• Nenhum resultado encontrado

Um épico possível: refuncionalizações de técnicas, formas e clichês, em Nashville, de Robert Altman

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Um épico possível: refuncionalizações de técnicas, formas e clichês, em Nashville, de Robert Altman"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS EM INGLÊS

ANTONIO MARCOS ALEIXO

Um épico possível: refuncionalizações de técnicas, formas e

clichês, em Nashville, de Robert Altman

São Paulo 2013

(2)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS EM INGLÊS

ANTONIO MARCOS ALEIXO

Um épico possível: refuncionalizações de técnicas, formas

e clichês, em Nashville, de Robert Altman

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês, do Departamento de Letras Modernas, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Doutor em Letras.

Área de concentração: Estudos de Cultura – relações entre literatura e cinema contemporâneo nos EUA

Orientador: Prof. Dr. Marcos César de Paula Soares

São Paulo 2013

(3)

Nome: ALEIXO, Antonio Marcos

Título: Um épico possível: refuncionalizações de técnicas, formas e clichês, em

Nashville, de Robert Altman

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês, do Departamento de Letras Modernas, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Doutor em Letras.

Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr.: _______________________________ Instituição: ________________ Julgamento: ____________________________ Assinatura: ________________ Prof. Dr.: _______________________________ Instituição: ________________ Julgamento: ____________________________ Assinatura: ________________ Prof. Dr.: _______________________________ Instituição: ________________ Julgamento: ____________________________ Assinatura: ________________ Prof. Dr.: _______________________________ Instituição: ________________ Julgamento: ____________________________ Assinatura: ________________

(4)

Agradecimentos

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa concedida.

À Profa. Doutora Maria Elisa Burgos Pereira da Silva Cevasco e ao Prof. Dr. Sérgio de Carvalho, pela leitura atenta e pelas sugestões no exame de qualificação.

Ao Prof. Dr. Marcos César de Paula Soares, pela orientação amistosa, mas sempre exigente.

Ao amigo Flávio, interlocutor constante.

(5)

Resumo

Lançado em 1975, Nashville é uma das últimas produções de um período da cinematografia norte-americana conhecido como “Nova Hollywood” ou “Renascença Hollywoodiana”. Tomando a “capital da música country” nos EUA como objeto de crítica e pano de fundo espacial da narrativa, o filme reflete sobre problemas políticos e sociais de seu tempo. A tese que orienta o presente trabalho é a de que a “imagem da História” evocada em sua narração só foi possível porque o diretor e seus colaboradores fizeram um esforço consciente para apropriar-se do repertório fílmico industrial de técnicas, formas e até mesmo clichês, “refuncionalizando-o” de modo a torná-lo adequado à expressão de sua visão crítica. O resultado é, ao mesmo tempo, um “retrato dialético” dos EUA no início dos anos 1970, uma prova da possibilidade da encenação épica no contexto industrial e um exemplo de resistência cultural a partir da organização produtiva dos trabalhadores do cinema.

Palavras-chave: Estudos de Cultura, literatura e cinema, Robert Altman, Sociedade do Espetáculo, narração épico-dialética.

(6)

Abstract

Launched in 1975, Nashville is one of the last productions of a period in American cinema known as “the New Hollywood” or “Hollywood Renaissance”. Taking the “capital of country music” in the USA as the object of criticism and spatial backdrop of its narrative, the film reflects upon social and political problems of its time. The thesis that guides the present study is that the “image of history” evoked by its narration was possible only because the director and his collaborators made a conscious effort to apropriate the repertoire of industrial filmic techniques, forms and even clichés, “refunctioning” it to make it suitable to the expression of their critical point of view. The result is, all at the same time, a “dialectical picture” of the USA at the beginning of the 1970s, concrete evidence of the possibility of “epic mise-en-scène” in the industrial context and an example of cultural resistance built upon the productive organization of cinema workers.

Keywords: Cultural Studies, literature and cinema, Robert Altman, Society of the Spectacle, epic-dialectical narration.

