• Nenhum resultado encontrado

Protocolo de monitorização clínica da Artrite Idiopática Juvenil (PMAIJ)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Protocolo de monitorização clínica da Artrite Idiopática Juvenil (PMAIJ)"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

P R ÁT I C A C L Í N I C A

P R O T O C O L O D E M O N I T O R I Z A Ç Ã O

C L Í N I C A D A A R T R I T E I D I O P Á T I C A J U V E N I L

(

P M A I J

)

Helena Canhão,

*,**

João Eurico Fonseca,

*,**

Maria José Santos,

***

J.A. Melo Gomes

****

Abstract

The development of new and more efficacious the-rapeutic agents, though expensive and potentially toxic, helped to implement objective measures to quantify the improvement and to monitor the evo-lution of inflammatory rheumatic diseases.

The aim of our protocol (PMAIJ) is to supply rheumatologists and paediatricians with a useful tool for follow-up of juvenile arthritis patients using validated instruments for the evaluation of activity, functional capacity and response to treatment.

PMAIJ has 2 pages. The first page is filled only at the initial evaluation; the second page is filled at first and in all the appointments after that.

The application of this protocol would contribu-te to the standardization of procedures in different Paediatric Rheumatology Centres and would help to obtain useful information on the clinical evolu-tion of JIA patients followed in Portugal.

Keywords: Juvenile Idiopathic Arthritis;

Monito-ring; Portugal; Follow-up protocol; Registry

Introdução

Na última década registaram-se avanços importan-tes no conhecimento de mecanismos fisiopatoló-gicos subjacentes às doenças reumáticas inflama-tórias, nomeadamente à artrite idiopática juvenil (AIJ). O desenvolvimento de fármacos dirigidos contra mediadores específicos da inflamação con-dicionou uma mudança significativa na terapêuti-ca destas doenças. A eficácia demonstrada em adultos com terapêuticas antagonistas do factor de necrose tumoral (TNF)-alfa, do receptor da inter-leucina (IL)-1, do receptor da IL-6, de moléculas co-estimuladoras, e de linfócitos B, tem promovi-do o estupromovi-do destes agentes em crianças. Actual-mente o etanercept, um receptor solúvel que exer-ce uma acção antagonista do TNF-alfa, está

apro-*Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa; **Unidade de Investigação em Reumatologia, Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa

***Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta,Almada ****Consulta de Reumatologia Infantil do Adolescente e do Adulto Jovem, Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.

Resumo

O desenvolvimento de novas terapêuticas eficazes em casos anteriormente refractários, mas poten-cialmente tóxicas e com custos económicos asso-ciados, implicou uma modificação nos critérios de avaliação objectiva das doenças reumáticas infla-matórias e concomitantemente uma maior exigên-cia na quantificação da resposta e na monitoriza-ção da doença e da terapêutica.

O objectivo do desenvolvimento e publicação deste protocolo (PMAIJ) é fornecer aos reumatolo-gistas e pediatras que tratam crianças com artrite idiopática juvenil (AIJ), uma ferramenta útil para a avaliação clínica continuada destes doentes, com recurso a instrumentos válidos considerados os mais adequados para a quantificação da actividade da doença, capacidade funcional e resposta à tera-pêutica.

A ficha de monitorização é constituída por 2 pá-ginas e por 2 anexos. Na avaliação inicial são preen-chidas as duas páginas do protocolo e nas visitas de seguimento é preenchida apenas a segunda página e os anexos.

A utilização deste protocolo poderá contribuir para uniformizar a actuação dos diversos Centros de Reumatologia Pediátrica e, no futuro, obter in-formação útil sobre a evolução dos doentes com AIJ seguidos a nível nacional.

Palavras-chave: Artrite Idiopática Juvenil;

Mo-nitorização; Portugal; Protocolo de seguimento; Registo.

(2)

P R O T O C O L O D E M O N I T O R I Z A Ç Ã O D A A I J

vado para a terapêutica do envolvimento

poliarti-cular da AIJ1e é previsível que, no futuro, outros

fár-macos biológicos sejam aprovados para o trata-mento desta patologia. Mas a utilização destes fár-macos deve ser acompanhada de uma rigorosa e objectiva monitorização das suas eficácia e segu-rança e teve como consequência uma mudança de paradigma na avaliação clínica de todas as crian-ças com AIJ, cujo seguimento clínico ficou assente nos mesmos critérios objectivos de avaliação da actividade da doença e resposta às terapêuticas utilizadas.

