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PROCESSO Nº TST-RR

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Academic year: 2021

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A C Ó R D Ã O (2ª Turma) GMMHM/lrv/nt

RECURSO DE REVISTA. INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 13.015/2014.

NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. HORAS EXTRAS. INTERVALO INTRAJORNADA. RECURSO DE REVISTA ADMITIDO PARCIALMENTE. MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS POR MEIO DE INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRECLUSÃO. INSTRUÇÃO NORMATIVA 40 DO TST. A decisão de admissibilidade do presente recurso de revista é posterior a 15/04/2016, portanto, segue a nova sistemática processual estabelecida por esta Corte Superior a partir do cancelamento da Súmula 285 do TST e da edição da Instrução Normativa 40 do TST. Nessa senda, tem-se que é ônus da parte impugnar, mediante a interposição de agravo de instrumento, os temas constantes do recurso de revista que não foram admitidos, sob pena de preclusão. No caso, o Tribunal Regional não admitiu o recurso de revista quanto aos temas, “Negativa de Prestação Jurisdicional”, “Horas Extras” e “Intervalo Intrajornada”, e a parte deixou de interpor agravo de instrumento em face de tal decisão, razão por que fica inviabilizada a análise do recurso em relação a tais matérias, ante a preclusão. Recurso de revista não conhecido.

MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE ACÓRDÃO. OBRIGAÇÃO DE PAGAR. INAPLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO. O Tribunal Regional impôs multa diária de 1% (um por cento) do valor da condenação em caso de descumprimento do acórdão, consistente na obrigação de pagar, com fundamento no art. 832, § 1º, da CLT. Contudo, a jurisprudência desta Corte

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regra específica sobre o início da execução e a forma dos procedimentos a serem adotados nos atos executórios, determinando o prazo para pagamento, em 48 horas, ou garantia da execução, sob pena de penhora. Assim, a adoção de parâmetros diversos para o cumprimento da sentença/acórdão viola o art. 880 da CLT. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.

HIPOTECA JUDICIÁRIA. APLICAÇÃO AO PROCESSO DO TRABALHO. A hipoteca judiciária é efeito da sentença condenatória proferida, estatuída em lei, não havendo que se falar em impossibilidade de sua aplicação na Justiça do Trabalho, ainda quando concedida de ofício pelo julgador. Assim, esse instituto é plenamente aplicável ao Processo Trabalhista, à luz do art. 769 da CLT, ante a compatibilidade com as regras do Texto Consolidado. Precedentes. Óbice da Súmula 333/TST. Recurso de revista não conhecido.

PAGAMENTO DE DUAS MULTAS POR EMBARGOS PROTELATÓRIOS. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. CUMULAÇÃO PELO MESMO FATO GERADOR. IMPOSSIBILIDADE. Por ocasião do julgamento dos embargos de declaração, o Tribunal Regional aplicou duas multas de 2% sobre o valor da causa, por reputá-los protelatórios, e, ainda, determinou o pagamento de indenização de 5% por litigância de má-fé. Esta Corte tem o entendimento de que, verificado o intuito protelatório dos embargos declaratórios, é aplicável a penalidade específica a ele cominada no art. 1.026, § 2º, do CPC/2015, não sendo possível a aplicação simultânea da indenização por litigância de má-fé em decorrência do mesmo fato gerador (interposição de embargos de declaração protelatórios). Precedentes. No que tange à determinação de pagamento duas

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multas pela interposição de embargos declaratórios, a previsão constante no art. 1.026, §2º e §3º, do NCPC, estabelece o pagamento da penalidade não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa, assim como a elevação do valor até dez por cento em caso de reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios. No caso, embora o Tribunal Regional tenha evidenciado elementos suficientes para divisar o intuito procrastinatório da parte, não há previsão legal para aplicação quantitativa da referida penalidade processual, bem como não se constata a reiteração de embargos considerados protelatórios, o que torna forçoso limitar a aplicação de uma multa no valor de 2% sobre o valor da causa. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE CREDENCIAL SINDICAL. Esta Corte já pacificou a controvérsia acerca da matéria por meio das Súmulas 219, I, e 329 do TST, segundo as quais a condenação ao pagamento de honorários advocatícios não decorre unicamente da sucumbência, sendo necessária a ocorrência concomitante de dois requisitos: a assistência por sindicato da categoria profissional e a comprovação da percepção de salário inferior ao dobro do mínimo legal ou de situação econômica que não permita ao empregado demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. In casu, ausente a credencial sindical, indevida a condenação em honorários advocatícios. Recurso de revista conhecido e provido. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100404BE3188574C82.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-10486-76.2015.5.08.0129, em que é Recorrente MOTOBEL - MOTORES DE BELÉM LTDA. e Recorrido RONAILDO DA SILVA MORAIS. O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região deu provimento parcial ao recurso ordinário da reclamada.

A reclamada interpõe recurso de revista às fls. 35/29, com fundamento no artigo 896 da CLT.

Despacho de admissibilidade às fls. 24/382 admitiu parcialmente o recurso da reclamada.

O recorrido apresentou contrarrazões às fls. 8/16. É o relatório.

V O T O

1 – NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. HORAS EXTRAS. INTERVALO INTRAJORNADA. RECURSO DE REVISTA ADMITIDO PARCIALMENTE. MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS POR MEIO DE INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRECLUSÃO. INSTRUÇÃO NORMATIVA 40 DO TST.

1.1) Conhecimento

A Presidência do TRT negou seguimento ao recurso de revista quanto aos temas “Negativa de Prestação Jurisdicional”, “Horas Extras” e “Intervalo Intrajornada”:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / ATOS PROCESSUAIS / NULIDADE / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.