(7)

Sumário

1: para começar, um comercial... p. 8

2: country music é política... p. 27

3: uma sociedade sitiada pelo espetáculo... p. 64

4: o funcionamento da máquina... p. 128

5: tirando a roupa... p. 197

6: para terminar, um assassinato... p. 273

(8)

1: para começar, um comercial

Silêncio. Tela escura. Logotipo dos estúdios Paramount em preto e branco. Abaixo, créditos dos proprietários dos estúdios desde 1966: “A Gulf + Western Company®”. Fade-out. Tela escura. No centro do quadro, surgem, em fade-in, os créditos da distribuidora – “ABC ENTERTAINMENT apresenta” – reproduzidos, em baixo contraste, em uma espécie de “fantasma” da imagem original, no canto inferior esquerdo da tela. O mesmo acontece com os créditos do produtor e do diretor: “uma produção de JERRY WEINTRAUB”, “um filme de ROBERT ALTMAN.” Fade-out.

Simultaneamente, a tela escura e a trilha sonora vazia são invadidas pela profusão de imagens e sons de um comercial de televisão. No centro da tela, surge um objeto que gira na direção do primeiro plano, aí se fixando; trata-se da capa de uma trilha sonora intitulada “Nashville”, sobre a qual se exibe uma pintura representando vinte e quatro personagens. Atrás dessa imagem, giram, em sentido horário, as capas de discos de cinco artistas country fictícios: Connie White, Barbara Jean, Haven Hamilton, o trio Bill, Mary & Tom e Tommy Brown. Do lado esquerdo da tela, é exibida, em movimento ascendente, uma lista com os nomes de vinte e quatro atores relativamente desconhecidos, precedida da clássica introdução: “estrelando”. Do lado direito, em movimento descendente, são exibidos os títulos de uma série de canções, todas desconhecidas.

Sobre um fundo musical composto por um pot-pourri das canções identificadas nos créditos, surge um locutor, no estilo de antigos anúncios radiofônicos, fazendo o comercial de um filme:

“Agora, depois de anos em produção, Robert Altman traz para a tela grande o tão esperado Nashville, com vinte e quatro, pode contar!, vinte e quatro de seus

(9)

fabulosas de Karen Black, Ronee Blakley, Timothy Brown, em Nashville!, junto com os espetaculares Keith Carradine, Geraldine Chaplin, com Robert Doqui, em Nashville! E as participações excitantes de Shelley Duvall, Allen Garfield e Henry Gibson, em Nashville! E os fantásticos Scott Glenn, Jeff Goldblum, Barbara Harris, em Nashville! Isso sem falar nos sensacionais David Hayward, Michael Murphy, Allan Nicholls, em Nashville! E os maiores de todos os tempos, Dave Peel, Cristina Raines, Bert Remsen, em Nashville! E mais os incríveis Lily Tomlin, Gwen Welles e Keenan Wynn, em Nashville!”

Enquanto o locutor lista os “stars” de Nashville, o enquadramento formado pela capa de disco no centro da imagem se transforma em uma “tela” dentro da tela de cinema; aproximando-se em zoom-in da representação do rosto de David Arkin no meio da pintura, esta “tela” exibe, em uma série de close-ups, imagens dos outros vinte e três atores, em sincronia com a fala do locutor. Ao mesmo tempo, cada vez que ele diz “em Nashville!”, o título do filme é reiterado na tela, em letras garrafais, em cores e fontes variadas. Terminada a exposição individual dos rostos, a pintura coletiva é novamente distanciada em zoom-out; as imagens que giravam em sentido horário desaparecem junto com os créditos; a capa da trilha sonora inverte seu movimento inicial, girando na direção do segundo plano até desaparecer, em

fade-out. Na tela escura, fica apenas o título do filme, “piscando” em letras

brancas. O volume do pot-pourri vai diminuindo até que o único som restante é a voz do locutor que, como se temesse não conseguir “dar seu recado” antes do fim do comercial, acelera o ritmo da fala, atropelando as últimas palavras:

“Seja o primeiro no seu bairro a se maravilhar com estes stars magníficos, por meio da magia do som estereofônico e da imagem em cores vivas, bem diante dos seus olhos, sem interrupções comerciais!”

