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PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI (QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG): INVENTARIAÇÃO E ANÁLISE DE LUGARES DE INTERESSE GEOLÓGICOS E TRILHAS GEOTURÍSTICAS

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Academic year: 2018

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO

PRETO

ESCOLA DE MINAS

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS

Área de Concentração: Geologia Ambiental e Conservação dos Recursos Naturais

PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DO PARQUE ESTADUAL

DO ITACOLOMI (QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG):

INVENTARIAÇÃO E ANÁLISE DE LUGARES DE

INTERESSE GEOLÓGICOS E TRILHAS

GEOTURÍSTICAS

Mariana Cristina Pereira Ostanello

Orientador: André Danderfer Filho

Coorientador: Paulo de Tarso Amorim Castro

(2)

PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DO PARQUE ESTADUAL DO

ITACOLOMI (QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG):

INVENTARIAÇÃO E ANÁLISE DE LUGARES DE

INTERESSE GEOLÓGICOS E TRILHAS GEOTURÍSTICAS

(3)
(4)

iii

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Reitor

João Luiz Martins

Vice-Reitor

Antenor Barbosa Júnior

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

Tanus Jorge Nagem

ESCOLA DE MINAS

Diretor

José Geraldo Arantes de Azevedo Brito

Vice-Diretor

Wilson Trigueiro de Souza

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

Chefe

(5)

iv

(6)

v

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO N

o

300

Patrimônio geológico do Parque Estadual do Itacolomi

(Quadrilátero Ferrífero, MG): inventariação e análise de lugares

de interesse geológicos e trilhas geoturísticas

Mariana Cristina Pereira Ostanello

Orientador

André Danderfer Filho

Coorientador

Paulo de Tarso Amorim Castro

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito

à obtenção do Título de Mestre em Ciências Naturais, Área de Concentração: Geologia Ambiental e Conservação de Recursos Naturais.

(7)

vi

Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br

O851p Ostanello, Mariana Cristina Pereira.

O patrimônio geológico do Parque Estadual do Itacolomi (Quadrilátero Ferrífero, MG) [manuscrito] : inventariação e análise de lugares de interesse geológicos e trilhas geoturísticas / Mariana Cristina Pereira Ostanello – 2012.

xxiv, 204f. : il. color.; tabs.; mapas. (Contribuições às ciências da terra, Série M, v.69, n. 300)

ISSN: 85-230-0108-6

Orientador: Prof. Dr. André Danderfer.

Coorientador: Prof. Dr. Paulo de Tarso Amorim Castro.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Geologia. Programa de Pós-graduação em Evolução

Crustal e Recursos Naturais.

Área de concentração: Geologia ambiental e Conservação de Recursos Naturais.

1. Patrimônio geológico - Teses. 2. Geoturismo - Teses. 3. Trilhas - Teses. 4. Parque Estadual do Itacolomi. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

(8)

vii

Dedico este trabalho a Roberto Toledo de Campos.

(9)
(10)

ix

É com muita satisfação que demonstro aqui o meu agradecimento a todos aqueles que tornaram a realização deste trabalho possível:

Ao orientador desta dissertação, Professor Doutor André Danderfer Filho, pelo apoio, incentivo, paciência e disponibilidade demonstrada em todas as fases que levaram à realização deste trabalho.

Ao coorientador, Professor Doutor Paulo de Tarso Amorim Castro, pela ajuda, esclarecimentos, opiniões e discussões construtivas.

Ao CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil, pela concessão da bolsa de mestrado. Ao povo brasileiro, financiador desta pesquisa.

Ao IEF/MG, Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, pela concessão da licença de pesquisa. A toda equipe do Parque Estadual do Itacolomi, em especial ao monitor ambiental Luciano Pedroza, que me apresentou lugares com extrema beleza cênica e relevância geológica.

Aos estudantes de engenharia geológica Flávio Amarante e Guilherme Gonçalves, e ao mestrando Tiago Faria Duque pelas companhias nos trabalhos de campo, opiniões e discussões relevantes.

A Sociedade Excursionista e Espeleológica de Ouro Preto – SEE/UFOP e todos os seus espeleólogos, em especial aos que puderam me acompanhar em alguns trabalhos de campo.

À Universidade Federal de Ouro Preto pelo ensino e moradia públicos, gratuitos e de qualidade. À republica federal Quarto Crescente, meu eterno lar em Ouro Preto, cidade ímpar.

Aos meus pais pela educação fornecida longo da vida, e pela compreensão das minhas ausências nos momentos familiares mais importantes.

A Roberto Toledo de Campos, meu maior incentivador, melhor amigo e namorado.

Aos colegas da sala 42 do DEGEO.

(11)
(12)

xi

AGRADECIMENTOS ... vii

LISTA DE FIGURAS ... xv

LISTA DE TABELAS ... xvii

RESUMO ... xix

ABSTRACT ... xxi

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ... 23

1.1- Apresentação ... 23

1.2- Localização da área de estudo ... 24

1.3- Importância e justificativa... 24

1.4- Objetivos ... 25

1.5- Materiais e métodos ... 25

1.5.1- Compilação bibliográfica... 25

1.5.2- Confecção de base cartográfica ... 26

1.5.3- Georreferenciamento de percursos ... 26

1.5.4- Inventariação de lugares de interesse geológicos... 28

1.5.5- Classificação de lugares de interesse geológicos... 28

1.5.6- Análise de dados ... 29

1.5.7- Confecção de mapas temáticos ... 29

1.6- Organização da dissertação ... 29

CAPÍTULO 2 – PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI: CARACTERIZAÇÃO GERAL ... 31

2.1- Criação e limites ... 31

2.2- Clima... 31

2.3- Vegetação ... 31

2.4- Biodiversidade ... 33

2.5- Rede hidrográfica ... 33

2.6- Importância histórica ... 34

2.7- Uso turístico atual... 35

2.8- Zoneamento ... 36

2.9- Aspectos geológicos ... 39

2.10- Sequência estratigráfica ... 40

(13)

xii

CAPÍTULO 3 – A SINERGIA ENTRE GEOLOGIA E TURISMO: O ESTADO DA

ARTE DO CONHECIMENTO... 43

3.1. Considerações iniciais... 43

3.2. Bases conceituais ... 44

3.2.1- Geoconservação... 44

3.2.2- Geodiversidade ... 44

3.2.3- Geossítio ... 45

3.2.4- Lugar de interesse geológico ... 45

3.2.5- Patrimônio geológico ... 46

3.2.6- Geoturismo ... 46

3.2.6.1- Ecoturismo e geoturismo: semelhanças e diferenças ... 47

3.2.7. Geoparque ... 48

3.2.7.1. Geopark Quadrilátero Ferrífero ... 50

3.2.7.2. Geoparque X parque ... 50

3.3. Primeiras instituições e iniciativas em geoturismo no Brasil ... 51

3.3.1. Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos ... 51

3.3.2. Projeto Caminhos Geológicos ... 52

3.3.3. Sítios Geológicos e Paleobiológicos do Paraná... 53

3.3.4. Projeto Geoparques – CPRM ... 54

CAPÍTULO 4 – CARACTERIZAÇÃO DA GEODIVERSIDADE DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI ... 55

4.1. Introdução ... 55

4.2. Materiais geológicos ... 56

4.2.1. Metaquartzo-arenito ... 58

4.2.2. Metaconglomerado ... 60

4.2.3. Metapelito ... 62

4.2.4. Milonito ... 63

4.2.5. Rocha metamáfica ... 63

4.3. Características estruturais ... 64

4.3.1. Acamamento ... 64

4.3.2. Mesodobras ... 64

4.3.3. Foliações ... 66

4.3.4. Estrutura de boudinage ... 66

4.3.5. Veio de quartzo ... 66

4.3.6. Sistema de fraturas ... 69

(14)

xiii

4.4.1.2- Blocos oscilantes ... 72

4.4.2- Erosão alveolar ... 73

4.4.3- Erosão no solo ... 73

4.4.4- Erosão fluvial ... 75

4.4.5- Erosão pela água subterrânea ... 76

4.4.6- Ação das plantas e organismos nas rochas ... 77

4.5- Movimentos gravitacionais ... 78

4.6- Depósitos superficiais ... 79

CAPÍTULO 5- CARACTERIZAÇÃO DE LUGARES DE INTERESSE GEOLÓGICO E TRILHAS GEOTURÍSTICAS NO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI – OURO PRETO E MARIANA, MINAS GERAIS ... 81

