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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Marcelo Vianello Pinto PRODUÇÃO DE ALGAS MARINHAS NO MUNICÍPIO DE UBATUBA, SEGUNDO OS PRINCÍPIOS DA SUSTENTABILIDADE

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Marcelo Vianello Pinto

PRODUÇÃO DE ALGAS MARINHAS NO MUNICÍPIO

DE UBATUBA, SEGUNDO OS PRINCÍPIOS DA

SUSTENTABILIDADE

Taubaté – SP

2009

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Marcelo Vianello Pinto

PRODUÇÃO DE ALGAS MARINHAS NO MUNICÍPIO

DE UBATUBA, SEGUNDO OS PRINCÍPIOS DA

SUSTENTABILIDADE

Dissertação apresentada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté.

Área de Concentração: Produção

Orientadora: Profa. Dra. Daniela Helena Pelegrine Guimarães

Taubaté – SP

2009

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MARCELO VIANELLO PINTO

PRODUÇÃO DE ALGAS MARINHAS NO MUNICÍPIO DE UBATUBA, SEGUNDO OS PRINCÍPIOS DA SUSTENTABILIDADE

Dissertação apresentada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté.

Área de Concentração: Produção

DATA: ________________________ RESULTADO: ____________________

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Daniela Helena Pelegrine Guimarães Universidade de Taubaté Assinatura______________________________

Prof. Dr. Carlos Alberto Chaves Universidade de Taubaté Assinatura______________________________

Prof. Dr. Sebastião Cardoso Vale Soluções em Energia Assinatura______________________________

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, aos meus professores, à minha família e aos meus colegas que puderam de alguma forma contribuir para a realização do mesmo.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelas incontáveis bênçãos derramadas sobre mim, durante todo o processo de elaboração e planejamento deste trabalho de Dissertação de Mestrado.

Não foram poucas as pessoas que me ajudaram nesse trabalho, seja na parte prática, intelectual ou psicológica. Desde já peço desculpas por algum esquecimento, que significa apenas distração da minha parte, jamais que essas pessoas foram menos importantes. Foi muito bom conviver com todos vocês durante esse tempo.

A minha querida orientadora, Profa. Dra. Daniela Helena Pelegrine Guimarães, que me acolheu em um momento tão difícil e me apoiou durante todo o meu trabalho, depositando em mim uma grande confiança que espero estar à altura.

Aos professores que fizeram parte das minhas disciplinas cursadas dentro do programa de Mestrado, em especial agradecimento ao Prof. Dr. Giorgio Eugênio Oscare Giacaglia, em sua significativa contribuição nas aulas.

Ao Ricardo Toledo Lima Pereira e toda a equipe do Instituto de Pesca da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

Ao Peter Santos Németh e a Valéria Cress Gelli da Prefeitura Municipal de Ubatuba pelas inúmeras contribuições neste trabalho.

A todos os maricultores que acreditam na viabilidade dos cultivos de Kappaphycus

Alvarezii no Brasil.

Aos colegas de mestrado da Universidade de Taubaté, pelo companheirismo e amizade, em especial ao Marcelo Rebouças de Assis que esteve comigo durante muitos momentos deste trabalho.

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E finalmente, a minha amada família, à minha esposa Suely Nogueira Vianello Pinto e ao meu amado filho Lucas Nogueira Vianello Pinto, que me incentivaram em todos os momentos, e por estarem entendendo um pouco do que estou fazendo, e por continuarem me apoiando em todas as minhas decisões.

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“Quando vencemos as adversidades ou buscamos suportá-la, quando nos lançamos voluntariamente num vale cheio de dificuldades, só então o aprendizado se torna significativo”.

(8)

“The best fertilizer for a seaweed is the farmer´s shadow” (o melhor fertilizante das algas é a sombra do cultivador).

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RESUMO

A Kappaphycus Alvarezii é uma alga vermelha comercialmente importante por ser a

principal fonte de carragena Kappa, hidrocolóide utilizado como agente espessante e estabilizante em alimentos, fármacos e cosméticos. Devido a sua importância, é fundamental desenvolver bases tecnológicas visando sua maricultura sustentada. Este trabalho tem como objetivo principal descrever o processo de produção de alga marinha vermelha da espécie Kappaphycus Alvarezii em Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo. Segundo os princípios da sustentabilidade, tal atividade pode representar mais uma alternativa para o desenvolvimento da economia do município, além de implementar a geração de renda e dar alternativas às famílias que tiram os seus sustentos do mar. Através dos resultados obtidos neste trabalho, deseja-se contribuir para a maricultura sustentável desta espécie de alga que é muito promissora no Brasil, especificamente no município de Ubatuba, possibilitando às famílias da região que tiram os seus sustentos da aqüicultura, geração de empregos e renda. Outro ponto importante do presente trabalho é com relação às preocupações recentes referentes às questões ambientais, responsabilidade social, e a recuperação do litoral paulista como produtor próximo de um grande mercado consumidor.

Palavras-Chave: Desenvolvimento Sustentável. Meio Ambiente. Aqüicultura. Alga Marinha. Kappaphycus Alvarezii e Carragena.

(10)

ABSTRACT

SEAWEED PRODUCTION IN UBATUBA, ACCORDING WITH SUSTAINABILITY PRINCIPLES

Kappaphycus Alvarezii is a red seaweed witch commercial importance is due it’s

natural kappa carrageenana source, a hydrocolloid used as thickener agent e foods stabilizier, medicaments e cosmetics. Due its importance, it is essential to develop Technologies witch purpose is sustainable mariculture. This work goals were to describe productive process of Kappaphycus Alvarezii red seaweed in Ubatuba, northern coast of Sao Paulo/Brazil, which, according with sustainability principles, may become an alternative to municipal economy development, e implement the income generation, providing another alternatives for families who take their livelihoods from the sea. Through of the results obtained in this work, the aim is to contribute to Kappaphycus Alvarezii sustainable mariculture, a species very promising in Brazil, specifically in Ubatuba, enabling local families to improve generation e income. Another important point of this work is related to recent concerns on environmental issues, social responsibility, and recovery of the North Coast as a producer close to a large market consumer.

Keywords: Sustainable Development. Environment. Aquiculture. Seaweed. Kappaphycus Alvarezii e Carrageenan.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Aplicações funcionais da carragena por setor ... 23 Tabela 2 – Determinação do número das áreas aquícolas de baixo impacto

(2000m2), por localidade no município de Ubatuba ... 56 Tabela 3 – Localização das fazendas marinhas em Ubatuba - SP, 2007 ... 57 Tabela 4 – Resultados relevantes das entrevistas para este estudo com os

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Alga Marinha da Divisão Rhodophyta ... 27

Figura 2: Processo de Manufatura da Carragena ... 31

Figura 3: Vetores da Sustentabilidade ... 33

Figura 4: Alga Marinha cultivada em Ubatuba... 50

Figura 5: Fazenda Marinha – Praia da Enseada em Ubatuba ... 51

Figura 6: Sistema multi-espinhel – Praia da Enseada ... 52

Figura 7: Fazenda de algas marinhas utilizando o sistema multi-espinhel ... 53

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 13 1.1 Objetivos ... 15 1.1.1 Objetivo Geral ... 15 1.1.2 Objetivos Específicos ... 15 1.2 Justificativa ... 16 2 REVISÃO DA LITERATURA ... 20 2.1 AQÜICULTURA SUSTENTÁVEL ... 20

2.1.1 Panomara da Aqüicultura Mundial e Nacional ... 20

2.1.2 A Importância Econômica das Macroalgas Marinhas ... 21

2.1.3 Maricultura de Macroalgas Marinhas ... 24

2.1.4 Kappaphycus Alvarezii (Doty) Doty ex P. C. Silva ... 26

2.1.5 Carragenas ... 29 2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 32 2.2.1 Sustentabilidade Social ... 33 2.2.2 Sustentabilidade Ambiental ... 34 2.2.3 Sustentabilidade Econômica ... 35 2.3 MEIO AMBIENTE ... 35

