• Nenhum resultado encontrado

ESTADO, RAÇA E RACISMO: AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS REVISITADAS 1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "ESTADO, RAÇA E RACISMO: AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS REVISITADAS 1"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

ESTADO, RAÇA E RACISMO: AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS REVISITADAS1

Giovana Esther Zucatto2 Introdução

A historiografia das Relações Internacionais (doravante RI) localizam o surgimento do campo enquanto área científica autônoma e organizada na primeira metade do século XX. De maneira mais específica, existe uma espécie de “mito fundador” da disciplina que elegeu o ano de 1919, com a criação da Cátedra Woodrow Wilson de Política Internacional na Universidade de Aberystwyth, no País de Gales, como sua pedra fundamental. O período em que se institucionaliza está diretamente ligado à sua razão de ser: uma disciplina destina a entender – e, em alguma medida, prever – o comportamento dos Estados, tendo a guerra e a paz como seus temas centrais por excelência, que surge em um período marcado por grandes guerras e pela decadência dos impérios coloniais. O trauma da Primeira Guerra Mundial pode ser entendido como a força motora da institucionalização da disciplina, enquanto a ordem mundial que emergiu no pós- Segunda Guerra Mundial foi palco e também combustível de uma expansão no campo.

Ancorados no contexto histórico do período entre guerras, Idealismo e Realismo – as duas correntes teóricas emergentes – vão buscar na filosofia política clássica seus pressupostos, a partir dos quais enunciarão regras sobre o funcionamento das relações interestatais. Ainda que apontando para caminhos diferentes, ambas tradições pressupõem que a característica fundamental do sistema internacional é a anarquia: não existe uma autoridade superior que regulamente o comportamento das unidades – uma adaptação direta da ideia de estado de natureza das teorias contratualistas. A partir daí, desenvolve-se todo um campo intelectual com relações profundas com os processos decisórios políticos das principais potências internacionais.

Um olhar um pouco mais atento para o campo de RI, especialmente em termos de construções de teorias, permite observar uma importante ausência: o debate sobre raça e racismo. Este silêncio chama atenção porque se pensarmos nos fenômenos internacionais

1 Este texto trata-se de um manuscrito de capítulo de livro a ser publicado sob organização de Flávia Rios, Luiz Augusto Campos e Raquel Lima.

2 Doutoranda e Mestra em Sociologia pelo IESP-UERJ, bolsista CNPq, pesquisadora do Observatório Político Sul-Americano (OPSA) e do Núcleo de Estudos de Teoria Social e América Latina (NETSAL). E- mail: giovanazucatto@gmail.com

(2)

dos últimos 200 anos, boa parte deles são atravessados por questões raciais. Desde o imperialismo e a colonização, as duas Guerras Mundiais, movimentos de autoafirmação e independência, a guerra ao terror e, mais recentemente, o avanço da extrema direita no mundo e a pandemia do Covid-19. Por que, então, os desenvolvimentos teóricos de RI não trazem raça e racismo como variáveis importantes?

Para responder a essa pergunta e avançar o debate, este trabalho está dividido em três partes. Na primeira seção, é realizada uma retomada da história da criação da disciplina de RI, colocando em xeque seus pressupostos e a invisibilização da contribuição de W. E. B. Du Bois. Na segunda parte, é levada a cabo uma reflexão sobre a influência da Segunda Guerra Mundial na transformação da política internacional, mas, principalmente, do campo acadêmico de RI. Novamente, é questionada a suposta ausência da temática racial da disciplina. Na terceira seção, parte-se do debate sobre racismo em RI e das contribuições de Abdias Nascimento para uma breve crítica à inserção internacional brasileira. Finalmente, nas considerações finais é retomada uma das pressuposições que de maneira velada atravessa todo o trabalho: fazer essa arqueologia do campo é importante para entender como o tema de raça (e o racismo) estrutura a disciplina de RI implicitamente.

A fundação das Relações Internacionais revisitada

A partir da criação da Cátedra Woodrow Wilson em Política Internacional na Universidade de Aberystwyth, no País de Gales, em 1919 uma série de universidades inglesas – e estadunidenses – criaram institutos, departamentos, cátedras, think tanks e publicações voltados especificamente para o estudo das questões internacionais. Ainda de acordo com essa narrativa, o que impulsionou a criação de um campo científico de RI foram os traumas da Primeira Guerra Mundial, que criaram uma verdadeira obsessão com o estudo da guerra e da paz entre as nações (europeias). Acharya e Buzan (2019) ressaltam que a Conferência de Paz de 1919 e a criação da Liga estavam intimamente conectadas à criação da nova disciplina. Especialmente o estabelecimento da Liga das Nações foi circundado de um sentimento anti-guerra e esperanças de que a instituição seria garantidora da paz mundial e influenciou em grande medida os escritos em RI.

Na esteira de Aberystwyth, foi fundado em 1920 o Royal Institute of International Affairs – ou como é conhecido mais comumente, Chatham House -, que passou a publicar

(3)

sua revista International Affairs em 1922. Dois anos depois, a London School of Economics instituiu a Cátedra Ernest Cassel de Relações Internacionais, criando um departamento específico de Relações Internacionais em 1927. Finalmente, em 1930, Oxford inaugurou a Cátedra Montague Burton de Relações Internacionais (ACHARYA;

BUZAN, 2019).

