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Educação ambiental nas escolas públicas : realidade e desafios

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Academic year: 2021

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DANIEL SARMENTO PEREIRA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS: REALIDADE E DESAFIOS

IJUÍ - RS 2010

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS: REALIDADE E DESAFIOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Sociologia Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, como requisito à obtenção do título de graduação.

Professora Orientadora: Andréa Becker Narvaes

Ijuí - RS 2010

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Sociologia, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito para a obtenção de graduação.

COMISSÃO EXAMINADORA

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Dedico este trabalho à minha esposa Joiciléia, amiga e companheira de todas as horas, pela paciência, apoio e força, pois é graças a seu carinho e compreensão que estou vencendo mais esta etapa da vida.

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Você não está aqui apenas para preencher um espaço ou para ser um figurante no filme de outra pessoa. Pense nisto: o mundo seria diferente se você não existisse. Cada lugar onde você esteve e cada pessoa com quem você já falou seriam diferentes sem você. Estamos todos interligados e somos todos afetados pelas decisões e mesmo pela existência daqueles que vivem no mundo conosco.

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RESUMEN

Debido al avance tecnológico y el crecimiento de la población, aumento de la producción y el consumo, los recursos naturales del planeta y su capacidad para absorber los productos de desecho de la humanidad se están convirtiendo en un grave problema social que hay que resolver por todos nosotros en el siglo XXI. En este sentido, el papel de las escuelas públicas es fundamental para educar a la nueva generación en busca de un medio ambiente más saludable y el crecimiento continuo, pero de una manera sostenible. La investigación ha demostrado que cuanto antes la más eficaz los resultados de la educación ambiental y que los jóvenes son los vectores que permitan difundir una nueva cultura de conservación y respeto por la naturaleza. Claro ejemplo es el caso de la escuela pública de la Escuela Secundaria Tricentenario, San Borja-RS, que trabaja en esta zona en busca educar a los estudiantes y lograr que sean ciudadanos responsables mediante la transformación de la salud y el medio ambiente en que viven.

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RESUMEN

Debido al avance tecnológico y el crecimiento de la población, aumento de la producción y el consumo, los recursos naturales del planeta y su capacidad para absorber los productos de desecho de la humanidad se están convirtiendo en un grave problema social que hay que resolver por todos nosotros en el siglo XXI. En este sentido, el papel de las escuelas públicas es fundamental para educar a la nueva generación en busca de un medio ambiente más saludable y el crecimiento continuo, pero de una manera sostenible. La investigación ha demostrado que cuanto antes la más eficaz los resultados de la educación ambiental y que los jóvenes son los vectores que permitan difundir una nueva cultura de conservación y respeto por la naturaleza. Claro ejemplo es el caso de la escuela pública de la Escuela Secundaria Tricentenario, San Borja-RS, que trabaja en esta zona en busca educar a los estudiantes y lograr que sean ciudadanos responsables mediante la transformación de la salud y el medio ambiente en que viven.

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INTRODUÇÃO ... 10 1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ...

1. 1 A relação do homem com a natureza ... 1. 2 A produção e o lançamento de resíduos sólidos pelo homem ... 1. 3 Como e quando surgiu a Educação Ambiental ...

12 14 14 17 2 CONSCIÊNCIA AMBIENTAL ... 19 3 O PORQUÊ E AS PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS

ESCOLAS ... 23 4 EDUCAÇÃO: ELEMENTO INDISPENSÁVEL PARA A FORMAÇÃO DA

CONSCIÊNCIA AMBIENTAL ... 4. 1 Pontos controversos da Educação Ambiental ... 25 27 5 ENSINAR E APRENDER EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 5. 1 A Educação Ambiental nas escolas públicas estaduais de São Borja ... 30 30 CONCLUSÃO ... 36 BIBLIOGRAFIA ... 40 ANEXOS ... 8. 1 Anexo A – Folder campanha economia de água ... 8. 2 Anexo B – Cartões distribuídos na Semana da Árvore ... 8. 3 Anexo C – Folheto da campanha contra a dengue ... 8. 4 Anexo D – Fotos das oficinas relacionadas à Educação Ambiental

realizadas na escola ... 42 43 44 45 46

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Atualmente, a degradação do planeta e do ambiente natural constitui-se um dos maiores problemas da sociedade moderna. A falta de cuidados do homem com seu meio e a corrida materialista provocou, ao longo dos anos, o desgaste da capacidade natural da terra de se recuperar por suas próprias forças e, hoje, vivemos momentos bastante difíceis causados pelo aquecimento global, o desmatamento, a extinção de inúmeras espécies vegetais e animais, além da escassez da água potável, um elemento essencial para a manutenção da vida. Por isso, Santos (1999, p. 143) afirma que “nunca o homem esteve exposto a mudanças tão rápidas, tão radicais e tão profundas como na contemporaneidade”.

Analisando a partir do contexto sociológico, presenciamos o acelerado crescimento populacional e urbano, na maioria das vezes, sem planejamento, aliado à falta de conscientização e de uma dinâmica social alicerçada sobre um modo de vida baseado na produção e no consumo de bens e pelo grande acúmulo de resíduos acumulados em toda a parte. Nesse sentido, Rodrigues faz o seguinte comentário:

Um grande problema da intensificação da produção/destrutiva, senão o maior, está no que se convencionou chamar de problemática ambiental, na criação de novas necessidades que não satisfazem necessidades humanas enriquecedoras, mas apenas correspondem a modos de vida da sociedade do descartável. E, na sociedade descartável, o tempo e o espaço são tidos como separados, produzem-se cada vez mais e mais mercadorias – que duram cada vez menos – e utiliza-se de forma intensiva o espaço para produzir mais (1998, p. 23).

Séculos se passaram até que a humanidade finalmente se desse conta de toda a problemática que estamos testemunhando. Nesta jornada, foram necessários inúmeros movimentos, protestos e conflitos na luta por um ambiente mais limpo e com mais qualidade. Por fim, a questão ambiental passa a fazer parte de nosso dia-a-dia e a integrar nossos currículos escolares em qualquer sociedade que vise a formação do cidadão integral.

Isso ocorre porque a educação está em permanente discussão com a sociedade, tendo, portanto, a escola obrigação de construir consciência e indivíduos autônomos que desenvolvam a capacidade de reconhecer as dificuldades de sua comunidade e do mundo. Com esse objetivo, a sociologia foi introduzida como componente curricular, buscando transmitir conhecimentos e também ampliar a

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visão do educando nessa área, além de possibilitar a reflexão e, consequentemente, facilitando a contextualização do seu coletivo. Referente a isso, diz a “Carta de Belgrado” de 1975:

(...) A juventude precisa receber uma nova educação, o que requer um novo tipo de relacionamento entre estudantes e professores, entre escola e comunidade, entre sistema educacional e a sociedade. É nesse sentido que devem se lançadas as fundações para um programa mundial de Educação Ambiental que torne possível o desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades, valores e atitudes, visando à melhoria da qualidade ambiental e, efetivamente, à elevação da qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.

Assim sendo, mais uma vez, podemos salientar o papel da disciplina de sociologia dentro da escola no sentido de estudar a vida e o procedimento social, sobretudo quanto às relações que se dão no sistema social. Pois, para modificar comportamentos e reverter adversidades é fundamental entender como funciona a interação dos indivíduos entre si e com seu meio.

