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Estabilização segmentar lombar, fortalecimento e alongamento no tratamento da lombalgia...

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(1)

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Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo para obtenção do

título de Mestre em Ciências

Área de concentração: Movimento, Postura e

Ação Humana

Orientadora:

Profa.

Dra.

Amélia

Pasqual

Marques

(2)

França, Fábio Jorge Renovato

Estabilização segmentar lombar, fortalecimento e alongamento no tratamento da lombalgia crônica : um estudo comparativo / Fábio Jorge Renovato França. --

São Paulo, 2009.

Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional. Área de concentração: Movimento, Postura e Ação Humana. Orientadora: Amélia Pasqual Marques.

Descritores: 1.Lombalgia 2.Ensaio clínico 3.Estabilização 4.Exercícios de alongamento muscular 5.Terapia por exercício

(3)

À Profa. Dra. Amélia Pasqual Marques pelos ensinamentos grandiosos e pelo

carinho com que me acolheu.

À minha mãe, Sônia Maria Renovato França, que esteve no meu lado nos

momentos mais difíceis, sempre com uma palavra de carinho e ânimo.

Ao meu pai, Vital da Silva França Filho, por me passar confiança e me

ensinar a estar no lado do bem.

Ao meu amor, Priscilla Von Oberst, por me aguentar e compartilhar comigo

toda a luta ao longo desses anos.

Ao grande amigo que fiz, Thomaz Nogueira Burke, pela parceiria em todos

os momentos.

Às amigas de laboratório Juliana Sauer, Ana Assumpção, Elizabeth Alves

Gonçalves, Érica Hanada, Cristina Cabral, Sarah Meneses, Viviam Inhasz, Patrícia

Alfredo, Pâmela Mango, Juliana Carmona por me ajudarem sempre que precisei, e

por rirem das minhas piadas.

Ao meu grande amigo Daniel Claret, pela amizade que só aumentou ao longo

destes anos.

Aos pacientes, que confiaram neste trabalho.

(4)

Esta dissertação esta de acordo com as seguintes normas:

Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors

(Vancouver). Requisitos uniformes para manuscritos/

Ver. Saúde Pública, 33 (1), 1999.

Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e

Documentação.

Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F.

Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 2ª

Ed. São Paulo: Serviço de Biblioteca e Documentação; 2005.

(5)

./-INTRODUÇÃO 1

OBJETIVOS 6

Objetivo geral 6

Objetivos específicos 7

CASUÍSTICA E MÉTODOS 8

Amostra 8

Cálculo amostral 9

Local 9

Material 9

Avaliação 10

Intervenção 17

Análise dos dados 19

Análise estatística 19

RESULTADOS 21

Características da amostra 21

Análise antes e após o tratamento em cada grupo

22

Análise entre os grupos

25

DISCUSSÃO 29

IMPLICAÇÕES CLÍNICAS 38

CONCLUSÃO 39

(6)

Anexo 2: Questionário McGill de dor 51

Anexo 2: Escala visual analógica 52

Anexo 3: Índice de incapacidade de Oswestry 53

Anexo 4: Protocolo da avaliação em fisioterapia 55

Anexo 5: Descrição dos exercícios 56

Anexo 7: Comprovante de submissão do artigo 66

0 . ( / .

Figura 1: Unidade de Biofeedback Pressórico (UBP) 12

Figura 2. Teste para o Músculo TrA, realizado em decúbito ventral 14

Figura 3. Mudança de pressão vista na UBP, na imagem de ultrassom

(secção transversa da parede abdominal ântero-lateral) e em

representações esquemáticas do teste muscular clínico do TrA 16

Figura 4. Comparação do ganho obtido antes e após intervenção na

variável dor (EVA) nos três grupos 26

Figura 5. Médias das diferenças de antes e após da intensidade da

dor (McGill Sensorial) nos três grupos 26

Figura 6. Médias das diferenças de antes e após (McGill Afetiva)

da intensidade da dor nos três grupos 27

Figura 7. Médias das diferenças de antes e após da intensidade da

dor (McGill Total) nos três grupos 27

Figura 8. Médias das diferenças de antes e após da capacidade

(7)

0 . ( 0 .

Tabela 1. Características da população de estudo 21

Tabela 21Média, desvio padrão, ganho relativo (GR) e valor de p

antes e após o tratamento no grupo Estabilização Lombar (EL) 22

Tabela 3.Média, desvio padrão, ganho relativo (GR) e valor de p

antes e após o tratamento no grupo Alongamento (AL) 23

Tabela 4. Média, desvio padrão, ganho relativo (GR) e valor de p

antes e após o tratamento no grupo Fortalecimento (FS) 24

Tabela 5. Ganho médio (diferença antes e após) e desvio padrão

em cada grupo, e valor de p 25

0 . ( 2/ (

(8)

! " # [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2009. 66p.

(/ 3 $A dor lombar é um importante problema de saúde pública presente em todas as nações industrializadas, afetando 70% a 80% da população adulta em algum momento da vida, com predileção por adultos jovens, em fase economicamente ativa. Está em segundo lugar entre as causas de afastamento do trabalho. Há uma grande variedade de protocolos cinesioterapêuticos para a dor lombar, contudo não há evidências sobre qual o tipo de exercício mais efetivo. OBJETIVO: Comparar a eficácia dos exercícios de estabilização segmentar, alongamento lombar e fortalecimento da musculatura abdominal e do tronco na dor, capacidade funcional e capacidade de ativação do músculo TrA de indivíduos lombálgicos crônicos. METODOLOGIA: Participaram da pesquisa 45 pacientes randomizados em três grupos que realizaram exercícios para músculos específicos: Grupo Estabilização Segmentar (ES) (transverso do abdome e multífido lombar) (n=15, idade 42,02 ± 8,15), Grupo Fortalecimento Superficial (FS) (reto abdominal, oblíquos interno e externo e eretores da coluna) (n=15, idade 41,71±6,41) e Grupo Alongamento (AL) (eretores da coluna, tecidos moles posteriores e isquiotibiais) (n=15, idade 41,53 ± 4,41). Foram avaliados quanto à dor (Escala Visual Analógica e Questionário McGill de Dor), capacidade funcional (Índice de Incapacidade de Oswestry) e capacidade recrutamento do músculo TrA (Unidade de Biofeedback Pressórico-UBP). Os grupos foram tratados em duas sessões semanais com duração de 30 minutos, por seis semanas. Cada paciente foi avaliado antes e após o tratamento. Foi utilizado o teste Anova com um fator e o teste Post Hoc de Tukey para realizar comparações intra e entre grupos. Foi adotado um nível de significância de 5%. RESULTADOS: Para as variáveis dor e capacidade funcional os três tratamentos mostraram-se eficazes (p<0,001). Na comparação entre os grupos, o ES obteve os maiores ganhos em todas as variáveis (p<0,001) e na ativação do TrA, os ganhos relativos foram 48,32%, 6,56% e -5,11% nos grupos ES, AL e FS, respectivamente. CONCLUSÃO: Os três grupos apresentaram melhora na intensidade da dor e capacidade funcional, com ganhos médios maiores para o grupo ES e superiores na ativação do TrA. Não foi observada melhora nos grupos AL e FS na capacidade de ativação do músculo TrA.

Descritores: lombalgia, ensaio clínico, estabilização, exercícios de alongamento

(9)

% & " # ' [dissertation]. São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2009. 66p.

