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MANDADO DE SEGURANÇA

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Belo Horizonte

2016

MANDADO DE

SEGURANÇA

Lei nº 12.016 de 07/08/09

Disciplina o Mandado de Segurança Individual e Coletivo

Roteiro de Estudos

PROF. ANDRÉ LUIZ LOPES

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA

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MANDADO DE SEGURANÇA

I. CONCEITO - É o remédio constitucional cabível para proteger direito líquido e

certo de alguém, pessoa física ou jurídica, violado ou ameaçado, não amparado por

Habeas Corpus ou Habeas Data, por ato ou omissão ilegal ou inconstitucional,

quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

O Mandado de Segurança tem processualidade própria, regulada pela Lei nº

12.016 de 07/08/09 - Lei que disciplina o Mandado de Segurança individual e

coletivo, delineada sua aplicação pelo art. 5º, incisos LXIX e LXX da CF.

II - LEGITIMIDADE ATIVA - Têm legitimidade ativa toda pessoa física, pessoa

jurídica de direito público ou de direito privado, sindicato, partido político, entidade e associação de classe – arts. 01º e 21.

Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer uma delas poderá requerer o Mandado de Segurança – art. 1º, § 3º.

III – NATUREZA PROCESSUAL - É ação civil de rito sumário especial, destinada a

afastar ofensa a direito subjetivo individual ou coletivo, privado ou público, através de ordem corretiva ou impeditiva da ilegalidade. Por ser ação civil, mesmo que o ato impugnado seja administrativo, judicial, civil, penal, policial, militar, eleitoral, esta será sempre processada e julgada como ação civil no juízo competente, daí porque não há que se falar em Mandado de Segurança criminal nem eleitoral.

IV – ATO DE AUTORIDADE PÚBLICA - Ato de Autoridade pública é toda

manifestação ou omissão do Poder Público ou de seus delegados, no desempenho de suas funções ou a pretexto de exercê-las.

Autoridade Pública é aquela competente para praticar atos administrativos decisórios, os quais se ilegais ou abusivos, são suscetíveis de impugnação por Mandado de Segurança quando ferirem direito líquido e certo.

Consideram-se atos de autoridade, também, os praticados por representantes ou órgãos de partidos políticos e os de administradores de entidades autárquicas, bem como os de dirigentes de pessoas jurídicas ou de pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

Não cabe Mandado de Segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público – art. 1º, § 2º.

V - DIREITO LÍQUIDO E CERTO - "Direito líquido e certo é aquele que não desperta

dúvidas, que está isento de obscuridades, que não precisa ser aclarado com o exame de provas em dilações, que é de si mesmo concludente e inconcusso."

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Assim, Direito líquido e certo é aquele comprovado de plano, sem a necessidade de instrução probatória, comprovados por documentos, jamais testemunhalmente, pois, todas as provas alegadas e permitidas em lei, acompanharão a inicial. Inclui-se a possibilidade de cumulação do pedido de apresentação de documentos retidos pela autoridade coatora – art. 6º, § 1º.

TEIXEIRA FILHO ensina que: "Em sede de Mandado de Segurança, por conseguinte, será líquido e certo o direito que decorra de um fato inequívoco, cuja existência possa ser plenamente comprovada, em regra, mediante documentos juntados à petição inicial.”

VI - OBJETO - "Visa, precipuamente, à invalidação de atos de autoridade ou à

supressão de efeitos de omissões administrativas capazes de lesar direito individual ou coletivo, líquido e certo". (Meireles, Hely Lopes, Mandado de Segurança; 17ª Edição, página 23/24, São Paulo, Malheiros, 1996).

Assim, o objeto do Mandado de Segurança será sempre a correção de ato administrativo específico ou omissão de autoridade, desde que ilegal e ofensivo a direito individual ou coletivo, líquido e certo do impetrante, mas, por exceção, presta-se a atacar as leis e decretos de efeitos concretos, as deliberações legislativas e as decisões judiciais para as quais não haja recurso ordinário com efeito suspensivo capaz de impedir a lesão ao direito subjetivo do impetrante.

VII - CABIMENTO – A regra é o cabimento de Mandado de Segurança contra ato de

qualquer autoridade, mas a lei excepciona contra ato que comporte recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução; contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; contra decisão judicial transitada em julgado – art. 5º.

Ato de que caiba recurso administrativo, não há obrigação de exaurirem a via administrativa para depois se utilizar da via judicial – Mandado de Segurança. O que não pode ocorrer é a duplicidade dos recursos administrativo e judicial a um só tempo.

O efeito normal dos recursos administrativos é o devolutivo; o efeito suspensivo depende de norma expressa a respeito. Assim sendo, de todo ato para o qual não se indique o efeito do recurso hierárquico cabe Mandado de Segurança. Mas a lei admite, ainda, Mandado de Segurança contra ato de que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo desde que se exija caução para seu recebimento.

Também não é admitido Mandado de Segurança contra decisão judicial contra a qual caiba recurso com efeito suspensivo.

VIII - PRAZO PARA IMPETRAÇÃO - O prazo para impetrar a segurança é de 120

dias a contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato impugnado, sendo que o prazo é decadencial, porquanto, não se suspende e nem se interrompe – art. 23.

