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O USO PEDAGÓGICO DAS TECNOLOGIAS DE VÍDEO E TELEVISÃO: ANÁLISE DO PROGRAMA TV ESCOLA NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO - SC

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

ROSIMAR RAMOS DA MOTA

O USO PEDAGÓGICO DAS TECNOLOGIAS DE VÍDEO E

TELEVISÃO: ANÁLISE DO PROGRAMA TV ESCOLA NO

MUNICÍPIO DE TUBARÃO - SC

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Educação e Cultura, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre.

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

O USO PEDAGÓGICO DAS TECNOLOGIAS DE VÍDEO E

TELEVISÃO: ANÁLISE DO PROGRAMA TV ESCOLA NO

MUNICÍPIO DE TUBARÃO - SC

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________ Profª. Elisa Quartiero, Dra. – UDESC

Orientadora

_______________________________________________ Prof. Luis Gonsaga Mattos Monteiro, Dr. - UDESC

_______________________________________________ Prof. Ademir Damazio, Dr. - UNESC

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, fonte de luz e sabedoria.

À professora ELISA Mª QUARTIERO, que, com paciência e competência, soube me conduzir até o final desta caminhada.

Aos professores, especialistas e diretores das escolas pesquisadas, pela participação e contribuição.

A CONCEIÇÃO BITTENCOURT, pelo apoio e amizade nos momentos difíceis.

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SUMÁRIO

RESUMO ... 10

ABSTRACT ... 11

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 CAPÍTULO I TELEVISÃO E VÍDEO NA EDUCAÇÃO ... 16

2.1 AS TECNOLOGIAS COMO MEIO DE TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO... 16

2.2 ATELEVISÃO INFLUENCIA A CULTURA?... 25

2.3 TELEVISÃO E VÍDEO:BREVE RETROSPECTIVA HISTÓRICA... 28

2.4 COMPETÊNCIAS DOS PROFESSORES PARA EDUCAR COM A TELEVISÃO... 30

2.5 AGESTÃO DAS TECNOLOGIAS DE VÍDEO E TELEVISÃO NO ESPAÇO ESCOLAR... 34

3 CAPÍTULO II O PROGRAMA TV ESCOLA ... 37

3.1 TVESCOLA:OBJETIVOS E ESTRUTURA OPERACIONAL... 37

3.2 TVESCOLA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:AALIANÇA NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES... 40

3.3 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA O USO PEDAGÓGICO DO VÍDEO E DA TELEVISÃO... 45

3.3.1 Curso Trama do Olhar: Formação do telespectador... 46

3.3.2 Curso TV na Escola e os desafios de Hoje... 51

3.4 A EXPERIÊNCIA DA UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES54 4 CAPÍTULO III ENTRE O DITO E O VISTO SOBRE O TV ESCOLA ... 57

4.1 A CHEGADA DO KIT TECNOLÓGICO NA ESCOLA... 58

4.2 A DESCENTRALIZAÇÃO: SOLUÇÃO OU PROBLEMA PARA O FUNCIONAMENTO DO PROGRAMA?... 60

4.3 A PROGRAMAÇÃO DO TVESCOLA... 63

4.4 O FUNCIONAMENTO DO PROGRAMA TVESCOLA NO ESPAÇO ESCOLAR... 68

4.5 ARECEPÇÃO DO PROGRAMA TVESCOLA NO ESPAÇO ESCOLAR... 71

5 CAPÍTULO IV DAS DETERMINAÇÕES DO SISTEMA AOS (DI)LEMAS DO PROFESSOR: DOIS OLHARES SOBRE O PROGRAMA TV ESCOLA NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO/SC ... 75

5.1 OOLHAR DOS PROFESSORES... 77

5.2 OOLHAR DOS GESTORES... 88

5.2.1 A organização e o funcionamento do Programa TV Escola... 89

5.2.2 O acervo da videoteca... 92

5.2.3 A relação do Programa TV Escola com o projeto político pedagógico... 94

5.2.4 A contribuição dos materiais impressos do Programa TV Escola na formação dos professores... 97

5.2.5 A capacitação do professor para o uso pedagógico do vídeo e da TV... 99

5.2.6 As mudanças na prática dos professores capacitados... 104

5.2.7 As dificuldades e soluções para o funcionamento do programa... 106

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 111

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 115

7 ANEXO I MODALIDADES DIDÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DO VÍDEO E DA TV ... 120

8 ANEXO II ENTREVISTA – RESPONSÁVEL PELO TV ESCOLA ... 132

9 ANEXO III ENTREVISTA A DIREÇÃO... 134

10 ANEXO IV QUESTIONÁRIO PROFESSORES ... 135

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABT – Associação Brasileira de Teleducação BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento BM – Banco Mundial

CETEB – Centro do Ensino Técnico de Brasília CNTE – Confederação Nacional dos trabalhadores CRE – Coordenadoria Regional de Educação EaD – Educação a Distância

FNDE – Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação FMI – Fundo Monetário Internacional

GEREI – Gerência Regional de Educação LDB – Lei de Diretrizes e Bases

MEB – Movimento de Educação de Base MEC – Ministério da Educação e Cultura

MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização NEEP – Núcleo de Estudos de Políticas Públicas PNE – Plano Nacional de educação

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PPP – Projeto Político Pedagógico RF – Rádio Freqüência

SACI – Sistema Avançado de Comunicação Interdisciplinar SDR – Secretaria de Desenvolvimento Regional

SED – Secretaria de Educação

SEDIAE – Secretaria de Desenvolvimento, Inovação e Avaliação Educacional SEI – Secretaria de Educação e Inovação

SEMTEC – Secretaria de Educação Média e Tecnológica TV – Televisão

UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense UNICAMP – Universidade de Campinas

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Formação dos professores ... 78

Gráfico 2: Participação dos professores nos cursos do TV Escola... 81

Gráfico 3: Uso do Programa TV Escola ... 83

Gráfico 4: Importância do material impresso ... 83

Gráfico 5: Causas do não uso do TV Escola ... 85

Gráfico 6: Contribuição do TV Escola para o uso Pedagógico do vídeo e da TV ... 85

Gráfico 7: O não funcionamento do TV Escola na escola ... 86

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Evolução da Educação a Distância ... 42

Tabela 2: Definições de Educação a Distância... 44

Tabela 3: Trama do Olhar... 46

Tabela 4: TV na Escola e os Desafios de Hoje ... 51

Tabela 5: Formação dos Multiplicadores Estaduais ... 62

Tabela 6: Capacitação dos Professores... 63

Tabela 7: Pesquisa NEPP... 68

Tabela 8: Escolas Pesquisadas... 77

Tabela 9: Formação dos gestores ... 89

Tabela 10: Gestores do programa na escola ... 89

Tabela 11: Cursos realizados para atuar no TV Escola ... 89

Tabela 12: Acervo das videotecas ... 92

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RESUMO

Este estudo discute as possibilidades oriundas dos atuais artefatos tecnológicos e suas implicações para a educação. Apontamos a necessidade de refletir sobre o uso pedagógico dos atuais meios de comunicação, com ênfase no vídeo e na televisão. Para tanto, analisamos a implementação do Programa TV Escola no município de Tubarão, SC e a sua contribuição para o uso pedagógico do vídeo e da televisão nas escolas públicas estaduais. A investigação centrou seu olhar sobre a formação de professores proposta pelo Programa TV Escola e nos limites e possibilidades da efetivação dos objetivos pospostos a partir da realidade das escolas públicas estaduais do município de Tubarão. Confrontamos os discursos dos órgãos oficiais responsáveis pelo Programa com o processo vivenciado nas escolas, pelos professores e gestores de cinco escolas da rede pública estadual do município de Tubarão. Esses dados permitem delinear o contexto do TV Escola e evidenciar que a concretização dos objetivos definidos pelos proponentes do Programa continua sendo um desafio para escola e para o sistema educacional.