Nos Estados Unidos, um think tank “irmão” da Chatham House foi criado em 1921, o Council of Foreign Relations (CFR). Em 1923, a Foreign Policy Association entrou em funcionamento, com importantes publicações sobre política internacional como a Foreign Policy Reports, a Foreign Policy Bulletin e a Headline Series. Hans Morgenthau e Quincy Wright co-fundaram o Comitê de Relações Internacionais na Universidade de Chicago em 1928, e dois anos depois a Universidade de Princeton inaugurou a School of Public and International Affairs. A década de 1930 viu a proliferação de cursos e departamentos voltados para RI. Curiosamente – e muito possivelmente influenciados pelo contexto da criação da Liga das Nações – a produção em RI nos Estados Unidos neste primeiro momento foi amplamente vinculada a uma perspectiva Liberal/Idealista Internacionalista, em oposição à política internacional do país de caráter fortemente isolacionista3 (ACHARYA; BUZAN, 2019).

Nesse sentido, as duas grandes correntes teóricas que emergiram em um primeiro momento foram o Liberalismo/Idealismo e o Realismo (ou Realismo Clássico). A primeira menção a essa divisão apareceu na seminal obra de Edward H. Carr, Vinte anos de crise (1939). Referindo-se aos primeiros acadêmicos que tiveram notoriedade na disciplina de RI nas décadas anteriores, Carr afirmava que a preocupação normativa destes intelectuais era tão grande que eles estavam apenas focados em como o mundo deveria ser, e acabavam abandonando o estudo de como o mundo realmente funciona.

Carr classificou este grupo de acadêmicos como utópicos ou idealistas, em contraposição aos intelectuais realistas, que teriam uma visão menos utópica da política internacional e estariam mais alinhados com a dimensão dos interesses nacionais dos países e do poder (NOGUEIRA; MESSARI, 2005).

Esta divisão teórica é utilizada até hoje, e ambos os campos seguem relevantes no debate em RI, tendo influenciado – mesmo que pela crítica a eles – praticamente todas as

3 Mesmo tendo sido Woodrow Wilson um dos grandes idealizadores da Liga das Nações, os Estados Unidos não integraram a organização, fato que é tido como uma das principais razões de seu fracasso.

(4)

correntes teóricas que se desenvolveram no século que se seguiu. Grosso modo, ambos modelos compartilham de um pressuposto básico: a anarquia internacional. O estado de anarquia não significa necessariamente um ambiente caótico e desorganizado, mas basicamente o fato de que não existe uma autoridade superior que regulamente o comportamento dos Estados, ou que dite as regras de como essas unidades devem agir. A partir daí, os teóricos seguiram para caminhos bastante distintos. Grosso modo, os idealistas acreditam que os interesses comuns acabariam por aproximar os países para o caminho da cooperação. Esse alinhamento levaria não só à construção de um mundo mais pacífico, mas a um avanço moral da humanidade.

Por outro lado, os realistas possuem uma visão bastante pessimista sobre a política internacional. Os Estados seriam egoístas por natureza, colocando sua sobrevivência como meta principal a ser buscada. Essa busca por sobrevivência criaria relações de inimizade e desconfiança entre os países, e alianças seriam feitas apenas de maneira temporária visando seus próprios interesses. A busca pela sobrevivência passa por uma busca em se maximizar os recursos nacionais – principalmente os recursos militares, e em última instância, este sistema tenderia ao conflito. Entre os principais autores realistas estão o próprio Carr, Hans Morgenthau e seu Política entre as Nações e Raymond Aron.

Já entre os idealistas, os principais nomes foram Andreas Osiander, Norman Angell e Alfred Zimmern, além do próprio Woodrow Wilson.

No entanto, Amitav Acharya e Barry Buzan (2019) argumentam que é possível encontrar muita produção intelectual em RI no século XIX e até o final da Primeira Guerra Mundial, o que chamam de “RI antes das RI”. Esta produção foi concentrada nos países do centro (Europa, Estados Unidos e, em alguma medida, Japão) e foi influenciada diretamente pelos efeitos da Revolução Industrial e pela emergência do que os autores denominam “ideologias do progresso”: Liberalismo, Socialismo, Nacionalismo e Racismo Científico. Esta última foi originada na combinação de três fatores: os esquemas classificatórios da Biologia, o Darwinismo social e os encontros entre a Europa e os povos do resto do mundo. Daí se desenvolveu a concepção de que progresso equivaleria à

“melhoria” do contingente racial com a substituição dos tipos tidos como inferiores pelos superiores.

Essa produção de “RI antes das RI”, ou pelo menos aquela produzida no centro capitalista, tinha como um de seus aspectos fundamentais uma forte distinção entre as relações entre estados “civilizados” e entre as pessoas que viviam nesses lugares, e as

(5)

relações entre esses estados “civilizados” e as regiões do mundo que eles colonizavam.