2.3.1 Meio Ambiente: Contextualização ... 36

2.3.2 O Desenvolvimento Sustentável e o Meio Ambiente ... 40

2.4 REGULAMENTAÇÃO ... 42

2.4.1 SEAP (Secretaria Especial de Agricultura e Pesca) ... 42

2.4.2 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) ... 43

2.4.3 SPU (Secretaria do Patrimônio da União) ... 44

2.4.4 Capitania dos Portos (MARINHA) ... 45

2.4.5 Instrução Normativa IBAMA N° 185, de 22 de Julho DE 2008 ... 45

3 METODOLOGIA ... 47

3.1 Fonte de Dados ... 47

3.1.1 Perfil dos Maricultores e da Produção ... 48

3.1.2 Materiais e Métodos ... 48

3.1.2.1 Espécie Estudada ... 49

3.1.2.2 Local de Coleta... 50

3.1.2.3 Local do Experimento ... 51

3.1.2.4 Sistema de Cultivo ... 51

3.1.2.5 Processo de Secagem e Armazenamento ... 53

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 55

4.1 Quantificação das Áreas Aquícolas em Ubatuba, em Concordância com a Legislação Aquícola Federal e Estadual Vigentes ... 56

4.1.1 Sistema Multi-Espinhel – Capacidade de Produção ... 57

4.1.2 Resultados das Entrevistas ... 58

5 CONCLUSÕES ... 59

REFERÊNCIAS ... 62

ANEXO A – Roteiro de entrevista ... 70

ANEXO B – Instrução Normativa IBAMA N° 185, DE 22 D E JULHO DE 2008 ... 71

ANEXO C – Decreto Federal N° 4.895 de 25 de Novembr o de 2003 ... 76

ANEXO D – Decreto Estadual N° 4.895 de 7 de Dezembr o de 2004... 81

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1 INTRODUÇÃO

A espécie da alga vermelha denominada “Kappaphycus Alvarezii” foi introduzida no Brasil experimentalmente em 1995, no Instituto de Pesca da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Ubatuba, São Paulo), com o objetivo de desenvolver estudos básicos como suporte para a implantação de cultivos comerciais no litoral brasileiro, sendo aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (PAULA, 2001).

Os experimentos foram iniciados a partir de um ramo de um tetrasporófito de cor marrom, cedido pelo Dr. Masao Ohno (USA Marine Institute, University of Kochi, Japan), proveniente de um cultivo experimental japonês e originário de cultivos comerciais das Filipinas. Esse ramo foi propagado em cultura unialgácea durante 10 meses no Laboratório de Algas Marinhas “Edison José de Paula” (USP) antes da transferência para o mar (PAULA e PEREIRA, 1998; PAULA et al., 1998a).

A espécie é até hoje cultivada em balsa flutuante, pelo sistema “tie-tie”, e propaga vegetativamente (PAULA et al., 1998a).

Diversos estudos foram realizados com a espécie desde o início dos cultivos no litoral paulista: a) in vitro e taxas fotossintéticas (ERNEST, 2001; PAULA et al., 2001), b) introdução no mar e maricultura (PAULA, 2001; PAULA e PEREIRA, 1998; PAULA et al., 1998a, 2002; PAULA e PEREIRA, 2003), c) cultivo integrado com camarões e mexilhões (LOMBARD et al., 2001a, 2001b, d) teor e propriedades de carragena (HAYASHI, 2001; HAYASHI et al., 2006; HAYASHI et al., 2007) seleção de linhagens (PAULA et al., 1999), f) aspectos reprodutivos e biológicos (CONTADOR, 2001; BULBOA e PAULA, 2005).

Os resultados obtidos de experimentos, ao longo do tempo, evidenciaram características favoráveis das linhagens desta espécie de algas para o cultivo comercial no Brasil. Dentre estas, destacam-se: i) a adaptação da espécie na região, com altas taxas de crescimento (entre 4,5% e 8,0% ao dia); ii) bom teor de carragenas (composto altamente utilizado nas indústrias químicas e alimentícias) durante todo o ciclo anual (entre 20% e 40% de carragena semi-refinada e entre 12% e 28% de carragena refinada); iii) a regularidade das variações sazonais desses dois parâmetros, que pode ser utilizada para a previsão e o controle da

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produção; iv) sazonalidade do crescimento, relacionada principalmente à temperatura; v) herbivoria foi o principal fator limitante da espécie na região, não sendo observados indícios de riscos ambientais (HAYASHI, 2001; PAULA et al., 2001; PAULA e FERREIRA, 2003; HAYASHI et al., 2006).

As altas taxas de crescimento e o comportamento previsível da produção de biomassa observados no cultivo experimental realizado na região de Ubatuba, SP, sugerem a possibilidade de cultivo de espécie em grande parte do litoral brasileiro, particularmente em latitudes menores, com temperaturas mais altas.

Considerando-se as características da espécie, o maior desafio de sua cultura é conseguir uma produção alta, sustentada e de boa qualidade a preços competitivos. Um programa estratégico que contemple o estudo de vários aspectos do seu ciclo produtivo, isto é, cultivo, processamento e comercialização, se fazem necessário uma vez que faltam pesquisas básicas em várias áreas de conhecimento, antes de se recomendar à implantação de cultivos comerciais (PAULA e PEREIRA, 1998).

Os cultivos são desenvolvidos com baixos custos de capital inicial e operacional e com mão-de-obra pouco especializada. As algas secas, conseqüentemente, são comercializadas a baixos preços, sendo este o principal problema referido pelos produtores (PAULA e PEREIRA, 1998).

Somente o aumento na renda per capita dos municípios litorâneos já é motivo suficiente para incentivar estudos dos quais resultem em estratégias de alta produção, gerando produtos de boa qualidade a preços competitivos.

O problema existe quando se quer dar competitividade para os maricultores e pescadores de Ubatuba, pois a região tem forte tendência para o turismo, com consequente concorrência com as atividades turísticas típicas da região que pressionam a atividade imobiliária fazendo os maricultores e pescadores venderem suas propriedades com a ilusão inicial de bom negócio, mas que retira a possibilidade futura de renda própria.

Ainda, constitui problema o fato das comunidades serem de baixa escolaridade e, portanto, com pouco acesso às informações relevantes para as boas práticas na produção de algas marinhas da espécie Kappaphycus Alvarezii, onde é extraído a carragena, de grande importância comercial nas indústrias químicas, alimentícias, e que atualmente é importada pelo Brasil em cerca de 90% para as aplicações industriais.

(16)

A importância de se estudar o tema está ligado diretamente ao desenvolvimento sustentável do município de Ubatuba, possibilitando às famílias da região que tiram os seus sustentos da maricultura, geração de empregos e renda.

Um segundo ponto importante de se estudar este tema, é com relação às preocupações recentes referentes às questões ambientais, responsabilidade social, e a recuperação do litoral paulista como produtor próximo de um grande mercado consumidor.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo, descrever o processo de produção de alga marinha vermelha da espécie Kappaphycus Alvarezii em Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo, segundo os princípios da sustentabilidade. Tal atividade pode representar mais uma alternativa para o desenvolvimento da economia do município, de modo a implementar a geração de renda e dar alternativas às famílias que tiram os seus sustentos da maricultura.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Caracterizar a técnica de produção utilizada pelos maricultores do município de Ubatuba – SP (sistema multi-espinhel);

Analisar a viabilidade econômica do sistema produtivo;

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• Cultivar as algas marinhas com vistas à sustentabilidade da atividade.

Através dos resultados obtidos nesse trabalho, pretende-se contribuir para a maricultura sustentável desta espécie de alga que é muito promissora no Brasil, com excelente potencial econômico reconhecido mundialmente, além de deixar algumas sugestões e propostas para novos estudos, tais como estratégias a serem adotadas no sentido de melhorar a competitividade.