INTRODUCTON: Low back pain is a health important problem present in all industrialized countries, affecting 70% to 80% of adult population in some moment of life, most frequently in young adults, in economically active phase. It is in second place among the causes of work absenteeism. Although a number of exercises for low back pain is great, there are no evidence of what kind of exercise is more effective. OBJECTIVE: to contrast the efficacy of segmental stabilization, lumbar stretching and trunk and abdominal strengthening exercises on pain, functional disability and the recruitment TrA muscle of patients with chronic low back pain. METHODS: Forty-five patients were randomized into three groups namely: Segmental stabilization group (ES)(transversus abdominis and lumbar multifidus) (n=15, mean age 42,02 ± 8,15), superficial strengthening group (FS)(rectus abdominis, oblique abdominal muscles and erector spinae muscles) (n=15, mean age 41,71±6,41) and stretching group (AL) (erector spinae, posterior connective tissues and ischiotibials muscles) (n=15 mean age 41,53 ± 4,41). Patients attended two weekly sessions during six weeks and were evaluated for pain (visual analogue scale

and ( ) ), functional disability (Oswestry disability index),

and ability to contract the TrA (Pressure biofeedback unit) before and after the treatment. The treatment program consisted of 30 minutes sessions. The Anova one-way and Tukey´s Post Hoc were used to compare groups. The significance level adopted was 5%. RESULTS: Significant pain relief and functional disability improvements were observed after treatment in three groups (p<0,001). The segmental stabilization group showed greater gains in all variables (p<0,001) and in TrA activation, the relative gains were 48,32%, 6,56% and -5,11%, in ES, AL and FS groups, respectively. CONCLUSION: The three groups of exercise improved pain and functional disabilities, and the ES group was better in the ability to recruit TrA muscle (PBU). In AL and FS groups was not observed improvement in TrA muscle.

(10)

(/ 3

A lombalgia crônica pode ser definida como dor persistente por mais de 12

semanas nos níveis lombar e sacral da coluna vertebral (1). É um importante

problema de saúde pública presente em todas as nações industrializadas (2). Sua

prevalência está acima de 50% na população geral, e estima-se que mais de 70% das

pessoas no mundo relatarão pelo menos um epísódio de dor lombar ao longo da vida

(3). Tem predileção por adultos jovens e em fase economicamente ativa (4). Tal

acometimento está entre as mais freqüentes razões para que se procure um médico, e

coloca-se em segundo lugar em pacientes que se afastam do trabalho (5). Segundo

Hides et al. (6), um episódio de lombalgia em 90% dos pacientes, resolve-se em duas

a quatro semanas, contudo, nesses casos a recorrência do quadro álgico se dá em

torno de 60 a 80%, com chances relevantes de manutenção do quadro, tornando-o

crônico.

A lombalgia tem como causa algumas condições: congênitas, degenerativas,

inflamatórias, infecciosas, tumorais e mecânico-posturais. Esta última também

denominada lombalgia inespecífica, representa grande parte das dores referidas pela

população. Nela, geralmente ocorre um desequilíbrio entre a carga funcional, que

seria o esforço requerido para atividades do trabalho e da vida diária, e a capacidade

funcional que é o potencial de execução para essas atividades(7).

Um dos principais fatores de risco para o surgimento da dor lombar é a

fraqueza dos músculos do tronco (8-12). Tal condição pode estar associada ao

sedentarismo com consequente hipotrofia dos músculos paravertebrais (9), às

(11)

paraverterbrais (14,15). Shirado et al. (16), observaram fraqueza dos músculos do

tronco tanto na fase concêntrica quanto na excêntrica de sujeitos lombálgicos

crônicos comparados a não lombálgicos. Renkawitz et al. (17) em estudo

longitudinal documentaram relação direta entre desequilíbrio neuromuscular no

músculo eretor da coluna e dor lombar em atletas tenistas.

Os músculos profundos do tronco e abdome, ou seja, multífido lombar (ML)

e transverso do abdome (TrA), são preferencialmene afetados na presença de

lombalgia (6), dor lombar crônica (18) e instabilidade lombar (19). Isso se dá em

forma de atrofia ou diminuição na velocidade de disparo (6). Foi observada também

uma atrofia seletiva do músculo ML durante o repouso prolongado na cama,

sugerindo que o imobilismo atua de forma marcante na mudança de característica

deste músculo (20). Mudanças nos padrões de ativação e na área de secção transversa

do ML foram observadas em pacientes lombálgicos (21). Dannels at al. (9),

realizaram estudo comparando a área de secção transversa do músculo multífido

lombar de indívíduos sem dor lombar com lombálgicos. Após análise por tomografia

computadorizada observou-se que o músculo ML nos lombálgicos mostrava uma

menor área de secção transversa, sugerindo atrofia seletiva. Um aumento da

quantidade de gordura intramuscular no ML também foi observado em pacientes

lombálgicos crônicos (22).MacDonald et al. (23), em revisão de literatura, sugeriram

que há mudanças biomecânicas, neurofisiológicas e histoquímicas no ML de

indivíduos com dor na região lombar, e que essas mudanças se davam

ipsilateralmente e no nível doloroso em forma de atrofia1

Ferreira et al. (24), observaram que o músculo TrA mostrava-se insuficiente

(12)

capacidade funcional.Estudo realizado por Hodges & Richardson (25), mostrou que

o músculo transverso do abdome (TrA) apresentava atraso no disparo da contração

em lombálgicos e em outro estudo, Hodges (26) observou que a dor lombar

recorrente e não-específica era o resultado de controle neuromuscular ineficiente do

músculo TrA.

Há estudos que associam dor lombar e diminuição na flexibilidade da região

lombar. Thomas et al. (27), observaram associação entre flexibilidade reduzida

(músculos e tecidos conectivos) da coluna lombar e lombalgia. Observou-se neste

estudo diminuição da amplitude de movimento nos planos frontal, sagital e

transversal. McGregor at al. (28), observaram que pacientes lombálgicos crônicos

também apresentavam reduzidas flexibilidade e mobilidade vertebrais em todos os

planos de movimento.

Outros estudos descreveram que há correlação entre reduzida mobilidade no

nível lombar e dor lombar crônica (27,29). Takala &Viikari-Juntura (30) sugeriram

em estudo longitudial que diminuída mobilidade do tronco era fator preditor de

futura dor lombar.

Para a dor lombar crônica, inúmeros tratamentos conservadores têm sido

realizados. As intervenções incluem suporte ortótico, exercícios de flexão e extensão

do tronco, exercícios de inclinação pélvica (ante e retroversão pélvicas),

alongamentos e exercícios aeróbios tais como natação e caminhada (31). A terapia

para dor lombar por meio de acupuntura é hoje também uma opção. Em revisão

sistemática, Yuan et al. (32), concluíram que há fortes evidências de que a

acupuntura pode ser um útil complemento a outras formas de terapias convencionais

(13)

meta-análise, concluíram não haver evidências do uso do TENS como único

tratamento na diminuição da dor lombar. Já a massagem terapêutica pode ser

benéfica a pacientes portadores de lombalgia inespecífica subaguda e crônica,

especialmente quando combinada com exercícios e educação (34)

A manipulação vertebral ganhou espaço nos últimos anos e vem sendo

utilizada frequentemente para o manejo da dor lombar. Assendelft et al. (35),

concluíram que a terapia manipulativa era eficiente na diminuição da dor lombar,

contudo afirmam não haver evidências de que fosse superior aos tratamentos

convencionais.

No que concerne à cinesioterapia, o fortalecimento do tronco tem mostrado

redução de forma significativa nas incapacidades funcionais e na dor lombar crônica

(36,37). Alguns protocolos fortalecem isoladamente os músculos extensores (38,39)

ao passo que outros trabalham flexores e extensores do tronco conjuntamente

(40,41,42). Ambos os protocolos enfocam como alvo principal os músculos

superficias (reto abdominal, oblíquos interno e externo e eretores da coluna)

produtores de movimento. Alguns programas de reabilitação em lombálgicos

(43,44,45) por meio de treinamento de resistência dos músculos abdominais e do

tronco, mostraram que quando se aumenta a força destes músculos, ocorre também

redução do quadro álgico, e melhora na percepção dos fatores psicossociais. Deutsch

(46), em estudo de caso, observou diminuição no quadro doloroso, após oito semanas

de exercícios de fortalecimento dos músculos tronco.

