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19° CONGRESSO BRASILEIRO DE ARQUITETOS RECIFE – OLINDA 2010

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Academic year: 2019

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19° CONGRESSO BRASILEIRO DE ARQUITETOS

RECIFE – OLINDA 2010

APRENDENDO COM OS CONCURSOS PÚBLICOS DE URBANISMO.

OS EPISÓDIOS DE BRASÍLIA (1957-2002)

Sessão da Programação:

Temática 1 – A Arquitetura

1C. Os Processos de Preservação do Patrimônio Histórico

Autor: Frederico Flósculo Pinheiro Barreto

Arquiteto e Urbanista

Mestre em Planejamento Urbano

Doutor em Psicologia do Desenvolvimento Humano e Saúde

Filiado ao Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Distrito Federal

Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília

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APRENDENDO COM OS CONCURSOS PÚBLICOS DE URBANISMO.

OS EPISÓDIOS DE BRASÍLIA (1957-2002)

Brasília, Distrito Federal, até os dias de hoje, somente teve dois concursos de âmbito nacional, relacionados ao seu urbanismo. O primeiro foi o do próprio projeto da cidade, promovido em 1957, com 22 concorrentes, sendo vencido por Lucio Costa. O segundo foi destinado a um tema algo surpreendente para uma cidade então com apenas 42 anos: a revitalização de uma extensa área central da cidade, cuja aparente crise ou de-vitalidade atingira tal estágio que obrigou o Governo do Distrito Federal a proceder a um Concurso Público Nacional de Idéias e Estudos Preliminares de Arquitetura e Urbanismo para a Revitalização da Via W3, em Brasília, Distrito Federal, em 2002.

Esta comunicação pretende oferecer alguns elementos para uma discussão dos Concursos Públicos em nossa área de Arquitetura e Urbanismo, em geral, mas especialmente de concursos públicos envolvendo cidades inteiras ou significativas frações de nossas cidades. Mais especificamente ainda, o debate ocorre sobre os dois concursos públicos nacionais de urbanismo que ocorreram para/na Capital Federal, até os dias de hoje, nos episódios de 1957 e, 45 anos depois, em 2002.

Por quê haveria algo a aprender com Concursos Públicos de Urbanismo? Em primeiro lugar, por envolverem problemas urbanos de grande abrangência, conferindo enorme visibilidade à área de atuação do arquiteto e urbanista e, portanto, uma esmagadora responsabilidade profissional. Em segundo lugar, porque podem implicar – ainda que não seja uma implicação necessária – o aporte teórico renovador para a compreensivelmente complexa área do projeto e da gestão urbana, e vale o esforço do exame apurado de cada episódio de competição pública, em benefício do avanço de nossa ciência das cidades. Há, ainda, um grande número de pontos a serem oferecidos, que sustentam a importância da análise das competições profissionais no campo do urbanismo, mas o autor oferece, para o momento, uma derradeira: porque podem mostrar cruciais contradições entre o universo dos problemas urbanos e o universo das auto-representações dos arquitetos, deduzidas de suas práticas profissionais no âmbito público, que traem a influente presença de círculos de privilegiados, que monopolizam politicamente a atividade do projeto urbano, mesmo sem liderança intelectual.

No caso de Brasília, são notórios os extraordinários desdobramentos da proposta de Lucio Costa, magistral, e que resultou numa fração inicial do que hoje é Brasília, de inegável beleza e valor urbanístico. Contudo, devemos considerar pelo menos três aspectos desse notável concurso que ainda permanecem sub-avaliados, e que tiveram grande repercussão na evolução da cidade real: (1) o fato de Lucio Costa não ter cumprido o Edital, com respeito às propostas de crescimento da cidade, (2) o fato de o seu Plano Piloto ser, na verdade, uma espécie de objeto isolado e irrepetitível, e (3) o fato de que as 4 escalas conceituais da cidade (monumental, gregária, bucólica, residencial) nunca terem sido esclarecidas em suas inter-relações e dimensões específicas, mas terem se oferecido a interpretações independentes, livres, ilimitadas.

