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Esforços de capacitação inovativa do Brasil dos estados da região sul após a crise de 2008: um estudo comparativo

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Academic year: 2021

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CAROLINI ECCEL ORSI

ESFORÇOS DE CAPACITAÇÃO INOVATIVA DAS EMPRESAS DOS ESTADOS DA REGIÃO SUL DO BRASIL, APÓS A CRISE DE 2008: UM ESTUDO COMPARATIVO

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Carolini Eccel Orsi

ESFORÇOS DE CAPACITAÇÃO INOVATIVA DAS EMPRESAS DOS ESTADOS DA REGIÃO SUL DO BRASIL, APÓS A CRISE DE 2008: UM ESTUDO

COMPARATIVO

Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Ciências Econômicas do Centro Socioeconômico da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Bacharel.

Orientador: Prof. Dr. Silvio Antônio Ferraz Cario

Florianópolis 2017

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Carolini Eccel Orsi

ESFORÇOS DE CAPACITAÇÃO INOVATIVA DAS EMPRESAS DOS ESTADOS DA REGIÃO SUL DO BRASIL, APÓS A CRISE DE 2008: UM ESTUDO

COMPARATIVO

A Banca Examinadora resolveu atribuir a nota 9 (nove) à aluna Carolini Eccel Orsi na disciplina CNM 7107 – Monografia, pela apresentação deste trabalho.

Florianópolis, 27 de novembro de 2017

Banca Examinadora:

________________________ Prof.º Dr.º Silvio Antônio Ferraz Cario

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof.º Dr.º Luiz Carlos de Carvalho Júnior

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof.º Dr.º Pablo Bittencourt Universidade Federal de Santa Catarina

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RESUMO

Este trabalho tem o propósito de investigar os esforços inovativos executados pelas empresas dos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul para superar a crise econômica de 2008. A análise será realizada com base nos fundamentos da teoria neo-schumpteriana e nos dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) dos triênios de 2006-2008, 2009-2011 e 2012-2014, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se de uma pesquisa descritiva explicativa, onde os dados são expostos através de tabelas e gráficos, e analisados no decorrer do texto. A pesquisa possibilitou uma análise de categorias como: as principais atividades de inovação feitas pelas empresas e seus valores investidos, suas fontes de financiamento, as fontes de informação mais utilizadas, as relações de cooperação e os benefícios trazidos pelas inovações às empresas que dispenderam gastos em atividades inovadoras. Foi constatado que entre os principais esforços inovativos no Brasil e nos estados do sul figura-se a aquisição de máquinas e equipamentos como a atividade inovativa predominante; que as empresas investem, em média, 2,2% do total de sua receita líquida de vendas em atividades de inovação, e apenas 0,47% em atividades de P&D. Também, foi verificado que as inovações ainda estão muito concentradas em processos novos para a empresa, o que gera um impacto com proporções mais reduzidas do que aconteceria com as inovações de produtos para o mercado.

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ABSTRACT

This work has the purpose of investigating the innovative efforts carried out by companies from the states of Santa Catarina, Paraná and Rio Grande do Sul to overcome the economic crisis of 2008. The analysis will be carried out based on the foundations of the neo-schumpterian theory and the data of the Technological Innovation Survey (PINTEC) for the 2006-2008, 2009-2011 and 2012-2014 triennials, prepared by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). It is an explanatory descriptive research, where the data are exposed through tables and graphs, and analyzed throughout the text. The research made possible an analysis of categories such as: the main innovation activities carried out by the companies and their invested values, their sources of financing, the most used sources of information, the cooperative relations and the benefits brought by the innovations to the companies that spent expenses in activities It was found that among the main innovative efforts in Brazil and in the southern states is the acquisition of machinery and equipment as the predominant innovative activity; that companies invest an average of 2.2% of their net sales revenue in innovation activities and only 0.47% in R & D activities. It was also found that the innovations are still very concentrated in new processes for the company, which has an impact with smaller proportions than would happen with the innovations of products to the market.

Keywords: Industrial Economics. Innovation. Industrial Research on Technological

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 3.1- Evolução do Produto Interno Bruto (PIB) real do estado de Santa Catarina e do Brasil – 2004-2014, número índice (2004 = 100)...32 Gráfico 3.2- Variação do Produto Interno Bruto (PIB) real do estado de Santa Catarina e do Brasil – 2004-2014...33 Gráfico 3.3- Número de pessoas ocupadas em atividades de P&D, em empresas que realizaram dispêndios em P&D, em %, em Santa Catarina e no Brasil – 2006-2014...37 Gráfico 3.4- Participação de pessoas ocupadas em atividades de P&D com pós-graduação, em empresas que realizaram dispêndios em P&D, em %, em Santa Catarina e no Brasil – 2006-2014...38 Gráfico 3.5- Grau de importância dos problemas e obstáculos apontados pelas empresas no Brasil e em Santa Catarina, em % – 2006-2014...39 Gráfico 3.6- Evolução da taxa de intensidade inovativa total e de atividades internas de P&D, das empresas das indústrias extrativa e de transformação, em %, no Brasil e em Santa Catarina – 2006-2014...39 Gráfico 4.1- Evolução do Produto Interno Bruto (PIB) real do estado de Santa Catarina e do Brasil – 2004-2014, número índice (2004 = 100)... ...53 Gráfico 4.2- Variação do Produto Interno Bruto (PIB) real do estado do Rio Grande do Sul e do Brasil – 2004-2014...54 Gráfico 4.3- Número de pessoas ocupadas em atividades de P&D, em empresas que realizaram dispêndios em P&D, em %, no Rio Grande do Sul e no Brasil – 2006-2014...57 Gráfico 4.4- Participação de pessoas ocupadas em atividades de P&D com pós-graduação, em empresas que realizaram dispêndios em P&D, em %, no Brasil e no Rio Grande do Sul – 2006-2014...58 Gráfico 4.5- Grau de importância dos problemas e obstáculos apontados pelas empresas no Brasil e em Santa Catarina, em % – 2006-2014...39 Gráfico 4.6- Evolução da taxa de intensidade inovativa total e de atividades internas de P&D, das empresas das indústrias extrativa e de transformação, em %, no Rio Grande do Sul e no Brasil – 2006-2014...59 Gráfico 5.1- Evolução do Produto Interno Bruto (PIB) real do estado do Paraná e do Brasil – 2004-2014, número índice (2004 = 100)...73 Gráfico 5.2- Variação do Produto Interno Bruto (PIB) real do estado do Paraná e do Brasil – 2004-2014...74

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Gráfico 5.3- Número de pessoas ocupadas em atividades de P&D, em empresas que realizaram dispêndios em P&D, em %, no Paraná e no Brasil – 2006-2014...76 Gráfico 5.4- Participação de pessoas ocupadas em atividades de P&D com pós-graduação, em empresas que realizaram dispêndios em P&D, em %, no Brasil e no Paraná – 2006-2014...77 Gráfico 5.5- Evolução da taxa de intensidade inovativa total e de atividades internas de P&D, das empresas das indústrias extrativa e de transformação, em %, no Paraná e no Brasil – 2006-2014...78 Gráfico 5.6- Grau de importância dos problemas e obstáculos apontados pelas empresas no Brasil e em Santa Catarina, em % – 2006-2014...79