1.2 JUSTIFICATIVA

A alga é uma formação vegetal existente nos oceanos e mares capaz de realizar a fotossíntese e servir de alimento e abrigo para muitas espécies de organismos aquáticos. É geralmente aceito que a vida no planeta teve início no mar e, até cerca de 450 milhões de anos, todas as plantas eram marinhas.

Pode-se observar que a alga é o primeiro elo da cadeia alimentar, pois possui um papel fundamental na manutenção da vida marinha. As algas marinhas possuem importância tanto do ponto de vista econômico, como ambiental e social para a sociedade humana. A alga pode realizar a manutenção do equilíbrio biológico nos ambientes aquáticos, ocasionando a continuidade da fauna existente, que pode ser utilizada pela humanidade como fonte de alimento e matéria-prima.

Há milênios as macroalgas marinhas são consumidas pelos povos orientais como parte de sua dieta alimentar. Atualmente além de fonte de alimentos, fazem parte de um grande número de produtos industrializados, atuando como agente espessante e estabilizante, graças aos colóides extraídos de diversas espécies (agaranas, carragenas e alginatos). São utilizadas ainda como fármacos (vermífugos, anestésicos, antipiréticos, remédios para tosse e cicatrizantes) e na composição de adubos e rações. No Brasil a espécie de alga marinha Kappaphycus

Alvarezii se adaptou muito bem ao meio ambiente, quando foi realizado o

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Todos os anos, o Brasil importa mais de 1.834 toneladas em algas secas como matéria-prima para a extração da carragena. O Brasil produz menos de 10% do que precisa, sendo o restante importado, sendo o Chile um dos principais fornecedores.

A importância de se estudar o tema está ligado diretamente à possibilidade das famílias da região de Ubatuba (às quais tiram os seus sustentos da maricultura) em aumentar a renda mensal (podendo duplicar ou até mesmo triplicar), devido ao desenvolvimento sustentável gerado, possibilitando inclusive a geração de empregos. Ademais, não serão negligenciadas as preocupações referentes às questões ambientais, responsabilidade social, e a recuperação do litoral paulista como produtor próximo de um grande mercado consumidor.

O Brasil possui um potencial imenso para o desenvolvimento das diversas modalidades de aqüicultura (piscicultura, carcinicultura, ranicultura, mitilicultura, etc), pois apresenta uma grande quantidade de recursos hídricos, além de uma produtiva região costeira. Possui também uma grande riqueza em espécies, diversos microclimas, e áreas adequadas ao desenvolvimento da atividade.

A formação e desenvolvimento da aqüicultura em Ubatuba apresentam proposições, que a torna um local especial para a avaliação da produção de algas marinhas como elemento qualitativo da produção. Considerando que esse esforço se dá sobre uma política pública cuja perspectiva visa atender às seguintes metas (pontos fortes) de:

• Preservação ambiental;

• Geração de renda às populações de baixa renda;

• Consolidação de um sistema produtivo que possa gerar alimentos;

• Valor nutricional superior, à população.

Além de,

• Limpar as impurezas da água;

• Seqüestrar o CO2 da atmosfera e;

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A alga marinha por si só é totalmente sustentável, basta tirar uma muda e amarrar na estrutura que fica exposta à luz e a água, e, depois de quarenta (40) dias, pode ser feita a colheita.

Os recursos vivos da costa brasileira são renováveis, mas finito, neste contexto podem-se citar as algas marinhas. O cultivo de algas ou uma exploração ordenada é de fundamental importância para as comunidades costeiras como fonte de renda alternativa.

Diversos experimentos de cultivo de algas marinhas têm sido realizados no Brasil, estimulados pela demanda e mercado de carragenas. Entretanto, não existem ainda cultivos comerciais legalizados. Foram realizados experimentos diretamente no mar e em tanques fechados.

As perspectivas para o litoral brasileiro dependem de uma série de estudos, incluindo a avaliação de áreas potenciais mais favoráveis ao cultivo comercial. A espécie de alga marinha Kappaphycus Alvarezii adaptou-se muito bem ao meio ambiente do litoral brasileiro, principalmente em Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo. Por outro lado, atualmente, os cultivos são desenvolvidos com baixos custos de capital inicial e operacional e com mão-de-obra pouco especializada. As algas secas, conseqüentemente, são comercializadas a baixos preços, sendo este o principal problema referido pelos produtores.

O setor pesqueiro está se preparando para começar a produzir alga marinha da espécie Kappaphycus Alvarezzi, originária das Filipinas e que se adaptou muito bem ao meio ambiente do litoral brasileiro. Desta espécie, é extraída uma substância química espessante denominada carragena, muito utilizada e na indústria alimentícia, cosméticos, e empregada em derivados de leite e carne e na preparação de rações para animais domésticos.

A implantação de cultivos comerciais depende de um programa estratégico para estudos dos aspectos do ciclo produtivo, incluindo o cultivo, o processamento, a comercialização e a viabilidade econômica, visando obter alta produção, sustentada e de boa qualidade a preços competitivos.

As algas marinhas são ricas em proteínas, vitaminas, sais minerais e oligoelementos. Contêm ferro, magnésio, cálcio, fósforo, potássio, zinco, iodo, vitaminas de A a K, com destaque para a vitamina B12.

Seu consumo é um importante aliado no controle das taxas de colesterol, da pressão arterial e da circulação sangüínea. As algas são importantes também para a

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formação da estrutura óssea, para a síntese dos hormônios tireoidianos e para a formação dos glóbulos vermelhos no sangue.

No entanto, a coleta inadequada das algas (ou seja, mais do que os limites sustentáveis), provavelmente irá gerar problemas no futuro, no sentido de não obtê-las em quantidades satisfatórias. Portanto, a implementação de técnicas adequadas torna-se fundamental, para que tal recurso de grande importância econômica possa ser preservado, onde as algas poderão se desenvolver e reproduzir em quantidade.

O teor de carragena Kappaphycus Alvarezzi apresenta grande interesse comercial, entretanto, existem relativamente poucos dados publicados que possam ser criticamente comparados. (Os dados da literatura mostram variações relacionadas a diversos fatores como a) métodos empregados na extração, b) origem das algas, se nativas ou cultivadas, c) linhagem, d) localidade, e) época do ano, f) tempo de coleta pós-plantio, g) crescimento e f) condições ambientais (qualidade da água, nutrientes e temperatura).

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 AQÜICULTURA SUSTENTÁVEL

2.1.1 Panomara da Aqüicultura Mundial e Nacional

A aqüicultura é definida como uma tecnologia de produção de alimentos de origem aquática que justifica o esforço de cultivo, e está embasada em três pilares: produção lucrativa, preservação do meio ambiente e desenvolvimento social, uma vez que representa o segmento da economia gerador de empregos a custos relativamente baixos (ARANA, 1999; OLIVEIRA, 2000; VIANELLO et al., 2009).

A aqüicultura utiliza recursos naturais, manufaturados e humanos, tais como: terra, água, energia, ração, fertilizantes, equipamentos, mão-de-obra, dentre outros. Estes devem ser usados de forma racional para que a atividade seja desenvolvida de maneira a preservar o meio ambiente e lucrativa.

Provavelmente é o setor de alimentos com crescimento mais rápido em todo o mundo, sendo responsável por quase 50% de alimentos originários do meio aquático e com maior potencial para satisfazer a demanda crescente destes alimentos (FAO, 2006).

Segundo registros históricos, as macroalgas marinhas formam os primeiros organismos aquáticos a seres cultivados na Ásia, e a carpa o primeiro peixe a ser criado. A região da Ásia, considerada o berço da aqüicultura responde atualmente por 90% da produção mundial de alimentos aquáticos (FAO, 2006). Em 1950 eram cultivadas 72 espécies de organismos aquáticos no mundo, enquanto que em 2004, este número aumentou para 336 espécies, sendo a maioria composta por espécies de peixes (FAO, 2006).