O objectivo do desenvolvimento e publicação do PMAIJ é fornecer aos reumatologistas e pedia-tras que tratam as crianças com AIJ, uma ferra-menta útil para o seguimento e monitorização des-tes doendes-tes, com recurso a instrumentos válidos considerados os mais adequados para a avaliação

da actividade, capacidade funcional2e resposta à

terapêutica.3O PMAIJ permite também o registo

sistematizado dos efeitos adversos. A utilização deste protocolo poderá contribuir para uniformi-zar a actuação dos diversos Centros de Reumato-logia Pediátrica e, no futuro, obter informação bre a evolução dos doentes portugueses que so-frem de AIJ, através da eventual criação de um re-gisto nacional de doentes com estas patologias.

O PMAIJ

O protocolo de monitorização da AIJ é um suporte escrito estruturado, de rápida execução, reprodutí-vel e que permite obter dados relativos às carac-terísticas da AIJ, às terapêuticas efectuadas (pas-sadas e presentes), à evolução da doença e às in-tercorrências. A elaboração deste protocolo resul-tou de um trabalho conjunto e de experiências prévias de reumatologistas do Hospital de Santa Maria (HSM), Hospital Garcia de Orta (HGO) e Ins-tituto Português de Reumatologia (IPR) e tem sido aplicado nestes Centros. Um protocolo semelhan-te, mais antigo, elaborado em 1996, serviu de base à colheita de dados do Grupo de Reumatologia Pe-diátrica do Comité Ibero Americano de Reumato-logia (CIAR), cujos resultados têm vindo a ser ob-jecto de comunicações em reuniões nacionais e

internacionais.4,5

A duração do preenchimento da primeira ava-liação é de cerca de 30 minutos e as reavaliações demoram cerca de 15 minutos.

O PMAIJ é composto por duas páginas para

apli-cação na primeira visita (Figura 1 e Figura 2) e por uma página (Figura 2) para as visitas subsequen-tes. É composto ainda por 2 anexos: um anexo (Figura 3) para registo das articulações dolorosas, tumefactas e com mobilidade limitada; e um

se-gundo anexo com a versão portuguesa do Child

Health Assessment Questionnaire (CHAQ)2para

avaliação da capacidade funcional.

A primeira página (Figura 1) reúne dados demo-gráficos como o sexo e a data de nascimento, a data do diagnóstico e o sub-tipo da AIJ. São ainda regis-tados os antecedentes pessoais e patologia conco-mitante relevantes, terapêutica de fundo (DMARD) prévia, dados laboratoriais como factores reuma-tóides, anticorpos antinucleares e tipagem HLA B27, radiografia de tórax e resultado da prova tu-berculínica. Na segunda página (Figura 2) são re-gistados o peso, altura e superfície corporal. A ca-racterização da actividade da doença é efectuada através de escalas visuais analógicas do bem estar avaliado pelo doente ou pelos pais, da dor avalia-da pelo doente ou pelos pais e avalia-da activiavalia-dade avalia-da doença avaliada pelo médico; são ainda contabi-lizados o número de articulações dolorosas, tume-factas e com mobilidade limitada que se discrimi-nam em documento anexo (Figura 3) e a presença de manifestações extra-articulares. O registo da te-rapêutica inclui a tete-rapêutica de fundo actual, o consumo de anti-inflamatórios não esteróides e de corticosteroides (por via sistémica e intra-arti-cular). Registam-se ainda os resultados laborato-riais mais relevantes (hemoglobina, plaquetas, ve-locidade de sedimentação (VS), proteína C reacti-va (PCR), transaminases e creatinina) e a capaci-dade funcional avaliada através da versão

portuguesa do CHAQ.2Em cada avaliação são

ain-da registaain-das as intercorrências infecciosas e não infecciosas. É desejável que na avaliação inicial e anualmente seja aplicado um questionário de

qua-lidade de vida (Child Health Questionnaire (CHQ))6

e que seja efectuada uma avaliação radiológica das articulações envolvidas, a repetir com intervalos não inferiores a 1 ano.

Para as avaliações subsequentes utiliza-se ape-nas a segunda página (Figura 2) e os dois anexos. A nossa experiência com a aplicação deste pro-tocolo tem demonstrado a sua fácil aplicabilidade e interpretação. Permite a monitorização criterio-sa da evolução da doença, serve como base para registos informatizados e permite uma avaliação global de resultados, quer em termos de eficácia, quer de segurança.