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Insta salientar que a decadência recai apenas sobre o direito de impetrar o Mandado de Segurança, mas não o direito material ameaçado ou violado, que poderá ser protegido através de ação ordinária, inclusive com pedido de tutela provisória de urgência (antecipada ou cautelar - art. 300, C.P.C) ou de evidência – art. 311, C.P.C.

O pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para a impetração do Mandado de Segurança (Súmula nº 430 do Supremo Tribunal Federal).

Nos atos sucessivos o prazo renova-se a cada ato, e, em se tratando de omissão ou inércia da administração, este não correrá.

Também prescreve o art. 6º, § 6º que o Mandado de Segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

IX - PARTES - O Impetrante, titular do direito, é a parte autora. O Impetrado,

autoridade coatora, é o réu. O Ministério Público é considerado como parte autônoma visto que este é oficiante necessário como fiscal da correta aplicação da lei, jamais como auxiliar da autoridade coatora.

O Impetrante pode ser pessoa física ou jurídica, órgãos públicos despersonalizados ou universalidades patrimoniais, já que, diferente do habeas

corpus, a lei não restringiu seu uso a pessoas humanas.

Já o Impetrado é de regra a autoridade coatora, sujeito passivo, e nunca a pessoa ou o órgão a que a pessoa representa, haja vista que não vai haver a citação do órgão que a pessoa representa, nem tampouco a instauração do contraditório. Outrossim, a pessoa jurídica da qual faz parte a autoridade coatora é ente abstrato, e, "como tal não se concretiza por si, seus atos são considerados lícitos (porque estão sempre no mundo da licitude), ilícitos, aí sim, são os atos praticados por aqueles que concretizam de um modo ou de outro os meios para alcançar os objetivos, estatuída por lei para a sua função, entretanto, tal ente jurídico se responsabilizará pelos danos patrimoniais, através de ação direta autônoma ".

Equiparam-se às autoridades, para efeito desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições – art. 1º, § 1º.

Assim, autoridade coatora é aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática – art. 6º, § 3º.

X - LITISCONSÓRCIO - É admitido no Mandado de Segurança, por expressa

disposição da lei que o regulamenta, (art. 24 da Lei 12.016/09 c/c arts. 113/118, C.P.C) o Litisconsórcio.

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Diante dessa possibilidade, caberá ao juiz, preliminarmente, se ocorrerem as hipóteses estabelecidas nos artigos 113/118 do Código de Processo Civil, determinar, permitir ou negar o ingresso de terceiros no feito.

Admissível, também, o litisconsórcio no Mandado de Segurança coletivo desde que a pretensão desses intervenientes coincida com a dos impetrantes originários.

No litisconsórcio necessário a causa pertence a mais de um em conjunto e a nenhum isoladamente, pelo quê a ação não pode prosseguir sem a presença de todos no feito, sob pena de nulidade, devendo o autor tomar as providências para citar o litisconsorte passivo necessário, devendo juntar às cópias da inicial cópias dos documentos que a instruíram, que acompanharão a notificação de cada um dos Réus, sob pena de extinção do processo por ausência de pressuposto processual (arts. 115, parágrafo único e 485, IV do C.P.C).

XI - COMPETÊNCIA - A competência para julgar Mandado de Segurança define-se

pela categoria da autoridade coatora e pela sua sede funcional. A Constituição da República e as leis de Organização Judiciária especificam essa competência.

A competência dos Tribunais e Juízos para o julgamento de Mandado de Segurança, injunção e habeas data está discriminada na Constituição da República, e, para a fixação do juízo competente em Mandado de Segurança não interessa a natureza do ato impugnado; o que impõe é a sede da autoridade coatora e sua capacidade funcional, reconhecida nas normas de organização judiciária competentes.

A intervenção da União desloca a competência para a Justiça Federal; Varas Privativas das Fazendas Públicas, onde houver, farão o deslocamento para estas, devido a sua competência específica.

XII - MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO - A Constituição da República em

seu artigo 5º, inciso LXX, instituiu o Mandado de Segurança Coletivo que poderá ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e

em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

O conceito do Mandado de Segurança Coletivo está fundado em dois elementos:

Institucional: caracterizado pela atribuição da legitimação processual a instituição associativa para a defesa de interesses de seus membros ou associados;

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A legitimação é a primeira característica do Mandado de Segurança Coletivo, e, para que uma entidade possa ser reconhecida como representante de uma coletividade, é necessário que sejam:

a) Partidos Políticos que tenham representação no Congresso Nacional, na defesa

de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou às finalidades partidárias (representação nacional exigida no artigo 17, I da Constituição Federal/88); ou

b) organizações sindicais, entidades de classe ou associações legalmente

constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial – art. 21.

Os direitos protegidos pelo Mandado de Segurança Coletivo pode ser:

 Coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

 Individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do Impetrante – art. 21, I e II.

No Mandado de Segurança coletivo a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo Impetrante. Também não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o Impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva – art. 22.

A liminar somente poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas – art. 22, § 2º.

DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS SCTRICTO SENSU E

INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS – Há interesses que não pertencem a alguém

especificadamente, pertencem de forma equânime a muitas pessoas. Os interesses difusos diferenciam-se por ter seus titulares indetermináveis unidos por fatos decorrentes de eventos naturalísticos, impossíveis de diferenciar na qualidade e separar na quantidade de cada titular. Ex.: meio ambiente, qualidade do ar, poluição sonora, poluição visual, fauna, flora, etc.