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1- Valor Bruto da Produção Industrial (VBPI) das empresas industriais com 30 ou mais pessoas ocupadas no estado de Santa Catarina – 2007-2015 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...34 Tabela 3.2- Total da participação das atividades econômicas no valor adicionado bruto (VAB) de Santa Catarina, em % - 2007-2014...35 Tabela 3.3- Valor da Transformação Industrial (VTI) das empresas industriais com 30 ou mais pessoas ocupadas no estado de Santa Catarina – 2008-2015 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...35 Tabela 3.4- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades de inovação, por tipo, em Santa Catarina – 2006-2014...41 Tabela 3.5- Valor e percentual dos dispêndios em atividades de inovação de empresas das indústrias extrativa e de transformação, por tipo, em Santa Catarina – 2006-2014 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...42 Tabela 3.6- Percentual das fontes de financiamento das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades internas de P&D em Santa Catarina – 2006-2014...43 Tabela 3.7- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades de pesquisa e desenvolvimento em Santa Catarina – 2006-2014...43 Tabela 3.8- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações total e por fonte de informações empregadas, em Santa Catarina – 2006-2014...44 Tabela 3.9- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações total e aquelas que tiveram relações de cooperação com outras organizações, em Santa Catarina – 2006-2014...45 Tabela 3.10- Número e percentual de empresas, por benefício causado por inovações próprias, das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações em Santa Catarina – 2006-2014...46 Tabela 3.11- Número e percentual de empresas, por faixas de participação percentual dos produtos novos ou substancialmente aprimorados no total das vendas internas, das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações em Santa Catarina – 2006-2014...47 Tabela 3.12- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações de produto e/ou processo em Santa Catarina – 2006-2014...48

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Tabela 3.13- Variáveis selecionadas das empresas, segundo as atividades da indústria em Santa Catarina - 2008 a 2014 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...49 Tabela 3.14- Variáveis selecionadas das empresas, segundo as atividades internas de P&D da indústria em Santa Catarina - 2008 a 2014 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...50 Tabela 4.1- Valor Bruto da Produção Industrial (VBPI) das empresas industriais com 30 ou mais pessoas ocupadas no estado do Rio Grande do Sul – 2007-2015 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...54 Tabela 4.2- Total da participação das atividades econômicas no valor adicionado bruto (VAB) do Rio Grande do Sul, em % - 2007-2014...55 Tabela 4.3- Valor da Transformação Industrial (VTI) das empresas industriais com 30 ou mais pessoas ocupadas no estado de Santa Catarina – 2008-2015 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...56 Tabela 4.4- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades de inovação, por tipo, no Rio Grande do Sul – 2006-2014...60 Tabela 4.5- Valor e percentual dos dispêndios em atividades de inovação de empresas das indústrias extrativa e de transformação, por tipo, no Rio Grande do Sul – 2006-2014 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...61 Tabela 4.6- Percentual das fontes de financiamento das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades internas de P&D no Rio Grande do Sul – 2006-2014...62 Tabela 4.7- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades de pesquisa e desenvolvimento no Rio Grande do Sul – 2006-2014...63 Tabela 4.8- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações total e por fonte de informações empregadas, no Rio Grande do Sul – 2006-2014...64 Tabela 4.9- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações total e aquelas que tiveram relações de cooperação com outras organizações, no Rio Grande do Sul – 2006-2014...65 Tabela 4.10- Número e percentual de empresas, por benefício causado por inovações próprias, das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações no Rio Grande do Sul – 2006-2014...66 Tabela 4.11- Número e percentual de empresas, por faixas de participação percentual dos produtos novos ou substancialmente aprimorados no total das vendas internas, das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações no Rio Grande do Sul – 2006-2014...67

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Tabela 4.12- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações de produto e/ou processo em Santa Catarina – 2006-2014...68 Tabela 4.13- Variáveis selecionadas das empresas, segundo as atividades da indústria no Rio Grande do Sul - 2008 a 2014 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...69 Tabela 4.14- Variáveis selecionadas das empresas, segundo as atividades internas de P&D da indústria no Rio Grande do Sul - 2008 a 2014 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...70 Tabela 5.1- Valor Bruto da Produção Industrial (VBPI) das empresas industriais com 30 ou mais pessoas ocupadas no estado do Paraná – 2007-2015 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...74 Tabela 5.2- Total da participação das atividades econômicas no valor adicionado bruto (VAB) do Paraná, em % - 2007-2014...75 Tabela 5.3- Valor da Transformação Industrial (VTI) das empresas industriais com 30 ou mais pessoas ocupadas no estado do Paraná– 2008-2015 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...75 Tabela 5.4- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades de inovação, por tipo, no Paraná – 2006-2014...79 Tabela 5.5- Valor e percentual dos dispêndios em atividades de inovação de empresas das indústrias extrativa e de transformação, por tipo, no Paraná – 2006-2014 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...80 Tabela 5.6- Percentual das fontes de financiamento das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades internas de P&D no Paraná – 2006-2014...81 Tabela 5.7- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades de pesquisa e desenvolvimento no Paraná – 2006-2014...81 Tabela 5.8- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações total e por fonte de informações empregadas, no Paraná – 2006-2014...82 Tabela 5.9- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações total e aquelas que tiveram relações de cooperação com outras organizações, no Paraná – 2006-2014...83 Tabela 5.10- Número e percentual de empresas, por benefício causado por inovações próprias, das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações no Paraná – 2006-2014...84

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Tabela 5.11- Número e percentual de empresas, por faixas de participação percentual dos produtos novos ou substancialmente aprimorados no total das vendas internas, das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações no Paraná – 2006-2014...85 Tabela 5.12- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações de produto e/ou processo em Paraná – 2006-2014...85 Tabela 5.13- Variáveis selecionadas das empresas, segundo as atividades da indústria no Paraná - 2008 a 2014 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...87 Tabela 5.14- Variáveis selecionadas das empresas, segundo as atividades internas de P&D da indústria no estado do Paraná - 2008 a 2014 (R$ mil e %; deflacionado pelo IGP-DI a preços de 2015)...88 Tabela 6.1- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades de inovação, por tipo, no Brasil e nos estados da região sul – 2009-2014...93 Tabela 6.2- Percentual das fontes de financiamento das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades internas de P&D no Brasil e nos estados da região sul – 2009-2014...94 Tabela 6.3- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que realizaram atividades de pesquisa e desenvolvimento no Brasil e nos estados da região sul – 2009-2014...96 Tabela 6.4- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações total e por fonte de informações empregadas, no Brasil e nos estados da região sul – 2009-2014...99 Tabela 6.5- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações total e aquelas que tiveram relações de cooperação com outras organizações, no Paraná – 2006-2014...101 Tabela 6.6- Número e percentual de empresas, por benefício causado por inovações próprias, das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações no Brasil e nos estados da região sul – 2009-2014...103 Tabela 6.7- Número e percentual de empresas, por faixas de participação percentual dos produtos novos ou substancialmente aprimorados no total das vendas internas, das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações no Brasil e nos estados do sul – 2009-2014...105 Tabela 6.8- Número e percentual de empresas das indústrias extrativa e de transformação que implementaram inovações de produto e/ou processo no Brasil e nos estados do sul – 2009-2014...107

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 ... 3

INTRODUÇÃO ... 3

1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ... 3

1. 2 OBJETIVOS ... 5

1.2.3 Justificativa ... 6

1.3 METODOLOGIA ... 7

CAPÍTULO 2 ... 9

INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO: SÍNTESE DO TRATAMENTO TEÓRICO-ANALITICO SCHUMPETERIANO ... 9

2.1 A CONTRIBUIÇÃO DE SCHUMPETER ... 9

2.2 TRATAMENTO NEO-SCHUMPETERIANO ... 12

2.2.1 Paradigmas e trajetórias tecnológicas ... 13

2.2.2 Procedimentos de inovação: busca, rotina, seleção e difusão ... 16

2.2.3 Processos de Aprendizagem e o papel do Conhecimento ... 17

2.2.4 Regimes tecnológicos e padrões setoriais de inovação ... 22

2.2.5 Inovação e estrutura de mercado ... 24

2.5 ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS DAS FIRMAS INOVADORAS ... 26