Segundo Oliveira (2000), o Brasil possui grande potencial natural para o desenvolvimento da aqüicultura, com mais de 8000 km de costa com águas tropicais, subtropicais e temperadas quentes. Entretanto, a produção é escassa e

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restrita a algumas espécies, sendo a maioria, composta por espécies exóticas introduzidas há relativamente pouco tempo.

O avanço de técnicas de cultivo resultante do progresso das ciências tem auxiliado os processos produtivos permitindo crescentes graus de apropriação dos recursos da natureza (ASSAD e BURSZTYN, 2000).

O sucesso econômico dos primeiros cultivos motiva a expansão da indústria, mas a falta de uma tecnologia mais sustentável aliada à ausência de legislação de normatização faz com que esta expansão seja desordenada, superando a capacidade de auto-regulação do ecossistema natural (ARANA, 1999).

O desafio da aqüicultura é sincronizar os interesses da indústria e da produção de matéria-prima sem trazer conseqüências negativas ao meio ambiente.

2.1.2 A Importância Econômica das Macroalgas Marinhas

As macroalgas marinhas são consumidas pelos povos orientais na dieta alimentar há milênios. De grande importância econômica desde alguns séculos, as macroalgas marinhas são utilizadas como alimento, remédio, fertilizante de solo agrícola, ração animal entre outras (VIANELLO e REBOUÇAS, 2009).

Paralelamente tais produtos são utilizados pelas indústrias como matéria- prima de um grande número de produtos industrializados, atuando como agente espessante e estabilizante principalmente nas indústrias alimentícias e farmacêuticas, graças aos colóides extraídos (OLIVEIRA, 1997; OLIVEIRA et al., 2005).

Mundialmente, são utilizadas 221 espécies de macroalgas: 32 da Divisão Chlorophyta, 125 da Divisão Rhodophyta e 64 da Divisão Pheophyta, segundo (ZEMKE-WHITE e OHNO, 1999).

A China é o maior produtor de algas cosmetíveis, com 5 milhões de toneladas de algas úmidas, sendo a maior parte dessa produção composta por “kombu” (Laminaria japonica J.E. Areschoug). A República da Coréia produz 800 mil toneladas de algas úmidas das quais, metade corresponde ao “Wakame” (Undaria

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Pinnafitida (Harvey) Suringar). A produção japonesa é de 600 mil toneladas de algas

úmidas de “nori” (Porphyra C. Agardth), produto de alto valor comercial (aproximadamente US$ 16.000/t alga seca) quando comparado ao “kambu” (US$ 2.800/t alga seca) e ao “wakame” (US$ 6.900/t alga seca), segundo Mchugh (2003).

Por outro lado, na maioria dos países ocidentais, as algas marinhas não fazem parte da dieta tradicional. Na América do Sul, os únicos países onde as algas são consumidas regularmente são o Chile, Peru e algumas Ilhas do Caribe, onde algumas espécies são encontradas à venda em feiras e mercados (OLIVEIRA, 1997).

A maricultura de Epidendrum Denticulatum e das espécies do gênero

Kappaphycus Alvarezii no sul da Filipinas modificou em apenas 10 anos a fisionomia

mundial da indústria de carragena, iniciada em escala comercial na década de 1940 (ARECES, 1995). Até 1975, aproximadamente 75% da matéria-prima empregada pelos países ocidentais para a produção de carragena era fornecida pelo Canadá. Seu processamento industrial utilizava Chondrus Crispus Stackhouse e várias espécies dos gêneros Gigartina Stackhouse e Iridaea Bory de Saint-Vincent, próprias de latitudes médias e altas. Neste mesmo ano, 95% da alga seca exportada das Filipinas já era originária dos cultivos de Kappaphycus Alvarezii, Kappaphycus

Striatum e Epidendrum Denticulatum a partir de então, linhagens derivadas desses

cultivos foram introduzidas em mais de 20 países, com propósitos de maricultura (ARECES, 1995; PAULA e PEREIRA, 1998; PAULA et al., 1998a; PAULA, 2001). Atualmente a produção mundial de carragenófitas provenientes dos cultivos das Filipinas, Indonésia e Tanzânia atinge a cifra anual de 100.000 toneladas, sendo 85% proveniente de Kappaphycus Alvarezii e 15% de Epidendrum Denticulatum. Embora a produção dessas espécies tenha aumentado nos últimos 25 anos, pouco progresso foi obtido nas técnicas de cultivo (PAULA e PEREIRA, 1998).

Registros da utilização das algas marinhas como fonte de hidrocolóides datam de meados do século XVII, quando a propriedade gelificante do ágar, extraído com água quente a partir de algas vermelhas, foi descoberta no Japão. Extratos de carragenófita “Irish Moss” (Chondrus Crispus Stackhouse) tornaram-se populares no século XIX, e o início da produção comercial de alginatos (extraído das algas pardas) ocorreu somente a partir de 1930. O uso industrial de ficocolóides expandiu rapidamente após a Segunda Guerra Mundial, mas foi limitado pela disponibilidade de matéria-prima. Desde então, várias pesquisas levaram gradualmente ao

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aprimoramento de técnicas de cultivo. Atualmente, aproximadamente 1 milhão de toneladas de alga úmida são coletadas para produzir os três tipos de ficocolóides. A produção total é de aproximadamente 55 mil toneladas, correspondente a US$ 585 milhões, segundo Mchugh (2003).

No caso da espécie de alga marinha Kappaphycus Alvarezzi esta é utilizada na extração da carragena e ágar, que são produtos de grande demanda pelas indústrias de alimentos, farmacêuticas e químicas, segundo Mchugh (2003).

A espécie, juntamente com Eucheuma Denticulatum (N.L. Burman) F.S. Collins e Hervey, é comercialmente importante, respondendo por aproximadamente 88% da matéria-prima mundial processada para produção de carragena, segundo Mchugh (2003).

A tabela 1 apresenta algumas aplicações da carragena na indústria alimentícia.

Tabela 1 - Aplicações funcionais da carragena por setor

Setor Propriedade Funcional da Carragena

Sorvete Estabilizante

Milk Shake e Achocolatados Estabilizante e espessante Flavorizante de leite Espessante e suspensão

Pudins instantâneos Espessante

Iogurtes e Queijos cremosos Espessante

Sucos de frutas Espessante

Cerveja e Vinhos finos Estabilizante e clarificador

Pão comum e Bolos Espessante

Tortas e glacê Gelificante

Geléias e confeitos Gelificante

Creme dental Ligamento

Balas e caramelos Ligamento

Mostarda Espessante

Temperos p/ saladas Espessante

Produtos dietéticos (sopas) Gelificante

Comida para cães Estabilizante e Gelificante

Carnes congeladas Ligamento

Fonte: http://www.ilhagrande.org/Algas-Marinhas/consumo.html. Acesso em 18 mai. 2009.

A indústria de algas marinhas é dinâmica e responde ao suprimento e às pressões de demanda que influenciam preços e áreas de cultivo no mundo. Entretanto, as populações naturais têm-se mostrado insuficientes para atender a demanda de consumo, pois a explotação tem levado a um rápido declínio dos bancos naturais. A explotação de Eucheuma J. Agardth e Kappaphycus Doty nas

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Filipinas e na Tanzânia, e de Gracilaria Greville no Chile e no litoral nordeste do Brasil ilustram bem essa situação.

Sendo assim, a prática de cultivo dessas algas como forma de cobrir a demanda por produtos derivados deixou de ser uma atividade artesanal para alcançar o sucesso comercial de cerca de um milhão de toneladas (peso-úmido) anuais (ZEMKE-WHITE e OHNO, 1999).

O cultivo de alga, efetuado em escala extensiva no mar (cultivo comercial), é considerado uma das únicas alternativas para satisfazer a demanda crescente de matéria-prima, principalmente para a produção de ficocolóides, uma vez que os estoque naturais são insuficientes. As principais espécies cultivadas atualmente são: Laminaria japonica e Undaria pinnatifida (Phaeophyta), Eucheuma spp.

