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Relações entre o currículo do curso de administração e as competências e habilidades requeridas pelo mercado de trabalho: um estudo de caso

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(1)

RELAÇÕES ENTRE O CURRÍCULO DO CURSO DE

ADMINISTRAÇÃO E AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

REQUERIDAS PELO MERCADO DE TRABALHO:

UM ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade Católica de Brasília como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Educação.

Orientadora: Profa. Dra. Jacira da Silva Câmara.

(2)

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em

Educação, defendida em 12 de dezembro de 2006 e aprovada pela banca examinadora constituída

por:

_____________________________

Profa. Dra. Jacira da Silva Câmara Orientadora

_____________________________________ Prof. Dr. Cândido Alberto da Costa Gomes

_________________________ Profa. Dra. Alvana Maria Bof

(3)

Dedico este trabalho aos meus entes queridos.

Ao meu saudoso pai, Francisco das Chagas, in memoriam, que me dizia: “filho, se apegue aos

livros”, de quem leguei o gosto pelo estudo;

À minha querida mãe Henriquêta, exemplo de luta, de bondade, de carinho e amor

aos filhos e netos;

À minha amada Maria Alice, esposa dedicada que tolera minhas ausências para o estudo, me incentiva e me cativa;

Ao meu querido filho, Pedro Paulo, que em idade ainda tenra me auxilia nas tarefas escolares;

Ao meu querido irmão Wálter, que ainda jovem trabalhava para ajudar nas despesas da família;

Às minhas queridas irmãs Edna e Socorrinha, que de longe ou de perto, velam pela minha perseverança e pelo alcance de meus objetivos educacionais;

Aos meus queridos sobrinhos Daniel, Débora, Gabriel, Gustavo, Catarine e Rafaela,

(4)

Agradeço a Deus, pela infinita bondade e pela oportunidade de lutar pela vida;

À professora Jacira, pela orientação sábia e dedicada, pelas aulas compartilhadas e pelo aprendizado com seus exemplos de dedicação aos alunos;

Ao professor Cândido, pela atendimento solícito e auxílio sábio;

À professora Alvana Maria Bof, que compôs a banca examinadora, pela acuidade

no exame do estudo;

Às professoras doutora Clélia Campanema, doutora Eunice Alencar Soriano e doutora Beatrice Carnielli; aos professores doutor Fernando Spagnolo, doutor Afonso Galvão e doutor José Florêncio, que contribuíram para minha jornada no curso;

Aos colegas de curso, com quem compartilhei experiências de aprendizagem, na pessoa da mestranda Fernanda Marsaro;

Aos colaboradores da UCB, que facilitaram a tarefa discente, representada pela Secretária do Curso de Mestrado em Educação, Daniela Vieira;

Aos colegas de trabalho que me incentivaram, nas pessoas do professor José Borges, Sérgio Gomes e Susana Selma;

(5)

“O mundo não é. O mundo está sendo”

(6)

RESUMO

Este estudo analisa a dinâmica curricular do curso de administração de uma instituição de ensino superior de cunho privado localizada em Brasília, com o objetivo de investigar a compatibilidade entre os currículos do curso de graduação em administração com as diretrizes curriculares para o curso e com as competências e habilidades exigidas pelo mercado de trabalho. Trata-se de pesquisa qualitativa, tipificada como estudo de caso. Como instrumentos de coleta de dados empregaram-se análise documental e entrevistas semi-estruturadas. Os documentos selecionados para análise consistiram nas Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN instituídas para os cursos de graduação em Administração, no currículo do curso e nos planos de ensino dos professores. Para as entrevistas semi-estruturadas foram elaborados roteiros. Os sujeitos da pesquisa constituíram-se de um dirigente da instituição pesquisada, dois coordenadores-adjuntos e oito professores da área de administração. Participaram também da pesquisa três empresas de seleção e alocação de recursos humanos de Brasília. O cotejo e a análise dos dados sugerem que os currículos do curso de administração, de forma geral, por si, não são capazes de gerar os perfis profissiográficos demandados pelo mercado de trabalho; refletem diferenças conceituais entre habilidades e competências; indicam que os currículos denotam obediência às diretrizes nacionais e que a instituição objeto do estudo busca dotar seus currículos de conteúdos relevantes para propiciar a seus egressos inserção no mercado de trabalho. Alguns professores experimentam dificuldades para colaborar na modernização dos currículos alvitrada pela IES.

(7)

ABSTRACT

This study analyses the curricular dynamics of the Business Administration graduation program of a private college institution in Brasília. It intends to investigate if graduate programs of Business Administration schools are congruent with their curricular guidelines and with the abilities and skills demanded by the job market. It was structured in a qualitative research classified as a case study. Documental analysis and semi-structured interviews were used to collect data. The selected documents for the analysis were the National Curricular Guidelines (Diretrizes Curriculares Nacionais – DNC), the graduation course curriculum itself and the professors’ teaching plans. A protocol was elaborated to be followed during the semi-structured interviews. The subjects in the present study were a director of the institution, two assistant coordinators and eight professors of Business Administration. Three corporations that select and locate human resources in Brasília also participated in the study. The comparison and the analysis of the collected data i) suggest that graduation courses, in a general way, do not suffice to generate the sort of abilities, skills and specialization required by the job market; ii) reveal conceptual differences between abilities and competencies; iii) indicate that curricula denote obedience to the DCN and that the institution that was object of study attempts to endow its curricula with relevant contents to successfully insert its graduates in the job market. Some professors, moreover, experience difficulties when trying to collaborate on the curricular modernization proposed by IES.

(8)

SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

INTRODUÇÃO ...10

JUSTIFICATIVA ...14

CAPÍTULO I - A PESQUISA E SEUS COMPONENTES ...17

1.1 DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA ...17

1.1.1 Situação-problema ...17

1.1.2 Objetivos e importância do estudo ...18

1.2 REFERENCIAL METODOLÓGICO ...18

1.2.1 Tipos e estratégias da pesquisa ...20

1.2.2 Delineamento do estudo ...22

1.2.3 Instrumentos e participantes ...24

1.2.4 Tratamento dos dados ...24

CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA ...26

2.1 EDUCAÇÃO E TRABALHO COMO DIREITOS ... 26

2.2 ESCOLA COMO LUGAR DA EDUCAÇÃO FORMAL ...30

2.3 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES – ENFOQUE CONCEITUAL ...33

2.4 CURRÍCULO ...41

2.4.1 Historicidade do currículo ...41

2.4.2 Teorias e perspectivas curriculares ... 45

2.4.3 Dinâmica curricular ...49

2.4.4 Funções do currículo ... 51

2.4.5 Elaboração do currículo ...54

2.4.6 Reformas curriculares ... 59

2.4.7 Currículo oculto ...62

2.4.8 Currículo e trabalho ...64

2.4.9 Os sistemas influenciadores do currículo ...67

(9)

2.5 GLOBALIZAÇÃO E SEUS EFEITOS NAS EMPRESAS E NO TRABALHO .. 73

CAPÍTULO III - ANÁLISE DOS DADOS ... 81

3.1 ANÁLISE DOCUMENTAL ...81

3.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ...86

CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES ...105

REFERÊNCIAS ...115

APÊNDICES APÊNDICE A - Roteiro de entrevista com dirigente ...120

APÊNDICE B - Roteiro de entrevistas com coordenadores-adjuntos ...123

APÊNDICE C - Roteiro de entrevistas com professores ...126

APÊNDICE D - Roteiro de entrevista com headhunters ...129

ANEXOS ANEXO A - Resolução no 4/2005, do Conselho Nacional de Educação ...132

ANEXO B - Currículo válido para alunos matriculados até primeiro semestre de 2005 ..135

ANEXO C - Currículo válido para alunos matriculados no segundo semestre de 2005 ...137

ANEXO D - Currículo válido para alunos matriculados no primeiro semestre de 2006 ..139

(10)

INTRODUÇÃO

Este estudo teve como objetivo investigar se o currículo do curso de graduação de

Administração de Instituição Ensino Superior - IES propicia a construção de conhecimentos capazes

de desenvolver em seus alunos competências e habilidades exigidas pelo mercado de trabalho.