2.6 SÍNTESE CONCLUSIVA ... 29

CAPÍTULO 3 ... 32

INOVAÇÃO NAS EMPRESAS INDUSTRIAIS DE SANTA CATARINA ... 32

3.1 CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA DO ESTADO ... 32

3.2 DINÂMICA INOVATIVA ... 36

3.3 A IMPLEMENTAÇÃO DAS INOVAÇÕES ... 41

3.4 RESULTADO DAS ATIVIDADES DE INOVAÇÃO ... 45

3.5 SETORES INOVADORES DE SANTA CATARINA ... 48

3.6 SÍNTESE CONCLUSIVA ... 51

CAPÍTULO 4 ... 53

INOVAÇÃO NAS EMPRESAS INDUSTRIAIS DO RIO GRANDE DO SUL ... 53

4.1 CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA DO ESTADO ... 53

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4.3 A IMPLEMENTAÇÃO DAS INOVAÇÕES ... 60

4.4 RESULTADO DAS ATIVIDADES DE INOVAÇÃO ... 66

4.5 SETORES INOVADORES DO RIO GRANDE DO SUL ... 68

4.6 SÍNTESE CONCLUSIVA ... 71

CAPÍTULO 5 ... 73

INOVAÇÃO NAS EMPRESAS INDUSTRIAIS DO PARANÁ ... 73

5.1 CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA DO ESTADO ... 73

5.2 DINÂMICA INOVATIVA ... 76

5.3 A IMPLEMENTAÇÃO DAS INOVAÇÕES ... 80

5.4 RESULTADO DAS ATIVIDADES DE INOVAÇÃO ... 84

5.5 SETORES INOVADORES DO PARANÁ ... 87

5.6 SÍNTESE CONCLUSIVA ... 89

CAPÍTULO 6 ... 92

COMPARAÇÃO ENTRE OS PRINCIPAIS ESFORÇOS DA REGIÃO SUL E DO BRASIL ... 92

6.1 A DINÂMICA INOVATIVA NO BRASIL E NOS ESTADOS DO SUL ... 92

6.2 RESULTADOS DA INOVAÇÃO ... 102

Quadro 6.1- Síntese dos esforços inovativos realizados pelas empresas do Brasil e dos estados da Região Sul no período de 2008-2014. ... 109

7. CONCLUSÃO ... 110

REFERÊNCIAS ... 113

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CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA

De acordo com Kupfer e Hasenclever (2002), o estudo da inovação tecnológica foi durante muito tempo esquecido pela análise econômica que priorizava análises de equilíbrio de curto prazo, ou quando se tratava de analisar a longo prazo, dedicava-se a análise da acumulação de capital e da distribuição de renda.

Ainda de acordo com os autores, foi somente após a Segunda Guerra Mundial que as ideias apresentadas por Joseph Schumpeter começaram a florescer fundando o que hoje se denomina economia da inovação. Em seu livro “Teoria do Desenvolvimento Econômico”, publicado em 1912, o autor observa que a inovação cria uma ruptura no sistema econômico, no interior das indústrias, revolucionando as estruturas produtivas e criando fontes de diferenciação para as empresas. A partir desta ruptura são analisadas as inovações tecnológicas e organizacionais introduzidas pelas empresas para fazerem frente a concorrência e acumularem riquezas.

O progresso tecnológico é visto como uma das forças motrizes do desenvolvimento econômico de empresas e nações. As empresas buscam, a partir da tecnologia, diversificar suas oportunidades econômicas. Estas oportunidades induzem o empresariado a inovação, reforçando esforços na direção das capacidades de desenvolvimento tecnológico, diante a formação de uma verdadeira dinâmica de concorrência oligopolista schumpeteriana. Considerando que o progresso tecnológico, portanto, depende da decisão de investimentos em busca tecnológica por parte dos empresários, a tecnologia tornou-se variável endógena ao modelo. A partir de importantes rupturas tecnológicas (inovações radicais) um percurso de novas descobertas tem efeitos sobre a economia (inovações incrementais), transformando estruturalmente as relações das sociedades modernas (FIGUEIREDO, 2013).

A tecnologia constitui uma importante variável no processo de produção capitalista. Desde o primórdio da mecanização, produzir mais utilizando a menor quantidade de insumos, seja de trabalho ou de outros fatores, sempre compuseram o desafio do capitalista, juntamente com o fato de inserir no mercado um produto que seja desejado pelos consumidores. Com efeito, as inovações em processo e em produto constituem uma importante ferramenta de competitividade para a empresa e de desenvolvimento econômico para o bojo da sociedade (FERNANDES, 2008).

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O esforço inovativo/tecnológico das empresas, assim como suas capacidades de desenvolvimento tecnológico (seus meios de capacitação tecnológica, que podem ocorrer por meio de atividades de P&D, treinamento, aprendizado, ou em meio a produção), diante do entorno institucional em que as empresas estão inseridas, vão determinar o potencial da empresa em manter-se ou abrir novos mercados, com base na tecnologia acumulada, diante do objetivo de geração de lucro. Assim sendo, os meios de capacitação tecnológica e as estratégias adotadas são fundamentais para a manutenção competitiva de empresas e conjuntos produtivos, ressaltando a importância de estudos aplicados sobre as capacitações tecnológicas de alguns setores produtivos (FIGUEIREDO, 2013).

Com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento dos esforços inovadores das empresas brasileiras, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desenvolveu a Pesquisa de Inovação (PINTEC), com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A PINTEC tem por objetivo a construção de indicadores setoriais nacionais e, no caso da indústria, também regionais, das atividades de inovação das empresas brasileiras, comparáveis com as informações de outros países. O foco da pesquisa é sobre os fatores que influenciam o comportamento inovador das empresas, sobre as estratégias adotadas, os esforços empreendidos, os incentivos, os obstáculos e os resultados da inovação (IBGE, 2017).

Conhecer estes indicadores torna-se um requerimento importante, numa região, Sul, considerada a segunda maior produtiva do país. Na região sul, o Produto Interno Bruto (PIB) dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná eram, respectivamente, no ano de 2014: R$ 242,553 milhões, R$ 357,816 milhões e R$ 348,084 milhões. Ambos, somados, chegam ao valor de R$ 948,454 milhões, levando a região sul a figurar o segundo maior PIB regional do país, ficando atrás apenas da região sudeste, que atinge o valor de R$ 3.174,691 bilhões. A participação da região Sul no PIB nacional em 2014 era de 16,4%.

Com relação a indústria, Santa Catarina representava, em 2014, 30,3% do total da indústria da região sul. O estado gaúcho configurava 23,4% e o Paraná correspondia a 25,2%. A região sul representava, no ano de 2014, 25,8% do total do PIB industrial do país, superando naquele ano inclusive a região sudeste, que correspondeu a 25,5% do total do PIB industrial nacional.

A crise econômica mundial com que o sistema capitalista deparou pós 2008 levou as empresas a reavaliarem seus esforços inovativos, seja em produto, processo ou forma organizacional. Desde 1929 não se presenciou dimensão tão profunda de uma crise. Todos os países foram afetados, inicialmente os desenvolvidos e posteriormente os em

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desenvolvimento, em particular o Brasil. Queda do valor do PIB, redução dos investimentos, fechamento de empresas, aumento do desemprego, problemas nas contas públicas e desequilíbrio no balanço de pagamentos, aumento da inflação, entre outros aspectos foram marcas desta crise.

A instabilidade levou muitos países desenvolvidos a refletirem taxas negativas nos seus crescimentos, especialmente durante o ano de 2009. Os Estados Unidos, por exemplo, em 2007 avançavam a taxas de 4,87%, em 2008 tiveram um crescimento de 1,87%, e no ano seguinte de -2,22%. O Canadá, no ano de 2007 crescia a 6,4%, no ano de 2008 possuía 4,64% de taxa de crescimento em seu PIB, e no ano da crise despencou para -4,67%. A Alemanha crescia a taxas de 5,07% em 2007, caiu para 1,59% em 2008 e -3,97% em 2009. A partir de 2010, observa-se nos dados que as nações conseguem atingir uma boa recuperação, os EUA chegam a 3,76% de crescimento, o Canadá avança com 6,14% e a Alemanha se recuperou com 4,18%.

