TECNOLOGIA DO CONCRETO
1. Determinação da relação água/cimento máxima de dosagem
[Dosagem Estimativa de Concreto]
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Importância da relação a/c
Lei de Abrams:
“Dentro do campo dos
concretos plásticos, a
resistência aos esforços
mecânicos, variam na
relação inversa da relação
água/cimento”
(segue a tendência parabólica)
1.1 Classe de agressividade do meio
Verificar os limites de relação a/c a serem atendidos por
norma, de acordo com a agressividade do ambiente.
Porque?: porque a relação a/c influi na porosidade do
concreto, e quanto mais poroso, mais permeável, mais exposto a agentes agressivos que possam existir no meio ambiente.
Classe de agressividade
ambiental Agressividade Risco de deterioração da estrutura
I fraca insignificante
II média pequeno
III forte grande
IV muito forte elevado
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1.1 Classe de agressividade do meio
Micro-clima
Ambientes internos Ambientes externos e obras em geral
Macro-clima
Seco1) UR 65%
Úmido ou ciclos2) de
molhagem e secagem
Seco3) UR 65%
Úmido ou ciclos4) de
molhagem e secagem
Rural I I I II
Urbana I II I II
Marinha II III --- III Industrial II III II III especial5) II III ou IV III III ou IV respingos de
maré
--- --- --- IV submersa 3m --- --- --- I
Solo --- --- não agressivo I
úmido e agressivo II, III ou IV
1) Salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de aptos. residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura.
2) Vestiários, banheiros, cozinhas, lavanderias industriais e garagens.
3) Obras em regiões secas, como o nordeste do país, partes protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos.
1.2 Determinar a a/c máx para o meio
Determinação da relação a/c máx pela agressividade
Determinação da classe de resistência do concreto
Porque?: porque a resistência, a/c e permeabilidade estão interligados.
Concreto Tipo Classe de agressividade
I II III IV
Relação a/c (em massa)
CA 0,65 0,60 0,55 0,45
CP 0,60 0,55 0,50 0,45
Classe de concreto (NBR 8953)
(Valores em MPa para fck)
CA C 20 C 25 C 30 C 40
CP C 25 C 30 C 35 C 40
Notas:
1) o concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir os requisitos estabelecidos na NBR 12655; 2) CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado;
3) CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreo protendido.
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1.3 Resistência de dosagem (fcd)
Porque?: porque a resistência de dosagem deve ser maior que a necessária devido à
variabilidade da resistência do concreto, garantindo assim uma grande probabilidade de atendimento da resistência necessária.
Determinar o fck (resistência à compressão característica)
Tomar o maior valor de fck, entre o do projetista, ou o determinado por norma
devido à classe de agressividade (1.2)
Definir o desvio padrão a ser adotado:
Valor do desvio padrão (Sd) adotado pela NBR12655:
4 MPa - Produção em massa, com controle rigoroso da umidade dos agregados e com
equipe bem treinada. A água de amassamento é corrigida em função da correção de umidade dos agregados.
5,5 MPa–Produção em volume, com controle rigoroso da umidade dos agregados e
com equipe bem treinada.
7 MPa - Produção em volume, sem controle de umidade.
Determinar a resistência de dosagem:
Sd
f
f
cd
ck
1
,
65
.
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1.4 Estimativa da relação a/c
Estimar a a/c máx para garantir a resistência de dosagem
através da fórmula de Powers:
n c a k
fC
/ . 32 , 0 . 679 , 0 . Onde:
fc = fcd(MPa).
a/c = relação água-cimento.
0,75 (grau de hidratação para 28 dias)
n 3
k 120
. 32 , 0 . 679 , 0 / n cd k f c
a 0,32.
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1.5 Determinação a relação a/c máxima
Escolher a menor entre as duas relações a/c encontradas
a/c A: devido à classe de agressividade do ambiente
a/c B: estimada para a resistência de dosagem
a/c A
a/c B
Adotar a menor relação a/c!