Trata-se de um estudo de caso desenvolvido em uma IES de natureza privada, localizada

em Brasília/DF, enfocando a dinâmica curricular do curso de administração nos últimos cinco anos,

com o objetivo de pesquisar se o currículo do curso contempla a construção de competências e

habilidades exigidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e pelo mercado de trabalho atual.

Teve como objetivos específicos: identificar o que versam as Diretrizes Curriculares

Nacionais para os cursos de administração quanto às competências e habilidades esperadas dos seus

egressos; identificar no mercado de trabalho de Brasília que competências e habilidades são exigidas

do profissional de administração; verificar se as Diretrizes refletem as competências e habilidades

requeridas pelo mercado de trabalho; identificar as competências e habilidades proporcionadas pelo

curso de administração; e identificar aspectos que restringem ou facilitam a compatibilização da

dinâmica curricular com os requisitos de mercados.

O fio condutor da pesquisa é a dinâmica curricular à vista do papel da escola, do direito dos

indivíduos à educação como meio de emancipação intelectual, econômica e social, do direito e da

preparação para trabalho como aspecto ontológico do homem. Contempla, ainda, o estudo, as

influências do fenômeno da globalização como fator desestabilizante da economia e das capacidades

para o trabalho, os fatores intervenientes na dinâmica curricular e os papéis dos professores na

adequação de currículos com vistas a incluir conteúdos relevantes que laborem para instrução do

homem visando ao trabalho.

As transformações que afetam o mundo alteram as relações de poder, relações econômicas

e relações culturais. Modificam, por conseqüência, as relações e padrões de produção, acirram

(11)

preparação para o trabalho. A ordem econômica e a produtividade passam a ser, assim, orientadores

de novas mudanças e de novos saberes.

A velocidade e o aprofundamento das mudanças ensejam nova ordem nas relações

empresariais e formas produtivas (SENGE, 1990), que em pouco espaço de tempo se renovam e

ganham dinâmica antes não observada, a sinalizar que a mudança será contínua.

O processo de globalização a que assistimos oferece terreno fértil para o capitalismo que,

segundo Harvey (1992), goza de absoluta mobilidade geográfica, influenciando significativamente as

formas produtivas, a geração de riquezas, o mercado de consumo. Por conseqüência, vetores

globalizantes alteram a criação e geração de tecnologias, assim entendidas não somente máquinas e

programas, mas também o saber fazer, o que afeta o mercado de trabalho e realça o conhecimento

como atributo de empregabilidade.

Nesse diapasão, em virtude das alterações das relações econômicas, impuseram-se

reorientações dos processos produtivos (DRUCKER, 2001), trazendo no seu bojo necessidade de

adequação dos perfis profissiográficos, sem o que as pessoas podem perder ou reduzir sua

capacidade de trabalho que, sabe-se, é fator essencial à dimensão existencial e cultural do homem.

O direito à educação e ao trabalho está consagrado em diplomas legais, constituindo

preocupação do Estado, em especial dos atores sociais aos que se dedicam à educação, impondo às

escolas, em especial às de educação superior, conduzir sua gestão em consonância com as

necessidades de seus alunos. É, pois, nessa linha, que o estudo se baseia para investigar a

adequabilidade do que é ensinado às necessidades de formar cidadãos para o trabalho.

Talvez a dissociação entre conteúdos curriculares e requisitos de competências e

habilidades do mercado de trabalho possa dificultar a admissão de egressos nas empresas, o que

imporia às instituições educacionais a adoção de processo de formação mais atualizado e adequado,

favorecendo o meio produtivo com profissionais que atendam aos perfis desejados. Se tal premissa

se confirmar, as IES devem identificar as necessidades do mercado de trabalho, prever sua satisfação

(12)

1995), para modernizar o processo educacional nesse particular, com o que cooperará para a

formação de cidadãos e pessoas qualificadas para enfrentar desafios naturais de crescimento de uma

nação.

O primeiro capítulo trata da operação da pesquisa. São apresentadas a definição e

delimitação do problema. Dessa etapa constam a situação-problema, os objetivos geral e específicos

e os aspectos metodológicos do estudo. Buscou-se clarificar a propriedade de considerar a pesquisa

como estudo de caso, de caráter qualitativo, com base em concepções e marcos dos paradigmas

subjetivistas e objetivistas, trazendo à colação aspectos ontológicos, epistemológicos e

metodológicos.

Esse capítulo dedicou reporte aos tipos e estratégias da pesquisa, eis que o estudo de caso

incluiu entre as técnicas de coleta de dados a análise documental e entrevistas semi-estruturadas,

aduzindo os conceitos e propriedade do emprego de cada tipo de pesquisa.

No delineamento da pesquisa, abordam-se suas fases exploratórias. Uma de

sistematização de coleta de dados, outra de coleta de dados e a última de análise, interpretação dos

dados e elaboração de conclusões. Incluem-se nessa etapa referências aos instrumentos de pesquisa,

aos participantes e tratamento dos dados.

O segundo capítulo contém a revisão bibliográfica à cata de aportes teóricos que

presidem as diversas dimensões da educação e da preparação para o trabalho. Para esse desiderato

compulsaram-se obras que aludem a conceitos e concepções de educação e trabalho como direitos e

meios de emancipação dos indivíduos; a escola como lugar de educação formal e de construção de

conhecimentos significativos para o homem; a efeitos da globalização sobre os referenciais

produtividade e emprego; a currículos, sua marcha e arquitetura para testemunhar intenções

educacionais relevantes, sua historicidade, pressupostos, fatores intervenientes e papéis dos docentes

em sua elaboração.

Abordagem mais detida é dispensada aos conceitos de competências e habilidades, eis

(13)

outra, requerendo, por isso, esforço de pesquisa mais aprofundado para alcançar olhares de autores

modernos, organizações empresariais e educacionais e pesquisas sobre a temática, extensivos a

literatura nacional e estrangeira com o fim de alargar horizontes sobre o assunto. As contribuições

teóricas aduzidas propiciaram delineamento de pensamentos que indicam diferenças conceituais

entre uma e outra.

O terceiro capítulo trata da análise dos dados, constando a transcrição das entrevistas com

os sujeitos da pesquisa na IES – um dirigente, dois coordenadores-adjuntos e oito professores, e do

mercado de trabalho – três empresas de seleção e alocação de pessoas ao trabalho, alcançando a

análise o confronto entre as diversas manifestações hauridas das entrevistas para saber se a dinâmica

curricular é adequada às normas emanadas das autoridades de educação e às exigências do mercado

de trabalho.

Há também, cotejo dos dados obtidos por meio de análise documental, em que se

evidenciam as divergências e convergências entre o que rezam as Diretrizes Curriculares para o

curso de administração, os currículos e os planos de ensino.

No quarto capítulo são expendidas as conclusões. É a parte do trabalho que apresenta os

resultados da pesquisa mediante reporte ao atingimento dos objetivos geral e específicos, com

(14)

JUSTIFICATIVA

A decisão de elaborar este estudo decorre de incertezas e inquietações do pesquisador

sobre a real compatibilidade dos currículos dos cursos de administração de empresas às Diretrizes

Curriculares instituídas para o curso e às competências e habilidades exigidas pelo mercado de

trabalho que, dado ao seu caráter mudancista e gerador de cenários complexos e contraditórios,

recomenda debate sobre a formação profissional moderna.

