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CONTEÚDO EXTRA REVISTA ANFARMAG Nº118

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Academic year: 2022

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CONTEÚDO EXTRA

REVISTA ANFARMAG Nº118

DICAS FARMACOTÉCNICAS

ASPECTOS FARMACOTÉCNICOS NA MANIPULAÇÃO DE XAMPUS

Xampus são soluções ou suspensões contendo um ou mais princípios ativos para aplicação na superfície do couro cabeludo. Devem limpar os fios e o couro cabeludo sem danificar a cutícula, produzir espuma com qualidade e ser facilmente enxaguados. Têm finalidade cosmética e de higienização, assim como dermatológica, quando neles se veiculam ativos medicamentosos. Normalmente a intenção é a limpeza e o condicionamento das fibras capilares; a correção do excesso de oleosidade do cabelo; o tratamento ou profilaxia das caspas; e o tratamento ou profilaxia das alopecias.

O couro cabeludo e o próprio fio capilar acabam por acumular uma diversidade de sujidades, compostas em sua maioria pela emulsão de graxa natural protetora produzida pelas glândulas sebáceas e sudoríparas, misturada a resto de células mortas advindas da descamação. Essas sujidades, em contato com a água, adquirem carga positiva e se ligam à fibra capilar que tem carga negativa, aderindo fortemente ao cabelo. O xampu, através de seu poder de limpeza, incluindo seus tensoativos, diminui a tensão superficial, facilitando a adesão da água na lavagem dos fios e do cabelo. Os tensoativos, preferentemente os aniônicos, quando aplicados aos xampus fazem flutuar pequenas partículas que removem o sebo. Essas partículas são umedecidas pelo detergente e então suspensas na porção líquida da espuma.

É necessário que o xampu elimine tanto substâncias lipossolúveis como hidrossolúveis, respeitando o conteúdo graxo e conservando a normalidade morfológica e fisiológica do cabelo e couro cabeludo. Pode ser formulado na forma líquida, de gel, pó, com aparência transparente, opaca e perolada, para uso em cabelos normais, secos, oleosos, danificados, infantil, de acordo com sua composição.

Já as emulsões condicionadoras são formuladas para serem usadas após a lavagem dos cabelos. O conceito é lavar os cabelos com um xampu de natureza aniônica e, a seguir, empregar enxágues e condicionadores, emulsionados ou não, de natureza catiônica. A natureza da fibra capilar, formada por uma proteína fibrosa chamada queratina, apresenta tanto cargas negativas quanto positivas. O equilíbrio quantitativo entre as diferentes cargas é dependente do pH, sendo o ponto isoelétrico da queratina um pH entre 3,7 e 4,0. Caso o pH esteja abaixo de 4,0, maior será a quantidade de cargas negativas, e em pH superior a 4,0, maior será a quantidade de cargas positivas. Considerando a lavagem com um xampu pH 6,0 teremos uma maior quantidade de carga negativa e, devido à repulsão quando há cargas iguais, teremos sobre os cabelos os efeitos de embaraços e de difícil penteabilidade.

As emulsões condicionadoras corrigem essa repulsão, promovendo lubrificação e condicionamento aos cabelos, por meio de seus tensoativos catiônicos com cargas positivas e propriedades antiestáticas.

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Composição de um xampu

Um bom xampu deve promover detergência, espuma, além de ser viscoso, solúvel em água, estável em pH ácido e não ser agressivo aos cabelos nem irritadiço aos olhos. É composto por tensoativos primários e secundários, com ação detergente, estabilizante de espuma, reengordurante, redutora de irritabilidade, opacificantes; agentes de viscosidade;

reguladores de pH; conservantes; antioxidantes; corantes (opcional); fragrâncias (opcional);

e ativos medicamentosos (quando solicitado sob prescrição médica).

Os tensoativos, que visam propiciar detergência e produção de espuma, são classificados em aniônicos (propriedades ativas devido a um ânion), não iônicos (não se dissociam em solução aquosa) e anfóteros (comportamento variável de acordo com o pH do meio).