5.1- Resumo ... 81

5.2- Abstract ... 81

5.3- Introdução ... 82

5.4- Localização da área de estudo ... 83

5.5- Contexto geológico ... 83

5.6- Metodologia ... 86

5.7- Distribuição dos percursos e distribuição de LIGs ... 86

5.7.1- Trilha do Manso ... 86

5.7.2- Trilha do Calaes ... 87

5.7.3- Trilha do Pico ... 87

5.7.4- Trilha do Sertão ... 87

5.7.5- Trilha da Serrinha ... 87

5.7.6- LIGs não situados em trilhas ... 90

5.8- Classificação de LIGs ... 90

5.8.1- Tipologia ... 90

5.8.2- Utilização ... 92

5.8.3- Interesse ... 92

5.9- Discussões e conclusões ... 93

6- DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 95

6.1-O inventário de lugares de interesse geológicos ... 95

6.1.1- Confecção da ficha de caracterização dos LIGs do PEIT ... 95

(15)

xiv

6.3- Geoturismo e o plano de manejo ... 99

6.3.1- LIGs em zona de uso primitivo ... 100

6.3.2- LIGs em zona de uso intensivo ... 100

6.3.3- LIGs em zona de uso extensivo ... 112

6.3.4- LIGs em zona de recuperação ... 112

6.3.5- LIGs em zona de amortecimento ... 113

6.3.6- LIGs em zona de uso conflitante ... 114

6.4- A inserção do PEIT no Geopark Quadrilátero Ferrífero ... 114

6.5- A importância do PEIT no ensino e divulgação das geociências ... 115

6.5.1- O problema da linguagem específica ... 116

6.6- O geoturismo como instrumento da geoconservação no PEIT ... 116

6.7- Fragilidade e vulnerabilidade dos LIGs ... 117

6.8- Geoprodutos e oportunidades de desenvolvimento sustentável no PEIT ... 118

7- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ... 121

7.1- Conclusões ... 121

7.2- Recomendações ... 122

7.2.1- Ao Parque Estadual do Itacolomi ... 122

7.2.2- Ao Geopark Quadrilátero Ferrífero ... 123

REFERÊNCIAS ... 125

APÊNDICE 1- MAPA GEOLÓGICO DA ÁREA DE ESTUDO... 129

APÊNDICE 2- INVENTÁRIO DE LUGARES DE INTERESSE GEOLÓGICOS DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI ... 133

ANEXO 1- DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS À MEMÓRIA DA TERRA ... 185

ANEXO 2- FICHA DE INVENTARIAÇÃO ADAPTADA AO CONCELHO DE AROUCA (Rocha 2008) ... 187

ANEXO 3- FICHAS DE CARACTERIZAÇÃO DOS GEOSSÍTIOS DO PARQUE NACIONAL DO DOURO INTERNACIONAL (Rodrigues 2008) ... 195

(16)

xv CAPÍTULO 1

Figura 1.1- Mapa de localização do Parque Estadual do Itacolomi... 24

Figura 1.2- Articulação das ortofotos em escala 1/10.000 em relação às Folhas Ouro Preto e Mariana, em escala 1/50.000 do IBGE, com destaque para a área do PEIT... 27

CAPÍTULO 2 Figura 2.1- Hidrografia e uso turístico atual do PEIT... 39

Figura 2.2- Zoneamento com destaque para a região da fazenda do Manso... 39

Figura 2.3- Enquadramento geológico da área de estudo: mapa geológico da porção sudeste da faixa de dobramentos Araçuaí... 40

CAPÍTULO 3 Figura 3.1- Distribuição dos geossítios propostos ao território brasileiro pela Sigep ... 52

Figura 3.2- Placas do projeto Caminhos Geológicos (DRM/RJ)... 53

Figura 3.3- Potenciais geoparques brasileiros, segundo a CPRM... 54

CAPÍTULO 4 Figura 4.1- Mapa altimétrico do Parque Estadual do Itacolomi, ilustrando a divisão da área em quatro setores morfotectônicos... 56

Figura 4.2- Paisagens dos quatro setores morfotectônicos... 57

Figura 4.3- Mapa geológico do Parque Estadual do Itacolomi, com trilhas e divisão de setores morfotectônicos ... 59

Figura 4.4- Metaquartzo-arenitos do setor C ... 60

Figura 4.5- Principais LIGs de interesse estratigráfico, apresentando estratificações cruzadas ... 61

Figura 4.6- Estratificações cruzadas em metaquartzo-arenitos da Pedra do Sal ... 61

Figura 4.7- Metaconglomerados... 62

Figura 4.8- Filitos da trilha da Serrinha... 63

Figura 4.9- Estereograma de pólos elaborado a partir de dados de acamamento levantados ... 65

Figura 4.10- Dobras em escala de afloramento vistas no setor C ... 65

Figura 4.11- Estereograma de pares de atitudes de flancos de mesodobras e eixo de dobramento em metaquartzo-arenitos do setor D... 65

Figura 4.12- Estereograma de pólos da foliação principal (S1) ... 66

Figura 4.13- Estruturas de boudinage localizadas na Fenda dos Boudins ... 67

Figura 4.14- Mirerais associados com o preeenchimento de veios de quartzo ... 68

Figura 4.15- Estilos de veios de quartzo do PEIT... 68

Figura 4.16- Esquema ilustrativo dos veios tabulares do LIG 30 ... 69

(17)

xvi

Figura 4.18- Traços de fraturas identificadas no PEIT através de ortofotos e sua representação

em diagrama de rosáceas ... 70

Figura 4.19- Fraturas ... 71

Figura 4.20- Afloramento ruiniforme... 71

Figura 4.21- Alterações na morfologia das rochas ocasionadas pela água pluvial ... 72

Figura 4.22- Blocos oscilantes ou suspensos... 73

Figura 4.23- Erosão alveolar nos metaquartzo-arenitos ... 74

Figura 4.24- Erosão no solo ... 75

Figura 4.25- Demoiselles e escamas ... 75

Figura 4.26- Principais rios do PEIT situados sobre metaquartzo-arenitos ... 76

Figura 4.27- Características dos rios ... 76

Figura 4.28- Feições resultantes de processos erosivos no leito dos rios ... 77

Figura 4.29- Dolinas ... 78

Figura 4.30- Espeleotemas ... 78

Figura 4.31- Ação biológica nas rochas ... 79

Figura 4.32- Movimentos gravitacionais ... 80

Figura 4.33- Depósitos superficiais ... 80

CAPÍTULO 5 Figura 5.1- Localização do Parque Estadual do Itacolomi... 84

Figura 5.2- Mapa geológico do Parque Estadual do Itacolomi... 85

Figura 5.3- Distribuição de LIGs pelas estradas e trilhas do PEIT... 89

Figura 5.4- Gráfico de distribuição dos LIGs por classificação... 91

Figura 5.5- Lugares de interesse geológicos do PEIT por tipologia... 93

CAPÍTULO 6 Figura 6.1- Ficha de inventariação do patrimônio geológico do PEIT ... 97

Figura 6.2- LIGs não integrados nas trilhas geoturísticas... 99

Figura 6.3- Perfil topográfico da trilha do Manso... 101

Figura 6.4- Perfil topográfico da trilha do Calaes... 103

Figura 6.5- Perfil topográfico da trilha do Pico... 105

Figura 6.6- Perfil topográfico da trilha do Sertão... 107

Figura 6.7- Perfil topográfico da trilha da Serrinha... 109

Figura 6.8- Gráfico de distribuição dos 50 LIGs pelas zonas de uso do PEIT... 111

Figura 6.9- Distribuição dos LIGs pelas zonas de uso do PEIT... 111

Figura 6.10- Placa de sinalização interpretativa no mirante do Custódio ... 112

(18)

xvii

Tabela 2.1- A biodiversidade do Parque Estadual do Itacolomi ... 32

Quadro 3.1- Diferenças entre patrimônio geológico móvel e imóvel ... 46

Tabela 5.1- Listagem e classificação do LIG quanto à utilização, tipologia e interesse ... 88

(19)
(20)

xix

A preservação do patrimônio geológico e sua divulgação através do turismo são assuntos ainda recentes e encontram-se inseridos em uma nova ramificação das geociências denominada por geoconservação. O conjunto do patrimônio geológico de uma região constitui sua geodiversidade, termo que denomina a variedade de elementos abióticos da natureza. O Parque Estadual do Itacolomi (PEIT) é uma unidade de conservação de proteção integral criada em 1967, tendo como principal fundamento os elementos abióticos inseridos em seu meio. Apesar disso, seu patrimônio geológico é ainda muito pouco conhecido e, portanto, pouco considerado em políticas de manejo e programas de uso público atuais.