Alegação(ões):

- violação do(s) artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. - violação do(a) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 896. A recorrente suscita a nulidade do julgado por negativa de prestação jurisdicional, sob o argumento de que o v. Acórdão não se manifesotu acerca dos pontos alegados omissos em sede de embargos de declaração, acerca das horas extras e horas intervalares. Pugna pela reforma da decisão.

De início importa destacar que os argumentos trazidos à baila pela recorrente sob a alegativa de omissão referem-se a pontos extaidos da instrução probatório, dentre eles, o conteúdo dos depoimentos das partes, que se reportam claramente ao inconformismo com a valoração das provas

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conferidas pela instância julgadora. Ora, a simples insatisfação da parte com a conclusão proferida pela E. Turma, não signifca a presença de qualquer vício processual que autorize a nulidade da decisão.

O que se vê, portanto, é que a Corte Regional apreciou a matéria, de forma fundamentada, analisando os pontos relevantes da lide, malgrado não tenha atendido à tese da parte recorrente, inexistindo, assim, qualquer vício que autorize a nulidade suscitada, demonstrando apenas que a empresa busca um novo olhar para a questão sub-examen, cujo revolvimento é incabível em face da natureza extraordinária do recurso, por força da Súmula 126 do C. TST.

Neste caminhar, também não constato a demonstração, de forma explícita e fundamentada, das contrariedades existentes entre o decisum e os dispositivos indicados, conforme determina o inciso II, §1º-A do artigo 896 da CLT.

Logo, inviável o seguimento do recurso.

DURAÇÃO DO TRABALHO / HORAS EXTRAS.

DURAÇÃO DO TRABALHO / INTERVALO INTRAJORNADA. Alegação(ões):

- divergência jurisprudencial: .

Apresenta a recorrente o seu inconformismo com a condenação das horas extras e intrjaornada e, para tal, expõe os fatos que permeiam a questão, no sentido de comprovar que concedia o intervalo intrajornada de duas horas ao autor, bem como assevera que a sua testemunha ratificou suas alegações de que não havia manipulação de sua parte quente ao registro da jornada e que havia a compensação do excedente ao pactuado . Pugna pela exclusaõ da condenação, apktnado divergência jurisprudencial.

Ora, como se vê, os argumentos recursais partem de premissas opostas às sustentadas pelo Colegiado, reportando-se claramente à matéria factual, e, isto, de certo, é vedado nesta instância extraordinária, nos termos da Súmula 126 do C. TST.

Outrossim, em face da tese sustentada pela recorrente em seu recurso não restar chancelada pelo julgado, a peça, nos moldes que se apresenta, padece também de impugnação específica aos fundamentos decisórios e deixa de preencher os requisitos estabelecidos nos incisos II, III, §1º-A do artigo 896 da CLT.

Logo, inviável o seguimento do recurso.”

A decisão de admissibilidade do presente recurso de revista é posterior a 15/04/2016, portanto, segue a nova sistemática processual estabelecida por esta Corte Superior a partir do cancelamento da Súmula 285 do TST e da edição da Instrução Normativa 40 do TST.

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Nessa senda, tem-se que é ônus da parte impugnar, mediante a interposição de agravo de instrumento, os temas constantes do recurso de revista que não foram admitidos, sob pena de preclusão. No caso, verifica-se que a parte deixou de interpor agravo de instrumento em face da decisão do Tribunal Regional que não admitiu o seu recurso de revista em relação ao tema antes destacado, razão por que fica inviabilizada a análise do apelo em relação a tal matéria, ante a preclusão.

Não conheço.

2 – MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE ACÓRDÃO. OBRIGAÇÃO DE PAGAR. INAPLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO.

2.1) Conhecimento

O Tribunal Regional, no que concerne ao tema em destaque, consignou:

“2.3 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DO ACÓRDÃO. SANÇÃO PREMIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA EM AUTOS SUPLEMENTARES

Nos termos do § 1º do art. 832 da Consolidação das Leis do Trabalho quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento. Assim, e por isso, é dever legal do juízo, para que cumpra e faça cumprir o princípio constitucional da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da Constituição da República), impor sanção premial sob a forma de multa que dê força ao acórdão exequendo, promovendo a celeridade e a efetividade do processo, tudo em conformidade com a jurisprudência do Excelso Supremo Tribunal Federal (HC 126292 - HABEAS CORPUS), o entendimento doutrinário do Excelentíssimo Ministro Presidente do Colendo Tribunal Superior do Trabalho (http://oglobo.globo.com/economia/presidente-do-tst-defende-flexibilizacao -das-leis-trabalhistas-18766412) e a Súmula nº 31 do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, que se transcreve para maior clareza e compreensão:

CONDIÇÕES PARA CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. Compete ao Juiz do Trabalho estabelecer prazo e condições para cumprimento da sentença, inclusive fixação de multas e demais penalidades (Artigos 652, d; 832, § 1º, e 835, todos da CLT). (Aprovada por meio da Resolução Nº 41/2015, em sessão do dia 6 de julho de 2015).

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E para bem cumprir a lei e seguir essa jurisprudência superior, é de todo conveniente determinar a execução provisória em autos suplementares para que a execução deste acórdão seja iniciada, inclusive com o imediato pagamento e levantamento dos depósitos recursais, eventualmente existentes, ao credor trabalhista.

Em suma, é dever legal do juízo, para que cumpra e faça cumprir o princípio constitucional da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da Constituição da República), impor sanção premial sob a forma de multa diária ( ) que dê força ao acórdão astreintes exequendo, promovendo a celeridade e a efetividade do processo, nos termos do artigo 832, § 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho e da Súmula nº 31 do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, conforme a qual compete ao Juiz do Trabalho estabelecer prazo e condições para cumprimento da sentença, inclusive fixação de multas e demais penalidades (Artigos 652, d; 832, § 1º, e 835, todos da CLT), determinando a execução provisória em autos suplementares para que a execução do acórdão seja iniciada, inclusive com o imediato pagamento e levantamento dos depósitos recursais, eventualmente existentes.

