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A produção de carragena era originalmente dependente dos bancos naturais, especialmente de Chondrus crispus Stackhouse (conhecida popularmente como “Irish Moss”), com uma base de recursos limitada. Desde o início dos anos 70, a indústria tem se expandido rapidamente pela disponibilidade e possibilidade de cultivo de outras carragenófitas em países de águas quentes, com baixo custo de mão-de-obra. Atualmente, a maior parte das algas usadas para a produção de carragena é proveniente de cultivos, embora exista ainda alguma demanda para a “Irish Moss”, originária de bancos naturais da Europa e Canadá, e alguns outros tipos de algas ainda não cultivadas da América do Sul (GOULARD e DIOURIS, 1998; MCHUGH, 2003).

As carragenas comerciais diferem em sua composição e propriedades. A carragena Kappa produz um gel rígido, enquanto a carragena Iota produz um gel mais elástico. A carragena Lambda, por outro lado, não forma gel, mas é importante para fornecer uma textura cremosa. A mistura e o processamento cuidadoso dessas três frações resultam em um produto efetivo e funcional, segundo os usos pretendidos. Esses polissacarídeos são utilizados principalmente na indústria alimentícia por produzirem soluções de alta viscosidade e géis na água. Além disso, reagem com proteínas, especialmente com a caseína (presente no leite). Isso torna

possível a preparação de géis à base de leite altamente resistente (GLICKSMAN, 1987). Outras aplicações, entretanto, incluindo cosméticos, fármacos, suspensões industriais e tinturas são de grande importância (PICULELL, 1995).

O processamento de carragenas requer investimentos em instalações e equipamentos, exigindo intensa mão-de-obra, energia e grande volume de água. Os processos de extração podem ser sofisticados ou simples, dependendo da especificação e da qualidade do produto final desejado (PAULA e PEREIRA, 1998).

Existem dois métodos comerciais para a produção de carragenas, baseados em diferentes princípios.

O primeiro princípio é o método original utilizado na década de 1970 e início da década de 1980, onde a carragena é extraída da alga utilizando uma solução aquosa, onde o resíduo é removido da alga através do processo de filtragem e então, a carragena é recuperada da solução. Esta carragena produzida é denominada carragena refinada. Este processo de recuperação é difícil e os custos são relativamente altos em relação ao segundo princípio.

O segundo princípio consiste em lavar a alga para remover tudo que se dissolva em solução alcalina e água, deixando a carragena e outras matérias insolúveis na estrutura do talo. Esse resíduo insolúvel composto por carragena e celulose, é seco e vendido como carragena semi-refinada. Por não ser necessário recuperar a carragena da solução, o processo é mais curto e barato (MCHUGH, 2003).

A carragena é extraída a partir da matéria-prima com a água em altas temperaturas. O extrato líquido é purificado por centrifugação e/ou filtragem. O extrato líquido pode ser transformado em um pó por simples evaporação da água para produzir a chamada carragena seca. A propriedade renovada deste material seco requer uma pequena quantidade de agentes mono e diglicéridos. O conteúdo do mono e diglicéridos são responsáveis pela percussão da carragena seca, considerando pouco uso de água em aplicações de gel. Além disso, as carragenas secas contêm todos os sais solúveis presentes no extrato, que pode influenciar as propriedades - por exemplo, a solubilidade da carragena. A maioria das carragenas utilizadas nos alimentos é isolada do extrato líquido por precipitação seletiva das carragenas com isopropanol. Este processo dá um produto mais puro e concentrado, conforme apresentado na figura 2.

Figura 2: Processo de Manufatura da Carragena

Fonte: www.seaplant.net. Acesso em 15 abr. 2009.

A produção de carragena é estimada em US$ 240 milhões anuais, segundo Mchugh (2003). A demanda mundial tem apresentado crescimento da ordem de 5% ano nos últimos 30 anos, com preços que variam de US$ 10 a US$ 30 o quilo, dependendo das suas especificações e qualidade (BIXLER, 1996). A Europa possui o maior mercado para carragenas (55%), sendo destacados em 2000 os Reinos Unidos (19%), França (15%), Dinamarca (13%) e Holea (6%) (MOJICA, 2001).

Lavagem Extração Filtração Refinamento Concentração Precipitação Secagem Pulverização Misturador Misturador Carragena Padronizada Gelificação Açúcar Água Alga Marinha Água Resíduo da Alga Marinha Álcool Recuperação do Álcool Carragena Padronizada

2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Define-se desenvolvimento sustentável como sendo a utilização de recursos para atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras em atender as suas próprias necessidades (GRO BRUTLE, 1990).

