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Plano de Mobilidade Urbana para cidades de até 100 mil habitantes: Uso de Metodologia Simplificada em sua elaboração

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Martha Martorelli Ministério das Cidades martha.martorelli@cidades.gov.br

Plano de Mobilidade Urbana para cidades de até 100 mil habitantes: Uso de

Metodologia Simplificada em sua elaboração

Aguiar Gonzaga Vieira da Costa Ministério das Cidades aguiar.costa@cidades.gov.br Carolina Simões Gonçalves de Moura

Ministério das Cidades Carolina.moura@cidades.gov.br

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8º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO URBANO, REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2018)

Cidades e Territórios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios Coimbra – Portugal, 24, 25 e 26 de outubro de 2018

PLANO DE MOBILIDADE URBANA PARA CIDADES DE ATÉ 100 MIL HABITANTES: USO DE METODOLOGIA SIMPLIFICADA EM SUA

ELABORAÇÃO

A. G. V. Costa, M. Martorelli e C. S. G. Moura

RESUMO

Desde a promulgação da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/12), todos os municípios brasileiros acima de 20 mil habitantes e os demais obrigados ao Plano Diretor são legalmente obrigados à elaboração do Plano de Mobilidade Urbana. Segundo levantamento realizado pela Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, atualmente apenas cerca de 9% desses municípios formularam seus planos. Este artigo tem como objetivo descrever a metodologia simplificada desenvolvida pelo Governo Federal Brasileiro, visando auxiliar os municípios menos populosos na elaboração deste instrumento de planejamento, com o objetivo de fomentar a produção de planos de mobilidade eficientes, desenvolvidos pela própria administração municipal, sem que haja necessidade de contratação de consultoria especializada. Cabe destacar que, a iniciativa proposta para simplificar a elaboração de planos de mobilidade urbana, abrange aproximadamente 87% do total de cidades com esta obrigação legal.

1 INTRODUÇÃO

O Plano de Mobilidade Urbana, principal instrumento de efetivação do planejamento da mobilidade urbana no âmbito municipal, deverá ter suas bases definidas em conformidade com os princípios, os objetivos e as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana.

O primeiro prazo estipulado para a elaboração dos planos municipais de mobilidade urbana, por lei, era abril de 2015. Vencido o prazo, muitos municípios não tinham cumprido tal obrigatoriedade, com consequente impedimento de contratar recursos federais destinados a esta área. Devido ao baixo índice de atendimento, em dezembro de 2016, a Lei Federal nº 13.406 estipulou novo prazo para a elaboração dos planos, abril de 2018. Recentemente, o prazo legal foi novamente prorrogado para abril de 2019, por meio da Lei nº 13.683, de 2018.

Apesar da elaboração do plano ser de atribuição municipal, cabe destacar que compete ao Governo Federal, além de capacitar, prestar assistência técnica e financeira aos Estados, Municípios e Distrito Federal, garantir a implementação da política de mobilidade urbana. A Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana - SEMOB realizou pesquisa com todos os municípios obrigados à elaboração dos planos de mobilidade urbana em duas ocasiões, desde 2014. O resultado mostrou que apenas aproximadamente 9% dos municípios brasileiros elaboraram seus planos. Além disso, verificou-se que quanto menor é a faixa

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populacional dos municípios, maior é a proporção destes que não possuem plano de mobilidade urbana, como é possível observar na Figura 1 abaixo.

Fig.1 Percentual de municípios que possuem Plano por população. Fonte: Ministério das Cidades

Lançado em 2015, o Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade Urbana – PlanMob - foi o principal instrumento desenvolvido pela União para apoiar a elaboração dos planos municipais. No entanto, devido ao tipo de soluções apresentadas no caderno, complexas e sofisticadas, não foram aplicáveis a todos os municípios. Os municípios de médio e grande porte foram amplamente contemplados, apresentando limitações apenas de ordem financeira, devido à necessidade de contratação de serviços terceirizados para realizar o diagnóstico complexo que essas cidades demandam.

Para os municípios pequenos, a dificuldade se apresentava em identificar quais eram as ações cabíveis a eles, dentro de um conteúdo tão abrangente do caderno, uma vez que alguns dos temas expostos não são necessários em todos os municípios.