Rodacki et al. (47), investigaram a influência de exercícios abdominais sobre

a compressão discal na coluna lombar. Os resultados mostraram que exercícios para

(14)

diminuíram a pressão intra-discal. Dessa forma, exercícios abdominais têm se

mostrado um modo efetivo e rápido para diminuição na incidência de lombalgias.

Um manejo terapêutico mais recente para a dor lombar crônica tem sido o

treinamento específico de músculos da coluna lombar cujo papel primário é atuar no

controle segmentar (48). Este método, conhecido por estabilização segmentar, tem

por objetivo fortalecer os músculos profundos do tronco: multífido lombar (ML) e

transverso do abdome (TrA). O’Sullivan et al. (49), realizaram um estudo com

pacientes lombálgicos crônicos com diagnóstico de espondilolistese e espondilólise e

realizaram o treinamento específico dos músculos ML e TrA durante 10 semanas,

com diminuição expressiva da dor e melhora na capacidade funcional. Hides et al.

(50), demonstraram que exercícios que alvejaram o músculo ML foram efetivos na

diminuição da dor e de episódios recidivantes em lombálgicos.

No que concerne ao alongamento, Kuukkanen & Mälkiä (51), sugerem que

uma das principais metas terapêuticas nas dores lombares é promover a flexibilidade

normal dos músculos e tecidos conectivos da coluna. Martins e Silva (52)

corroboram esta idéia. Observaram diminuição da dor lombar em gestantes após

programa de alongamento.

Há hoje uma grande variedade de protocolos cinesioterapêuticos para a dor

lombar e capacidade funcional com resultados satisfatórios, contudo não há

evidências sobre qual é o tipo de exercício mais efetivo (36,37), visto que na maioria

(15)

/. ) 0 5 ) ( . /(

Este estudo propõe-se a contribuir para a melhor compreensão do processo de

atenuação ou remissão de lombalgia crônica, por meio de comparação entre terapias

cinesioterapêuticas muito freqüentes no Brasil: Estabilização segmentar lombar,

exercícios de fortalecimento para os músculos superficiais abdominais e do tronco e

exercícios de alongamento para os músculos paravertebrais lombares, tecidos

conectivos posteriores à coluna lombar e músculos isquiotibiais.

O estudo justifica-se, pois os programas de exercícios atuais para a coluna

lombar utilizam a combinação de várias técnicas como conduta usual na prática

clínica. Nesse contexto, torna-se difícil a análise dos efeitos isolados de cada terapia.

Há, portanto, necessidade de comparar métodos de tratamento sem combinação de

técnicas, para que tenhamos evidências mais específicas acerca de cada protocolo

terapêutico.

.

6 '

Comparar a eficácia dos exercícios de estabilização segmentar, alongamento

lombar e fortalecimento da musculatura abdominal e do tronco na dor, capacidade

funcional e capacidade de ativação do músculo TrA de indivíduos lombálgicos

(16)

6 ' & !7 !

Comparar o grau de ativação do músculo transverso do abdome pela UBP

antes e após o tratamento em cada grupo;

Comparar a melhora da capacidade funcional antes e após o tratamento em

cada grupo;

(17)

) ./8. ) -9 ( .

Foi solicitada junto ao Hospital Universitário da Universidade de São Paulo

uma lista com nome e telefone de pacientes que procuraram o serviço com queixa de

dor lombar. Foram realizadas 262 ligações em ordem decrescente de data de

atendimento (primeiro os de 2008, depois 2007 e assim por diante).

Foram marcadas avaliações de 51 pacientes, sendo que dois não

compareceram no dia marcado, um foi excluído por problemas reumatológicos e três

desistiram sem justificativa. Portanto, participaram deste estudo 45 pacientes, sendo

32 mulheres e 13 homens.

Os indivíduos com idades variando de 23 a 53 anos, foram aleatoriamente

divididos em três grupos: Grupo Fortalecimento Superficial (FS) (4 homens e 11

mulheres, idade média 41,71 : 6,41) realizou exercícios de fortalecimento para os músculos superficiais abdominais (reto abdominal e oblíquos externo e interno) e

superficiais paravertebrais lombares (eretores da coluna); Grupo Alongamento (AL)

(4 homens e 11 mulheres, idade média 41,53 : 4,41), foi tratado com quatro

diferentes técnicas de alongamento dos músculos eretores da coluna e tecidos moles

posteriores à coluna (ligamentos espinhal, supra-espinhal, capsular, amarelo e

longitudinal posterior), e músculos glúteo máximo, isquiotibiais e tríceps sural; e

Grupo Estabilização Lombar (EL) (5 homens e 10 mulheres, idade média 42,02 :

8,15) que realizou exercícios terapêuticos enfatizando-se o treinamento dos músculos

(18)

Foram critérios de inclusão: ter lombalgia crônica (dor há mais de três meses)

localizada entre vértebra T12 e a prega gluteal (com ou sem irradiação dolorosa para

o membro inferior) e critérios de exclusão: cirurgia lombar prévia, carcinoma,

doenças reumatológicas ou infecção. Pacientes envolvidos em esportes ou em

treinamento com carga para a coluna lombar durante os três meses anteriores ao

início do tratamento também foram excluídos.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HU-FMUSP

(Registro 700/06) e do HC-FMUSP (Protocolo de pesquisa 1249/06) e todos

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

); !%

O tamanho da amostra foi calculado usando 80% do poder estatístico, 30% de

melhora nos grupos de intervenção (EVA) e desvio padrão de 2 pontos, chegando-se

ao número de 10 em cada grupo. Foi utilizado 5% de significância.

0 !

A pesquisa foi realizada no Centro de Docência e Pesquisa (CDP) do

Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade

de Medicina da Universidade de São Paulo. As avaliações foram realizadas no

Laboratório de Investigação Clínica Fisioterapêutica e Eletromiografia.

-• Unidade de Biofeedback Pressórico (UBP)/Stabilizer Pressure Biofeedback

(19)

• Maca de Reeducação Postural Global;

• Questionário McGill de Dor;

• Escala Analógica Visual;

• Índice de Incapacidade de Oswestry;

• Balança digital marca Toledo.

'

As avaliações foram realizadas por um avaliador cego previamente treinado e

avaliados a dor, capacidade funcional e grau de ativação do músculo transverso do

abdome. Os sujeitos também preencheram o Protocolo de Avaliação em Fisioterapia

constituído pelos dados do paciente e pela história pregressa da dor lombar.

' " "

a) Escala analógica visual (EVA)

O paciente recebeu uma folha de papel com uma linha reta de 10 cm onde na

extremidade esquerda estava escrito ausência de dor e na extremidade direita dor

insuportável. Foi solicitado que assinalasse sobre esta reta a intensidade de dor no

momento da avaliação. Valores mais altos indicam dor mais intensa.

b) Questionário McGill de dor

O Questionário McGill de Dor foi adaptado para a língua portuguesa por

(20)

tridimensional: sensorial-discriminativa, afetiva-motivacional e avaliativa-cognitiva.

Ele é utilizado para avaliar qualitativa e quantitativamente o relato das experiências

de dor. É organizado em quatro categorias: sensorial, afetiva, avaliativa e mista, com

20 subcategorias e 78 palavras descritoras da dor, descrevendo a qualidade da dor. O

índice de avaliação da dor é a soma dos valores agregados e cada palavra escolhida

em cada uma das dimensões é a pontuação máxima de cada categoria, sendo

Sensorial = 34, Afetiva = 17, Avaliativa = 5, Mista = 11, Total = 67. Em nosso

estudo avaliamos as categorias Sensorial, Afetiva e Total.