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ABSTRACT

This study discusses the possibilities derived from the present technological artifacts and their consequences to education. We point the need to reflect on the pedagogical use of the present means of communication, specially the video and the television. With this purpose, we analysed the implementation of the Program “TV Escola” (School TV) in the municipality of Tubarão and its contribution to the pedagogical use of the video and the television in state public schools. The investigation was centered on the formation of teachers proposed by the Program “TV Escola”, and the limitations and possibilities of the accomplishment of the objectives proposed by the Program “TV Escola” starting from the reality of the state public schools in the municipality of Tubarão. We compared the speeches of the official agencies that are responsible for the Program with the process experienced in the schools, using the data gathered together with teachers and managers of five schools in the state public network of the municipality of Tubarão. These data allow for delineating the context of the “TV Escola” and for making evident that the realization of the objective defined by the proposers of the Program are still a challenge to the school and the educational system.

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INTRODUÇÃO

No momento atual, a escola pública está em um processo de constante introdução de equipamentos de base tecnológica no intuito responder ao desafio de formar cidadãos coetâneos a seu tempo. Entre estes equipamentos estão o vídeo e a televisão, que foram enviados para a maioria das escolas públicas por meio do Programa TV Escola. Este Programa é, hoje, uma das principais apostas do Ministério da Educação para a formação continuada dos professores visando dinamizar o processo de ensino-aprendizagem e, conseqüentemente, melhorar a qualidade do ensino realizado. O referido Programa abrange todas as áreas de conhecimento do Ensino Fundamental e Médio, além de possibilitar temas específicos para a formação de professores e especialistas da educação por meio de séries, como, por exemplo, o programa “Um Salto para o Futuro”.

No decorrer da nossa vida profissional sempre valorizamos os equipamentos audiovisuais como componentes didáticos que possibilitam novos modos de explorar o conhecimento. O interesse de investigar a temática - o Programa TV Escola - adquiriu maiores proporções a partir de 1998, quando passamos a atuar na orientação de aprendizagem junto ao programa “Um Salto para o Futuro”.

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Programa TV Escola, no ano de 2000, junto à 2a Coordenadoria Regional de Educação (CRE). Nesse setor, ao realizar o atendimento aos professores, tivemos a oportunidade de constatar que as suas experiências educativas revelavam a necessidade de formação para o uso pedagógico do vídeo e da televisão. Os relatos dos professores evidenciavam o desconhecimento sobre as possibilidades pedagógicas do vídeo e da televisão para o processo ensino-aprendizagem.

Há quase uma década foi criado o Programa TV Escola, sendo então distribuído às escolas públicas o chamado “kit tecnológico” (vídeo, televisão e parabólica), para a sua implementação. No entanto, pesquisas realizadas por instituições e pesquisadores, ligados ou não ao governo federal, apontam que os resultados esperados não foram alcançados. Esse contexto justificou e definiu a abrangência do nosso estudo, qual seja, “O Programa TV Escola no município de Tubarão/SC e a sua contribuição para o uso pedagógico do vídeo e da televisão nas escolas públicas estaduais”.

Especificamente, investigamos:

• a integração das tecnologias de vídeo e televisão no processo ensino-aprendizagem no município de Tubarão/SC, mais especificamente nas escolas públicas estaduais;

• a formação de professores proposta pelo Programa TV Escola;

• os limites e possibilidades da efetivação dos objetivos propostos pelo Programa TV Escola a partir da realidade das escolas públicas estaduais do município de Tubarão/SC.

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impressos divulgados pelo Programa (revistas, guia de programação, cadernos, etc.), boletins e fitas de vídeo do programa “Um Salto Para o Futuro”.

O texto aqui apresentado tem a estrutura descrita a seguir:

No primeiro capítulo, intitulado “Televisão e Vídeo na Educação” procuramos delimitar a temática dentro do panorama mais geral de educação. Analisamos diversos autores que discutem as possibilidades das tecnologias nesse momento histórico e suas implicações para a educação. Apontamos a necessidade de refletir sobre o uso pedagógico dos atuais meios de comunicação, assim como a influência da televisão na formação da identidade cultural. Discutimos, ainda, as competências necessárias para educar com os meios e a importância da gestão das tecnologias de vídeo e televisão no espaço escolar.

O segundo capítulo contextualiza o Programa TV Escola dentro do sistema educacional brasileiro, sua finalidade e estrutura operacional, especificando o papel das diferentes instâncias que participam da sua gestão. Analisamos a aliança do TV Escola com a Educação a Distância (EaD), destacando aspectos dessa modalidade de educação no país. Ressaltamos os elementos que caracterizam a qualidade necessária a projetos de EaD, a partir da definição do MEC de transformar o Programa TV Escola em um espaço de formação de professores a distância.

Neste capítulo também analisamos as duas experiências de capacitação realizadas na região da 20ª GEREI, envolvendo o curso “Trama do Olhar: Formação do telespectador”, série do programa “Um Salto Para o Futuro”e o curso “TV na Escola e os Desafios de Hoje”, com ênfase na experiência da Universidade do Extremo Sul Catarinense no papel de parceira na capacitação de professores.

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objetivo de descentralizar o Programa, a inserção frágil do Programa nos sistemas estaduais de educação. Evidenciamos que a escola pública não reúne condições organizacionais adequadas para a instalação e funcionamento do Programa.

O quarto capítulo reúne e analisa os dados sobre o funcionamento do Programa TV Escola, levantados junto aos professores e gestores de cinco escolas da rede pública estadual do município de Tubarão/SC. A ótica desses sujeitos delineia o contexto do TV Escola, ou seja, mostra que a concretização dos objetivos do Programa ainda continua sendo um desafio para a escola e para o sistema educacional.

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CAPÍTULO I TELEVISÃO E VÍDEO NA EDUCAÇÃO

Neste capítulo, fazemos uma retrospectiva histórica para compreender o papel das tecnologias no desenvolvimento da sociedade e na modificação da relação do homem com o conhecimento. Na perspectiva de diversos autores, convidamos a escola a assumir caminhos diferentes dos quais tem trilhado há séculos e apresentamos os princípios que podem nortear o processo de ensinar e aprender com o uso dos meios tecnológicos e comunicação. E, finalmente, discutimos as competências necessárias para os professores trabalharem com a televisão, com destaque ao processo de gestão das tecnologias no espaço escolar.

2.1

As Tecnologias Como Meio de Transformação da Sociedade e suas

Implicações para a Educação

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sobreviver, pois as pessoas têm o encargo de manter e enriquecer sua coleção de competências durante suas vidas”.

Ao analisar os períodos históricos, percebemos que eles correspondem a momentos em que a humanidade conseguiu criar tecnologias cada vez mais sofisticadas. O sistema produtivo de cada época caracteriza-se pelo uso de determinadas ferramentas de trabalho que provocam transformações no comportamento individual e social do homem. Verificamos, também, que o desenvolvimento tecnológico, em diferentes épocas, determinou os caminhos da política, da economia e da divisão social do trabalho. Para Lévy (1998), a tecnologia, sendo condicionante da cultura, abre possibilidades às transformações sociais e depende dos contextos em que se inserem, de seus usos e da concepção estabelecida a cada um destes.

Para Marx, a tecnologia “revela o modo de proceder do homem com a natureza, o processo imediato de produção de sua vida material e assim elucida as condições de sua vida social e as concepções mentais que dela decorrem” (apud PROPOSTA CURRICULAR DE SC, 1998, p. 32).

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no modo de produção passa a exigir do trabalhador o domínio, tanto dos conhecimentos específicos quanto gerais na área em que atua, como conseqüência do acúmulo e modificações rápidas e constantes nas informações. Recorremos ao pensamento de Heráclito para caracterizar a sociedade atual que se desenvolve e se transforma em extrema velocidade: “a mudança é a única coisa permanente”.