Dessa forma, a partir de 2017, a SEMOB criou o Programa de Apoio a Elaboração de Planos de Mobilidade Urbana, com o intuito de auxiliar na elaboração desse importante instrumento de planejamento. O Programa contou com as seguintes diretrizes gerais: (i) desenvolver uma metodologia simplificada e prestar assistência técnica para elaboração de planos de mobilidade para cidades com até 100 mil habitantes e (ii) disponibilizar recursos por meio do Programa “Avançar Cidades – Mobilidade Urbana”, para financiamento à elaboração de planos de mobilidade em municípios com mais de 100 mil habitantes.

Considerando que a complexidade do planejamento na mobilidade urbana é diretamente proporcional ao número de habitantes das cidades, uma metodologia simplificada é extremamente funcional para municípios menores. Esses municípios, com até 100 mil habitantes, representam aproximadamente 87% dos obrigados à elaboração do plano, o que aumenta a relevância de um tratamento diferenciado.

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2 CONTEÚDO DOS PLANOS DE MOBILIDADE URBANA

O conteúdo mínimo que deverá constar no plano de mobilidade urbana é descrito no artigo 24 da Lei nº 12.587/12 conforme mostrado a seguir:

Art. 24. O Plano de Mobilidade Urbana é o instrumento de efetivação da Política Nacional de Mobilidade Urbana e deverá contemplar os princípios, os objetivos e as diretrizes desta Lei, bem como:

I - os serviços de transporte público coletivo; II - a circulação viária;

III - as infraestruturas do sistema de mobilidade urbana;

IV - a acessibilidade para pessoas com deficiência e restrição de mobilidade;

V - a integração dos modos de transporte público e destes com os privados e os não motorizados;

VI - a operação e o disciplinamento do transporte de carga na infraestrutura viária; VII - os polos geradores de viagens;

VIII - as áreas de estacionamentos públicos e privados, gratuitos ou onerosos; IX - as áreas e horários de acesso e circulação restrita ou controlada;

X - os mecanismos e instrumentos de financiamento do transporte público coletivo e da infraestrutura de mobilidade urbana; e

XI - a sistemática de avaliação, revisão e atualização periódica do Plano de Mobilidade Urbana em prazo não superior a 10 (dez) ano.

Além da obrigatoriedade dos conteúdos mínimos, é fundamental que o plano seja desenvolvido com base em alguns conceitos primordiais. São eles: a priorização do transporte não motorizado sobre o motorizado e do transporte coletivo sobre o individual; a integração com a política de desenvolvimento urbano e as demais políticas setoriais (saneamento, habitação, uso do solo); e a participação da sociedade no planejamento, fiscalização e avaliação dessa política.

3 METODOLOGIA SIMPLIFICADA

A metodologia simplificada tem origem em três pontos primordiais:

Primeiramente, na premissa de que nas cidades menores é possível identificar claramente os insumos e diagnósticos necessários para o planejamento da mobilidade urbana, tais como: principais polos geradores de viagem, modos e serviços de transporte urbano, principais vias, legislação e projetos existentes. Entende-se que essa avaliação pode ser feita pelo próprio município, sem a necessidade de contratação de serviços terceirizados. Em segundo lugar, no fato de que um plano de mobilidade deve estar compatível com os projetos e leis vigentes a serem executados pela gestão local. Por mais que uma consultoria externa possa entender melhor de mobilidade urbana, dificilmente o plano será implementado se não for adequado à realidade das cidades. A aquisição de um "produto pronto" poderia gerar um plano sem efetividade ou inexequível.

Por último, na falta de conformidade dos planos de mobilidade já elaborados pelos municípios menores com os itens obrigatórios da Política Nacional de Mobilidade Urbana.

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Em um levantamento realizado (detalhado na seção 4) observou-se que nenhum dos planos estudados atendeu inteiramente à política nacional.

Desta forma, a elaboração da metodologia simplificada possibilita um salto de qualidade significativo no planejamento. Sua aplicação, por parte dos municípios menores, visa minimizar os problemas acima listados. A base da metodologia é a realização de um diagnóstico e o estabelecimento de objetivos, metas e ações estratégicas em cada um dos conteúdos mínimos para o plano de mobilidade urbana.

3.1 Diagnóstico

Trata-se da verificação do estado atual da mobilidade urbana no município, importante para definição dos objetivos. É indispensável para comprovação da efetividade das ações e monitoramento da efetividade do plano de mobilidade urbana.