' " ! & ! " " % !

A capacidade funcional foi avaliada com o Índice de Incapacidade de

Oswestry(54), validado para a língua portuguesa (55). Foi desenvolvido para definir

o grau de incapacidade lombar e, assim, observar mudanças associadas a um

determinado tratamento em populações lombálgicas (56). O índice é calculado

somando-se o escore total (cada seção vale de zero a cinco) e o total de pontos

equivale à soma dos pontos das 10 seções. Foi excluída a seção 8, relativa à vida

sexual. A interpretação é realizada por meio de porcentagem: 0% a 20%:

incapacidade mínima; 21% a 40%: incapacidade moderada; 41% a 60%:

incapacidade severa; 61% a 80%: invalidez: 81% a 100%: paciente acamado ou

(21)

' " ' " < !% ' " "

A ativação do músculo transverso do abdome foi avaliada com a Unidade de

Biofeedback Pressórico (UBP) (57). A UBP vem sendo utilizada na prática clínica

para avaliação do TrA, mensurando a depressão da parede abdominal. A qualidade

do controle motor pode ser indiretamente mensurada pela performance demonstrada

pelo teste com a UBP e as vantagens comparadas a outros métodos são: o baixo

custo, a não invasibilidade, a fácil utilização no dia-a-dia, e a utilização em outros

músculos do corpo (58).

A UBP, Stabilizer Pressure Biofeedback (Chattanooga Group- Austrália),

consiste de um transdutor pressórico com três bolsas infláveis, um cateter e um

esfigmomanômetro. A bolsa possui 16,7 X 24 cm de material inelástico. O

esfigmomanômetro varia de 0-200 mmHg graduado de 2 em 2 mmHg. Mudanças ou

alterações de posição implicarão em alterações de pressão na bolsa que serão

registradas pelo esfigmomanômetro (59) (Figura 1).

(22)

a) Procedimento de utilização do UBP

Os pacientes foram agendados para a coleta de dados com as seguintes

orientações: jejum de 2 horas previamente ao começo das avaliações (inclusive

água), esvaziar a bexiga imediatamente antes do teste, e não realizar exercícios

abdominais no dia anterior e no dia da avaliação. Os pacientes receberam noções

básicas sobre anatomia, biomecânica e função do TrA e as avaliações foram

realizadas em decúbito ventral, antes do início do treinamento, e após seu término. A

contração ideal deveria consistir do movimento da parede abdominal (região

infra-umbilical) em direção à coluna, de forma lenta e controlada, sem movimentos do

tronco ou da pelve, ou contrações de outros músculos como glúteos, quadríceps ou

extensores da coluna.

b) Teste da unidade de biofeedback pressórico

Previamente à realização do teste, os indivíduos receberam treinamento

específico acerca da contração adequada do TrA. Durante o teste, a bolsa inflável foi

posicionada sob o TrA com o paciente em decúbito ventral. A habilidade de deprimir

a parede abdominal contra a coluna lombar resulta numa redução da pressão em 4-10

mmHg, ou seja, vai de 70 para 66-60 mmHg (ótima contração do TrA), que era

registrada pelo esfigmomanômetro da UBP (30). A medida foi realizada com o

paciente emdecúbito ventral sobre uma superfície rígida abaixo do tronco e abdome

para minimizar a deformação da espuma. Os membros inferiores foram posicionados

com os pés para fora da maca e os membros superiores ao lado do corpo, com a

cabeça rodada para a direita. A bolsa foi posicionada no espaço imediatamente acima

(23)

contração, a bolsa pressórica era insuflada a uma pressão de 70 mmHg com a válvula

fechada. Os participantes foram orientados a realizar duas inspirações e expirações

utilizando principalmente a região abdominal. A pressão da bolsa foi então

novamente ajustada a 70 mmHg. Foi dado o seguinte comando: ”Murche a região

inferior do abdome para dentro sem mover a coluna e a pelve, e mantenha”. Essas

contrações deveriam ser mantidas por, no mínimo, dez segundos, mensurados pelo

cronômetro. Os participantes foram orientados a realizar inspiração e expiração

lentas, e a contração do TrA era realizada concomitantemente à expiração (Figura 2).

Figura 21Teste para o Músculo TrA, realizado em decúbito ventral, utilizando a UBP

* 7' % " " " / * +=>,

Existem quatro possíveis resultados do teste.

1. Ausência de qualquer contração abdominal, caracterizada pela ausência de

alterações de pressão registradas na UBP, ou seja, a pressão se mantém em 70

(24)

2. Uma ótima performance do teste reduz a pressão em aproximadamente 4-10

mmHg sem compensações vertebrais ou pélvicas (Figura 3b).

3. Se o paciente realiza o teste sem compensações do abdome, mas a pressão no

dial diminui ente 0 e 4 mmHg, o paciente pode ter contraído o TrA, mas com

insuficiente encurtamento para diminuir a pressão adequadamente. A outra

possibilidade é a assimetria de contração do TrA. Em ambas as possibilidades

a contração do TrA é insuficiente.

4. Um padrão global de ativação é visto na Figura 3c. Caso o paciente utilize os

músculos globais, então há duas possibilidades de teste dependendo ou não se

a coluna ou pelve são movidas.

(i) Se uma contração global da parede abdominal é notada, e a

coluna é mantida imóvel, então a pressão na UBP deve

aumentar, superando os 70 mmHg do início do teste.

(ii) Caso o paciente mova a coluna, então a pressão na UBP

diminui. Deve-se observar se não está ocorrendo flexão

tóraco-lombar, que normalmente é acompanhada pela

depressão da caixa torácica. Isso evitaria um teste

falso-positivo. Outro movimento comum é a retroversão pélvica e

pode haver também uma somação dos dois eventos

supracitados. É necessária uma observação extremamente

crítica nas regiões torácica, lombar e pélvica a fim de

(25)

Figura 3.A mudança de pressão vista na UBP, na imagem de ultrassom (secção transversa da parede abdominal ântero-lateral) e em representações esquemáticas do teste muscular clínico do TrA. (a) No descanso, antes do teste; a pressão de base é 70mmHg. (b) Uma performance correta da contração ativa do abdome. A pressão reduz 6mmHg. A contração do TrA pode ser vista na imagem do ultrassom. Note a aparência de “espartilho” e tensionamento na fáscia medialmente (*). Na contração,

o diâmetro do TrA aumenta. (c) Em uma realização incorreta da ação de contração de TrA ( % *

), a pressão aumenta suavemente. A imagem do ultrassom mostra a contração de todos os músculos abdominais simultaneamente. Os oblíquos externo e interno contraem-se simultaneamente, aumentando a área de secção transversa. Não se nota o “espartilho” nesta ação. AC, conteúdo abdominal; L, Lateral; M, Medial; S, Pele; ST, Tecido Subcutâneo; OE, Oblíquo Externo; OI, Oblíquo Interno; TrA, Transverso do Abdome. (representação esquemática retirada de +$

# , - - $ $ + ( # %

(26)

'

As intervenções tiveram duração de seis semanas, com freqüência de duas vezes

por semana, totalizando 12 sessões. Os programas de exercícios foram realizados

com a supervisão do pesquisador e os participantes foram instruídos a relatar

qualquer queixa relacionada ou não ao exercício. Os participantes dos três grupos

foram instruídos a não participar de nenhum outro programa de atividade física

durante a vigência da pesquisa e foi pedido que não realizassem nenhum tipo de

exercício em casa.

