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Alta Frequência de Infecção no Trato Urinário em Idosos Asilados em Santarém, Pará.

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RESUMO: Este trabalho teve como objetivos identificar etiologia bacteriana da infecção no trato urinário (ITU), o

perfil de susceptibilidade antimicrobiana e correlacionar à infecção urinária com os dados obtidos nos inquéritos epidemiológicos em idosos asilados. O estudo é do tipo quantitativo prospectivo e envolveu urina de jato médio de idosos assistidos pelo asilo São Vicente de Paulo em Santarém-Pará, no período de março a dezembro de 2013. Exclui-se da pesquisa o participante em tratamento com antimicrobiano ao menos 30 dias antes da coleta ou que apresentasse qualquer estado de demência. As amostras foram analisadas através de exame de urina rotina, seguido de cultura com antibiograma. A ocorrência de infecção urinária encontrada foi de 66,7% (14/21). A

Escherichia coli foi à bactéria mais prevalente com 28,8% de frequência, seguida de 21,4% de Staphylococcus aureus e 21,4% de Proteus penneri. O comportamento das bactérias identificadas frente aos antimicrobianos

testados foi heterogêneo, embora, a maioria das cepas tenha apresentado resistência ao ácido nalidíxico. A Regressão Logística Múltipla revelou que a infecção urinária não foi estatisticamente correlacionada com as variáveis investigadas. A identificação correta dos agentes etiológicos e caracterização do comportamento frente aos antimicrobianos nas ITU são essenciais para um tratamento eficaz e melhora na qualidade de vida de idosos asilados.

Palavras-Chave: Idosos asilados, infecção urinária, E. coli.

ABSTRACT: This study aimed to identify bacterial etiology of urinary tract infection (UTI), the antimicrobial

susceptibility profile and correlate to urinary infection with the data obtained in epidemiological investigations in institutionalized elderly. The study was prospective and involved quantitative type of urine midstream elderly assisted by Asylum St. Vincent de Paul in Santarem-Pará, in the period from march to december 2013. Is excluded from the research participant treated with antimicrobials at least 30 days prior to collection or to present any state of dementia. The samples were analyzed by urinalysis, followed by culture with antibiogram. The occurrence of urinary infection was 66.7 % (14/21). Escherichia coli was the most common bacteria with 28.8% frequency, followed by 21.4% of

Staphylococcus aureus and 21.4% of Proteus penneri. The behavior of bacteria identified antimicrobials tested was

heterogeneous, although most strains have shown resistance to nalidixic acid. A multiple logistic regression revealed that urinary infection was not statistically correlated with the variables investigated. Correct identification of the etiologic agents and characterization of the behavior antimicrobials in the ITU are essential for effective treatment and improved quality of life in institutionalized elderly.

Keywords: Institutionalized elderly, urinary infection, E. coli.

Luana Lorena Silva Rodrigues¹

2 Ronilza Guerreiro 2 Daiana Dewes 2 Jaqueline Dewes 2 Fabio Sousa 3

Yane Santos Almeida

4

Elidiane Moreira Kono

1

Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, docente IESPES. llrodriguess@yahoo.com.br

2

Acadêmicos do VI semestre vespertino do curso de Farmácia, IESPES

3

Mestre em Biotecnologia, docente do IESPES e FIT, yanealmeida7@hotmail.com

4

Especialista em Fisioterapia Traumato-ortopédica e desportiva, docente do IESPES e UEPA, likakono@hotmail.com

Alta Frequência de Infecção no Trato Urinário em Idosos

Asilados em Santarém, Pará.

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1 INTRODUÇÃO

A infecção do trato urinário (ITU) pode ser definida como sendo a invasão e multiplicação de micro-organismos nos tecidos das vias urinárias, desde a ure-tra até os rins. Estas infecções são classificadas de acor-do com o sítio de localização anatômica e o grau de com-plicação clínica (HÖRNER et al., 2006). As infecções nas vias urinárias têm como principais agentes etiológi-cos as bactérias, tais como, a Escherichia coli,

Staphylo-coccus aureus, Klebsiella, Enterobacter, Proteus, Pseu-domonas e etc (DAMBROS et al., 2009). O diagnóstico é

feito mediante os sinais e sintomas clínicos, com o exa-me de cultura de urina para identificação do agente etio-lógico e do antibiograma para auxílio no tratamento anti-microbiano mais eficiente (KONEMAN et al., 2008).