Impõe-se, de ofício, multa diária ( ) de 1% (um por cento) do astreintes valor da condenação, caso a reclamada não pague o débito até o segundo dia após a publicação deste acórdão, do que fica desde logo intimada; determina-se a execução provisória em autos suplementares para que a execução deste acórdão seja iniciada, inclusive com o imediato pagamento e levantamento dos depósitos recursais, eventualmente existentes ao credor trabalhista, procedimento que deverá ser realizado pela própria parte no seguinte caminho: Processo > Novo processo incidental > cadastro de processo > pesquisar processo no PJe (colocar o número do processo principal) > classe judicial (escolher a opção Execução provisória em autos suplementares).”

A reclamada alega, em síntese, que não há amparo legal para aplicação da multa como instrumento de coação no âmbito do processo do trabalhado. Aponta violação dos arts. 769, 880 e 899 da CLT; 5º, LIV, da CF, bem como contrariedade à Súmula 417, III, do TST. Transcreve aresto ao confronto de teses.

Analiso.

Tribunal Regional impôs multa diária de 1% (um por cento) do valor da condenação em caso de descumprimento do acórdão, consistente na obrigação de pagar, com fundamento no art. 832, § 1º, da CLT.

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Contudo, a jurisprudência desta Corte entende que o art. 880 da CLT contém regra específica sobre o início da execução e a forma dos procedimentos a serem adotados nos atos executórios, determinando o prazo para pagamento, em 48 horas, ou garantia da execução, sob pena de penhora.

Assim, a adoção de parâmetros diversos para o cumprimento da sentença/acórdão viola o art. 880 da CLT.

Cito os precedentes:

(...) II - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. CUMPRIMENTO DESENTENÇA. MULTA. ART. 832, § 1º, DA CLT. INAPLICABILIDADE O Tribunal Regional, embora tenha reformado parcialmente a sentença para determinar a necessidade de citação da reclamada para dar início à execução, nos termos do art. 880 da CLT, manteve a aplicação de multa de 20% (vinte por cento) para o caso de inadimplemento, com fundamento no art. 832, § 1º, da CLT. Todavia, consoante disposição expressa do art. 880 da CLT, "requerida a execução o Juiz ou Presidente do Tribunal mandará expedir mandado de citação ao executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas, ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas, para que o faça em 48 horas (quarenta e oito horas), ou garanta a execução, sob pena de penhora" . Como se vê, uma vez descumprida a decisão judicial de forma espontânea em 48 (quarenta e oito) horas ou, ainda, não havendo acordo no prazo legal, a consequência deve ser a constrição de tantos bens quantos bastem para que se garanta a execução. Com efeito, o art. 832, § 1º, da CLT deve ser interpretado de forma sistemática com outros dispositivos da própria norma da CLT, sobretudo, com a devida observância dos arts. 880, 882 e 883, que, em conjunto, dão regramento próprio ao cumprimento de sentença no processo do trabalho. Assim, por possuir disposições específicas em relação à execução de obrigação de pagar quantia certa, não se pode admitir a aplicação dos preceitos genéricos encontrados no art. 832, § 1º, da CLT. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (ARR - 10782-98.2015.5.08.0129, Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, Data de Julgamento: 19/02/2020, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/02/2020)

III - RECURSO DE REVISTA. 1. PRAZO PARA CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. INOBSERVÂNCIA. MULTA DE 15%. ART. 832, § 1º, DA CLT. Nos termos do art. 5º, LIV, da Carta Magna, ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Com efeito, trata-se de garantia constitucional, no sentido de que as regras pré-estabelecidas pelo legislador ordinário devem ser observadas na

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condução do processo, assegurando-se aos litigantes, na defesa dos direitos levados ao Poder Judiciário, todas as oportunidades conferidas por Lei. A CLT, nos arts. 880 e seguintes, disciplina expressamente a postura de devedor em face do título executivo judicial, com trâmites e princípios próprios da Justiça do Trabalho. Assim, não se vê omissão que justifique a cominação de multa de 15% (quinze por cento) em caso de ausência de pagamento no prazo de 48 horas. Configura tal atitude ofensa ao princípio do devido processo legal, pois subtrai-se o direito do executado de garantir a execução, em quarenta e oito horas, mediante o oferecimento de bens à penhora, nos termos do art. 882 consolidado. Recurso de revista conhecido e provido. (...) (ARR - 956-77.2017.5.08.0129, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 19/02/2020, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 21/02/2020)

II- RECURSO DE REVISTA DA VALE S.A. SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E DA IN 40 DO TST. MULTA DE 10% POR DESCUMPRIMENTO DA SENTENÇA. DETERMINAÇÃO DE PAGAMENTO EM DEZ DIAS APÓS TRÂNSITO EM JULGADO. EXECUÇÃO. ART. 832, § 1º, DA CLT. REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. Na Justiça Trabalhista, a execução da sentença tem previsão específica nos artigos 876 e seguintes da CLT. O art. 880, caput, da CLT, estabelece o pagamento no prazo de 48 horas ou que se garanta a execução, sob pena de penhora. Verifica-se que não existe determinação de aplicação de multa pelo descumprimento ou inobservância da sentença, e a legislação específica sobre a matéria veda a imposição de multa com fulcro em normas de caráter genérico, in casu , art. 832, § 1º, da CLT. Ressalvado Relator. Recurso de revista conhecido e provido. (ARR - 93-89.2015.5.08.0130, Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 05/02/2020, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/02/2020)

B) RECURSO DE REVISTA. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA SENTENÇA. O Tribunal a quo concluiu que o cumprimento da sentença deve observar o disposto nos arts. 652, "d", 832, § 1º, e 835 da CLT. Contudo, o art. 880 da CLT disciplina expressamente os procedimentos relativos à execução trabalhista, sobretudo em relação à obrigação de pagar quantia certa, no sentido de que o pagamento seja efetuado no prazo de quarenta e oito horas ou de que seja garantida a execução, sob pena de penhora. Logo, a imposição de multa pelo descumprimento da sentença quanto à obrigação de pagar, com escopo em normas de caráter genérico, afronta o referido preceito consolidado. Recurso de revista conhecido e provido " (ARR-1065-59.2015.5.08.0130, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 25/10/2019).