De um lado, isso significa que pensar em termos de hierarquias raciais e de desenvolvimento (até onde era possível separar as duas na época) tiveram um papel central na construção do campo de RI. De outro, esta distinção aplicava-se – e ainda se aplica – não apenas ao tratamento analítico, mas ao desenvolvimento de costumes e regras para reger as próprias relações entre os estados.

Para exemplificar o argumento acima apresentado, podemos citar o fato de que a revista Foreign Affairs, uma das mais importantes publicações em RI até hoje, foi fundada em 1910 com o nome Journal of Race Development. Em 1919 passou a se chamar Journal of International Relations e, finalmente, em 1922, Foreign Affairs. Durante uma década, a Journal of Race Development publicou artigos de temáticas variadas, mas voltados principalmente para o problema da inserção internacional norte-americana. Não cabe aqui uma análise mais demorada destes artigos, mas uma leitura rápida dos números permite aferir que se tratava de uma revista de RI, com uma preocupação central com questões raciais4.

Errol Hendersen (2015) chama atenção para uma passagem igualmente elucidativa. Alfred Zimmern, teórico idealista que por muitos é tido como um dos fundadores da disciplina de RI, que foi o primeiro a assumir a supracitada Cátedra Woodrow Wilson, declarou em uma palestra em 1905 que aquele era um momento histórico singular. A razão? O Japão havia acabado de derrotar a Rússia na Guerra Russo Japonesa. Para Zimmern, aquele era o momento histórico mais importante que havia acontecido ou era provável de acontecer em seu tempo de vida: a vitória de uma nação não-branca sobre uma nação branca.

Se é verdade que o pensamento e a teorização sistemáticos sobre RI começaram antes de 1919 e tinham como preocupação central os interesses das nações imperialistas e a subjugação das raças “inferiores”, Acharya e Buzan (2019) defendem que também é verdade que o trauma da Primeira Guerra Mundial reorientou as prioridades do novo campo em direção aos problema da guerra e da paz entre as grandes potências em um mundo divisões ideológicas cada vez mais polarizadas. As relações com as nações periféricas teriam saído do foco dos intelectuais, que se voltaram para o centro.

4 É possível acessar gratuitamente todos os números da revista na biblioteca digital JSTOR.

(6)

No entanto, o que procuro argumentar aqui é que essa reorientação do campo não significou que a questão racial tenha desaparecido do pensamento em RI. Primeiro, porque as unidades analisadas seguiam sendo impérios coloniais, e que dependiam das ideologias racistas para legitimar seus empreendimentos além-mar. Segundo, os próprios conceitos mobilizados pelos teóricos traziam uma carga anterior, já que foram desenvolvidos partindo do pressuposto de uma pretensa supremacia branca.

Levando em consideração as correntes teóricas pretensamente fundadoras do campo, Idealismo e Realismo, elas compartilham pressupostos da filosofia política clássica, a saber: o estado de natureza, o contrato social, e, a partir deles, o conceito de anarquia. Este último, e central no estudo das RI como exposto acima, deriva de insights de teóricos contratualistas como Hobbes, Locke, Rousseau e Kant. Charles Mills (2000) argumenta que o contrato social é embutido em um contrato racial mais amplo. Este contrato racial estabeleceu uma humanidade heterogênea arranjada hierarquicamente e refletindo um dualismo fundamentalmente demarcado pela raça – que naquele momento trazia em si um entendimento hierarquizante biológico do fenômeno. Segundo o autor, existe uma lógica racial tácita em Hobbes: o estado de natureza literal é reservado para os não-brancos; enquanto para os brancos o estado de natureza é hipotético – trata-se do dualismo das teses do contrato social, em que há uma série de assunções para brancos e outro para não-brancos, associados à selvageria e irracionalidade.

Immanuel Kant, em sua teoria da paz republicana que prefigurou a tese da paz democrática, tem como um dos pontos centrais o avanço moral da humanidade. No entanto, Errol Hendersen (2015) aponta que em “Antropologia de um ponto de vista pragmático”, Kant defendeu que os brancos ocupam as posições mais altas na ordem moral e racional, seguidos pelos amarelos, os negros e então os vermelhos – e esse ranking refletia sua capacidade relativa de perceber a razão e a perfeição racional-moral por meio da educação. Os negros, assim, não alcançam os requerimentos mínimos para agência moral; o que define em Kant a qualidade de uma pessoa é circunscrito por seu supremacismo branco. O que é então, o republicanismo defendido por Kant se não um regime para brancos que provê a paz perpétua?

Uma passagem rápida por esses autores permite perceber que as raças tidas como mais baixas – aquelas mais escuras - eram consideradas não apenas biologicamente inferiores aos brancos, mas em um estado de quase conflito eterno. De um lado, legitimava-se a “missão civilizadora” daqueles que carregavam o fardo do homem

(7)

branco; a qual teria que ser imposta pelo uso da força. Por outro lado, demarcava quais eram os sujeitos: aqueles dotados de racionalidade – não por acaso um dos paradigmas centrais de entendimento da modernidade. Essa orientação proveu uma racionalidade intelectual para justificar os empreendimentos de escravidão, conquista imperial e genocídio (HENDERSON, 2015).