O segundo Concurso Público de urbanismo, nacional e dirigido à Capital, ocorre 45 anos depois, e sua relevância deve ser colocada em dúvida, em face dos grandes problemas de organização urbana que se acumularam e recrudesceram nesse período. Esse episódio oferece um enorme leque de questões a serem abordadas acerca da evolução urbana de uma cidade alegadamente planejada, mas cujos percalços de gestão são caracterizados por violentos assaltos da política nacional – como o golpe militar de 1964 e o período de ditadura que se segue, até o ano de 1985 -, assim como por impressionantes vícios de administração pública e episódios de corrupção ao longo do período de Autonomia Política (com a eleição dos Governadores do Distrito Federal e a constituição de sua Câmara Legislativa).

A demanda do Concurso Público Nacional para a Revitalização da Via W3 expõe sérios problemas de interpretação acerca do que seja “vitalidade urbana” e acerca das prioridades e dos valores de gestão urbana explicitados pelo Governo do Distrito Federal naquele momento. Uma das interpretações propostas para debate é a de que a demanda era equivocada, resultante de um erro grosseiro de avaliação decorrente da forma de implantação do Metrô de Brasília – que deveria servir à intensamente usada Via W3 e foi desviado para o grande vazio urbano, o deserto de atividades e usos que é o Eixo Rodoviário de Brasília.

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Deve merecer a atenção o fato de que a equipe vencedora era composta predominantemente por psicólogos ambientais (grupo de pesquisa do Instituto de Psicologia da UnB), sob a coordenação de um arquiteto – o autor desta comunicação. A proposta considerou uma diversidade de modelos de interação entre as pessoas e o ambiente urbano, e estruturou uma grande diversidade de micro-intervenções de forma associada à constituição de um grande Corredor Cultural, com base em bem-sucedidos precedentes em atividade nessa fração urbana estudada. Mais importante, a gestão do processo de revitalização urbana foi definido como política pública compartilhada com a comunidade – representada, em especial por Prefeituras Comunitárias.

Ao longo dos 8 anos até hoje passados, aspectos da proposta foram seletivamente adotados pelo governo – que, no entanto, atacou a proposta vencedora de forma agressiva e desqualificadora por várias vezes. No estágio atual, é consolador que as Prefeituras Comunitárias tenham usado a proposta vencedora em sua defesa contra uma série de atos do governo local, que atua claramente em benefício dos mais poderosos interesses imobiliários.

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LEARNING WITH URBAN PLANNING AND DESIGN COMPETITIONS. THE TWO

BRASILIA’S EPISODES (1957-2002)

Brasília, Distrito Federal, was the subject of just two national urban planning / design competitions. The first one was carried out in 1957, when the Lucio Costa’s proposal was chosen among 22 qualified competitors. The second one was intended to solve a rather surprising question to a 42 years old city: the renewal of a large fraction of its main urban area – the so-called W3 strip - which was allegedly under deteriorated status as part of the city’s fabric. Such was the decline of that urban fraction that the local government felt the obligation to carry out, in 2002, the National Public Competition of Ideas and Preliminary Urban Design and Planning Sketches Aiming to the W3 Strip’s Urban Renewal, in Brasília, Distrito Federal.

This paper intends to offer some basic ideas for a discussion of public competitions in the field of architecture and urban planning and design, in general, but somewhat focused on competitions for the design of entire cities, or great fractions of our urban centers. This article is specifically concerned with the two national competitions carried out for/in Brasília (1957 and 2002).