O PEIT está localizado nos municípios de Ouro Preto e Mariana, região centro-sul do Estado de Minas Gerais, e a sudeste do Quadrilátero Ferrífero, importante província mineral brasileira conhecida internacionalmente pelo seu potencial metalogenético. Por sua importância geológica, em 2011 foi criado o geoparque homônimo envolvendo toda a região do Quadrilátero Ferrífero.

O arcabouço estratigráfico do PEIT é constituído por rochas metassedimentares clásticas dos Supergrupos Rio das Velhas, Minas e do Grupo Itacolomi, este último o que ocorre em maior proporção territorial dentro de seus limites. Há também intrusões de rochas metabásicas locais, e depósitos elúvio-coluvionares representados pela canga. Apesar dos processos de deformação tectônica que incidiram na região, no PEIT as estruturas primárias como o acamamento e estratificação mostram-se preservadas. Aliada às estruturas secundárias como dobras, fraturas, falhas e estruturas de boudinage, elas controlam o desenvolvimento de feições geomorfológicas de enorme beleza paisagística.

O objetivo deste trabalho foi reconhecer e descrever as feições geológicas localizadas ao longo de trajetos do PEIT, possibilitando sua valorização e divulgação através do geoturismo. Para a descrição da geodiversidade, o PEIT foi dividido em quatro setores morfotectônicos delimitados por traços de falha de cavalgamento (A, B, C e D); os setores C e D revelam maior potencialidade ao geoturismo, visto que neles se encontram as estruturas mais representativas.

(21)

xx

conteúdo multidisciplinar das trilhas nas quais estão distribuídos os LIGs, demonstrando uma potencialidade geoturística voltada para públicos heterogêneos e com interesses distintos de visitação.

(22)

xxi

The preservation of geological heritage and its promotion through tourism are still fresh issue and are inserted into a new ramification of geoscience called geoconservation. The group of geological heritage of a region is its geodiversity, a term that means the variety of abiotic elements of nature. The Itacolomi State Park (PEIT) is a protected area established in 1967 due to geological features inserted into their environment. Nevertheless, its geological heritage is not very well known and therefore rarely considered in management policies and programs for public use nowadays.

The Itacolomi State Park is located in the cities of Ouro Preto and Mariana, at central-south region of Minas Gerais, and southeastern of Quadrilátero Ferrífero, an important mineral province in Brazil, internationally known by its metallogenic potential. Due to its geological importance, in 2011 was created the eponymous geopark involving the whole region of the Quadrilátero Ferrífero.

The PEIT stratigraphic framework comprises clastic metasedimentary rocks from Rio das Velhas and Minas Supergroups, Sabará and Itacolomi Groups. The Itacolomi Group occurs in greatest proportion within its territorial limits. There are also intrusions of metabasic rocks and “canga”. Although the processes of tectonic deformation in that region, on PEIT the primary structures such as bedding and stratification seems to be preserved. The primary structures combined with secondary structures such as folds, fractures, faults and boudinage structures control the development of beautiful geomorphological features.

The objective of this study was to recognize and describe the geological features located along the paths of PEIT, enabling their exploitation and dissemination through geotourism. The description of the PEIT geodiversity was divided into four sectors morphotectonic delimited by thrust fault lines (A, B, C and D); the sectors C and D have a higher potential to geotourism, since that is where the most representative structures are found.

(23)

xxii

(24)

23

INTRODUÇÃO

1.1 - APRESENTAÇÃO

A preservação e a valorização do patrimônio geológico através de sua disponibilização ao turismo é um assunto ainda novo, mas que vem ganhando força e se evidenciado como uma nova tendência por diversos países. As discussões sobre o tema sugerem que é a transformação de feições geológicas em atrativos turísticos promovendo ações de interpretação ambiental é uma importante forma de assegurar sua conservação. A essa atividade dá-se o nome de geoturismo.

Apesar do termo geoturismo designar uma atividade ainda nova, no Brasil alguns avanços já foram estabelecidos, dentre eles a criação do primeiro geoparque nacional baseado nos critérios internacionais da UNESCO: o Geopark Araripe, no Ceará, criado em 2006. Na concepção de um geoparque, o geoturismo é apontado como uma atividade extremamente importante para a promoção e proteção de seu patrimônio geológico, devendo ser amplamente difundido e valorizado (Nascimento et al. 2007).

Regionalmente, no ano de 2007, tiveram início as primeiras ações sobre a criação do primeiro geoparque de Minas Gerais: o Geopark Quadrilátero Ferrífero (Ruchkys 2007). Nele foram identificados locais que ilustram a história geoecológica do Quadrilátero Ferrífero, denominados por geossítios. Por definição, um geossítio é um local bem delimitado onde ocorre um ou mais elementos da geodiversidade com valor singular sob ponto de vista científico, cultural, pedagógico, turístico ou outros (Brilha 2005). Dentre os geossítios do Geopark Quadrilátero Ferrífero destaca-se o pico do Itacolomi, afloramento rochoso símbolo do Parque Estadual do Itacolomi (PEIT).

Todavia, não somente o pico do Itacolomi, mas sim toda a região do PEIT compreende uma grande diversidade em elementos geológicos. Dentro de seus limites, encontram-se afloramentos rochosos, feições geomorfológicas e estruturas geológicas, como veios, dobras e fraturas, que podem ser utilizadas para o entendimento da gênese da área, tornando o PEIT propício ao desenvolvimento do geoturismo.

(25)

Ostanello M.C.P. 2012. Patrimônio geológico do Parque Estadual do Itacolomi (Quadrilátero Ferrífero, MG)...

24

1.2 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O Parque Estadual do Itacolomi é uma unidade de conservação de proteção integral e propriedade estadual situada nos municípios de Ouro Preto e Mariana, região centro-sul do estado de Minas Gerais. Sua área abrange 7.543 hectares e seu acesso se dá através da portaria principal localizada na BR-356, a 101 km de distância de Belo Horizonte, capital do Estado (figura 1.1).

Figura 1.1- Mapa de localização do Parque Estadual do Itacolomi (modificado de IBGE).

1.3 - IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVA

Atualmente, a realidade encontrada nas áreas naturais protegidas do Brasil é uma valorização e divulgação muito maior dos elementos bióticos do que os abióticos, mesmo sendo a geodiversidade base para a biodiversidade (Moreira 2008, Pereira 2008). No PEIT, a situação não é diferente. Nele existem diversas feições geológicas propícias à realização de atividades de turismo, interpretação e educação ambiental, porém as ações do parque estão focadas na biodiversidade e no lazer.

(26)

25

Uma constatação é que o patrimônio geológico do PEIT ainda é pouco conhecido, o que dificulta o estabelecimento de ações de valorização. Uma grande preocupação acerca do desconhecimento de sua importância é frequentemente observada em depredações nas rochas (entalhes, pichações, quebra ou remoção), consequências maléficas de um turismo desordenado. Outro problema diz respeito aos limites do PEIT que se encontram muito próximos a bairros que vem crescendo rapidamente e, partindo dessas comunidades, surgem diversas rotas de acesso à região do pico do Itacolomi, Serrinha e do Sertão, justamente as regiões mais ricas em feições e estruturas geológicas.