Assim como os filósofos da Idade Antiga, os intelectuais do nosso século utilizam diferentes metáforas para definir a sociedade contemporânea. Destacamos algumas delas levantadas por Bianchetti (2001): “Aldeia global”, “Sociedade pós-industrial”, “Sociedade pós-capitalista”, “Sociedade tecnotrônica”, “Sociedade da informação”, “Sociedade informática”, “Ciberspace”, “Sociedade do espaço virtual”, “Teia global”, “Infoera” etc. O entendimento de qualquer uma dessas definições resulta na necessidade de uma mudança de olhar. A visão holística e ecológica é proposta por Capra (1998) para explicar o mundo e a sociedade, não como uma coleção de partes desassociadas, mas como um todo integrado em que o homem tem percepção profunda para reconhecer a interdependência fundamental entre os fenômenos e os fatos. Esse é o pensamento sistêmico, delineado por uma nova forma científica de ver e pensar os acontecimentos no mundo. Na perspectiva do pensamento sistêmico, as tecnologias passam a ser vistas e pensadas como elementos condicionados e condicionantes das relações existentes na sociedade, ou seja, transformam a sociedade e, especificamente, o homem em sua maneira de pensar, sentir, agir, comunicar e adquirir conhecimentos, ao mesmo tempo em que são transformadas pelo uso que é dado a essas tecnologias.

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fundo sólido para nossa arca repousar.

A nova sociedade em construção, com base em diferentes formas de comunicação e relação com o conhecimento, tem desestabilizado a posição de conforto que a escola ocupa há séculos com seus princípios educacionais tradicionais.

A idéia de que o indivíduo ou um grupo de intelectuais possa ter o domínio total do saber, tornou-se ilusória. O volume dos conhecimentos científicos e técnicos disponibilizados, hoje e cada vez maior, evidencia a perspectiva intotalizável e indominável do conhecimento. Como analisa Lévy (1999, p.61): “pensar que poderíamos construir uma arca contendo ‘o principal’ seria justamente ceder a ilusão de totalidade”. E prossegue: “O saber da comunidade pensante não é mais um saber comum, pois doravante é impossível que um só ser humano ou mesmo um grupo domine todos os conhecimentos, todas as competências; é um saber coletivo por essência, impossível de reunir em uma só carne” (LÉVY,1998 p. 181).

O sujeito cognoscente deve refletir a provisoriedade dos conhecimentos ao considerar a velocidade do surgimento e renovação dos saberes. Na história da humanidade, a produção de conhecimentos nunca foi tão acelerada. Especialistas afirmam que o acúmulo de conhecimentos foi duplicado nessa última década e será triplicado nos próximos cinco anos. A cada minuto são processadas milhões de informações, provocando a necessidade de rever o já sabido, reorganizando em novas bases o saber acumulado. No processo de elaboração e apropriação do saber, não basta aceitar os novos conhecimentos, mas é necessário também se livrar dos velhos, para poder incorporar e implementar o novo. Assim pensa Bianchetti (2002, p. 205), quando explica a nova relação com o conhecimento.

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As informações, que permitem construir novos conhecimentos, não são mais prerrogativas da escola; contudo, estão difundidas nos diversos espaços sociais e disponíveis através dos meios de comunicação atuais, sobretudo, a televisão que é de fácil acesso a maior parte da população. Essa nova relação das pessoas com o conhecimento desafia a escola a repensar profundamente sua organização dos tempos, dos espaços, dos meios e das formas de ensinar e aprender.

Repensar o papel da escola a partir dessa nova sociedade é um dos grandes desafios que se apresenta à educação da próxima década. A sociedade está exigindo da escola a formação de um sujeito com competências e habilidades suficientes para ser crítico e autônomo diante da vida. Requer, no plano pedagógico, a materialização do acesso à cidadania para todos sem exclusão, onde se busque construir relações que pressupõem o desenvolvimento integral das capacidades humanas (HARVEY, 2001, p.12).

Nessa nova sociedade, estamos vivenciando um clima de revolução científica, epistemológica, cultural e tecnológica. O modelo de escola que temos - conservadora, reprodutora do conhecimento, repetitiva e acrítica - está sendo rejeitado pela sociedade. Entretanto, esta constatação não significa compreender e extinguir a escola que assim se configura, mas construir uma nova a partir dessa que temos. É necessário repensar o papel da escola, redefinindo-o de acordo com as atuais exigências sociais e estabelecer os caminhos para concretizá-lo. Essa é a estratégia para realizar a travessia da escola que temos para aquela que queremos.

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formação de um sujeito capaz de enxergar a sua parcela de responsabilidade nas questões sociais, concebendo a realidade como uma rede de relações. Capra (1999) define esse sujeito como o verdadeiro cidadão do século XXI, pois com o pensar sistêmico é capaz de situar-se e comprometer-se com a teia da vida1.

À escola cabe substituir a lógica de distribuição de conteúdos e informações pela lógica de comunicação. Implementar a lógica de comunicação requer novas formas de organizar o espaço e o tempo, as atividades e as relações com o conhecimento. Esse é outro possível caminho apontado por Silva (1998) para a superação do papel hegemônico da forma de transmissão e distribuição de informação, já que esse papel os meios tecnológicos oferecem de modo bastante atrativo e ao alcance da maioria das pessoas nos mais variados âmbitos da sociedade.

O caminho de transformação da escola, segundo Mercado (1998), está relacionado ao fato da instituição assumir-se como agência de socialização do conhecimento e de inserção das novas tecnologias no processo ensino-aprendizagem. Enfatiza a necessidade da escola assumir o compromisso de propiciar ao aluno o desenvolvimento de habilidades e competências, tais como: domínio da leitura, que implica a compreensão da escrita; capacidade de comunicar-se; domínio das novas tecnologias de comunicação e informação e de produção; habilidade de trabalhar em grupo; competência para identificar e resolver problemas; leitura crítica dos meios de comunicação de massa, capacidade de criticar a mudança social.

O modelo de escola que se configura, centrada no ensino, nos conteúdos, na avaliação, na operacionalização de um planejamento que se traduz em aulas expositivas e exercícios escritos precisa, urgentemente, ser modificado para uma escola centrada não só no aluno, mas na sua aprendizagem, assim explica Perrenoud (2001).

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Como podemos observar, o momento histórico exige um novo repensar pedagógico, algumas mudanças de paradigmas em relação ao ensinar e aprender. Muitas formas de ensinar hoje não se justificam mais. O professor está sendo pressionado a modificar a sua prática e oferecer um ensino de qualidade. A presença dos meios tecnológicos na escola não pode ser visto pelo professor como novas e coloridas formas de reproduzir práticas tradicionais, mas um convite para responder aos desafios de transformar o ensinar e o aprender. Frente a essas constatações, destacamos alguns princípios que devem ser considerados para ensinar e aprender com os meios tecnológicos.

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do conhecimento em torno do objeto ou do conteúdo” (1992, p.81.).

Saber ensinar exige saber como se aprende. As posições assumidas por Moran (2001) defendem que todo educador deve compreender como o sujeito aprende. O autor lista os diversos caminhos pelos quais temos a possibilidade de aprender. Aprendemos quando vivenciamos, experimentamos e sentimos; aprendemos quando estabelecemos vínculos, laços com que já sabemos, quando ampliamos a compreensão daquilo que nos rodeia; quando integramos o sensorial, o racional, o emocional, o ético, o pessoal e o social; pelo pensamento divergente e pela convergência; quando estamos antenados com o que acontece ao nosso redor; quando interagimos com os outros e com o mundo e interiorizamos realizando nossa própria síntese; aprendemos pelo interesse e necessidade e muito mais quando percebemos o valor, a utilidade para nossa vida; aprendemos pela criação de hábitos, automatização e repetição; pela credibilidade nas falas dos educadores; pelo prazer, porque gostamos do assunto; aprendemos quando conseguimos transformar nossa vida em um processo permanente, paciente, consciente e afetuoso.

Ensinar com as tecnologias poderá qualificar o processo ensino-aprendizagem se mudarmos, simultaneamente, nossa visão de ensino. É fundamental ter a compreensão que o aprendizado é significativo quando o professor consegue relacionar o ensino com a vida. O aluno precisa reconhecer a importância dos conhecimentos para sua formação. Nessa perspectiva o ensinar é muito mais do que falar e transmitir conteúdos, é se comunicar com credibilidade.