Erroneamente, essa disciplina, algumas vezes, é descrita como apenas o “estudo das sociedades”. Porém, inclui em seus objetivos a compreensão da vida social e do que acontece em sistemas menores, o que é de grande valia para a avaliação e concepção de conceitos e ocorrências no todo. O estudo de grupos em qualquer ambiente, seja dentro de empresas, escolas ou famílias, por estarem interligados, leva ao entendimento de grupos sociais maiores, facilitando a formulação de perguntas e hipótese, sem as quais seria difícil chegar à conclusões e a elaboração de projetos a fim de equacionar as questões propostas.

Desse modo, uma prática pedagógica direcionada para a Educação Ambiental aliada a sociologia é fundamental para solucionar os grandes problemas sociais, ecológicos e econômicos que se abatem sobre a humanidade. Para que ocorra esse tão apregoado tipo de educação é preciso que a escola seja responsável discutir com juventude tanto os valores como as conseqüências de determinados comportamentos individuais e coletivos, a forma correta de usar os recursos naturais, a importância da natureza na vida do homem, a necessidade da separação dos resíduos e da diminuição da geração dos mesmos. Portanto, a disciplina de sociologia é um elemento valioso no currículo escolar.

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possui conceitos bem variados dependendo do contexto, das influências e da visão de cada um.

Para alguns, o tema refere-se a assuntos ligados ao lixo, à preservação da natureza, paisagens, animais, vegetais, entre outros, assumindo um caráter apenas naturalista. Contudo, o conceito de Educação Ambiental, de acordo com a situação atual, passa a ter um caráter mais sócio-político, fundamentado na busca do equilíbrio entre o homem e seu meio, visando um futuro mais harmonioso e sustentável.

Entende-se que o conceito atual deixa de ser meramente teórico para se tornar uma prática para a sustentabilidade, mesmo que persista o conflito entre ela e o progresso. A Educação Ambiental, segundo a lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, é um componente essencial e permanente da educação Nacional, devendo estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo formal e não-formal.

O Congresso de Belgrado, promovido pela UNESCO em 1975, diz que a Educação Ambiental é um processo que visa:

(...) formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permita trabalhar individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam (...) (citado por SEARA FILHO, G. 1987).

Ainda procurando apresentar uma definição mais adequada para Educação Ambiental nos dias atuais, o Capítulo 36 da Agenda 21, importante documento sobre o tema , a Educação Ambiental é vista como o processo que busca:

(...) desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (...) (Capítulo 36 da Agenda 21).

Desse modo, entende-se que a EA é tudo o que a fundamenta e acompanha, é um outro ponto de partida, um outro aprender a saber, olhar, sentir, viver e interagir entre os seres humanos. É um sistema cultural e pedagógico de encontro de muita outras áreas do saber, de sentido e de atitudes para se tornar um caminho

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de encontros para salientar que a educação que praticamos em nossos dias seja realmente transformada.

Percebe-se, então, que a Educação Ambiental é uma coisa mais séria do que geralmente tem sido apresentada, em nosso meio. É um apelo à seriedade do conhecimento e, uma busca de propostas corretas de aplicação das ciências. Uma ação, entre missionária e utópica, destinada a reformular comportamentos humanos e recriar valores perdidos e ou jamais alcançados. Um processo de educação que garante um compromisso com o futuro, envolvendo uma nova filosofia de vida e um novo ideário comportamental, tanto no âmbito individual, quanto no coletivo.

Para Santos (1999), Educação Ambiental trata-se "o processo educacional de estudos e aprendizagem dos problemas ambientais e suas interligações com o homem na busca de soluções que visem a preservação do meio ambiente" . Segundo Tamaio (2000), converte-se em “mais uma ferramenta de mediação necessária entre culturas, comportamentos diferenciados e interesses de grupos sociais para a construção das transformações desejadas”.

No entendimento de Carvalho a Educação Ambiental é um conhecimento que:

(...) Fomenta sensibilidades afetivas e capacidades cognitivas para uma leitura do mundo do ponto de vista ambiental. Dessa forma, estabelece-se como mediação para múltiplas compreensões da experiência do indivíduo e dos coletivos sociais em suas relações com o ambiente. Esse processo de aprendizagem por via dessa perspectiva de leitura dá-se particularmente pela ação do educador como intérprete dos nexos entre sociedade e ambiente e da EA como mediadora na construção social de novas sensibilidades e posturas éticas diante do mundo (2004, p. 163).

Para que a Educação Ambiental aconteça de forma efetiva, a sociologia como disciplina adquire grande relevância uma vez que os temas relacionados ao meio ambiente estão estreitamente ligados aos valores oriundos das relações dos indivíduos entre si e deles com a natureza, sendo necessário, atualmente, dar-lhes novos rumos e conceitos. Isso ocorre em função da cultura alimentada pelo capitalismo que prega o uso indiscriminado dos recursos naturais.

Embora vida em sociedade tenha sempre representado riscos para o ambiente natural, o avanço científico e o progresso do conhecimento acelerou esse processo, exigindo mudanças de comportamentos indispensáveis para diminuir a degradação ambiental que representa perigo imenso para o equilíbrio natural da terra. Assim, a sociologia nas escolas se apresenta como um veículo na construção da consciência ambiental de uma geração que necessita educar-se para não

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destruir; educar-se para poupar um ambiente exaurido e fundamental para a manutenção da vida.

1.1 A RELAÇÃO DO HOMEM COM A NATUREZA

Cientistas de todos os continentes comprovaram após inúmeras pesquisas e estudos que a sobrevivência humana está diretamente ligada ao meio natural onde vive. Esse é um fato inquestionável, especialmente no mundo ocidental capitalista com economia baseada na produção de bens e consumo, a qual conduz a apropriação irresponsável e abusiva da natureza com a retirada dela além do necessário. Com isso, ocorre o desequilíbrio entre o homem e o meio ambiente.

O desenvolvimento científico, o aperfeiçoamento da tecnologia e a cristalização de valores materiais cada vez mais apregoados levam a ao processo de degradação, comprometendo a qualidade de vida no Planeta. Notoriamente, tal problema é mais acentuado nos países ditos desenvolvidos em função do descaso dos governos para com eles, não adotando políticas públicas de maneira prioritária e emergencial. O resultado desse comportamento é o aumento da incidência de doenças, a miséria da população e o crescimento desenfreado de um ambiente insalubre e degradado, o que contraria o princípio do direito do ser humano à dignidade, saúde e ambiente equilibrado que lhe garanta a qualidade de vida.

1.2 A PRODUÇÃO E O LANÇAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PELO HOMEM

Na natureza, o homem é o único ser que produz resíduos que nem sempre podem ser reabsorvidos integral e rapidamente. O ser humano sempre produziu resíduos ao longo da história e sua qualidade passou a variar de acordo com sua evolução e progresso.

O homem primitivo era nômade, produzindo apenas restos orgânicos biodegradáveis, que não representavam impacto significante no ambiente. Quando o modo de vida nômade é abandonado, o novo sistema traz consigo o problema do acúmulo de restos e dejetos que eram enterrados para não ficarem expostos.

Na Idade Média, aumenta a produção agrícola e de artesanato. As feiras livres crescem, fortalecendo o comércio dos aglomerados que aliado ao crescimento populacional resultam no aparecimento e disseminação de doenças, como a peste bubônica transmitida ao homem pela pulga dos ratos. Esse fato data do início do século XIV, alastrando-se pela Europa causando a morte de milhares de pessoas.

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Depois de muitas epidemias e mortes em massa em vários países, a ciência alcança grande desenvolvimento a partir do século XIX e as autoridades aceitam o ato de que o lixo e os dejetos humanos amontoados inadequadamente são a origem de doenças e problemas para a população, convencendo os governos a tratarem melhor os seus resíduos.