A par da realidade das mudanças nos processos produtivos, que afetam o mercado de

trabalho, eventual inadequação dos conteúdos curriculares ensinados pode não atender às exigências

de formação profissional. Este fato pode ensejar malogro na preparação de pessoas para o trabalho,

recomendando a realização de pesquisas para investigar a dinâmica curricular do curso e sua

consonância com as competências e habilidades exigidas pelo mercado. Nessa linha, o perfil

requerido dos professores para atender as novas concepções e necessidade de modernização dos

conteúdos e os fatores intervenientes no processo curricular sofrem mudança significativas.

O cenário de mudanças, capaz de transformar a vida econômica da sociedade, não dá

sinais de arrefecimento, recomendando aos militantes da educação atuação ativa na adequação de

conteúdos significativos para os alunos e na inclusão dos aspectos axiológicos da educação. Eventual

retardamento na reestruturação de conteúdos, bem como a ausência de valores, pode sujeitar os

indivíduos ao desemprego, a nação à perda da competitividade e a sociedade em que vivem ao atraso

na satisfação de suas necessidades.

Alvitra-se, pois, com a pesquisa, contribuir com informações sobre a adequação do

currículo do curso de administração às necessidades atuais do mercado de trabalho, que no presente

vem exigindo, além do conhecimento cognitivo, a ética e a moral com postura desejada para

ocupação de diferentes cargos e funções na sociedade. A pesquisa poderá validar o modelo atual de

currículo ou subsidiar a adoção de nova dinâmica curricular capaz de favorecer a inserção de

(15)

Sabe-se que às escolas cabem os papéis de preparar pessoas para pensar com

independência, de potencializar as capacidades humanas de aprender a ser ente único, aprender a

fazer, aprender a conviver e aprender a aprender, com o que o indivíduo tenderá a conquistar

emancipação individual e colaborar para o projeto de desenvolvimento da nação a que pertence e

com tecido social em aspecto mais amplo. Preparam, enfim, pessoas para o trabalho, atributo

ontológico do ser humano, sem o que, em função dos diversos significados que encerram, seria

temerário afirmar-se que o homem consegue ser feliz.

Com o novo quadro de transformações contínuas, cabe investigar se é recomendável às

academias mais apreço à mera contemplação do processo de mudança, ou adoção de postura

proativa na educação de pessoas para serem sujeitos da mudança, para despertar-lhes potencialidades

e, assim, melhor exercerem suas competências humanas, adequarem ou abandonarem modos de

trabalho antigos por paradigmas modernos.

Modelos modernos de gestão educacional realçam a necessidade de o ensino permitir aos

alunos a construção e o emprego de conhecimentos relevantes, que devem constar das intenções

educativas insertas nos respectivos currículos. Assim, a associação das arquiteturas de gestão

educacional com a prática efetiva pode colaborar para a consecução de trabalho pelo indivíduo,

atributo existencial do ser humano, cooperando para sua emancipação.

Diante da velocidade e do aprofundamento das mudanças nas formas produtivas, as

competências e habilidades reconhecidas no passado podem não garantir, hoje, empregabilidade aos

egressos da educação superior. Talvez por isso, sejam requeridas das IES protagonismo no

desenvolvimento da ciência e da tecnologia e esforço para apropriação desse conhecimento novo

pelo alunado, futuros profissionais, visando adequação de habilidades e competências laborais aos

novos tempos, o que induz à necessidade de renovação de currículos em velocidade e consistência

compatíveis com a modernidade.

Eventual demora na adequação de currículos talvez possa gerar saberes afastados das

(16)

dos cursos de administração nas organizações, pois o conhecimento, quiçá, se insira, hoje e no

futuro, dentre os recursos mais críticos para a sobrevivência das empresas.

São esses aspectos, incertezas e preocupações de docente de curso de administração e de

discente em educação que configuram a justificativa do estudo, traduzida na indagação sobre a

capacidade de o currículo do curso de administração propiciar aos alunos a construção de

conhecimentos capazes de desenvolver competência e habilidades que lhes assegurem

empregabilidade.

O objeto da pesquisa guarda correlação com o objetivo geral, que por sua vez exigiu o

estabelecimento de outros objetivos específicos. Ambos, conjugados, permitirão a elucidação de

dúvidas sobre a adequação do currículo da IES às Diretrizes baixadas pela autoridade educacional

para o curso, às necessidades profissiográficas do mercado de trabalho, às práticas docentes na

adequação de currículos, ensejando, enfim, diagnóstico da gestão do currículo na IES em que se

realizou o estudo. Estes procedimentos possibilitam aos atores que compõem a instituição de

educação certificar-se do nível de efetividade na preparação de seus alunos com vistas ao ingresso

no mercado de trabalho.

(17)

CAPÍTULO I - A PESQUISA E SEUS COMPONENTES

Este capítulo trata do objeto e dos objetivos do estudo, da metodologia, dos sujeitos e dos

instrumentos empregados na coleta de dados, bem como do referencial metodológico que ampara a

pesquisa.

1.1

DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA.

1.1.1 Situação-problema

A problemática suscitada é a indagação: o currículo do curso de administração de uma

IES de cunho privado do Distrito Federal propicia a construção de conhecimentos capazes de

desenvolver nos alunos competências e habilidades exigidas pelas organizações modernas?

Releva registrar, de início, por oportuno, que nesse trabalho entende-se por competência,

segundo Zarifian (2003, p. 14), a “capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação valores,

habilidades, atitudes e conhecimento necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividade

requerida pela natureza do trabalho”, e por habilidade, no dizer de Moretto (2002, p. 21), como uma

unidade de ação, capacidade adquirida associada ao “saber fazer algo específico”, menos abrangente

que competência.

A situação-problema, assim, é circunscrita a problemas menores estruturados em forma

de perguntas que, em conjunto, lhe enformam:

a) quais as competências e habilidades cujas construções são previstas nas Diretrizes

Curriculares Nacionais – DCN instituídas para os cursos de graduação em administração, no

currículo do curso de administração da IES em estudo e nos planos de ensino dos professores ?

b) quais as competências e habilidades exigidas dos egressos dos cursos de administração

pelo mercado de trabalho?

c) com que rapidez e adequabilidade essas competências e habilidades foram ou são

(18)

1.1.2

Objetivos e importância do estudo

Analisar se o currículo do curso de administração de uma IES do Distrito Federal

contempla a construção de competências e habilidades instituídas pelas Diretrizes Curriculares e

exigidas pelo mercado de trabalho atual.

Objetivos específicos:

a) identificar o que versam as Diretrizes Curriculares dos cursos de administração quanto

às competências e habilidades esperadas dos egressos dos cursos de administração;

b) investigar se as diretrizes refletem as competências e habilidades requeridas pelo

mercado de trabalho;

c) identificar no mercado de trabalho de Brasília que competências e habilidades são

exigidas do profissional de administração;

d) identificar as competências e habilidades proporcionadas pelo curso de administração;

e) identificar aspectos que restringem ou facilitam a compatibilização da dinâmica

curricular com os requisitos de mercado.

Importância do estudo

A pesquisa contribui com informações sobre a adequação do currículo do curso de

administração às necessidades atuais do mercado de trabalho, o que poderá validar o modelo atual do

currículo ou subsidiar a adoção de nova dinâmica curricular capaz de favorecer a inserção de

egressos dos cursos de administração no mercado de trabalho.