Kappaphycus spp, e Porphyra spp. (Rhodophyta e Monostroma spp. Thuret (Chlorophyta) (CRITCHLEY, 1993; PAULA, 2001).

2.1.3 Maricultura de Macroalgas Marinhas

No Ocidente, somente a partir da década de 1950, foram estabelecidas as bases científicas ao que é conhecido hoje como o atual cenário de produção de algas nesses países (SANTELICES, 1989).

Os principais fatores limitantes para a produção das algas são a luz, os nutrientes, o hidrodinamismo e as inter-relações bióticas. A maricultura de Gracilaria,

Eucheuma e Kappaphycus é feita em um sistema extensivo, sem adição de

nutrientes e tratamento com produtos químicos.

A taxa de crescimento e a produção têm sido amplamente utilizadas como os primeiros passos para avaliar o desempenho das algas para fins de maricultura, considerando que as taxas de crescimento são intrínsecas a uma dada espécie em resposta aos fatores ambientais.

Do mesmo modo, a morfologia, as dimensões, a resistência e a longevidade do talo, entre outras características fisiológicas e reprodutivas, têm sido

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consideradas particularmente importantes em relação à seleção de técnicas e de locais de cultivo (PAULA, 2001).

A maricultura de macroalgas está se tornando cada vez mais popular por resultar em menos impacto ambiental e degradação, ao invés da colheita descontrolada de populações selvagens. Essa atividade permite um melhor controle nos processos biológicos e ambientais de acordo com a disponibilidade de substrato, o uso de blocos de concretos, redes e cordas; a seleção de áreas com condições hidro-biológicas favoráveis; a captação de nutrientes através da fertilização artificial ou utilização de efluentes de outros cultivos de organismos marinhos; a prevenção de doenças, pestes e epífitas pela manipulação do sistema de maricultura; os processos históricos de vida pela escolha de um local com condições ótimas para a espécie escolhida; a produtividade e o produto final, pela seleção de linhagens com propriedades desejadas (OLIVEIRA et al., 2005).

A partir do crescimento vegetativo, método de cultivo mais comum, pequenos fragmentos de algas, geralmente coletadas em bancos naturais, são presos junto a substratos artificiais como cabos de nylon, redes de algodão, conchas calcárias, e que permitam o crescimento e posterior colheita. Antes de qualquer instalação de cultivo importante, todos os estudos devem ser dados ao conhecimento das condições ambientais da área, as quais devem ser adequadas e possam permitir o desenvolvimento das algas. Deve-se considerar que em ambiente aberto, não há possibilidade de manipulação de fatores físico-químicos, os quais estão diretamente ligados à produtividade e à qualidade das algas (SCHARAMM, 1991), e por isso se requer grande quantidade de mão-de-obra direcionada ao manejo durante a produção.

Em estudos recentes, a produção em policultivo de macroalgas tem sido viabilizada pela possibilidade de aplicação em sistemas fechados com animais, agregando valor à produção da fazenda, diversificando os produtos e minimizando os impactos provocados pelos afluentes (CHOW et al., 2001; SALLES et al., 2004).

Cultivos em mar ou em tanques visam uma produção massiva para comercialização, enquanto que cultivos em laboratório buscam o estudo do comportamento frente a diferentes variáveis de uma linhagem selecionada ou sua clonagem e propagação, e possibilitam experimentos em condições conhecidas e controladas. Uma das limitações dos resultados obtidos em laboratório é que, pelo seu reducionismo, nem sempre os resultados podem ser extrapolados para as

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situações de campo. Entretanto, possuem grande importância uma vez que permitem interpretar e prognosticar o comportamento genótipo estudado, facilitando a seleção de técnicas de manejo e cultivo comercial. Assim, experimentos de laboratório relativamente simples, rápidos e de baixo custo, podem fornecer dados valiosos para uma análise preliminar de viabilidade de um cultivo comercial em determinado lugar, indicar procedimentos que permitam aumentar a produção de uma alga explotada em bancos naturais por intermédio de técnicas de manejo, ou melhorar a produtividade de um cultivo (OLIVEIRA et al., 1995).

Diversos experimentos de cultivo de algas marinhas têm sido realizados no Brasil, estimulados pela demanda e mercado de agaranas e carragenas. Entretanto, não existem ainda cultivos comerciais legalizados. Foram realizados experimentos diretamente no mar e em tanques fechados, com espécies de algas vermelhas nativas do gênero Gracilaria Greville, Hypnea J. V. Lamouroux, Pterocladiella

Santelices e Hommerse, Solieria J. Agardh e Agardhella F. Schimitz, desenvolvidos

nos Estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Diversos aspectos limitantes foram verificados nesses experimentos, destacando-se a produção e/ou taxas de crescimento, variáveis sazonais, epifitismo e herbivoria. As perspectivas para o litoral brasileiro dependem de uma série de estudos, incluindo a avaliação de áreas potenciais mais favoráveis ao cultivo comercial (PAULA e PEREIRA, 1998; PAULA, 2001; ACCIOLY, 2004).

2.1.4 Kappaphycus Alvarezii (Doty) Doty ex P. C. Silva

O gênero Kappaphycus Doty pertence à Divisão Rhodophyta, Classe Florideiphyceae, Ordem Gigartinales e Família Solieriacease, e foi segregado do gênero Eucheyma por Doty (1987) pela presença de carragena kappa, cistocarpos hemisféricos inseridos diretamente nos eixos principais do talo e formação do eixo central a partir de células medulares organizadas em feixes (ARECES, 1995).

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As Rhodophytas são popularmente conhecidas como algas vermelhas, por sua coloração característica, conforme ilustrado na figura 1. Com aproximadamente 6000 espécies, a maior parte das algas vermelhas é marinha, somente 5 ou 6 espécies são de água doce. As rodófitas em geral são pluricelulares e crescem junto a algum substrato (rocha), mas há algumas formas microscópicas filamentares. Delas podem ser extraídas mucilagens, tais como agar-agar e carragenina. As algas vermelhas coralinas possuem depósito de carbonato de cálcio em suas paredes celulares o que as torna muito resistentes e sem flexibilidade. São muito abundantes, ecologicamente importantes, podem formar grandes recifes de corais. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Rhodophyta)

Figura 1: Alga Marinha da Divisão Rhodophyta

Fonte: www.wikipedia.com.br (2009). Acesso em 25 mai. 2009.

Kappaphycus Alvarezii é uma espécie perene, com alternância de três

gerações no seu histórico de vida: esporofídica, gametofítica e carposporofítica, sendo as duas primeiras isomórficas e a última parasita do gametófito feminino. Órgãos reprodutores masculinos são difíceis de serem reconhecidos em meio natural e não em recifes de coral da região do Indo-Pacífico, do Leste da África até Guam, China, Japão e ilhas do Sudeste Asiático (DOTY, 1987; ARECES, 1995). É encontrada na parte superior da zona infralitoral, abaixo da linha de maré baixa, em áreas onde o fluxo de água é de baixo e moderado, segundo Mchugh (2003).

As espécies de Kappaphycus Alvarezii habitam geralmente em áreas rasas numa profundidade de aproximadamente 2,0 m e são bem adaptados a altos níveis de iluminação em ambientes com mais de 200 dias ensolarados ao ano. Preferem águas claras e limpas e suportam águas turvas causadas por sedimentos em suspensão, quando não são constantes ou por períodos muito prolongados. Crescem em uma temperatura de água compreendida entre 20°C e 32°C e salinidades superiores a 30 ups. Para o seu desenvolvimento, concentrações de

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amônio e nitrato em torno de 1 a 2 micro mol e de fósforo de 0,5 a 1,0 micro mol suficientes (DOTY e NORRIS, 1985; GLENN e DOTY, 1990; LUXTON, 1993; ARECES, 1995).