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disciplina passou ser impraticável porque o universo das informações estendeu-se e ampliou-se. É necessário buscar novas metodologias, caminhos coletivos de investigação na produção do conhecimento. Portanto, mais que apresentar e decorar conteúdos, os alunos precisam aprender a acessá-los, a pensar e a refletir sobre eles.

Os alunos estão, atualmente, em contato com as tecnologias, seja a televisão, o vídeo, a internet, como usuário da rede de informações. Por isso deve ser preocupação do professor possibilitar experiências de pesquisa e investigação a partir de problemas concretos que ocorrem no cotidiano de sua vida. A metáfora da construção de um prédio para ensinar e aprender está sendo substituída pela metáfora de rede, de teia2 (VASCONCELLOS, 1998). Portanto, mais importante do que transmitir conhecimentos é ensinar o aluno ir às fontes mediando essas relações.

Oportunizar a aprendizagem colaborativa é um dos paradigmas apresentados à educação nessa última década, pois explica que a construção do conhecimento ocorre em um processo dialético entre sujeito-objeto, sujeito-sujeito mediados pela cultura e pelo mundo (MORAN, 2001). Com a aprendizagem cooperativa, o professor torna-se um animador da inteligência coletiva de seus grupos de alunos. Sua atividade será centrada no acompanhamento e na gestão das aprendizagens. O professor irá mediar as relações estabelecidas no grupo, incitar a troca de saberes e orientar os percursos que levam aaprendizagem em vez de ser um fornecedor direto de conhecimentos (LÉVY, 2000).

Para alguns profissionais da educação superar o medo das tecnologias é um desafio a ser vencido. Sancho (1996) diz que a tecnofobia no espaço escolar pode ser observada em duas posições distintas: os que não utilizam por medo de danificar, ou por achar que em suas mãos, os equipamentos não irão funcionar, e aqueles para qual o uso de qualquer tecnologia

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representa uma ameaça a vida profissional, ou a posição de conforto assumida há anos, pois o uso dessas tecnologias exige planejamento, pesquisa, reflexão e criatividade. Por outro lado, cabe lembrar que os meios tecnológicos na escola não podem servir de escapismos para o professor se omitir do fazer pedagógico. Os meios tecnológicos não substituem o trabalho do professor.

O professor deve qualificar-se para o uso dos meios. A escola está estagnada pelas posições extremistas, os professores clamam por um suporte pedagógico sábio, consciente de seus potenciais, flexíveis às mudanças, aptos a vencerem com eficácia os desafios do cotidiano em sala de aula. Há urgência por profissionais em constante processo de atualização, com disponibilidade para aprender e inovar sempre que o contexto exigir. Gramsci considera que a formação do professor é determinante para um ensino de qualidade, diz que mesmo os melhores tipos de escola fracassam devido à deficiência dos professores (Apud. MANACORDA, 1990). O uso das tecnologias na educação desafia o professor a se apropriar de outros modos de explorar o conhecimento e a informação. Trabalhar com recursos diferentes requer um trabalho diferente. Torna-se indispensável reformular a maneira de trabalhar no processo de construção do conhecimento e ir em busca de novos conhecimentos pedagógicos e organizacionais da prática educativa. Levy (1996) justifica a necessidade da formação continuada para o professor quando elucida que a velocidade de surgimento e renovação dos saberes faz com que, rapidamente, as competências de um profissional tornam-se obsoletas. Essa constatação delineia uma nova concepção de trabalho. Trabalhar quer dizer, cada vez mais aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos.

2.2

A Televisão Influencia a Cultura?

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que escolhem esse meio de comunicação como objeto de estudo. Entretanto, há divergências quanto o papel da televisão na formação da identidade cultural. Ferrés (1998) analisa a televisão sob duas perspectivas: como meio de socialização de hábitos, atitudes, comportamentos e conhecimentos - sendo um instrumento eficaz na formação da identidade cultural - e como instrumento de consolidação de padrões, já existentes, ou com alguma predisposição para se estabelecer na sociedade.

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Os programas de televisão seduzem porque mostram um mundo fascinante tal como aquele que o telespectador gostaria de viver, pois sua realidade, muitas vezes, é triste e decepcionante. A TV transmite protótipos de sucesso social: atleta, mulheres bonitas, cantores sucedidos, artistas entre outros que são considerados heróis.

A célebre frase de Descartes: “Penso, logo existo”, hoje poderia ser substituída pelo princípio televisivo: “Consumo, logo existo”. O conteúdo veiculado da televisão estimula o consumo. Nesse contexto, temos uma geração que freqüenta shopping center na busca de um consumo que cure as tristezas e as agruras da vida cotidiana. A televisão é o reflexo e a sustentação de uma sociedade que vive para o consumo em um círculo vicioso e sem fim. Uma grande parte do conteúdo da TV é composta por anúncios de publicidade de produtos. Para criar o desejo de consumir, a TV tem de ter a maior audiência possível. Assim, temos a constatação de que “do ponto de vista educacional, o que mais preocupa é que os maiores consumidores de televisão costumam ser as pessoas culturalmente menos preparadas (FERRÉS, 1998)”.

Alguns intelectuais questionam o poder da TV como instrumento eficiente de inserção cultural. Acreditar que ela possa determinar os padrões do nosso tempo é uma visão equivocada. A TV não tem o poder de determinar o que as pessoas pensam, sentem e fazem, apenas consolida padrões existentes.

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2.3

Televisão e Vídeo: Breve Retrospectiva Histórica

A idéia de trabalhar com as imagens está diretamente ligada à história da civilização, pois existe desde a Idade da Pedra. Assistir televisão, portanto, tornou-se um hábito histórico e tem ligação com a experiência humana de olhar os objetos e a natureza no intuito de encontrar algum tipo de resposta, satisfação, distração e conhecimento.

Nos tempos primitivos, percebemos o homem como um ser desprotegido e submetido às forças da natureza. Por isso, a necessidade de procurar formação de grupo para se sentir mais forte. Da convivência grupal, surge a necessidade de comunicação que contribui para seu processo de desenvolvimento e que deixa de ser um instinto de sobrevivência para se transformar em uma prática cultural. Ele torna-se capaz de criar mensagens e de representar a realidade por meio de desenhos e esculturas e, a partir disso, trilhar o caminho das descobertas e invenções: a roda ajudou-o a transpor distâncias; por meio da invenção da escrita toda a experiência humana pode ser preservada; a tecnologia industrial imprime velocidade e qualidade à produção humana; a invenção da fotografia amplia a possibilidade da difusão da imagem; o cinema funde, definitivamente, imagem e som dando vida a quadros parados, permitindo-nos a reprodução da realidade; pelo telefone, rádio e depois a televisão e o computador, o homem pôde satisfazer o desejo de se comunicar ao vivo e a distância por meio de imagem e som.

Esses aspectos históricos mostram que a evolução humana é acompanhada pelo desenvolvimento de suportes (meios) que veiculam mensagens: pedra, argila, papiro, papel, televisão e computador. A televisão inaugura um novo período na história da comunicação ao tornar-se um veículo de comunicação de massa porque está presente em todos os espaços sociais como o meio mais poderoso de transmissão de informação acompanhado de ideologias.

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lugares, outros modos de vida e possamos refletir sobre a importância da imagem como registro e memória da humanidade. Pfromm Netto (1998, p.99) refere-se à televisão com a seguinte definição:

Sistema de transmissão eletrônica de imagens em movimentos e sons, por radiodifusão (broadcasting) ou a cabo, e de exibição dessas imagens em um receptor. As cenas são primeiramente convertidas em sinais elétricos. Estes, por sua vez, são transmitidos e reconvertidos em imagens visíveis nos receptores.