A implantação do sistema capitalista trouxe o desenvolvimento e o progresso, mas ocasionou grande pressão sobre os recursos naturais e o meio ambiente. Com isso, o equilíbrio e a qualidade do meio ficou comprometida, prejudicando a natureza em todas as fases do processo, desde a coleta da matéria-prima até a geração de grande quantidade de materiais descartáveis, fruto de um consumismo irresponsável.

A mudança do modo de produção no mundo moderno alterou significativamente a quantidade de resíduos, a sua qualidade e diversidade. Surgem os resíduos industriais, comerciais, públicos, químicos, hospitalares. Tal fato exigiu um novo conceito para o que chamamos de lixo.

Segundo o Minidicionário Luft (2001), lixo é um substantivo masculino usado para expressar restos ou coisas imprestáveis. Também significa imundice, sujeira, cisco. Já alguns estudiosos consideram complexa tal definição. Sabetai Calderoni (2003, p.49) destaca que “o conceito de lixo e de resíduo pode variar conforme a época e o lugar. Dependem de fatores jurídicos, econômicos, ambientais, sociais e tecnológicos”.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), no Brasil, de acordo com a Norma Brasileira Registrada (NBR) nº. 10.004, define lixo ou resíduos sólidos da seguinte maneira:

Resíduos nos estados sólidos e semi-sólido que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1987, p. 2).

Como bem se vê, a Educação Ambiental possui conceitos bem variados, dependendo do contexto, das influências e da visão de cada um. Para alguns, refere-se a assuntos ligados ao lixo, preservação da natureza, paisagens, animais, vegetais, etc, assumindo um caráter apenas naturalista.

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Contudo, o conceito de Educação Ambiental de acordo com a situação atual passa a ter um caráter mais realista, fundamentado na busca do equilíbrio entre o homem e seu meio, visando um futuro mais harmonioso e sustentável. Entendemos, por isso, que tal conceito deixa de ser meramente teórico para se tornar uma prática sustentável, mesmo que persista o conflito entre progresso e sutentabilidade.

Objetivando fornecer subsídios para reflexão, apresentamos algumas definições para educação ambiental. Salientamos, porém, a necessidade de visão abrangente para que se possa compreender seu amplo significado.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA – diz que Educação Ambiental é um processo de formação e informação orientado para o desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais e de atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental (In: DIAS, 1998). A Lei Federal nº 9.795, art. 1º, define educação ambiental como:

[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1999).

Para Pereira Neto (1999) que há tempos atrás o lixo era definido como resíduo sólido resultante da atividade humana que não possuía utilidade funcional ou estática o que reforçava o comodismo e o descomprometimento do cidadão para com o destino dos resíduos gerados e com os problemas oriundos deles. Por isso, o autor concluiu que (1999) que lixo trata-se de massa heterogênea de resíduos sólidos passiveis de reciclagem e reutilização, trazendo benéficos ao ambiente, proteção à saúde pública e economia tanto de energia como de recursos naturais.

Desse modo, analisando estas opiniões, compreendemos que estamos diante de uma nova maneira de encarar o lixo. Primeiro, levamos em conta a necessidade de repensar a atual sociedade consumista e suas necessidades reais e fictícias. Depois, somos desafiados a criar mecanismos de reaproveitamento dos resíduos e introduzir cada vez mais cedo na vida das pessoas a consciência ambiental, educando para a sutentabilidade.

Tendo em vista a crise ambiental do mundo moderno, as escolas passam a ser consideradas o caminho mais adequado para introduzir uma visão mais responsável, fornecendo instrumentos que potencializam a capacidade de

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intervenção dos agentes sociais (professores, alunos, funcionários, famílias, fornecedores entre outros) como transformadores do meio onde se encontram. Indo mais além, a disciplina de sociologia coloca-se como agente condutor de reflexões e de transformações de consciências nesta área.

1. 3 COMO E QUANDO SURGIU A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Como fruto da conscientização sobre a problemática ambiental, o surgimento e desenvolvimento da educação ambiental como conteúdo integrante do método de ensino está diretamente vinculado aos movimentos e lutas ambientalistas. Foi com o estudo da ecologia como ciência global que evidenciou a preocupação com a degradação do ambiente, nascendo, assim, a necessidade de educar as pessoas no sentido de preservar o meio ambiente onde vive.

De acordo com DIAS (1992, p. 35), a expressão “educação ambiental” foi citada pela primeira vez em 1965, na Grã-Bretanha, durante a Conferência em Educação, em Keele, quando foi concluido que a educação ambiental deveria fazer parte da educação de todos os cidadãos. O mesmo autor (p. 36) esclarece que em 1970, os Estados Unidos aprovaram a lei sobre educação ambiental, mas que foi na Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano, de 5 a 16 de junho de 1972, em Estocolmo, Suécia, que surgiu em âmbito mundial a preocupação com os problemas ambientais e adimite-se a necessidade de uma educação ambiental, recomendando-se a sua inclusão nos programas de ensino com objetivo de reflexão,conscientização e, principalmente, de apresentar soluções.

Na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada na em Jomtien (Tailândia), de 5 a 9 de março de 1990, divulga a Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Apredizagem

repete a necessidade de aprendizagem, respeito e desenvolvimento da educação de todos na defesa da causa social e de proteção ao meio ambiente. Na Conferência sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, em 1992 (Rio-92) a educação ambiental foi declarada finalmente como processo essencial no caminho do desenvolvimento sustentável recomendado na Agenda 21.

Ainda em 1992, na Rio-92, aconteceu um worshop sobre educação ambiental, no qual foi elaborada a Carta Brasileira para a Educação Ambiental enfatizando a importância do compromisso real do poder público em todas as esferas quanto ao cumprimento e complementação da legislação e políticas na área da educação

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ambiental. O referido documento apregoa também a necessidade de articulação dos vários programas e iniciativas governamentais em educação ambiental por parte do MEC (Ministério da Educação e Cultura) e definição de metas para a inserção nos currículos das instituições de ensino da educação ambiental.

O ministério da Educação e do Desporto ao elaborar o Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003), no que se refere ás necessidades básicas das crianças, jovens e adultos e à ampliação dos meios e do alcance da educação básica, a educação ambiental deve ser um de seus componentes. Em 1994, o governo federal aprovou a Exposição de Motivos do MEC e da Ciência e Tecnologia, estabelecendo as diretrizes para a implantação do programa Nacional de Educação Ambiental e em 1996, a revisão curricular incluiu nos Parâmetros Curriculares Nacional o Convício Social e Ética – Meio Ambiente, abordando a dimensão ambiental de forma transversal em todo o Ensino Fundamental.

Atualmente, os currículos das escolas públicas contém conteúdos relativos à Educação Ambiental. O tema é abordado, variando a forma e a profundidade. Alguns valorizam além da teoria a prática e as ações individuais e coletivas de maneira a preparar a nova geração para cuidar, preservar e manter saudável o meio ambiente.

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conservação dos recursos naturais. O desenvolvimento sustentável é a tônica das freqüentes discussões sobre o esgotamento dos recursos disponíveis, pois a natureza não suporta mais o descaso e o tratamento irresponsável que recebe devido à ambição e o consumismo desenfreado do homem moderno. A continuar assim, muito pouco ou quase nada restará para legarmos às gerações futuras.