Sinais de estresse são observados pela doença “ice-ice” e pela descoloração de ápices, que podem ser introduzidos, por exemplo, por alta temperatura de água, exposição prolongada ao ar durante a maré baixa, chuvas, baixa salinidade devido à intrusão de água doce e herbivoria. Sob condições estressantes a alga pode ser incapaz de controlar populações de bactérias no talo, que destroem as paredes das células medular e epidermal, provavelmente através das enzimas celulase e/ou carragenase. Áreas infectadas desmancham ao toque e assumem uma cor esbranquiçada, deixando o talo vulnerável e quebradiço se exposto a correntes (OLIVEIRA et al., 2005).

“Cotoni” é a denominação comercial para as duas espécies de Kappaphycus cultivadas (Kappaphycus Alvarezii e Kappaphycus Striatum (F. Schimitz) Doty ex P.C. Silva) produtoras de carragena kappa, sendo que a primeira varia muito na forma como resultado do meio ambiente no qual ela cresce (DOTY, 1988; ASK e AZANZA, 2002). Em alguns países, a própria planta fresca faz parte da dieta alimentar, como componente de saladas ou como picles, podendo ser ainda utilizada em cultivos integrados atuando como filtro (DOTY, 1987; QIAN et al., 1996).

Os cultivos comerciais são realizados em larga escala empregando o sistema conhecido como “tie-tie”, onde porções do talo são amarradas em cabos de cultivo e esses são mantidos fixos ao fundo ou em sistemas flutuantes, como balsas ou “long-lines”. A propagação de Kappaphycus Alvarezii é um processo de caráter contínuo baseado na sua multiplicação vegetativa através de ciclos sucessivos de cultivo por 40 a 60 dias. Variações desse sistema têm sido testadas ainda sem sucesso comercial, visando minimizar a eficiência dos cultivos comerciais, diminuindo os custos e/ou aumentando a produção (ASK e AZANZA, 2002). Neish e Ask (1995) sugerem que sistemas específicos poderiam ser desenvolvidos para projetos de maricultura integrados.

Os cultivos são desenvolvidos com baixos custos de capital inicial e operacional e com mão-de-obra pouco especializada. As algas secas, conseqüentemente, são comercializadas a baixos preços, sendo este o principal problema referido pelos produtores (PAULA e PEREIRA, 1998). O material algáceo bruto é avaliado e diferenciado pelo conteúdo e pela qualidade da carragena, e não

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apenas pela alga vendida por peso. Quanto melhor a qualidade da carragena, maior será o valor da planta. O controle de qualidade começa com uma atenção cuidadosa da seleção de propágulos saudáveis, dos métodos de cultivo e dos manuseios pós-colheita (secagem, embalagem e estocagem). Todos esses fatores contribuem para a qualidade geral do material (HURTADO et al., 2005).

Cultivos experimentais foram desenvolvidos em diversos países, mas sua implantação comercial ocorreu aos poucos, sugerindo muitos fatores determinantes de sua viabilidade como os custos de plantio, coleta, secagem, transporte, processamento e comercialização (PAULA e PEREIRA 1998).

2.1.5 Carragenas

A produção de carragena era originalmente dependente dos bancos naturais, especialmente de Chondrus crispus Stackhouse (conhecida popularmente como “Irish Moss”), com uma base de recursos limitada. Desde o início dos anos 70, a indústria tem se expandido rapidamente pela disponibilidade e possibilidade de cultivo de outras carragenófitas em países de águas quentes, com baixo custo de mão-de-obra. Atualmente, a maior parte das algas usadas para a produção de carragena é proveniente de cultivos, embora exista ainda alguma demanda para a “Irish Moss”, originária de bancos naturais da Europa e Canadá, e alguns outros tipos de algas ainda não cultivadas da América do Sul (GOULARD e DIOURIS, 1998; MCHUGH, 2003).

As carragenas comerciais diferem em sua composição e propriedades. A carragena Kappa produz um gel rígido, enquanto a carragena Iota produz um gel mais elástico. A carragena Lambda, por outro lado, não forma gel, mas é importante para fornecer uma textura cremosa. A mistura e o processamento cuidadoso dessas três frações resultam em um produto efetivo e funcional, segundo os usos pretendidos. Esses polissacarídeos são utilizados principalmente na indústria alimentícia por produzirem soluções de alta viscosidade e géis na água. Além disso, reagem com proteínas, especialmente com a caseína (presente no leite). Isso torna

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possível a preparação de géis à base de leite altamente resistente (GLICKSMAN, 1987). Outras aplicações, entretanto, incluindo cosméticos, fármacos, suspensões industriais e tinturas são de grande importância (PICULELL, 1995).

O processamento de carragenas requer investimentos em instalações e equipamentos, exigindo intensa mão-de-obra, energia e grande volume de água. Os processos de extração podem ser sofisticados ou simples, dependendo da especificação e da qualidade do produto final desejado (PAULA e PEREIRA, 1998).

Existem dois métodos comerciais para a produção de carragenas, baseados em diferentes princípios.

O primeiro princípio é o método original utilizado na década de 1970 e início da década de 1980, onde a carragena é extraída da alga utilizando uma solução aquosa, onde o resíduo é removido da alga através do processo de filtragem e então, a carragena é recuperada da solução. Esta carragena produzida é denominada carragena refinada. Este processo de recuperação é difícil e os custos são relativamente altos em relação ao segundo princípio.

O segundo princípio consiste em lavar a alga para remover tudo que se dissolva em solução alcalina e água, deixando a carragena e outras matérias insolúveis na estrutura do talo. Esse resíduo insolúvel composto por carragena e celulose, é seco e vendido como carragena semi-refinada. Por não ser necessário recuperar a carragena da solução, o processo é mais curto e barato (MCHUGH, 2003).

A carragena é extraída a partir da matéria-prima com a água em altas temperaturas. O extrato líquido é purificado por centrifugação e/ou filtragem. O extrato líquido pode ser transformado em um pó por simples evaporação da água para produzir a chamada carragena seca. A propriedade renovada deste material seco requer uma pequena quantidade de agentes mono e diglicéridos. O conteúdo do mono e diglicéridos são responsáveis pela percussão da carragena seca, considerando pouco uso de água em aplicações de gel. Além disso, as carragenas secas contêm todos os sais solúveis presentes no extrato, que pode influenciar as propriedades - por exemplo, a solubilidade da carragena. A maioria das carragenas utilizadas nos alimentos é isolada do extrato líquido por precipitação seletiva das carragenas com isopropanol. Este processo dá um produto mais puro e concentrado, conforme apresentado na figura 2.

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Figura 2: Processo de Manufatura da Carragena

Fonte: www.seaplant.net. Acesso em 15 abr. 2009.

A produção de carragena é estimada em US$ 240 milhões anuais, segundo Mchugh (2003). A demanda mundial tem apresentado crescimento da ordem de 5% ano nos últimos 30 anos, com preços que variam de US$ 10 a US$ 30 o quilo, dependendo das suas especificações e qualidade (BIXLER, 1996). A Europa possui o maior mercado para carragenas (55%), sendo destacados em 2000 os Reinos Unidos (19%), França (15%), Dinamarca (13%) e Holea (6%) (MOJICA, 2001).

Lavagem Extração Filtração Refinamento Concentração Precipitação Secagem Pulverização Misturador Misturador Carragena Padronizada Gelificação Açúcar Água Alga Marinha Água Resíduo da Alga Marinha Álcool Recuperação do Álcool Carragena Padronizada

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2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Define-se desenvolvimento sustentável como sendo a utilização de recursos para atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras em atender as suas próprias necessidades (GRO BRUTLE, 1990).

A sustentabilidade pode ser definida como um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.

Em outras palavras, a sustentabilidade vem a ser um meio de configurar a civilização e atividades humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejeo e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais.

De acordo com Cavalcanti (1998), sustentabilidade significa a “possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema”. Segundo o autor, o termo sustentabilidade “resume-se à questão de se atingir harmonia entre seres humanos e a natureza”.

Segundo Pillay (1992), a sustentabilidade pode ser dividida em diferentes dimensões, sendo as mais aceitas: sociais, ambientais e econômicas, conforme ilustrado na figura 3. Essas três dimensões são indissociáveis e essenciais para uma atividade perene. Elas foram referidas para a aqüicultura pelo autor, no início dos anos 90.