Os países em desenvolvimento tiveram um desempenho econômico muito superior ao dos países desenvolvidos durante a crise. O crescimento econômico da China foi de 8,5% em 2009, mostrando uma pequena redução com respeito a 2008, quando a economia cresceu 9%. A performance econômica da Índia também foi boa. Após uma expansão de 7,3% do PIB em 2008, o crescimento foi reduzido para 5,4% em 2009. A performance econômica do Brasil durante a crise não foi tão boa como a da China e da Índia. Após um crescimento robusto de 5,1% em 2008, o PIB caiu 0,7% em 2009. Em 2010, contudo, a economia brasileira apresentou uma forte recuperação, apresentando um crescimento econômico superior a 7%.

A partir disto, comprovando a importância econômica da região sul para a economia nacional, formula-se a seguinte questão de pesquisa: quais foram os esforços inovativos realizados pelas empresas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná para superarem a crise de 2008?

1. 2 OBJETIVOS

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1.2.1 Objetivo Geral

 Avaliar os esforços inovativos feitos pelas empresas dos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul a partir da crise econômica mundial de 2008.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Apresentar um tratamento teórico sobre inovação tecnológica sob perspectiva neo-schumpeteriana.

 Analisar os esforços inovativos das empresas dos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

 Realizar uma comparação entre os esforços inovativos realizados pelas empresas dos estados do sul com o empenho brasileiro.

1.2.3 Justificativa

As grandes mudanças tecnológicas são acompanhadas de transformações econômicas, sociais e institucionais, pois a tecnologia não se difunde no vácuo, necessitando de motivação econômica e condições político-institucionais adequadas para se desenvolver.

Num período marcado pela crescente incorporação de conhecimentos nas atividades produtivas, a inovação passou a ser entendida como variável ainda mais estratégica para a competitividade de organizações e países. Estes têm enfrentado as mudanças decorrentes da inovação de forma diferenciada, tendo em vista suas especificidades históricas e socioeconômicas e as possibilidades permitidas pela sua inserção geopolítica. Alguns países têm obtido melhores resultados tanto em termos do aproveitamento das oportunidades apresentadas, como pela superação das dificuldades inerentes ao processo de transformação.

A importância da inovação, de uma maneira geral, é percebida como essencial para a sobrevivência num cenário cada vez mais competitivo e globalizado. É a partir desta ideia que se percebeu a necessidade de estudar e analisar os esforços tecnológicos utilizados pelas empresas brasileiras e dos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, com o objetivo de verificar quais foram as formas abordadas pelas empresas, especialmente após a crise de 2008, para vencer a mesma e voltar a ter um crescimento positivo.

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O estudo dos três estados se deu por que o Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina figuravam, em 2014, respectivamente, o quarto, o quinto e o sexto lugar dos maiores PIBs no ranking nacional, ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Logo, a região sul representava o segundo maior PIB regional nacional, ficando atrás apenas da região sudeste.

Na Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que será a fonte de dados deste trabalho, as informações coletadas abordam o comportamento inovador da empresa, os tipos de atividades empreendidas, os impactos percebidos e os incentivos e obstáculos a inovação. São a partir destes dados que serão estudados os esforços das empresas nacionais e regionais para a superação da crise.

1.3 METODOLOGIA

Segundo Silva (2001) o método científico é caracterizado por um conjunto de processos empregados na construção de uma investigação sobre determinado assunto.

De acordo com Gil (2008), pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.

Este trabalho é baseado em uma pesquisa descritiva e explicativa. As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. As pesquisas explicativas têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. (GIL, 2008)

Serão avaliados neste trabalho os esforços inovativos para superar a crise de 2008 do conjunto de empresas dos estados do sul do país para depois avaliá-los junto ao conjunto de empresa brasileiras dos setores industriais. Os dados a serem utilizados partiram de uma fonte secundária, sendo colhidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) através da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC).

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A PINTEC foi iniciada em 1998 e acontece a cada três anos com a função de captar informações relativas à inovação tecnológica no Brasil. Foram utilizados métodos estatísticos de coleta de dados compatíveis com os empregados mundialmente tendo como base o Manual de Oslo da OCDE. No Anexo A, é possível verificar o significado de cada nomeação referida pelo IBGE, para as atividades analisadas. No trabalho, foram utilizados os dados da PINTEC dos três últimos períodos: 2006-2008, 2009-2011 e 2012-2014. Os resultados foram apresentados em tabelas por cada estado analisado, e por último, tabelas em comparação entre os três estados do sul e o Brasil.

O primeiro objetivo do trabalho trata da revisão teórica, e para isto serão apresentados os conceitos schumpterianos e neo-schumpeterianos de inovação tecnológica, desenvolvimento econômico, empresário inovador, o papel o crédito, paradigmas e trajetória tecnologia, estrutura de mercado, padrões setoriais, regime tecnológico, conhecimento e aprendizado. Para isto serão consultados autores como Schumpeter, Tigre, Kon, Kupfer entre outros.

O segundo objetivo do trabalho aborda uma análise dos esforços inovativos das empresas dos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, que serão realizados nos capítulos 3, 4 e 5 do estudo, a partir dos dados da PINTEC dos triênios de 2006-2008, 2009-2011 e 2012-2014. Estes capítulos terão como finalidade apresentar como e quanto cada estado está investindo, e quais as diferenças entre eles.

O terceiro e último objetivo aponta para a realização de uma comparação entre os esforços dos estados do sul e o empenho brasileiro para a superação da crise, com o propósito de verificar se os estados utilizam e investem nas mesmas atividades inovadoras que o país costuma investir.

Com o propósito de verificar os esforços inovativos das empresas nos estados da região sul, procurou-se no estudo analisar as seguintes variáveis selecionadas: as atividades inovativas e seus dispêndios, atividades internas de P&D, as fontes de financiamento das empresas, suas relações de cooperação, as fontes de informação das empresas; e como resultados, serão apresentados os benefícios causados por essas inovações, o aumento no total de vendas e as empresas que implementaram inovações de produto e processo.

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CAPÍTULO 2

INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO: SÍNTESE DO TRATAMENTO TEÓRICO-ANALITICO SCHUMPETERIANO

2.1 A CONTRIBUIÇÃO DE SCHUMPETER

No início do século XX, Joseph Alois Schumpeter (1912) incrementou a teoria econômica com uma nova visão, a de que as inovações, em conjunto com os esforços inovativos das firmas, são determinantes para o desenvolvimento econômico. A busca por mudanças tecnológicas ou pela geração de novos produtos e processos estão nos interesses dos empresários, cujo objetivo é o lucro, desta forma, cabe a estes a decisão de investimento em P&D ou outras capacitações tecnológicas (FIGUEIREDO, 2013).

Na opinião de Tigre (2006), Schumpeter considera o capitalismo um “método de mudança econômica” que nunca poderia ser considerado estacionário. O impulso fundamental que coloca e mantém o motor capitalista em movimento não advém de fenômenos naturais ou sociais, como guerras e revoluções, mas sim dos novos bens de consumo, novos métodos de produção de transportes, novos mercados e novas formas de organização industrial que a empresa capitalista cria e destrói.

Dessa forma, em sua obra, Schumpeter define inovação como a força central no dinamismo do sistema capitalista. Na sua abordagem teórica, a inovação tecnológica assume um papel de extrema relevância na explicação do desempenho econômico, tornando-se um fator de diferenciação competitiva entre as empresas e o elemento principal da dinâmica capitalista (MELO, 2008).