É fundamental para reverter esse estado de coisa que cada um faça a sua parte. Nesse sentido, a escola é o maior disseminador da educação ambiental, oportunizando a sua clientela a participação em programas e projetos que visem a conscientização da juventude sobre a importância do tema, além de dar-lhes a formação necessária, estimulando-a a multiplicar os conhecimentos recebidos e a mudanças de hábitos, além proporcionar o grande benefício do convívio com a natureza como cita Rita Mendonça, em seu artigo na Revista Escola:

Em contato com a natureza percebemos que temos uma existência em comum. Quanto mais unificamos as relações entre nós e o ambiente, mais harmônica é nossa vida. Na nossa proposta pedagógica, o professor não ensina o que é natureza e não a descreve, mas relaciona-se com ela e compartilha com os alunos o que para ele faz sentido nessa experiência. O encantamento dos estudantes pelo tema vem dessa troca com o professor, que motiva a turma a querer aprender. O relacionamento entre eles se torna mais intenso e sincero, as mentes se acalmam e a concentração de todos melhora (mar/2006, n. 190).

Pequenas ações como o reaproveitamento de resíduos sólidos na própria casa, a reciclagem e agir de forma correta frente à coleta seletiva é fundamental para a transformação do meio ambiente, poupando recursos e energias essenciais para a dinâmica social. Conhecer os potenciais disponíveis e saber como utilizá-los racionalmente pode fazer a diferença entre um ambiente saudável ou um ambiente deteriorado e impróprio para a vida.

É comum a preocupação da publicidade em promover o ter, o consumismo, o sentimento de prazer na aquisição de embalagens sofisticadas que, na realidade, só aumentam o volume de lixo. Dessa forma, a comunidade e o educando precisam ser conscientizados de que muitos materiais que levamos para casa são supérfluos, tendo a função única e exclusiva de atrair a vaidade de quem compra. Muitas vezes, o volume descartado é maior do que o produto que utilizamos e vai entulhar a lata

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de lixo, depois os aterros, levando anos, décadas para se reintegrar à natureza, sem contar com aqueles materiais que não se degradam.

É impossível não refletir sobre o tema quando tomamos conhecimento de que resíduos bastante comuns em nossa casa levam um enorme tempo para serem reintegrado à natureza como nos mostra a seguinte listagem (Fonte: Grippi 2001, Lixo 2003):

• Jornais: de 2 a 6 semanas.

• Embalagens plásticas: mais de 500 anos. • Latas de alumínio: de 100 a 500 anos.

• Sacolas e sacos plásticos: mais de 500 anos. • Embalagens longa vida: 100 anos.

• Vidro: 4.000 mil anos

• Restos orgânicos: de 6 meses a um ano.

Como ano a ano aumenta a população e cada vez mais crescer o consumo e descarte de materiais, é possível visualizar o planeta como um enorme depósito de lixo. Assim, torna-se urgente conscientizar desde muito cedo o indivíduo do significado de sua participação no controle e consumo responsável

Quanto a isso, a educação ambiental e a sociologia nas escolas exercem importante papel, o de esclarecer e mostrar que preciclar – pensar antes de comprar – é um dever de cada cidadão para não produzir resíduos sem necessidade. Cabe a escola conscientizar sobre os apelos abusivos e ao governo, cabe promover campanhas educativas, fiscalizar, tratar o lixo adequadamente e transportá-lo para locais próprios e seguros.

A revolução tecnológica ao mesmo tempo em que facilitou a execução das tarefas e nos trouxe mais conforto, conduziu a produção do lixo tecnológico altamente prejudicial para o meio ambiente, mas que pode ser reaproveitado. O descarte desse tipo de material exige cuidado extremo, pois muitos desses componentes são nocivos e destroem, a médio e longo prazo, o equilíbrio natural. Alertando sobre esse aspecto, Grossi afirma que:

É o lixo um dos maiores responsáveis pela poluição ambiental, talvez seja o principal gênero da poluição ambiental. Sendo assim deverá haver uma grande preocupação de todos com tudo o que consumimos, porque se não for reaproveitado se transformará em lixo e deverá ter um destino apropriado,evitando assim o prejuízo ao meio ambiente (1989 p 53).

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No ambiente escolar, o aluno deverá ser conscientizado que viver em um local saudável depende das atitudes que temos no dia-a-dia, uma vez que o homem é o único ser vivo que produz lixo que não reaproveita. Assim sendo, os princípios da coleta seletiva, da reciclagem, do uso racional dos recursos naturais são vitais para mudar a forma de tratar o ambiente e promover o equilíbrio e mais qualidade de vida.

No ambiente doméstico, tais princípios serão multiplicados, pois as crianças quando estimuladas se tornam verdadeiros fiscais e promotores de transformações que atingem a geração anterior, carente de conscientização ambiental. É a educação empreendida na escola estendendo-se pelo restante da comunidade, adquirindo significado além dos muros da escola.

Mais do que nunca, torna-se fundamental a contribuição do educando para a preservação ambiental, prevenindo desastres que começamos a ver em manchetes de jornais e TV. Através de práticas simples e de pequenas mudanças na rotina diária, é possível evitar o convívio com o lixo sem perspectiva, pois como alerta Grossi:

(...) o lixo precisa de tratamento para que não prejudique o meio ambiente, tudo depende de como ele é tratado. O papel, plástico, os metais podem ser recuperados o que amenizara o impacto com a natureza (1989, p. 54).

As novas gerações podem contribuir em muito com a preservação do meio ambiente. A partir do momento em que os educandos incorporarem em sua rotina a prática de dar melhor tratamento aos resíduos que não podem deixar de ser produzidos, avançaremos em termos de educação ambiental. Para tanto, é importante que mudem os hábitos e práticas como a reciclagem passem a fazer parte do comportamento humano como meio de minimizar o impacto sobre a natureza, com o reaproveitamento de papel, plástico, metais, entre outros materiais.

Em relação a isso, prossegue Grossi:

Adotar a reciclagem significa assumir um novo compromisso diante do ambiente, conservando-o o máximo possível. A reciclagem ensina a população a não desperdiçar, a ver o lixo como algo que pode ser útil e não como uma ameaça. Entretanto a reciclagem favorece a educação ambiental das comunidades, já que é uma proposta de reeducar-se para lidar com o lixo ensinando a população a valorizar o reaproveitamento do lixo como fonte de renda, oportunizando a criatividade e o reutilizar daquilo que iria fora (1985, p.58).

Em si nada é inútil. Tudo pode ser reaproveitado, adquirindo novas utilidades, com estruturas renovadas, com fabricação de novos produtos, fato que, com

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certeza, é muito saudável para a natureza. O conhecimento no educando provoca um despertar para a ação e muitos se tornam grandes agentes frente aos desafios ecológicos.

O jovem desde cedo precisa participar e valorizar a preservação do lugar onde vive e o papel da escola é proporcionar momentos de aprendizado tanto teórico como prático, pois o conhecimento sem ação é inócuo. Romper com os velhos paradigmas educacionais e transformar a educação ambiental em aprendizagem significativa é o fim que deve mover a escola de hoje.

A teoria tem seu valor, mas é a prática que transforma o contexto e modifica posicionamentos, consistindo-se em obra eficiente. O professor é o promotor dessa nova postura dentro da educação, fugindo do tradicional através de formas ousadas de atrair a juventude para a luta constante em favor da natureza, do fim do desperdício.

Em se tratando de sociologia ambiental, falar dela parece ser tema novo. No entanto, há mais de três décadas os problemas ambientais tornaram-se uma preocupação da sociedade, embora restrita a determinados grupos.

Assim sendo, surge a sociologia ambiental como uma iniciativa científica e de estudiosos do tema, fazendo parte de movimentos de protestos contra a depredação dos recursos naturais e a comprovação através de pesquisas das conseqüências nefastas disso para toda a sociedade e o planeta como um todo.