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RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA PRIMEIRA RECLAMADA (HORIZONTE LOGÍSTICA LTDA.). ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. DESPACHO DE ADMISSIBILIDADE PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. 1. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. COMINAÇÃO DE MULTA DE 1% EM CASO DE NÃO PAGAMENTO. APLICAÇÃO DO ART. 832, § 1º DA CLT. IMPOSSIBILIDADE. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. O Tribunal Regional determinou, de ofício, a condenação das Reclamadas ao pagamento de multa diária de 1% (um por cento) do valor da condenação, em caso de não pagamento do débito até o segundo dia após a publicação do acórdão, com fundamento no art. 832, § 1º, da CLT. II. O entendimento desta Corte acerca da matéria é no sentido de que no processo trabalhista não há a figura da multa pelo não cumprimento da sentença, porque a execução trabalhista tem regras próprias para o cumprimento de sentença (arts. 880, 882 e 883 da CLT). III. Recurso de revista de que se conhece, por violação do art. 880 da CLT, e a que se dá provimento. (RR - 1337-86.2014.5.08.0001, Relator Ministro: Alexandre Luiz Ramos, Data de Julgamento: 11/09/2019, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/09/2019)

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. OBRIGAÇÃO DE PAGAR. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DISPENSA DA CITAÇÃO DO EXECUTADO. IMPOSSIBILIDADE. ARTIGO 880 DA CLT. 1. O Tribunal Regional manteve a decisão em que determinada, com base no artigo 832, §1º, da CLT, a aplicação de multa em caso de descumprimento da sentença, destacando ser desnecessária a citação do devedor para o cumprimento da obrigação de pagar as parcelas deferidas ao Autor. 2. Em relação ao procedimento a ser observado na fase de cumprimento da sentença, há regramento específico na legislação trabalhista, prescrevendo o artigo 880 da CLT que o executado será citado para efetuar o pagamento do débito em 48 horas ou para que garanta a execução no mesmo prazo, sob pena de penhora. 3. É certo ainda que, sobre o tema, a jurisprudência desta Corte já sedimentou o entendimento de que não se mostra pertinente a aplicação de multa por descumprimento de sentença, com fundamento no disposto nº 832, § 1º, da CLT, porquanto existente dispositivo legal específico quanto ao procedimento a ser adotado na execução trabalhista (CLT, artigo 880). Precedentes da SBDI-1 e de Turmas do TST. 4. Portanto, a decisão da Corte de origem, contrária à jurisprudência deste Tribunal Superior, implica afronta ao artigo 880 da CLT. Recurso de revista conhecido e provido " (RR-2507-91.2014.5.08.0131, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 25/05/2018).

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MULTA PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR. IMPOSSIBILIDADE. Os artigos 497 e 536 e parágrafos do CPC conferem ao Juiz a possibilidade de determinar a imposição de multa como medida tendente a promover o cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer. Tratando-se de obrigação de pagar, e não de obrigação de fazer e não fazer, não há previsão legal para a imposição de multa coercitiva para inibir o seu descumprimento. Recurso ordinário a que se nega provimento " (RO-466-45.2016.5.06.0000, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 23/03/2018).

Pelo exposto, conheço do recurso de revista por violação ao artigo 880 da CLT.

2.2 – Mérito

Conhecido o apelo por violação do artigo 880 da CLT, dou - lhe provimento para excluir da condenação a previsão de multa para o caso de descumprimento do acórdão.

3 – HIPOTECA JUDICIÁRIA. APLICAÇÃO AO PROCESSO DO TRABALHO.

3.1) Conhecimento

O Tribunal Regional, no que concerne ao tema em destaque, consignou:

“2.4 HIPOTECA JUDICIÁRIA

O art. 495 do Código de Processo Civil estipula que a decisão que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de prestação de fazer, não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária a sentença condenatória produz a hipoteca judiciária embora a e que (...) condenação seja genérica ainda que o credor possa promover o cumprimento provisório da , (...) sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do devedor.

O Colendo Tribunal Superior do Trabalho tem reiteradamente decidido que esse dispositivo legal deve ser aplicado na Justiça do Trabalho, sendo instituto processual de ordem pública que o juízo - de qualquer grau - deve aplicar para a concreta realização do estado democrático de direito e a efetividade do processo judiciário trabalhista, levando em conta a natureza alimentar do crédito trabalhista. Para maior e melhor clareza e compreensão