A etapa de diagnóstico da mobilidade urbana tem também a função de levantar e sistematizar um conjunto de dados e informações, por meio dos quais torna possível ao gestor público obter uma fotografia da situação das condições de deslocamento na cidade e planejar as alternativas para a política local de mobilidade.

O objetivo da elaboração de um diagnóstico da mobilidade urbana de uma cidade é identificar claramente os problemas enfrentados pelas pessoas para acessar as oportunidades que a cidade oferece e as suas causas.

Nesta metodologia, a etapa de diagnóstico pode ser bastante simplificada, muitas vezes, os dados necessários já estão disponíveis na administração municipal, dispensando a necessidade de contratação de pesquisa ou, até mesmo, a realização de levantamentos de campo.

3.2 Objetivos

Os objetivos devem representar a visão de futuro para o município, são descrições de onde se quer chegar ou o que se quer alcançar com o Plano de Mobilidade Urbana.

Caso existam diretrizes específicas sobre mobilidade urbana no Plano Diretor municipal, estas podem ser utilizadas como objetivos no Plano de Mobilidade Urbana. Garantido desta forma a compatibilização dos dois documentos.

3.3 Metas

As metas constituem a ligação entre diagnóstico e objetivo. Devem ser quantificáveis e apresentar um horizonte temporal claro.

Metas contribuem para o alcance dos objetivos. Em outras palavras, estipulam os passos e prazos visando o atingimento destes.

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3.4 Ações Estratégicas

Uma meta, para ser alcançada, pode prever várias ações. Estas devem ser bem descritas e específicas para cada município. Cada meta estabelecida pode ser composta por uma ou mais ações estratégicas.

É importante lembrar também que os objetivos, metas e ações estratégicas devem estar interligados. Ou seja, as ações estratégicas devem contribuir para o alcance das metas e estas por sua vez devem auxiliar no atingimento dos objetivos.

3.5 Conteúdo Complementar

Apesar de não ser um item obrigatório por lei, orienta-se para melhor compreensão, que os municípios que elaborarem seus planos de mobilidade por meio da metodologia simplificada, desenvolva uma parte introdutória no plano, contendo apresentação, histórico e caracterização da cidade.

4 SITUAÇÃO ATUAL

Foi realizado um estudo amostral de planos de mobilidade existentes, em cidades com até 100 mil habitantes, buscando identificar se os municípios elaboraram os planos de acordo com o conteúdo mínimo previsto em lei, especificamente no artigo 24º da Lei nº 12.587/12.

Para garantir a proporcionalidade entre as regiões brasileiras, foi escolhida a técnica de amostragem estratificada populacional, onde cada estrato corresponde a uma região. Assim foram alocadas as regiões em cinco estratos, analisando a quantidade de planos elaborados em comparação com a população total por municípios.

No total foram analisados 15 (quinze) planos de mobilidade, sendo oito da região Sudeste, quatro da região sul, um do nordeste, um do norte e um do centro-oeste. A lógica segue nos estados dentro de cada região, mantendo a maior quantidade de planos na região de maior população. No caso das regiões com apenas um município de exemplo, este foi selecionado (ver tabela 1).

Dos quinze planos selecionados, nove municípios apresentam estrutura de plano, em texto corrido, com mapas de caracterização e diagnóstico. Os outros seis apresentam o plano juntamente com o projeto de lei, em estrutura de artigos e parágrafos. Percebe-se que na primeira forma, o plano é mais detalhado, apresentando histórico, diagnóstico, ações e metodologia. Já na segunda forma de apresentação, não aparece a caracterização geral do município e o diagnóstico é inexistente. Aparecem apenas os objetivos e algumas metas com quantidade e prazo especificados.

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Tabela 1 – Municípios selecionados por método de amostragem estratificada

REGIÃO ESTADO MUNICÍPIO

CENTRO OESTE

Mato Grosso Sapezal

NORTE Roraima Vilhena

NORDESTE Pernambuco São José de Belo Monte

SUL

Rio Grande do Sul Caçapava

Santa Rosa

Santa Catarina Concórdia

Paraná Ivaiporã

SUDESTE

Rio de Janeiro São José do Vale do Rio Preto

São Paulo Angatuba Cerquinho Casa Branca Tremembé Andradina Caçapava

Minas Gerais São João Del-Rei

Fonte: Elaboração Própria.