A sustentabilidade pode ser definida como um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.

Em outras palavras, a sustentabilidade vem a ser um meio de configurar a civilização e atividades humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejeo e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais.

De acordo com Cavalcanti (1998), sustentabilidade significa a “possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema”. Segundo o autor, o termo sustentabilidade “resume-se à questão de se atingir harmonia entre seres humanos e a natureza”.

Segundo Pillay (1992), a sustentabilidade pode ser dividida em diferentes dimensões, sendo as mais aceitas: sociais, ambientais e econômicas, conforme ilustrado na figura 3. Essas três dimensões são indissociáveis e essenciais para uma atividade perene. Elas foram referidas para a aqüicultura pelo autor, no início dos anos 90.

Figura 3: Vetores da Sustentabilidade Fonte: O autor, 2009.

De acordo com Sachs (2000), a sustentabilidade social está vinculada ao padrão estável de crescimento, melhor distribuição de renda com redução das diferenças sociais. Já a sustentabilidade econômica está vinculada ao “fluxo constante de inversões públicas e privadas” além da destinação e administração corretas dos recursos naturais. A sustentabilidade ambiental permitiria que ecossistemas naturais realizassem autodepuração.

A sustentabilidade no âmbito das políticas nacionais passaria por nível razoável de coesão social, democracia e capacidade institucional do Estado para implementar o projeto nacional. Quanto as políticas internacionais a sustentabilidade passaria pela garantia de paz assegurada pelo fortalecimento da ONU, controle do sistema financeiro internacional, verdadeira cooperação científica e diminuição das disparidades sociais norte-sul.

2.2.1 Sustentabilidade Social

De acordo com Chambers e Conway (1992), a sustentabilidade social se refere não somente ao que o ser humano pode ganhar, mas à maneira como pode ser mantida decentemente sua qualidade de vida. Segundo os autores, isto gera duas dimensões: uma negativa e outra positiva. A dimensão negativa é reativa como

resultado de tensões e choques e a dimensão positiva é construtiva, aumentando e fortalecendo capacidades, gerando mudanças e assegurando sua continuidade.

A sustentabilidade social depende de projetos concebidos para gerar empregos diretos e indiretos e principalmente auto-empregos, distribuir riqueza entre a população local ao invés de concentrá-la, harmonizar o modo de produção com a cultura local e hábitos da população, e melhorar a qualidade de vida das populações locais.

2.2.2 Sustentabilidade Ambiental

Segundo Chambers e Conway (1992), a sustentabilidade ambiental estaria ligada, de acordo com o pensamento tradicional, à preservação ou aprimoramento da base de recursos produtiva, principalmente para as gerações futuras.

A sustentabilidade ambiental depende do uso de tecnologia que minimize o impacto ambiental da atividade mantendo a biodiversidade e a estrutura e funcionamento dos ecossistemas adjacentes. Para se analisar a sustentabilidade ambiental, deve-se considerar que é impossível produzir sem causar impacto ambiental, que a aqüicultura depende dos ecossistemas nos quais se insere e que o valor da biodiversidade é maior que o valor dos produtos da aqüicultura. Na verdade, o valor da biodiversidade é maior do que o valor de qualquer outro produto agropecuário. As forças da natureza e os processos naturais devem ser usados de modo a contribuir para o aumento da produção. Não se deve gastar energia para neutralizá-los, mas usá-las a favor da produção. Os sistemas de produção devem ser concebidos em harmonia com a natureza e não contra ela.

2.2.3 Sustentabilidade Econômica

De acordo com Sachs (1990)

,

a sustentabilidade econômica está vinculada ao “fluxo constante de inversões públicas e privadas” além da destinação e administração corretas dos recursos naturais.

A sustentabilidade econômica depende da elaboração de projetos bem concebidos e de uma cadeia produtiva forte. Um projeto bem elaborado deve basear-se no uso da tecnologia mais adequada para as condições locais e do investidor e em um plano de negócio realista. Para ser forte, a cadeia produtiva precisa ser organizada e ter todos os elos fortes. Basta um elo fraco para que toda a cadeia seja fraca.

Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Este conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente.

2.3 MEIO AMBIENTE

Neste tópico, serão abordados os conceitos e características acerca do meio ambiente, procurando relacionar este tema com as atividades de desenvolvimento sustentável e social.

Entende-se que tais conceitos tornam-se de extrema importância para se compreender e descrever ações de atividades sustentável em qualquer área ambiental, que se encontre intimamente relacionada a questões sociais, econômicas e ambientais, tal como a maricultura no litoral brasileiro.

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