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Avaliando a EAD. Com o advento das tecnologias de comunicação e informação (TCIs),

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Academic year: 2021

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Avaliando a EAD

(Vera C. Queiroz)

Resumo

Para empreender uma discussão a respeito de EAD deve-se, em primeiro lugar, estabelecer um panorama descritivo do que é Ensino a Distância e quais são as características deste ensino na modalidade on-line. Para uma instituição oferecer cursos on-line, é necessário, ainda, realizar um estudo crítico das ferramentas digitais, tendo em vista a adequação destas aos objetivos e propostas pedagógicas a serem implementadas. Esta avaliação não pode deixar de contemplar a análise dos serviços disponibilizados na Web (e-mail, grupos de discussão, etc.) e/ou dos serviços comerciais semelhantes, implementados através de Plataformas de Gerenciamento de Cursos a Distância (WebCT, BlackBoard, etc.). Após a escolha e implementação das ferramentas, é necessária uma contínua avaliação da utilização pedagógica destas ferramentas, de suas potencialidades e limitações.

Com o advento das tecnologias de comunicação e informação (TCIs), estudos sobre Educação a Distância (EAD) têm proliferado de forma significativa, pois a utilização dessas tecnologias permitiu que se ampliassem o alcance e as possibilidades de EAD, como um meio apropriado a uma contínua atualização de conhecimentos, promoção de cursos e de treinamentos. Por conseguinte, discussões e reflexões são feitas sobre as múltiplas facetas de EAD, tais como: seu conceito, história, teorias, métodos, práticas pedagógicas e mídias utilizadas. Seria presunção e inviável discorrer sobre todos esses assuntos profundamente em um único artigo. Entretanto, tentaremos traçar algumas linhas estruturais para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre esta temática.

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A própria definição de Educação a Distância varia bastante. Em Simonson (2000), por exemplo, são apresentadas diversas definições para EAD, das mais tradicionais até as mais recentes. Em todas elas o enfoque é dado à separação física entre professor e alunos, ao meio utilizado para transmissão do conteúdo e à forma de comunicação estabelecida para isso. Essa mesma idéia é defendida por Santos (1999), Moran (s.d.) e Chaves (1999), embora cada um deles enfatiza a EAD de forma diferente. O primeiro a associa a uma forma de aprendizagem; o segundo, a um processo e o último, a um ensino. Percebe-se, apenas fazendo uma leitura rápida desses três autores, a complexidade e as diferenças existentes já na conceitualização do termo.

Outro aspecto a ser tratado diz respeito à própria nomenclatura usada. Chaves (1999), por exemplo, argumenta contra o uso das expressões “Educação a Distância” e “Aprendizagem a Distância” por considerar que a aprendizagem e a educação são processos realizados pelo próprio indivíduo. Moran (s.d.) prefere a palavra “educação”, por considerá-la mais abrangente, embora mencione que “ensino a distância” e “educação a distância” não são expressões perfeitamente adequadas.

Tori (1999) aponta para um fato significativo em relação ao conceito de distância. Afirma ele que em um processo de ensino-aprendizagem o que deve ser levado em conta “não é a distância física real entre aluno e professor (se

separados por quilômetros ou metros), mas sim a efetiva sensação de distância entre os participantes”. Ele enfatiza, ainda, que para se conseguir melhores

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(1999). O autor cita, em seu estudo, Moore, que diz que a distância na educação não é definida pela separação geográfica entre professor e aluno, mas pelo montante de comunicação estabelecida entre eles. A distância apontada pelos autores também pode ser vista tanto em cursos de EAD cujo enfoque é meramente instrucional (como os dados por correspondência, rádio, etc) como em situações de ensino presencial, onde o docente e discentes não dialogam. Onde a conduta do professor é autoritária e impositiva e onde os educandos assumem uma postura passiva diante de sua aprendizagem. Os conteúdos informativos são passados pelo professor que espera que os alunos apenas os absorvam sem questionamentos e mostrem que os memorizaram a contento.

Buscas por formas mais interativas e participativas de ensino-aprendizagem aliadas ao desenvolvimento tecnológico fizeram com que novas formas de EAD surgissem como nova opção. A EAD não é algo novo. Começou a ser mais difundida em meados do século XIX, quando Isaac Pitman começou a oferecer cursos de instrução de taquigrafia via correspondência. De lá para cá, várias foram as tentativas de realização de EAD através de diferentes meios de comunicação: tais como o correio, o rádio, a televisão, o telefone, e culminando com o uso das mídias digitais. Fazendo-se uma retrospectiva das mais convencionais até as mais recentes formas de EAD, vemos que as diferenças mais marcantes entre elas estão relacionadas com a(s) mídia(s) utilizada(s), com o grau de interatividade proporcionado pelas mídias, com a forma de comunicação que se estabelece entre os envolvidos no processo de aprendizagem, com o objetivo de sua utilização (curso instrucional

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ou interativo) e com o enfoque dado à aprendizagem (centrada no professor, no aluno, ou na relação professor - aluno / aluno e com o conhecimento).