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Autoridade Tribunal Superior do Trabalho. 7ª Turma Título Data /03/2008 HIPOTECAJUDICIÁRIA - APLICABILIDADE NA Ementa JUSTIÇA DO TRABALHO - DECRETAÇÃO DE OFÍCIO - JULGAMENTO "EXTRA PETITA" - NÃO-CONFIGURAÇÃO - INSTITUTO PROCESSUAL DE ORDEM PÚBLICA. 1. COM O OBJETIVO DE GARANTIR AO TITULAR DO DIREITO A PLENA EFICÁCIA DO COMANDO SENTENCIAL, EM CASO DE FUTURA EXECUÇÃO, O LEGISLADOR INSTITUIU O ART. 466 DO CPC, QUE TRATA DA HIPOTECA JUDICIÁRIA COMO UM DOS EFEITOS DA SENTENÇA. 2. "IN CASU", O 3O REGIONAL, CONSIDERANDO A NORMA INSERTA NO INDIGITADO DISPOSITIVO LEGAL, DECLAROU DE OFÍCIO A HIPOTECA JUDICIÁRIA SOBRE BENS DA RECLAMADA, ATÉ QUE SE ATINJA A QUANTIA SUFICIENTE PARA GARANTIR A EXECUÇÃO DE DÉBITO TRABALHISTA EM ANDAMENTO. 3. DA ANÁLISE DO ART. 466 DO CPC, VERIFICA-SE QUE A PRÓPRIA SENTENÇA VALE COMO TÍTULO CONSTITUTIVO DA HIPOTECA JUDICIÁRIA E OS BENS COM ELA GRAVADOS FICAM VINCULADOS À DÍVIDA TRABALHISTA, DE FORMA QUE, MESMO SE VENDIDOS OU DOADOS, PODEM SER RETOMADOS JUDICIALMENTE PARA A SATISFAÇÃO DO CRÉDITO DO RECLAMANTE. 4. ASSIM, HAVENDO CONDENAÇÃO EM PRESTAÇÃO DE DINHEIRO OU COISA, AUTOMATICAMENTE SE CONSTITUI O TÍTULO DA HIPOTECA JUDICIÁRIA, QUE INCIDIRÁ SOBRE OS BENS DO DEVEDOR, CORRESPONDENTES AO VALOR DA CONDENAÇÃO, GERANDO O DIREITO REAL DE SEQÜELA, ATÉ SEU PAGAMENTO. 5. A HIPOTECA JUDICIÁRIA É INSTITUTO PROCESSUAL DE ORDEM PÚBLICA, E NESSA QUALIDADE, ALÉM DE SUA DECRETAÇÃO INDEPENDER DE REQUERIMENTO DA PARTE, TEM O FITO DE GARANTIR O CUMPRIMENTO DAS DECISÕES JUDICIAIS, IMPEDINDO O DILAPIDAMENTO DOS BENS DO RÉU, EM PREJUÍZO DA FUTURA EXECUÇÃO. 6. VALE RESSALTAR QUE CABE AO JULGADOR O EMPREENDIMENTO DE ESFORÇOS PARA QUE AS SENTENÇAS SEJAM CUMPRIDAS, POIS A REALIZAÇÃO CONCRETA DOS COMANDOS SENTENCIAIS É UMA DAS PRINCIPAIS TAREFAS DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, CABENDO AO JUIZ DE QUALQUER GRAU DETERMINÁ-LA, EM NOME DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 7. NOTE-SE QUE O JUIZ, AO APLICAR O PRINCÍPIO DE QUE A EXECUÇÃO DEVE SE PROCESSAR DO MODO MENOS GRAVOSO PARA O DEVEDOR, DEVE TAMBÉM LEVAR EM CONTA O MAIS SEGURO PARA O EXEQÜENTE, NA MEDIDA EM QUE O OBJETO DA EXECUÇÃO É A SATISFAÇÃO DO SEU CRÉDITO. 8. A HIPOTECA JUDICIÁRIA, MUITO EMBORA NÃO REPRESENTE UMA SOLUÇÃO ABSOLUTA PARA O CUMPRIMENTO DAS DECISÕES JUDICIAIS, EM BENEFÍCIO DO TITULAR DO DIREITO, REPRESENTA, SIM, UM

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IMPORTANTE INSTITUTO PROCESSUAL PARA MINIMIZAR A FRUSTRAÇÃO DAS EXECUÇÕES, MORMENTE NO CASO DA JUSTIÇA DO TRABALHO, EM QUE OS CRÉDITOS RESULTANTES DAS SUAS AÇÕES DETÊM NATUREZA ALIMENTAR. RECURSO DE REVISTA PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. URN :lex:br:tribunal.superior.trabalho;turma.7:acordao;rr:2008-03-05;8740 0-20

Em suma, é dever legal do juízo, de qualquer grau de jurisdição, decretar a hipoteca judiciária dos bens do devedor, na forma da Lei dos Registros Públicos.

Determina-se a hipoteca judiciária dos bens da reclamada na quantidade suficiente para a satisfação do débito, facultada a execução provisória em autos suplementares para cumprimento dessa determinação pelo juízo recorrido.”

A reclamada alega, em síntese, que as normas de execução da CLT não determinam que a devedora, antes mesmo de saber sobre a liquidez do crédito, deve constituir hipoteca judiciária para assegurar a cobrança da obrigação. Aponta violação do art. 880 da CLT. Transcreve aresto ao confronto de tese.

Analiso.

O texto do artigo 466 do CPC (atual art. 495 do CPC/2015) atribui à sentença condenatória a qualidade de título constitutivo de hipoteca judiciária. O objetivo do legislador, ao conferir tal efeito à sentença, foi garantir a eficácia de futura execução, evitando a dilapidação do patrimônio do devedor. No âmbito da Justiça do Trabalho, é ainda mais justificável a medida, tendo em vista a natureza dos créditos decorrentes de natureza alimentar.

Nesse contexto, a hipoteca judiciária é efeito da sentença condenatória proferida, estatuída em lei, não havendo que se falar em impossibilidade de sua aplicação na Justiça do Trabalho, ainda quando concedida de ofício pelo julgador.

Assim, esse instituto é plenamente aplicável ao Processo Trabalhista, à luz do art. 769 da CLT, ante a compatibilidade com as regras do Texto Consolidado.