Nos anos 70, movimentos ambientalistas espoca vamm em todo o mundo e os sociólogos passaram a estudá-los como modificadores de comportamentos e pelas relações que se estabeleciam através deles. Nesse momento, ainda eram poucas as produções teóricas sobre o tema para a compreensão da relação entre sociedade e natureza, mas era impossível negá-la, mesmo porque sociólogos de renome como Durkheim1, Marx2 e Weber3 já haviam feito pequena e tácita referência ao tema em seus trabalhos algum tempo antes.

Assim sendo, a disciplina de sociologia começou a contribuir para o resgate da cidadania a partir do momento em que fornecia informações sobre as estruturas e as relações sociais, criando um ambiente propício para as discussões que devem ocorrer dentro da escola como a interação homem/natureza, a conscientização da

1Da divisão do trabalho social, 1893. 2 O Capital, 1867.

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responsabilidade de todos para com o lugar onde vivemos e que vamos legar às próximas gerações. Desse modo, surge a sociologia ambiental que se torna requisito importante no projeto de transformação social e dos comportamentos.

Dentro do currículo escolar, a disciplina de sociologia objetiva muito mais do que a inclusão e o apoio às demais disciplinas. Procura, sim, despertar no educando o interesse e a curiosidade rumo à reflexão sobre a realidade que o cerca e nela seus deveres para com a preservação da fauna, da flora, da manutenção do ar e da água mais pura, bem como da produção sustentável a fim de garantir mais qualidade de vida.

É através do estudo da sociologia que se instalarão os fóruns de debates em sala de aula, onde todos terão oportunidade de expressar opiniões, desenvolvendo o raciocínio e a lógica para os comportamentos observados. Dessa maneira, poderemos vislumbrar novas possibilidades, outras formas de agir, buscando na sua comunidade os casos em que há a necessidade de mudanças e assim melhorar as condições de vida para mais saúde e harmonia com o meio ambiente.

Com isso, a sociedade contará com cidadãos atuantes, defensores do patrimônio de todos que é o meio ambiente. Com a ação escolar e a sensibilização da comunidade torna-se viável um futuro onde exista equilíbrio, mais saúde, sem poluição e uma vida mais digna para as gerações que nos sucederão.

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Quando procuramos melhorar as condições de vida no mundo, os desafios são grandes e exigem ações direcionadas, concretas e práticas. Para tanto, é preciso estimular a mudança de atitude no que tange a interação do ser humano com o patrimônio básico para a existência da vida, o meio ambiente.

Desse modo, inserir a Educação Ambiental no currículo escolar se justifica pelo esforço de formar cidadãos conscientes e responsáveis no sentido de cuidar de um bem comum, mas que depende das ações individuais. Afinal, educar é bem mais do que atingir nota máxima nas provas objetivas e ainda assim, jogar lixo na rua, realizar queimadas, pescar no período da piracema ou fazer qualquer ato danoso sem a percepção de sua extensão ou sentir-se responsável pelos resultados.

Neste sentido, Carvalho (2000, p. 51) diz que a Educação Ambiental deve ser um trabalho contínuo que destaque três dimensões:

1ª) Conhecimentos oriundos das ciências naturais e sociais, para o entendimento de fatos e conceitos atinentes à natureza e à relação sociedade/natureza e do próprio processo de produção do conhecimento científico.

2ª) Valores éticos e estéticos para a construção de novos padrões concernentes com o meio natural.

3ª) Participação política para que haja o incremento da cidadania e instituição de uma sociedade democrática.

É fundamental levar o educando a construir uma mentalidade conservacionista que contribua para a reconstrução e gestão coletiva de modos de subsistência que cause os menores impactos possíveis ao meio ambiente. Esse é um dos trabalhos que cabe aos profissionais de educação. Assim, autores como Carvalho (1999), Benetti (1998), Bonotto (1999) e Manzochi (1994) em sua prática pedagógica afirmam que os professores precisam com urgência saber trabalhar com os valores a fim de sanearem as dificuldades que se apresentam quanto ao tema.

Enquanto isso, Paulo Freire (1996) enfatiza que para obter êxito na tarefa ensinar-educar é preciso saber dialogar e isso exige o saber escutar, pois é escutando que aprendemos a falar com os outros. Para ele, essa atitude considera o outro como sujeito de saber e requer disponibilidade para o diálogo com respeito às diferenças e a coerência entre o que se faz e o que e diz por que esse modo de

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relacionar-se com o aluno mostra que ensinar não é apenas transferir conhecimentos, mas criar a oportunidade para o sua produção/construção, o que justifica dizendo:

Escutar é obviamente algo que vai além da capacidade auditiva de cada um. Escutar, no sentido aqui discutido, significa a disponibilidade permanente por parte do sujeito que escuta para a abertura a fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças do outro. Isso não quer dizer, evidentemente, que a escuta exija de quem realmente escuta sua redução ao outro que fala. Isso não seria escuta, mas auto-anulação (1996, p. 119).

Problematizar e compreender as conseqüências dos danos do homem em certas circunstâncias e o que fazer para minimizá-los é trabalho de todos. Assim, o debate e a reflexão na escola deve incluir, além da dimensão política, perspectiva de novos caminhos que conduzam a soluções de problemas como a sobrevivência dos pescadores na época da piracema, alternativas para substituir as queimadas na limpeza dos campos para o plantio, a falta de saneamento básico, o destino correto dos resíduos sólidos, prevenção de enchentes, etc.

Diante disso, percebe-se que a solução dessas dificuldades ambientais torna-se cada vez mais prioritária e depende da relação travada entre a sociedade e natureza de forma Educação individual e coletiva. Tal conscientização passa pela escola e são muitos os projetos elaborados e executados por educadores em torno da questão pelo país a fora.

Eis, então, o porquê e a função da Educação Ambiental na escola.

Trata-se de um assunto importante dentro dos currículos como tema transversal. Sua abordagem deve considerar aspectos físicos, biológicos e interativos do ser humano com a natureza, através de suas relações sociais, de trabalho, da ciência e da tecnologia.

A perspectiva ambiental é a forma de ver o mundo onde se desenrolam as inter-relações e a interdependência dos elementos que o compõem a fim da constituição e manutenção da vida. A Educação Ambiental desponta como resposta às necessidades que não estavam sendo satisfeitas pela educação tradicional, uma vez que deveria incluir conhecimentos, valores e responsabilidades que despertassem os seres humanos para relações mais éticas entre as pessoas e seu meio ambiente.

Com a eclosão das primeiras crises ambientais no início dos anos 70 devido às práticas industriais insustentáveis e ao consumismo desenfreado, torna-se

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imprescindível que se repense a educação, emergindo, então, as primeiras concepções de educação ambiental. Estas diziam que era preciso bem mais do que informar ou transmitir conhecimentos, mas partir para ações práticas e concretas a nível individual e coletivo, atingindo os setores públicos e privados. Nesse sentido, a “Carta de Belgrado” de 1975 diz que:

(...) A juventude precisa receber uma nova educação, o que requer um novo tipo de relacionamentos entre professores e alunos, entre escola e comunidade, entre sistema educacional e a sociedade. É nesse sentido que devem ser lançadas as fundações para um programa mundial de Educação Ambiental que torne possível o desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades, valores e atitudes, visando à melhoria da qualidade ambiental e, efetivamente, à elevação da qualidade de vida para as gerações presentes e futuras (Czapski, 1998, p. 89).