1 %& 0 + 0,$ Foi dada ênfase aos músculos ML e TrA com utilização do protocolo proposto por Richardson et al. (21).

1 %& ! .%& ! + .,$ Foi realizado fortalecimento dos músculos reto abdominal, oblíquos interno e externo e eretores da coluna

(60).

!1 %& + 0,$ Foi realizado alongamento dos músculos eretores da coluna, isquiotibiais, tríceps sural e tecidos moles posteriores à

coluna (60, 61).

Foram realizadas três séries de 15 repetições em cada exercício nos grupos

EL e FS. No grupo AL o paciente mantinha a posição por cinco minutos em cada

exercício com um minuto de intervalo. A descrição dos exercícios em todos os

(27)

%& 0

Fortalecimento dos músculos transverso do abdome e multífido

lombar (21)

treinamento para o TrA em 4 apoios;

treinamento para o TrA em decúbito dorsal e joelhos fletidos;

treinamento para o ML em decúbito ventral;

Co-contração do TrA e ML em ortostatismo.

%& ! .%& !

Fortalecimento dos músculos reto abdominal, oblíquos

externo e interno, e eretor do coluna (60)

treinamento para o RA em decúbito ventral e joelhos

fletidos: flexão de tronco;

treinamento para o RA, OI e OE em decúbito ventral e

joelhos fletidos: flexão e rotação de tronco;

treinamento para o RA em decúbito ventral e joelhos

semi-fletidos: flexão de quadril;

treinamento dos eretores da coluna em decúbito ventral:

extensão da coluna.

%&

Alongamentos dos músculos eretores da coluna, isquiotibiais, tríceps sural e tecidos

moles posteriores (60,61)

alongamento do eretores da coluna em decúbito dorsal e

abraçando os membros inferiores;

alongamento de isquiotibiais e tríceps sural com paciente em

decúbito dorsal e assistência do terapeuta, fletindo um membro inferior por vez;

alongamento dos eretores da coluna com o paciente sentado

sobre os calcanhares, tronco fletido com abdome apoiado na parte anterior das coxas;

alongamento do tríceps sural, isquiotibiais e paravertebrais

pela postara rã no ar.

(28)

; " " "

Foi calculada a frequência, em porcentagem, em cada um dos grupos para as

variáveis tempo de dor, estado civil e nível de escolaridade.

Também foi calculado o ganho relativo que corresponde ao ganho que o

paciente obteve após o término do tratamento relativo a quanto ele poderia ter

melhorado. É calculado com a fórmula:

100 ) (var

) (

/#

-0

-1

− − =

em que (var /# ) representa o menor valor que a variável sob estudo pode

assumir.

; 7 !

Os programas utilizados foram o Minitab 14 e 15 2 % . Toda a

análise estatística foi realizada com 5% de significância e a mesma pode ser

considerada em duas etapas distintas: comparação das variáveis antes e após o

tratamento em cada grupo e entre os grupos.

Foi utilizado o teste Anova com um fator para realizar comparações intra e

entre grupos. Utilizamos como variável resposta a diferença entre as condições de

avaliação antes e após (chamada de ganho), pois a condição de avaliação antes do

(29)

estudadas. Deste modo, o potencial de melhora foi igual para todos os grupos e em

todas as variáveis de interesse.

A fim de encontrar a diferença entre os grupos foram realizadas comparações

simultâneas de Tukey com 95% de intervalo de confiança.

O modelo de ANOVA não pôde ser utilizado para a variável Capacidade de

ativação do TrA (UBP), pois as suposições de homocedasticidade (mesma

variabilidade entre os grupos) e normalidade não foram satisfeitas. Para comparações

intra grupos, poderíamos ter utilizado o teste não paramétrico de Wilcoxon, mas em

especial, como essa variável possui muitos ganhos nulos o teste não é indicado. Deste

modo, realizamos tais comparações por meio do Teste Binomial.

(30)

./0 ( .

) ! 7 ! "

Os dados demográficos da população estão apresentados na Tabela 1. Os

grupos são semelhantes em relação à idade (p=0,975), massa (p=0,442), altura

(p=0,217) e IMC (p=0,09).

>. Características da população de estudo

;' %& 0

+ ?>@,

%& 0

+ ?>@,

%& .

+ ?>@,

" " + , 42,07(8,15) 41,53(4,41) 41,73(6,42)

- +A , 74,61(16,26) 80,54(18,60) 73,60(12,26)

% + , 1,67(0,11) 1,61(0,09) 1,65(0,08)

-) +A B =, 26,40(4,47) 31,0(6,51) 26,92(3,64)

( B"% + ,

12 a 24

Mais de 24

4(26,66%) 11(73,44%) 5(33,33%) 10(66,66%) 6 (40%) 9(60%)

" ! '

Casado Solteiro Separado 10(66,6%) 5(33,3%) C 10(66,66%) 3(20%) 2(13,31%) 7(46,67%) 5(33,33%) 3(20%)

7' " ! " "

1ºgrau 2 ºgrau Superior 2(13,33%) 8(53,33%) 5(33,33%) 6(40%) 5(33,33%) 4(26,66%) 4(26,66%) 5(33,33%) 6(40%)

Média e desvio-padrão das variáveis idade, massa, altura e IMC

(31)

;

&D

! "

%&

Os resultados apresentados a seguir considerarão os dados nas situações antes

e após o tratamento em cada grupo.A Tabela 2 apresenta os resultados do Grupo EL.

Todas as variáveis mostraram diferenças estatisticamente significantes (p<0,001). O

ganho relativo em todas as variáveis foi expressivo principalmente na dor medida

pela EVA (99%). A variável capacidade funcional que no inicio apresentavavalores

médios de 17,07, ao final mostrou valores de 1,80 pontos, ou seja, passou de

incapacidade moderada para incapacidade mínima. A capacidade de contração do

TrA, tinha ao inicio média de -0,67 mmHg (contração insuficiente do TrA), e ao final

-5,33 mmHg (padrão ótimo de ativação de TrA). Foram considerados desfechos

positivos a diminuição dos valores.

=1 Média, desvio padrão, ganho relativo (GR) valor de p antes e após o tratamento no grupo Estabilização Lombar (EL)

;' %& 0

+ ?>@,

* E *D

F '

+ ,

&

( G (0-10 cm)#

Média/DP

5,94 (1,56) 0,06 (0,16) 99% <0,001H

( G-! (0-67)#

Média/DP 35,00 (7,76) 3,20 (4,00) 92% <0,001H

. (0-34)#

Média/DP 18,20 (4,43) 1,73 (2,99) 93% <0,001H

' (0-17)#

Média/DP 8,07 (2,43) 0,33 (0,62) 97% <0,001H

) & ! " " % !

(0-45)# Média/DP

17,07 (3,99) 1,80(1,26) 90% <0,001H

) " G/ *

(4 a-10mmHg)#

Média/DP -0,67(1,95) -5,33 (1,23) 48,32% <0,001H

HDiferenças estatisticamente significantes entre os valores obtidos antes e após o tratamento (p<0,05)

(32)

Os resultados do Grupo AL podem ser observados na Tabela 3. Houve

diferença estatisticamente significante em todas as variáveis (p<0,001), exceto para a

capacidade de contração do TrA (p=0,94). O ganho relativo foi alto em todas as

variáveis, exceto na variável contração do TrA que foi de 6,56% . A variável

capacidade funcional no início apresentou valores médios de 18,73, ou seja, 41,62%

(limite inferior de incapacidade severa. Estes valores foram para 9,20 que equivale a

20,44%. A capacidade de contração do TrA com valor inical de -0,13 mmHg

(contração insuficiente do TrA), passou para 0,80 mmHg (padrão global de

ativação). Foram considerados desfechos positivos a diminuição dos valores.