Os indivíduos de maior risco ao desenvolvimento de ITU são as mulheres sexualmente ativas, os pacientes c r o n i c a m e n t e c a t e t e r i z a d o s e o s i d o s o s (DALLACORTE et al., 2007). Em indivíduos com idade a partir de 60 anos, as infecções do trato urinário corres-pondem a segunda mais prevalente, perdendo apenas para as do trato respiratório. Este grupo de pessoas pos-suem fatores propícios para o surgimento das ITU co-mo, a deficiência do sistema imunológico relacionada à idade, as alterações funcionais e orgânicas do trato geni-turinário, imobilidade e a presença de doenças sistêmi-cas (TRESCH, 2007).

Os idosos asilados representam um subgrupo de in-divíduos com alto potencial ao desenvolvimento de com-plicações por processos infecciosos, pois a limitação es-trutural e econômica das instituições de longa perma-nência é agravante para condição enferma do mesmo, já que o número de prestadores de cuidados primários é reduzido e dependendo da instituição pode se ter ape-nas uma pessoa destinada a este serviço para todos os asilados, o que torna mais dificultosa a identificação da ITU com sinais atípicos (VILLAS BÔAS & FERREIRA, 2007). Além disso, o acesso a médicos e outros profissi-onais da saúde é escasso, o que proporciona um retar-do no diagnóstico e na terapia (MOLINARI, 2006).

Assim, o presente trabalho teve como objetivos iden-tificar etiologia bacteriana da infecção no trato urinário (ITU), o perfil de susceptibilidade antimicrobiana e cor-relacionar à infecção urinária com os dados obtidos nos inquéritos epidemiológicos em idosos do asilo São Vi-cente de Paulo em Santarém-Pará.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Tipo de estudo e casuística

O estudo é do tipo quantitativo prospectivo que en-volveu urina de jato médio de idosos assistidos pelo asi-lo São Vicente de Pauasi-lo em Santarém-Pará, no período de março a dezembro de 2013.

Critérios de inclusão

Os candidatos a participantes da pesquisa seguiram os seguintes critérios de inclusão: (i) possuir idade igual ou superior a 60 anos; (ii) ser oficialmente assistido pelo Asilo São Vicente de Pauloe; (iii) infecção urinária repor-tada com sinais e/ou sintomas clínicos.

Critérios de exclusão

Os indivíduos que apresentaram pelo menos uma das características abaixo foram eliminados da pesquisa: (i) idoso em qualquer estado de demência; (ii) estar sobre tra-tamento com antimicrobiano ao menos 30 dias antes da coleta e; (iii) o participante não aceitar participar do projeto ou pedir para sair em qualquer momento.

Aspectos éticos

Inicialmente, os asilados foram informados acerca dos objetivos do trabalho e aqueles que aceitaram participar as-sinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice A). Aqueles idosos que são analfabetos assinaram o TCLE com a digital, usando-se carimbo, se-guido da assinatura de uma testemunha, no caso eleito era um parente ou o responsável pelo participante. Poste-riormente, responderam um inquérito epidemiológico.

Coleta e processamento das amostras

Foram dadas orientações à enfermeira sobre a forma correta de realizar a coleta de urina, enfatizando-se a im-portância da prévia e rigorosa higienização genital do par-ticipante e do uso de equipamentos de proteção individual por quem realizasse a coleta. Em um coletor universal, co-letou-se uma amostra de urina, como volume entre 4-5 mi-lilitros (mL) de cada, de um total de 21 participantes. Pre-ferencialmente, optou-se pela urina de jato médio, pois a primeira urina de manhã traz células e secreção que po-dem estar presentes na uretra, o que melhora a eficiência e qualidade dos exames. O material biológico foi imediata-mente transportado até o laboratório de Microbiologia do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES) para ser analisado.

Exame de urina rotina ou urinálise

O exame de urina rotina ou urinálise foi realizado em três fases. Na primeira etapa analisaram-se as caracterís-ticas macroscópicas gerais da urina. Subsequentemente, dosaram-se os analítos bioquímicos, usando-se fitas tes-tes (Uriclin 10 da Laborclin®). Na última etapa, foi realiza-da a leitura do sedimento urinário utilizando um microscó-pico óptico binocular (BIOVAL).