Os interesses coletivos são interesses de um determinado grupo de pessoas que foram unidas por uma relação jurídica única. É uma lesão inseparável na qualidade e quantidade. Ex.: os mutuários da SFH – uma ilegalidade no contrato atinge a todos.

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Os direitos individuais homogêneos caracterizam-se por ser um grupo determinado de interessados, com uma lesão divisível, oriunda da mesma relação fática. Cada um pode pleitear em juízo, mas como o grupo foi lesionado homogeneamente, estes podem recorrer ao litisconsórcio unitário multitudinário ativo facultativo. Ex.: compradores de uma TV com defeito de serie.

XIII - MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO - No Mandado de Segurança

Preventivo, não há ato ilegal, mas, o justo receio do impetrante de sofrer violação em seu direito.

A noção de justo receio se caracteriza como um daqueles conceitos jurídicos indeterminados, variáveis conforme o subjetivismo das pessoas (ainda que a doutrina se esforce para torná-los dotados de maior grau de determinabilidade).

Não há diferença de rito entre o Mandado de Segurança Preventivo e o Repressivo. A lei reguladora do Mandado de Segurança, Lei nº 12.016/09, e a Constituição Federal não exibem qualquer passo processual na ação que possa conduzir à distinção de procedimento.

Havendo ato ilegal, o Mandado de Segurança é repressivo.

XIV - PETIÇÃO INICIAL - A petição inicial deve preencher os requisitos dos arts.

319/321 do C.P.C., e será apresentada em 02 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, a qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições - art. 6º.

Importante que a argumentação expendida seja bem fundamentada e os documentos juntados adequados à tese esposada, pois no Mandado de Segurança a prova do direito invocado tem de vir pré-constituída desde logo, pois, regra geral, a petição de ingresso é a única oportunidade do Impetrante se pronunciar na alegada ofensa ao seu direito líquido e certo.

No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição – art. 6º, § 1º.

Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação – art. 6º, § 2º.

O Mandado de Segurança será denegado nos casos previstos do art. 485, do C.P.C.

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O pedido de Mandado de Segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial (120 dias – art. 23), se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito – art. 6º, § 6º.

XV - EMENDA OU INDEFERIMENTO INICIAL - Apresentando a inicial vícios

sanáveis, o juiz poderá determinar que o impetrante a emende ou complete no prazo de 15 (quinze) dias, conforme determina o art. 321, do C.P.C.

É facultado ao juiz indeferir de plano a inicial, por decisão motivada, quando não for o caso de Mandado de Segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para sua impetração (120 dias) – art. 10.

Contra a decisão do juiz de primeiro grau que indeferir a inicial caberá

Recurso de Apelação, e, quando a competência do Mandado de Segurança couber

originariamente a um dos Tribunais, do ato do relator caberá Agravo Interno para o órgão competente do tribunal que integre - art. 10, § 1º c/c art. 1.021, C.P.C.

O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial – art. 10, § 2º.

XVI - DESPACHO INICIAL, LIMINAR E NOTIFICAÇÃO – Estando em termos a

petição inicial, o juiz apreciará o pedido de liminar, caso tenha sido formulado.

A medida liminar é provimento cautelar admitido pela Lei de Mandado de Segurança quando relevantes os fundamentos da impetração e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do Impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica, presentes o Periculum in Mora e Fumus Boni Júris – art. 7º, III.

O pedido de liminar para suspender o ato atacado tem de ser anunciado desde o preâmbulo da inicial. Recomenda a melhor técnica processual, que se crie um tópico específico ao final da peça, iniciando os pedidos, propugnando pela concessão da liminar. Imperioso, para se convencer ao magistrado, um bom fundamento no sentido mais objetivo de que pelas questões de direito que consubstanciaram o writ, que, se porventura não suspenso o ato combatido liminarmente, resultará na ineficácia da futura decisão que conceder aquele Mandado de Segurança.

Ao despachar a inicial o juiz ordenará que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações devidas art. 7º, I.

Também ordenará que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito – art. 7º, II.

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Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza – art. 7º, § 2º.

A intimação da autoridade coatora da liminar concedida é feita pelo meio mais rápido possível (ofício, telegrama, fax, via postal, telefone ou mandado), que também pode seguir juntamente com o mandado de intimação para prestar informações.

Da decisão de juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá

Agravo de Instrumento (art. 1.015 e seguintes do C.P.C) – art. 7º, § 1º .

O art. 4º da Lei 12.016/09 possibilita que, em caso de urgência, observados os requisitos legais, impetrar Mandado de Segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada, o que também poderá ser feito para notificação da autoridade coatora. O texto original da petição deverá ser apresentado nos 05 (cinco) dias úteis seguintes – art. 4º, § 4º.

Os efeitos da liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença - art. 7º, § 3º.

Deferida a liminar, o processo terá prioridade para julgamento – art. 7º, § 4º. Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a liminar, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 03 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem – art. 8º.

As autoridades administrativas, no prazo de 48 horas da notificação da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros necessários às providências a serem tomadas para eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder – art. 9º.

Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4º da Lei, a comprovação da remessa – art. 11.

Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do C.P., o não cumprimento das decisões proferidas em Mandado de Segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação da Lei nº 1.079/50 – Lei de crimes de responsabilidade – quando cabíveis – art. 26.

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Via de regra, essas informações hodiernamente assumem características de verdadeira contestação, defendendo a integridade formal e material do ato impugnado.