1.2 REFERENCIAL

METODOLÓGICO

A escolha da alternativa de pesquisa foi precedida de reflexão sobre as linhas de

pesquisas agasalhadas pelo pensamento quantitativista, que são empregadas em estudos das ciências

(19)

incursões no mundo das ciências sociais, segundo aportes teóricos de Galvão (2001), Bauer e Gaskel

(2002) e Turato (2004).

Esses autores aludem à teorização de ciência e produção de conhecimento, sua

historicidade segundo contribuições teóricas de diversos pensadores, referem-se a idéias e conceitos

que lhes conferem certo caráter estrutural objetivista do mundo físico, centrado no objeto e derivado

de conceitos emprestados pelo mundo das ciências naturais, que é dotado de formalismos, métodos e

procedimentos consensuados.

De outra vertente, os pesquisadores aduzem corrente de pensamento que concebe a

ciência como produção humana centrada na compreensão do mundo, alinhada a caráter subjetivista

com enfoque no sujeito. Nesse diapasão, a ciência e a produção de conhecimento consideram a

interpretação de fatos observados, não somente sua explicação; os significados dos fenômenos para a

relação entre indivíduo e sociedade, não só a verdade que encerram.

Prosseguindo com o intento de clarificar a tipologia da pesquisa entre qualitativa e

quantitativa, e tendo como fio condutor características dos paradigmas subjetivistas, que conferem

pruridos qualitativos à pesquisa, e dos objetivistas, que lhe emprestam enfoque quantitativo, importa

aludir a aspectos que auxiliam no entendimento do marco divisor dessas concepções.

No subjetivismo, o aspecto ontológico predominante é o nominalista, que contempla a

singularidade dos fenômenos e indivíduos; no objetivismo prevalece o realismo, o qual considera o

ser independentemente do seu pensamento e de suas relações com outros seres. O caráter

epistemológico é antipositivista no subjetivismo, que rejeita a idéia de que o comportamento humano

seja regulado por leis gerais. No objetivismo esse caráter é positivista, ou seja, o mundo deve ser

compreendido a partir de perspectivas gerais. Quanto à metodologia, predomina o senso ideográfico

no subjetivismo, que é a consideração da idéia que se tem de cada sinal, de cada elemento, de cada

observação concreta; no objetivismo prevalece o corte homotético, que é a capacidade de generalizar

por semelhança. E quanto à natureza humana, no subjetivismo preside o voluntarismo, ou seja, a

(20)

já no objetivismo prevalece o determinismo, que é um condicionamento rigoroso de um fenômeno a

outros anteriores ou posteriores.

Conquanto as apreciações expostas sejam parciais, pois longe de exaurir o arcabouço

teórico sobre produção de conhecimento pelas abordagens qualitativa ou quantitativa, se afiguram

suficientes para tipificar a pesquisa objeto deste estudo. Assim, mediante o recorte teórico exposto,

não é temerário afirmar-se que o empreendimento caracteriza uma pesquisa qualitativa, eis que

acolhe paradigmas mais apropriados a estudos das ciências sociais.

1.2.1

Tipos e estratégias da pesquisa

Superada a discussão de cunho filosófico sobre o método a ser empregado, é proveitoso

para a organização do trabalho referir ao delineamento da investigação, que diz respeito à

instrumentalização da jornada de pesquisa, essa tida como um processo investigativo sistemático,

controlado, crítico e autocorretivo dos fenômenos estudados.

O método qualitativo acolhe diversos tipos de pesquisa aplicáveis à área de educação, tais

como pesquisa documental, estudo de caso, pesquisa fenomenológica, bibliográfica,

pesquisa-participante, etnográfica e pesquisa-ação. Este trabalho é um estudo de caso. Segundo Lüdke e

André (1999), o estudo de caso é considerado uma estratégia de pesquisa que envolve investigação

empírica e que pode empregar diversas fontes de informações como evidências. Esse recorte

“estratégico” do estudo de caso é apropriado ao trabalho, pois será realizado mediante a conjugação

com pesquisa bibliográfica, com pesquisa documental e observação, quando é o caso.

Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica serviu para ambientar o pesquisador com o cabedal de

conhecimento sobre o tema. Para tanto, fez-se levantamento de obras que, se não pacificaram as

inquietações iniciais, serviram, ainda que parcialmente, de arcabouço para a continuidade da

(21)

No dizer de Gil (1995), a pesquisa bibliográfica é um trabalho de natureza exploratória,

que propicia bases teóricas ao pesquisador para auxiliar no exercício reflexivo e crítico sobre o tema

em estudo. Em primeiro momento serviu para aguçar a curiosidade do pesquisador e despertar

inquietações, bem como para lhe permitir contemplar e comparar uma situação real com outra

presumida ideal, o que ensejou problematizar a questão e formular o objetivo de pesquisa. É cabível

admitir-se que sem a leitura de referenciais teóricos, ainda que incipientes, seria prematuro cogitar-se

de um problema de forma estruturada.

Assim, a pesquisa bibliográfica foi empreitada exploratória de obras relevantes sobre o

tema principal e assuntos correlatos. Constituiu base teórica para o estudo, sendo, por isso, leitura

seletiva, analítica e interpretativa dos livros consultados, restringindo-se o pesquisador a idéias

relevantes ao estudo, com registro fidedigno das fontes. Cuidou-se, no entanto, de não considerar a

pesquisa bibliográfica concluída, dispensando-se consultas a novas obras que se mostraram úteis ao

escopo do estudo.

Pesquisa documental

O trabalho requereu etapa caracterizada como pesquisa documental, ou histórica, que

consiste, de modo geral, na procura, leitura, avaliação e sistematização, objetivamente, de provas

para clarificar fenômenos sociais passados e suas relações com o tempo sócio-cultural-cronológico, à

cata de conclusões ou explicações para o presente.

A pesquisa alvitrou identificar informações de interesse do pesquisador, pois a prática

passada na elaboração de currículos talvez indique, ainda que precariamente, a dinâmica curricular

adotada na IES. Dois objetivos específicos da pesquisa, “identificar o que versam as Diretrizes

Curriculares do curso de administração sobre competências e habilidades esperadas dos egressos dos

cursos de administração” e “identificar as competências e habilidades proporcionadas pelo curso de

administração” impuserem pesquisa documental na forma empregada em estudos científicos.

A seleção da amostra do material consultado foi “proposital” ou “intencional”,

(22)

pesquisar as Diretrizes Curriculares para os cursos de administração (Anexo A), os currículos do

curso (Anexos B, C e D) e os planos de ensino das disciplinas de conteúdos de formação

profissional, para averiguar a conformidade entre esses elementos e a concepção de competências e

habilidades adotadas neste trabalho. Os conteúdos da formação profissional, de acordo com a

Resolução no 4, de 13 de julho de 2005, do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior, são relacionados com as seguintes áreas específicas: teorias da administração e das

organizações, administração de recursos humanos, mercado e marketing, materiais, produção e logística, financeira e orçamentária, sistema de informações, planejamento estratégico e serviços.

Esse tipo de pesquisa foi apropriado ao estudo, tendo em vista que as Diretrizes

Curriculares e sua adoção, total ou parcial, traduzem fatos sociais, pois carregam certo poder de

influenciar na vida dos estudantes e na sociedade, interessando ao pesquisador investigar o

problema, também, a partir desses “fatos sociais”. Considerou-se com isso que a IES é sujeito da

pesquisa, pois que produtora do fato social de acordo com o tratamento que dispensa às diretrizes

superiores, ou seja, o currículo é expressão e produção do sujeito.

A análise documental serviu para identificar as competências e habilidades constantes nos

documentos selecionados e para estabelecer relações entre o que é previsto e o que é proporcionado.