À medida que a população aumenta sua capacidade de intervenção na natureza a fim de satisfazer necessidades e desejos, surgem os conflitos em razão do uso dos recursos disponíveis. Percebe-se que a demanda de recursos está estreitamente ligada ao modelo de economia vigente, baseada na produção e consumo em alta escala. Esse processo é responsável por grande parte do esgotamento da natureza, exigindo mais consciência e parcimônia para que a crise instalada não se torne um verdadeiro desastre de enormes dimensões.

O avanço tecnológico que testemunhamos está trazendo conseqüências indesejáveis. A exploração dos recursos naturais ocorre demasiadamente intensa, pondo em risco a sua renovação natural. Diante desse cenário, é preciso mais do que nunca compreender da renovabilidade de recursos básicos e preciosos, como é o caso da água, por exemplo.

Com essa perspectiva, agiganta-se a urgência da organização da sociedade moderna para atingir a sustentabilidade que implica no uso dos recursos naturais de modo qualitivamente adequada, na quantidade compatível com sua capacidade de renovação.

Contudo, a própria perspectiva das necessidades de mercado dificulta as ações nessa direção. Eis, então, que assume papel fundamental o trabalho das escolas, lançando aos educadores o desafio de preparar os jovens para tal empreitada. É através da Educação Ambiental e da sociologia bem trabalhadas e fundamentadas sobre bases sólidas que viabilizará grandes transformações da consciência humana sobre si, do seu meio e da necessidade de poupar e de cuidar da natureza para o benefício das gerações atuais e das futuras.

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É consenso em todos os países do mundo a necessidade de investimentos na mudança de mentalidade, conscientizando a humanidade para a adoção de uma nova postura diante da problemática ambiental. Vários encontros e conferências foram e continuam sendo realizadas em diferentes locais, destacando as recomendações e decisões que evidenciam a importância da Educação Ambiental, atribuindo papel fundamental para as escolas.

Nesse contexto, destaca-se o valor das ações responsáveis e da sensibilidade para a conservação de um ambiente saudável no presente e no futuro. Para tanto, a Educação Ambiental enfatiza que devem ser desenvolvidos o senso dos direitos individuais e comunitários e que as pessoas se modifiquem interiormente e em suas relações com o ambiente onde vivem.

Sobre esse assunto, afirma Boff (2006) que se quisermos garantir um futuro comum da Terra e da humanidade, impõem-se duas virtudes. A primeira diz respeito à auto-limitação e a segunda, a justa medida. As duas se referem a cultura do cuidado, mesmo que o sistema em que vivemos esteja alicerçado em sua negação. Assim, cabe concluir que ou mudamos ou nos enfrentaremos num verdadeiro drama coletivo e a escola precisa ser capaz de intervir nesse processo para evitar que os alunos estejam no meio desse drama.

Por isso, cresce o empenho em relacionar a vida do aluno com a educação em seu meio e em sua comunidade, como mostram as atividades como os estudos do meio e os movimentos ambientalistas que se intensificaram a partir dos anos 70, ocasião em que ficou explícita de vez a expressão “Educação Ambiental”. Com isso, aconteceu a qualificação das ações empreendidas pelas organizações governamentais e não-governamentais, das universidades e escolas. Porém, foi na Constituição Federal de 1988 que a Educação Ambiental, finalmente, passou a ser uma exigência garantida pelo governo em todas as esferas, através do Artigo 225, § 1º, inciso VI:

(...) Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: (...)promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (...) (1988, Constituição Federal).

No entanto, apesar do respaldo e das exigências internacionais, a Educação Ambiental ainda não é aceita e desenvolvida em todas as instituições de ensino por requerer grande mobilização no sentido de melhorar o ambiente e mudar conceitos

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já há muito tempo arraigados. Porém, sem ela, torna-se inviável a mudança comportamental das pessoas e nas atitudes e valores de cidadania que consigam levar à importantes transformações sociais.

Não há dúvidas que implementar a Educação Ambiental nas escolas tem sido uma tarefa extenuante. São enormes os obstáculos enfrentados nas atividades de sensibilização e formação, na elaboração e implantação de projetos e mais ainda na manutenção e continuidade das atividades já existentes. Quanto a isso, diz Andrade que:

(...) fatores como o tamanho da escola, o número de alunos e de professores, a predisposição destes professores em passar por um processo de treinamento, vontade da diretoria de realmente implantar um projeto que vá alterar a rotina da escola, etc, além de fatores resultantes da integração dos acima citados e ainda outros, podem servir como obstáculos à implementação da Educação Ambiental (2000, p. ).

Complementando, Marcatto afirma que:

(...) A Educação Ambiental fica relegada, ou, ainda não foi adotada, pela escola e pelos educadores ambientais, É público e notório que a Educação Ambiental é – timidamente desenvolvida das escolas, estando na maioria das vezes ausente das práticas adotadas pelos educadores, não obstante algumas atividades pontuais sejam propostas inerentes à preservação do ambiente (2006, p. 3).

Porém, reafirma-se que a Educação Ambiental é programa fundamental nas escolas através de ações que evolvam todas as disciplinas, ou seja, através de propostas interdisciplinares, como prossegue salientando o mesmo autor:

Propõe-se que a Educação Ambiental seja um processo de formação dinâmico, permanente e participativo, no qual as pessoas envolvidas passem a ser agentes transformadoras, participando ativamente da busca de alternativas para a redução de impactos ambientais e para o controle social do uso dos recursos naturais (MARCATTO, 2006, p. 3).

3.1 PONTOS CONTROVERSOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A discussão em torno dos problemas ambientais tem gerado, não raras vezes, preconceitos e disseminação de imagens errôneas sobre o tema e os que o defendem. Entende-se que isso ocorre devido a falta de conhecimento e que tais distorções pretendem dar uma ênfase menor aos valores e princípios arrolados, além da tentativa de desvalorizar os movimentos em prol da natureza de um modo geral.

Muitas pessoas afirmam que a questão ambiental deve se limitar a preservação dos ambientes naturais intocados e ao combate à poluição. Para elas,

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questões como saneamento básico, cultura, política de energia, transportes, educação e desenvolvimento sustentável não podem fazer parte da pauta defendida pelos ambientalistas. Trata-se essa opinião, no entanto, de um grande equívoco pois a realidade é um todo em interação contínua, abrangendo a ação das diferentes esferas, seja pública ou privada. Qualquer setor que seja afetado traz consequência aos demais.

Ainda há aqueles que vêem os defensores da natureza como pessoas radicais, que na falta de algo melhor para fazerem, agem assim como hobby. Quem luta pelo meio ambiente é visto como alienados da realidade e que defendem essa posição somente para criar conflitos e atrasar o progresso. Contudo, é consenso entre os ambientalistas a necessidade da construção de uma sociedade sustentável, socialmente justa e ecologicamente equilibrada. Isso significa a defesa da qualidade de vida e de melhores condições econômicas para todos, processo que somente se torna viável através de uma educação que promova a conscientização.

É preciso que se tenha o entendimento que o crescimento econômico deve estar subordinado à exploração racional e responsável dos recursos naturais disponíveis para que as gerações futuras não tenham a vida inviabilizada. Isso porque todo indivíduo tem direito a um ambiente saudável, ao ar puro, à água potável, à paisagens bem conservadas, etc. A defesa desses direitos é uma obrigação e não um privilégio e neste sentido a escola inserindo a Educação Ambiental no seu currículo exerce papel fundamental porque através do seu conhecimento o indivíduo tem a oportunidade de mudar as atitudes em relação ao seu ambiente.

A esse respeito, afirma Durkheim que:

A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança particularmente se destine (1967, p. 41).