Nenhum dos planos analisados contemplou os onze pontos especificados em lei. Além disso, por não seguirem uma metodologia clara, muitos pontos apresentados no diagnóstico como negativos se perdem no meio da análise e não apresentam metas ou ações para devida solução. É possível perceber que os temas mais frequentes são em relação à infraestrutura viária e acessibilidade. Isso abrange questões como adequações viárias, implantação de rotatória, duplicação de via, aumento ou implantação de malha cicloviária e plano de padronização de calçada.

Os temas menos contemplados são disciplinamento do transporte de cargas, medidas de planejamento para estacionamento e medidas de financiamento. Apesar de pouco abordados são itens de grande impacto no bom funcionamento urbano.

Apesar dos princípios claros da Política Nacional quanto à prioridade aos transportes coletivos e aos não motorizados, os objetivos dos municípios parecem ainda seguirem na direção oposta. A preocupação maior recai sobre infraestrutura viária no intuito de garantir o fluxo dos automóveis enquanto infraestrutura para modais sustentáveis aparece em

segundo plano.

5 PROJETOS PILOTOS

Foram realizados projetos pilotos em cinco municípios (Pirenópolis-GO, Gravatá-PE, Ituverava-SP, Canela-RS e Gurupi-TO), um de cada região brasileira. O objetivo principal destes foi testar a metodologia simplificada para viabilizar sua ampla aplicação nos municípios brasileiros, com a identificação de possíveis aprimoramentos e oportunidades de melhoria. Porém, os municípios participantes, ao final do projeto, tiveram conteúdo suficiente para completa elaboração de seus planos de mobilidade. Em cada uma destas cidades as atividades do projeto se desenvolveram ao longo de três dias.

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i. Reunião com os técnicos e gestores municipais – para apresentação introdutória sobre a Política Nacional, planos de mobilidade e a metodologia a ser utilizada; ii. Diagnóstico preliminar – caracterização do município, visitas técnicas e

levantamento de dados existentes sobre mobilidade urbana;

iii. Levantamento de leis, planos e projetos existentes – buscando-se a compatibilização com a legislação existente e também a definição de prioridades a partir de entrevista com gestores;

iv. Desenvolvimento do documento – definição de objetivos, metas e ações estratégicas para o plano em conformidade com o diagnóstico;

v. Apresentação do resultado – exibição da versão preliminar desenvolvida para o plano e orientação para continuidade dos trabalhos.

Ao fim do processo, observou-se que as cidades dos projetos pilotos obtiveram como produto uma minuta para elaboração dos seus planos de mobilidade restando apenas realizar as seguintes atividades:

 Desenvolvimento de capítulos referentes à apresentação, histórico e caracterização do município;

 Validação no âmbito da gestão local;

 Discussão com a sociedade (reuniões com conselhos ou audiências públicas); e

 Instituição em lei ou decreto.

6 ORIENTAÇÃO PARA O PLANEJAMENTO UTILIZANDO A METODOLOGIA SIMPLIFICADA

Nesta seção serão mostrados exemplos de como abordar cada um dos tópicos obrigatórios na elaboração do plano de mobilidade urbana com base na experiência obtida nos projetos pilotos realizados.

6.1 Serviço de Transporte Público Coletivo

Um diagnóstico comum nos pequenos municípios é a ausência de serviço de transporte público coletivo. Esta situação simplifica essa etapa de trabalho no plano de mobilidade urbana bastando apenas relatar essa condição. A partir dessa constatação, caso o município não pretenda implantar o serviço durante o período de vigência do plano, não se faz necessária a definição de objetivos, metas e ações estratégicas nessa temática.

Para os demais casos devem ser levantadas informações para caracterização da operação (linhas, horários, itinerários, frota, viagens realizadas), dos veículos (capacidade, idade da frota) e dos passageiros (pagantes, usuários do vale-transporte, estudantes com desconto, gratuidades).

Nesse tema, os objetivos devem visar a priorização do modo de transporte coletivo em detrimento do individual motorizado e o incentivo à cultura de utilização deste serviço pela população local.

