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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 39.920 - RJ (2013/0260552-4)

RELATOR : MINISTRO JORGE MUSSI

RECORRENTE : MANOEL GODOFREDO PEREIRA (PRESO)

ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

EMENTA

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS . HOMICÍDIO

QUALIFICADO TENTADO. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA.

INIMPUTABILIDADE. MEDIDA DE SEGURANÇA. TESE

DISTINTA DA CAUSA DE ISENÇÃO DE PENA.

INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO GENÉRICA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.

1. Nos termos do artigo 415, parágrafo único, do Código de Processo Penal, o juiz poderá absolver desde logo o acusado pela prática de crime doloso contra a vida se restar demonstrada a sua inimputabilidade, salvo se esta não for a única tese defensiva.

2. A simples menção genérica de que não haveria nos autos comprovação da culpabilidade e do dolo do réu, sem qualquer exposição dos fundamentos que sustentariam a tese defensiva, não é apta a caracterizar ofensa à referida inovação legislativa.

SENTENÇA ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA. IMPOSIÇÃO DE

MEDIDA DE SEGURANÇA. PRESCRIÇÃO.

APLICABILIDADE. INTERNAÇÃO. MARCO TEMPORAL. PENA MÁXIMA ABSTRATAMENTE PREVISTA PARA O DELITO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. INOCORRÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que o instituto da prescrição é aplicável na medida de segurança, estipulando que esta "é espécie do gênero sanção

penal e se sujeita, por isso mesmo, à regra contida no artigo 109 do Código Penal " (RHC n. 86.888/SP, Rel. Min. Eros Grau,

Primeira Turma, DJ de 2/12/2005).

2. Sedimentou-se nesta Corte Superior de Justiça o entendimento no sentido de que a prescrição nos casos de sentença absolutória imprópria é regulada pela pena máxima abstratamente prevista para o delito. Precedentes.

3. Na hipótese, não se verifica o transcurso do prazo prescricional aplicável entre os marcos interruptivos.

4. Recurso improvido.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Os Srs. Ministros Marco Aurélio Bellizze, Moura Ribeiro, Regina Helena Costa e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 06 de fevereiro de 2014(Data do Julgamento)

MINISTRO JORGE MUSSI Relator

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 39.920 - RJ (2013/0260552-4)

RECORRENTE : MANOEL GODOFREDO PEREIRA (PRESO)

ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO JORGE MUSSI (Relator): Trata-se de

recurso ordinário em habeas corpus interposto por MANOEL GODOFREDO PEREIRA contra acórdão proferido pela Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que denegou a ordem pleiteada no HC n. 0014935-89.2013.8.19.0000.

Noticiam os autos que o paciente foi denunciado pela suposta prática do delito de homicídio qualificado tentado.

Sobreveio sentença que o absolveu sumariamente, impondo-lhe medida de segurança consistente em internação pelo prazo mínimo de 1 (um) ano, enquanto não cessada a periculosidade.

Contra tal decisão, a defesa impetrou prévio writ na origem, tendo a ordem sido denegada.

Foram opostos, então, embargos de declaração, com o objetivo de que fosse reconhecida extinção da punibilidade do acusado pela prescrição, os quais foram rejeitados.

Sustenta o patrono do recorrente que este seria alvo de constrangimento ilegal, pois a ação penal seria nula, ante a inobservância do artigo 415, parágrafo único, do Código de Processo Penal.

Afirma que a defesa arguiu que o paciente não teria agido com dolo, razão pela qual deveria ser submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, e não absolvido sumariamente.

Entende que a punibilidade do acusado estaria extinta pela prescrição da pretensão punitiva estatal.

Requer o provimento do reclamo para que seja anulada a decisão que absolveu impropriamente o paciente, expedindo-se alvará de soltura em seu favor,

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ou para que seja declarada extinta a sua punibilidade pela prescrição.

O Ministério Público Federal, em parecer de fls. 316/318, manifestou-se pelo desprovimento do inconformismo.

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RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 39.920 - RJ (2013/0260552-4)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO JORGE MUSSI (Relator): Por meio deste

recurso ordinário constitucional pretende-se, em síntese, a anulação da ação penal em apreço, ou o reconhecimento da extinção da punibilidade do acusado pela prescrição.

Segundo consta dos autos, o recorrente foi acusado de praticar o delito de homicídio qualificado tentado, pois teria agredido a vítima com uma foice, por acreditar que esta teria cometido um crime de furto anterior, tendo-a atacado de surpresa, impossibilitando a sua defesa (e-STJ fls. 56/57).