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Figura 3: Vetores da Sustentabilidade Fonte: O autor, 2009.

De acordo com Sachs (2000), a sustentabilidade social está vinculada ao padrão estável de crescimento, melhor distribuição de renda com redução das diferenças sociais. Já a sustentabilidade econômica está vinculada ao “fluxo constante de inversões públicas e privadas” além da destinação e administração corretas dos recursos naturais. A sustentabilidade ambiental permitiria que ecossistemas naturais realizassem autodepuração.

A sustentabilidade no âmbito das políticas nacionais passaria por nível razoável de coesão social, democracia e capacidade institucional do Estado para implementar o projeto nacional. Quanto as políticas internacionais a sustentabilidade passaria pela garantia de paz assegurada pelo fortalecimento da ONU, controle do sistema financeiro internacional, verdadeira cooperação científica e diminuição das disparidades sociais norte-sul.

2.2.1 Sustentabilidade Social

De acordo com Chambers e Conway (1992), a sustentabilidade social se refere não somente ao que o ser humano pode ganhar, mas à maneira como pode ser mantida decentemente sua qualidade de vida. Segundo os autores, isto gera duas dimensões: uma negativa e outra positiva. A dimensão negativa é reativa como

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resultado de tensões e choques e a dimensão positiva é construtiva, aumentando e fortalecendo capacidades, gerando mudanças e assegurando sua continuidade.

A sustentabilidade social depende de projetos concebidos para gerar empregos diretos e indiretos e principalmente auto-empregos, distribuir riqueza entre a população local ao invés de concentrá-la, harmonizar o modo de produção com a cultura local e hábitos da população, e melhorar a qualidade de vida das populações locais.

2.2.2 Sustentabilidade Ambiental

Segundo Chambers e Conway (1992), a sustentabilidade ambiental estaria ligada, de acordo com o pensamento tradicional, à preservação ou aprimoramento da base de recursos produtiva, principalmente para as gerações futuras.

A sustentabilidade ambiental depende do uso de tecnologia que minimize o impacto ambiental da atividade mantendo a biodiversidade e a estrutura e funcionamento dos ecossistemas adjacentes. Para se analisar a sustentabilidade ambiental, deve-se considerar que é impossível produzir sem causar impacto ambiental, que a aqüicultura depende dos ecossistemas nos quais se insere e que o valor da biodiversidade é maior que o valor dos produtos da aqüicultura. Na verdade, o valor da biodiversidade é maior do que o valor de qualquer outro produto agropecuário. As forças da natureza e os processos naturais devem ser usados de modo a contribuir para o aumento da produção. Não se deve gastar energia para neutralizá-los, mas usá-las a favor da produção. Os sistemas de produção devem ser concebidos em harmonia com a natureza e não contra ela.

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2.2.3 Sustentabilidade Econômica

De acordo com Sachs (1990)

,

a sustentabilidade econômica está vinculada ao “fluxo constante de inversões públicas e privadas” além da destinação e administração corretas dos recursos naturais.

A sustentabilidade econômica depende da elaboração de projetos bem concebidos e de uma cadeia produtiva forte. Um projeto bem elaborado deve basear-se no uso da tecnologia mais adequada para as condições locais e do investidor e em um plano de negócio realista. Para ser forte, a cadeia produtiva precisa ser organizada e ter todos os elos fortes. Basta um elo fraco para que toda a cadeia seja fraca.

Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Este conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente.

2.3 MEIO AMBIENTE

Neste tópico, serão abordados os conceitos e características acerca do meio ambiente, procurando relacionar este tema com as atividades de desenvolvimento sustentável e social.

Entende-se que tais conceitos tornam-se de extrema importância para se compreender e descrever ações de atividades sustentável em qualquer área ambiental, que se encontre intimamente relacionada a questões sociais, econômicas e ambientais, tal como a maricultura no litoral brasileiro.

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2.3.1 Meio Ambiente: Contextualização

O meio ambiente é uma daquelas expressões que, embora bastante conhecidas, não costumam ser definidas com clareza. Neste caso a clareza não é mero preciosismo. Em se tratando de um assunto que vem conquistando cada vez mais espaço e prestígio no mundo moderno, é urgente que todos possam perceber a ordem de grandeza em que se situa hoje a questão ambiental. Um erro bastante comum é confundir meio ambiente com fauna e flora, como se fossem sinônimos.

Os conceitos flora e fauna compreendem, respectivamente, o termo coletivo para a vida vegetal e animal, de uma determinada região ou período de tempo.

A palavra “meio ambiente” fora utilizada pela primeira vez pelo francês Geoffroy de Saint-Hilaire, na sua obra Études progressives d’um naturaliste, no ano de 1835, e veio a ser reconhecida por Augusto Comte, no seu Curso de Filosofia Positiva (MOUMDJIAN, 2007).

Com isto, o meio ambiente pode ser conceituado como “a combinação de todas as coisas e fatores externos ao indivíduo ou população de indivíduos em questão” (Nebel apud MOUMDJIAN, 2007, p. 58; MAGNOLI, 1986; TRIGUEIRO, 2009). No contexto jurídico, o meio ambiente é visto como globalização, conforme Moumdjian (2007, p. 58) retrata ao citar José Afonso da Silva.

Em outras palavras, o Meio Ambiente é o conjunto de forças e condições que cercam e influenciam os seres vivos e as coisas em geral. Os constituintes do meio ambiente compreendem fatores abióticos, como o clima, a iluminação, a pressão, o teor de oxigênio, e bióticos, que envolvem seres vivos. Os seres vivos ou os que recentemente deixaram de viver, constituem o meio-ambiente biótico. Tanto o meio-ambiente abiótico quanto o biótico atuam um sobre o outro para formar o meio ambiente total dos seres vivos e dos ecossistemas Moumdjian (2007, p. 58).

A expansão da consciência ambiental se dá na exata proporção em que percebemos meio ambiente como algo que começa dentro de cada um de nós, alcançando tudo o que nos cerca e as relações que estabelecemos com o universo. Trata-se de um assunto tão rico e vasto que suas ramificações atingem de forma transversal todas as áreas do conhecimento.

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O meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. A integração busca assumir uma concepção unitária do ambiente, compreensiva dos recursos naturais e culturais.

Ainda segundo José Afonso da Silva, apud Moumdjian (2007, p. 58), o meio ambiente é visto sobre três aspectos: meio ambientes artificiais, constituídos pelo espaço urbano construído, consubstanciado no conjunto de edificações e dos equipamentos públicos; meio ambiente cultural, integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arquandológico, paisagístico, turístico, que, embora artificial, em regra, como obra do homem, difere do anterior pelo sentido de valor especial que adquire ou de que se impregnou; meio ambientes naturais ou físicos, constituídos pelo solo, a água, o ar atmosférico, a flora; enfim, pela interação dos seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação recíproca entre as espécies e as relações destas com o ambiente físico que ocupam.

A Lei nº 6.938/81, sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, mais precisamente em seu artigo 3º, retrata que “entende-se por meio ambiente o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (MOUMDJIAN, 2007, p. 59).

Segundo Moumdjian (2007, p. 58):

O meio ambiente é constituído por aspectos como a biota (solo, água, ar atmosférico, fauna e flora), mas, também, pelo meio ambiente cultural (os bens de natureza material e imaterial), pelo meio ambiente construído e pelo meio ambiente do trabalho Moumdjian (2007, p. 58).

Ainda apud Figueiredo Moumdjian (2007, p. 58) traz a explicação de tal frase: Especificamente, natural, seria o aspecto do meio ambiente que congrega o espaço não necessariamente alterado pelo homem. Nas ciências biológicas, esse aspecto é objeto de estudo da Ecologia. Já o meio ambiente artificial, seria o aspecto do meio ambiente que congrega toda a produção humana e, neste caso, abarcaria o meio ambiente construído (urbano e rural), o cultural e o do trabalho Moumdjian (2007, p. 58).