O cumprimento dessas etapas da pesquisa, combinado com informações coletadas por meio das

entrevistas semi-estruturadas, propiciou o alcance dos objetivos do trabalho.

1.2.2

Delineamento do estudo

O estudo está delineado em três fases: uma aberta ou exploratória, outra de sistematização

de coleta de dados e a última de análise, interpretação dos dados e conclusões.

Lecionam Lüdke e André (1999, p. 17) que o estudo de caso é “sempre delimitado,

devendo ter seus contornos claramente definidos no desenvolver do estudo”. Outras pesquisas

(23)

distinto e teve um interesse singular, com um valor intrínseco, pois retratou uma unidade em ação.

Foi nessa linha que se tipificou e validou a presente pesquisa como um estudo de caso.

Outros pressupostos do estudo de caso amparam o enquadramento sugerido para a

pesquisa. Lüdke e André (1999) afirmam que os estudos de caso visam à descoberta, o que guarda

correlação com a proposta de estudo, pois a investigação objetivou verificar a conformidade entre

competências e habilidades proporcionadas pelo curso de administração e aquelas exigidas pelo

mercado de trabalho; “enfatizam a interpretação de um contexto”, a qual se buscou com a verificação

dos fatores culturais que facilitam ou dificultam a modernização dos currículos.

Ainda de acordo com Lüdke e André (1999), esses estudos “usam uma variedade de

fontes de informação”. Essa diversidade está presente no trabalho em função da pesquisa

bibliográfica, pesquisa documental e entrevistas com dirigentes de empresas de seleção e alocação de

pessoas no mercado de trabalho, com professores e com dirigentes da IES. “Procuram representar os

diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presentes numa situação social”, que pode ser

representado pelas expressões dos sujeitos da pesquisa.

O escopo conceitual iniciou-se com a problematização da questão – estariam os

currículos dos cursos de administração propiciando a construção de competências e habilidades

exigidas pelo mercado de trabalho? e suas implicações – preparação dos estudantes para o trabalho,

obediência da organização às Diretrizes Curriculares baixadas por órgãos superiores e fatores

facilitadores ou restritivos da adequação de currículo a exigências de mercado.

A situação-problema sugere relações entre Diretrizes Curriculares, exigências de mercado

e dinâmica curricular, esta dependente de concepções e ações de profissionais da organização de

ensino para conformar os outros dois. Delineadas essas relações, que é uma delimitação do estudo,

corporificaram-se as questões da pesquisa, as quais mereceram estratégias apropriadas de seleção de

(24)

1.2.3

Instrumentos e participantes

Foram realizadas pesquisas com pessoas envolvidas com o problema, ou seja,

professores, coordenadores-adjuntos e dirigente da IES para averiguar, sob a ótica dos entrevistados,

se o currículo da organização propicia competências e habilidades exigidas pelo mercado de

trabalho. Outro objetivo consistiu em identificar aspectos que facilitam ou dificultam a dinâmica

curricular à vista das diretrizes curriculares e das exigências de mercado. Os instrumentos de

pesquisa pautaram-se por entrevistas semi-estruturadas, com roteiros elaborados previamente

(Apêndices A, B e C). A amostra foi escolhida aleatoriamente, composta de um dirigente da

organização, dois coordenadores-adjuntos e oito professores.

A pesquisa para identificar que competências e habilidades o mercado de trabalho exige

dos egressos dos cursos de administração realizou-se por consulta a empresas de seleção e alocação

de pessoas ao mercado, chamadas de headhunters. Como instrumento de pesquisa empregou-se entrevista semi-estruturada, também com roteiro elaborado previamente (Anexo D). A população

pesquisada consistiu em três hadhunters de Brasília/DF.

Realizou-se pré-teste para identificar eventuais dificuldades de entendimento das

perguntas constantes dos roteiros das entrevistas.

1.2.4 Tratamento

dos

dados

Após a análise documental dos documentos selecionados, tais como diretrizes

curriculares para o curso, o currículo do curso e os planos das disciplinas de formação profissional,

as competências e habilidades foram listadas e cotejadas, o que atendeu ao objetivo específico

“identificar o que versam as Diretrizes Curriculares dos cursos de administração sobre competências

e habilidades esperadas dos egressos dos cursos de administração” e permitiu comparar o grau de

conformidade entre o que é preconizado pelas autoridades de educação, o currículo da IES e os

(25)

Em momento seguinte, foram listadas as competências e habilidades propiciadas pelo

currículo do curso e aquelas exigidas pelo mercado de trabalho, obtidas por pesquisa feita com

hadhunters. O resultado desses procedimentos possibilitou a identificação de pontos convergentes e divergentes, atendendo aos objetivos específicos “identificar as competências e habilidades

proporcionadas pelo curso de administração” e “identificar no mercado de trabalho de Brasília que

competências e habilidades são exigidas do profissional de administração”.

Noutra etapa, os dados obtidos junto ao dirigente da IES, professores das disciplinas de

formação profissional e coordenadores-adjuntos foram relacionados e analisados, buscando

identificar os fatores restritivos e facilitadores da adoção, pelos respondentes, de práticas que

propiciem adequação do currículo da IES e dos planos de ensino às Diretrizes Curriculares do curso

de administração e às necessidades apontadas pelo mercado de trabalho. Essa etapa atendeu ao

objetivo específico “identificar aspectos que restringem ou facilitam a compatibilização da dinâmica

curricular com os requisitos de mercados”.

O trabalho objetivou, portanto, averiguar a conformidades entre competências e

habilidades recomendadas pelas Diretrizes Curriculares, as exigidas pelo mercado de trabalho e

aquelas constantes do currículo de curso e dos planos de ensino dos professores das disciplinas

profissionalizantes. Assim sendo, o emprego do estudo de caso para o trabalho se afigurou

apropriado, por tratar-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, que pode trazer à lume os

diferentes, e às vezes conflitantes, pontos de vista de uma situação social representados pelas

(26)

CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo contempla a base teórica que sustenta a pesquisa. Aborda obras que tratam

de educação como direito de todos, da educação como processo de emancipação do homem pelo

desenvolvimento pessoal e preparação para o trabalho, teorias sobre currículo, globalização e

mudanças organizacionais, e concepções conceituais de competências e habilidades requeridas para

o trabalho, divididas em categorias conforme explicitado adiante.

2.1

EDUCAÇÃO E TRABALHO COMO DIREITOS

A literatura consagra a educação como esteio para fruição de direitos dos cidadãos, seja

para emancipação intelectual do homem, seja pela preparação para o trabalho, constando de

diplomas legais, o que lhe confere dever de Estado, e de literatura de cunho filosófico que lhe

reconhece sentido de pruridos éticos. Com sua função libertadora, a educação é capaz de abrir e

iluminar caminhos do homem, guiando-lhe para o despertar de suas potencialidades, ao usufruto de

seus direitos e ao exercício de virtudes.

Aludindo à instrução, a Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece que:

“Toda pessoa tem direito à instrução... A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem

como a instrução superior, esta baseada no mérito”.

A Carta Magna (1988) estatui o trabalho e a educação como direitos fundamentais do

cidadão. Já a Lei de Diretrizes Básicas – LDB (1996) prevê em seu texto direcionamento do ensino

superior para, também, preparar pessoas para o mercado de trabalho, capacitando-lhes para

superação de desafios que conciliem emancipação individual com contribuição para o processo de

desenvolvimento sustentável do país.