Cito os precedentes:

(14)

HIPOTECA JUDICIÁRIA. EFEITO AUTOMÁTICO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. A hipoteca judiciária é efeito automático da sentença condenatória proferida, estatuída em lei, não havendo que se falar em impossibilidade de sua aplicação na Justiça do Trabalho. Dessa forma, o Tribunal Regional, ao rejeitar o pedido de constituição da hipoteca judiciária, ofendeu o art. 466 do CPC/73. Recurso de Revista conhecido e provido" (RR-2070-43.2013.5.02.0037, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 09/10/2020).

HIPOTECA JUDICIÁRIA. JULGAMENTO EXTRA PETITA O TRT manteve a sentença que autorizou o reclamante a realizar o registro da hipoteca judiciária, sob o fundamento de que " a hipoteca judicial é um efeito da sentença condenatória, está prevista no art. 466 do CPC e encontra aplicação no processo do trabalho, mesmo quando determinada "de ofício" pelo julgador ". O entendimento do Regional está em consonância com a jurisprudência atual, iterativa e notória desta Corte. Julgados. Incidência do art. 896, § 7º, da CLT c/c Súmula nº 333 do TST. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (RRAg-20360-51.2014.5.04.0511, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 23/10/2020).

3. HIPOTECA JUDICIÁRIA. APLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO. A hipoteca judiciária é consectária da condenação a dinheiro ou coisa, consoante o disposto no art. 495 do CPC, sendo perfeitamente aplicável ao Processo do Trabalho, consoante o art. 769 da CLT. Ademais, cabe ao juiz ordenar a constituição de hipoteca judiciária, independentemente de requerimento do credor e da situação econômica da empresa. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e não provido" (AIRR-21767-10.2014.5.04.0021, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 25/09/2020).

"AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.015/2014. CPC/2015. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. HIPOTECA JUDICIÁRIA. A hipoteca judiciária, prevista no artigo 466 do CPC/1973, é plenamente aplicável ao processo do trabalho, nos termos do artigo 769 da CLT, diante da ausência de incompatibilidade com as normas da legislação trabalhista, podendo ser determinada de ofício pelo Magistrado. Por se tratar de mero efeito da sentença, o magistrado tem a prerrogativa de ordenar a sua inscrição, na forma prevista na Lei de Registros Públicos, independentemente de requerimento da parte interessada. Precedentes. Agravo conhecido e não provido" (Ag-ARR-1166-13.2016.5.08.0017, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 15/05/2020).

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3. HIPOTECA JUDICIÁRIA. APLICAÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO. A hipoteca judiciária é efeito da sentença condenatória proferida, estatuído em lei, daí decorrendo a possibilidade de sua concessão de ofício pelo julgador. Inteligência do art. 495 do CPC, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho. (ARR-21175-24.2016.5.04.0561, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 27/03/2020).

NULIDADE. HIPOTECA JUDICIAL. JULGAMENTO EXTRA PETITA. O entendimento reiterado desta Corte é no sentido de que a hipoteca judiciária é perfeitamente compatível com o processo trabalhista, não dependendo de requerimento da parte por se tratar de instituto processual de ordem pública. Estando, pois, a decisão recorrida em consonância com a jurisprudência deste Tribunal Superior, o conhecimento do recurso de revista esbarra no óbice da Súmula nº 333 desta Corte. Precedentes. Recursos de revista não conhecidos " (RR-493-86.2010.5.03.0108, 5ª Turma, Relator Desembargador Convocado Joao Pedro Silvestrin, DEJT 21/02/2020).

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. HIPOTECA JUDICIÁRIA. EFEITO AUTOMÁTICO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. ARTIGO 466 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973. 1. Nos termos do art. 466 do Código de Processo Civil de 1973 (art. 495 do CPC de 2015): "A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistente em dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros Públicos". 2. Considerando o preceito em tela compatível com o processo do trabalho, a jurisprudência iterativa, notória e atual deste Tribunal de uniformização é firme no sentido de que a declaração da hipoteca judiciária constitui efeito secundário e automático da sentença condenatória, não desrespeita a gradação legal a ser observada na penhora, confere ao provimento condenatório a eficácia inerente à hipoteca em bens do devedor, e assegura o efetivo cumprimento da obrigação. A inscrição da hipoteca judiciária no registro público acautela o credor contra o réu e terceiros e independe de juízo acerca da solvabilidade do devedor. Precedentes. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido" (RR-96700-88.2010.5.17.0131, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 20/11/2019)

Estando a decisão do Tribunal Regional em sintonia com a iterativa, notória e atual jurisprudência desta Corte, emerge como obstáculo à revisão pretendida a Súmula n.º 333 do TST, revelando-se inviável o processamento do recurso pela violação do dispositivo da lei

(16)

Não conheço.

4 – PAGAMENTO DE DUAS MULTAS POR EMBARGOS PROTELATÓRIOS. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. CUMULAÇÃO PELO MESMO FATO GERADOR. IMPOSSIBILIDADE.

4.1) Conhecimento

O Tribunal Regional, no que concerne ao tema em destaque, consignou em sede de embargos declaratórios:

“2.3 SANÇÕES

Pelo teor das razões dos embargos, por sua direção e sentido, constata-se, por evidentíssimo, o manifesto interesse protelatório da embargante, que pretende, em verdade, fazer uso incorreto dos embargos de declaração para ganhar tempo e melhor preparar o recurso seguinte, o que terminaram conseguindo, embora à custa da provocação de um incidente manifestamente infundado.

Se a dilatação artificiosa do prazo é bom para uma das partes, não o é para a parte contrária, sendo péssima para a jurisdição, que assim é movimentada desnecessariamente, malbaratando-se um bem escasso e que tem custo para a sociedade. O tempo que se perde com embargos protelatórios é o mesmo que seria mais bem empregado com a entrega de prestação jurisdicional de fundo, inclusive para a própria embargante, neste ou em outros processos.