A falta das informações pode importar confissão ficta dos fatos argüidos na inicial, se isto autorizar a prova oferecida pelo impetrante.

XVIII - MINISTÉRIO PÚBLICO - O Ministério Público oficia obrigatoriamente no

Mandado de Segurança como fiscal da lei. Será intimado para se manifestar no prazo de 10 dias após o fim do prazo fixado para a autoridade coatora prestar informações - art. 12.

XIX - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – Não cabe a fixação de honorários

advocatícios em Mandado de Segurança. Caberá a aplicação das sanções previstas no caso de litigância de má-fé – art. 25.

XX - SENTENÇA - Findo o prazo para colheita do parecer ministerial,

independentemente de prestadas informações pela autoridade coatora ou do parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz dentro de 30 (trinta) dias, para proferir a decisão - art. 12, parágrafo único.

A sentença a ser prolatada no Mandado de Segurança pode ser terminativa, quando extingue o processo sem apreciação do mérito por faltar um dos pressupostos processuais e/ou condições da ação (art. 485, do C.P.C), ou, definitiva, quando julga pela procedência ou improcedência do pedido (art. 487, do C.P.C).

Goza de eficácia mandamental a sentença que dá pela procedência do pedido.

Concedido o Mandado de Segurança, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada, podendo, ainda, em caso de urgência, observar o disposto do art. 4º da Lei.

XXI - RECURSO VOLUNTÁRIO E DE OFÍCIO - A sentença que denegar ou

conceder o Mandado de Segurança, será impugnada através do Recurso de Apelação (art. 14 c/c art. 1.009 do C.P.C), aplicável o sistema recursal do C.P.C., beneficiando o prazo em dobro para recorrer pela Fazenda Pública ou Ministério Público (art. 180 e 183 do C.P.C) e nos casos de litisconsortes com diferentes procuradores (art. 229, do C.P.C).

Julgando procedente o Mandado de Segurança, a sentença que conceder a ordem, obrigatoriamente, ficará sujeita ao duplo grau de jurisdição, ou seja, o juiz na parte dispositiva da decisão, recorrerá de ofício, requerendo, após esgotado o prazo

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para recurso voluntário, a subida dos autos para a instância ad quem a fim de reexame em colegiado art. 14, § 1º - (art. 496, C.P.C).

Apenas a sentença de procedência proferida por juiz singular está obrigada ao duplo grau de jurisdição e, os acórdãos proferidos em Mandado de Segurança ou aqueles cujas competências são originárias, não se sujeitam a esse regime. Se denegada a segurança, não há necessidade do reexame necessário.

Das decisões em Mandado de Segurança proferidas em única instância pelos Tribunais cabe Recurso Extraordinário e Especial, nos casos legalmente previstos, e, Recurso Ordinário, para o STF (art. 1.027, I do C.P.C e art. 102, II, “a” da C.F) ou STJ (art. 1.027, II, “a”, do C.P.C e art. 105, II, “b” da C.F), quando a ordem for denegada – art. 18.

XXII - COISA JULGADA - A coisa julgada pode resultar da sentença concessiva ou

denegatória da segurança, desde que a decisão haja apreciado o mérito da pretensão do impetrante e afirmado a existência ou a inexistência do direito a ser amparado.

Não faz coisa julgada, quanto ao mérito do pedido, a decisão que:

 apenas denega a segurança por incerto ou ilíquido o direito pleiteado;

 a que julga o impetrante carecedor do mandado e a que indefere desde logo a inicial por não ser caso de segurança ou por falta de requisitos processuais para a impetração.

XXIII - EXECUÇÃO – O comando liminar ou sentencial do Mandado de Segurança é

para que a autoridade coatora cesse a ilegalidade do ato. Assim, a sentença que conceder o Mandado de Segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar (art. 7º, § 2º) – art. 14, § 3º.

Na prática é de pouca utilidade o dispositivo, pois, procedente o pedido, e não tendo efeito suspensivo o recurso voluntário ou de ofício, a sentença vigorará até decisão da instância imediata ad quem. Caso mantida a sentença, com o trânsito em julgado, a decisão se consolidará em coisa julgada. Na hipótese de reformada a decisão que julgou procedente o Mandado de Segurança, tornam-se ineficazes os atos praticados depois da interposição do recurso.

XIV - QUESTÕES PROCESSUAIS:

Argüição de incidentes: É inadmissível, visto prescindir de prova pré-constituída,

perícia para apurar falsidade documental, questões acerca da existência da relação jurídica processual.

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Alteração do pedido ou dos fundamentos: Não é admitido no Mandado de

Segurança, pois o que se aprecia no writ não são os fatos, mas a ilegalidade do ato praticado pela autoridade coatora, pois, se estiverem em jogo os fatos, em si, a autoridade coatora poderia repelí-los e beneficiar-se na sua defesa, já que ao impetrante é vedado contra-argumentar nas informações prestadas pela autoridade coatora.

Valor da causa: À semelhança das demais causas civis, o Mandado de Segurança

exige o arbitramento do valor da causa, cujo montante deve corresponder ao do ato impugnado, quando for susceptível de quantificação, ou, caso negativo, este deve ser estimado.

As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os art. 300, § 3º, do C.P.C – art. 7º, § 5º.

Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do Tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.

§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o

caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal

competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.

§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.

§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.