Cultura de urina ou urocultura

Para o isolamento de bactérias, a urina foi submetida à técnica do laminocultivo em ágar cromogênio (Uribac chro-mogênico da PROBAC® do Brasil). As lâminas foram incu-badas em estufa, a uma temperatura de 35 ± 2°C, por 24 horas. A ausência de crescimento bacteriano, após 48 ho-ras de incubação foi considerada como resultado negati-vo. Para identificação da espécie bacteriana, considerou-se, caso houvesse crescimento, as primeiras 24 horas, ou então, fez-se uma nova leitura no laminocultivo após mais 24 horas. Realizou-se análise da morfologia das colônias, seguida de uma coloração de Gram (Kit coloração de Gram da NewProv®). De acordo com as interpretações das duas análises anteriores, selecionaram-se as provas bioquímicas a serem empregadas. Usou-se os meios EPM, MiLI e citrato (Enterokit B da PROBAC® do Brasil) e, assim a bactéria patogênica foi identificada. A quantifi-cação do Número de Unidades Formadoras de Colônias (UFC)/mL foi realizada seguindo o padrão estipulado pelo fabricante do laminocultivo.

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Teste de sensibilidade a antimicrobianos ou Anti-biograma

O antibiograma foi realizado pela técnica de disco di-fusão de Kirby & Bauer. No ágar Mueller Hinton, previa-mente preparado e autoclavado, foi semeado o inóculo de bactérias uniformemente por rotações de 60 graus sob a superfície do meio e nas bordas, não deixando es-paços entre as estrias. Ao meio já semeado, os discos impregnados de antibióticos (Laborclin®) selecionados foram fixados com auxílio de uma pinça estéril. As pla-cas foram levadas para estufa microbiológica, a tempe-ratura de 35 ± 2˚C e incubadas por 24 horas. Posterior a esse período, observou-se o crescimento bacteriano e existência ou não de halos formados pela difusão circu-lar e uniforme dos antibióticos. Nos casos em que apa-receram esses halos, eles foram medidos com régua mi-limétrica e devidamente documentados (KONEMAN et

al., 2008). Para a interpretação dos resultados foi

utiliza-da a tabela CLSI (Manual Clinical and Laboratory

Stan-dards Institute). As intepretações foram definidas em

sensível, intermediária e Resistente (SILVA, 2006).

Inferência Estatística

A infecção urinária foi correlacionada com os dados epidemiológicos obtidos pelos inquéritos dos participan-tes, utilizando-se a Regressão Logística Múltipla, teste encontrado no programa BioEstat versão 5.3. Conside-rou-se como resultado estatisticamente significativo, aquele com p<0,05 (AYRES et al., 2013).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1 - Variáveis epidemiológicas dos 21 idosos assistidos pelo asilo São Vicente de Paulo, de março a dezembro de 2013.

Variáveis Ep idemiológicas Quant. Frequência Sexo

Masculino 18 86,0%

Feminino 3 14,0% Total 21 100,0% Idade 60-65 anos 6 28,6% 66-70 anos 4 19,0% 71-80 anos 5 23,8% 81-90 anos 6 28,6% Total 21 100,0% Analfabetismo Sim 13 62,0% Não 8 38,0% Total 21 100,0% Assalariado Sim 18 86,0% Não 3 14,0% Total 21 100,0% Doenças crônicas Sim 16 76,0% Não 5 24,0% Total 21 100,0% Disfunção Renal Sim 13 62,0% Não 8 38,0% Total 21 100,0% Uso de fraldas Geriátricas Sim 5 24,0% Não 16 76,0% Total 21 100,0%

Entre março e dezembro de 2013, foram coletadas 21 urinas de jato médio de idosos assistidos pelo asilo São Vicente de Paulo. A análise dos dados obtidos no questionário epidemiológico revelou que a maioria (86%; 18/21) dos participantes da pesquisa era do sexo masculino, 62% (13/21) são analfabetos, 14% (3/21) não recebem nenhum benefício financeiro, 76% (16/21) possuem doenças crônicas, 86% (18/21) costumam uri-nar diariamente, 62% (13/21) não sentem dor ao uriuri-nar, 62% (13/21) têm disfunção renal e 76% (16/21) não usam fraldas geriátricas. Verificou-se, ainda que 28,6% (6/21) tinham idade entre 60-65 anos, 19% (4/21) entre 66-70 anos, 23,8% (5/21) com 71-80 anos e 28,6% (6/21) entre 81-90 anos, sendo 72,2 anos a média de ida-de (Tabela 1).

FONTE: os autores da pesquisa.