Cabe questionar, então, se realmente não havia ninguém pensando essa relação entre raça, racismo e a política internacional. Mais uma vez, as ausências nas narrativas oficiais ajudam a construir. Convém aqui invocar o legado de W. E. Du Bois, contemporâneo ao surgimento das Relações Internacionais enquanto disciplina acadêmica, e que, entretanto, é sistematicamente apagado da narrativa dominante sobre a fundação da área. O currículo acadêmico e militante de Du Bois é extenso; sociólogo, foi o primeiro negro a obter o título de Doutor por Harvard; participou das primeiras conferências pan-africanas e foi um dos fundadores da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês). Cabe citar ainda, que dentro da sua produção intelectual, Du Bois publicou dois artigos na Journal of Race Development, o que aponta a baixa probabilidade de outros internacionalistas da época não conhecerem seu trabalho.

Inspirado pelas experiências e pelo pensamento dos africanos escravizados na América do Norte e os impactos da luta por libertação, Du Bois argumentava que o problema da política internacional é o problema da linha de cor global, que divide as raças mais escuras e as mais claras. O termo linha de cor foi cunhado por Frederik Douglass e fazia parte da gramática de reconstrução do sul dos Estados Unidos depois da proclamação da emancipação. Du Bois transfere, então, este termo para pensar a ordem mundial, colocando raça e racismo como princípios organizacionais da política internacional em artigo publicado em 1925, denominado “Worlds of Color”.

Du Bois defendia que a guerra, um dos objetos centrais de análise em relações internacionais, não era uma aberração, mas a expressão máxima da política imperial dos países ocidentais. Ainda, ressaltou a discrepância entre a “face democrática” que os impérios colônias apresentavam em sua espera doméstica/metropolitana e a autocracia estrita e inflexível. Em “As raízes africanas da guerra” (1915), anteriormente à publicação de Imperialismo de Lenin, que a 1ª Guerra Mundial foi amplamente o resultado de disputas sobre as conquistas imperiais que fundiu os interesses da burguesia e do

(8)

proletariado europeus em uma busca mutuamente reforçadora da dominação econômica e racista da Ásia e da África.

À extensão que a hierarquia racial guiou as políticas internacionais dos Estados predominantemente brancos, Du Bois argumentou que a relações internacionais da época eram, mais acuradamente, relações interraciais. Ele iluminou, assim, a significação crucial de raça e racismo enquanto princípios organizativos fundamentais da política internacional; são eixos de hierarquia e opressão estruturando a lógica da política mundial (HENDERSON, 2015). Em resumo, deste breve levantamento sobre as contribuições do autor, é possível perceber que Du Bois elaborou uma sistematização sobre o funcionamento das relações internacionais que coloca raça e racismo como princípios explicativos.

A Segunda Guerra Mundial como ponto de inflexão político e intelectual

A Segunda Guerra Mundial significou mudanças enormes tanto no cenário político internacional quanto na academia de RI. No primeiro plano, o principal aspecto é a emergência de um sistema internacional bipolar, centrada em Estados Unidos e União Soviética, e das armas nucleares. Além disso, outro fator marcante para a política internacional é a força que ganham os movimentos de independência na Ásia e na África.

Finalmente, a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), como o fórum por excelência para promover a paz mundial, que tem como um de seus valores principais – pelo menos em sua carta fundacional – a autoafirmação dos povos, institucionalizando a crítica ao racismo e à colonização. Especialmente neste último ponto, cabe questionar a hipocrisia de Estados que defendiam ativamente um tipo de posicionamento na esfera internacional e possuíam práticas opostas no âmbito interno. Um exemplo marcante nesse sentido é o dos Estados Unidos, que condenava o racismo do regime nazistas, mas mantinha um regime segregacionista internamente.

A luta contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial compeliu as elites ocidentais a se afastarem, pelo menos superficialmente, da doutrina do regime que eles haviam acabado de derrotar. O racismo passou a ser censurado internacionalmente. Du Bois apontou a hipocrisia da condenação ocidental das atrocidades nazistas à luz das práticas em suas colônias. De acordo com ele, não havia nenhuma atrocidade nazista que a civilização cristã da Europa não praticara contra povos de cor em todas as partes do

(9)

mundo em nome e em defesa da raça superior nascida para governar o mundo. Assim, a ordem internacional não alteraria substancialmente o status quo racial mesmo que promovesse igualdade racial nas suas principais instituições internacionais – como a Organização das Nações Unidas (ONU) – se continuasse a subjugação de nações não- brancas pelas potências imperialistas que foram vitoriosas na Segunda Guerra Mundial (HENDERSEN, 2015).

Este contexto é importante para entender as transformações pelas quais o próprio campo de RI passou – convém lembrar que isso tudo se deu em um contexto em que a disciplina ainda se encontrava em vias de institucionalização. No caso dos Estados Unidos, um fator central é a passagem de uma posição isolacionista para uma não só de engajamento, mas de disputa pela hegemonia internacional.