A inovação cria uma ruptura no sistema econômico, por meio da indústria, revolucionando as estruturas tecno-produtivas e gerando diversificação das oportunidades econômicas. Por sua vez, o processo de busca pela inovação/mudança tecnológica é o resultado do esforço tecnológico adotado pelas firmas, seja em desenvolvimento ou busca tecnológica (SCHUMPETER, 1982).

A autora Anita Kon (1994) abre seu livro com o seguinte trecho da obra “Capitalismo, Socialismo e Democracia” de Schumpeter (1976):

“A abertura de novos mercados – estrangeiros ou domésticos – e o desenvolvimento organizacional, da oficina artesanal aos conglomerados, ilustram

o mesmo processo de mutação industrial – se me permitem o uso do termo biológico – que incessantemente revoluciona a estrutura econômica a partir de dentro, incessantemente destruindo a velha, incessantemente criando uma nova. Esse processo de Destruição Criativa é o fato essencial acerca do capitalismo.”

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De acordo com Kon (1994), as estratégias que visam à introdução de novos métodos de produção ou novas mercadorias apresentam vantagens por exibirem uma desorganização temporária do mercado e um espaço de tempo que garanta um planejamento a longo prazo enquanto os rivais não se adaptarem às inovações. Porém, esses novos métodos nem sempre conferem uma posição inicialmente privilegiada, pois os produtos decorrentes devem concorrer com os fabricados anteriormente e a nova mercadoria deve ser promovida no sentido de criar sua demanda.

Conforme o pensamento schumpeteriano, as inovações são a força central do modo de produção capitalista, onde o empresário é visto como o agente responsável por trazer à esfera produtiva as inovações descobertas, muitas vezes através do financiamento bancário. Ele avalia que são as inovações as responsáveis pelo constante processo de busca concorrencial das empresas. Este processo se dá mediante a destruição criativa, em que o novo vem substituir o velho continuadamente, em um contexto em que as firmas se desafiam, diante as realocações tecnológicas no mercado, com via na manutenção de sua sobrevivência (FIGUEIREDO, 2013).

Dessa forma, sabe-se que na teoria econômica do autor estudado, não apenas a destruição criadora e a as atividades de inovação possuem um papel de destaque no desenvolvimento econômico, mas também o empresário inovador, o crédito e o capital.

Na explicação da dinâmica econômica, o empresário inovador original é importante para iniciar a revolução estrutural, o desenvolvimento econômico e o ciclo. Para Schumpeter, também será importante o grupo de empresários que não colocam inicialmente a inovação, mas percebem rapidamente que um concorrente saiu na frente e está com vantagens no mercado por usufruir de uma situação de monopólio. O empresário de Schumpeter tem como principais características gerar uma nova função de produção, fixar preço devido a situação de monopólio e ter lucros extraordinários pelo mesmo motivo.

É aquele que quer fugir da concorrência em um mundo de vários competidores, como suposto no fluxo circular da vida econômica. Esta concorrência impõe um preço sobre os produtos homogêneos e também um lucro uniforme e normal. Justamente para fugir desta situação e ir em busca de um lucro extraordinário que alguns empresários são inovadores. Com a inovação, criam uma situação de monopólio frente aos demais mercados que estão em concorrência perfeita.

O empresariado somente será estimulado a inovar se souber que conseguirá usufruir de lucros de monopólio durante algum período de tempo. As firmas que desfrutarem de lucros

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favoráveis decorrentes da condição de monopolista desejarão manter suas condições de líder e inovadora, assim como outras acentuarão seus esforços no desenvolvimento de capacidades inovativas (investimento em P&D), acentuando a concorrência dinâmica, acelerando os processos de ruptura tecnológica, e modificando por dentro o modelo econômico-produtivo vigente (FIGUEIREDO, 2013).

Schumpeter sabia que a forma de financiamento para que estas inovações ocorressem era um assunto de suma importância. A noção do crédito como uma antecipação de dinheiro necessária para financiar o investimento em inovação implica na pergunta de onde vem este dinheiro. Para Schumpeter, a criação do crédito é ad hoc, é uma iniciativa do banqueiro que também acredita no empresário inovador e, por isto, irá usufruir do recebimento de juros. Segundo Fernandes (2008), os juros não são compostos pelo risco inerente da possibilidade de não ocorrerem inovações, mais são constituídos da venda dos direitos do poder de compra que serão gerados através da concepção das inovações. Schumpeter, vislumbra uma economia em que o investimento é a iniciativa para começar a rodar dinamicamente a economia, a poupança seguirá a reboque. Para haver o investimento, que precede a poupança, é preciso haver crédito.

O autor discute, ainda, a função do capital no desenvolvimento econômico, considerando-o um “agente especial”, e afirma também que o mercado de capitais é aquilo a que na prática se chama mercado de dinheiro, pois, em sua opinião, não há outro mercado de capitais. O capital não é nada mais do que a alavanca com a qual o empresário subjuga ao seu controle os bens concretos de que necessita, nada mais do que um meio de desviar os fatores de produção para novos usos, ou de ditar uma nova direção para a produção. A discussão em torno do papel do crédito, do capital e do dinheiro, unifica as três fontes de poder de compra caracterizando-os como um meio de financiar a inovação e, consequentemente, o crescimento industrial.

A função do capital consiste em obter para o empresário os meios com que produzir. O capital se coloca como um terceiro agente necessário à produção numa economia de trocas, entre o empresário e o mundo dos bens. Constitui a ponte entre eles. Não faz parte diretamente da produção, ele próprio não é “elaborado”; pelo contrário, desempenha uma tarefa que deve ser feita antes que a produção técnica possa começar (SCHUMPETER, 1964). O empresário precisa ter capital antes que possa pensar em se abastecer de bens concretos. Há um momento em que ele já tem o capital necessário, mas não ainda os bens de produção, e nesse momento se pode ver mais claramente do que nunca que o capital não é algo idêntico a bens concretos, mas é um agente independente. E o seu único propósito, a

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única razão pela qual o empresário precisa de capital — recorro a fatos óbvios — é simplesmente a de servir como um fundo com o qual os bens produtivos podem ser pagos. (SCHUMPETER, 1964).

O desenvolvimento se caracterizaria, portanto, pela ruptura deste fluxo circular, através de grandes inovações tecnológicas que ocorreriam descontinuamente ao longo do tempo.

O desenvolvimento, no sentido em que o tomamos, é um fenômeno distinto, inteiramente estranho ao que pode ser observado no fluxo circular ou na tendência para o equilíbrio. É uma mudança espontânea e descontinua nos canais do fluxo, perturbação do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio previamente existente. (SCHUMPETER, 1988, p. 47).

As fontes para tais inovações podem ocorrer pela introdução de um novo bem, pela introdução de um novo modo de produção, pela abertura de um novo mercado, pela conquista de uma nova fonte de matéria-prima ou pelo estabelecimento de uma nova organização industrial.

O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico é uma trajetória em desequilíbrio na forma de um ciclo, com fase de ascensão e de contração. Como vimos, a mudança estrutural provocada pelo conjunto de inovações provoca desequilíbrios em vários mercados e no agregado, por isto o desequilíbrio é microeconômico e macroeconômico.

A noção inicial é que as inovações surgem a partir de uma situação de equilíbrio, tal qual a explicada pelo fluxo circular da vida econômica. A representação deste momento deve-se ao impacto que o conjunto de inovações tem em dedeve-sequilibrar mercados, ao atrair demanda dos produtores tradicionais para seu produto. Há, assim, nova oferta e deslocamento de demanda, o que, por sua vez, provoca desequilíbrios nos mercados já existentes. Neste momento, os empresários inovadores usufruem da situação de monopólio temporário.

