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CONTA BANCÁRIA CONTA SOLIDÁRIA ANIMUS DONANDI

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Academic year: 2022

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Tribunal da Relação de Évora Processo nº 417/07-2

Relator: GAITO DAS NEVES Sessão: 14 Junho 2007

Votação: UNANIMIDADE

Meio Processual: AGRAVO CÍVEL Decisão: PROVIDO PARCIALMENTE

CONTA BANCÁRIA CONTA SOLIDÁRIA ANIMUS DONANDI

Sumário

I - Se do acervo da herança fizer parte uma carteira de títulos, deverá constar na Relação de bens com o valor que os mesmos tinham no dia da morte do inventariado.

II – Se à data da morte do inventariado este era titular de uma conta bancária solidária, da relação de bens constará uma verba proporcional, salvo se outra prova tiver sido feita em contrário.

Texto Integral

*

PROCESSO Nº 417/07- 2

ACORDAM NO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE ÉVORA

*

Pelo Tribunal Judicial da Comarca de …, corre termos um processo de inventário, por óbito de “A”, no qual foi nomeada cabeça de casal “B”, que apresentou a relação de bens, onde sob a verba nº 1, nos surge: “A quantia de 10.046.595$00 depositada à ordem no Banco “C”.

“D” reclamou da relação de bens, pretendendo (na parte que agora interessa ao presente recurso):

1 - Eliminação da verba nº 1;

2 - Adicionada uma verba referente à conta número …, do “C”, solidária, em nome do Inventariado, Cabeça-de-casal e da Reclamante, que em 26.02.1999,

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apresentava um saldo de 324.638$00 em dinheiro e 10.465.980$00 em títulos (alegando que estes títulos foram transferidos em vida do Inventariado para uma conta solidária aberta também no Banco “C” em nome da Cabeça-de- Casal e da Reclamante, com o nº … e que, em 31 de Maio de 1999,

apresentava um saldo de 10.228.877$00, em títulos e 15.272$00 em dinheiro).

Depois de produzida a prova que os interessados entenderam por conveniente apresentar, vejamos os factos relacionados com a situação em análise e que foram dados como provados, ordenando-os cronologicamente, para uma melhor compreensão:

11 - Por escrito datado de 19-2-1999, dirigido à gerência do Banco “C”, no qual se encontravam apostas as assinaturas de “A”, “B” e “D”, aquele, “A”, declara solicitar que se proceda à transferência da totalidade dos títulos existentes na conta de títulos nº … para a conta de títulos nº … - cfr. doc. de fls. 172, cujo teor integral aqui se dá por reproduzido.

8 - À data de 26.02.1999, o inventariado era titular no Banco “C” da conta solidária nº … com o saldo de ... € 52.204,09 relativo à carteira de títulos -cfr.

Doc. de fls. 133 e 170, cujo teor integral aqui se dá por reproduzido.

9 - A data de 2-4-1999, data do óbito de “A”, era este titular no Banco “C” das seguintes contas:

I- ...

II - Conta de valores mobiliários nº …, associada à conta de depósitos à ordem nº …, a qual detinha à data do óbito os seguintes valores: 6945,00 Unidades de Participação do Fundo de Investimento …, com a cotação à data do óbito de

€ 5,7853 - cfr. Doc. de fls. 175, 176 e 177, cujo teor integral aqui se dá por reproduzido.

12 - Em 19-4-1999 foi efectivada a transferência bancária da conta nº … para a conta nº … no montante de € 40.201,13 - conf doc. de fls. 137, 138, 139 e 177, cujos teores integrais aqui se dão por reproduzidos.

10 – “D” é titular, juntamente com “B”, da conta solidária nº … do Banco “C”, a qual apresentava, em 31-5-1999, ... o saldo de 51.021,42 relativo à carteira de títulos - conf doc. de fls. 155 e 173, cujo teor integral aqui se dá por

reproduzido.

O Exmo Juiz tomou a seguinte posição:

Conforme resulta do facto provado sob o número 9, em 02.04.1999, data do óbito do Inventariado, a conta nº …, solidária em nome dele e ainda da Cabeça-de-Casal e da Reclamante apresentava um saldo de 1.468,44 € em dinheiro e 6.945 títulos, com a cotação à data do óbito de 5,7853 €.

Atento o regime da solidariedade e por nenhum interessado ilidir a presunção

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do disposto no artigo 516°, do Código Civil, haverá apenas que relacionar um terço do total do saldo aludido na conta nº …

Se é certo que foi pedida a transferência dos títulos para a conta …, conforme provado no nº 11, a verdade é que a operação só se operou em 19.04.1999, isto é, posteriormente ao óbito do Inventariado. E não foi alegado nem resulta da prova que no pedido de transferência dos títulos de uma conta para outra estivesse presente qualquer ideia de doação.