§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.

§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.

Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento, cabendo, da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar, agravo ao órgão competente do tribunal que integre – art. 16.

Nas decisões proferidas em Mandado de Segurança e nos respectivos recursos, quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o

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acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão – art. 17.

Os processos de Mandado de Segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus, devendo na instância superior ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator, onde o prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias – art. 20, §§1º e 2º.

O Mandado de Segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva – art. 22, § 1o

.

Não cabem, no processo de Mandado de Segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé – art. 25.

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LEI Nº 12.016, DE 7 DE AGOSTO DE 2009.

Disciplina o Mandado de Segurança individual e coletivo e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Conceder-se-á Mandado de Segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

§ 2o Não cabe Mandado de Segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o Mandado de Segurança.

Art. 2o Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada.

Art. 3o O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar Mandado de Segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.

Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação.

Art. 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar Mandado de Segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada.

§ 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela autoridade.

(15)

§ 2o O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis seguintes.

§ 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão observadas as regras da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.

Art. 5o Não se concederá Mandado de Segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III - de decisão judicial transitada em julgado.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.

§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.

§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.

§ 4o (VETADO)

§ 5o Denega-se o Mandado de Segurança nos casos previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 6o O pedido de Mandado de Segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações;

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II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito;

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença.

§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento. § 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex

officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o

impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem.

Art. 9o As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da notificação da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação judicial da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros necessários às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder.

Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de Mandado de Segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração.

§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a competência para o julgamento do Mandado de Segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre.

(17)

§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial.

Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o desta Lei, a comprovação da remessa.

Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias.

Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4o desta Lei.

Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. § 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.

§ 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.

§ 3o A sentença que conceder o Mandado de Segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar.

§ 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de Mandado de Segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.

Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.

(18)

§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o

caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal

competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.

§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.

§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.

§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.

§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento.

Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre.

Art. 17. Nas decisões proferidas em Mandado de Segurança e nos respectivos recursos, quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão.

Art. 18. Das decisões em Mandado de Segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada.

Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar Mandado de Segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais.

Art. 20. Os processos de Mandado de Segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus.

§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator.

§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias.

Art. 21. O Mandado de Segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização

(19)

sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo Mandado de Segurança coletivo podem ser:

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

Art. 22. No Mandado de Segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.

§ 1o O Mandado de Segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.

§ 2o No Mandado de Segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

Art. 23. O direito de requerer Mandado de Segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Art. 24. Aplicam-se ao Mandado de Segurança os arts. 46 a 49 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Art. 25. Não cabem, no processo de Mandado de Segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.

Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões proferidas em Mandado de Segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis.

Art. 27. Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as leis de organização judiciária deverão ser adaptados às disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da sua publicação.

(20)

Art. 29. Revogam-se as Leis nos 1.533, de 31 de dezembro de 1951, 4.166, de 4 de dezembro de 1962, 4.348, de 26 de junho de 1964, 5.021, de 9 de junho de 1966; o art. 3o da Lei no 6.014, de 27 de dezembro de 1973, o art. 1o da Lei no 6.071, de 3 de julho de 1974, o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de janeiro de 1982, e o art. 2o da Lei no 9.259, de 9 de janeiro de 1996.

Brasília, 7 de agosto de 2009; 188o da Independência e 121o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Tarso Genro José Antonio Dias Toffoli

(21)

Bibliografia Básica:

(1) CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005.

(2) GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, data de edição a mais recente.

(3) JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005.

(4) MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, data de edição a mais recente.

(5) MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança. São Paulo: Malheiros, 2007. (6) CRETELLA JUNIOR, José. Prática do Processo Administrativo. Rio de

Janeiro: RT, 2007. Paulo: Saraiva, 2007.

(7) DIDIER, Fredie Jr. Ações Constitucionais. 3ª ed. Salvador: Podivm, 2008. (8) ARAÚJO, Florivaldo Dutra de. Motivação e controle do Ato Administrativo. 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005.

(9) DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, data de edição a mais recente.

(10) FAGUNDES, Miguel de Seabra. O controle dos atos administrativos pelo

poder judiciário. 4 ed. Rio de Janeiro. Forense, 1967.

(11) FIGUEIREDO, Lucia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, data de edição a mais recente.

(12) JUSTEN FILHO, Marçal. Concessões de serviços públicos. São Paulo: Dialética, data de edição a mais recente.

(13) MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. São Paulo. Mandamentos, 2005.

(14) SUNDFELD, Carlos Ari; BUENO, Cássio Scarpinella (Coord.) Direito

Processual Público. São Paulo: Malheiros, 2003.

(15) WALD, Arnold. Do Mandado de Segurança na prática judiciária. Rio de Janeiro: Forense, 2007.

(22)

FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA, CNPJ – 00.772.419/0001-61,

localizada na Rua Cecildes Moreira Faria, 135 – Bairro Nova Gameleira/BH – MG., e-mail, vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração em anexo, propor o presente MANDADO DE SEGURANÇA

COM PEDIDO DE LIMINAR contra ato ilegal do ILMO. PRESIDENTE DA

COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CONTAGEM – SR.