Nesse trabalho a maioria (86%) dos participantes é do sexo masculino, o que difere com o estudo realizado por Baldassarre & Kaye (2005), em que 51% dos paci-entes eram do sexo feminino. Silva (2005) relata índices maiores (81%) de mulheres apresentando ITU, confir-mando os achados descritos na literatura sobre a fre-quência de ITU no público feminino. Porém, vale ressal-tar, que nessa pesquisa, o público feminino se encontra-va em menor quantidade (3/21) em relação ao público masculino (18/21), o que pode ser compreensível diante dos achados.

A média de idade encontrada nos idosos foi de 72,2 anos, corroborando com achados de Pereira (2004) e Lo-razi (2009), nos quais ambos encontraram a média da idade de 72,9 anos nos idosos estudados. Contudo, acreditamos que quanto mais se avança a idade, os ido-sos estão mais propenido-sos em adquirir a ITU, que cresce progressivamente, em função de que eles apresentam mais fatores de risco.

A doença crônica que mais acomete os pacientes é a hipertensão com 57% de frequência, o que se asseme-lha com os resultados obtidos por Wanjgarten et al. (2007) onde 60% a 80% dos idosos sofrem com essa do-ença.

Verificou-se, ainda, que a maioria (62%) dos idosos tem disfunção renal. O rim do idoso é mais vulnerável ao desenvolvimento de grave disfunção, principalmente na vigência de doenças crônicas adquiridas, como a hiper-tensão arterial, o diabetes, ou mesmo em situações co-mo traumatisco-mos, grandes cirurgias e do uso de certos medicamentos (WALKER et al., 2000). Portanto, o diag-nóstico preciso, a identificação de problemas associa-dos e o tratamento correto são requisitos importantes pa-ra se reduzir a morbi-mortalidade das infecções do tpa-rato urinário na população com idade a partir de 60 anos.

Dos participantes da pesquisa, 76% (16/21) não fa-zem uso de fraldas geriátricas. A incontinência urinária, leva ao uso de fraldas geriátricas, facilitando assim a contaminação do trato urinário com micro-organismos. No entanto, nota-se que a maioria dos participantes da pesquisa não as usam, o que se pode concluir que este não é fator primordial, considerando-se outras caracte-rísticas mais importantes.

Através do teste Regressão Logística Múltipla, a in-fecção urinária não foi correlacionada com o sexo,

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ida-de, analfabetismo, renda salarial, uso de fraldas geriátri-cas, doenças crônicas e disfunção renal (p=0,815; p=0,921; p=0,846; p=0,991; p=0,790; p=0,974; p=0,08, respectivamente). Acredita-se que devido ao pequeno tamanho amostral, já que se trata de um grupo de ape-nas 21 indivíduos, o resultado não foi estatisticamente significativo. Embora, a disfunção renal tenha sido a va-riável mais próxima à correlação estatisticamente signi-ficativa com ITU.

O cultivo de bactérias revelou que das 21 amostras de urina dos asilados, 14 demonstraram crescimento, equivalendo a uma ocorrência de 66,7% (14/21) de ca-sos de infecção no trato urinário (ITU). Semelhante ao estudo realizado por Solomon (2001), no qual 50% de idosos procedentes de lares e asilos possuíam ITU. A al-ta frequência de ITU encontrada nessa pesquisa pode ser explicada pelo fato de que os asilados vivem em con-dições onde há poucos cuidadores, pequena de assis-tência de profissionais de saúde, já que naquele ambi-ente é constante a participação de enfermeiros e técni-cos de enfermagem e eventualmente de méditécni-cos, sen-do, assim há ausência de farmacêuticos, fisioterapeu-tas, fonoaudiólogos e diversidade de especialidades mé-dicas. E, sobretudo, os escassos recursos financeiros e as condições estruturais do asilo são agravantes, pois provavelmente nem todos os idosos recebem todas as atenções, devido à sobrecarga de trabalho dos cuidado-res, o que dificulta a higienização e os cuidados sobre eles. O excesso de trabalho ou a falta de orientação far-macêutica podem acarretar, até mesmo, em administra-ção equivocada de medicamento, já que os horários de administração podem, em algumas vezes, não ser rigo-rosamente seguidos.