Várias teorias surgiram tentando servir de aporte aos métodos e práticas pedagógicas utilizadas em EAD. Dentre as teorias existentes, podemos citar três apresentadas por Keegan (Apud. Simonsen, 2000): da independência e autonomia, da industrialização do ensino e a da interação e comunicação. A da independência e autonomia tem como foco o aluno. A da industrialização do ensino compara o propósito da educação a distância com a produção industrial de bens (a organização, divisão de trabalhos, método de trabalho, fases e método de avaliação). A teoria da interação e comunicação destaca, principalmente, as necessidades do aluno e a interação entre as partes envolvidas no processo de ensino-aprendizagem. Embora essas teorias tenham algo de relevante, certamente não são suficientes para dar conta das abordagens vinculadas a todas as formas de EAD.

Simonson (2000) apresenta ainda outras teorias de EAD, mas não descarta a possibilidade de surgirem novas teorias, definições e práticas por conta das rápidas mudanças geradas pelas novas tecnologias e pela globalização.

Inclusive uma modalidade de EAD que cresceu rapidamente com o avanço tecnológico e com a Internet foi a EAD on-line. Essa modalidade, para ser bem sucedida, está vinculada a uma mudança de paradigma educacional. Enquanto no ensino tradicional o processo de aprendizagem é centrado no professor – que busca transferir seus conhecimentos aos alunos –, na modalidade

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aluno / aluno e com o conhecimento. O aluno é levado a aprender a ser mais autônomo, participativo e mais responsável pela sua própria aprendizagem. Por conta disso, o professor é desafiado a buscar novas práticas educacionais que estimulem esse tipo de aprendizagem.

Se por um lado tem-se um desafio criado por essa modalidade de ensino; por outro, se têm vantagens em seu uso. A democratização do acesso à educação, flexibilidade e personalização da aprendizagem, incentivo à educação continuada e a aprender a aprender são algumas delas. Como desvantagens dessa modalidade, pode-se citar, por exemplo: o sentimento de isolamento gerado pela falta de contato pessoal entre os integrantes de um grupo e os resultados das avaliações à distância que são menos confiáveis do que os da educação presencial, considerando-se as oportunidades de plágio ou fraude, embora esses fatos também possam ocorrer na modalidade presencial.

Todos os programas eficazes de EAD prescindem de um planejamento inicial criterioso dos objetivos propostos, do perfil e das necessidades dos alunos. A tecnologia apropriada só deve ser selecionada uma vez que se tenha feito uma análise crítica de sua adequação aos objetivos e ao conteúdo do curso, as formas pelas quais será utilizada, e de sua disponibilidade de uso por parte dos alunos. Em se tratando de EAD on-line há vários recursos oferecidos pela Internet. Eles são de três tipos: ferramentas de comunicação síncronas (a comunicação ocorre em tempo real), assíncronas (dispensam a participação simultânea dos usuários) e híbridas (que permitem a comunicação síncrona e assíncrona). Entre as síncronas, pode-se citar, por exemplo: o IRC (Internet Relay Chat), a videoconferência, a audioconferência, descritos brevemente abaixo:

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• IRC: é um programa de chat, que oferece canais de conversa abertos (qualquer usuário pode participar) e canais fechados e privados (administrado pelo operador do canal e aberto apenas a pessoas por ele autorizadas/convidadas) e onde a interação é feita através de sentenças ou frases curtas (em geral de 1 a 3 linhas), trocadas entre participantes logados simultaneamente ao mesmo sistema de computadores.

• Videoconferência: é um sistema de comunicação em áudio e vídeo que permite a interação em tempo real. A transmissão em geral ocorre via satélite ou linhas telefônicas discadas ou dedicadas. Pode-se trabalhar ponto a ponto ou multiponto conectando várias salas remotas em tempo real.

• Audioconferência: permite a transmissão de voz via Internet (utilizando o microfone do computador) ou telefone (através do modem). Permite também a transferência de arquivos e visualizar o interlocutor (através da webcam). O Netmeeting é um exemplo desse tipo de tecnologia.