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2. Determinação do teor de agregados inicial
2.1 Determinação da trabalhabilidade
Escolher o abatimento compatível com a tecnologia que
será utilizada.
(Pode já estar definida em projeto)
Tabela para concreto convencional
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secos materiais
água (H)
Relação
Relação água/materiais secos (H)
Lei de Lyse:
“para materiais de mesma natureza, formato, textura e
dimensão máxima característica, a massa de água por
unidade de volume de concreto é o principal determinante da
consistência do concreto fresco.”
p a c c a H /
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2.2 Estimativa de H
(água/mat secos) 7,00% 8,00% 9,00% 10,00% 11,00% 12,00% 13,00%0 50 100 150 200 250
R ela ção águ a/mat eriai s seco s -H ( %) Abatimento (mm)
2.2 Estimativa de H
(água/mat secos) A partir do gráfico anterior foi extraída uma função linear
f(s) que correlaciona aproximadamente a relação água/materiais secos com o abatimento:
8
.
220
5
,
4
)
(
(%)
f
s
s
H
secos materiais água relação H mm em abatimento s onde / : Profº. Alécio Jr. Mattana
2.3 Teor de agregados (m) inicial
Com a relação H determinada, obtemos o teor de
agregados a ser adotado inicialmente para a dosagem.
Obtemos através da lei de Lyse:
H (%) dividir por 100
1 / H c a m m c a H 1 /
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3. Especificação dos agregados utilizados
[Dosagem Estimativa de Concreto]
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3.1 Determinação do DMC
NBR 6118/2003:
Dmáx ≤ 1,2 x cobrimento
Dmáx ≤ 1,2 x distância entre barras
Dmáx ≤ da espessura da laje
Dmáx ≤ da distância entre faces das formas
3.1 Exemplo determinação do DMC
Dmáx ≤ 1/4 da distância entre faces das formas
150/4 = 37,5mm
Dmáx ≤ 1/3 da espessura da laje
80/3 = 27mm
Dmáx ≤ 1,2 x distância entre barras
1,2 x 22 = 26,4mm
Dmáx ≤ 1,2 x cobrimento
1,2 x 30 = 36mm
DMC = 26,4mm
Brita 2
Brita 2 - Dmáx = 25 mm Brita 1 - Dmáx = 19 mm Brita 0 - Dmáx = 12,5 mm
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3.2 Composição de britas
A composição de britas deve ser feita
experimentalmente:
Variar a composição até obter a máxima Massa Unitária.
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4. Teor ótimo de argamassa seca sem ultrapassar a a/c máxima
[Dosagem Estimativa de Concreto]
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4.1 Tabela de traços
Cálculo dos traços para o teor de agregados (m) inicial
usando:
Variações do teor de argamassa () em 2% a partir de 43%.
Primeiro, usar a definição de Teor de Argamassa Seca () para
obter o traço unitário:
1 ) 1 ( m a
m a 1 1 a
m
p
: a : p
4.1 Tabela de traços (ex. p/ m=5)
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30
(%) Teor de
argam. seca M
43% 1 1,58 3,42 45% 1 1,70 3,30 47% 1 1,82 3,18 49% 1 1,94 3,06 51% 1 2,06 2,94 53% 1 2,18 2,82 55% 1 2,30 2,70 57% 1 2,42 2,58 59% 1 2,54 2,46
1 : a : p
4.1 Tabela de traços
Cálculo dos traços para o teor de agregados (m) inicial
usando:
30kg de brita (volume adequado a uma betoneira pequena 120L)
Segundo, encontrar os traços em massa para 30kg de brita:
: a : p
cimento : areia : brita
Qc : Qa : Qp
=30kgcimento : areia : brita
p Qcim 30.1
p a Qa reia 30.