Sob o manto do enfoque legal, a educação é sugerida como direito do indivíduo, mesmo

quando não citada, pois alguns objetivos fundamentais a requerem como pré-requesito, conforme

(27)

República Federativa do Brasil: “I - construir uma sociedade justa e solidária; II - garantir o

desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades

sociais e regionais”. Parece-nos que o alcance do conjunto desses objetivos carece da fruição do

direito à educação.

.

No capítulo II da Carta Maior – Dos Direitos Sociais, art 6o, constam os direitos sociais, dentre eles: “são direitos sociais a educação ....” (BRASIL, CF, 1988). Já no art. 214 é previsto:

A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público que conduzam à:

– ...

IV –formação para o trabalho;

V – promoção humanística, científica e tecnológica do País. (BRASIL, CF, 1988).

A Lei no 9394/96, que instituiu as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, prevê no capítulo IV, artigo 43, que a educação alvitra, dentre outros objetivos, “II - formar diplomados nas

diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação

no desenvolvimento da sociedade brasileira”, o que se alinha ao preconizado pela Constituição

Federal.

Em “Sistema da Ética”, Dilthey (1994, p. 175), na seção “A pedagogia para uma vida

superior”, alude a princípio real que possibilita a educação e que, por outro lado “evidencia a meta

do desenvolvimento pessoal em concordância com a coerência e a vida da sociedade” E continua:

“educação tem a missão de formar o indivíduo segundo suas predisposições particulares”.

Demerval Saviani (1989, p. 50), tratando de educação, leciona que a educação é

estreitamente associada ao trabalho, pois é relacionada com a prática e com o conhecimento dessa

prática. Acresce ainda o autor que a educação é uma “manifestação específica da ação social do

homem e voltada para a formação da personalidade em seus múltiplos aspectos”. E aludindo à

construção histórica da sociedade, afirma que a educação é tida como “fenômeno social

historicamente determinado, compreendendo relações sociais e formas de comportamento social,

(28)

Libâneo (2004, p. 30) aduz a idéia de educação para o desenvolvimento do homem

quando cita “educação é o conjunto das ações, processos, influências, estruturas, que intervêm no

desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social,

num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais”. Em linha parecida trilha

Demerval Saviani, para quem promover o homem “significa tornar o homem cada vez mais capaz de

conhecer os elementos de sua situação para intervir nela transformando-a no sentido de uma

ampliação da liberdade, da comunicação e colaboração entre os homens” (SAVIANI, 1989, p. 41).

Machado leciona que educação vem do “latim – educatio, do verbo educare”, que seria instruir, fazer crescer, criar, e que o termo é “associado à ação de conduzir a finalidades socialmente

prefiguradas” e que “projetos e valores constituem os ingredientes fundamentais da idéia de

Educação” (2000, p. 20).

Em “Educação como Prática da Liberdade” Freire (1983, p. 44) discorre sobre a

capacidade libertadora da educação enfatizando a “necessidade de uma permanente atitude crítica,

único modo pelo qual o homem realizará sua vocação natural de integrar-se, superando a atitude do

simples ajustamento ou acomodação, aprendendo temas e tarefas de sua época”.

Coll diz que a finalidade da educação é promover o desenvolvimento dos seres humanos

e acrescenta que provavelmente outros educadores não divergirão da afirmativa, e cita: “a educação

designa o conjunto de atividades mediante as quais um grupo assegura que seus membros adquirem

a experiência social historicamente acumulada e culturalmente organizada” (COLL, 2003, p. 42).

Referindo a experiências educativas tratadas por Vygostky, Luria e Leontiev (Cole,

1981a, 1981b), Coll cita que o conceito de educação em que se baseia o modelo de currículo é

inspirado nessas experiências sociais, “cuja idéia básica consiste na rejeição da tradicional separação

entre o indivíduo e a sociedade, que costuma ser introduzida pela análise psicológica” (COLL, 2003,

p. 40). E acresce que em função das relações interpessoais com agentes mediadores, o homem

desenvolve processos psicológicos superiores – “sua competência cognitiva -, porém tais processos

sempre aparecem em primeiro lugar na vida de uma pessoa no plano interpessoal e,

(29)

Segundo Chaves, em artigo “A Filosofia da Educação e a Análise de Conceitos

Educacionais” as diversas idéias sobre educação (educação como transmissão de conhecimentos,

preparação para a cidadania democrática responsável, como desenvolvimento de potencialidades do

indivíduo, preparação para o exercício de uma profissão) sugerem que o esforço de definir educação

“aponta para a necessidade de uma reflexão sistemática e profunda” nesse sentido. E conclui que

entende educação como “o processo através do qual indivíduos adquirem domínio e compreensão de

certos conteúdos considerados valiosos”.

Sobre trabalho, Arruda (2002) cita que é “ação das mulheres e homens buscando

responder às suas necessidades”. E o autor permite entender em seu artigo “Trabalho Emancipado”

que trabalho é um fator essencial à dimensão ontológica, existencial e cultural do homem. Nessa

linha, em reportagem do periódico HSM Management, Drucker (2002, p. 24) assim se expressa; “o

trabalho é uma das dimensões do ser humano ...” E prossegue o mestre: “é incrível quão rapidamente

as pessoas se acabam na aposentadoria: a maioria delas se deteriora”. Tais afirmações permitem

vislumbrar o trabalho como um tipo de relacionamento primordial entre os homens, e base para seu

desenvolvimento. “Onde trabalhas?” é uma pergunta não rara, para a qual eventual resposta negativa

é capaz de ruborizar o respondente.

Pelo trabalho o homem exercita um fundamento econômico e financeiro para seu sustento

e de sua família, representa o emprego de sua potencialidade, seu talento, sua força, sua capacidade e

suas habilidades, dando-lhe sentido pessoal.

Como sentido social do trabalho, o homem considerado como meio de produção

estabelece relação de interdependência com os demais, pois não somente depende dos semelhantes,

mas estes usufruem do produto do seu labor. Há um sentido de pertinência a grupo e a uma nação, o

que estreita relações e aumenta seu pendor gregário.

Para Motta (1997, p. 188), “o trabalho, como virtude, é uma dimensão importante na ética

protestante, da mesma forma que também transparece na visão social católica”. E cita o autor que o

trabalho é visto como algo intrinsecamente bom na visão cristã. Para o autor, o trabalho seria “além

(30)

e de prática de virtude”. Inobstante o enunciado de Motta, o autor cita que na Bíblia, no livro

Gênese, consta uma versão do trabalho como forma de condenação humana; “Deus disse a Adão,

após o pecado: “Maldita seja a terra por tua causa. E dela só arrancarás ao custo de penoso trabalho,

em todos os dias de tua vida ...” (MOTTA, 1997, p. 187).

A Declaração dos Direitos Humanos, protegida pelo Direito Internacional, traz em seu

artigo XXII: “Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito... à realização, pelo esforço

nacional, ... aos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade ao livre

desenvolvimento”. E no artigo XXIII “Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de

emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego”. Mais

adiante reza: “... direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e

bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais...”.

2.2 ESCOLA

COMO

LUGAR DA EDUCAÇÃO FORMAL.

Expendidas algumas considerações sobre educação e importância do trabalho, interessa à

pesquisa aludir a escola que, no dizer de Saviani (1985, p. 52) deve, além de transmitir

conhecimento científicos, desenvolver nos alunos o potencial de buscar informações de acordo com

“as exigências de suas atividades principais e de acordo com as necessidades de desenvolvimento

individual e social”. Essa afirmação permite entender que a escola deve contemplar o contexto, o que

é corroborado por Câmara (1981, p. 1), que cita a relação da escola e seus reflexos com os “ideais de

homem que vive em um determinado espaço de tempo e lugar no qual está situada esta escola”, ou

seja, há que se considerar o tempo e lugar como fatores do processo educacional.