Tensoativos aniônicos

Tensoativos primários (concentrações de 8% a 12%), quando solubilizados em água, apresentam carga negativa, com poder de espuma e capacidade detergente superior aos tensoativos não iônicos e anfóteros.

Os alquilsulfatos (lauril sulfato de sódio, lauril sulfato de amônio, lauril sulfato de trietanolamina), com alto poder detergente, formam espuma com abundância, contudo, são irritantes em altas concentrações.

Os alquil éter sulfatos (lauril éter sulfato de amônio, lauril éter sulfato de sódio, lauril éter sulfato de trietanolamina) são os mais usados, possuem boa detergência e alto poder espumógeno, apresentando menor irritabilidade do que os alquisulfatos.

Os alquil sulfosuccinatos (lauril éter sulfosuccinato de sódio) podem ser utilizados como tensoativos secundários, apresentam menor poder detergente e de espuma, porém, quando associados a outros tensoativos aniônicos, resultam em xampus com baixo grau de irritação aos olhos e à pele, sendo normalmente usados em produtos infantis. São instáveis a pH muito alto ou muito baixo.

Os alquil sarcosinatos são usados como tensoativos secundários, sendo a concentração de 25% a 75% em relação ao teor do tensoativo primário (lauril sarcosinato de sódio). Essa associação promove uma boa limpeza com condicionamento, com bom poder de espuma (pH 5,5-6,0), e é menos irritante para os olhos e peles, usados em produtos infantis.

Isetionatos de sódio (isetionato lauroil de sódio, cocoisetionato de sódio), usados até 5%

como tensoativos secundários, reduzem a irritação causada pelos primários, conferindo também espuma cremosa, abundante e hidratante.

Tensoativos não-iônicos (secundários)

Os tensoativos não iônicos são pouco espumógenos, sendo muito pouco utilizados como tensoativos primários. São utilizados como tensoativos secundários para modificar o tensoativo principal, como doadores de viscosidade, solubilizantes auxiliares, sobre- engordurantes, estabilizadores de espuma, e para amenizar a irritação aos olhos.

Os alquil poliglicosídeos (lauril poliglicósideo, decil poliglicósideo) são sintetizados pela reação da glicose do milho com alcoóis graxos obtidos do óleo de coco. O decil poliglicosídeo (1:1 com tensoativo aniônico) pode agir como um tensoativo primário também, como baixíssimo potencial de irritação aos olhos, quando utilizado sozinho ou em mistura com tensoativos aniônicos.

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O lauril poliglicosídeo (25% da concentração do tensoativo aniônico) é um tensoativo secundário que promove poder espessante e estabilizador de espuma quando associado a tensoativo primário, podendo até substituir as alcolanamidas.

As alcanolamidas de ácidos graxos (dietanolamida de ácidos graxos de coco 90%, dietanolamida de óleo de babaçu, monoetanolamida de ácidos graxos de coco) são de caráter não iônico, promovendo ação sobre-engordurante, estabilização de espumas e espessamento, usadas em concentrações de 2 a 3%.

A dietanolamida de ácidos graxos de coco pode formar nitrosaminas, e, quanto maior o teor de amida, menor a quantidade nitrosaminas, por isso, dê preferência a 90%. Ésteres de sorbitanos (Peg 20 monolaurato de sorbitano etoxilado, polissorbato 20), associados com tensoativos aniônicos e anfóteros, reduzem irritabilidades.

Tensoativos anfotéricos (secundários)

Seu comportamento é variável de acordo com o pH, adquirem carga positiva em pH ácido ou negativa em pH básico, devendo ser evitados os pHs muito baixos, o que ocasiona o aumento de sua irritabilidade. Melhoram a estabilidade da espuma e reduzem a irritabilidade aos olhos e à pele. Como exemplos de anfoacetatos e glicinatos, temos o cocoanfocarboxiglicinato, utilizado em concentrações de 3% a 6%, e o lauroamfoglicinato, utilizado em concentrações de 3% a 10%. Dentre as betaínas, temos a cocoamidopropilbetaína, utilizada de 3% a 6%, normalmente um terço em relação ao tensoativo aniônico, a qual possui baixa irritabilidade, melhorando o sensorial da espuma, sendo também uma doadora de viscosidade com efeito condicionante.