Dois pontos principais podem ser destacados com relação à definição de metas. Considerando que muitos municípios não possuem o serviço, a implantação do serviço de

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transporte coletivo pode ser uma meta do plano. Caso exista o serviço, porém de forma não regulamentada, este disciplinamento também pode ser incluído como meta para o plano. Se o sistema de transporte já estiver estruturado no município, é possível definir metas visando aumentar o número de passageiros transportados, ou melhorar a qualidade de prestação do serviço (idade média da frota, pontualidade, regularidade, velocidade média). Além disso, é possível estipular metas abordando o desenvolvimento de tecnologias para o serviço de transporte público coletivo como bilhetagem eletrônica, monitoramento eletrônico de frotas, dentre outros.

Conforme outro diagnóstico comum observa-se uma carência nas administrações municipais de estrutura para correta realização de atividades relacionadas à fiscalização e gestão do serviço de transporte público municipais assim, ações voltadas ao aprimoramento da fiscalização e da estrutura de gestão ou até mesmo o combate ao transporte ilegal podem ser destacadas.

Outro ponto que merece destaque é a realização de ações visando otimizar a operação do serviço de transporte público já existente, buscando-se adequar as rotas e horários de circulação dos veículos à realidade do comércio e às necessidades reais da população local. 6.2 Circulação Viária

Neste tema devem ser abordadas questões relacionadas à gestão da circulação viária de todos os modos de transporte e os demais serviços de transporte urbano, excluindo o serviço de transporte público coletivo, já tratado anteriormente. Devem ser abordadas as ações de trânsito e também os serviços como táxi, mototáxi e transporte escolar.

O diagnóstico deve ser composto pelo levantamento das vias com maior volume de tráfego, as rodovias que atravessam o perímetro urbano, o acesso a importantes polos geradores de viagem e os trechos com alto índice de acidentes. Nota-se que todos estes levantamentos são de simples realização pela administração local, baseado apenas em dados existentes ou na observação de campo, sem a necessidade de realização de pesquisas de contagem volumétrica ou de origem e destino.

Também é importante verificar a frota e a condição de operação dos demais serviços (táxi, mototáxi, transporte por fretamento, transporte turístico e transporte escolar), afim de averiguar se estão regulamentados e se as atuais condições de operação atendem à população.

Para este conteúdo é importante que os objetivos estejam relacionados à busca da qualificação dos deslocamentos no município, visando à eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana e a promoção da segurança viária.

A municipalização da gestão do trânsito é uma meta possível para esta temática, uma vez que muitas cidades pequenas ainda não realizam esta atribuição. Outras metas podem visar à redução dos acidentes de trânsito ou à regulamentação dos serviços de táxi ou mototáxi. As ações estratégicas possíveis abarcam a realização de estudos de engenharia de tráfego, campanhas educativas sobre segurança viária e atividades de fiscalização de trânsito.

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6.3 Infraestruturas de Mobilidade Urbana

Este tópico trata da implantação, requalificação ou ampliação das seguintes infraestruturas: Vias e logradouros públicos (incluindo calçadas, travessias, pavimentação, metroferrovias, hidrovias e ciclovias); terminais, estações e pontos de embarque e desembarque; sinalização viária e de trânsito; e instrumentos de controle e fiscalização. Normalmente este é o tema com o maior número de metas e ações nos planos de mobilidade.

Para este caso o diagnóstico está ligado ao levantamento da situação atual, considerando as características físicas e o estado de conservação.

Os objetivos devem estar vinculados à priorização do investimento em infraestruturas voltadas ao transporte não motorizado e ao transporte público coletivo, e também à busca de melhorias nas condições de circulação urbana.

A diferença entre as metas e as ações neste tema é que as metas são numéricas e as ações são específicas, por exemplo: Meta – Implantar 30 km de ciclovias até o final da vigência do plano; Ação – Implantação de ciclovias na Avenida Tiradentes e na Rua 1º de Maio. 6.4 Acessibilidade

A acessibilidade universal é um aspecto determinante para considerar uma cidade sustentável e representa um ganho para toda a sociedade, na medida em que oferece facilidades e comodidades para todos, independentemente de sua idade ou condição física. Assim, este tema trata a acessibilidade universal na infraestrutura de mobilidade urbana e nos veículos dos serviços de transporte urbano.

O diagnóstico deve abordar a caracterização geral da acessibilidade no município. Os objetivos devem buscar o atendimento das normas técnicas visando buscar melhorias nas condições de acessibilidade.