Para Moreira e Macedo (1999), as escolas são vistas mais como aparelhos de reprodução

de estado da arte, a serviço do sistema econômico, que instrumentos determinantes da transformação

da ordem social.

Macedo, referindo a escola em abordagem sobre Parâmetros Curriculares Nacionais -

PCN, cita: “o compromisso com a formação do cidadão ativo faz com que a escolarização assuma

(31)

direitos, participação e co-responsabilidade na vida social” (1999, p. 44). E complementa: “a escola

precisa, segundo o documento, preocupar-se em tratar tanto valores quanto conhecimentos que

permitam desenvolver as capacidades necessárias para a participação social efetiva” (Idem, ibidem).

Esses princípios citados por Macedo encontram eco nas afirmações de Sacristán (2000, p.

17), que cita finalidades atribuídas e “destinadas implícita ou explicitamente” à escola como

socialização, formação, integração social e de segregação, o que aguça a curiosidade sobre as

funções da escola e como são exercidas. Nessa linha de integração ou de segregação, e observado o

conjunto de objetivos da escola, Libâneo (2004, p. 200) estabelece ligação entre a escola e o

trabalho, citando que aquela precisa preparar cidadãos para o trabalho: “A escola precisa atender às

demandas econômicas e de emprego, ou seja, preparar para o trabalho e para formas alternativas de

trabalho...”.

Analisando a função da escola sob o prisma de um estudioso em administração e,

portanto, em trabalho, Drucker, discorrendo sobre escolas responsáveis, cita que “as escolas também

estão ficando demasiado importantes para não serem responsáveis pela determinação de quais devem

ser os seus resultados.” Sobre o papel das escolas, o autor evoca a necessidade de mudança na

posição social e papel da escola, citando:

Embora seja há muito tempo uma instituição fundamental, ela será “da sociedade”, ao invés de estar “na sociedade”. Na sociedade do conhecimento, a escola passa a ser também a instituição dos adultos, em especial dos adultos altamente instruídos. Acima de tudo, na sociedade do conhecimento, a escola passa a ser responsável pelo desempenho e pelos resultados (DRUCKER, 2001, p. 162).

Observa-se convergência entre as abordagens de Drucker, um mestre homenageado pelos

estudiosos da Ciência da Administração, e as linhas de pensamento de Sacristán - um pensador da

Ciência da Educação, que afirma:

O grau e tipo de saber que os indivíduos logram nas instituições escolares, sancionado e legitimado por elas, têm conseqüências no nível de seu desenvolvimento pessoal, em suas relações sociais, e, mais concretamente, no “status” que esse indivíduo possa conseguir dentro da estrutura profissional de

(32)

Em vista da crescente importância do conhecimento, fator decisivo para o homem da

sociedade atual, o papel escola ganha realce, devendo por isso primar por carregar conteúdos

relevantes para configurar sua função social e, com isso, inserir pessoas nos processos econômicos e

culturais do meio em função da aquisição ou construção de saberes legitimados. Conforme afirma

Sacristán, (2000, p. 20), “o conhecimento, e principalmente a legitimação social de sua possessão

que as instituições escolares proporcionam é um meio que possibilita ou não a participação dos

indivíduos nos processos culturais e econômicos da sociedade”. Enfim, a escola objetiva permitir a

instrução de pessoas, com o que saberão melhor aproveitar suas potencialidades e conviver no

contexto em que está inserida.

E o que seria instrução de pessoas? Diversos autores contribuem com definição sobre o

que seja pessoa instruída, ressaltando-se Peter Drucker (2001, p. 166), para quem “a pessoa instruída

define a capacidade de desempenho da sociedade, mas também incorpora seus valores, crenças e

compromissos”. E enfatiza que o ser instruído será um cidadão globalizado em visão, horizonte e

informação, perceberá, compreenderá e conviverá com outras culturas em processo que enriquecerá

sua cultura.

Coll, (2003), parafraseando Calfee (1981), cita que pessoa educada é aquela que

assimilou uma determinada cultura e a ela é capaz de adaptar-se e de interagir, percebeu e aprendeu

seus conceitos, práticas e valores, o que testemunha correlação com as afirmações de Drucker.

Aludindo a funções da escola, Sacristán (2000) aduz a importância do currículo para o

desempenho dessas funções ao afirmar que a Nova Sociologia da Educação – NSE, “centra seu

interesse em analisar como as funções de seleção e de organização social da escola se realizam

através das condições nas quais seu desenvolvimento ocorre”. Ou seja, a NSE considera o espaço e o

tempo em que as funções escolares são exercidas. E diz o autor “as funções da escola subjazem no

currículo” (2000, p.19), o que permite concluir que o currículo é o “veículo da educação”.

Afirma o mestre que os objetivos da escola refletem necessariamente nos pressupostos de

seleção de componentes do currículo, ensejando repartição ponderada dos conteúdos e processos e

(33)

relacionados com o currículo não é senão uma conseqüência da consciência de que é por meio dele

que se realizam basicamente as funções da escola como instituição” (SACRISTÁN, 2000, p. 17).

O autor estabelece correlação entre as funções da escola e o currículo, afirmando que este

expressa a existência da escola e testemunha seus objetivos. Refere-se à complexidade como reflexo

dos múltiplos fins da escolarização, denotando o significado da escola, a que se presta e seu valor

para a sociedade. Nessa linha cita que:

O valor da escola se manifesta fundamentalmente pelo que faz ao desenvolver um determinado currículo, independentemente de qualquer retórica e declaração grandiloqüente de finalidades. Nessa medida, o currículo é um elemento nuclear de referência para analisar o que a escola é de fato como instituição cultural e na hora de elaborar um projeto alternativo de instituição (SACRISTÁN, 2000, p. 17).

A escola, representada pelo currículo que emprega para executar suas funções, educa e

socializa por mediação de atividades com as quais desenvolve o currículo concebido, no qual estarão

os conteúdos. É, pois, no dizer de Sacristán (2000), na escola e por intermédio de seu currículo que

se dá o fenômeno da educação escolar e se reconhece o valor da escola, a sugerir que fora do

currículo não se vislumbra processo educacional adequado ao tempo e ao lugar, nem utilidade social

da escola. E afirma o autor que, ainda que a organização escolar e seu currículo experimentem

envelhecimento, o que lhe reduziria o potencial de atendimento de suas funções, não se lhes nega

importância no processo de emancipação de pessoas.

2.3

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES – ENFOQUE CONCEITUAL

O marco teórico sobre competências e habilidades requereu esforço de pesquisa

bibliográfica considerável, pois detectaram-se áreas cinzentas de entendimento sobre estes dois

atributos humanos nos escritos sobre Administração e, com menos dificuldade, nas obras sobre

Educação. O cotejo das contribuições teóricas em muito auxiliou a pesquisa, e permitiram, ainda que

parcialmente, vislumbrar linhas tênues que podem permitir o discernimento entre competência e

(34)

Não raro, nas organizações observa-se certa confusão conceitual sobre competências e

habilidades. Analisando-se os sentidos emprestados a competências, observa-se que ora há

deslocamento do foco da pessoa para a tarefa, servindo de referencial de emprego, cargo ou posto de

trabalho; ora observa-se o emprego indiscriminado do termo, às vezes entendido como a capacidade

de cumprir uma norma ou prescrição determinada. É usada também sob enfoque restrito e estático

quando é considerada como um rol de capacidades que um profissional deve possuir para se

desincumbir de certa tarefa.