O reconhecimento de seu patrimônio geológico e sua disponibilização em trilhas de geoturismo pode subsidiar uma visitação diferenciada no PEIT. Com os elementos abióticos integrados nas políticas de uso público, as ações de interpretativas e de educação ambiental passam a ser mais efetivas e o ambiente natural como um todo, mais valorizado.

1.4 - OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é identificar elementos geológicos que possam ser utilizados como atrativos geoturísticos do PEIT e disponibilizá-los ao turismo através de trilhas interpretativas. Os objetivos especificos consistem em:

 Georreferenciar percursos passíveis de tornarem-se rotas de geoturismo;  Reconhecer elementos componentes da geodiversidade local;

 Inventariar lugares de interesse geológicos (LIGs), ou seja, locais que possam ilustrar a história geológica do PEIT;

 Realizar um inventário de LIGs, organizando de forma sistemática as informações de cada um deles em fichas de caracterização;

 Caracterizar as trilhas de geoturismo;

 Confeccionar mapas temáticos de apoio ao geoturismo.

1.5 - MATERIAIS E MÉTODOS

1.5.1

Compilação bibliográfica

(27)

Ostanello M.C.P. 2012. Patrimônio geológico do Parque Estadual do Itacolomi (Quadrilátero Ferrífero, MG)...

26

A pesquisa bibliográfica teve também como foco a composição um acervo sobre o

“quadrinômio” geoturismo, geconservação, geodiversidade e geoparque, para extração de conceitos e informações relativas aos principais projetos e iniciativas nacionais e internacionais desenvolvidos sobre a temática.

Para a confecção de uma ficha de caracterização para descrição dos LIGs , foram consultadas informações referentes a métodos de inventariação do patrimônio geológico realizados em áreas naturais, dentre os quais se destacam os trabalhos de Duque & Elízaga (1982), Duque et al. (1983),

Carcavilla et. al (2007), Rocha (2008), Rodrigues (2008) e Fuertes-Gutiérrez & Fernández-Martinez

(2010), dentre outros.

1.5.2 - Confecção da base cartográfica

Os materiais cartográficos utilizados neste trabalho foram:

 Imagem IKONOS II – 2002 e 2003;

 Mapa do zoneamento do PEIT disponível em seu plano de manejo (IEF 2007);

 Imagem Aster GDEM (Global Digital Elevation Model), obtidas no site

http://www.gdem.aster.ersdac.or.jp;

 Folhas vetorizadas (.dgn) de Ouro Preto (SF-23-X-A-III-4) e Mariana (SF-23-X-B-I-3) em escala 1:50.000 do IBGE;

 Ortofotos da CEMIG (1986) em escala 1:10.000, dos municípios de Ouro Preto (12-16, 42-12-20 e 42-12-24) e Mariana (43-07-13, 43-07-14, 43-07-17, 43-07-18, 43-07-21 e 43-07-22);  Mapa geológico digital do Quadrilátero Ferrífero da CODEMIG (Lobato et al. 2005);

 Mapa geológico da região do pico do Itacolomi desenvolvido por Ferreira & Lazarin (1993); Todos foram inseridos em uma base cartográfica desenvolvida no software Arcgis®,

criando-se planos de informações (shapefiles) com dados referentes a litologia, drenagens, relevo, vegetação,

elementos geomorfológicos e estruturais, acessos, trilhas, zoneamento e pontos de apoio ao turismo da unidade de conservação. A partir desses planos foram gerados mapas para subsidiar os de campo em escala 1/5.000.

1.5.3 - Georreferenciamento de percursos

(28)

27

Figura 1.2- Articulação das ortofotos em escala 1/10.000 (CEMIG 1986) em relação às folhas Ouro Preto e Mariana do IBGE, em escala 1/50.000, com destaque para os limites do PEIT e delimitação da área dos mapas confeccionados neste trabalho.

Define-se percurso como um trajeto que se desenvolve do início da atividade turística até o seu término, podendo o início e o término ser ou não no mesmo local (ABNT NBR 2008). No PEIT há dois tipos de percursos: estradas, onde o trajeto pode ser feito por meio de algum tipo veículo de passeio, e as trilhas, que são vias estreitas, não pavimentadas e intransitáveis por veículos automotores.

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1.5.4 - Inventariação dos lugares de interesse geológicos (LIGs)

A inventariação de LIGs ocorreu somente nas regiões onde o acesso fosse bem demarcado. Não foram considerados elementos localizados longe de trilhas identificadas, nem a abertura de novos acessos, mantendo desta forma o papel preservacionista da unidade de conservação. Seguindo as recomendações de Brilha (2005), durante esta etapa cada LIG foi georreferenciado, fotografado, descrito e, posteriormente, inserido na base cartográfica confeccionada.

Foram identificados como LIGs os elementos geológicos, paisagens e/ou feições geomorfológicas que se destacassem ao longo das trilhas, e que pudessem despertar a curiosidade e motivar o visitante a interessar-se por informações sobre sua gênese. As informações referentes a cada LIG foram organizadas em um inventário composto por fichas de caracterização individuais adaptadas dos trabalhos de inventariação de Duque & Elízaga (1982), Leynaud (2003), Rodrigues (2008), Rocha (2008) e Cortés & Carcavilla (2009).

1.5.5 - Classificação dos lugares de interesse geológicos (LIGs)

Uma vez realizada a inventariação dos LIGs os mesmo foram classificados de acordo com três categorias principais: a) tipologia, b) utilização potencial e c) interesse dentro de alguma disciplina de geociências, descritas abaixo:

a) Tipologia: são dividos em ponto, área, paisagem ou estação; refere-se às dimensões físicas

do LIG e dos seus aspectos geológicos ou geomorfológicos passíveis de interpretação. A base para adoção dessa classificação são os trabalhos de Fuertes-Martinez & Fernández-Gutierrez (2010) e Rocha (2008).

b) Utilização: dividiu-se em científica, didática e turística; diz respeito ao uso potencial e

motivações à visita ao LIG. Embora sejam comuns em processos de caracterização de LIGs, os conceituação descritas nos trabalho de Brilha (2005) e Letenski et al. (2010) serviram de base para

definição dessa classificação.

c) Interesse: em praticamente todos os trabalhos de inventariação do patrimônio geológico os

(30)

29

1.5.6 - Análise de dados

Durante a inventariação, ao longo das trilhas e nos LIGs, foram coletadas medidas que foram integradas em um banco de dados do projeto e utilizadas para facilitar a posterior tradução dos elementos geológicos. As atitudes levantadas foram representadas por meio de diagramas estratigráficos e estruturais específicos, utilizando para isso os softwares Fabric 8® e Georient®. As

fraturas em escala de mapa foram identificadas através das ortofotos da CEMIG (1986).

A análise altimétrica das trilhas geoturísticas foi realizada através de perfis topográficos construídos através da ferramenta interpoline line do softwareArcgis®, utilizando-se da imagem tin,

gerado a partir do Aster GDEM, com intervalo de cotas de 10 metros.

1.5.7 - Confecção de mapas temáticos

Os dados coletados em campo, inseridos na base cartográfica e analisados, subsidiaram a confecção dos mapas temáticos apresentados ao longo do trabalho. A proposta é que esses mapas possam servir como base para a confecção de um guia de geoturismo da unidade de conservação.

1.6 - ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

A fim de cumprir com seus objetivos, esta dissertação se encontra textualmente organizada em sete capítulos, onde o primeiro é o capítulo introdutório que compreende os objetivos, justificativas, importância e metodologia adotada. No capítulo 2, estão apresentadas as principais características geográficas, turísticas, históricas, geológicas e geomorfológicas do PEIT, seguido pelo capítulo 3, que lista os principais conceitos adotados neste trabalho, essenciais para sua compreensão, bem como as principais iniciativas nacionais e internacionais acerca da interdisciplinaridade entre a geologia e o turismo.

No capítulo 4 encontram-se as informações referentes à geodiversidade identificada no PEIT durante trabalhos de campo, base fundamental para descrição do seu patrimônio geológico. O capítulo 5 aborda os resultados da inventariação dos LIGs, suas classificações, bem como a caracterização das trilhas de geoturismo.