2.2 TRATAMENTO NEO-SCHUMPETERIANO

A adaptação evolucionária do sistema neo-schumpeteriano envolve transformações econômicas, políticas, sociais e culturais, o que leva à mudança do ambiente. Esta nova abordagem permite verificar o comportamento das firmas, as estruturas de mercado e os padrões de concorrência gerados na interação entre os agentes econômicos na formação e difusão tecnológica, dentro de um quadro dinâmico de mudança tecnológica, trazendo novas alternativas para o tratamento da inovação.

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A evolução do pensamento enfatiza o aprendizado, a acumulação do conhecimento e a capacitação tecnológica como os alicerces do progresso tecnológico e do desenvolvimento econômico das firmas e nações. O conhecimento se traduz na acumulação das experiências adquiridas com os meios de aprendizado, enquanto os recursos humanos, por sua vez, apresentam valores intangíveis, se traduzindo como elos da formação deste conhecimento acumulado (FIGUEIREDO, 2013).

Na abordagem neo-schumpeteriana, a concorrência não gera somente comportamentos adaptativos, mas também atitudes ou iniciativas inovadoras. Se uma empresa percebe a presença de rivais em seu mercado, ela provocará ajustamentos e restrições aos seus agentes, provocará também atitudes na forma de iniciativas que gerem vantagens em relação aos concorrentes, e que possam, nem que seja temporariamente, reduzir as restrições ocasionadas pela existência da concorrência. A empresas com poder maior de mercado obterão melhores preços. É nesse momento que se dá a repartição da quase-renda de inovação entre o produtor e os agentes econômicos, sejam elas empresas compradoras ou fornecedoras (HADDAD, 2010).

No tocante as inovações, as empresas analisam qual lucro esperado com relação a um produto já existente no mercado. Escolhem contratar trabalhadores de um lado, ou contratar cientistas e engenheiros, de outro, para a elaboração de novos processos e produtos. Essa escolha depende não somente da taxa de juros, mas também da maior ou menor probabilidade de se ter sucesso com a inovação, bem como do tamanho da população e do mercado potencial (HADDAD, 2010).

Vários fatores, tais como a interação entre os pesquisadores, a questão formal da estrutura organizacional e o ambiente de incentivo a P&D, influenciam o processo dinâmico e constante da inovação tecnológica. É importante salientar que as inovações são viáveis somente se a interação entre as estruturas sociais e institucionais for bem definida dentro do conceito de força impulsionadora da economia.

2.2.1 Paradigmas e trajetórias tecnológicas

O conceito de paradigma científico é atribuído a Kuhn (1962) em sua obra “A Estrutura das Revoluções Científicas”. A noção do termo cumpre um papel extremamente importante na viabilização da possibilidade de caracterizar uma teoria sobre a dinâmica do processo inovativo. Na adaptação feita por Dosi ao conceito de Kuhn, um paradigma tecnológico é um pacote de procedimentos que orientam a investigação sobre um problema

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tecnológico, definindo o contexto, os objetivos a serem alcançados, os recursos a serem utilizados, enfim, um padrão de solução de problemas técnico-econômicos selecionados (KUPFER, 1996).

Existem três principais paradigmas tecnológicos que pode-se citar como exemplo na história do desenvolvimento econômico. O primeiro é o da Revolução Industrial britânica, que dominou a economia mundial durante todo o século XIX, sendo a base de observação para a elaboração da teoria neoclássica. O segundo paradigma é o Fordista, surgido nos Estados Unidos e considerado o modelo de organização da produção dominante na maior parte do século XX. Este foi o período em que efetivamente surgiram as teorias da firma e a economia industrial. O terceiro é o paradigma das Tecnologias da Informação, cujos impactos começamos a vivenciar a partir das décadas de 1970 e 1980 e cuja construção teórica vem evoluindo gradativamente (TIGRE, 2005).

Um paradigma tecnológico pode ser entendido também como um conjunto de procedimentos que orientam a investigação e a busca de inovações tecnológicas, com base nos objetivos, costumes e recursos a serem utilizados. O paradigma é definido, por um lado, pelas necessidades a serem supridas, por outro, pelos princípios científicos, organizacionais, e pela tecnologia existente. Trata-se, portanto, de um modelo ou padrão de solução ou tratamento de problemas tecnológicos, baseados em princípios selecionados, sobre tecnologias selecionadas, diante os limites vigentes, gerados dentro da própria interação natural entre os agentes (DOSI, 2006 apud FIGUEIREDO, 2013).

Diante o desenvolvimento de um paradigma (redução de custos, geração de mercados, viabilidade de produtos ou métodos produtivos), dentro de uma determinada indústria, se desenvolve a concorrência dinâmica, na qual as firmas buscam estratégias e tecnologias que as mantenham no mercado, na formação de suas vantagens competitivas. Dentre as estratégias a busca e o desenvolvimento de novas tecnologias pode provocar uma mudança de tão longo alcance que implicam em um novo paradigma tecnológico, ainda em um ambiente dominado pelo antigo paradigma. Os sucessivos avanços tecnológicos, diante os paradigmas tecnológicos vigentes, por sua vez, definem as condições e os padrões tecnológicos vigentes, formando um caminho de desenvolvimento das tecnologias que foi nominado como trajetória tecnológica (FIGUEIREDO, 2013).

O paradigma age, consequentemente, como direcionador do progresso tecnológico, definindo ex-ante as oportunidades a serem perseguidas ou abandonadas. Diante de um paradigma desenvolvem-se as trajetórias tecnológicas, que podem ser definidas como o

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resultado do progresso técnico gerado, através da solução incremental dos trade-offs, na busca de soluções no plano dos paradigmas tecnológicos (MELO, 2008).

As inovações estão relacionadas com a solução de problemas dentro de um paradigma tecnológico específico e selecionado. Portanto, seu desenvolvimento necessita de informação adequada e conhecimento formal. Cada ambiente industrial se encontra, em determinado período de tempo, dentro de um paradigma tecnológico e científico. Tais paradigmas costumam nortear os caminhos tecnológicos e científicos que as empresas descrevem. As inovações podem ocorrer dentro desses caminhos como também podem mudá-los de forma extrema, sendo assim, estão sendo desenvolvidas rotineiramente no sentido de buscar soluções cada vez melhores para problemas que foram selecionados dentro de aspectos técnicos e econômicos. A geração da solução de problemas tecnológicos envolve o uso de informação adequada, derivada da experiência prévia e do conhecimento formal. Este conhecimento é, na verdade, uma combinação das habilidades individuais das organizações com o conhecimento formal disponível e vigente no mercado. A forma como a busca inovativa se dá depende, em grande parte, da maneira como é construída a base de conhecimento, dos seus procedimentos e do desenvolvimento e refinamento dos modelos de busca. As inovações tecnológicas não ocorrem sem que exista uma base sólida de conhecimento científico e tecnológico (BINOTTO, 2000).

De acordo com Kupfer (1996), a noção de trajetória tecnológica surge como uma consequência: é um padrão "normal" de atividades de resolução de problemas, circunscrito aos limites do paradigma. "Normal" deve ser entendido como proposto na abordagem kuhniana, com o sentido "normativo" — conjunto de regras que direcionam procedimentos e critérios de validação, regras estas definidas pelo paradigma vigente. Um paradigma tecnológico, portanto, age como um "direcionador" do progresso técnico, definindo ex ante as oportunidades a serem perseguidas e aquelas a serem abandonadas. É dotado, portanto, de "poderoso efeito de exclusão", ao permitir a redução do número de possibilidades de desenvolvimento tecnológico.