I1 Média, desvio padrão, ganho relativo (GR) e valor de p antes e após o tratamento no grupo Alongamento (AL)

;' %& + ?>@,

* E *D

F '

+ ,

&

( G (0-10 cm)#

Média/DP

6,35 (1,51) 3,15 (1,20) 49% <0,001H

( G-! (0-67)#

Média/DP 33,93(6,39) 19,07 (5,60) 42% <0,001H

. (0-34)#

Média/DP 18,53(3,58) 10,87(3,98) 37% <0,001H

' (0-17)#

Média/DP 7,93(3,10) 3,33(1,72) 56% <0,001H

) & ! " "

% ! (0-45)#

Média/DP

18,73 (3,61) 9,20(4,09) 52% <0,001H

) " G

/ *(4a-10mmHg)#

Média/DP -0,13 (1,41) -0,80 (1,47) 6,56% 0,94

HDiferença estatisticamente significante entre os valores obtidos antes e após o tratamento (p<0,05)

(33)

A Tabela 4 apresenta os resultados obtidos para o Grupo FS. Foram

considerados desfechos positivos a diminuição dos valores. Apenas na variável

contração do TrA (UBP), não foi observada diferença estatisticamente significante

antes e depois do tratamento (p=0,99). Nas demais os valores foram estatisticamente

significantes (p<0,001). O ganho relativo foi expressivo em todas as variáveis, exceto

na variável contração do TrA, em que foi notada perda de 5,11%. A variável

capacidade funcional obteve valores médios de 17,27 antes do tratamento, ou seja,

38,37% (limite superior de incapacidade moderada). Após o tratamento, os valores

finais eram 8,40 que equivale a 18,6% (limite superior de incapacidade mínima).

J1 Média, desvio padrão, ganho relativo (GR) e valor de p antes e após o tratamento no grupo Fortalecimento (FS).

;' %& ! + ?>@,

* E *D

F '

+ ,

&

( G (0-10 cm)#

Média/DP

6,49 (1,48) 2,89 (1,45) 55% <0,000H

( G-! (0-67)#

Média/DP 37,67 (7,33) 19,8 (7,93) 48% <0,000H

. (0-34)#

Média/DP 20,20(3,55) 11,27(4,58) 43% <0,000H

' (0-17)#

Média/DP 9,40(3,29) 3,60(1,99) 61% <0,000H

) & ! " "

% ! (0-45)#

Média/DP

17,27 (3,84) 8,40(3,13) 52% <0,000H

) " G

/ *(4 a-10mmHg)#

Média/DP -0,40 (1,35) 0,00 (1,57) -5,11% 0,99

HDiferença estatisticamente significante entre os valores obtidos antes e após o tratamento (p<0,05)

(34)

;

%&

A Tabela 5 ilustra os ganhos médios entre os grupos em cada variável. O

grupo que obteve os ganhos mais expressivos foi o EL. Na variável contração do

TrA, os grupos AL e FS não apresentaram diferenças estatisticamente significantes

entre si.

@1 Ganho médio (diferença antes e após) e desvio padrão em cada grupo, e

valor de p. ;'

-E" +(*, 0+ ?>@, .+ ?>@, 0+ ?>@, &

( G +! , 3,2(1,52)¹ 3,6(1,56)² 5,8(1,61)¹,² <0,001

( G-! 14,8(8,39)¹ 17,87(6,73)² 31,8(6,06) ¹,² <0,001

. 7,6(6,28)¹ 8,9(5,05)² 16,4(2,90) ¹,² <0,001

' 4,60(2,74)¹ 5,8(2,59)² 7,73(2,18) ¹,² <0,001

) & ! " " % ! G

K L 9,53(2,90)¹ 8,86(2,82)² 15,26(3,43) ¹,² <0,001

) " G

/ * + M , 0,66(0,97)³ -0,42(1,60)4 4,66(2,22)3,4 <0,001

¹,² Pares identificam quais grupos são estatisticamente diferentes entre si após o teste de comparação múltipla (Test Post-Hoc de Tukey)

3,4

(35)

A Figura 4 ilustra, por meio de boxplot, os ganhos (antes – após) nos três

grupos para a variável dor, medida pela EVA. No grupo ES nota-se ganho médio

mais expressivo. Nos grupos AL e FS as médias dos ganhos foram semelhantes.

Figura 4. Comparação do ganho obtido antes e após intervenção na variável dor

(EVA) nos três grupos.

Na Figura 5 observam-se os ganhos nos grupos EL, FS e AL para a variável

dor (McGill sensorial). Nos grupos AL e FS as médias das diferenças foram

semelhantes.

Figura 5. Médias das diferenças de antes e após da intensidade da dor (McGill

(36)

A Figura 6 ilustra, por meio de boxplot, os ganhos nos três grupos para a

variável dor, medida pela McGill afetiva. No grupo ES nota-se ganho médio mais

expressivo.

!

Figura 6. Médias das diferenças de antes e após (McGill Afetiva) da intensidade da

dor nos três grupos e presença de um no grupo EL

Na Figura 7 encontram-se os as diferenças antes e após os tratamentos

nos grupos EL, FS e AL para a variável dor (McGill total). O grupo ES apresentou os

ganhos mais significativos.

"

Figura 7. Médias das diferenças de antes e após da intensidade da dor (McGill Total)

(37)

Os ganhos nos grupos EL, FS e AL para a variável capacidade funcional são

observados na Figura 7. Nos grupos AL e FS não houve diferença estatísticamente

significante. No grupo ES nota-se ganho médio mais expressivo.

# $

Figura 8. Médias das diferenças de antes e após da capacidade funcional nos três

grupos

Na Figura 8 encontram-se os as diferenças de antes e após os tratamentos nos

grupos EL, FS e AL para a variável capacidade de ativação do TrA (UBP).

% &

Figura 9. Médias das diferenças de antes e após da capacidade de ativação do TrA

(38)

( .)/..3

O objetivo deste estudo foi comparar a eficácia de exercícios de estabilização

segmentar lombar, alongamento dos músculos paravertebrais lombares e dos

isquiotibiais, e fortalecimento dos músculos superficiais do abdome e paravertebrais

lombares na recuperação de lombálgicos crônicos. Os três tratamentos foram eficazes

em relação à melhora da dor e incapacidade funcional. Para as variáveis dor e

incapacidade funcional os tratamentos AL e FS são equivalentes, e o tratamento EL

foi o mais eficaz. No grau de ativação do músculo TrA, apenas o tratamento EL foi

eficiente.

' " ' " "

Em nosso estudo, apenas o grupo EL, que realizou exercícios específicos para

a contração do TrA, apresentou uma depressão ideal após o tratamento.

Resultados semelhantes foram obtidos por Ferreira et al. (24), quando

obervaram que o grupo que realizou atividades específicas para o músculo TrA

obteve melhoras mais significativas na dor em comparação aos outros grupos, sendo

o mesmo observado por Teyhen (62) e Henry (63) após quatro semanas de

treinamento em indivíduos com dor e em assintomáticos.

Estudos evidenciam que o músculo transverso do abdome e os músculos

profundos da região lombar são preferencialmente comprometidos na presença de

lombalgia (6), dor lombar crônica (18) e instabilidade lombar (19). Hides et al. (6)

(39)

simultaneamente à remissão dos sintomas dolorosos, mostrando que o TrA é

importante no suporte e proteção da coluna lombar, e que é necessário o seu

treinamento para uma recuperação segmentar mais específica. Richardson et al. (64)

mostraram que a correta ativação do TrA diminuiu significativamente o grau de

lassidão da articulação sacroilíaca, aumentando, por conseguinte, a estabilidade

sacroilíaca, e este aumento mostrou-se importante na redução de dores lombares

crônicas à medida em que minimizaram os micromovimentos na região.