Quanto às ferramentas assíncronas, tem-se, por exemplo, o e-mail (correio eletrônico), as listas de discussão, os newsgroups e os Web fórums:

• E-mail: é uma ferramenta muito popular que permite a troca de mensagens e informações de forma rápida e eficaz. É bastante

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utilizada por professores de línguas em projetos interculturais entre alunos de culturas e países diferentes.

• Listas de discussão: é uma ferramenta que distribui a todos os assinantes da mesma as mensagens enviadas via e-mail para o endereço eletrônico da lista.

• Newsgroups: estão localizados em servidores específicos que hospedam os grupos de discussão na Web. Para se ler as mensagens é necessário ter um programa chamado Newsreader e acessar o site do grupo na Internet.

• Web Fóruns: disponibiliza as mensagens em uma página localizada na Internet. Para ler e comentar mensagens de outros participantes e para postar mensagens é necessário acessar a Internet.

Como exemplos de ferramentas que possibilitam tanto a comunicação síncrona quanto assíncrona têm-se: o ICQ, o MOO e o WebMOO.

• ICQ: (do inglês: I seek you, eu procuro você) é um programa bastante popular na Internet, pois permite a conversação 1 a 1 ou em pequenos grupos e o envio de arquivos (documentos, imagens, sons). O programa também detecta a presença on-line de contatos do usuário. Caso se queira enviar uma mensagem escrita para um contato que não esteja conectado, a mensagem fica gravada e é

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enviada posteriormente, quando esse contato estiver on-line (conectado).

• MOO: (do inglês Multi-User Domain Object Oriented) é um programa que permite a multiusuários, conectados a Internet, ter acesso a uma realidade virtual, cuja interface é textual. Este programa permite além da comunicação em tempo real com outros usuários, também a manipulação e interação com os objetos nele contidos. Uma das ferramentas de comunicação assíncrona encontrada no MOO é o MOOmail, sistema semelhante ao do correio eletrônico. O MOO apresenta também outros recursos apropriados para apresentações, conferências e aprendizagem colaborativa, tais como lousa, TV/VCR e projetor.

• WebMOO: é um programa semelhante ao MOO, porém tem uma interface gráfica que facilita o seu uso.

Quanto aos critérios de análise das ferramentas é importante levar em consideração sua operacionalidade, praticidade de uso e arquitetura e as aplicações pedagógicas que elas possibilitam.

Além desses recursos disponibilizados na Web há também serviços comerciais semelhantes, implementados através de plataformas de gerenciamento de cursos a distância (Prometheus, WebCT, BlackBoard, etc.). Essas plataformas apresentam as mesmas ferramentas disponibilizadas na Web com a vantagem de estarem integradas a um único sistema. Permitem também o controle de acesso ao gerenciador e estatísticas das áreas do programa mais utilizadas pelos

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administração (planejamento), ferramentas de trocas e armazenamento de arquivos, de comunicação e de criação de testes de avaliação, facilitando assim a organização e gerenciamento de um curso.

Qualquer que seja a tecnologia e as ferramentas selecionadas como recursos de aprendizagem num programa de EAD não se pode deixar de dar atenção especial ao planejamento e as estratégias de ação didática, pois eles refletirão diretamente na qualidade dos cursos que se pretende implantar.

Referência Bibliográfica e Webgráfica

CHAVES, E. “Conceitos Básicos”. 1999. Disponível em: <http://www.edutecnet.com.br/Tecnologia%20e%20Educacao/edconc.htm>.

Acesso em 10 out. 2001.

MORAN, J. M. “O que é Educação a Distância. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm>. Acesso em: 20 jun. 2001.

SABA, F. “Is distance education comparable to ‘traditional education’?”. Distance Education Report. Magna Publications, Inc. 1999. Disponível em: <http://www.distance-educator.com/der/comparable.html>. Acesso em 10 dez. 2001.

SANTOS, E. T. Educação á Distância – Conceitos, Tecnologias, Constatações, Presunções e Recomendações. São Paulo: EPUSP, 1999. 32p. SIMONSON et al. “Chapter 2: Definitions, History, and Theories of Distance Education”. In: Teaching and learning at a distance: foundations of distance education. Prentice-Hall, Inc., Pearson Education, 2000, p.19-48.

TORI, R. “Tecnologias Interativas para a Educação SEM Distância”. 2000. Artigo disponibilizado na Plataforma de Gerenciamento de Cursos On-line WebCT, no curso “Tecnologias para uma Educação Virtual Interativa”, 2º semestre, 2001.

Referências

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