A combinação de uma intensa rivalidade bipolar global, ideologicamente orientada, e o potencial destruidor global de armas nucleares aumentou a obsessão com as RI no centro, já estabelecida durante os anos entre guerras com os temas de relações entre grandes potências e da guerra. A descolonização foi uma transformação bastante radical nas relações políticas entre o centro e a periferia, mas ainda assim não foi muito presente nas preocupações do pensamento em RI das grandes potências. Como observam Arlene Tickner e Ole Wæver (2009b: 7), a preocupação com as relações Leste-Oeste dominou as RI durante esse período [pós-guerra até 1989], empurrando as reflexões sobre as relações Norte-Sul e Sul-Sul para as margens. (ACHARYA;

BUZAN, 2019, p. 138-139)

Neste sentido, Krippendorff (1989 apud ACHARYA; BUZAN, 1989) vai falar em uma “segunda fundação” das RI pós-1945. Esta ideia de uma segunda fundação se baseia em alguns fatores como a expansão massiva da institucionalização da disciplina em termos de ensino, pesquisa e publicações; a ascensão de associações independentes de RI nos diferentes países; uma mudança em direção a uma maior profissionalização acadêmica dos intelectuais da área; a rápida ascensão de novos sub-campos, especialmente em países do centro, voltados para assuntos específicos (por exemplo, a área de Estudos Estratégicos que surge especificamente para o estudo das armas nucleares); reconhecimento da produção em RI feita em países periféricos (ACHARYA;

BUZAN, 2019). Este movimento é acompanhado de uma multiplicação na arena teórica de RI. A partir de 1945, emerge uma série de nova interpretações da política internacional, que diversificam as chaves de análise, passando também por disputas metodológicas e epistemológicas no campo.

(10)

De acordo com Vitalis (2015), se até a Segunda Guerra Mundial a preocupação central das RI era com o imperialismo e as relações raciais (leia-se: a manutenção da supremacia branca), a partir das décadas de 1940 e 1950 esse quadro se altera. O que se sucede é um descompasso, uma vez que as relações internacionais estavam mais do que nunca atravessadas por questões raciais – por exemplo, movimentos de independência de nações asiáticas e africanas, e votações variadas na ONU – enquanto as RI silenciaram sobre o assunto. Esta constatação pode ser entendida por duas chaves, que não deixam de estar interconectadas.

A primeira diz respeito a uma substituição da hierarquia racial por uma concepção igualmente distorcida de hierarquia cultural, na qual a raça biológica pré-1945 foi substituída com um culturalismo Eurocêntrico. Du Bois explica novamente: o racismo passou por um processo de mudança estética para reinos não biológicos, mas nesse processo foram mantidos seus atributos principais. John Hobson (2015) cria uma definição conceitual para esse processo: uma passagem do eurocentrismo manifesto para um eurocentrismo subliminar. Isso aparece em grande medida no conteúdo semântico das teorias: o institucionalismo eurocêntrico localiza a diferença puramente em termos de cultura institucional – como por exemplo, ocidente racional versus oriente irracional;

tradição versus modernidade; centro versus periferia; hegemonia; estados pária e estados falidos.

Isso se deve, de um lado, à “síndrome da culpa colonial”, desencadeada no pós- 1945 pela imagem internacional de condenação do nazismo, por avanços teóricos e pelas lutas pela descolonização que conseguiram desacreditar tanto o racismo científico como o império formal. Por outro lado, esta virada culturalista é desencadeada, na verdade, na antropologia com o trabalho de Franz Boas e acaba transbordando para outras áreas do conhecimento. No reino da política internacional, esta mudança no entendimento de raça tem como grande expoente o documento “Statement on Race” produzido pela UNESCO entre 1950 e 1951. “Anunciando uma nova era na compreensão humana após os terrores da guerra e as irracionalidades do genocídio, o principal objetivo das declarações era separar o "fato biológico" da raça do seu "mito social" (MONTAGU, 1972 apud HENDERSON, 2015, p. 8, tradução nossa)5.

5 “Announcing a new era in human understanding after the terrors of war and irrationalities of genocide,

the main purpose of the statements was to separate the “biological fact” of race from its “social myth”.

(11)

Uma das coisas que as teorias de Relações Internacionais lograram fazer nessa virada para o eurocentrismo subliminar é “sanitizar” (whitewash) o imperialismo ocidental da história da política mundial ao mesmo tempo que dava a ele uma progressão funcional. Um exemplo disso é a obra seminal de Hans Morgenthau – “Política entre as nações” (1948) – em que o imperialismo é reimaginado não como uma política que o Ocidente tem levado a cabo vis-à-vis o Oriente, mas como uma estratégia universal normal de aspirantes a grandes potências em suas relações umas com as outras. O imperialismo passa a ser pintado então como uma oposição às políticas de manutenção do status quo e ganha uma faixada de neutralidade moral: imperialismo é uma forma de política externa que busca adquirir mais poder que uma grande potência realmente tem, buscando reverter relações de poder existentes” (HOBSON, 2015).