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Com isto evidencia-se que o meio ambiente é uma fonte inesgotável de sabores, que se bem preservado poderá dar muitos frutos, mas para que tal fato venha a ocorrer necessário se faz a conscientização de todos para sua preservação.

É neste contexto que se encontram as principais preocupações com o tema relacionado à questão ambiental, principalmente em relação a sua proteção, pois as conseqüências com o descaso acerca da questão ambiental já são sentidas nos dias atuais.

Branco e Rocha (1987) retratam que em relação aos biólogos, estes vêem o meio ambiente como organismos que acabam por interagir com o meio físico, formando deste modo o chamado ecossistema. Diante disto o que se conclui é que para eles o ecossistema acaba por ser formado por elementos vivos e não vivos que por determinada forma interagem entre si.

Suassuna (2005) discutiu a implantação e implementação de políticas públicas para o setor ambiental no Brasil, no período compreendido entre 1970 e 2000, realizando um estudo de caso do Projeto Tartarugas Marinhas (Projeto Tamar), apresentando uma análise comparativa das formas de intervenção em duas comunidades pesqueiras do litoral brasileiro: Praia do Forte (BA) e Regência (ES).

Neste âmbito, verificou-se que a lei e o discurso racional-legal são utilizados como estratégia de dominação em Praia do Forte, enquanto o carisma é parte do tipo ideal de dominação em Regência. Viu-se que essa diferenciação não ocorreu por acaso, mas é fruto de processos de resistência e conflitos que emergiram nas duas comunidades de pescadores e que está relacionada com suas especificidades socioculturais, especificamente quanto à forma como apresentam suas representações sociais e simbólicas sobre a pesca e a caça da tartaruga marinha.

Segundo Gomes et al. (2000), as atividades de mineração no mar podem causar diversos tipos de impactos ambientais aos ecossistemas marinhos, principalmente devido à destruição de habitats, que é um dos principais fatores que causam o declínio do número de espécies em todo o globo. Além de interferir diretamente no fundo submarino, as atividades de mineração podem causar um aumento da turbidez da água, com conseqüências para a produtividade primária local. Podem introduzir e promover a liberação de nutrientes, causando a eutrofização e também a introdução de substâncias tóxicas, que quando incorporadas à biota, alteram o crescimento, a taxa de reprodução e a sobrevivência das espécies.

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E é diante destas breves explanações que se pode realmente ver o impacto ambiental, pois é por meio da intensidade existente na relação homem e ambiente que advém o impacto, pois este acaba por se caracterizar por meio da influência do homem.

Segundo Branco e Rocha (1987), a influência no meio ambiente pode vir a ocasionar um grande desequilíbrio no ecossistema tido como natural. Com isto o que vem a caracterizar o impacto sofrido pelo meio ambiente são as alterações que podem ocorrer, e a possibilidade de absorção desta. Deste modo entende-se como impacto ambiental qualquer tipo de alteração que venha a ser produzida pelo ser humano, bem como por qualquer de suas atividades em relação ao meio ambiente, sendo que tal impacto não seja possível de ser absorvido pelo meio ambiente.

Segundo Gouveia (1999), dentro de alguns poucos anos, o planeta contará com mais habitantes em áreas urbanas do que em áreas rurais. A urbanização desenfreada, sem mecanismos regulatórios e de controle, típica dos países periféricos, trouxe consigo enormes repercussões na saúde da população. Problemas como a insuficiência dos serviços básicos de saneamento, coleta e destinação adequada do lixo e condições precárias de moradia, tradicionalmente relacionados com a pobreza e o subdesenvolvimento, somam-se agora à poluição química e física do ar, da água e da terra, problemas ambientais antes considerados "modernos".

Novamente, é sobre as populações mais carentes que recai a maior parte dos efeitos negativos da urbanização, gerando uma situação de extrema desigualdade e iniqüidade ambiental e em saúde.

Para reverter esse quadro é preciso que haja uma reincorporação das questões do meio ambiente nas políticas de saúde, e a integração dos objetivos da saúde ambiental numa ampla estratégia de desenvolvimento sustentável. Uma abordagem mais integrada, com mecanismos intersetoriais que possibilitem um diálogo amplo entre as partes, trará enormes benefícios na conquista de melhores condições de vida nas cidades. A saúde ambiental hoje tem o desafio de promover uma melhor qualidade de vida e saúde nas cidades e a oportunidade de enfrentar o absurdo quadro de exclusão social, sob a perspectiva da eqüidade.

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2.3.2 O Desenvolvimento Sustentável e o Meio Ambiente

De acordo com Jacobi (1999), a problemática da sustentabilidade assume, neste final de século, um papel central na reflexão em torno das dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram para garantir eqüidade e articular as relações entre o global e o local. A área social é atualmente onde se explicitam os maiores desafios de respostas que possibilitem uma articulação dos diferentes interesses em jogo.

A organização democrática do poder local assume cada vez mais um espaço central numa agenda que contemple a necessária articulação não só entre atores, mas entre políticas.

Nessa direção torna-se fundamental criar as condições para inserir crescentemente a problemática ambiental no universo da gestão local, e principalmente em relação à dinâmica das políticas sociais. O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que as ações dos humanos sobre o meio ambiente está causando impactos cada vez mais complexos, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. O conceito de desenvolvimento sustentável surge como uma idéia de força integradora para qualificar a necessidade de pensar uma outra forma de desenvolvimento.

Ao se falar em meio ambiente o que se lembra de imediato é de degradação e é neste contexto que a população mundial vem procurando resolver os problemas relacionados a tal ato.

Os problemas relacionados ao meio ambiente devem ser resolvidos de forma global, pois não é apenas problema para um único país, ou mesmo população, mas sim para todos, pois de qualquer forma todos dependem do meio ambiente para sobreviver.

Segundo Bella (1996), a palavra desenvolvimento sustentável acabou por ser utilizada pela primeira vez por Robert Allen, para ele o desenvolvimento estava relacionado com o ser humano, mais precisamente com as suas necessidades, bem como na qualidade de vida.

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Os ideais passam então a ser a utilização de técnicas que visem o manejo do ambiente de forma a vir preservá-lo, nem que para isto seja necessário a colaboração de toda a população.

A palavra sustentabilidade acaba por se incorporar nas vontades dos povos, sendo prevista na Agenda Social Global. Necessário se faz transcrever artigo primeiro da resolução nº 41/128 de 1986, trazida na obra de Barbieri (2000):

Art 1º. O direito ao desenvolvimento é um direito inalienável do homem em virtude do qual toda pessoa e todos os povos têm direito de participar e contribuir para o desenvolvimento econômico, social, cultural e político de modo que todos os direitos e liberdades fundamentais do homem possam ser realizados plenamente, e de beneficiar-se desse desenvolvimento Barbieri (2000).

É com esta resolução que o desenvolvimento passou a ser reconhecido inclusive como direito do ser humano. Segundo Caccia Bava (2002) a implantação de tal mecanismo decorre da crise economicista que acaba por requerer meios que venha a acabar com a pobreza e a exclusão social.

Os problemas constantes relacionados ao meio ambiente acabam por necessitar de mecanismos estratégicos que visem a evolução da sociedade moderna (VIOLA e LEIS, 1995).

Barbieri (2000) relata que a Conferência realizada no Rio de Janeiro em 1992 acabou por desempenhar um papel fundamental para uma difusão em proporções maiores em relação ao desenvolvimento sustentável.

A Conferência do Rio de Janeiro em 1992 acabou por gerar a Agenda 21 que traz em seu texto a sustentabilidade como idéia central da preservação ambiental, bem como a necessidade de enfrentar rapidamente a escassez dos recursos naturais.

Diante do exposto acima, o que se conclui é que o desenvolvimento sustentável tem como papel fundamental trazer mecanismos aptos à perfeita preservação ambiental.

Referências

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