Desta forma as trajetórias tecnológicas dizem respeito não apenas à trajetória do progresso técnico, mas aos padrões de busca e desenvolvimento utilizados nos esforços de realização da tecnologia, as organizações realizadas, e instituições envolvidas, delimitado no entorno de um regime tecnológico. Depois de firmada, a trajetória tecnológica se realimenta, na definição das direções – novas e potenciais trajetórias tecnológicas – das atividades que desafiarão os novos paradigmas tecnológicos (FIGUEIREDO, 2013).

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2.2.2 Procedimentos de inovação: busca, rotina, seleção e difusão

O desenvolvimento da teoria sobre busca, rotina e seleção evidencia que a concorrência dinâmica schumpeteriana tende a produzir vencedores e perdedores, de tal forma que algumas firmas irão tirar maiores proveitos das oportunidades tecnológicas do que outras firmas, dependendo, evidentemente, do tipo de estratégia tecnológica adotada por cada firma.

Segundo Nelson e Winter (2006), as rotinas definem como será o comportamento das empresas, em função de variáveis externas e de variáveis internas ao ambiente organizacional da empresa. A formação de rotinas de atividades em uma empresa constitui a mais importante forma de estoque do conhecimento operacional específico, de maneira que as rotinas se transformam em uma memória que caracteriza a empresa, e é gerada pelas atividades oriundas das rotinas organizacionais (NELSON e WINTER, 2006 apud FERNANDES, 2008).

O processo de busca não só poderá como irá modificar as rotinas, entretanto a busca também será condicionada pelas rotinas, ou seja, o processo de busca também pode ser rotinizado em maior ou menor grau. Nestes termos, como o processo de busca será cadenciado pelas rotinas organizacionais. Os fatores básicos que caracterizam a busca são processos irreversíveis, pelo seu caráter contingente e sua incerteza fundamental. O agente econômico que toma as decisões sobre P&D deve seguir um conjunto de regras que, irão determinar a direção da busca. Também o produto das buscas de hoje não será somente uma nova tecnologia, como também um aumento de conhecimento que servirá de base para novos blocos a serem utilizados no futuro, e são estes blocos que definem a característica cumulativa do progresso tecnológico (NELSON e WINTER, 2006 apud FERNANDES, 2008).

Em meio ao relacionamento concorrencial de mercado, ocorre o processo de “seleção natural”, no qual as firmas se confrontam e o mercado favorece às que melhor desempenharam suas capacidades de “adaptação ao meio” (com via na busca da melhor capacitação tecnológica). Os sucessivos sucessos de algumas firmas podem gerar a concentração do mercado (espécies dominantes), ao ponto que outras firmas podem não conseguir sobreviver aos novos ambientes gerados (extinção) (FIGUEIREDO, 2013).

As rupturas tecnológicas geradas pela inovação e difusão das novas tecnologias podem gerar oportunidades econômicas de tão longo alcance que formam os alicerces para um novo modelo de desenvolvimento econômico e prosperidade das nações. Estes períodos são associados à difusão de inovações-chaves, e o crescimento depende, portanto, do surgimento de inovações e das condições para sua difusão (FIGUEIREDO, 2013).

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Alguns setores da economia são considerados setores chave na geração e difusão do progresso tecnológico, principalmente os que estão no vértice da fronteira tecnológica, intensivos em conhecimento e alta-tecnologia. Por sua sinergia com as demais atividades, estes setores têm características que os tornam capazes de transmitir a modernização e o avanço tecnológico para quase todas as cadeias produtivas, aumentando a eficiência econômica como um todo, não apenas de setores isolados.

Neste contexto, o esforço inovativo/tecnológico da empresa – seus meios de capacitação tecnológica – são elementos chave na manutenção de sua competitividade tecnológica, podendo ocorrer por duas maneiras distintas: P&D, ou com base em “atividades de aprendizado”, que se dão dentro das interações do processo produtivo e de mercado (FIGUEIREDO, 2013).

2.2.3 Processos de Aprendizagem e o papel do Conhecimento

A ciência que estuda a origem e os fundamentos filosóficos do conhecimento é a “epistemologia”. Conceitos encontrados em disciplinas como economia, administração e teoria da organização têm sua origem na epistemologia e, por conseguinte, na contribuição de vários filósofos, que, por sua vez, influenciaram os pensamentos e os conceitos gerenciais modernos sobre o conhecimento e a inovação (MOTA, 2014).

Michael Polanyi, nos seus dois livros “Personal Knowledge: Towards a Post-Critical Philosophy” (1958) e “The Tacit Dimension” (1966), demonstrou seu trabalho sobre o “conhecimento” também do ponto de vista epistemológico, e elaborou a divisão do conhecimento em duas dimensões: tácita e explícita. Segundo o autor, no explícito, o conhecimento é facilmente decodificado, pois pode ser transmitido em linguagem formal e sistematizado. Já no conhecimento tácito, segundo os autores, o mais importante é o que o indivíduo adquiriu com a sua experiência individual. O conhecimento tácito é difícil de ser decodificado, pois está relacionado com valores, crenças, emoções, entre outros aspectos. Esse estudo de Polanyi (1958 e 1966) é referenciado em diversos trabalhos sobre o tema e serviu como base para que outros autores desenvolvessem seus estudos sobre a gestão do conhecimento.

As empresas devem entender que o conhecimento se tornou um ativo mais importante, e indispensável, por ser a principal matéria-prima com a qual todas trabalham. A partir deste entendimento, é possível observar o quanto ele é mais valioso e poderoso que qualquer outro ativo físico ou financeiro. Este efetivo valor do conhecimento tem se tornado um fator de

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sobrevivência das grandes corporações. As principais mudanças ocorridas no mercado, nos últimos anos, fizeram com que fossem exigidos melhor e maior uso da experiência e do conhecimento adquiridos por cada empresa ao longo de toda sua existência. É de entendimento comum que apenas esta utilização adequada de conhecimentos permitirá o desenvolvimento de produtos e serviços com custos mais competitivos e qualidade superior.

Segundo Terra (2000) estamos vivendo um momento de mudança de paradigma. Em diferentes partes do mundo se observa a mudança da Era Industrial para a Era da Informação. Na nova era o importante não é como produzir mais e melhor, e sim o que de novo deve ser feito. O binômio qualidade/preço torna-se mais relevante do que o binômio quantidade/preço.

Se o desenvolvimento da tecnologia é motor do desenvolvimento da sociedade e se o conhecimento teórico parece fundamental também para controlar e encaminhar o desenvolvimento da própria tecnologia, o primeiro tipo de tecnologia que deve receber atenção é essencialmente intelectual, é o instrumento dos processos decisórios da sociedade do conhecimento. A nova centralidade do conhecimento intervém para influenciar a relação entre ciência e tecnologia e os próprios procedimentos de inovação e invenção (DE MASI, 1999).

Ao contrário dos estoques financeiros, de recursos naturais ou mesmo de mão-de-obra não qualificada, o valor econômico do recurso conhecimento não é tão facilmente compreendido, classificado ou medido. É um recurso invisível, intangível e difícil de imitar. Uma de suas características mais fundamentais, porém é o fato de esse recurso ser altamente reutilizável, ou seja, quanto mais utilizado e difundido, maior seu valor (TERRA, 2000).

Segundo Freeman e Soete (2008), os economistas têm reconhecido a muito tempo a importância da ciência e da tecnologia no crescimento econômico e na produtividade a longo prazo. As teorias do crescimento possuem, tradicionalmente constatado, um papel crucial desempenhado pela acumulação de conhecimento no processo de crescimento econômico; segundo o autor, sem mudança tecnológica, a acumulação do capital não se sustenta.

O principal desafio nas empresas não envolve apenas um aumento expressivo nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, educação, treinamento ou tecnologia de informação, pois tão ou mais importante é a produtividade desses investimentos, isto é, em boa medida, determinado pela competência gerencial e pela capacidade de alavancar recursos escassos. Além de aumentar rapidamente seus investimentos em qualificação profissional e P&D, as empresas precisam implementar práticas gerenciais modernas e indutoras de ambientes organizacionais voltados a inovação de produtos e processos, ou seja, precisam

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adotar pró-ativamente estratégias de gestão do conhecimento. Só assim terão condições de participar dos fluxos para troca de tecnologia e conhecimento (TERRA, 2000).