No mesmo livro, ainda, Morgenthau aborda a “revolução colonial”, que estava atingindo seu clímax no período, como “o triunfo das ideias morais do Ocidente”, pelos princípios do Estado Nação e da justiça social. Aqui fica evidente mais uma característica do que John Hobson chama de eurocentrismo subliminar, que é o paternalismo: a história dos povos não-brancos emulando e aprendendo em face do “professor ocidental” benigno.

O imperialismo se torna justificado, se não celebrado como um presente da civilização ocidental. Na Escola Inglesa, com Hedley Bull e Adam Watson e sua sociedade internacional, também encontramos algo próximo a isso com a caracterização do imperialismo pré-1945 como a difusão da civilização pelo mundo. O que era a missão civilizadora e depois o império liberal, passa a ser chamado de “expansão da sociedade internacional”.

Da mesma forma, a teoria da estabilidade hegemônica de Robert Gilpin eleva o exercício da hegemonia anglo-saxã ao status implícito de missão civilizatória e coloca a existência de uma hegemonia como fator fundamental para que exista estabilidade no cenário internacional. Ainda que hegemonia não signifique necessariamente dominação colonial direta, a ideia prevê alguma forma de subjugação – mesmo que moral – a um Estado, e uma crítica implícita de tentativas de desestabilizar o sistema. De maneira parecida, o institucionalismo neoliberal de Robert Keohane faz o mesmo no que diz respeito ao papel desempenhado por instituições internacionais ocidentais. O elogio é direcionado a instituições que seriam capazes de garantir equilíbrio e desenvolvimento internacional, pensamento herdeiro da ideia de paz democrática de Kant.

(12)

Em grande medida, ainda que não de maneira explícita, essas teorias estão atravessadas diretamente por concepções subliminares do excepcionalismo norte- americano, a ideia de destino manifesto e de missão civilizadora das nações anglo-saxãs.

Finalmente, grosso modo, as teorias do mainstream de Relações Internacionais são dominadas por uma concepção reificada de grandes potências ocidentais como entidades auto-constituídas e autônomas, cujas sociedades se desenvolvem de maneira completamente independente das interações econômicas, militares políticas e culturais com os não-ocidentais

A segunda chave de entendimento é a ideia de “afasia racial” cunhada por Debra Thompson (2015). As tradições teóricas em RI, segundo a autora, sofreriam de uma afasia racial: uma incapacidade coletiva de se falar sobre raça; uma negligência calculada das histórias e estruturas do racismo. Essa afasia indica um esquecimento calculado, uma obstrução do discurso e da linguagem no que diz respeito a raça e racismo no campo de RI. Neste sentido,

As instituições são amplamente vistas como daltônicas, embora sejam mais provavelmente codificadas por cores. Organismos internacionais e Estados professam compromissos normativos e legais com a igualdade racial, enquanto a estratificação racial persiste entre os mundos desenvolvido e em desenvolvimento e na maioria das sociedades racialmente heterogêneas, se não em todas. A supremacia branca como instituição global e o racismo como estrutura social difusa são obscurecidos pelo domínio positivista e o foco em empirismo na RI [...]; como resultado, o racismo é reduzido a atos ou atitudes individualistas abomináveis. A promessa da sociedade pós-racial é realizada não através de reparações ou igualdade substantiva, mas na imposição de discursos livres de raça que mantêm firmemente enraizadas as ordens raciais internacionais e nacionais. (THOMPSON, 2015, p. 45, tradução nossa)6.

Sankaran Krishna (2015) complementa que a complexidade da questão é relacionada também com as orientações metodológicas que frequentemente privilegiam

6 Institutions are largely perceived as colour blind, though they are more likely colour-coded. International bodies and states alike profess normative and legal commitments to racial equality, while racial stratification persists both between the developed and developing worlds and within most, if not all, racially heterogeneous societies. White supremacy as a global institution and racism as a pervasive social structure are obscured by the positivist dominance and focus on empiricism in IR [...]; as a result, racism is instead reduced to abhorrent individualistic acts or attitudes. The promise of the post-racial society is realised not through reparations or substantive equality but in the imposition of race-free discourses that keep international and domestic racial orders firmly entrenched.

(13)

teorizações abstratas sobre a análise histórica, o que permite aos teóricos de Relações Internacionais fazerem uma sanitização do conteúdo histórico das relações globais.

Assim, a violência, o genocídio, e o roubo que marcaram o encontro entre o “resto” e o Ocidente desde as grandes navegações são reinterpretados sob a luz das teorias.

Repensando a inserção internacional brasileira

A afasia racial no estudo da política internacional e o apagamento da contribuição de importantes intelectuais voltados a esse empreendimento não é exclusividade do centro. No Brasil, algo similar ocorre nos estudos da inserção internacional do país – para corrigir essa lacuna, é fundamental retomarmos o trabalho de Abdias Nascimento. Ao denunciar as sistemáticas políticas de erradicação do negro da sociedade brasileira e como isso refletiu e ainda reflete na posição do país em relação ao resto do mundo, Abdias traz uma contribuição intelectual ímpar para o estudo das Relações Internacionais no e do Brasil. Em suas principais obras, “Quilombismo - documentos de uma militância pan- africanista” e “O Genocídio do Negro Brasileiro – processo de um racismo mascarado”

(2016) Abdias Nascimento desmonta o mito da democracia racial e demonstra a forma como ele tradicionalmente também pautou a política internacional brasileira.