Dentre as metas destaca-se a possibilidade de requalificação da infraestrutura existente em bairros específicos, junto a polos geradores de viagem ou na área central da cidade. Também é possível adaptar toda a frota municipal dos serviços de transporte urbano. As ações podem tratar do rebaixamento de guias ou meios-fios em esquinas e locais onde houver faixa para travessia de pedestres, implantação de sistemas de comunicação visual acessíveis, ou até mesmo revisão da legislação municipal sobre calçadas, dentre outras. 6.5 Integração

Nos pequenos municípios, o sistema de transporte público, quando existente, é normalmente prestado somente por uma empresa, com poucas linhas e baixa frequência de operação. Assim, este conteúdo deve tratar da integração física, operacional ou tarifária entre o serviço de transporte público local e o intermunicipal ou metropolitano, e também da integração física com os meios de transporte não motorizados, mais especificamente, com a bicicleta.

Porém, o desenvolvimento desta temática no plano de mobilidade urbana fica prejudicado caso o município não possua nem o serviço de transporte público coletivo e nem de

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bicicletas públicas e não pretenda implantá-los durante a vigência do plano. Desta forma, mediante esta constatação no diagnóstico, é compreensível a não definição de objetivos, metas e ações estratégicas neste tema.

Em caso de existência do serviço de transporte público, podem ser realizadas ações como a implantação de bicicletários em terminais rodoviários ou pontos de parada de ônibus. Além disso, é necessário buscar a articulação com o governo estadual para viabilizar a realização de ações para integração com o transporte intermunicipal.

6.6 Transportes de Cargas

Este tópico trata da regulamentação, gestão e infraestruturas voltadas ao disciplinamento do transporte de cargas nos municípios.

Primeiramente, o diagnóstico deve identificar as principais origens, destinos e rotas do transporte de cargas e o seu impacto na mobilidade urbana local.

Os objetivos muitas vezes podem visar a preservação da infraestrutura urbana ou do patrimônio histórico, a redução do nível de poluentes locais, ou, por outro lado, a promoção do desenvolvimento econômico viabilizando a entrega de mercadorias.

Instituir o marco normativo do transporte de cargas ou regulamentar a circulação de veículos pesados são metas possíveis para o plano. Para isso poderão ser realizadas ações para definição de rotas preferenciais, vias de uso proibido, horários de circulação, sinalização viária específica e até implantação de centro de distribuição.

6.7 Polos Geradores de Viagem

O diagnóstico para este tema parte do levantamento de equipamentos sociais, empreendimentos comerciais ou conjuntos habitacionais com potencial de atrair ou gerar grande número de viagens diárias.

Muitas vezes os principais destinos de viagem se encontram na área central do município, nas proximidades das praças deste bairro. Assim, a melhoria dos espaços de convivência na área central do município pode ser um objetivo do plano e, associado a isso, pode ser definida uma meta de revitalizar praças na área central.

As ações podem envolver a implantação de equipamentos públicos ou conjuntos habitacionais em áreas adensadas e de fácil acesso, ou, por outra abordagem, pode-se buscar a inclusão da mobilidade (calçadas, pavimentação, pontos de parada, ciclovias, arborização, etc.) no planejamento dos novos bairros ou conjuntos habitacionais a serem implantados.

6.8 Áreas de Estacionamentos

Tendo como diagnóstico o inventário das áreas públicas e privadas de estacionamento, além das vagas de estacionamento nas vias públicas, com ou sem cobrança, deve ser tratada a regulamentação, gestão e infraestruturas voltadas ao disciplinamento deste instrumento de gestão.

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Neste tema merecem destaque os objetivos de desestimular o uso do transporte individual motorizado por meio da cobrança de estacionamento, e racionalizar o estacionamento de todos os modos de transporte na área central da cidade e nos principais polos geradores de viagem.

As metas, por exemplo, podem ser estipuladas para o atendimento da garantia de reserva de vagas para idosos (5%) ou pessoas com deficiência (2%), conforme legislação vigente; ou para a implantação de áreas com cobrança de estacionamento.

As ações podem determinar a proibição de estacionamento em determinadas ruas, a organização e demarcação de vagas para todos os modos de transporte, e a realização de parcerias para a fiscalização dos estacionamentos.