A forma como a dinâmica econômica tem se desenvolvido, principalmente nos últimos 30, anos consolidou a necessidade de aprendizado como um aspecto crucial para o sucesso dos indivíduos, firmas, regiões e economias nacionais (JOHNSON; LUNDVALL, 2005 apud FERNANDES, 2008).

Devido a constante mudança dos padrões produtivos, da configuração dos mercados e das preferências dos consumidores, assim como do surgimento de novas tecnologias a todo o tempo, o conhecimento de hoje pode não ter relevância para as atividades de amanhã, tal velocidade na criação e destruição do conhecimento necessário para o desenvolvimento das atividades humanas, imprimindo uma necessidade de constante aprendizado (FERNANDES, 2008).

A manutenção deste capital intelectual tornou-se fundamental para garantir as vantagens competitivas das firmas, que buscam se apropriar e evoluir do conhecimento, com objetivo de gerar oportunidades econômicas a partir do progresso tecnológico. As medidas adotadas pelas firmas com fins de fortalecer sua infra-estrutura tecnológica e de conhecimento acumulado são os meios de capacitação organizacional e tecnológica dos recursos humanos da firma, ou seja, as formas de aprendizado adotadas pelas empresas (FIGUEIREDO, 2013).

De acordo com Fernandes (2008), em relação ao escopo das firmas, o desenvolvimento da capacidade de aprendizado está relacionado a como as rotinas desenvolvidas dentro das empresas irão colaborar para criar um ambiente propício para o aprendizado. Figueiredo (2013) diz que o conhecimento é acumulado via constante aprendizado gerado dentro das rotinas de cada empresa, seja em suas relações internas – tipo de tecnologia envolvida e orientações genéticas da firma (busca e rotina) – como externas – intensidade da concorrência e instituições de apoio e cooperação. Nestes termos, a manutenção da capacidade de aprendizado por parte das firmas é essencial não apenas para viabilizar o progresso de sua tecnologia e de oportunidades econômicas, mas para garantir a sobrevivência em um mercado em constante mutação.

O aprendizado é a exploração de oportunidades tecnológicas, que aperfeiçoam mecanismos de busca, refinam suas habilidades em desenvolver ou manufaturar novos produtos, baseados em conhecimento acumulado e/ou em outras fontes de conhecimento. Conforme Dosi (1988a), a empresa pode aprender de quatro maneiras principais: (a) através de conhecimentos universais, que são amplamente divulgados; (b) através de conhecimentos específicos, que são decorrentes da experiência particular e acumulada da empresa; (c) através

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de conhecimentos públicos, que são desenvolvidos em universidades e institutos de pesquisa e de acesso geral; e (d) através de conhecimentos privados, que são os conhecimentos tácitos, internos à empresa e protegidos por patentes, segredos e outros instrumentos de apropriação de inovações.

O aprendizado pode ser tanto formal como informal. A principal fonte de aprendizado formal são as atividades de pesquisa e desenvolvimento. A internalização de pesquisa e desenvolvimento é a ferramenta mais eficaz para a busca tecnológica e permite maior integração dos fluxos de informação nos casos de transferência tecnológica. As fontes de aprendizado informais são aquelas nas quais o conhecimento está disseminado pela empresa e não é livremente apropriável. Neste conceito se enquadram as formas de aprendizado que ocorrem na empresa (LIFSCHITZ, BRITO, 1992 apud BINOTTO, 2000).

Através da relação entre as características internas da firma e o ambiente que a cerca, processo de aprendizado irá definir uma capacidade de aquisição muito particular e que dificilmente poderá ser copiado por outra empresa. Tal diferenciação na capacidade de aprendizado corresponde ao fato das rotinas desenvolvidas pelas firmas implicarem em diferentes capacidades de assimilar as informações e estímulos vindos do ambiente externo e interno e, por meio deles desenvolver conhecimento que será utilizado na elaboração de novas soluções tecnológicas que darão corpo à inovação propriamente dita.

Com base em Fernandes, 2008 apud Malerba (1992) obtém-se a seguinte taxonomia sobre as diversas formas de aprendizado:

Aprender por fazer (Learning by doing): forma de aprendizado interna à empresa e está relacionado com o desenvolvimento das habilidades das empresas em relação as suas atividades produtivas. O resultado deste tipo de aprendizado está na diminuição de etapas e redução de custo de produção por meio da especialização. Com o tempo, a empresa vai melhorando a maneira como desenvolve suas atividades. Isso ocorre através do desenvolvimento de competências e habilidades que se traduzem na melhoria dos produtos e dos processos desta empresa.

Aprendendo através do uso (Learning by using): Está relacionado ao uso de máquinas, equipamentos, matérias primas e produtos. O aprendizado por meio do uso é um modo importante de aquisição de conhecimento, já que é através dele que podem ser obtidas inovações incrementais importantes ou até mesmo correções importantes no produto ou no processo, antes mesmo que seja posto no mercado ou amplamente adotado. As relações entre fornecedores e clientes podem ser de grande valia nesta forma de aprendizado, já que a partir

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de acordos de cooperação com seus usuários e com fornecedores podem ser obtidos melhoramentos significativos em determinados tipos de produtos antes do seu lançamento.

Aprendizado por meio dos avanços da ciência e tecnologia (Learning from advances in science and tecnology): Externo ao ambiente da organização, este tipo de aprendizado está relacionado à absorção de novas soluções oriundas da ciência e da tecnologia. Estes avanços tecnológicos estão relacionados principalmente ao conhecimento desenvolvido por instituições de pesquisa e universidades, que podem ser adotados pelas empresas. Entretanto para que a empresa possa se beneficiar deste conhecimento, ela deve ter adquirido competência para incorporar tais avanços e transformá-los em soluções que sejam úteis dentro de suas atividades produtivas, seja na forma de um novo produto ou de um novo processo produtivo.

Aprendizado por meio de spillovers inter-industriais (Learning from inter-industry spillovers): Também externo ao ambiente da firma, este tipo de aprendizado está relacionado ao que as outras empresas competidoras e/ou de outros setores estão desenvolvendo. Neste tipo de forma de aprendizado as empresas identificam quais são as estratégias que as empresas ao seu redor estão adotando e responde a estes estímulos. Um fator importante nesta forma de aprendizado é que em alguns setores mais intensivos em tecnologia, a capacitação tecnológica da empresa será decisiva na capacidade de acompanhamento destas empresas em relação ao que as outras empresas estão realizando. Por outro lado, em setores com tecnologia menos dinâmica e mais madura, as empresas conseguem assimilar com mais facilidade as ações das outras empresas.

Aprendizado por meio da interação (Learning by interacting): externo ao ambiente organizacional, esta fonte de aprendizado está relacionada às relações cooperativas que a empresa desenvolve com clientes, fornecedores, e outras firmas de um mesmo setor na forma de troca de conhecimento. Esta forma de aprendizado relaciona as formas de aprendizado por fazer, pelo uso e por meio de spillovers inter-industriais. Este tipo de conhecimento em alguns casos pode ser relacionado com o aprendizado através do uso, ou seja, fornecedores e clientes, de bens de capital, por exemplo, podem de forma cooperativa desenvolver uma nova máquina e testá-la através do uso, melhorando seu desempenho, durabilidade e reduzindo a necessidade de manutenção.

Aprendizado por meio de busca (Learning by searching): interno ao ambiente organizacional, esta forma de aprendizado está relacionada com o aprendizado por meio do estabelecimento de um departamento de P&D na empresa.

Referências

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