Na ONU, o Brasil submeteu seus interesses aos de Portugal até o final do regime salazarista, em 1974, especialmente em relação à descolonização da África.

Posicionamento esse que é mais bem explicado por uma vinculação ideológica das elites políticas brasileiras conservadoras - como é bem retratado por Abdias em sua extensa pesquisa documental - do que por interesses estratégicos. As políticas migratórias levadas a cabo por diferentes governos brasileiros no século XX foram desenhadas com foco acima de tudo no branqueamento da população, não apenas por necessidades econômicas internas ou uma preocupação com crises humanitárias (tais como as guerras europeias) externas (MACHADO; ZUCATTO, 2019).

Por outro lado, Abdias denuncia em “O Quilombismo” (2019), como o governo brasileiro usou o discurso da democracia racial e de um país livre de preconceito como o principal instrumento de soft power da sua diplomacia ao longo do século XX.

Historicamente, as elites brasileiras associaram-se aos poderes coloniais, construindo – tanto no exterior como nacionalmente – a imagem de um país branco; em termos práticos, isso se traduziu em alinhamentos internacionais e políticas de branqueamento

(14)

internamente. Ao mesmo tempo, a partir do Estado Novo, passa a vigorar o discurso da democracia racial e a construção da imagem brasileira de paraíso das raças. Essa associação aparece em diversos discursos proferidos tanto por diplomatas como por presidentes brasileiros, além de outras formas de propaganda.

Em resumo, no Brasil República, as elites políticas buscaram sempre colocar o país ao lado das potências coloniais, construindo o discurso de um país branco, inclusive.

Além disso, o governo brasileiro empreendeu políticas internacionais de caráter demarcadamente racista. Assim, percebe-se uma incongruência entre discurso e política a partir de uma inflexão no governo varguista que passa a adotar o mantra da democracia racial, enquanto leva a cabo políticas de branqueamento da população. Indo além, em termos acadêmicos, isso se traduziu em uma construção historiográfica da política externa brasileira que coloca o Brasil como um país terceiro-mundista – no sentido de alinhamento político – e defensor dos movimentos de independência das ex-colônias africanas. Construção essa que parece levar muito mais em conta o âmbito dos discursos oficiais do que uma preocupação voltada para as efetivas políticas levadas a cabo pelo governo brasileiro.

Importa perceber a contemporaneidade das denúncias e da militância de Abdias Nascimento. De um lado, lições importantes foram implementadas com a redemocratização, especialmente durante os governos Lula da Silva (2003-2010). Por exemplo, a ação do Movimento Negro Unificado (MNU) e da UNEGRO nesses governos e da Fundação Palmares nos governos FHC, que tiveram espaços de atuação não só na elaboração da política externa brasileira para África, como na execução desse comportamento e como parte das delegações brasileiras. Ou mesmo, em que pese a importância de se fazer um debate mais amplo sobre essa questão, a valorização do continente africano na política externa brasileira nesse período.

Por outro lado, as críticas à atuação internacional do Brasil são mais atuais do que nunca. Em um primeiro momento, o que mais chama a atenção é o movimento realinhamento à dependência externa, que outrora foi a Portugal, voltando-se para uma similaridade com o discurso liberal/intervencionista norte-americano, que novamente acontece muito mais pela orientação ideológica-conservadora do que por interesses estratégicos (MACHADO; ZUCATTO, 2019). Seria possível citar uma série de medidas adotadas tanto pela chancelaria sob o mando de Ernesto Araújo, como comentários feitos tanto pelo presidente Jair Bolsonaro como por seu filho Eduardo Bolsonaro, que assumiu

(15)

de maneira informal o comando da política externa do país. No entanto, o que mais chamou a atenção recentemente, nesse sentido, foram os comentários explicitamente racistas feitos pelo então ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre a China e sobre populações originárias – que não cabem ser aqui reproduzidos.

Considerações Finais

A partir dessas breves reflexões aqui apresentadas, podemos considerar o quanto raça e racismo continuam a estruturar – e não só de forma subliminar – ideologicamente e materialmente a política internacional. As desigualdades mantêm um caráter fundamentalmente racializado que remontam a séculos de apropriação colonial (BRAWEN JONES, 2008 apud HENDERSEN, 2015). Da mesma forma, o reconhecimento da realidade da afasia racial vincula nosso passado racista ao presente ainda racista, talvez conectado por silêncios coletivos, tanto quanto pela persistência da opressão, dominação e desigualdade (THOMPSON, 2015)

É urgente que tragamos o tema das relações raciais e do racismo para o centro da análise das relações internacionais. Primeiro, em um olhar histórico, é necessário que questionemos a historicidade e as teorias tradicionais que insistem em apagar o racismo como estrutura organizadora das relações entre os países. Segundo, porque a maior parte dos fenômenos internacionais em voga atualmente possuem uma dimensão racial e racista muito evidente: migrações, meio ambiente, novas tecnologias securitárias, uso de drones, intervenções humanitárias, missões de paz e reconstruções pós-guerra, avanço da extrema direita no mundo, e assim por em diante.