(3)

Correspondência para:

Helena Canhão

Serviço de Reumatologia Hospital de Santa Maria, Lisboa E-mail – helenacanhao@netcabo.pt

Referências:

1. http://www.emea.eu.int/humandocs/PDFs/EPAR/ Enbrel/014600en6.pdf.

2. Melo Gomes JA, Ruperto N, Canhão H, et al. The por-tuguese version of the childhood health assessment questionnaire (CHAQ) and the child assessment questionnaire (CHQ). Clin Exp Rheumatol 2001;19 (Suppl 23):S126-S130.

3. Giannini EH, Ruperto N, Ravelli A, Lovell DJ, Felson

DT, Martini A. Preliminary definition of improve-ment in juvenile arthritis. Arthritis Rheum 1997; 40: 1202-1209.

4. Conde M, Melo Gomes JA, Hilário MO, and the CIAR Pediatric Rheumatology Group. Oligoarticular Juve-nile Idiopathic Arthritis ( JIA) With Positive ANA. [Abstract] Ann Rheum Dis 2003; (Suppl II): 62. 5. Melo Gomes JA, Conde M, Hilário MO, Bica B,

Oliveira S, Pereira B. Artrite Idiopática Juvenil sistémica numa população Iberoamericana.[Ab-stract] Acta Reum Port 2006; 31 (suppl 1): S137. 6. Landgraf JL, Abetz L, Ware JE 1996. The CHQ User's

Manual. The Health Institute. New England Medical Centre, Boston.

H E L E N A C A N H Ã O E C O L.

Identificação

Nome do doente: _____________________________________________________________ Sexo: M F Data de Nascimento (dd/mm/aa): ____ / ____ / ____ Data do diagnóstico da AIJ (dd/mm/aa): ____ / ____ / ____

Forma de início: Sistémica nn Oligoarticular nn Poliarticular FR+ nn Poliarticular FR- nn Artrite Psoriática nn Artrite-relacionada com entesite nn Outra nn

Idade na altura do diagnóstico: _____________________________________________________________________ Patologia concomitante e antecedentes pessoais relevantes:

_____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________

Antecedentes familiares reumatológicos (AR, LES, EASN): _________________________ Terapêutica de fundo prévia (DMARD)

Nota: A informação deverá ser descriminada da seguinte forma: nome, dose, data de início e interrupção, motivo de interrupção (efeito adverso (EA): qual?; Ineficácia (I); outro motivo (O): qual?).

_____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________

Rx torax (data, normal sim/não, descrição de alterações):

_____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________

Prova tuberculínica (data e resultado): ___________________________________________ Exames laboratoriais (se aplicável):

ANA _______________ RA test _______________ Waaler-Rose ________________

Tipagem HLA B27 ______________

Figura 1.

Primeira página do PMAIJ

(4)

P R O T O C O L O D E M O N I T O R I Z A Ç Ã O D A A I J

Nome do doente: ______________________________________________________________________________________ Peso (Kg): __________ Altura (cm): _________ Superfície corporal: ___________________

Actividade da doença

Considerando todas as formas como a artrite afecta o seu filho, indique como ele está a passar colocando uma marca na linha abaixo:

(Mto bem) 0_________________________________________________________10 (Mto mal)

Que intensidade de dor pensa que o seu filho teve devido à sua doença, NA SEMANA PASSADA

(S/Dor) 0_________________________________________________________10 (Max. Dor)

Escala análoga visual da actividade global da doença, segundo a opinião do médico

(S/actividade) 0_________________________________________________________10 (Max. Act.)

Número de articulações activas: _________________________________________________________________________ Número de articulações com mobilidade limitada: __________________________________________________________

(registo em anexo)

Manifestações extra-articulares (assinalar com cruz)

Uveíte: nn Febre: nn Rash: nn Serosite nn Adenopatias: nn

Outros (discriminar) _________________________________________________________________________________

Laboratório

Hb:_______ Plaquetas:_______ VS:_______ PCR (mg/dl):_____ / _____ Creatinina:_______ TGO:_______ TGP:_______

Terapêutica

Terapêutica de fundo actual (DMARD) [assinalar], dose e data de início:

Metotrexato Ciclosporina

Sulfasalazina Azatioprina

Hidroxicloroquina Sais de ouro

Etanercept Anakinra

Infliximab Adalimumab

Efeitos adversos?_______________________________________________________________________________________ Intercorrências?______________________________________________________________________________________________ Consumo actual de AINE (nome e dose, data de início)_________________________________________________________ Consumo actual de corticóides (nome, dose, data de início) _____________________________________________________ Nº injecções intraarticulares de corticóides (corticóide usado, locais e dose):

____________________________________________________________________________________________________

Capacidade funcional: CHAQ [escala em nexo]:______________________________________________________________

Plano: ______________________________________________________________________________________________

Data:_____________ Nome do médico: ___________________________

Figura 2.