Para uma parcela alienada da sociedade, tratar de Educação Ambiental é um luxo enquanto dezenas de crianças são vitimadas pela fome e a falta de atendimento de saúde em muitas regiões do país. Essa polêmica não tem fundamento, pois a desnutrição infantil e a saúde pública são problemas de infra-estrutura administrativa. Para sua solução é preciso tratamentos prioritários por parte dos governos. Esse grupo é tão vítima das contingências quanto às espécies em

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extinção e o ambiente degradado. É necessário educar a juventude e a sociedade para entender que a natureza é um todo onde o que ocorre com um afeta o outro e a extinção de uma espécie animal ou vegetal e a depredação ambiental é uma grande perda para todos, com conseqüências desastrosas.

Diante disso, a disciplina de sociologia exerce respeitável papel. Através dela é possível entender a relação homem/natureza e a sua importância para a harmonia coletiva. Quando cada um compreender sua função no que tange à preservação de bens comuns e a mudança de comportamentos que produzam a satisfação individual e o bem-comum, eis que estarão alcançados os objetivos a que se propôs o ensino da sociologia.

Outro ponto polêmico da Educação Ambiental é a fantasia de que se pregar a harmonia da natureza enquanto o homem ataca e violenta as demais espécies. Falar em harmonia, nesse caso, trata-se de uma incoerência. Cabe, então, à Educação Ambiental nas escolas esclarecer que quando mencionando harmonia da natureza nos referindo ao equilíbrio dinâmico. Assim, quanto um animal mata o outro para se alimentar significa um fato natural. Matar e morrer aqui é uma questão de sobrevivência em que cada um desempenha seu papel. Porém, a devastação irresponsável é o que compromete a referida harmonia e deve ser combatida. Esse é um dos princípios defendidos pela Educação Ambiental nas escolas e que com o trabalho da sociologia alcançarão seu fim.

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Educação Ambiental na escola é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, capazes de decidirem e agirem no seu meio de modo comprometido com a vida e com o bem-estar de todos. Para tanto, é preciso que a escola se proponha a trabalhar mais com atitudes concretas, com a formação de valores e com procedimentos, contribuindo para o desenvolvimento da cidadania, pois isso somente ocorre, segundo a Agenda 21 ao

(...) desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromisso para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (Cap. 36 da Agenda 21)

As informações e conceitos não perdem o seu valor, mas a prática é o grande desafio desse trabalho. Assim sendo, cabe à instituição escolar garantir espaço e situações para que o aluno atue e pratique o aprendizado que recebe. Por isso, é fundamental fornecer-lhe subsídios e explicações, ao mesmo tempo em que são realizadas discussões das regras e normas da escola, bem como atividades que possibilitem a participação concreta do educando desde o planejamento, a definição dos objetivos, das estratégias a serem adotadas e dos caminhos para isso de modo democrático e cooperativo, porque de acordo com Reigota:

A educação seja formal, informal ou ambiental só se completa quando a pessoa pode chegar aos principais momentos de sua vida a pensar por si próprio, agir conforme os seus princípios, viver segundo seus critérios. (1995, p. 87).

5. 1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DE SÃO BORJA

Dentro da rede escolar estadual pública do município de São Borja – RS, escolhemos visitar apenas algumas, uma vez que esse universo é grande e não teríamos tempo hábil para tal empreitada. Entre as de porte grande, selecionamos três e do mesmo modo entre as de porte médio.

Analisando os currículos adotados, percebemos que todas oferecem conteúdos relacionados com a Educação Ambiental dentro da disciplina de ciências. É constante nos conteúdos programáticos temas como biomas brasileiros, á água e a vida, a poluição ambiental, o lixo e seus problemas e soluções, os recursos naturais e o meio ambiente.

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Contudo, na maior parte do tempo, esses assuntos são trabalhados quase sempre sob a forma de informações e conceitos. A parte prática se restringe a pequenas ações apenas como complemento e forma de avaliação através da apresentação de tarefas em sala de aula mesmo.

No entanto, o trabalho desenvolvido pela Escola Tricentenário nos chamou bastante a atenção. Além das aulas informativas e expositivas, a instituição mantém uma oficina chamada “Patrulha Ambiental”, proposta pelos próprios alunos. Ela ocorre em turno inverso, com a participação voluntária de alunos da 4ª a 8ª série colocando em prática conceitos aprendidos.

O grupo não tem limites de participantes, mas adota critérios para o ingresso. O aluno precisa estar disposto a ser um disseminador dos conhecimentos adquiridos, ter uma postura e comportamento compatível com a função, servindo de exemplo para os demais e participar das reuniões assiduamente, salvo tenha um motivo justo.

As reuniões são realizadas duas vezes por semana, sempre às terças e quintas-feiras, durante noventa minutos. O grupo se reúne com a coordenação de uma professora específica para planejar as ações, elaborar roteiros e escalas e realizar atividades.

No início do ano, os alunos são convidados a participarem e comparecem a uma primeira reunião com a presença dos pais e da equipe diretiva para apresentação dos objetivos do trabalho. Depois, começam as atividades, sendo que nos primeiros encontros os alunos recebem orientações e informações teóricas para, então, começarem a prática propriamente dita.

Os participantes recebem treinamento, tornando-se, assim, um patrulheiro, e a professora coordenadora avisa que em todos os eventos realizados na escola (jogos, gincanas, exposições, feiras de ciências e festas) serão escalados integrantes para a tarefa de orientar o público quanto ao lixo, as normas e regras, prestar informações e auxiliar no controle e disciplina no local. Para tanto, precisam usar um jaleco com a identificação da Patrulha Ambiental. Este tem a cor verde para chamar a atenção e identificar os patrulheiros.

Neste encontro, também são discutidas as necessidades da escola, do bairro e da comunidade. A seguir são eleitas as prioridades e as medidas a serem implementadas. Todos participam da elaboração das estratégias e da execução das tarefas sempre em pequenos grupos, nunca individualmente.

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Muitas atividades são realizadas dentro do recinto da escola, outras na comunidade. No primeiro caso, temos a reciclagem de papel, a instalação de lixeiras para a separação de resíduos, visita às salas de aulas para dar informações sobre o assunto e solicitar a colaboração de todos, confecção de brinquedos e utensílios com materiais reaproveitáveis, compostagem do lixo orgânico da cozinha, a fabricação do sabonete contra piolho com ervas medicinais.

Na comunidade, os patrulheiros realizam pesquisas para levantar dados sobre resíduos descartados e o consumo de água e energia, distribuição de materiais educativos com informações úteis, campanha do agasalho, plantio de árvores e orquídeas nas praças e avenidas do bairro, caminhadas ecológicas para coleta de sementes, pedras e limpeza da margem dos rios e barragens.

Constatamos que a escola desenvolve sua proposta de Educação Ambiental apostando na aprendizagem concreta e significativa, buscando formar conceitos a partir de ações empreendidas. Desse modo, envolve e motiva toda a comunidade escolar na execução do projeto, provocando verdadeiras transformações.

Esse fato foi detectado em conversas com alunos que mesmo sem fazer parte da patrulha, praticam as orientações que recebem porque acreditam e admiram os colegas que fazem esse trabalho. Por exemplo, um aluno do 3º ano declarou que procura usar corretamente seu caderno, sem desperdiçar as folhas porque elas são feitas vem das árvores e se poupar o papel, menos árvores precisarão ser cortadas. No pátio, nota-se que as crianças, na hora do recreio, utilizam as latas de lixo espalhadas no pátio para colocar os saquinhos e papeis da merenda, chamando a atenção de quem não o faz.