O acusado foi submetido a incidente de insanidade mental, ao final do qual se concluiu que "por doença mental, era o periciado parcialmente capaz de

entender o caráter ilícito do fato e inteiramente incapaz de determinar-se de acordo com esse entendimento " (e-STJ fl. 49).

Sobreveio sentença que absolveu sumariamente o paciente, impondo-lhe medida de segurança consistente em internação pelo prazo mínimo de 1 (um) ano, enquanto não cessada a periculosidade (e-STJ fls. 162/164).

No que diz respeito à pretendida submissão do réu a julgamento pelo Tribunal do Júri, é imperioso consignar que no procedimento dos delitos dolosos contra a vida, se a inimputabilidade não é a única tese sustentada pela defesa, que apresenta outros fundamentos aptos a afastar a responsabilização penal do acusado, deve o magistrado o pronunciar, pois pode ser inocentado sem que lhe seja imposta medida de segurança.

Nesse sentido é a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO TENTADO. INIMPUTABILIDADE. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA E SUBMISSÃO À MEDIDA DE SEGURANÇA. ALEGAÇÃO DE CAUSA EXCLUDENTE DE ILICITUDE. LEGÍTIMA DEFESA. COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE SENTENÇA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA.

1. A absolvição sumária por inimputabilidade do acusado constitui sentença absolutória imprópria, a qual impõe a aplicação de medida de segurança, razão por que ao magistrado incumbe proceder à

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analise da pretensão executiva, apurando-se a materialidade e autoria delitiva, de forma a justificar a imposição da medida preventiva.

2. Reconhecida a existência do crime e a inimputabilidade do autor, tem-se presente causa excludente de culpabilidade, incumbindo ao juízo sumariante, em regra, a aplicação da medida de segurança. 3. "Em regra, o meritum causae nos processos de competência do júri é examinado pelo juízo leigo. Excepciona-se tal postulado, por exemplo, quando da absolvição sumária, ocasião em que o juiz togado não leva a conhecimento do júri ação penal em que, desde logo, se identifica a necessidade de absolvição. Precluindo a pronúncia, deve a matéria da inimputabilidade ser examinada pelo conselho de sentença, mormente, se existe tese defensiva diversa, como a da legítima defesa" (HC 73.201/DF).

4. Havendo tese defensiva relativa à excludente de ilicitude prevista no art. 23 do Código Penal (legítima defesa), não deve subsistir a sentença que absolveu sumariamente o paciente e aplicou-lhe medida de segurança, em face de sua inimputabilidade, por ser esta tese mais gravosa que aquela outra.

5. Ordem concedida para anular o processo a partir da sentença que absolveu sumariamente o paciente para que outra seja proferida, a fim de que seja analisada a tese da legítima defesa exposta nas alegações finais.

(HC 99.649/MG, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 17/06/2010, DJe 02/08/2010)

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA. PRECLUSÃO. INCIDENTE DE INSANIDADE. INIMPUTABILIDADE AO TEMPO DOS FATOS IMPUTADOS. RECONHECIMENTO. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA PROLATADA PELO JUIZ PRESIDENTE. EXISTÊNCIA DE TESE DEFENSIVA DE LEGÍTIMA DEFESA. JUIZ NATURAL. VIOLAÇÃO. RECONHECIMENTO. PEDIDO SUBSIDIÁRIO. IMPEDIMENTO DE PROCURADORA DA JUSTIÇA. PLEITO PREJUDICADO.

1. Em regra, o meritum causae nos processos de competência do júri é examinado pelo juízo leigo. Excepciona-se tal postulado, por exemplo, quando da absolvição sumária, ocasião em que o juiz togado não leva a conhecimento do júri ação penal em que, desde logo, se identifica a necessidade de absolvição. Precluindo a pronúncia, deve a matéria da inimputabilidade ser examinada pelo conselho de sentença, mormente, se existe tese defensiva diversa, como a da legítima defesa.

2. Ordem concedida para anular o processo a partir da sentença que absolveu sumariamente o paciente, devendo ele ser submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, prejudicado o pedido subsidiário. (HC 73.201/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 25/06/2009, DJe 17/08/2009)

Tal entendimento, aliás, levou o legislador ordinário a incluir, na reforma pontual realizada no Código de Processo Penal com o advento da Lei 11.689/2008, o parágrafo único no artigo 415, estabelecendo que o juiz poderá

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absolver desde logo o acusado pela prática de crime doloso contra a vida se restar demonstrada a sua inimputabilidade, salvo se esta não for a única tese defensiva.