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PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI: CARACTERIZAÇÃO GERAL

2.1- CRIAÇÃO E LIMITES

O PEIT foi criado pela lei estadual 4.495 de 14 de junho de 1967, no mandato do governador Israel Pinheiro. A proposta de criação foi feita por um projeto elaborado pela Associação dos Antigos Alunos da Escola de Minas de Ouro Preto e, dentre seus principais objetivos estava o desenvolvimento do turismo, especialmente sob os aspectos geológicos, científicos e culturais.

Sua área compreende um total de 7.543 hectares situados nas folhas topográficas dos municípios de Ouro Preto e Mariana, entre os paralelos de 20º 22’30” e 20º30’00”, de latitude sul, e os meridianos de 43º 32’30” e de 43º 22’30” de longitude leste. Seus limites foram definidos pela lei de criação, marcados a oeste por uma linha de transmissão de energia da empresa Adythia Birla – Novelis (antiga “Alumínio Minas Gerais S.A. – Aluminas”); a sudoeste e sul pelo córrego dos Prazeres e rio Maynart; a leste e nordeste pelo ribeirão Belchior; a norte pela escarpa quartzítica que corre ao sul do distrito de Passagem de Mariana (município de Mariana) e do rio do Carmo, guardando deste rio uma distância de 1.000 a 1.500 metros.

2.2- CLIMA

O PEIT situa-se em uma área de clima tipicamente tropical onde ocorrem duas estações bem definidas, sendo uma seca, que vai de maio a setembro, e uma chuvosa, de outubro a abril. Nas áreas mais baixas, os verões são quentes e chuvosos, já nas áreas mais altas o verão é mais ameno, com dias quentes e noites muito frias, sendo comuns nevoeiros e a precipitação na forma de sereno (IEF 2007).

2.3- VEGETAÇÃO

A vegetação do PEIT encontra-se entre os limites da Mata Atlântica e do Cerrado, perfazendo uma região de transição entre estes dois domínios, onde são encontradas duas formações vegetacionais: florestas e campos (Messias & Souza 2006). Cada uma delas apresenta variações de acordo com o solo, disponibilidade de água, altitude e relevo.

A floresta é denominada por floresta estacional semidecidual montana (Veloso et al.1991),

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relacionada ao clima da região em que ocorre, com duas estações distintas bem definidas: uma chuvosa e outra seca, onde a vegetação perde suas folhas.

Os campos rupestres ocupam a maior parte do PEIT e possuem características da vegetação de campos quartzíticos e campos ferruginosos, ocorrendo em toda a região com de cotas altimétricas acima de 1.300 metros (Perón 1989). Nestes locais a flora apresenta características muito peculiares aliadas a um alto grau de endemismo, uma vez que ocorre em condições ecológicas muito específicas. Grande parte da vegetação é composta por gramíneas ou arbustos que sobre rochas, ou em solo raso, pedregoso ou arenoso. As espécies de maior porte ocorrem esparsadamente, crescendo entre fendas ou fraturas das rochas (Messias & Souza 2006).

2.4- BIODIVERSIDADE

O PEIT abriga uma rica diversidade biológica, comprovada nos trabalhos realizados por pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto durante a confecção do plano de manejo da unidade de conservação no ano de 2006. Durante as pesquisas foi identificado um total de 1333 espécies, sendo 961 espécies de plantas, 251 aves, 39 mamíferos, 37 anfíbios anuros, 23 espécies entre abelhas e libélulas e 22 espécies de lagartos e serpentes; o estudo não contemplou espécies de peixes nem de mamíferos voadores (tabela 2.1). Deste total, 29 espécies sofrem algum tipo de ameaça de extinção (IEF2007).

Tabela 2.1 – A biodiversidade do Parque Estadual do Itacolomi (IEF 2007).

Espécies Quantidade ameaçadas Espécies endêmicas Espécies

Flora 961 17 11 1

Aves 251 01 -

Mamíferos 39 10 07 2

Anfíbios anuros 37 01 013

Invertebrados terrestres (abelhas e libélulas) 23 - -

Répteis (lagartos e serpentes) 22 - -

TOTAL 1333 29 18

1 Espécies endêmicas do PEIT, da cadeia do Espinhaço e/ou de Minas Gerais 2 Espécies endêmicas da floresta Atlântica

3 Espécie endêmica do PEIT:

Physalemus erythros.

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como a orquídea Habenaria itacolumia, o arbusto Cybianthus itacolomyensis e a perereca Physalemus erythros. Outras espécies são endêmicas da reserva do Espinhaço, da mata Atlântica ou do Estado de

Minas Gerais (IEF2007).

2.5- REDE HIDROGRÁFICA

O PEIT e sua área de amortecimento têm um dos maiores potenciais hídricos do Estado de Minas Gerais, sendo que duas das maiores bacias hidrográficas do país têm parte das nascentes de seus contribuintes na região, a saber: rio das Velhas, contribuinte do Rio São Francisco, e rio Gualaxo do Sul e Ribeirão do Carmo, contribuintes do Rio Doce (IEF 2007).

Grande parte da rede de drenagem do PEIT é controlada pelo amplo sistema de fraturamentos, desenvolvido, sobretudo, em rochas quartzíticas e fazendo com que os rios e córregos que ocorram sobre estes terrenos sejam alinhados segundo suas direções preferenciais. Os principais cursos d’água do PEIT, levando em consideração aspectos geoturísticos, são o ribeirão Belchior, o córrego dos Prazeres e o córrego do Benedito. A rede de drenagens do PEIT pode ser observada na figura 2.1.

O ribeirão Belchior nasce próximo ao pico do Itacolomi, na região central e de maior altitude do PEIT. Trata-se de um rio de boa vazão, leito rochoso e águas claras, com muitas corredeiras, poços e cachoeiras. Seu término ocorre no limite sudeste do PEIT, onde deságua no rio Maynart.

O rio Maynart forma-se através da união dos córregos dos Prazeres e Domingas, no limite sul do PEIT e flui no sentido leste, em direção ao distrito de Santo Antônio do Salto (município de Ouro Preto), onde se une ao ribeirão Belchior, formando o rio Gualaxo do Sul.

O córrego do Benedito nasce nas proximidades do pico do Itacolomi e corre sentido W-E até desaguar no ribeirão Belchior. Em toda sua extensão, as águas fluem sobre metaquartzo-arenitos do Grupo Itacolomi. Trata-se de um rio encaixado, raso e de fluxo sazonal, onde estruturas geomorfológicas formadas por erosão como canyons, cachoeiras e marmitas de dissolução são

frequentes ao longo de todo o percurso.

O córrego dos Prazeres nasce originalmente com o nome de córrego do Manso nos arredores do morro do Cachorro, onde segue raso e cascalhoso até próximo à fazenda do Manso, onde então muda de nome. A partir daí, torna-se encachoeirado por um curto trecho até ser represado formando a represa do Custódio, construída por uma mineradora local para geração de energia elétrica.

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onde a mata ciliar é densa e encontra-se muito bem preservada, o que faz seu acesso praticamente impossibilitado a visitantes.

2.6- IMPORTÂNCIA HISTÓRICA

A região onde hoje está o PEIT possui um papel fundamental na história de fundação da cidade de Villa Rica, atual Ouro Preto. Foi o pico do Itacolomi, formação geológica símbolo local, um dos principais marcos históricos de Minas Gerais, que serviu de referência a bandeirantes que adentraram a região em busca de metais e pedras preciosas no final do século XVII.

Ao longo do tempo a área onde hoje está o PEIT passou por diferentes processos de ocupação e exploração econômica. Dentre elas destacam-se a extração do ouro e ferro, a lavoura de subsistência, criação de gado, plantação de eucaplipto e a cultura de chá. Elementos dessa ocupação podem ser encontrados nos monumentos históricos e arquitetônicos ainda existentes no local, que foram transformados em atrativos histórico-culturais, como a casa Bandeirista, a capela de São José e o Museu do Chá.