A televisão originou-se da integração de múltiplas contribuições após longos anos de experiências, invenções, acertos e malogros. Desde meados do século XIX, quando foi iniciada, possivelmente, em 1817 o químico sueco Jons Jacob Berzelius descobriu o selênio (metalóide químico). Com a invenção da energia elétrica, em 1873, os cientistas puderam criar a transmissão de imagem por meio de corrente elétrica. Em 1920, foram realizadas as verdadeiras transmissões, graças ao inglês Jonh Logie Baind. Na década de 1930, foram realizadas transmissões experimentais tanto na Europa como nas Américas, interrompidas pela II Guerra Mundial e sendo retomadas depois. As primeiras imagens da televisão datam de 1929, mas os primeiros resultados práticos foram conseguidos em 1940 nos Estados Unidos. O Brasil foi o quinto país do mundo a possuir emissora de televisão, depois dos Estados Unidos, Grã Bretanha, Países Baixos e França. O país assistiu as demonstrações públicas de televisão em 1939 e 1940. A primeira estação brasileira surgiu em 1950, em São Paulo. As transmissões em cores começaram em 1954 nos EUA e 18 anos depois no Brasil (PFROMM NETTO, 1988, p. 101).

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uma televisão sem tela, pois capta o sinal de rádio freqüência (RF), enviando para o aparelho de televisão. Grava também sinais de áudio e vídeo provenientes de outro videocassete, câmara ou disc laser” (SPANHOL, 2000, p. 10).

Em 1956, os americanos desenvolveram o sistema de videocassete que revolucionou a transmissão de televisão ao possibilitar a gravação com antecedência da maioria dos programas. No entanto, foi somente em 1969 que se fabricou o primeiro VCR, com duas a sete cabeças para gravar e ler trilhas de áudio e vídeo de fita magnética ou videodisco. Os equipamentos mais modernos dispõem de complexos mecanismos eletrônicos de programação automática, congelamento, reversão e avanço da imagem, câmera lenta e suporte físico de armazenamento de imagens e sons (SPANHOL, 2000).

2.4

Competências dos Professores para Educar com a Televisão

Os professores ainda não tomaram conhecimento de seu papel frente aos meios de comunicação. A integração da televisão na educação, apenas como um suporte técnico, não assegura novas formas e novos métodos capazes de qualificar o processo ensino-aprendizagem. Diante dessa constatação gostaríamos de refletir sobre algumas competências dos professores para educar com a televisão.

a) Modificar as concepções de educação

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Os professores sabem, podem e julgam. Os alunos não sabem não podem e não julgam”. As mudanças de concepções se traduzem na adoção de relações pedagógicas democráticas. Professor e aluno são parceiros de jornada na construção do conhecimento e em práticas pedagógicas inclusivas que evidenciam o compromisso com a aprendizagem de todos.

b) Superar posições contraditórias

O retrato da escola, nessa última década com a chegada das tecnologias de comunicação e informação, mostra que a integração desses meios, sobretudo da televisão, gira em torno de opiniões antagônicas. Eco (1988) classifica essas posições contraditórias, frente ao uso dos meio tecnológicos, em duas categorias: os apocalípticos e os integrados. Os apocalípticos são os que concebem a televisão como uma ameaça à formação dos alunos. Acreditam que a televisão é responsável pelos males físicos e psíquicos: problema de visão, passividade, consumismo, alienação etc. Em oposição a essas crenças estão os integrados que vêem a televisão como um instrumento que oportuniza a democratização do conhecimento e da cultura, a ampliação dos sentidos e potencialização da aprendizagem.

c) Conhecer a realidade dos alunos

A escola tem o compromisso de conhecer as experiências que os alunos vivem fora de seus muros. É fundamental conhecer o cotidiano do aluno no contexto familiar. Algumas pesquisas3 realizadas no Brasil revelam que as crianças tendem a consumir os programas de televisão igual ou maior número de horas dedicadas às atividades de ensino-aprendizagem nas escolas que freqüentam. Diante desse fato, percebemos que esse meio ocupa uma posição de

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destaque na vida dos alunos, sobretudo os de baixa renda. Sabemos que o baixo poder aquisitivo4 da maioria dos alunos impossibilita o acesso a outros tipos de atividades educativas no horário em que não estão na escola. A constatação sobre a realidade dos alunos deveria ser motivo para que a escola reconhecesse a importância de integrar a televisão na educação. O espaço escolar deve ensinar a respeito do meio televisual como elemento cultural que faz parte de seu meio, do mesmo modo que ensina sobre o governo, política, sociedade, jornais e outras instituições sociais.

d) Intervir na formação do telespectador

A televisão funciona cada vez mais na sociedade moderna como uma espécie de “escola paralela”, freqüentada pela quase totalidade das novas gerações. Os jovens e crianças brasileiras não apenas são assíduas freqüentadores da telinha, como têm sobre ela uma opinião positiva, considerando-a fonte de informação, meio de lazer e oportunidade de aprendizagem. Os alunos não podem ignorar os mecanismos internos e externos de funcionamento do meio de comunicação ao qual eles dedicam a maior parte do tempo. A televisão deveria remeter sempre à realidade e, às vezes, a realidade deveria recorrer à televisão para o seu enriquecimento com novas perspectivas, novos conhecimentos e experiências.

O contexto social e econômico da família na atualidade faz com que os pais encarem a TV como oportunidade de descanso, passatempo e até como forma de escapar da realidade difícil que enfrentam no dia-a-dia.

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É competência da escola5 intervir na formação do telespectador, desenvolver uma prática oposta das relações que a família estabelece com a televisão. Intervir na formação6 do telespectador significa educar para televisão, formar telespectadores conscientes, ativos e críticos, levar os alunos a dominarem a “linguagem televisual” para evitar que elas sejam dominadas por ela (BELLONI, 1996).

e) Assumir a TV como objeto de estudo

A compreensão dos meios como extensões do homem, permite uma abordagem da televisão a partir de uma de suas dimensões sugestivas. Qualquer invenção técnica pode ser considerada como extensão ou prolongamento de alguma faculdade humana. A mecânica seria uma extensão da mão; o automóvel seria uma extensão do pé; o rádio do ouvido; a televisão, da visão e do ouvido (...) (MACLUHAN, 1969 apud FERRÉS, 1998, p. 15).

A televisão, por ser uma extensão da faculdade humana para a comunicação, não deveria ser ignorada, mas incorporada ao currículo para ser transformada em objeto de estudo. Integrar a TV à sala de aula, em todas as áreas e níveis de ensino, significa otimizar o processo ensino-aprendizagem; possibilitar o aprendizado pelo envolvimento com as diferentes representações da realidade. A escola poderá desenvolver um trabalho de desmistificação dos meios, oportunizar aos alunos o conhecimento de como são realizados os programas ou como são feitos alguns truques televisivos, realizar o movimento dialético de sístole e diástole (aproximação e distanciamento) entre imagens e realidade. A televisão pode

5

Em nosso entendimento, os reajustes pelos quais as instituições educativas terão de passar não poderão prescindir de uma análise sobre os envolvimentos dos sistema e processos comunicativos na vida dos alunos, professores, diretores, assistentes pedagógicos educacionais etc. A escola continuará, para se fazer uso de uma redundância formal, mas com carga significativa ampliadora, sendo escola, portanto locus de sistematização e, sobretudo, produção de saber. “A leitura”dos sistemas de comunicação, no seu compósito de produção, circulação e, sobretudo, recepção, deve estar integrada aos fluxos críticos-dialógicos dos demais discursos com os quais a escola trabalha (CITTELLI, 2000, P.17).

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afastar da realidade, mas também é um estímulo para aproximar-se dela, uma motivação para interessar-se por ela, uma oportunidade para conhecê-la melhor.

A televisão realiza um efeito hipnótico de rejeição a realidade, pois apresenta uma realidade utópica, de sonhos. À escola cabe mediar, levando o aluno a uma fase reflexiva de descoberta das ideologias implícitas, tornando manifestos os conteúdos latentes. Esse papel de mediação pode resgatá-lo do estado de hipnose, fazendo-o assumir plenamente a sua realidade. Sob essa ótica, pode-se afirmar, então, que a escola cumpre uma função libertadora já que tem o poder de direcionar o aluno à compreensão do significado do que é transmitido pelos meios. Diante da televisão, não basta aos alunos a formação ética e humanística. É o conhecimento técnico e expressivo do meio que irá garantir uma atitude reflexiva e crítica frente ao mesmo (FERRÉS, 1998).