Evidenciou-se que a Escherichia coli foi à bactéria mais prevalente com 28,8% de frequência, seguida de

Staphylococcus aureus com Proteus penneri com

21,4% cada; o Enterobacter cloacae, Enterobacter

ger-goviae, Staphylococcus spp. e Enterococcus spp.,

apre-sentaram isoladamente 7,1% de ocorrência (Tabela 2). Tabela 2 - Distribuição das bactérias identificadas em

urinas de idosos do asilo São Vicente de Paulo.

Micro-organismos Escherichia coli Staphylococcus aureus Proteus penneri Enterobacter cloacae Enterobacter gergoviae Staphylococcus spp Enterococcus spp. Quantidades Frequência 4 28,8% 3 21,4% 3 21,4% 1 7,1% 1 7,1% . 1 7,1% 1 7,1% Total 14 100,0%

FONTE: os autores da pesquisa

As bactérias Gram-negativas são as mais prevalen-tes isoladas em infecções urinárias, destacando a Escherichia coli (E. coli), identificada em 28,8% das amostras. Dados obtidos por Martini et al. (2011) e Cha-ves et al. (2003) confirmam resultados semelhantes en-contrados nesse estudo. A E. coli é uma bactéria perten-cente a microbiota intestinal humana, apresenta fatores

de virulência que facilitam a adesão e colonização em outros tecidos, causando infecções extraintestinais (HASENACK et al, 2005).

Quanto ao perfil de suscetibilidade de E. coli verifi-cou-se que 75% (3/4) das cepas testadas foram resis-tentes ao ácido nalidíxico e ampicilina. Em relação à ce-falotina, a bactéria foi 50% (2/4) resistente e 50% (2/4) in-termediária nos testes. Enquanto que, o micro-organismo foi sensível em 75% (3/4) dos testes para ci-prooxacino, noroxacino, moroxacino, sulfazotrim e tetraciclina. Em todas as testagens a E. coli foi sensível para cefepime, gentamicina e nitrofurantoína (Figura 1). Figura 1 - Perfil de suscetibilidade da Escherichia coli quando exposta aos antimicrobianos.

Fonte: os autores da pesquisa.

Em um estudo com pacientes ambulatoriais e hospi-talizados realizados, os isolados de E. coli em amostras de urina apresentaram uma sensibilidade de 87,4% o noroxacino, 87% o ciplooxacino, e 62,2% sulfameto-xazol + trimetoprima (sulfazotrin) (Rosmari et al., 2006). Resultado semelhante ao encontrado na pesquisa, no qual a E. coli foi sensível em 75% dos testes para noro-xacino, ciploonoro-xacino, e sulfametoxazol + trimetoprima (sulfazotrin). Acredita-se que por se tratar de uma popu-lação parecida, no caso os idosos asilados, o perfil de sensibilidade a determinados antibióticos como as qui-nolonas seja semelhante.

Quanto ao perfil de suscetibilidade de Proteus

pen-neri verificou-se que todas as três cepas testadas foram

resistentes à tetraciclina e nitrofurantoína. O micro-organismo testado apresentou ao ácido nalidíxíco uma resistência de 75% (2/3). Enquanto que, foi sensível a 75% (2/3) ampicilina, cefalotina, ciprooxacino, genta-micina, noroxacino, moroxacino e sulfazotrin. Em to-das as testagem de Proteus penneri foi sensível para ce-fepime (Figura 2).

Figura 2 - Perfil de suscetibilidade do Proteus penneri quando exposto aos antimicrobianos.

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Na literatura, não se encontrou trabalhos que des-crevessem a sensibilidade ou resistência de P. penneri aos antimicrobianos, talvez, devido à baixa frequência de ITU causada por esta espécie.

Após o antibiograma, o Staphylococcus aureus foi 75% (2/3) resistente a ampicilina, e 75% (2/3) sensível ao ácido nalidíxíco, cefalotina, cefepime, ciprooxacino, gentamicina, noroxacino e moroxacino, respectiva-mente. As três cepas testadas de S. aureus foram sensí-veis à nitrofurantoína, sulfazotrin e tetraciclina (Figura 3). Figura 3 - Perfil de suscetibilidade de Staphylococcus aureus quando exposto aos antimicrobianos.

Fonte: os autores da pesquisa.