A casa Bandeirista foi primeiro prédio público erguido em Minas Gerais, construído entre os anos de 1706 e 1708 pelo 2º guarda-mor Domingos da Silva Bueno para cobrança de quintos, vigilância e defesa do acesso às minas de ouro de Ouro Preto (Oliveira 1986 apud Marinho et al.

1994). Era a casa principal da fazenda da Vargem da Olaria, como era nomeada na época.

Em 1772, a fazenda foi arrematada pelo sargento-mor Manoel Manso da Costa Reis, e a partir daí passou a ser conhecida como fazenda do Manso. Nesta época também funcionou no local a Olaria Roque Pinto, que fabricava telhas e tijolos para edifícios da cidade de Ouro Preto; há também evidências de uma fábrica de ferro no interior da fazenda (Marinho et al. 1994).

Em 1932, a fazenda foi arrematada por José Salles de Andrade que estabeleceu o cultivo do chá da Índia na fazenda. A produção era exportada para países europeus sob o nome de Edelweiss até seu declínio em meados do século XX. Diversos pés de chá ainda podem ser encontrados pela região da fazenda do Manso. Nesta época foi construída a capela de São José, a pedido dos trabalhadores da plantação, que temiam por assombrações no local. As estruturas físicas hoje servem para abrigar o museu do Chá, sendo que o maquinário utilizado para o cultivo compõe seu acervo museológico.

Em 1973, houve um grande desmate na região sul do PEIT para plantio de eucalipto pela Cia Paulista de Ferros Ligas em acordo com a Alcan (Marinho et al. 1994). Em 1974 a fazenda do Manso

(36)

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de animais para subsistância, uma pocilga para criação de porcos e represas para criação de peixes. As represas ainda existem e são utilizadas como atrativo turístico, sendo denominadas como lagoas da Curva e da Capela.

Mesmo com a criação do PEIT em 1967, as atividades econômicas dentro de seus limites não cessaram totalmente. Isso se deve ao fato de que, mesmo com o terreno demarcado por lei, não houve recursos para ressarcimento de terras devolutas encontradas dentro de seus limites (Marinho et al.

1994).

2.7- O USO TURÍSTICO ATUAL

Antes mesmo de sua criação, a serra do Itacolomi já era palco de inúmeras excursões realizadas tanto por viajantes naturalistas dentre os séculos XVII e XIX como Spix, Mawe, Von Martius, Saint Hilarie e Richard Burton. Além disso, estudantes da Escola de Minas de da Sociedade Excursionista e Espeleológica de Ouro Preto realizavam excursões e pesquisas frequentes no local.

O uso turístico no PEIT sob administração do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF/MG) foi iniciado apenas no ano de 2004, em uma pequena área restrita à porção oeste, conhecida como fazenda do Manso. Situada a uma distânca de 5 km da portaria, aí estão localizados o centro de visitantes, trilhas interpretativas e demais estruturas de apoio ao turismo, como área de camping,

restaurante e vestiários.

As antigas construções existentes na fazenda do Manso foram transformadas em pontos turísticos, fazendo o PEIT rico em atrativos histórico-culturais. Os principais são a casa Bandeirista, que abriga uma exposição sobre os viajantes naturalistas que passaram pela região; o museu do Chá, com uma mostra sobre a história econômica da fazenda do Manso em meados do século XX, o centro de vistantes, com exposições sobre a unidade de conservação e a capela de São José. A localização e as imagens desses atrativos turisticos são demonstradas na figura 2.1.

Como instrumentos para a educação ambiental e o turismo ecológico, existem três trilhas interpretativas focadas na biodiversidade: trilha da Lagoa, da Capela e do Forno. Há também a trilha para o pico do Itacolomi que começou a ser comercializada pelo PEIT em 2008, designada de trilha do Manso. Trata-se de um atrativo pago, onde há a obrigatoriedade do acompanhamento por monitores do PEIT.

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ouropretana e marianense. Os visitantes que adentram o PEIT através deste acesso, entretanto, configuram um tipo de turismo ilegal à unidade de conservação, pois sem a supervisão do IEF não há controle do número de pessoas que o utilizam. A trilha, por ser amplamente utilizada, enfrenta problemas de desgaste e depredação.

2.8- ZONEAMENTO

Constitui um instrumento de ordenamento territorial, estabelecendo usos diferenciados para cada zona, obtendo maior proteção visto que cada local será manejada seguindo-se normas pré-estabelecidas (Brasil 2000). O zoneamento do PEIT foi desenvolvido no ano de 2007 em seu plano de manejo, onde foram propostas as seguintes zonas de uso: primitiva, intensiva, extensiva, especial, recuperação, conflitante, histórico-cultural e área de amortecimento. A distribuição de cada zona encontra-se na figura 2.2.

A zona primitiva ocupa toda a região central e compreende áreas onde a intervenção antrópica é baixa ou nula, o que faz com que haja espécies preservadas de flora, fauna ou outros fenômenos de grande valor científico preservados. A pesquisa e a educação ambiental são atividades prioritárias nessa zona, sendo admitidas, entretanto, formas primitivas de recreação, que se caracterizam pela ausência de infraestrutura e equipamentos de apoio, pelo controle de número de visitantes e, principalmente, pela obrigatoriedade de acompanhamento dos grupos por monitores ambientais.

A zona de recuperação ocupa toda a região norte e centro-sul do PEIT e compreendem os locais que sofreram interferência humana direta e hoje estão em recuperação biológica. Ao norte, compreende áreas que sofrem constantemente com queimadas provocadas por comunidades vizinhas da unidade de conservação; a centro-sul compreende uma região onde antigamente havia uma plantação de eucalipto. Trata-se, portanto, de uma área de transição, ou seja, assim que a área for recuperada, ela passa a englobar outras áreas do zoneamento. O uso turístico é proibido, porém é admitida ações de educação ambiental, prioritariamente com as comunidades do entorno.

A zona de uso extensivo ocupa é constituída por áreas naturais, mas que podem apresentar algumas alterações humanas. São permitidas ações de lazer, educação ambiental e turismo, todos pautados na visita conciente e em atividades recreativas que tenham como objetivo a manutenção de um ambiente natural com mínimo impacto humano.

(38)

20 23' 15"

o

o 43 23' 45"o

20 28' 30"

o 1 2 3 4 5 Represa do Custódio Córrego Domingas Ribeirão Belchior BR-356 Rio Mainart Benedito Córrego do Belchior Ribeirão Prazeres Córrego dos

Ouro Preto

Passagem

de Mariana Mariana

Córrego da

Brenha

Prazeres

Córrego dos

Córrego

Bancado Rego Ribeirão do Funil do Manso Córrego BR-356 Sertão Serrinha Pico do Itacolomi Fazenda do Manso

Figura 2.1- Mapa hidrográfico

Km Fotografias: * arquivo PEIT / ** Foto: Vinícius Terror 11 7 8 9 10 6 12 Ribeirão Belchior a b c 1 Portaria

Área de camping

Restaurante

Casa Bandeirista

Alojamento

Capela de São José

Centro de visitantes

Museu do Chá

Lagoa da Capela

Morro do Cachorro

Represa do Custódio

Pico do Itacolomi

2 3 7 6 5 8 9 4 10 11 12 Infra-estrutura turística a b c Trilhas interpretativas: Trilha do Forno

Trilha da Lagoa

Trilha da Capela PEIT Hidrografia Represa Estrada não-pavimentada Rodovia federal Malha urbana

Regiões do PEIT

Imagens

Base cartográfica: Aster GDEM (2009)

Folha Ouro Preto e Mariana do IBGE (1999) Imagem Ikonos (2002)

o

48 42o o 16

o 20 metros

Coordenada UTM Datum South America 69 zona 23k

Localização da área de estudo no Estado de Minas Gerais Trilha Trilha Calaes do Manso do Portaria 1

Centro de visitantes

7

Área de camping *

22

Capela de São José **

6 8 Museu do Chá

Restaurante e estacionamento *

3

Alojamento *

5

Casa Bandeirista *

4

Trilha da Lagoa **

b

Lagoa da Capela *

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Contribuições às Ciências da Terra - Série M, vol. 69, 204p.