regra de três
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4.2 Determinação dos acréscimos
A partir das quantidades totais, determinar os acréscimos
de areia e cimento necessários para se passar de um teor de argamassa para outro 2% maior:
(%)
Teor de
argam. seca Massa Total Acréscimo Massa Total Acréscimo M
43% 1 1,58 3,42 13,86 0,00 8,77 0,00 45% 1 1,70 3,30 15,45 1,59 9,09 0,32 47% 1 1,82 3,18 17,17 1,72 9,43 0,34 49% 1 1,94 3,06 19,02 1,85 9,80 0,37 51% 1 2,06 2,94 21,02 2,00 10,20 0,40 53% 1 2,18 2,82 23,19 2,17 10,64 0,44 55% 1 2,30 2,70 25,56 2,37 11,11 0,47 57% 1 2,42 2,58 28,14 2,58 11,63 0,52 59% 1 2,54 2,46 30,98 2,84 12,20 0,57
obs: Qtd areia e cimento para 30kg brita 1 : a : p
Traço Qtd Areia (kg) Qtd Cimento (kg) Q
15,45 - 13,86 = 1,59
21,02 –19,02 = 2,00
11,63 –11,11 = 0,52
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4.3 Quantidade de água máxima
Qualquer que seja o teor de argamassa ou o slump necessário, não
podemos ultrapassar a relação a/c máxima de dosagem! Para
isso, deixamos calculado a máxima quantidade de água que pode ser adicionada a cada traço:
o Massa Total Acréscimo Massa Total Acréscimo
Massa Máxima
Re n
,00 8,77 0,00 3,9 + 3,90 4,82
,59 9,09 0,32 4,4 + 0,50 5,00
,72 9,43 0,34 4,4 5,19
,85 9,80 0,37 4,8 + 0,40 5,39
,00 10,20 0,40 4,8 5,61
,17 10,64 0,44 4,8 5,85
,37 11,11 0,47 4,8 6,11
,58 11,63 0,52 4,8 6,40 Qtd de Água (kg)
Qtd Cimento (kg)
a/c máxima de
dosagem: 0,55 amáx 0,55.9,09
amáx 0,55.10,2
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36
(%) Abatim.
Teor de
argam. seca Massa Total Acréscimo Massa Total Acréscimo Massa Total Acréscimo Massa Máxima
Relação a/c na
mistura ± 10mm
43% 1 1,19 2,91 12,27 0,00 10,31 0,00 4,10 + 4,10 4,95 0,40
45% 1 1,30 2,80 13,93 1,66 10,71 0,40 4,60 + 0,50 5,14 0,43
47% 1 1,40 2,70 15,56 1,63 11,11 0,40 4,60 5,33 0,41 50
49% 1 1,50 2,60 17,31 1,75 11,54 0,43 5,00 + 0,40 5,54 0,43 65
51% 1 1,60 2,50 19,2 1,89 12,00 0,46 5,30 + 0,30 5,76 0,44 75
53% 1 1,70 2,40 21,25 2,05 12,50 0,50 5,30 6,00 0,42
55% 1 1,81 2,29 23,71 2,46 13,10 0,60 5,30 6,29 0,40
57% 1 1,91 2,19 26,16 2,45 13,70 0,60 5,30 6,58 0,39
59% 1 2,01 2,09 28,85 2,69 14,35 0,65 5,30 6,89 0,37
Dados preenchidos durante a execução do concreto de dosagem.
Qtd de Água (kg) Qtd Cimento (kg)
Qtd Areia (kg)
obs: Qtd areia e cimento para 30kg brita
1 : a : p
4.4 Deixar os acréscimos separados
Preparar potes com os acréscimos de cimento e areia
para cada teor de argamassa () e identificá-los.
Assim, durante a parte experimental será fácil passar de
um teor para o outro sem maiores preocupações.
=45%
=47%
4.5 Encontrar o teor ótimo de argam.
Rodar o concreto com pouca água até encontrar o teor
ótimo de argamassa
1 2 3
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4.6 Teor de argamassa ótimo +2%
Após encontrar o teor ótimo de argamassa, aumentá-lo
em 2%, para compensar as perdas no transporte.