No caso do Brasil, políticas migratórias com caráter demarcadamente racista entram novamente na pauta do dia. O realinhamento automático com a potência central revela pouco apreço aos interesses econômicos e de desenvolvimento do país, pautando a política externa em termos puramente ideológicos que remetem a uma suposta superioridade moral dos Estados Unidos em relação ao resto do mundo. Quando comparado ao trato dado à China e aos países africanos, parceiros estratégicos históricos do Brasil, este realinhamento revela preferencias que estão embutidas de julgamentos racializados. E, acima de tudo, o mito da democracia racial é reanimado e ganha força mais uma vez como mote de governo.

(16)

Em um cenário que é, em grande medida, desanimador, convém retomar o legado de pensadores – e militantes – que colocaram a temática racial no centro de suas análises.

W. E. B. Du Bois nos ensina, com a ideia de uma linha global de cor, que raça é um aspecto estruturante da política e das relações internacionais. É impossível pensar as duas grandes guerras mundiais, por exemplo, sem levar em consideração a colonização e o imperialismo do Ocidente sobre o resto do mundo. E enquanto essas práticas persistirem, é impossível pensar em um cenário de paz sustentada. Finalmente, no plano nacional, Abdias Nascimento nos fornece importantes chaves interpretativas para analisar a política externa brasileira, e ir além da historiografia fornecida pelo discurso oficial.

Referências

ACHARYA, Amitav; BUZAN, Barry. The making of International Relations -origins and evolution of IR at its centenary. Cambridge: Cambridge University Press, 2019.

DU BOIS, William E. Worlds of Color, Foreign Affairs, Vol. 3, No. 3, Apr., 1925, pp.

423-444.

HENDERSEN, Errol. Hidden in plain straight: Racism in international relations theory.

In: ANIEVAS, Alexander; MANCHANDA, Nivi; SHILLIAM, Robbie (ed). Race and Racism in International Relations: Confronting the global colour line. Nova Iorque:

Routledge, 2015, p. 19-43.

HOBSON, John. Re-embedding the global colour line within post-1945 international theory. In: ANIEVAS, Alexander; MANCHANDA, Nivi; SHILLIAM, Robbie (ed).

Race and Racism in International Relations: Confronting the global colour line. Nova Iorque: Routledge, 2015, p. 81-97.

MACHADO, Thales; ZUCATTO, Giovana Esther. Abdias Nascimento e a inserção internacioanal brasileira. Horizontes ao Sul, 17 maio 2019. Disponível em: <

https://www.horizontesaosul.com/single-post/2019/05/17/ABDIAS-NASCIMENTO-E- A-INSER%C3%87%C3%83O-INTERNACIONAL-BRASILEIRA> Acesso em 14 junho 2020

MILLS, Charles W. Race and the social contract tradition. Social Identities, v. 6, n. 4, p. 441-462, 2000.

MORGENTHAU, Hans. Política entre as nações. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2003 [1948].

NASCIMENTO, Abdias. O Genocídio do Negro Brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectivas, 2016.

(17)

NASCIMENTO, Abdias. O Quilombismo - documentos de uma militância pan- africanista. Rio de Janeiro: Vozes, 1980.

NOGUEIRA, João Ponter; MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais - Correntes e Debates. Rio de Janeiro: GEN Atlas, 2005.

THOMPSON, Debra. Through, against and beyond the racial State: the transnational stratum of race. In: ANIEVAS, Alexander; MANCHANDA, Nivi; SHILLIAM, Robbie (ed). Race and Racism in International Relations: Confronting the global colour line.

Nova Iorque: Routledge, 2015, p. 44-61.

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho se refere ao instituto processual conhecido como fundamentação das decisões judiciais, que em razão da divergência doutrinária quanto a nomenclatura

Este artigo apresenta a integração do modelo organizacional de unidades de negócio e de um sistema de custo como base para o gerenciamento dos resultados de um grupo

MELO NETO e FROES (1999, p.81) transcreveram a opinião de um empresário sobre responsabilidade social: “Há algumas décadas, na Europa, expandiu-se seu uso para fins.. sociais,

Crisóstomo (2001) apresenta elementos que devem ser considerados em relação a esta decisão. Ao adquirir soluções externas, usualmente, a equipe da empresa ainda tem um árduo

Ainda nos Estados Unidos, Robinson e colaboradores (2012) reportaram melhoras nas habilidades de locomoção e controle de objeto após um programa de intervenção baseado no clima de

candidaturas: as candidaturas devem ser efetuadas nos 10 dias úteis a contar a partir da data da presente publicação, em suporte de papel através do preenchimento de formulário

A Parte III, “Implementando estratégias de marketing”, enfoca a execução da estratégia de marketing, especifi camente na gestão e na execução de progra- mas de marketing por

Que razões levam os gestores das Universidades Corporativas a optarem pela utilização da educação a distância por meio de cursos on-line na modalidade auto estudo?.