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A zona de uso intensivo engloba áreas onde o uso público é bastante intenso. Seu objetivo é disseminar a recreação intensiva e a educação ambiental em contato com a natureza, envolvendo áreas naturais ou construídas como o centro de visitantes, restaurante, área de camping, museus, sanitários, dentre outros.

A zona de uso especial constitui-se por áreas destinadas a sedes administrativas, de manutenção e serviços da unidade de conservação, abrangendo habitações, oficinas e outros, que não comportam visitação, admitindo-se somente a presença de funcionários.

A zona histórico-cultural é nessa região onde estão localizadas antigas edificações que foram transformadas em museus, como o museu do Chá, a casa Bandeirista. Devem ser preservadas e podem servir à pesquisa científica, educação e turismo cultural.

Figura 2.2- Zoneamento do PEIT, com destaque para a região da fazenda do Manso (IEF 2007).

2.9- ASPECTOS GEOLÓGICOS

(40)

40

Em relação a aspectos geotectônicos, o PEIT está inserido no contexto geológico da Faixa Araçuaí, definida por Almeida (1977). Esta compreende uma espessa sequência metassedimentar que compõe um cinturão de dobramentos e falhas de cavalgamento com vergência para oeste, facilmente identificado em mapas geológicos. A cadeia orogenética foi soerguida paralelamente à margem sudeste do Cráton do São Francisco durante a Orogênese Brasiliana, entre 450 a 640 Ma atrás (figura 2.3).

Figura 2.3- Enquadramento geológico da área de estudo: mapa geológico da porção sudeste da faixa de dobramentos Araçuaí, com destaque para a área do estudo (modificado de Peres et al. 2004).

2.10- SEQUÊNCIA ESTRATIGRAFICA

Ocorrem na área do PEIT quatro unidades litoestratigráficas principais: Grupos Nova Lima e Maquiné do Supergrupo Rio das Velhas, Grupo Piracicaba (parte posterior do Supergrupo Minas), Grupo Sabará e Grupo Itacolomi.

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Contribuições às Ciências da Terra - Série M, vol. 69, 204p.

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compõe de três grupos, sendo o mais velho denominado Maquiné, o intermediário de Nova Lima e o mais novo de Quebra-Osso (Schorscher 1979). As rochas do Grupo Nova Lima apresentam idades entre 2772 a 2780 Ma (Machado et al. 1996). No PEIT, o Supergrupo Rio das Velhas ocupa a região

extremo leste, sendo representado pelos Grupos Nova Lima e Maquiné. De acordo com Dorr II (1957) o Grupo Nova Lima é caracterizado por clorita xisto, quartzo-biotita-xisto, quartzito, quartzito ferruginoso e formações ferríferas. Já o Grupo Maquiné é composto de filitos, quartzitos sericíticos, sericita xistos e metaconglomerados.

O Supergrupo Minas é a unidade sobreposta ao Supergrupo Rio das Velhas, constituido pelos Grupos Caraça, Itabira e Piracicaba. O Grupo Caraça é composto pelas formações Moeda e Batatal, o Grupo Itabira, pelas formações Cauê e Gandarela, e o Grupo Piracicaba, pelas formações Cercadinho, Fecho do Funil, Barreiro e Taboões. O Supergrupo Minas aflora apenas na borda oeste do PEIT, representado somente pela Formação Cercadinho pertencente ao Grupo Piracicaba. Pomerene (1958) descreve sua litologia como quartzito ferruginoso, quartzito, metaconglomerado e filito. A idade de sedimentação do Supergrupo Minas foi posicionada por Renger et al. (1994) entre 2580 e 2050 Ma.

O Grupo Sabará é constituído por clorita xisto, metaquartzo-arenito ferruginoso e formação ferrífera (Gair 1958). Estudos geocronológicos conduzidos por Noce (1995) demonstraram uma ampla distribuição de idades para o Grupo Sabará, variando de 3,1 a 2,1 Ga, indicando que ele incorporou sedimentos provenientes de várias épocas. No PEIT, constitui a segunda unidade rochosa em extensão territorial, bordejando seus limites a sul e a oeste e intercalando-se tectonicamente às rochas do Grupo Itacolomi na região central.

Uma revisão litoestratigráfica foi proposta por Almeida et al. (2005) para o Grupo Sabará na

região de Ouro Preto, dividindo-o em duas formações: uma inferior denominada Saramenha, correspondente à antiga Formação Sabará descrita por Gair (1958) e que ocorre na área do PEIT; e uma formação superior, denominada Estrada Real, representada por metarenitos, metaconglomerados, metadiamictitos e lentes de formações ferríferas que afloram na região de Chapada-Lavras Novas, a sul da cidade de Ouro Preto.

O Grupo Itacolomi ocorre restritamente nas porções sul e sudeste do Quadrilátero Ferrífero. Constitui-se por metaquartzo-arenito com camadas de metapelitos, metaquartzo-arenito seixosos, metaconglomerados com seixos de quartzo, metaquartzo-arenito e itabirito (Barbosa 1958). A idade máxima do Grupo Itacolomi, definida por Machado et al. (1993), é de 2180 Ma. No PEIT constitui a

unidade litológica de maior expressão em área, ocupando a região central e norte.

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42

Barbosa (1959) a formação do Grupo Itacolomi se iniciou quando o Grupo Sabará já havia experimentado deformação e metamorfismo, sendo produto da erosão ocorrente em todas as formações pré-cambrianas existentes no Quadrilátero Ferrífero.

Em regiões esparsas da fazenda do Manso e proximidades, a canga nodular aparece em pontos cobrindo rochas metapeliticas dos grupos Piracicaba e Sabará. Há também na região noroeste do PEIT um dique de rocha básica com direção NW-SE que ocorre cortando as rochas do Grupo Itacolomi. De litologia bastante alterada, há no local uma depressão preenchida por vegetação (Nalini et al. 2006).

2.11- ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS

O desenvolvimento geomorfológico do PEIT foi condicionado por diversos fatores, como a diferença de resistência à erosão de suas rochas, a estruturação resultante dos ciclos deformacionais, a forte ação intempérica, e outros, os quais estão relacionados à complexa história de movimentos epirogenéticos do Quadrilátero Ferrífero (Ferreira Filho & Lazarin 1993).

Nalini et al. (2006) propõem três compartimentos geomorfológicos ao PEIT, sendo os dois

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CAPÍTULO 3:

A SINERGIA ENTRE GEOLOGIA E TURISMO:

O ESTADO DA ARTE DO CONHECIMENTO

3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A proteção a elementos geológicos figura-se como uma nova área incorporada às geociências, sendo denominada por geoconservação. Considerada uma ramificação preservacionista da geologia, seu surgimento foi impulsionado pela atual sociedade que cada dia está mais consciente da necessidade de conservação e proteção do meio ambiente (Carcavilla et al. 2007).

Dentro da geoconservação são encontrados os termos geodiversidade, patrimônio geológico e geoturismo, conceitos intimamente relacionados, visto que o geoturismo é um forte instrumento de divulgação e valorização da geodiversidade de uma região, compreendida pelo conjunto de seu patrimônio geológico.

Todos eles começaram a ser discutidos na sociedade acadêmica há aproximadamente duas décadas atrás. Todavia, no Brasil, ainda constitui uma temática nova e polêmica. O marco inicial das discussões acadêmicas no país aconteceu em 2004, durante o 42º Congresso Brasileiro de Geologia realizado em Araxá/MG. A partir dele, o interesse por estudos científicos e a busca por novas oportunidades na área aumentaram significativamente, sendo a temática abordada em todos os Congressos Brasileiros de Geologia posteriores, e também na maior parte dos eventos relacionados às geociências ocorridos em território nacional.

Apesar do pouco tempo em evidência, o envolvimento de pesquisas em turismo, uma ciência social, aliada às geociências, demonstra que algumas barreiras vêm sendo quebradas nas principais universidades brasileiras, que vem se abrindo para debater o assunto. Diversos programas de extensão ou pós-graduação em geociências estão desenvolvendo atualmente projetos nesse âmbito.