Confira-se:

Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:

I – provada a inexistência do fato;

II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; III – o fato não constituir infração penal;

IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de

dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva.

Acerca do referido dispositivo legal, é essa a lição de Guilherme de Souza Nucci:

"Exceção possível no âmbito da inimputabilidade: antes do advento da Lei 11.689/2008, como regra, apurada a situação da inimputabilidade durante a fase de formação da culpa, o juiz proferia sentença de absolvição sumária, impondo, entretanto, medida de segurança ao acusado. Mas, havia hipóteses em que a defesa pretendia levar o caso a júri para buscar a absolvição do réu, calcada em outras teses, que não lhe permitissem o cumprimento da medida de segurança. Assim, atento ao princípio da ampla defesa, inclusive destinado aos inimputáveis, permitiu-se que essa possibilidade fosse levada a efeito. Caso o defensor argumente que o acusado, embora inimpurtável (prova advinda da exame pericial) agiu em legítima defesa, por exemplo, tem o direito de pleitear o encaminhamento do caso ao Tribunal do Júri, se o magistrado entender não ser o caso de absolvição sumária, sem aplicação de medida de segurança. Caberá ao Tribunal Popular decidir se o acusado, inimputável, agiu sob excludente de ilicitude. Assim ocorrendo, será absolvido sem a imposição de medida de segurança. Caso contrário, afastada a tese de legítima defesa, o réu será absolvido, com base no art. 26, caput, do CP, recebendo, então, a medida de segurança pertinente." (Código de Processo Penal Comentado. 9ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,

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2009, p. 762).

Na hipótese dos autos, entretanto, não há como concluir que a defesa tenha sustentado em suas alegações finais tese distinta da inimputabilidade do paciente.

Com efeito, a simples menção genérica de que não haveria nos autos comprovação da culpabilidade e do dolo do réu (e-STJ fl. 140), sem qualquer exposição dos fundamentos que sustentariam a tese defensiva, não é apta a caracterizar ofensa ao referido entendimento jurisprudencial e à citada inovação legislativa.

Ao contrário, o que se pode extrair da cópia das exíguas alegações finais acostada às fls. 140/141 é que a defesa deu ênfase apenas à inimputabilidade do paciente atestada por laudo pericial, requerendo, ao final "a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do Acusado" (fl. 141).

Irreparável, portanto, a conclusão exarada pelo Tribunal de origem no prévio writ, no sentido de que "a simples menção da ausência de dolo não pode ser

erigida a qualidade de tese em favor do acusado" (fl. 258), já que desprovida de

qualquer argumento apto a justificar a sua plausibilidade perante o juiz natural da causa.

Quanto à possibilidade de aplicação do instituto da prescrição na medida de segurança, é necessário tecer alguns comentários.

Primeiramente, tem-se que o Código Penal não cuida expressamente da prescrição de medida de segurança, mas esta, como se sabe, é considerada uma espécie do gênero sanção penal. Nesse sentido, lecionava o mestre Júlio Fabbrini Mirabete:

"As medidas de segurança são também, sanções penais, por vezes assumindo caráter mais gravoso do que as próprias penas, dada a severíssima restrição à liberdade da pessoa internada, sendo impostas como decorrência do poder de coação estatal (ius puniende), em razão da prática, devidamente comprovada, de um fato penalmente típico e antijurídico, por uma pessoa considerada inimputável ou semi-imputável. Comprovação, esta, que demanda o devido processo

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penal, isto é, lastreada em provas lícitas e idôneas (...)." (Código Penal Comentado, 7ª Edição, Edição Renovar, p. 271).

Assim consideradas, se sujeitam às regras previstas no Estatuto Repressivo relativas aos prazos prescricionais e às diversas causas interruptivas da prescrição. O Supremo Tribunal Federal já se manifestou nesse sentido ao entender que incide o instituto da prescrição na medida de segurança, estipulando que esta "é espécie do gênero sanção penal e se sujeita, por isso mesmo, à regra contida no

artigo 109 do Código Penal " (RHC n. 86.888/SP, Rel. Min. Eros Grau, Primeira

Turma, DJ de 2/12/2005).

Esta Corte Superior, por sua vez, já enfrentou a questão, também considerando a medida de segurança como espécie de sanção penal e, portanto, igualmente sujeita à prescrição e suas regras, assentando, ainda, que o lapso temporal necessário à verificação da referida causa de extinção da punibilidade deve ser encontrado tendo em vista a pena máxima abstratamente prevista para o delito denunciado. A propósito:

HABEAS CORPUS. ART. 129 § 9.º, DO CÓDIGO PENAL. PACIENTE INIMPUTÁVEL. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA. PRESCRIÇÃO PELA PENA MÁXIMA COMINADA EM ABSTRATO. HABEAS CORPUS DENEGADO.