ÉLIO DE SIQUEIRA VALÉRIO PINTO e ILMA. SECRETÁRIA MUNICIPAL DE

ADMINISTRAÇÃO DE CONTAGEM – SRA. CLEUDIRCE CORNÉLIO DE

CAMARGOS, ambos localizados na Praça Presidente Tancredo Neves, 200 – Bairro

Camilo Alves/Contagem – MG – Edifício-Sede da Prefeitura, e-mail, todos vinculados à Secretaria Municipal de Administração de Contagem, nos termos dos arts. 5º, LXIX, 37, XXI - todos da Constituição Federal e arts. 1º e 7º, III da Lei 12.016/09, Lei 8.666/93 e Lei 8.987/95, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I – DOS FATOS E DO DIREITO

A Impetrante, com intuito de participar da licitação, apresentou seus documentos de Habilitação e sua Proposta Comercial na forma da Lei e dentro das regras exigidas pelo Edital nº 001/2008, processo nº 024/2008, licitação na modalidade de CONCORRÊNCIA, com critério de julgamento de “MAIOR

OFERTA”, com fulcro no art. 15, II da Lei 8.987/95 objetivando a contratação de 02

(duas) empresas, para outorga de CONCESSÃO, para prestação de serviços funerários no Município de Contagem/MG., conforme especificações constantes neste Edital e seus anexos.

Acontece que em sessão de julgamento dos documentos de habilitação, ocorrida no dia 05/05/2008, a Comissão Especial de Licitação, designada pela Portaria nº 011 de 16/01/2008, com o objetivo de analisar e julgar os documentos apresentados pelas empresas participantes, decidiu inabilitar a empresa Impetrante, sob o argumento de que apresenta composição acionária em comum com a

empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, configurando conluio, causando prejuízo ao caráter competitivo no certame, nos termos do art. 90 da Lei 8.666/93, tendo a Impetrante interposto Recurso Administrativo e Recurso

Hierárquico, ambos sem êxito, motivo pelo qual não teve outra solução senão impetrar o presente Mandado de Segurança, com intuito conservar o seu direito de participar do certame, sendo declarada HABILITADA para a citada licitação.

(23)

Ora MM. Juiz, dentre as condições previstas no edital para a participação no processo licitatório, não há qualquer restrição no sentido de que as empresas interessadas não possam ter sócios em comum, conforme abaixo demonstrado.

II - CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO

2.1. Poderão participar desta licitação pessoas jurídicas do ramo pertinente ao objeto licitado, que atendam às condições de habilitação estabelecidas no Título VII e requisitos exigidos neste instrumento convocatório.

2.2. Participarão da Sessão todos os que tenham protocolados seus envelopes até o horário estipulado no Preâmbulo deste edital.

2.3. As empresas que desejarem poderão se fazer representar nos atos desta licitação mediante pessoa devidamente habilitada por instrumento público ou particular de mandato ou, ainda, pelo instrumento constitutivo da empresa quando for o caso.

2.4. O documento de mandato referido no item anterior deverá descrever quais poderes detém o representante da empresa para este Certame.

2.5. As empresas que não apresentarem representantes ou ainda que o apresentem em desconformidade com este Edital poderão participar da licitação sem que, no entanto, seja considerada qualquer manifestação nas atas elaboradas.

2.6. NÃO PODERÁ PARTICIPAR DA LICITAÇÃO, A EMPRESA: 2.8.1. Suspensa, impedida de licitar ou contratar com a Administração, nos termos do art. 87, III, da Lei 8.666/93;

2.8.2. Declarada inidônea para licitar ou contratar com a Administração, nos termos do art. 84, IV, da Lei 8.666/93;

2.8.3. Com falência declarada, em liquidação judicial ou extrajudicial; 2.8.4. Em consórcio;

2.8.5. E que incidir no disposto no art. 9º da Lei n.º 8.666/93 e no art. 33 da Lei Orgânica do Município de Contagem:

Art. 33 - O Prefeito, o Vice-Prefeito, os Vereadores, os ocupantes de cargo em comissão ou função de confiança, as pessoas ligadas a

qualquer deles por matrimônio ou parentesco, afim ou

consangüíneo, até o segundo grau, ou por adoção, e os servidores e empregados públicos municipais, não poderão contratar com o Município, subsistindo a proibição até seis meses após findas as respectivas funções.

2.9. A observância das vedações do item anterior é de inteira responsabilidade do licitante que, pelo descumprimento, se sujeita às penalidades cabíveis.

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Também a Lei 8.666/93 não restringe a participação no processo licitatório de empresas que tenham sócios em comum, e, onde o legislador não restringe, não

cabe ao interprete restringir – regra básica de hermenêutica.

Por outro lado, ao contrário do alegado pela Comissão Especial de Licitação, as empresas FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA – ME e ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, não têm “composição acionária comum”, mas cotas que o sócio CARLOS ALBERTO RIOS MANUEL possui em ambas as empresas, registrando que a pessoa jurídica não se confunde com a pessoa física de seus sócios.

Aliás, a pessoa jurídica é a unidade de pessoas naturais e/ou de patrimônios que visa a obtenção de certas finalidades, reconhecida pela ordem jurídica como pessoa de direitos e obrigações, sendo certo que a licitação em questão informa que

“poderão participar desta licitação pessoas jurídicas do ramo pertinente ao objeto licitado, que atendam às condições de habilitação estabelecidas...”, não

fazendo qualquer alusão às pessoas de seus sócios.

II - DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio da legalidade é um dos princípios fundamentais à formação do próprio Estado de Direito sustentado no império da lei, e, na tripartição dos poderes, possui especificidades no âmbito do Direito Público, onde é mencionado em diferentes dispositivos como, por exemplo, no art. 37 da Constituição no Capítulo VII, que trata da Administração Pública.

A conotação aqui é de estrita vinculação do poder público aos ditames da lei e do Direito. Resulta, pois, o princípio da legalidade no âmbito do Direito Público num poder-dever que condiciona toda e qualquer ação do administrador público. Mesmo quando este age dentro de seu poder discricionário, onde há uma pequena porção de liberdade de escolha, deve fazê-lo dentro do campo balizado pelo ordenamento jurídico.

A doutrina entende que o art. 4º da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, com as alterações promovidas pelas Leis ns. 8.883, de 08 de junho de 1994, e 9. 648, de 27 de maio de 1998, abre espaço para que todos os que participam da licitação promovida pelos órgãos a que se refere o art. 1º (órgãos e entidades integrantes da Administração Pública direta e indireta, de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios) tenham direito público subjetivo a que os preceitos da Lei n. 8.666, de 1993 sejam obedecidos.

Assim, o art. 4º da Lei 8.666/93 assegura a todo licitante o direito à fiel observância dos procedimentos estabelecidos na lei das licitações, a dizer que cada licitante é titular de direito subjetivo que deve ser respeitado pela administração.

Esse fato enseja que cada licitante pode exigir, por via do Mandado de Segurança, que a Administração se atenha ao cumprimento da Lei em face de incompetência da autoridade, desvio de finalidade, ausência de motivo, fuga ao seu objetivo principal e por falta de forma.

(25)

HELY LOPES MEIRELLES, quanto ao significado do princípio da legalidade,

aduz que "o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei, e às exigências do bem-comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso". (“Direito Administrativo Brasileiro" Ed. Revista dos Tribunais, 15ª edição, 1990, página 79).

Assim, não tendo o edital exigido, dentre outras condições, que as empresas participantes não tenham sócios em comum, bem como a Lei 8.666/93 da mesma forma nada menciona/restringe, não pode a Comissão Especial de Licitação inabilitar a Impetrante sob este argumento, sob pena de ferir o Princípio da Legalidade, ignorando o art. 5º, II da Constituição Federal, que dita que “ninguém

será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.", estando, portanto, viciado este ato/decisão, bem como os atos do Ilmo.

Presidente da Comissão Especial de Licitação do Município de Contagem– Sr. Élio de Siqueira Valério Pinto e da Ilma. Secretária Municipal de Administração de Contagem – Sra. Cleudirce Cornélio de Camargos, que indeferiram os recursos administrativos aviados.

Lado outro, a Douta Comissão, somente poderia desclassificar uma das empresas, pecando pelo excesso ao desabilitar ambas, não aplicando a costumeira Justiça ou Lei, pois, ao contrário do alegado, não houve conluio entre as empresas, em face da idoneidade de ambas no mercado de Minas Gerais, tendo ambas real possibilidade de ganhar o certame pela “maior oferta”, favorecendo a Administração do Município de Contagem.

III - DA IMPUTAÇÃO DO CRIME TIPIFICADO NO ART. 90 DA LEI 8.666/93

A inabilitação declarada pela Comissão Especial de Licitação imputou à Impetrante o crime tipificado no art. 90 da Lei 8.666/93, alegando que, por ter composição acionário em comum com a ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, configurou conluio, causando prejuízo ao caráter competitivo no certame.

Ora MM. Juiz, como pode ter conluio pelos simples fato de empresas terem em comum um sócio, apesar destas terem administrações independentes.

O que de fato correu é que ambas as empresas têm administração distintas e independentes, localizando-se em municípios diferentes, não tendo a empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA tomado ciência prévia da participação da Impetrante no certame.

Assim foi leviana a imputação de tão grave crime à Impetrante, desprovida de qualquer prova inequívoca que justificasse sua inabilitação.

IV - DA RETIRADA DA EMPRESA ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA DO PROCESSO LICITATÓRIO

Após ser excluída do processo licitatório, a empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, peticionou à COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO informando

(26)

administração independente das empresas, bem como funcionarem em municípios diferentes, o que culminou na falta de comunicação e a sua inscrição no mesmo processo licitário, apesar de não haver qualquer restrição quanto a este fato, concordando, inclusive com sua inabilitação.

" Acontece que, apesar de ter o sócio CARLOS ALBERTO RIOS MANUEL em comum no quadro societário com a FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA - ME, possui

administração independente e está localizada noutro município, motivo pelo qual ocorreu o equívoco de sua participação no mesmo processo licitatório.

Diante do exposto, informa que concorda com sua

inabilitação para o processo licitatório, informando que

abre mão do prazo recursal.”

Assim, MM. Juiz, se havia algum óbice da participação de empresas que possuíssem composição acionária em comum, este desapareceu com a retirada da empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA.

Ademais, não se justifica a inabilitação de ambas as empresas, bastaria a COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO excluir uma delas do certame, sendo ilegal o ato que desabilitou a Impetrante e a empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, pois, não encontra amparo no Edital nº 001/2008, nas Leis nº 8.666/93 e 8.987/95, e, muito menos, na Constituição Federal.