É tomada, também, em nível individual como a capacidade de realização oriunda de

conhecimentos e habilidades configurada no desempenho do empregado no trabalho de modo a lhe

ensejar empregabilidade e vantagem competitiva duradoura para a organização; e competência

corporativa seria o rol de qualificações e tecnologias da empresa mobilizadas para o alcance dos

objetivos estratégicos.

O conceito de habilidade também varia de autor para autor e é confundida com

competência, suscitando divergências conceituais e semânticas. Sugere uma unidade de ação,

capacidade adquirida associada ao “saber fazer algo específico” não relacionado a algo inato, mas

construído, conforme cita Moretto, (2002, p. 21), que é acompanhado por Garcia (2005), para quem

habilidade seria algo menos abrangente que competência.

Prahalad e Gary Hamel, em obra editada pela Harvard Business Review (1990), aludem a

competências essenciais sob o ponto de vista das empresas, mas não o fazem sob o ponto de vista

individual. Permitem, no entanto, entender que os conceitos são diferentes, pois citam que essas

competências representam o aprendizado socializado nas organizações, a exemplo de coordenar as

diversas habilidades e integrar diversos tipos de tecnologias.

.

Quinn e colaboradores (2003) listam os papéis de liderança gerencial e suas respectivas

competências-chave:

- Mentor: compreensão de si mesmo e dos outros; comunicação eficaz, desenvolvimento dos empregados;

(35)

- Monitor: monitoramento do desempenho individual; gerenciamento do desempenho e processos coletivos e análise de informações com pensamento crítico;

- Coordenador: gerenciamento de projetos; planejamento do trabalho e gerenciamento multidisciplinar;

- Diretor: desenvolvimento e comunicação de uma visão; estabelecimento de metas e objetivos; planejamento e organização;

- Produtor: trabalho produtivo; fomento de um ambiente de trabalho produtivo e gerenciamento do tempo e do estresse;

- Negociador: construção e manutenção de uma base de poder; negociação de acordos e compromissos; apresentação de idéias;

- Inovador: convívio com a mudança, pensamento criativo e gerenciamento

da mudança (QUINN et al, 2003, p. 25).

No dizer de Fleury e Fleury (2001, p. 21), competência seria “um saber agir responsável e

reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que

agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. Sugerem que a competência

profissional seria a conjugação do “saber agir, saber mobilizar, saber transferir, saber aprender, saber

engajar-ser, ter visão estratégica, e assumir responsabilidades”.

Fleury e Fleury decompõem a definição citando sete competências e suas concepções.

Assim, o saber agir seria “saber o que e por que faz, saber julgar, escolher, decidir”, saber mobilizar

é “saber mobilizar recursos de pessoas, financeiros, materiais, criando sinergia entre eles”, saber

comunicar seria “compreender, processar, transmitir informações e conhecimento, assegurando o

entendimento da mensagem pelos outros”, saber aprender é “trabalhar o conhecimento e a

experiência, rever modelos mentais, saber desenvolver-se e propiciar o desenvolvimento dos outros”,

saber comprometer-se é “saber engajar-se e comprometer-se com os objetivos da organização”, saber

assumir responsabilidades é “ser responsável, assumindo os riscos e as conseqüências de suas ações,

e ser, por isso, reconhecido”, ter visão estratégica seria “conhecer e entender o negócio da

organização, seus ambiente, identificando oportunidades, alternativas” (2001, p. 22).

A autora e o autor fazem incursões sobre o desenvolvimento de competências, tipificando

alguns conhecimentos (competências), suas funções e como desenvolvê-las. A competência

classificada como “conhecimento teórico” e cuja função seria “entendimento, interpretação”, teria

como forma de desenvolvimento a “educação formal e continuada”. Para a competência

(36)

desenvolvê-la seria “educação formal e experiência profissional”. A competência “conhecimento

empírico”, que comportaria a junção de “saber com fazer”, tem seu desenvolvimento pela

“experiência profissional”. Já a competência “conhecimento social”, que serviria para saber como

comportar-se, seria desenvolvida pela “experiência social e profissional”. E, por fim, a competência

“conhecimento cognitivo”, cuja função é tida como “saber como lidar com a informação, saber como

aprender”, que seria desenvolvida pela “educação formal e continuada, e experiência social e

profissional” (2001, p. 28).

Philippe Zarifian (2003), dedicado estudioso da temática, cita que a curiosidade sobre a

idéia de competência adveio quando as organizações começaram a investigar as competências dos

indivíduos independentemente de suas ocupações. A respeito de competência profissional sob o

ponto de vista individual, assim define competência profissional:

... aquela capacidade individual do cidadão trabalhador para articular, mobilizar e colocar em ação valores, habilidades, atitudes e conhecimento necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela

natureza do trabalho e pelo desenvolvimento tecnológico (ZARIFIAN,

2003, p. 14).

Acrescentando, Zafirian sugere que a competência das pessoas seja o conjunto de

conhecimento, habilidades e atitudes que geram resultados para a organização e agregam valor à

pessoa. São identificadas a partir das competências corporativas tais como: controle de gestão,

especialização, gestão da informação, gestão da mudança, gestão de clientes, gestão de negócios,

gestão de pessoas, gestão social, inovação, negociação, orientação ao cliente, orientação estratégica,

orientação a resultados, trabalho em equipe.

Zarifian transfere a discussão sobre competência para as organizações e cita as seguintes

competências profissionais: “competências sobre os processos”; aludem aos conhecimentos acerca

dos processos produtivos; “competências técnicas”: dizem respeito aos conhecimentos sobre as

atividades e tarefas a serem realizadas; “competências sobre a organização”: refere-se ao saber

organizar os fluxos de trabalho; “competências de serviço”: reportam-se ao poder de as

competências técnicas e atenderem aos consumidores; “competências sociais”: dizem respeito ao

(37)

Também no ambiente legal competência se remete ao fazer, ao trabalho. A Resolução no 4/2005, do CNE, cita competências e habilidades como atributo pessoal: “reconhecer e definir

problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente, introduzir modificações no processo

produtivo, atuar preventivamente, transferir e generalizar conhecimento e exercer, em diferentes

graus de complexidade, o processo da tomada de decisão”.

De qualquer sorte, tanto as considerações de Prahalad e Gary Hamel, Moretto, Zarifian,

quanto as do Conselho Nacional de Educação sobre competências incluem habilidade no rol de

atributos da competência, o que sugere que a ambas são oferecidos conceitos diferentes.

Para Moretto (2002, p. 19), competência estaria associada a aptidão do indivíduo para

perceber, equacionar uma situação complexa e resolvê-la. Segundo o autor, na esteira do

pensamento de Perrenoud, “competência é a capacidade do sujeito mobilizar recursos (cognitivos)

visando abordar uma situação complexa”. Prosseguindo com o esforço de diferenciar habilidade de

competência, afirma que o sentido daquela se remete ao “saber fazer algo específico. Isto significa

que ele estará associado a uma ação física ou mental, indicadora de uma capacidade adquirida” E

acrescenta: “veja bem, não associamos habilidade a algo inato, como muitas vezes se pensa”

(MORETTO, 2002, p. 21).

Em Perrenoud (1999, p. 7), competência é a “capacidade de agir eficazmente em um

determinado tipo de situação apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles”. E noutra obra

em que trata de atividade escolar o autor lista rol de competências que deveriam ser dominadas pelos

docentes:

- organizar e dirigir situações de aprendizagem; - administrar a progressão das aprendizagens;

-conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; -envolver os alunos em suas aprendizagens e seu trabalho; -trabalhar em equipe;

-participar da administração da escola; -informar e envolver os pais;

-utilizar novas tecnologias;

-enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;

-administrar sua própria formação contínua (PERRENOUD, 2000, p.

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