4
5
5.Encontrar o abatimento especificado
[Dosagem Estimativa de Concreto]
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5.1 Aumentar o slump com água
Após encontrar o teor ótimo de argamassa, acrescentar
5.2 Abatimento alcançado
Se o abatimento especificado for atingido com
quantidade de água menor ou igual ao limite, este é o traço final:
Passar para o item 7, que irá registrar o dados da dosagem
final.
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5.3 Abatimento NÃO alcançado
Se a quantidade de água acrescentada for igual ao limite
máximo de água, e o abatimento ainda estiver abaixo do especificado, então a consistência terá que ser ajustada reduzindo-se o teor de agregados (m). Veja:
m
c
a
H
1
/
- Relação água/materiais secos fixa (já está no limite)
Queremos aumentar!
5.3 Reajuste do abatimento com água
Após corrigir o teor de agregados, testar o abatimento
Se ainda estiver abaixo, acrescentar água aos
poucos, apenas até o novo limite de água! Se o
abatimento não for atingido com a água possível de
acrescentar, reduzir novamente o teor de agregados em 0,5, repetindo o processo.
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6.Determianção do traço final
6. Dosagem final
Anotar as quantidades da dosagem final de
cimento, areia, brita e água em kg;
Dividir a quantidade de água pela de cimento para obter a
relação a/c final;
(não pode ser maior do que a especificada como máxima, ou há algo errado!)
Dividir as quantidades de cimento, de areia e de brita pela
quantidade de cimento, para obter o traço em massa final
no formato 1:a:p;
Anotar a composição de britas utilizada, se houver.
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Dosagem final
DOSAGEM FINAL
Água Total: Cimento: Areia: Brita: Teor de argamassa ideal +2%
4,8 kg 10,2 kg 21,02 kg 30 kg = 51 %
Traço em massa Relação a/c Composição de britas (21 kg) (9 kg) (0 k
1 : 2,06 : 2,94 Brita 2 = 70% Brita 1 = 30% Brita 0 = 0%
c
Quantidades:
EXERCÍCIO
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EXERCÍCIO - Exemplo 1
Residência urbana
Fck projeto estrutural = 30 MPa Considerar grau de hidratação
=0,75
Cobrimento = 3,0cm Espessura de laje=12cm Produção em volume sem
controle
Abatimento = 60 ± 10mm
Proporção Peso Acréscimo Massa líquida M.U. Brita 2 / Brita 1 Brita 2 Brita 1 Brita 1 no recipiente Compactada
(%) (%) (kg) (kg) (kg) (kg) (kg/dm³) 100 / 0 30 - - 24,5 1,63 90 / 10 30 3,33 3,33 24,7 1,65 80 / 20 30 7,50 4,17 25,1 1,67 70 / 30 30 12,86 5,36 25,1 1,67 60 / 40 30 20,00 7,14 25,1 1,67
Proporção Peso Acréscimo Massa líquida M.U. Brita 1 / Brita 0 Brita 1 Brita 0 Brita 1 no recipiente Compactada
(%) (%) (kg) (kg) (kg) (kg) (kg/dm³) 100 / 0 30 - - 24,9 1,66 90 / 10 30 3,33 3,33 25,2 1,68 80 / 20 30 7,50 4,17 25,4 1,69 70 / 30 30 12,86 5,36 25,7 1,71 60 / 40 30 20,00 7,14 25,9 1,73
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50
Sd f
fcd ck 1,65.
. 32 , 0 120 . 679 , 0 / 3 cd f c a
8
.
220
5
,
4
)
(
(%)
f
s
s
H
1
/
H
c
a
m
Dmáx≤ 1,2 x cobrimento
Dmáx≤ 1,2 x distância entre barras Dmáx≤ da espessura da laje
Dmáx≤ da distância entre faces das formas
1
)
1
(
m
a
a
m
p
p Qcim 30.1