A capacidade de ativação do TrA tem despertado interesse na prática clinica

e sua confiabilidade tem sido objeto de estudo. O teste da UBP já foi correlacionado

com exames por imagem (18) e com eletromiografia (65), que são considerados

padrão-ouro na análise do comportamento do TrA e confirmam que pacientes

portadores de dor lombar crônica apresentam dificuldade em realizar a manobra de

depressão da parede abdominal, reduzindo os valores pressóricos da UBP, ou seja,

insuficiente recrutamento do TrA.

Segundo Jull & Richardson (66) e Richardson et al. (67) uma resposta normal

para o registro do UBP é uma diminuição da pressão entre -4 e -10 mmHg, ou seja,

em valores reais de 66 a 60 mmHg. Já para Hodges et al. (18), a depressão ideal da

parede abdominal deve ser superior ou igual a -5,82 mmHg.

Cairms et al. (65), avaliaram a capacidade de depressão pela UBP em três

grupos de indivíduos: sem histórico de dor lombar, lombálgicos sintomáticos e não

lombálgicos com histórico pregresso de dor na região. Observaram que indivíduos

sem histórico de dor lombar apresentavam maior capacidade de depressão da parede

abdominal quando comparados a indivivíduos lombálgicos sintomáticos e

(40)

mas com histórico de dor lombar, deprimem a parede abdominal com mais qualidade

do que os lombálgicos, porém com menor habilidade quando comparados com os

indivíduos sem histórico de dor lombar. Os resultados deste estudo sugerem que a

resolução do quadro álgico não é suficiente para restabelecer o controle motor do

TrA. Resultados semelhantes foram obtidos por Teyhen et al. (62) e Henry &

Westervelt (63).

Em nosso estudo, mesmo na diminuição da dor nos grupos AL e FS, os

indivíduos não conseguiram deprimir adequadamente a parede abdominal, pela

correta ativação do TrA, o que segundo Richardson et al. (21) é tida como

insuficiência de contração do TrA. Esses resultados são semelhantes aos de Ferreira

et al. (24), que perceberam que técnicas que buscam o alívio da dor e exercícios

gerais para o fortalecimento do tronco não foram suficientes para melhorar a

habilidade de recrutamento do TrA.

Estes resultados talvez possam ser explicados pelo reflexo de inibição, que é

definido como a situação que ocorre quando estímulo sensorial impede a ativação

correta e precisa de um músculo. Esse estímulo aferente ocorre devido à lesão em

uma articulação onde músculo está localizado, sendo este músculo normalmente

profundo (68). É ainda causa de enfraquecimento, contribuindo para a atrofia

muscular e predispondo a articulação a lesão adicional pela insuficiente capacidade

de proteção local (69). Visto que tal reflexo acomete preferencialmente os músculos

profundos, e estes não recuperam sua função após a remissão dos sintomas dolorosos

(6), Richardson et al. (21) sugerem que exercícios específicos para músculos

profundos possibilitam o retorno funcional da musculatura profunda, responsável

(41)

encontro a esta justificativa, uma vez que o grupo EL, o qual realizou exercícios

específicos para o TrA, mostrou melhor resultado na capacidade de recrutamento do

TrA e nas demais variáveis estudadas.

(

Os resultados obtidos em nosso estudo indicam que a dor após o tratamento

diminuiu em todos os grupos, sendo que os ganhos mais expressivos foram os do

Grupo EL obtendo ganhos superiores a 90%, seguido pelos grupos fortalecimento e

alongamento.

Os nossos resultados estão de acordo com a literatura (18,65) no que tange à

atenuação do quadro doloroso em indivíduos lombálgicos crônicos. Contudo, é

importante salientar que diferentemente dos outros estudos que associam vários

recursos terapêuticos dificultando identificar, isoladamente, qual o tratamento mais

efetivo, o nosso utilizou apenas o fortalecimento, alongamento e estabilização

segmentar, permitindo ao final sugerir qual o mais efetivo.

No grupo FS, que realizou fortalecimento dos músculos superficiais

abdominais e paravertebrais, notou-se uma queda marcante do quadro álgico com

ganho relativo de 55%.

Estudos mostram diminuição marcante no quadro doloroso de pacientes

portadores de dor lombar crônica (36,37,42-46) após os exercícios de fortalecimento

dos músculos do tronco e abdominais. Resultados semelhantes foram observados por

Calmels et al. (41), que utilizaram exercícios isocinéticos e cinesioterapia clássica,

(42)

lombálgicos crônicos, com obtenção de queda marcante no quadro álgico após os

protocolos em igual magnitude.

Rodacki et al. (47), estudaram como os exercícios abdominais poderiam

influenciar a diminuição da dor em sujeitos lombálgicos. Observaram que quando os

músculos abdominais se contraíam, a pressão nos discos intervertebrais atenuava-se,

como conseqüência do aumento da pressão intra-abdominal. Essa diminição de

pressão intra-discal potencialmente reduz a sensação dolorosa no segmento.

Supostamente, isso explica a queda no quadro doloroso de 55% na escala

visual analógica e de 48% no questionário McGill de dor após seis semanas de

tratamento no grupo FS. O programa de exercícios neste grupo teve como alvo

principal os músculos reto abdominal, oblíquos interno e externo e paravertebrais

lombares, que supostamente mais fortes após o programa, minimizaram a

compressão nos tecidos acomentidos, facilitando a recuperação funcional e

diminuindo a dor.

O grupo AL também mostrou redução significativa na intensidade da dor, com

diminuição de 49% e 42% respectivamente na EVA e questionário McGill de dor.

Os exercícios de alongamento têm se mostrado eficazes não apenas na

lombalgia crônica, mas também em gestantes lombálgicas (52), e em cervicalgia

crônica em que diminuição expressiva na dor foi observada apos seis semanas de

tratamento (70).

O mesmo não foi observado por Kuukkanen & Mälkiä (51), em que

lombálgicos crônicos após realizaram exercícios de alongamento para os músculos

do tronco e isquiotibiais, com conseqüente aumento de amplitude articular, não

(43)

O impacto dos exercícios de alongamento na flexibilidade tem sido

amplamente investigado (71). A amplitude de movimento aumentada por exercícios

de flexibilidade está diretamente ligada à diminuição no quadro doloroso, melhora

nas propriedades viscoelásticas do tendão (72,73), e aumento do número de

sarcômeros em série da fibra muscular (74,75). Esses fatores talvez expliquem a

melhora da dor no grupo AL. O programa de alongamento buscou promover

cuidadosamente diminuição da compressão a que os tecidos moles lombares eram

submentidos. Os exercícios eram realizados sob supervisão de um fisioterapeuta, e

quando sintomas de dor e parestesia eram realatados, imediatamente o paciente era

retirado da posição. Tais cuidados aliados aos fatores benéficos de um programa de

flexibilidade, provavelmente atuaram de maneira positiva na redução dos sintomas.

O Grupo EL apresentou os maiores ganhos na atenuação da intensidade

dolorosa, tanto na EVA, quanto no questionário McGill de dor.

O´Sullivan et al. (50), em seu trabalho com pacientes lombálgicos crônicos,

com diagnóstico de espondilolistese ou espondilólise, após treinamento específico

para o TrA e o ML, observaram queda marcante na dor. Hides et al. (6) ainda

mostraram que os exercícios específicos para o músculo multífido lombar podem

aumentar a sua massa em lombálgicos, diminuindo, com isso, a atrofia e episódios

dolorosos lombares.