1. A medida de segurança é espécie do gênero sanção penal e se sujeita, por isso mesmo, às regras contidas no artigo 109 do Código Penal, sendo passível de ser extinta pela prescrição.

2. A prescrição da medida de segurança aplicada a inimputável, é contada pelo máximo da pena abstratamente cominada ao delito. 3. A sentença que aplica medida de segurança, por ser absolutória, não interrompe o curso do prazo prescricional.

4. A imputação do crime previsto no art. 109, § 9.º, do Código Penal, cuja pena máxima é de 3 anos, tem prazo prescricional de 8 anos - CP, art. 109, inciso IV. Como a denúncia foi recebida em 15.01.2007 e o trânsito em julgado ocorreu em 16.08.2010, não ocorreu a prescrição de pretensão punitiva pela pena in abstracto.

5. A prescrição da pretensão executória estatal, também não se verificou entre o trânsito em julgado, ocorrido em 16/08/2010, e o início do cumprimento da medida de segurança pelo Paciente, em 01/09/2010.

6. O pedido de extinção da medida de segurança pela cessação de periculosidade do Paciente deve ser fundamentado perante o juízo da Execução Penal, pela necessidade de dilação probatória, vedada na via do habeas corpus.

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(HC 182.973/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 12/06/2012, DJe 26/06/2012)

PENAL. PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. ROUBO. MEDIDA DE SEGURANÇA. PRESCRIÇÃO RETROATIVA. NÃO-OCORRÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

1. "Tratando-se de sentença absolutória, em razão da inimputabilidade do réu, o prazo da prescrição é regulado pelo máximo da pena prevista in abstrato para o delito, pois, sendo o réu absolvido, não tem pena concretizada em sentença" (HC 56.980/SP, Rel. Min. GILSON DIPP, Quinta Turma, DJ 16/10/06).

2. Denunciado o embargante pelo crime de roubo, cuja pena máxima é de 10 anos e o prazo prescricional de 16 anos, não há falar em prescrição, pois o delito foi praticado em 23/6/94, a denúncia foi recebida em 8/7/94 e a sentença condenatória recorrível foi proferida em 20/3/01, não transcorrendo mais de 16 anos entre os marcos interruptivos.

3. Embargos de declaração rejeitados.

(EDcl no REsp 799.274/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 01/10/2009, DJe 03/11/2009) Na hipótese em apreço, constata-se que o paciente foi denunciado pela prática do delito de homicídio qualificado tentado, cuja pena máxima, já considerada a diminuição pela tentativa, é de 13 (treze) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, sendo certo que para tal patamar de pena o artigo 109, inciso I, do Código Penal prevê o lapso temporal de 20 (vinte) anos para a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva estatal.

Considerando, ainda, o redutor previsto no artigo 115 do Código Penal, o prazo prescricional aplicável ao caso seria de 10 (dez) anos, lapso que não se verificou entre nenhum dos marcos interruptivos, já que a denúncia foi recebida aos 6.9.2007 e o cumprimento do mandado de internação se deu aos 25.2.2013.

Irreparáveis, no ponto, as conclusões exaradas pelo Tribunal de origem por ocasião do julgamento dos embargos de declaração:

"(...) Sendo imputada ao embargante a prática do crime de homicídio na forma tentada, submete-se ao maior prazo prescricional previsto no art. 109 do Código Penal, com as peculiaridades do caso concreto - a redução de um terço referente à tentativa e a redução de metade em razão da idade do embargante, o que, por si, ainda impossibilita o reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição." (fl. 283.)

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Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso. É o voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA

Número Registro: 2013/0260552-4 PROCESSO ELETRÔNICO RHC 39.920 / RJ

MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 0014935-89.2013.8.19.0000 00149358920138190000 149358920138190000

20070090011019

EM MESA JULGADO: 06/02/2014

Relator

Exmo. Sr. Ministro JORGE MUSSI Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS Secretário

Bel. LAURO ROCHA REIS

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : MANOEL GODOFREDO PEREIRA (PRESO)

ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra a vida - Homicídio Qualificado

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso."

Os Srs. Ministros Marco Aurélio Bellizze, Moura Ribeiro, Regina Helena Costa e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator.

Referências

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