V - DOS REQUISITOS DO PEDIDO DE LIMINAR

Conforme consta, data venia, o fumus boni juris está fartamente demonstrado pela clara violação dos dispositivos legais acima citados.

Por outro lado, o periculum in mora se aflora em face das propostas serem abertas no dia 26/05/08 as 14:00h, e, caso não deferida a liminar, torna-se-a inócuo o presente mandamus – art. 7º, III da Lei 12.016/09.

VI - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a V. Exa.:

a) Seja deferida liminarmente, initio litis, em CARÁTER DE URGÊNCIA, ordem

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habilitadas, incluindo-a na sessão de abertura de propostas, que ocorrerá no dia

26/05/08 as 14:00h, abrindo sua proposta, sob pena do art. 26 da Lei 12.016/09,

fixando multa diária para o caso de descumprimento da ordem;

b) Sejam notificadas as Autoridades Coatoras a fim de que tomem conhecimento

desta ação, e, querendo, no prazo legal do art. 7º, I da Lei 12.016/09, prestem suas informações;

c) Seja dada ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica

interessada, enviando-lhe cópia da inicial para, querendo, ingresse no feito;

d) Seja dada vista ao Ministério Público.

e) Seja ao final concedida a segurança, confirmando a liminar acaso deferida,

declarando a Impetrante habilitada para participar da licitação, visto que preenche todos os requisitos exigidos no Edital nº 001/2008, processo nº 024/2008, ratificando a tese apresentada.

Dá-se a causa o valor de R$50,00 (cinquenta reais). Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, 23 de maio de 2008.

André Luiz Lopes

OAB/MG - 70.397

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ª Vara da Fazenda Pública Municipal da Comarca de Belo Horizonte/MG.

ASSOCIAÇÃO MUNICIPAL DE CONTRIBUINTES, inscrita no CNPJ -

0000000, com sede na Rua do Sol, 000, conjunto 000, Belo Horizonte/MG., e-mail, há mais de um ano em funcionamento, conforme exige o art. 5º, LXX, “b” da C.F., vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração em anexo, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO COM

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DO DEPARTAMENTO DE RENDAS MOBILIÁRIAS DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE, vinculado à SECRETARIA MUNICIPAL DA FAZENDA DE BELO

HORIZONTE, encontrado na Avenida Afonso Pena,1.212 – Centro/Belo Horizonte – MG., nos termos dos art. 5º, LXX, “b” da Constituição Federal e arts. 1º, 7º, III e 21 da Lei 12.016/09, pelos fatos e dos fundamentos jurídicos a seguir expostos:

I - DA ENTIDADE IMPETRANTE

A Autora é entidade civil, sem fins lucrativos, legalmente constituída desde 01/01/1990, conforme cópias das certidões inclusas, e tem como finalidade legal e estatutária amparar e defender os direitos e interesses dos contribuintes, seus associados, em conformidade com os parâmetros das normas vigentes.

II - DA LEGITIMIDADE ATIVA

A Autora é entidade legitimada para a representação coletiva dos seus associados, com amparo no artigo 5o. LXX, “b” da Constituição Federal e art. 21 da Lei 12.016/09.

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXX - o Mandado de Segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Art. 21. O Mandado de Segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

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III - DOS FATOS E DO DIREITO

Todos os proprietários de imóveis situados dentro do município de Belo Horizonte, entre eles os associados da Impetrante, como é de conhecimento público, foram notificados para efetivar o pagamento do Imposto Predial Territorial Urbano - IPTU, relativo ao ano de 2.000 (cópia de algumas notificações inclusas) e, naturalmente serão da mesma forma notificados para pagamento dos IPTUs relativos aos exercícios subsequentes.

Juntamente com a cobrança do Imposto Predial Territorial Urbano – IPTU, é cobrado de cada um dos contribuintes um outro valor, denominado de "Taxa de Limpeza Pública" consubstanciados em valores encontrados mediante fórmula estampada no artigo 32 da Lei Municipal n. 5.641/89, combinado com o item III da Tabela I, conforme redação da Lei Municipal 7.237/96, em que se utiliza, como um dos parâmetros que constituem sua base de cálculo, a área, em metros quadrados, de cada um dos imóveis.

Ademais, claro, o serviço que dá origem a Taxa de Limpeza Pública não é divisível, logo não se coaduna com o mandamento inserto no artigo 145, II, da Constituição Federal, razão pela qual também se encontra contaminada por vício insanável.

É importante observar que o IPTU, bem como a Taxa de Limpeza Pública, conforme artigos 32, 69 e 70 da Lei Municipal de número 5.641/89, com a redação da Lei Municipal 7.237/96, se utilizam como base de cálculo a área, em metros

quadrados, de cada um dos imóveis, senão vejamos:

Art. 32 - A Taxa de Limpeza Pública será calculada de conformidade com a Tabela I anexa a esta Lei e será lançada junto com o IPTU, ou na forma e prazos previstos em regulamento.

Tabela I Para lançamento das Taxas Instituídas pelo Município de Belo Horizonte:

III - Taxa de Limpeza Pública Por ano, por unidade:

3.1.3 Tipo normal

3.1.3.1. até 100 m2 74,08 UFIR

3.1.3.2. acima de 100 m2 até 200 m2 111,30 Ufirs

3.1.3.3. acima de 200 m2 167,01 UFIRs

IPTU

Art. 69 - A base de cálculo do imposto é o valor do imóvel.

Referências

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