Deverá, assim, ser relacionado um terço do montante de 1.468,44 € (saldo em dinheiro) e um terço do valor correspondente aos títulos.

Decidiu o Exm o Juiz:

Primeiro: Que fosse eliminada a verba nº 1;

Segundo: Que fosse adicionada uma verba contendo o valor de 489,48 € (um terço de 1.468,44 €) referente à conta de depósitos à ordem nº … do Banco

“C”;

Terceiro: Que fosse adicionada uma verba contendo o valor de 13.392,97 (um terço de 40.178,91 €) referente aos títulos à data do óbito e que se

encontravam na conta nº … do Banco “C”.

Não concordaram com tal posição a Cabeça-de-Casal e o interessado “E”, tendo interposto o respectivo recurso, onde formularam as seguintes CONCLUSÕES:

O despacho judicial sob recurso deve ser revogado na parte em que mandar eliminar o montante de 52.204,09 € como fazendo parte do acervo hereditário a partilhar.

É que, no entender dos agravantes, o meritíssimo juiz “a quo” ao arrepio do que se deu como provado por documentos juntos aos autos, e conforme a sua douta fundamentação ilidir as presunções legais previstas nos art. 5120 e 5160 do C. Civil, considera o dinheiro e o valor dos títulos de crédito pertença do inventariado, valores pertencentes em partes iguais à cabeça-de-casal, herança e interessado reclamante.

Ora, este entendimento prejudica gravemente os outros interessados que são tratadas desigualmente, violando-se que os art. 1326 - que o art. 1353° ex vi do art. 30 alínea c) do nº 1 do art. 6680 todos do C.P.Civil por erro de

interpretação e aplicação (SIC).

Aliás, não é de todo descabido dizer que a interpretação dada aos preceitos acima referidos entre em confronto com o art. 130 da Constituição da

República Portuguesa sendo inconstitucional.

Contra-alegou a Reclamante, concluindo pela improcedência do recurso.

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*

Corridos os vistos legais, cumpre decidir.

*

As conclusões de recurso limitam o objecto do mesmo - artigos 684°, nº 3 e 690°, nº 1, do Código de Processo Civil.

MONTANTE DE 52.204,09 €

No dia 2 de Abril de 1999, abriu-se a herança, por óbito de “A” - artigo 2031°, do Código Civil.

Conforme o Banco “C” informa (doc. fls. 52) a conta nº …, apresentava como valor correspondente aos títulos o montante de 40.178,91 € (6.945 títulos cotados a 5,7853 i/cada, à data do óbito).

Se é certo que anteriormente “A” havia dado ordem ao Banco para proceder à transferência dos títulos para uma outra conta, a verdade é que nada resulta que tenha existido qualquer intuito de doar o respectivo valor.

Três montantes se nos deparam na matéria factual havida por provada, o que bem se compreende, já que a cotação dos títulos varia de dia para dia

(52.204,09 €, 40.178,91 €, 51.021,42 i).

Não poderá qualquer dos interessados no acervo da herança vir a ficar

beneficiado ou prejudicado com tal variação e, assim tão-somente poderá ser relacionada uma verba que mencione os 6.945 títulos. E será esta a

adjudicada (por acordo ou licitação).

Acaso resolvam repartir os títulos, cada um será adjudicado pelo valor que tinham à data do óbito. Assim, cientes, nenhum interessado poderá dizer-se prejudicado ou beneficiado, por força da já referendada variação de cotação.

Para efeito de valor quanto a custas ser-lhe-á atribuído aquele que tinha à data da abertura da herança: 40.178,91 €.

VERBA Nº 2

Pensamos que na verba nº 2, deveria ser relacionado o montante total de 1.468,44 € e não unicamente 1/3, Porém, a questão não foi suscitada nas conclusões formuladas e, consequentemente, não poderá ser alterada a posição tomada na Primeira Instância.

DECISÃO

Atentando em tudo quanto se procurou deixar esclarecido, acorda-se nesta Relação em conceder provimento ao recurso de agravo e em consequência se revoga parcialmente o despacho recorrido, nos seguintes termos:

A - A cabeça de casal relacionará: 6.945 Unidades de Participação do Fundo de Investimento “C”, cujo valor em 2 de Abril de 1999 era de 40. 178,91 €;

B - Manter-se-á o referido no ponto segundo ordenado pelo Exmo Juiz, já que não é objecto do presente recurso;

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C - Não será adicionado o ponto terceiro ordenado pelo Exmo Juiz, pois que estará contemplado na alínea "A".

Quanto ao mais mantém-se o despacho.

Custas na proporção em que os interessados forem condenados no inventário.

*

Évora, 14.06.07

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