o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de cinco dias. No caso de depósito extrajudicial ou bancário, o consignante deverá juntar à exordial o comprovante desse depósito bem como da existência da recusa do credor.

No caso dos autos, o autor requereu na inicial o deferimento do pedido do depósito, porém não o efetuou. Descabe na ação de consignação em pagamento o pedido de compensação de valores, bem como a discussão acerca dos juros contratados.

Nesse sentido, diante da ausência de depósito na ação de consignação em pagamento, é pacífica a jurisprudência deste Tribunal:

APELAÇÃO CÍVEL. LOCAÇÃO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. DEPÓSITO.

AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTO DE

DESENVOLIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO. EXTINÇÃO DA AÇÃO. Na Ação de Consignação em Pagamento, a falta de depósito, ou o depósito inferior ao valor requerido na petição inicial, implica a ausência de pressuposto de desenvolvimento válido do processo, uma vez que o depósito é pressuposto indispensável para que seja declarado, por sentença, o efeito liberatório do pagamento. Depósito em valor inferior ao que fora requerido pela autora na petição inicial. Intimação para

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regularizar os depósitos. Desatendimento. Extinção do processo mantida (art. 267, IV, CPC). RECURSO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70051484913, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Catarina Rita Krieger Martins, Julgado em 29/11/2012)

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO COM PEDIDO DE CANCELAMENTO DE DESCONTO EM FOLHA. O depósito do valor é pressuposto essencial para o desenvolvimento válido e regular do processamento da ação de consignação em pagamento. Extinção do processo, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, IV, do CPC mantida APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70039333679, Segunda Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Altair de Lemos Junior, Julgado em 27/07/2011)

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. CESSÃO DE PRECATÓRIO DEVIDO PELO IPERGS.

DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO COM DÉBITO FISCAL PERANTE O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. IMPOSSIBILIDADE. Sem o depósito do montante devido não há pressuposto de desenvolvimento válido do processo de consignação em pagamento. Caso dos autos em que a empresa pretende opor ao crédito do Estado precatório em que se registra como devedor o IPERGS. Discussão que exige o ajuizamento de ação própria. HIPÓTESE DE NEGATIVA DE SEGUIMENTO DA APELAÇÃO. (Apelação Cível Nº 70023495088, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rejane Maria Dias de Castro Bins, Julgado em 28/03/2008)

Ademais, em havendo dívida, trata-se de exercício regular do

direito do credor, no caso da instituição financeira, inscrever o nome do

devedor em órgão de proteção ao crédito, senão vejamos:

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APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL NÃO CONFIGURADO. AUSÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. DANO MORAL NÃO

CARACTERIZADO. SENTENÇA MANTIDA.

Demonstrado nos autos que a parte autora não realizou todos os depósitos em juízo, condicionais para a sua não inscrição e/ou retirada do nome dos cadastros de restrição ao crédito, não há falar em descumprimento de ordem judicial e, assim, na ocorrência de danos morais. Exercício regular do direito do credor. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70050008333, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Gelson Rolim Stocker, Julgado em 29/08/2012)

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO DO NOME DA PARTE AUTORA EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.

AUSÊNCIA DE CONDUTA ABUSIVA. DANOS NÃO CARACTERIZADOS. SENTENÇA MANTIDA. Não havendo a parte autora pago seu débito, a inscrição do seu nome nos cadastros de restrição ao crédito se revela como exercício regular do direito do credor.

Sendo assim, inviável a condenação do réu ao pagamento de indenização por danos morais. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70049540768, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Gelson Rolim Stocker, Julgado em 25/07/2012)

Assim, a manutenção da sentença é medida que se impõe.

DISPOSITIVO.

Ante o exposto, nego provimento ao apelo.

É o voto.

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DES.ª ELAINE HARZHEIM MACEDO (PRESIDENTE E REVISORA) - De acordo com o(a) Relator(a).

DES.ª LIÉGE PURICELLI PIRES - De acordo com o(a) Relator(a).

DES.ª ELAINE HARZHEIM MACEDO - Presidente - Apelação Cível nº 70052256955, Comarca de Porto Alegre: "À UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO APELO."

Julgador(a) de 1º Grau: WALTER JOSE GIROTTO

Referências

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