Are urban design and planning competitions worth of a research and discussion studious efforts? Yes, for some reasons. In first place, those competitions are the result of huge urban issues and challenges, they bestow a tremendous visibility to the work of architects and urban planners, and so, a tough professional responsibility. In second place, those competitions could entail – sometimes – vigorous, innovative, refreshing theoretical approaches to the comprehensibly complex urban design, planning and management fields; it may recompense the effort to research each competition, to the benefit of our urban science progress. There is more points to offer to our consideration, in order to advocate the urban design and planning competition’s analysis relevance; the author offers just one more: public professional competitions can show up crucial contradictions between the universe of urban issues and the universe of architect’s self-representations, as deduced from our professional praxes in public realm; those praxes betray the decisive presence of privilege circles of professionals, which monopolize inside their political strongholds the urban designer and planning activity – in spite of their lack of intellectual leadership, in some cases.

In the Brasília’s case, there are all those extraordinary, notorious unfolding consequences of Lucio Costa’s brilliant proposal, which produced a fraction of what is now the evolving Brasília – its more remarkable fraction. In spite of that, as this prime competition goes to build the city, we should consider that at least three points still are underexposed, notwithstanding their great importance in the evolution of the city: (1) the fact that Lucio Costa proposal had disobeyed the competition provisions related to the urban growth’s planning, (2) the fact that his proposal was, actually, a kind of solitary, unique object, not designed to be replicated, (3) the fact that the four urbanistic scales – or a kind of conceptual axiology intended to coordinate the many decisions and particular solutions – were never the object of explanation more deep than their face value; those scales were never scrutinized and probed in its interrelationships and specific spatial dimensions, but they were, largely the object of free, almost unlimited, lively interpretations.

The second nationwide urban design and planning competition aimed to Brasília takes place 45 years after the first one. Its pertinence must be discussed, as we consider the gathering and aggravation of huge urban problems in this period. In spite of its disputable pertinence, this last competition offers an astonishing range of issues to be considered about the urban evolution of an allegedly planned city, infamously assaulted for 21 years of military dictatorship (1964-1985), as well as the last 20 years of an unexpectedly infamous political autonomy (1990-2010, when the Brazilia’s inhabitants elected its governor and established its local legislative body of government).

The factual reasons claimed by the local government to demand the national competition exposes some worrisome diagnosing queries about what is meant by urban vitality, as well as the set of priorities and values related to the urban management crisis awkwardly disclosed by the authorities in that opportunity. One of those interpretations is that the competition raison d’être was mistakenly conceptualized and presented, as a result of a conspicuous evaluation blunder, given the important change in the Brasilia’s Subway location – a mighty urban transportation system initially designed to serve the W3’s hectic, intense, diverse circulation flows. The Subway was inauspiciously relocated to a literal urban wasteland, the so-called Brasília’s Highway Axis, completely missing the point for a system like that.

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notwithstanding some other important criteria were imposed, like the traffic coordination modes and systems, urban accessibility, land use, etc.

We must pay some attention to the fact that the winner team was composed prevalently by environmental psychologists (a University of Brasília’s research group pertaining to its Psychology Institute) under an architect’s coordination – this paper’s author. Our proposal was comprised by a diversity of individual-environment interaction models. It allowed the articulation of a huge series of micro-interventions in association with the constitution of a Cultural Corridor, as we call the behavioral modification, with a strong empirical evidence of successful examples in that urban area under scrutiny. Still more important, the urban renewal management process was defined as a wide ranging public policy, performed with the power sharing among the local government and the communities that inhabited the aimed urban fraction – as represented by the Community Prefectures, civil, self-reliant organizations.

In this moment, unfortunately wasted 8 years keep us apart from the final competition results. Some selected features from our proposal were adopted by the government – a fierce enemy, notwithstanding, of our community empowerment values. The government mixed disqualifying and apathetic remarks and actions toward a serious urban renewal work in the W3 area. Nowadays, it is somewhat comforting that the local Community Prefectures had adopted our proposal as an toolbox in their public and politic confrontations against biased governmental acts, as the local authorities showed the tendency to patronize the powerful interests of landlords.

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