Essa baixa prática forense não pode ser tolerada e muito menos prestigiada. Deixá-la passar em branco equivale a conceder-lhe prestígio, chancelando-a, quando o certo e o dever legal do juízo é coibi-la.

Declara-se, por tais motivos, a natureza manifestamente protelatória dos embargos de declaração, em decorrência do que - e por enquanto, para que possa surtir seus efeitos pedagógicos - condena-se a embargante a pagar ao reclamante-embargado multa de 2% (dois por cento), calculada sobre o valor atualizado da causa, em conformidade com o disposto no art. 1.026, § 2º, do Código de Processo Civil.

Adverte-se, por oportuno, que a insistência da embargante nessa baixa prática levará o Colegiado, inevitavelmente, a acirrar as penalidades aqui aplicadas, caso desta decisão não resultem os pretendidos efeitos pedagógicos.

Estando igualmente evidenciada a litigância de má-fé, pelo fato de a embargante opor resistência injustificada ao andamento do processo e provocar incidente manifestamente infundado, deve ser ela declarada litigante de má-fé e por essa prática sancionada, pelo que se a declara litigante de má-fé (art. 80, IV e VI, do Código de Processo Civil), condenando-a a pagar ao reclamante-embargado multa de 2% (dois por cento), indenização de 5% (cinco por cento) e honorários de advogado de

(17)

15% (quinze por cento), incidentes sobre o valor corrigido da causa (art. 81 do Código de Processo Civil).

Declara-se, para fins e efeitos do § 3º do art. 941 do Código de Processo Civil, que a Excelentíssima Desembargadora Suzy Koury proferiu voto vencido conforme o qual não há litigância de má-fé decorrente da interposição de embargos de declaração protelatórios, sendo juridicamente inviável a imposição de duas sanções pela mesma infração.

Ante todo o exposto e em conclusão, conhecem-se dos embargos de declaração e, no mérito, nega-se provimento aos embargos de declaração; declara-se a sua natureza manifestamente protelatória e a litigância de má-fé da embargante, condenando-a a pagar ao reclamante-embargado duas multas de 2% (dois por cento), indenização de 5% (cinco por cento) e honorários de advogado de 15% (quinze por cento), incidentes sobre o valor corrigido da causa, liquidando o acórdão, conforme planilha anexa, dele parte integrante para todos os fins de direito, cominando custas processuais de conhecimento e liquidação no importe de R$2.559,45 (dois mil, quinhentos e cinquenta e nove reais e quarenta e cinco centavos) sobre o valor da condenação de R$110.448,73 (cento e dez mil, quatrocentos e quarenta e oito reais e setenta e três centavos) já deduzidas as custas processuais recolhidas, tudo conforme os fundamentos.”

A reclamada alega, em síntese, que não é possível cumular multa por embargos protelatórios com a indenização por litigância de má-fé. Aduz que não existe previsão legal para aplicar duas multas pela oposição dos embargos de declaração, não existindo caráter protelatório na sua oposição. Aponta violação dos arts. 5º, II, LIV e LV, da CF; 80, IV e VI, 373, I, e 1.026, § 2º, do CPC; 818 da CLT. Transcreve arestos ao confronto de teses.

Analiso.

Por ocasião do julgamento dos embargos de declaração o Tribunal Regional aplicou duas multas de 2% sobre o valor da causa, por reputá-los protelatórios, e, ainda, determinou o pagamento de indenização de 5% por litigância de má-fé.

Esta Corte tem o entendimento de que, verificado o intuito protelatório dos embargos declaratórios, é aplicável a penalidade específica a ele cominada no art. 1.026, § 2º, do CPC/2015, não sendo possível a aplicação simultânea da indenização por litigância de má-fé em decorrência do mesmo fato gerador (interposição de embargos de declaração protelatórios).

(18)

Cito os precedentes:

RECURSO DE REVISTA. CUMULAÇÃO DE MULTAS POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS E LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. Aplicada a penalidade específica contida no parágrafo único do art. 538 do CPC pela oposição de embargos de declaração considerados protelatórios, não se há de falar em incidência cumulativa da multa genérica prevista no art. 18 do CPC, se o Regional afirma que ambas as sanções derivam do intuito procrastinatório. Precedentes da SBDI-1. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido" (RR-592-63.2011.5.02.0362, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 24/04/2020).

MULTA POR OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS - PENALIDADES POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - CUMULAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE 1. Não é possível considerar desarrazoada a manutenção, pelo Tribunal Regional, do entendimento acerca do caráter protelatório dos Embargos de Declaração opostos contra a sentença, ao ser destacado que o expediente foi utilizado por mera insatisfação da parte, com o intuito de " obrigar o julgador a reexaminar, pura e simplesmente, o conjunto probatório dos autos, competência sabidamente estranha àquele remédio processual " (fl. 3139), objetivo que não se coaduna com os art. 535 do CPC de 1973 e 897-A da CLT. 2. Contudo, a jurisprudência desta Eg. Corte entende pela impossibilidade de aplicação, a um único ato reputado protelatório, das penalidades previstas nos arts. 18 e 538, parágrafo único, do CPC de 1973 de forma cumulativa, pois aquelas decorrentes da litigância de má-fé afiguram-se genéricas, sendo incidentes apenas na falta de disposição específica. Julgados. Recurso de Revista conhecido parcialmente e provido" (RR-597-97.2010.5.07.0001, 8ª Turma, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 29/11/2019).

MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CUMULADA COM MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. MESMO FATO GERADOR. BIS IN IDEM. Esta Corte tem o entendimento de que verificado o intuito protelatório dos embargos declaratórios, é aplicável a penalidade específica a ele cominada no art. 1.026, § 2º, do CPC/2015. No entanto, a aplicação simultânea de multa e indenização por litigância de má-fé em decorrência do mesmo fato gerador (interposição de embargos de declaração protelatórios) configura bis in idem . Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido" (ARR-370-53.2015.5.08.0115, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 10/05/2019).

4. MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS - ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC/73

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(ART. 1.026, § 2º, DO CPC/2015). INDENIZAÇÃO POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - ART. 18 DO CPC/73 (ART. 81 DO CPC/2015) - EM DECORRÊNCIA DO MESMO FATO GERADOR (INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS). CUMULAÇÃO. BIS IN IDEM. Configurado o intuito protelatório dos embargos declaratórios, é aplicável a penalidade específica a ele cominada no art. 538, parágrafo único, do CPC/73 (art. 1.026, § 2º, do CPC/2015). Contudo, a aplicação simultânea de multa e indenização por litigância de má-fé em decorrência do mesmo fato gerador (interposição de embargos de declaração protelatórios) configura bis in idem . Julgados desta Corte Superior. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido no aspecto" (RR-1595-55.2012.5.15.0136, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 15/03/2019).

MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS. INDENIZAÇÃO POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. CUMULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Na esteira da atual jurisprudência da SBDI-1 desta Corte, a oposição de embargos de declaração ditos como procrastinatórios atrai a multa prevista no artigo 538, parágrafo único, do CPC/1973, por ser específica, sendo indevida a cumulação com a multa e a indenização prevista no artigo 18 do CPC de 1973, que trata da litigância de má-fé. Recurso de revista conhecido e provido parcialmente" (RR-773-78.2012.5.08.0001, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 31/10/2018).

No que tange à determinação de pagamento duas multas pela interposição de embargos declaratórios, a previsão constante no art. 1.026, §2º e §3º, do NCPC, estabelece o pagamento da penalidade não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa, assim como a elevação do valor até dez por cento em caso de reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios.

No caso, embora o Tribunal Regional tenha evidenciado elementos suficientes para divisar o intuito procrastinatório da parte, não há previsão legal para aplicação quantitativa da referida penalidade processual, bem como não se constata a reiteração de embargos considerados protelatórios, o que torna forçoso limitar a aplicação de uma multa no valor de 2% sobre o valor da causa.

Por todo exposto, conheço do recurso de revista por violação do art. 5º, LV, da CF.

(20)

4.2 - MÉRITO

Conhecido por violação do artigo 5º, LV, da CF, dou-lhe parcial provimento para excluir os pagamentos da indenização por litigância de má-fé e de uma multa de 2% sobre o valor da causa por embargos protelatórios.

5 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE CREDENCIAL SINDICAL.

5.1) Conhecimento

O Tribunal Regional, no que concerne ao tema em destaque, consignou em sede de embargos declaratórios:

“2.3 SANÇÕES (...)

Ante todo o exposto e em conclusão, conhecem-se dos embargos de declaração e, no mérito, nega-se provimento aos embargos de declaração; declara-se a sua natureza manifestamente protelatória e a litigância de má-fé da embargante, condenando-a a pagar ao reclamante-embargado duas multas de 2% (dois por cento), indenização de 5% (cinco por cento) e honorários de advogado de 15% (quinze por cento), incidentes sobre o valor corrigido da causa, liquidando o acórdão, conforme planilha anexa, dele parte integrante para todos os fins de direito, cominando custas processuais de conhecimento e liquidação no importe de R$2.559,45 (dois mil, quinhentos e cinquenta e nove reais e quarenta e cinco centavos) sobre o valor da condenação de R$110.448,73 (cento e dez mil, quatrocentos e quarenta e oito reais e setenta e três centavos) já deduzidas as custas processuais recolhidas, tudo conforme os fundamentos.”

A reclamada alega, em síntese, que o reclamante não está assistido pelo sindicato de classe. Aponta violação dos arts. 14 da Lei 5.584/1970, bem como contrariedade à Súmula 219, I, 329 do TST. Transcreve aresto ao confronto de teses.

Analiso.

Por ocasião do julgamento dos embargos de declaração, o Tribunal Regional determinou o pagamento de honorários advocatício no importe de 15% (quinze por cento).

Verifica-se, ainda, que a decisão foi proferida antes das alterações realizada pela Lei 13.437/2017.

(21)

Assim, o item I da Súmula 219 do TST prescreve: "Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte, concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da categoria profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família".

In casu, ausente a credencial sindical, é indevida a condenação em honorários advocatícios.

Pelo exposto, conheço do recurso de revista por contrariedade à Súmula 219, I, do TST.

5.2 - Mérito

Conhecido o apelo por contrariedade à Súmula 219, I, do TST, dou-lhe provimento para excluir da condenação o pagamento dos honorários advocatícios.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer o recurso de revista quanto aos temas “MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE ACÓRDÃO. OBRIGAÇÃO DE PAGAR. INAPLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO”, “PAGAMENTO DE DUAS MULTAS POR EMBARGOS PROTELATÓRIOS. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. CUMULAÇÃO PELO MESMO FATO GERADOR. IMPOSSIBILIDADE”, e “HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE CREDENCIAL SINDICAL”, respectivamente, por violação dos arts. 880 da CLT, 5º, LV, da CF e contrariedade à Súmula 219, I, do TST, e, no mérito, dar-lhe provimento para, na mesma ordem, excluir da condenação a previsão de multa para o caso de descumprimento do acórdão; excluir os pagamentos da indenização por litigância de má-fé e de uma multa de 2% sobre o valor da causa por embargos protelatórios, bem como excluir o pagamento dos honorários advocatícios. Restabeleça-se o valor da condenação arbitrado na sentença no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais), custas pela reclamada no importe de (duzentos R$ 200,00 reais),

(22)

Brasília, 24 de fevereiro de 2021.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

MARIA HELENA MALLMANN

Ministra Relatora

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