A única cepa de Enterococcus spp., apresentou re-sistência a seis antibióticos, sendo eles acido nalidíxi-co, gentamicina, sulfazotrin, tetraciclina e as cefalospo-rinas de primeira e quarta geração. Enterococcus spp., teve seu crescimento inibido por quatro antibióticos, am-picilina, ciprooxacino, moxioxocina, nitrofurantoína e noroxacino. O Staphylococcus spp. apresentou resis-tência ao ácido nalidíxico e sulfazotrin, embora, tenha demonstrado sensibilidade a ampicilina, cefalotina, cefe-pime, ciprooxacino, gentamicina, moxioxocino, nitro-furnatoína, noroxacino e tetracicilina. O Enterobacter

cloacea apresentou sensibilidade a todos os

antibióti-cos testados, exceto para ampicilina, no qual foi resis-tente. Enquanto que, o Enterobacter gergoviae apre-sentou resistência ao ácido nalidíxico, ampicilina, cefa-lotina, noroxacino e tetraciclina e, total sensibilidade ao cefepime, ciprooxacino, gentamicina, moxioxocino, nitrofurnatoína, sulfazotin e tetracicilina (Quadro 1). As quatro bactérias citadas no esquema abaixo, apresen-tam apenas uma cepa de cada.

Quadro 1 - Perfil de suscetibilidade de Enterococcus spp., Staphylococus spp., Enterobacter cloacea e Enterobacter g

ergoviae quando expostas aos antimicrobianos.

BACTÉRIA

Nº DE

ANTIBIÓTICOS

CEPAS

NAO

AMP

CFL

CMP

CIP

GEN

MFX NIT NOR SUT TET

Enterococcus spp.

1

R

S

R

R

S

R

S

S

S

R

R

Staphylococus spp.

1

R

S

S

S

S

S

S

S

S

R

S

Enterobacter cloacea

1

S

R

S

S

S

S

S

S

S

S

S

Enterobacter gergoviae

1

R

R

R

S

S

S

S

S

R

S

R

O ácido nalidíxico foi o antibiótico mais comumente relacionado à resistência bacteriana, sendo 75% para a

E. coli, 75% para P. penneri e 25% para Staphylococcus aureus. A cepa da Enterococcus spp., Staphylococus

spp., Enterobacter cloaceae e Enterobacter gergoviae também apresentaram resistência a esse antibiótico.

Portanto, em ITU é indispensável que haja um diag-nóstico clínico correto, baseado nos resultados de cultu-ra e antibiogcultu-rama do paciente, já que um tcultu-ratamento efi-caz melhora os sintomas clínicos, bem como evita a re-corrências, aumentando com isso a qualidade de vida desses pacientes.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base em nos resultados obtidos verificou-se que o índice de infecção urinária em idosos asilados é al-to (66,7%; 14/21), sendo as bactérias Gram-negativas as principais causadoras desse tipo de infecção, desta-cando-se a Escherichia coli, com 28,8% (4/21) de fre-quência. A ITU pode ser sintomática ou assintomática, de acordo com a existência de fatores de agravamento que incluem idade superior a 60 anos, disfunção renal, o uso de fraldas geriátricas, entre outros, embora, nesta pesquisa, não se demonstrou correlação estatística sig-nificativa entre estas variáveis. Em relação ao perfil de suscetibilidade antimicrobiana de bactérias causadoras de ITU, o ácido nalidíxico foi o antibiótico mais comu-mente relacionado à resistência bacteriana, no entanto, de um modo geral, o comportamento das bactérias medi-ante exposição aos antibióticos é bastmedi-ante heterogêneo, sendo essencial a escolha de um medicamento eficiente para tratamento de ITU, baseando-se também na segu-rança e tolerabilidade, já que se observa que na popula-ção com idade superior a 60 anos, quando comparados com as demais faixas etárias, têm propensão ao desen-volvimento de múltiplas doenças e utilizam vários tipos de medicamentos. Em suma, a atenção farmacêutica po-de garantir a qualidapo-de e a eficácia do tratamento, pois ao orientar o paciente e o seu cuidador quanto ao uso cor-reto do medicamento, aumenta a adesão ao tratamento prescrito e previne efeitos colaterais ou interações medi-camentosas. A assistência farmacêutica é fundamental para orientar o paciente sobre os cuidados do uso de me-dicamento, sendo este um dos pilares estratégicos para a garantia do direito à saúde.

Ácido Nalidíxico(NAO), Ampicilina(AMP), Cefalotina(CFL), Cefepime(CMP), Ciprooxacino(CIP), Gentamicina(GEN), Moxioxocina(MFX), Nitrofurantoína(NIT), Noroxaciono(NOR), Sulfazotrin(SUT), Tetraciclina(TET). Resistente(R) e Sensível(S).

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Referências

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