2.5

A Gestão das Tecnologias de Vídeo e Televisão no Espaço escolar

As competências para educar com os meios têm mais possibilidades de ser alcançadas em ambientes cooperativos e democráticos. Entendemos que, assim como professor, o gestor desempenha funções imprescindíveis na escola. A atuação do gestor no sentido de implementar ações é fator relevante para que o vídeo e a TV sejam integrados no processo ensino-aprendizagem. Na seqüência apontaremos ações que podem motivar o uso do vídeo e da televisão no processo educativo.

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Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar. É um instrumento teórico-metodológico para intervenção e mudança da realidade. É um elemento de organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de transformação (VASCONCELLOS, 1996, p. 168).

Nesse documento está explícito todas as metas, propostas e ações da escola. Nelas incluem-se as relacionadas ao uso dos meios.

O comprometimento do gestor em gerenciar adequadamente os meios na escola representa a estrutura de apoio às iniciativas pedagógicas. É necessário administrar esses recursos, de modo que estejam sempre em condições de uso, pois dessa forma os professores não poderão colocar obstáculos a sua integração no ensino (BARRETO, 2000).

Perceber e atuar, entendendo que a escola é um sistema constituído por todos, implicará no reconhecimento de sua participação na manutenção ou transformação da realidade educacional. Analisar o contexto escolar, refletindo sobre a sua responsabilidade na realidade em que se configura, poderá dar início a um processo de mudanças. O entendimento de que a aprendizagem dos alunos é um compromisso de todos e não somente do professor, leva o gestor a mobilizar ações para que o processo ensino-aprendizagem seja de qualidade.

O sucesso da política de integração do vídeo e da televisão no ensino está associado à aplicação dos recursos financeiros. Disponibilizar recursos para a manutenção dos equipamentos e compra de fitas é relevante para que professores e alunos possam usufruir deles. Os profissionais da escola percebem que as tecnologias são prioridades para gestão escolar e, progressivamente, passam a implementar o uso dessa linguagem.

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3

CAPÍTULO II

O PROGRAMA TV ESCOLA

Este capítulo contextualiza o Programa TV Escola no sistema educacional brasileiro. Evidencia sua finalidade e estrutura operacional, ao analisar o discurso dos seus proponentes junto ao Ministério da Educação – MEC, e o seu funcionamento na escola. Apresenta o desenvolvimento da Educação a Distância, as suas diferentes conceituações e explica a aliança entre o TV Escola e a Educação a Distância como política de formação de professores. Por último, analisa e discute as experiências de capacitação realizadas na região da 20ª Gerência de Educação e Inovação (GEREI).

3.1

TV Escola: Objetivos e Estrutura Operacional

“Melhorar a qualidade do ensino público no país”. Esse foi o axioma que legitimou e levou ao ar o Programa TV Escola. Para garantir seus objetivos, o Programa é implementado com base na descentralização e na autonomia envolvendo os sistemas federal, estadual e as instituições de ensino.

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com sinais gerados pela Fundação Roquete Pinto para o satélite de comunicação Brasilsat-I (DRAIBE; PEREZ, 1999). Foi criado, segundo o Ministério da Educação7, para o aperfeiçoamento e valorização dos professores da rede pública e para o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem. O MEC aponta inúmeras possibilidades de uso do TV Escola8: desenvolvimento profissional de gestores e docentes, dinamização das atividades de sala de aula, preparação de atividades extra-classe, recuperação e aceleração de estudos, utilização de vídeos para trabalhos de avaliação do aluno, revitalização da biblioteca e aproximação escola-comunidade.

Sua estrutura operacional tem como características a descentralização e a autonomia, sendo dividida em três instâncias, cada uma delas com atribuições específicas para o funcionamento do Programa:

• A primeira, instância federal, por meio da Secretaria de Educação a Distância (SEED), tem responsabilidades voltadas à produção e à execução dos programas, à pesquisa, à compra e à dublagem de vídeos e de programas, à articulação com as secretarias estaduais e prefeituras e a produção e distribuição de material impresso;

• A segunda, instância estadual, integra as secretarias estaduais de Educação, encarregadas de orientar as escolas e de capacitar os professores para a utilização do programa;

• A terceira, as unidades escolares, é responsável pela: gravação dos programas exibidos, montagem da videoteca, indicação de um profissional para coordenação de atividades, criação de condições para que os professores assistam aos programas e divulgação de material impresso (DRAIBE, PEREZ, 1999).

O Programa TV Escola foi ao ar, em caráter experimental, no dia 4 de setembro de 1995, em duas escolas públicas estaduais na cidade de Teresina, Estado do Piauí. Este

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Relatório TV Escola 1996-2002, disponível em http.www.mec.gov.br/seed/tvescola/relativ.shtm

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primeiro programa teve quatro horas de duração e foi repetido por três vezes nesse mesmo dia. Nesse período, de lançamento, o TV Escola era uma atribuição da Secretaria de Desenvolvimento, Inovação e Avaliação Educacional – SEDIAE. No entanto, com o Decreto nº 1.917, de 27 de maio de 1996, que alterou a estrutura do MEC, foi extinta a SEDIAE e criada a Secretaria de Educação a Distância – SEED, que se tornou, então, responsável pela execução do Programa. A então Secretária de Desenvolvimento, Inovação e Avaliação do Ministério da Educação e Cultura, Mª Helena Guimarães de Castro, ao ser entrevistada em setembro de 1995, sobre os objetivos de criação do TV Escola, declarou que a criação do Programa responde a duas grandes diretrizes estabelecidas:

A primeira delas é o compromisso com as ações voltadas à valorização do Magistério, uma vez que nossa programação irá priorizar a capacitação continuada das redes públicas de educação básica. A segunda diretriz está compromissada com a melhoria da qualidade do ensino. Aqui a TV Escola entra como um recurso de apoio à sala de aula, oferecendo programas de qualidade que complementem o trabalho do professor e auxiliem no processo ensino-aprendizagem (REVISTA DA TV ESCOLA Nº I, 1995, p. 03).

O programa foi inaugurado com forte apelo político, no sentido de cumprir algumas das metas centrais do programa eleitoral do então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, tais como a valorização do professor e o compromisso com a descentralização administrativa. Em maio de 1995, o presidente declarou em programa de rádio, quando do lançamento do programa TV Escola: “O TV Escola é um projeto capaz de treinar e apoiar os professores em sala de aula, a fim de melhorar a qualidade do ensino no Brasil” (apud TOSCHI, 2001, p.91).

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3.2

TV Escola e Educação a Distância: A Aliança na Formação dos

Professores

Para um país como o Brasil, com gigantesca extensão territorial e falta de oportunidades educacionais para atender a uma demanda significativa de profissionais, a política de formação de professores, na modalidade educação a distância, é apresentada como a melhor alternativa para a qualificação de professores, com vistas à melhoria da prática pedagógica. Experiências realizadas em países como Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Holanda e Alemanha9, parecem comprovar ser possível instituir a formação a distância com resultados tão positivos quanto os dos cursos da educação presencial.

Na presente década, a atuação do professor vem sendo questionada. As atuais necessidades educacionais exigem dos professores competências específicas como forma efetiva de responder à complexidade da organização da instituição escolar e do trabalho pedagógico na atualidade (SIGNORELLI, 2001). Para Perrenoud (2000), a utilização das tecnologias está entre as dez competências10 que devem compor o ofício do professor nos dias de hoje. A competência para utilizar adequadamente as tecnologias, mais especificamente o vídeo cassete e a televisão, não é simplesmente um conjunto de saberes e habilidades, mas a capacidade de pôr em prática esses saberes no processo ensino-aprendizagem. O professor precisa estar preparado para realizar seu trabalho consciente de que vive em um mundo em que os meios tecnológicos disponíveis podem ajudar o raciocínio e a construção do conhecimento pelos alunos, uma vez que a aprendizagem acontece de várias maneiras e em diversos espaços (MORAN, 2001).

A Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96, no seu artigo 87, reforça a necessidade de melhorar o nível de formação dos profissionais, determinando que os municípios, os estados e

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RODRIGUES, Rosângela Schwarz. Modelo de Avaliação para Cursos no Ensino a Distância: estrutura, aplicação e avaliação. Disponível em http//.eps.ufsc.br/disserta98/roser/cap2.htm

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a União devem realizar programas de capacitação para todos os professores em exercício, inclusive na modalidade a distância. Para compreender a atual proposta política de educação a distância para a formação de professores, destacamos o conceito de EaD do Ministério de Educação e Cultura, divulgado no Decreto Nº 2.494, de 1998, no seu artigo primeiro. “A EaD é uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação” (CURY, 2002, p. 143).

Essa definição, associada às considerações de Preti (1996), as quais apontam os elementos que caracterizam essa modalidade de ensino, permite uma visão mais ampla sobre a mesma.

• A distância física professor-aluno: não há necessidade da presença de um interlocutor direto.

• Estudo individualizado e independente: o estudante é capaz de ser autodidata, ator e autor de suas práticas e reflexões.

• Processo de ensino-aprendizagem mediatizado: oferecimento de suportes e estruturas que viabilizem os estudos.

• Uso de tecnologias: permitem romper as barreiras da distância.

• Comunicação bidirecional: estabelecimento de relações dialógicas, criativas, críticas e participativas.

Além de ter clara essa definição, é fundamental saber que as transformações ocorridas nessa modalidade de ensino estão ligadas às mudanças na utilização das tecnologias. Por isso, para compreender a política de EaD no Brasil, realizamos um breve recuo na história.

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supomos, pois, no ano 50 da era Cristã, as cartas manuscritas, trocadas entre os cristãos para propagar a fé em Jesus Cristo, eram uma forma de educação a distância. A invenção da imprensa por Gutenberg, no século XV, e o avanço das tecnologias de comunicação e de informação, atualmente, compõem o quadro dos principais meios que possibilitaram a multiplicação e o aperfeiçoamento da EaD.

Para explicar a evolução da EaD, Belloni identifica três gerações dessa modalidade de educação, cujas características foram marcadas pelo uso de inovações tecnológicas da área de comunicação.

Tabela 1: Evolução da Educação a Distância

Geração Período Características

1ª Final do século XIX Ensino por correspondência, limitando a interação entre professor e aluno aos períodos de exames finais.

2ª Anos 60

Meios audiovisuais (programas de vídeo e áudio) associados ao uso de materiais impressos, fundamentados

nas concepções behaviorista e industrialista.

3ª Anos 90

Disseminação das novas tecnologias de informação e comunicação (e-mail, lista de discussões, CD-ROM etc.)

implicando programas e cursos com maior interação. Fonte: Belloni, (1999, p. 56).

A educação a distância avançou em termos quantitativos e qualitativos no cenário internacional nas últimas décadas, configurando uma longa história de sucessos e fracassos, acompanhada pelo desenvolvimento tecnológico de cada época. As experiências internacionais com EaD que merecem maior destaque são aquelas realizadas pelas seguintes universidades: Athabasca Universty (Canadá), University of Wisconsin (EUA), Penn State University (EUA), Fern Universität – Hagen (Alemanha), Open University (Grã-Bretanha), The Open University of the Netherlands (Holanda), Indira Gandhi National Open University (Índia) e Radio e Television Universities (China).

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Pimentel11 (1995) destaca os projetos mais relevantes para a história da EaD no Brasil: o Serviço de Radiodifusão do MEC, o Movimento de Educação de Base – MEB, a instalação de nove emissoras de TVs educativas, o Projeto Minerva, a Associação Brasileira de Teleducação – ABT, o Programa Nacional de Teleducação, o Projeto SACI (Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares), a criação do CETEB (Centro de Ensino Técnico de Brasília), o Telecurso 2º Grau, e seu desdobramento no Telecurso 2000, o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), o POSGRAD (Pós-Graduação Tutorial a Distância), Salto para o Futuro, entre outros.

As iniciativas que não obtiveram o sucesso esperado criaram uma imagem de descrédito que ficou ligada à modalidade a distância, ocasionando o surgimento de fortes grupos de resistência entre os profissionais envolvidos com a educação. A utilização das atuais tecnologias, que permitem interações cada vez maiores entre alunos e professores, está se constituindo um caminho estratégico para a reconstrução da credibilidade dos processos educacionais realizados a distância.

Na seqüência, apresentamos diferentes conceituações de educação a distância em diferentes épocas da sua utilização.

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Tabela 2: Definições de Educação a Distância

AUTOR DEFINIÇÃO ANO

Dohmem Forma organizada de auto-estudo. 1967

Moore Método de instrução. 1972

Peters Método racional de partilhar conhecimentos. 1973 Holmberg Várias formas de estudo em vários níveis. 1977 Cropley e Kahl Educação baseada em procedimentos. 1983 Rebel Modo não contíguo de transmissão de conteúdo e aprendizagem. 1983 Aretio Sistema multimídia de comunicação bidirecional. 1984 Malcom Tighthi Formas de aprendizagem organizadas entre os aprendentes e os envolvidos

no processo. 1988

Morre Relação de diálogo, estrutura e autonomia que requer meios técnicos. 1990

Sarramona Metodologia de ensino. 1991

keegan Conjunto de estratégias educativas. 1991

Gutierrez Proposta alternativa orientada pela mediação pedagógica. 1994

Moore Aprendizado planejado. 1996

Tripathi Experiência planejada de ensino. 1997

Fonte: Belloni (1999, p. 25-32) e UFSC (1998, p. 21-26).

A educação a distância proposta para a capacitação de professores não pode ser apenas uma resposta às diretrizes legais de um determinado governo. É necessário que seja encampada como um amplo e contínuo processo de mudanças que visem a atualização permanente do professor e que possibilitem a adoção de novos paradigmas educacionais. A formação a distância de qualidade prepara o profissional para trabalhar com seus alunos de maneira mais rica, moderna e dinâmica. Isso, no entanto, só acontece quando os elementos que integram o curso: infra-estrutura, material impresso, tutoria, interatividade; etc. têm um determinado grau de qualidade aferido por aqueles envolvidos no processo de formação. Neves (2001) compara a qualidade necessária a projetos de educação a distância a uma rede de pesca, na qual os vários nós se unem para alcançar um objetivo. A fragilidade de um dos nós pode comprometer o resultado esperado.

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planejamento, sem rigidez excessiva para adaptar os programas às necessidades dos cursistas; g) material impresso com conteúdo sólido; e h) sistema tutorial eficiente. Esses critérios evidenciam que a formação de docentes a distância não é um processo simples, exige desafios principalmente ligados à interatividade e à sintonia com as diferentes demandas individuais e sociais.

3.3

A educação a distância na formação do professor para o uso

pedagógico do vídeo e da televisão

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3.3.1 Curso Trama do Olhar: Formação do telespectador Tabela 3: Trama do Olhar Série: Trama do olhar: formação do telespectador

Objetivo Programas Enfoque

PGM1 A questão histórica.

Imagem como instrumento de registro histórico da humanidade, papel do professor no uso das diferentes

linguagens; alfabetização visual.

PGM2 Entender para avaliar.

Gramática da linguagem visual; importância da TV para educação; os recursos da imagem para enriquecer a

percepção de mundo; uso técnico e político da TV.

PGM3 Um novo recurso para contar histórias.

Diferenças e semelhanças entre a narrativa literária e a audiovisual; as mudanças ocorridas da passagem do meio

lingüístico para o visual. PGM4 O vídeo vai aonde você

não pode ir.

Quando usar o vídeo? Como? Intervir de que forma? O que

fazer depois da exibição? Discutir e destacar possibilidades

pedagógicas para trabalhar com os recursos de vídeo e televisão,

comprometendo-se com o currículo escolar e a aprendizagem dos alunos.