No presente estudo foi estimulada a co-contração desses dos músculos TrA e

ML. A queda mais expressiva nos valores dolorosos, pode ser explicada pelo fato de

esses dois músculos serem primariamente afetados na presença de dor lombar.

Atrofia seletiva do ML tem sido identificada após um primeiro episódio de dor

(44)

intervenção específica, com menor capacidade de estabilidade e maior chance de

novos episódios dolorosos (6). O TrA em indivíduos lombálgicos, perde a sua

capacidade antecipatória, ou seja, não protege o segmento da maneira específica

quando requerido (25).

) & ! " " % !

Neste trabalho a melhora da capacidade funcional foi significante nos três

grupos, porém o Grupo EL, assim como nas outras variáveis, foi o que apresentou o

menor índice de incapacidade e o maior ganho relativo (90%). Resultados

semelhantes foram obtidos por O´Sullivan et al. (50), após tratamento para os

músculos profundos do abdome e do tronco.

Mesmo com essa melhora clínica, os valores da incapacidade após tratamento

eram de 18,6%, significando o limite superior de incapacidade mínima. Liddle et al.

(36), notaram melhora na capacidade funcional após fortalecimento dos músculos

superficiais do tronco. Hayden et al. (31), em meta-análise, concluíram que os

exercícios de fortalecimento do tronco atuavam de forma positiva na melhora da

capacidade funcional de pessoas acometidas por dor lombar.

No grupo AL, assim como no FS, a melhora da capacidade funcional foi

expressiva. Neste grupo, os valores iniciais mostravam limite inferior de

incapacidade severa, e logo após o tratamento, os valores caíram para limite inferior

de incapacidade moderada. Resultados semelhantes foram obtidos por Martins e

Silva (52) que após programa de alongamento também observaram melhoras nos

(45)

As atividades funcionais correspondem às atividades que os indivíduos

realizam no seu cotidiano, e como houve ganhos importantes nos escores das

medidas realizadas e também melhora na intensidade da dor, infere-se que haja uma

associação entre as duas variáveis.

!

Com base nos resultados deste trabalho, podemos afirmar que os três

tratamentos estudados foram eficazes, porém com ganhos mais acentuados no grupo

EL. Em relação ao grau de ativação do músculo TrA, apenas o grupo EL mostrou-se

eficiente.

Uma das possíveis explicações para os resultados do trabalho pode estar na

hierarquia do sistema de controle muscular. Esse sistema foi proposto por Bergmark

(76). Segundo este autor, existe a presença de dois sistemas de controle muscular. O

primeiro, o sistema local, constitui-se dos músculos profundos diretamente ligados à

articulação. Esses músculos têm características tônicas, e função primária de

estabilizar os segmentos, evitando os micromovimentos articulares. Hides et al. (6),

constatou que mesmo na remissão do processo doloroso em pacientes lombálgicos, o

restabelecimento dos músculos profundos às características funcionais ideais não

acontecia. Havia a necessidade de um trabalho específico na musculatura profunda

para que tais grupamentos musculares recuperassem as suas características

funcionais primárias de proteção articular.

O segundo sistema seria composto pelos músculos superficiais, que no caso

(46)

coluna. Esses músculos estabilizariam a coluna lombar secundariamente, ajudando a

minimizar as forças compressivas no segmento. Contudo, seu papel principal seria a

geração e controle de movimento do tronco. Segundo Norris (77), o músculo reto

abdominal é o principal flexor do tronco e os músculos oblíquos interno e externo,

além de participarem da flexão, têm funções de acordo com a orientação de suas

fibras, de rotação, inclinação lateral e estabilidade durante o exercício abdominal

(78).

Panjabi (79) propôs um modelo de estabilidade da coluna. Este modelo foi

divido em três subsistemas: passivo (osteoligamentar), ativo (músculos profundos e

superficiais) e neural (sistemas nervosos central e periférico). Neste modelo, quando

há falha em um dos três subsistemas, os outros dois compensariam este déficit

acumulando função. Isso seria benéfico em um primeiro momento; por exemplo, em

uma lesão segmentar. Contudo, haveria a necessidade de se restabelecer a harmonia

no sistema. Os músculos responsáveis pelo movimento estabilizariam o segmento de

maneira inespecífica. Panjabi, em 2006, (80) propôs que a disfunção muscular ao

longo do tempo pode levar a lombalgia crônica via lesão adicional de

mecanoceptores localizados nos tecidos passivos posteriores à coluna e, por

conseguinte, inflamação do tecido neural. Segundo sua proposta, seria necessário um

treinamento proprioceptivo dos músculos profundos para a reorganização do sistema

e interrupção da cascata lesiva e dolorosa.

Em nosso estudo, o grupo FS, mostrou queda expressiva na intensidade da

dor e melhora na capacidade funcional. Contudo, assim como no grupo AL, que

atuou parcialmente no subsistema passivo, esses resultados foram superados pelo

(47)

seja a base da estabilidade biomecânica da da região lombo-sacra, e que tais

músculos atuam de maneira precisa na diminuição das sobrecargas compressivas,

atenuando ou erradicando a sensação dolorosa. No grupo EL foi observada, por meio

da UBP, melhora na capacidade de recrutamento do TrA.

Com base nos resultados, podemos inferir que as melhoras mais expressivas

do grupo EL se devam ao fato do treino de estabilização segmentar focar os

músculos profundos, com função primária de suporte e diminuição das cargas

compressivas em tecidos possivelmente lesados.

& ! N ! 7 !

Os resultados deste estudo nos levam a sugerir que os três tratamentos são

importantes no manejo da dor lombar crônica. Comerford e Mottram (82), suportam

essa tese e sugerem que em uma disfunção mecânica dolorosa ou com potencial de

gerar dor, é importante que se dê ênfase à mobilidade dos tecidos conectivos e

musculares (alongamento), “re-treinamento” dos músculos globais (fortalecimento) e

locais (estabilização segmentar). O enfoque principal de um tratamento em que haja

disfunção e dor, segundo esses autores, deve ser dado inicialmente ao ganho de

controle motor local em posição neutra, e posteriormente, ao sistema global, com

aumento na mobilidade dos tecidos passivos.

Embora os exercícios de estabilização tenham apresentado os melhores

resultados, para a prática clínica, talvez a associação dos três protocolos terapêuticos

seja importante, tanto na redução da intensidade da dor, quanto na melhora da

(48)

Sugere-se, baseado em nossos achados, que os três protocolos sejam de

utilidade clínica, por se tratarem de técnicas efetivas e de fácil implementação. Após

o término do tratamento, o paciente pode seguramente continuar o programa de

tratamento em casa.

) ! %

Com base nos resultados deste estudo, os exercícios de estabilização

segmentar lombar, alongamento paravertebral e dos isquiotibiais, e fortalecimento

dos músculos superficiais lombares e paravertebrais mostraram-se eficazes na

remissão da dor e na melhora na capacidade funcional em pacientes lombálgicos

crônicos. Os exercícios de estabilização lombar aumentaram a capacidade de

recrutamento do músculo transverso do abdome, contudo o grau de ativação do TrA

nos grupos AL e FS não alcançaram resultados ótimos para ativação e controle motor

(49)

O ) . 0 ) .

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Imagem

Figura 1. Unidade de Biofeedback Pressórico (UBP)
Figura 21 Teste para o Músculo TrA, realizado em decúbito ventral, utilizando a UBP
Figura 3. A mudança de pressão vista na UBP, na imagem de ultrassom (secção transversa da parede  abdominal ântero-lateral) e em representações esquemáticas do teste muscular clínico do TrA
Figura  5. Médias  das  diferenças  de  antes  e  após  da  intensidade  da  dor  (McGill  Sensorial) nos três grupos e presença de um  no grupo EL
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Referências

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