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3.2. BASES CONCEITUAIS

3.2.1- Geoconservação

A primeira discussão em torno da proteção ao patrimônio geológico da Terra ocorreu em 1991, no I Simpósio Internacional sobre a Proteção ao Patrimônio Geológico, ocorrido em Digne-le-Bains, na França. Nele, foi confeccionada a Declaração Internacional dos Direitos à Memória da Terra (anexo 1), documento que, desde então, vem sendo referência aos estudos preservacionistas e de valorização do meio abiótico.

Sharples (2002) conceitua geoconservação como a preservação da diversidade natural de significativos aspectos e processos geológicos (substrato), geomorfológicos (formas de paisagem) e do solo, mantendo a evolução natural (velocidade e intensidade) desses aspectos e processos.

Preservar a geodiversidade é uma tarefa não muito fácil, visto que a sociedade capitalista vigente é extremamente dependente de recursos minerais não renováveis. Entretanto, a geoconservação não preza a proteção e conservação de todo e qualquer elemento geológico, mas somente daqueles que tenham um valor agregado acima da média dos existentes da região. Dessa forma, em um conjunto de lugares de interesse geológicos, priorizam-se ações de conservação aos que apresentarem características adicionais em relação aos outros, como melhores condições de observação, facilidade de acesso, entre outros (Cumbe 2007).

3.2.2- Geodiversidade

O termo geodiversidade foi utilizado pela primeira vez em 1993, durante a Conferência de Malvern sobre Conservação Geológica e Paisagística, no Reino Unido. No evento, geocientistas o utilizaram para descrever a diversidade no âmbito da natureza abiótica, em contraponto ao termo biodiversidade, onde só estão valorizados os aspectos bióticos da natureza (Gray 2004).

A geodiversidade, segundo Stanley (2000), compreeende a variedade de ambientes geológicos, fenômenos e processos ativos que formam as paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para a vida na Terra. O primeiro livro dedicado exclusivamente ao tema foi lançado em 2004, por Murray Gray, professor da Universidade de Londres, intitulado “Geodiversity: valuying and conserving abiotic nature”.

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Contribuições às Ciências da Terra - Série M, vol. 69, 204p.

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bem trabalhado nas políticas de desenvolvimento sustentável, valorização e preservação dos recursos naturais, de forma a protegê-lo como um todo (Cañadas & Flaño 2007).

3.2.3- Geossítio

Também chamados de sítio geológico, são conceituados por Brilha (2005) como a ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade, que afloram como resultado da ação de processos naturais ou devido à intervenção humana. Ainda segundo o autor, os geossítios devem ter limites bem definidos e apresentarem um valor relevante científico, pedagógico, cultural, turístico, dentre outros.

São reconhecidos como geossítios os lugares que configuram registros importantes para a história geológica da região onde se insere, ou mesmo para a origem e evolução da Terra (Winge 1999). A beleza estética e paisagística também pode ser o estímulo para seu reconhecimento como geossítio e necessidade de proteção. É importante que um geossítio tenha acessibilidade facilitada para que sejam realizadas ações interpretativas que demonstrem sua importância à sociedade, valorizando-o e estimulando o geoturismo (Winge 1999).

No Brasil, desde 1997 da Comissão de Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil (SIGEP) vem incentivando a identificação, descrição e catalogação de geossítios no nível do terrítório nacional. Esta iniciativa será melhro descrita no item 3.3.1 deste capítulo.

3.2.4- Lugar de interesse geológico (LIG)

São também denominados pontos de interesse geológicos (PIG), e seu conceito é similar ao geossítio: um local onde afloram ou são visíveis uma ou várias características consideradas de grande importância dentro da história geológica de uma região natural (Arana 2007). Seu conhecimento, inventário, divulgação e proteção são de grande importância, visto que sua degradação é quase sempre irreversível (Cortez & Carcavilla 2009).

Nos bibliografias consultadas verificou-se que os trabalhos desenvolvidos em Portugal utilizam-se com mais frequência do termo “geossítios” para designar os componentes do patrimônio geológico, enquanto nas pesquisas espanholas usa-se “pontos ou lugares de interesse geológicos”.

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3.2.5- Patrimônio geológico

Trata-se do conjunto dos geossítios ou de lugares de interesse geológicos inventariados e caracterizados em uma determinada área, componentes de sua geodiversidade. Alguns autores, dentre eles Cumbe (2007), acreditam que o patrimônio geológico deve ser composto somente por elementos que estiverem in-situ, não sendo considerados, por exemplo, as coleções de minerais, rochas e fósseis

que ocorrem nos museus, pelo fato desses materiais já não se encontrarem no seu contexto geológico natural. Já Valsero (1999) considera classificar o patrimônio geológico como móvel ou imóvel, sendo o imóvel aquele localizado em seu próprio local de origem e o móvel o removido de seu local original e exposto em museus ou coleções. Rocha (2008) usa o termo geo-museossítio para designar os componentes do patrimônio geológico móvel.

Quadro 3.1 – Diferenças entre patrimônio geológico móvel e patrimônio geológico imóvel, segundo Rocha (2008).

Patrimônio geológico imóvel Patrimônio geológico móvel O conjunto de ocorrências geológicas

enquandra-se numa área com limites bem definidos.

O conjunto de ocorrências geológicas pode fazer parte de áreas muito distintas

Enquadradas na área a que pertencem contam parte da história geológica dessa mesma área.

Essas ocorrências contam a história geológica das áreas de onde provem, estas muitas vezes

inacessíveis. Nem sempre existem boas condições de

observação Existem boas condições de observação A vulnerabilidade nem sempre é baixa A vulnerabilidade é sempre baixa

Nem sempre se encontra protegido Encontra-se sempre protegido Nem sempre deve ser divulgado Pode e dever ser divulgado

3.2.6- Geoturismo

O geoturismo figura-se como um dos mais novos segmentos de turismo trabalhados na atualidade. Define, basicamente, a atividade turística onde os principais atrativos compõem-se por elementos geológicos. Seu principal objetivo é valorização da geodiversidade, que frequentemente é deixada de lado em políticas públicas de turismo ou educação ambiental. O inglês Thomas Hose (1995) foi o primeiro a conceituar a atividade como:

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Contribuições às Ciências da Terra - Série M, vol. 69, 204p.

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geomorfologia de um sítio (incluindo sua contribuição para o desenvolvimento das Ciências da Terra) além de mera apreciação estética”.

Cinco anos mais tarde, Hose (2000) amadurece seu próprio conceito, adicionando-lhe a especificação sobre público-alvo e interesse da atividade. Assim, o autor define geoturismo como:

“a provisão de facilidades interpretativas e serviços para promover o valor e os benefícios sociais de lugares e materiais geológicos e geomorfológicos e assegurar sua conservação, para uso de estudantes, turistas e outras pessoas com interesse recreativo ou lazer”.

No Brasil, devido ao grande extensão territoria e diversidade geológica, há uma infinidade de lugares que podem ser utilizados para fins geoturísticos. A maior parte deles e, por consequência, os mais preservados, estão localizados em unidades de conservação da natureza. Entretanto, na maioria dos casos, a criação dessas áreas protegidas não teve como fator determinante a preservação desses elementos, mas sim, a biodiversidade que engloba. Nesses casos os elementos geológicos ou geomorfológicos são deixados de lado nas ações de manejo, figurando apenas como suporte paisagístico.

O foco primordial do geoturismo é valorizar essas áreas desprezadas nas políticas de conservação da natureza, mostrando às pessoas que o praticam sua importância para a história da Terra. Segundo Ruchkys (2007), o geoturismo oferece uma chance de aproximação da sociedade com a geologia, além de ser um novo produto de turismo direcionado a pessoas que anseiam por novos conhecimentos e por atividades que envolvam aprendizado, exploração, descoberta e imaginação.

3.2.6.1- Ecoturismo e geoturismo: semelhanças e diferenças

Devido ao geoturismo ser ainda um conceito novo, alguns debates quanto a sua segmentação ainda divide opiniões de estudiosos. Alguns o consideram uma vertente do ecoturismo, outros, um segmento próprio e desvinculado. Segundo Nascimento et al. (2007) esta divergência está relacionada

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