PGM5 Aonde o vídeo não vai.

O vídeo não deve substituir a experiência concreta com materiais e objetos; o professor

não pode fetichisar o vídeo. Fonte: Cadernos da TV Escola: Trama do Olhar. Brasília, 1998.

A série “Trama do Olhar: Formação do Telespectador” do Programa de formação de professores “Um Salto Para o Futuro” foi uma experiência significativa como curso de capacitação dos professores para o uso pedagógico dos recursos de vídeo e TV. Consideramos importante discutir e analisar essa série e apresentar nossa experiência na realização do curso, já que vem ao encontro de nossos objetivos de pesquisa.

O curso “Trama do Olhar” foi oferecido por duas vezes no teleposto da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, na cidade de Tubarão, com carga horária diária de 4 horas, totalizando 20 horas/aula.

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propagandas, etc.), esta série apontou possibilidades pedagógicas para o trabalho com recursos tecnológicos, comprometendo-se com o currículo escolar e com a aprendizagem dos alunos.

Por conhecer os princípios pedagógicos que orientam o “Programa Formação do Telespectador: Uma Experiência de Educação para Mídia”, e por ter gravado e analisado a série “Trama do Olhar”, avaliamos que a união desses dois programas seria importante para a qualificação do professor. A série Um Salto para o Futuro e o Programa Formação para a Mídia poderiam contribuir, colocando à disposição do professor recursos e possibilidades pedagógicas para o trabalho com vídeo e TV, além de capacitá-lo como mediador pedagógico nas relações do aluno com a TV . Os vídeos “Uma máquina muito especial”, “Nossa vida com a televisão”, “Intervalo comercial”, “A magia da Televisão”, “Heróis e heroínas”, “Para além do bem e do mal” e “Uma janela para o mundo” oportunizaram aos participantes o exercício da metodologia proposta pelo programa. Os professores tiveram a possibilidade de analisar e descobrir as vertentes de exploração dos conteúdos relacionados com as disciplinas do currículo do Ensino Fundamental.

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O programa número 2, “Entender para avaliar”, fala sobre a gramática da linguagem visual, os elementos em jogo na construção de um produto audiovisual, as formas de representação do espaço e do tempo: rupestre, infantil, clássica, moderna, contemporânea, escultura, fotografia, cinema, televisão, vídeo etc. Convida o educador a refletir a questão do tempo: o tempo real, a representação do tempo, o tempo psicológico, os elementos da imagem (ponto, cor, luz e sombra, o bi e o tridimensional). O educador também é convocado a analisar a importância da televisão para educação, a diferença entre TV, cinema e vídeo, o poder da linguagem dos meios audiovisuais na formação de uma consciência crítica sobre os meios audiovisuais, as diversas formas de utilização dos recursos de imagem para enriquecer a percepção de mundo e a televisão como meio de informação, de conhecimento e veículo de socialização. O conteúdo deste programa leva o telespectador a compreender as palavras de Freire (1984), quando explica que a televisão não é um instrumento de uso puramente técnico, mas também político. A linguagem audiovisual deve ser somada à linguagem escrita, pois é na conciliação destas linguagens que está a riqueza do trabalho pedagógico.

“Um novo recurso para contar histórias” é o programa 3 desta série. Discute as diferenças entre a narrativa literária e a audiovisual, suas particularidades e semelhanças, os códigos que devem ser compreendidos em cada linguagem e a importância do estímulo da imaginação. Neste programa, tomamos conhecimento de que a adaptação de um livro para o cinema não impõe fidelidade, já que é uma recriação em uma nova linguagem, a partir da “leitura” do livro feita pelo cineasta. Há uma mudança inevitável quando se passa do meio lingüístico para o meio visual. O realismo que percebemos nos filmes não significa a cópia da realidade tal como ela é, mas a capacidade de fazer associações e relações de diversos aspectos da realidade, recriando-a (ALEA, 1984 apud TRAMA DO OLHAR, 1998).

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mas que a maioria dos educadores não têm conhecimento: quando usar o vídeo? Como? Intervir de que forma? O que fazer depois da exibição? O programa demonstra por meio de uma pequena história os grandes recursos oferecidos pelo uso do vídeo, em sala de aula. O vídeo amplia nosso olhar, torna a escola uma instituição global e sem fronteiras. Entretanto, deixa claro que jamais substitui o professor, é apenas uma ferramenta que ajuda no processo ensino-aprendizagem. O grande maestro da orquestra é o professor. Utilizar o vídeo na educação significa trabalhar com o simbólico, o lúdico, o artístico, o musical e o ecológico, significa ter consciência de que os alunos integram uma geração audiovisual (BABIN, 1989 apud TRAMA DO OLHAR, 1998).

“Aonde o vídeo não vai” é o último programa da série Trama do Olhar. Esse programa sinaliza que o vídeo por si só não garante o aprendizado. O vídeo não deve substituir a experiência concreta com materiais e objetos, pois o aluno constrói o conhecimento pelos diferentes sentidos. Discute-se a relevância da experimentação para o aprendizado. O vídeo não dá conta de desenvolver todos os potenciais ou inteligências. O professor em sala de aula não pode “fetichisar” a tecnologia, mas mostrá-la como um produto da elaboração humana, construída a partir de conhecimentos trazidos pelos vários tipos de experimentação.

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No decorrer do curso, observamos no depoimento dos professores a carência de formação para trabalhar com esses recursos tecnológicos. Percebemos, também, a satisfação de estar participando e levar consigo uma bagagem que poderá modificar suas práticas no uso desses recursos em sala de aula. Entretanto, algumas falas e atitudes evidenciaram dificuldades para implementar na escola as propostas pedagógicas do curso, por diversos motivos: infra-estrutura inadequada, falta de tempo para planejar e selecionar o material de vídeo necessário e continuar aprofundando a temática, apoio da direção e especialistas, desvalorização profissional etc.

Frente à experiência realizada constatamos que o curso foi apenas o começo de um processo de formação que deveria ser continuado e estendido a todos os professores. Para tal, é imprescindível que os sistemas educacionais saiam dos discursos e garantam na prática a educação integral, moderna e dinâmica que capacite para a vida social e o exercício da cidadania. Essa garantia é resultado de ações concretas que ofereçam à escola sustentação e condições para avançar, abrir-se aos novos paradigmas educacionais, integrando ao ensino novas técnicas e linguagens.

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3.3.2 Curso TV na Escola e os desafios de Hoje

Tabela 4: TV na Escola e os Desafios de Hoje Curso: TV na Escola e os Desafios de Hoje

Objetivo Módulos Conteúdos

1.Tecnologias e Educação.

A importância das tecnologias na prática pedagógica; a linguagem

da TV e os novos modos de compreendê-la; a evolução social

do homem associada ao desenvolvimento tecnológico; a

televisão como ferramenta de novas formas de aprendizagem.

2. Usos da Televisão e do Vídeo na Escola.

Os usos da TV e do vídeo no currículo escolar; as possibilidades pedagógicas de

trabalhar com os diferentes gêneros televisivos; a presença da

televisão na escola como cultura; as funções do vídeo e da televisão

e seu papel frente aos conteúdos de cada área de conhecimento;

metodologias, o papel da televisão na construção da gestão

democrática e formação continuada. Capacitar os profissionais de

instituições públicas de ensino fundamental e médio para o melhor uso, no cotidiano da

escola, dos recursos proporcionados pelas tecnologias

de informações e da comunicação, com ênfase na

linguagem audiovisual.

3. Experimentação, Planejamento, Produzindo e Analisando.

A compreensão do processo de produção e análise de mensagens

audiovisuais; a presença das tecnologias no projeto político

pedagógico. Fonte: TV na Escola e os Desafios de Hoje. Módulos I, II e III.

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Tabela 1: Evolução da Educação a Distância
Tabela 2: Definições de Educação a Distância
Tabela 4: TV na Escola e os Desafios de Hoje
Tabela 5: Formação dos Multiplicadores Estaduais
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Referências

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