Como meio de estimular o grupo, a coordenadora se vale de vários instrumentos, desde vídeos educativos, até a análise de lâminas ao microscópio no laboratório de ciências. No início do ano, foi exibido o vídeo “O Quixote Reciclado”. O enredo apresentado une a teoria à prática, atingindo alunos de todas as idades e o aprendizado foi demonstrado na discussão após à exibição e através dos desenhos e da elaboração de textos com a temática desenvolvimento sustentável e reciclagem.

Em outros encontros, o grupo constatou que amar a vida é preservar o que existe, respeitando a Obra da Criação e compreendendo que todos estamos interligados como elos de uma corrente. Zelar pela integridade dessa relação significa melhor qualidade de vida num ambiente mais saudável e bonito.

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Levando em consideração essa análise, os alunos decidiram fazer uma pesquisa de campo na comunidade da escola para saber a quantidade e qual o tipo de resíduo mais descartado pelos moradores, bem como obter informações sobre o consumo e a qualidade da água e o gasto de energia nas casas. A partir de questionários, foram levantados dados importantes que resultou na confecção de folders e panfletos com dicas e informações que foram distribuídos aos moradores do bairro. Esses materiais estão anexados no final deste trabalho (peças anexas).

Essa ação possibilitou conhecer a situação das famílias próximas, sua condição de vida e expectativas. Além do conhecimento estatístico, o levantamento mostrou às pessoas atitudes erradas e o que fazer para mudar a situação. Os patrulheiros enfatizaram a importância da preservação do meio ambiente, da limpeza das ruas e dos pátios, da separação do lixo, da economia de água e de luz. Segundo o relatório lido, os alunos foram bem recebidos e todos ficaram admirados com o empenho deles, comprometendo-se a auxiliar.

Quanto à questão do lixo, o grupo procurou orientar sobre a separação dos resíduos em úmidos e secos. Os moradores receberam informação de que isso facilita a coleta e que ajuda a quem vive da venda do material para reciclagem. Ilustrando a validade dessa atitude, os patrulheiros distribuíram panfletos com o tempo de degradação dos materiais mais comuns nas lixeiras do bairro e dos prejuízos que eles causam para a saúde e visual do local, além de provocarem o entupimento de bueiros causando, assim, inundações das casas, uma vez que a área onde o bairro está localizado é baixa e teve origem numa várzea.

Nesta ocasião, foi constatado ainda que muitas pessoas desconheciam os problemas citados e que grande parte do material descartado pode ser reaproveitado, propiciando economia dos recursos naturais e de energia. Além disso, o lixo reciclável torna-se fonte de renda para inúmeros desempregados do bairro.

Quanto a esse trabalho, levamos em conta o pensamento de Grossi (1989, p. 54) que afirma que o lixo industrial e doméstico se enquadra no sentido mais abrangente da poluição, mas analisando bem, também pode ser visto como um problema social, pois não deve ser abandonado a esmo e sim ser encaminhado para reciclagem, cabendo à comunidade realizar a coleta seletiva, evitando jogá-lo em lugares descampados ou nas ruas. Esses mesmos resíduos podem ser aproveitados na própria residência como vasos de plantas, para armazenar alimentos, para organizar pequenos materiais (pregos, alfinetes, etc), entre outros.

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Uma das tarefas desenvolvidas pela Patrulha Ambiental inclui o plantio de árvores nativas e ornamentais nas vias públicas e na praça perto da escola (Praça Tricentenário) e do plantio de mudas de orquídeas para embelezar o local. A Avenida João Goulart recebeu diversas mudas desde seu início até o trevo de acesso à cidade. A Praça Tricentenário, também recebeu mudas, sendo que essas continuaram a receber cuidados como regas duas vezes por semana até que crescessem e apresentam ótimo desenvolvimento. As árvores foram plantadas em etapas, por isso encontram-se de vários tamanhos e as que já estavam crescidas receberam as orquídeas fixadas com tiras de TNT. Acompanhadas periodicamente, o grupo verificou que a maioria das árvores e orquídeas sobreviveram.

Na escola, os patrulheiros realizaram pesquisa nas salas de aula, nos turnos da manhã e tarde, para saber o volume e tipo de resíduos que mais eram descartados. Foi verificado que o maior volume era de papel. Diante disso, uma equipe foi escalada para recolher antes do final da aula o lixo da lixeira para posterior separação e reutilização.

Assim que um volume considerável de papel se acumulou, a turma foi instruída sobre a sua reciclagem e o que poderia ser confeccionado com o papel resultante. No laboratório de ciências, uma professora de ciências da escola ensinou o processo de fabricação do papel e como trabalhar com ele.

Foram feitas folhas pequenas porque as formas doadas pela direção só permitiam a fazer folhas quase do tamanho de papel A4. Esse material foi aproveitado para confeccionar cartões para datas comemorativas (natal, páscoa, dia do professor, aniversário). Uma parte serviu para revestir capas de cadernetas para anotações que foram compradas pela direção a fim de presentear os professores no final do ano. Dessa peça, fotos estão anexadas a este trabalho uma vez que foi impossível acrescentar o próprio caderno.

Com o papel reciclado da patrulha fabricou pequenas embalagens para acondicionar doces para lembranças no Seminário Escolar realizado pela escola. Ainda, foram confeccionadas máscaras para a apresentação do grupo de teatro, bastante criativas e divertidas (fotos anexas).

Também na escola, os alunos patrulheiros receberam informações quanto à separação do lixo em geral. Tais informações foram repassadas aos demais alunos, salientando a importância da separação dos resíduos. A patrulha preparou lixeiras com latas de tintas em cores diferentes e mostrou como utilizá-las adequadamente, facilitando a coleta e o encaminhamento dos resíduos.

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Trabalhando com duas turmas de 4ª série, a Patrulha Ambiental promoveu uma oficina para a construção de brinquedos com sucata. As crianças aprenderam a construir bonecos, instrumentos esportivos, utensílios domésticos e objetos decorativos, além de muitos brinquedos.

Um número grande de peças criativas e interessantes foram fabricadas e depois doadas para a turma de Educação Infantil e primeiros anos da escola. Antes aconteceu uma exposição onde todos puderam ver o resultado do trabalho.

Na exposição, patrulheiros trabalharam na organização do evento e como guias. Depois, cada turma recebeu simbolicamente os brinquedos.

Com essa atividade, foi possível mostrar que podemos prolongar a vida útil de muitos resíduos que entulhariam os lixões do município. Ainda, a turma deu vazão a criatividade e desenvolveu valores e sentimentos como a cooperação, a solidariedade e o amor ao próximo e à natureza.

Desse modo, a Patrulha Ambiental prossegue sua empreitada, aprendendo e ensinando a Educação Ambiental no seu sentido mais rico e autêntico. Percebe-se que as crianças que se envolvem com esse tipo de trabalho se tornam mais conscientes e responsáveis, aprendendo a utilizar melhor os recursos disponíveis e o quanto suas atitudes são fundamentais para a conservação da natureza e o equilíbrio ambiental.

A grande expectativa da Educação Ambiental hoje, é manter a água limpa, o ar puro e a terra produtiva. Esses aspectos dependem de ações individuais e coletivas que no todo vão garantir um ambiente mais saudável para a humanidade. Mesmo com altos índices de poluição e os riscos vividos pela natureza, começam a se fazer sentir os efeitos do trabalho das escolas em relação a Educação Ambiental. Trabalhos como esse, estão preparando desde cedo cidadãos responsáveis capazes de tomar nas mãos o seu próprio destino e o do planeta.

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