Segunda página do PMAIJ

(5)

H E L E N A C A N H Ã O E C O L.

Figura 3.

Folha de registo das articulações dolorosas, tumefactas e com movimentos limitados

REGISTO DAS ARTICULAÇOES ATINGIDAS COM: TUMEFACÇAO (T), DOR (D) OU MOVIMENTOS LIMITADOS (ML)

LADO DIREITO LADO ESQUERDO

T D ML Articulações T D ML n n nn Temporo-Mandibular nn nn n n nn Esterno-Clavicular nn nn n n Acrómio-Clavicular nn n n nn nn Ombro nn nn nn n n nn nn Cotovelo nn nn nn n n nn nn Punho nn nn nn n n nn nn MCF I nn nn nn n n nn nn MCF II nn nn nn n n nn nn MCF III nn nn nn n n nn nn MCF IV nn nn nn n n nn nn MCF V nn nn nn n n nn nn IFP I nn nn nn n n nn nn IFP II nn nn nn n n nn nn IFP III nn nn nn n n nn nn IFP IV nn nn nn n n nn nn IFP V nn nn nn n n nn nn IFD II nn nn nn n n nn nn IFD III nn nn nn n n nn nn IFD IV nn nn nn n n nn nn IFD V nn nn nn n n nn Coxo-Femoral nn nn n n nn nn Joelho nn nn nn n n nn nn Tíbio-Társica nn nn nn n n nn Tarso nn nn n n nn Astrágalo-calcaneana nn nn n n nn nn MTF I nn nn nn n n nn nn MTF II nn nn nn n n nn nn MTF III nn nn nn n n nn nn MTF IV nn nn nn n n nn nn MTF V nn nn nn n n nn nn IF I nn nn nn n n nn nn IF II nn nn nn n n nn nn IF III nn nn nn n n nn nn IF IV nn nn nn n n nn nn IF V nn nn nn n n nn Coluna Cervical n n nn Coluna Dorsal n n nn Coluna Lombar n n Sacro-Ilíacas nn

Dolorosas Tumefactas Com Movimentos Limitados

Número Total de Articulações nn nn nn nn nn nn

Legenda: MCF= Metacarpofalângicas (I a V – 1º a 5º dedo das mãos); IFP=Interfalângicas proximais (I a V – 1º a 5º dedo das mãos); IFD= Interfalângicas

distais (II a V – 2º a 5º dedo das mãos); MTF= Metatarsofalângicas (I a V – 1º a 5º dedo dos pés); IF= Interfalângicas dos dedos dos pés (I a V – 1º a 5º

dedo dos pés). Com uma cruz, ou preenchendo totalmente o respectivo quadrado, indicam-se as articulações atingidas e o tipo de envolvimento detectado.

Referências

Documentos relacionados

Parte I – Definição dos critérios de doença inativa e remissão em artrite idiopática juvenil/artrite reumatóide juvenil. Machado C, Ruperto N: Consenso em

RESPONSÁVEL PELA AVALIAÇÃO Processo: Fatura Telefônica p/ conferência 2008 2012 0603080054234 Processo: Fatura Telefônica p/ conferência 2008 2012 0603080046061

Tendo em mira a objetividade, busca-se a infração cometida pelo agente ou particular, prescindindo-se da intenção de agir com dolo ou culpa, pois são elementos

Trypanorhynch cestodes, such as Callitetrarhynchus gracilis (Rudolphi, 1819) Pintner, 1931, and Pterobothrium crassicole Diesing, 1850, are of hygienic-sanitary importance due

Estes novos recursos foram vinculados com as seguintes destinações: equalização dos encargos financeiros incidentes nas operações de crédito para inovação

Axelin et al (2009) comprovaram que o uso da glicose oral em prematuros durante os procedimentos de punção de calcâneo e aspiração endotraqueal é muito eficaz, diminuindo a

Assim, o presente estudo tem por objetivo analisar se empresas brasileiras abertas com maiores níveis de social disclosure recebem melhores ratings de crédito por partes

RELAÇÃO DE FATORES DE CORREÇÃO E ÍNDICE DE CONVERSÃO (COCÇÃO) DE ALIMENTOS... Medidas caseiras