* * *

Estes são os primeiros enunciados de Nashville, de Robert Altman, produzido e filmado entre 1973 e 1974, e lançado em 1975. Não são exatamente enunciados narrativos, pois, em vez de começar a tecer uma ficção, eles apenas nos oferecem a história que ainda não começamos a ver.

(10)

Neste sentido, são, essencialmente, enunciados retóricos; falam diretamente ao público de modo a estabelecer as condições de recepção do relato: a obra é oferecida como mercadoria e o espectador é distanciado pelo tratamento como consumidor de novidades tecnológicas (“seja o primeiro no seu bairro a se maravilhar...”). Evidentemente, não se trata de publicidade, pois não estamos diante de um comercial e sim da sequência de abertura de um filme; a forma de comercial aqui é tão-somente uma estratégia retórica adotada para o estabelecimento do “contrato de leitura” peculiar à narrativa “autorreferencial”, que, dado o quadro enunciativo em que é produzida, precisa abrir mão da verossimilhança.

“Pode-se afirmar que a autorreferência é [...] algo como uma conotação suplementar por meio da qual a obra tenta justificar sua própria existência e documentar a própria situação histórica em que a autorreferencialidade emerge: a fragmentação do público, a crise dos gêneros, a perda de status da arte no mercado.”1

Que a obra precise “justificar sua existência” é evidência do contexto artisticamente hostil em que ela emerge; que ela o faça expondo a forma degradada que este contexto lhe impõe é sinal de seu ímpeto crítico, inclusive contra si própria. Em outro contexto, Sartre discorre sobre o “tom agressivo” que a arte é obrigada a tomar nos momentos históricos em que artista e público são transformados em adversários econômicos e políticos:

“A partir de 1848, de fato, e até a guerra de 1914, a unificação radical de seu público leva o escritor a escrever, por princípio, contra todos os seus leitores. Se por um lado ele vende suas produções, por outro ele despreza aqueles que as compram e se esforça para evitar a satisfação de seus desejos [...]. E se porventura o livro que se publica não fere o bastante, ajunta-se aí um prefácio escrito para insultar.”2

Nashville é produzido em um desses momentos em

que o artista não pode pressupor uma aliança com seu público; a sequência de abertura em forma de comercial é, por assim dizer, o “prefácio do autor” anteposto aos enunciados narrativos, por meio do qual o espectador é lembrado 1

(11)

Gracias por visitar este Libro Electrónico

Puedes leer la versión completa de este libro electrónico en diferentes formatos:

 HTML(Gratis / Disponible a todos los usuarios)

 PDF / TXT(Disponible a miembros V.I.P. Los miembros con una membresía básica pueden acceder hasta 5 libros electrónicos en formato PDF/TXT durante el mes.)

 Epub y Mobipocket (Exclusivos para miembros V.I.P.)

Para descargar este libro completo, tan solo seleccione el formato deseado, abajo:

Referências

Documentos relacionados

Tais códigos são baseados na teoria dos polinômios ortogonais, e des- tacamos o uso tanto da quadratura função erro quanto da quadratura tanh-sinh na obtenção das entradas da

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

Governança no setor público: compreende essencialmente os mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da

Não houve interação entre os fatores processamento e probióticos para as variáveis de desempenho (P > 0.05), assim como, não houve efeito da adição dos

próximos, para fazermos o bem a todos, permanecendo no Senhor Christo, assim como Êle permanece em nós. Deus

Enquanto a primeira pesquisa de IC colocou sob foco o pesquisador enquanto aprendiz, analisando subjetivamente, através dos estudos em diário, os mais

O objetivo é o de oferecer critérios para a segmentação do discurso na língua de sinais brasileira (libras) em unidades gramaticais. Duas linhas teóricas contribuíram para

A relação com os movimentos sociais camponeses demonstra, entre outros aspectos, as seguintes características do Curso: a relação direta estabelecida com a