6.9 Áreas e Horários de Acesso e Circulação Restrita ou Controlada

O fechamento de vias para priorização do fluxo de pedestres ainda não é uma prática difundida, principalmente em pequenos municípios brasileiros. Exemplos pontuais podem ser encontrados em cidades históricas ou turísticas. Muitas vezes esse fechamento ocorre de forma provisória para a realização de grandes eventos.

Os objetivos desse tema no plano de mobilidade urbana estão correlacionados ao estímulo à criação de ambientes mais seguros e amigáveis para a circulação de pedestres e ao fomento ao lazer.

Como se trata de um tema ainda não culturalmente difundido pelos municípios brasileiros, é orientado que antes da implantação, sejam realizados estudos, consulta à sociedade ou um projeto piloto de fechamento de vias para atendimento deste conteúdo mínimo.

6.10 Financiamentos do Transporte Público Coletivo e da Infraestrutura de Mobilidade Urbana

Este tema deve tratar das fontes de recursos, possíveis ou garantidas, para a implantação das ações descritas nos itens anteriores. Também pode ser abordada a questão tarifária do serviço de transporte público coletivo.

O diagnóstico comum é que para implementação das obras de infraestrutura se faz necessário o apoio financeiro externo, normalmente proveniente do governo federal. Porém, algumas ações de gestão, manutenção e sinalização podem ser realizadas com recursos próprios do município.

Dentre os objetivos, é possível promover a busca por novas fontes de financiamento, seja por meio de articulação com os governos federal e estadual, ou por meio de parcerias com instituições privadas.

A criação de um fundo para a mobilidade urbana é uma meta recorrente, visando reservar um mínimo de recursos municipais para serem utilizados nas açõesdo plano de mobilidade. Já entre as ações destaca-se o acompanhamento da possibilidade de obtenção de recursos provenientes de diversas fontes externas.

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6.11 Sistemática de Avaliação, Revisão e Atualização Periódica

Neste último tema é necessário definir a periodicidade para atualização do plano (não superior a 10 anos), e o órgão responsável pelo acompanhamento da sua implantação. Para uma melhor avaliação do processo de implementação do plano, o município poderá realizar também as seguintes atividades: realização de revisões periódicas, instituição de um banco de dados permanente sobre mobilidade urbana; realização de processos periódicos de consulta à sociedade; e definição de indicadores para monitoramento e avaliação do plano de mobilidade.

Além disso, apesar de não ser obrigatório, recomenda-se a instituição do plano de mobilidade urbana em lei, intencionando dar maior efetividade às ações propostas de forma a tentar minimizar os efeitos das descontinuidades da gestão.

7 CONCLUSÃO

Verificou-se que a metodologia simplificada produziu planos de mobilidade urbana mais eficientes se comparados aos exemplos pesquisados anteriormente. Ao perpassar por todos os itens previstos em lei, se torna claro quais são os objetivos, metas e ações estratégicas, permitindo fácil execução e monitoramento por parte da administração local.

O grande mérito desta prática inovadora é estar compatível tanto com a realidade das prefeituras municipais quanto com a capacidade de apoio do Governo Federal. Além disso, o projeto representa uma possibilidade de economia significativa de recursos para a gestão das cidades, uma vez que torna desnecessária a contratação de consultorias especializadas para elaboração de planos.

A realização de um projeto piloto em cada região brasileira também contribuiu para a identificação de particularidades e para o crescimento do rol de experiências em termos de objetivos, metas e ações estratégicas que servirão como exemplos para os demais municípios.

8 REFERÊNCIAS

Ministério das Cidades (2013), Política Nacional de Mobilidade Urbana – Cartilha da Lei nº 12.587/12, Ministério das Cidades, Brasília.

Ministério das Cidades (2015), PlanMob – Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade Urbana, Ministério das Cidades, Brasília.

Ministério das Cidades (2017), Cartilha de Apoio à Elaboração de Planos de Mobilidade Urbana para municípios com até 100 mil habitantes, Ministério das Cidades, Brasília. COSTA, A. G. V; MARTORELLI, M. Roteiro simplificado para elaboração de planos de mobilidade em pequenos e médios municípios brasileiros. In: 7º Congresso Luso Brasileiro para o Planejamento Urbano, Regional, Integrado e Sustentável – PLURIS 2016, Maceió, 2016.

Referências

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