Espessantes e agentes opacificantes

Dentre os doadores de viscosidade, temos o uso das alcanolamidas, do cloreto de sódio, de ésteres graxos ou glicóis ou polióis. O cloreto de sódio é um eletrólito que deve ser usado até um máximo de 5%, pois, a partir de determinada concentração, ocorre repentina queda de viscosidade. Dentre os ésteres graxos ou glicóis ou polióis, temos o uso do diestearato de polietilenoglicol 6000 de 0,1% a 2%; o PEG-150 Pentaerythrityl tetrastearase de 0,25% a 5%, e o PEG 120 Metil Glicose Dioleato (Glucamate DOE 120) até 5%. Como agentes suspensores, cita-se o uso de goma xantana, carbomêro 2020, goma guar quartenizada até um máximo de 1%, derivados de celulose, hidroxietilcelulose, hidroxipropilcelulose e silicatos de alumínio e magnésio de 1% a 2%, que evitam a sedimentação de ingredientes insolúveis incorporados nos xampus.

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O lauril poliglicosídeo (25% da concentração do tensoativo aniônico) é um tensoativo secundário que promove poder espessante e estabilizador de espuma quando associado a tensoativo primário, podendo até substituir as alcolanamidas.

As alcanolamidas de ácidos graxos (dietanolamida de ácidos graxos de coco 90%, dietanolamida de óleo de babaçu, monoetanolamida de ácidos graxos de coco) são de caráter não iônico, promovendo ação sobre-engordurante, estabilização de espumas e espessamento, usadas em concentrações de 2 a 3%.

A dietanolamida de ácidos graxos de coco pode formar nitrosaminas, e, quanto maior o teor de amida, menor a quantidade nitrosaminas, por isso, dê preferência a 90%. Ésteres de sorbitanos (Peg 20 monolaurato de sorbitano etoxilado, polissorbato 20), associados com tensoativos aniônicos e anfóteros, reduzem irritabilidades.

Tensoativos anfotéricos (secundários)

Seu comportamento é variável de acordo com o pH, adquirem carga positiva em pH ácido ou negativa em pH básico, devendo ser evitados os pHs muito baixos, o que ocasiona o aumento de sua irritabilidade. Melhoram a estabilidade da espuma e reduzem a irritabilidade aos olhos e à pele. Como exemplos de anfoacetatos e glicinatos, temos o cocoanfocarboxiglicinato, utilizado em concentrações de 3% a 6%, e o lauroamfoglicinato, utilizado em concentrações de 3% a 10%. Dentre as betaínas, temos a cocoamidopropilbetaína, utilizada de 3% a 6%, normalmente um terço em relação ao tensoativo aniônico, a qual possui baixa irritabilidade, melhorando o sensorial da espuma, sendo também uma doadora de viscosidade com efeito condicionante.

Espessantes e agentes opacificantes

Dentre os doadores de viscosidade, temos o uso das alcanolamidas, do cloreto de sódio, de ésteres graxos ou glicóis ou polióis. O cloreto de sódio é um eletrólito que deve ser usado até um máximo de 5%, pois, a partir de determinada concentração, ocorre repentina queda de viscosidade. Dentre os ésteres graxos ou glicóis ou polióis, temos o uso do diestearato de polietilenoglicol 6000 de 0,1% a 2%; o PEG-150 Pentaerythrityl tetrastearase de 0,25% a 5%, e o PEG 120 Metil Glicose Dioleato (Glucamate DOE 120) até 5%. Como agentes suspensores, cita-se o uso de goma xantana, carbomêro 2020, goma guar quartenizada até um máximo de 1%, derivados de celulose, hidroxietilcelulose, hidroxipropilcelulose e silicatos de alumínio e magnésio de 1% a 2%, que evitam a sedimentação de ingredientes insolúveis incorporados nos xampus.

Referências bibliográficas

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