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ENTENDA O SEU MATERIAL
1. O Caderno de Ativação ajudará você a incorporar e a colocar em prática o conteúdo de uma das
fabulosas lives. É um material para FAZER.
2. No LIVES você encontrará transcrições, resumos e uma visão geral das lives selecionadas para a
semana. É um material para se CONSULTAR.
3. Se quiser imprimir, utilize a versão PB, mais econômica.
4. Imprima e pendure o seu PENDURE ISTO.
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ABRACE A LOUCURA DA ESPERANÇA E FAÇA A VIDA ANDAR PARA FRENTE
Você deve sempre se perguntar o que tem feito para sair de si. Eu sei que todos temos mil coisas para fazer
— nosso trabalho, nossos projetos, nosso dinheiro para para ganhar, nossa família para cuidar. E tudo isso faz parte da nossa história. O fato é o seguinte: para poder ajudar os outros, olhar para fora e sair de si, não é pre- ciso abandonar as coisas que você está fazendo. É sem- pre uma coisa com a outra, não uma coisa ou a outra.
Na vida, o natural é assumir novas responsabilidades, funções, tarefas e capacidades de serviço.
Eu fiz uma live há uns dois anos, cujo título foi “A so- lução para a SUA vida (que você não colocará em práti- ca)”. De fato, algumas pessoas não colocaram as coisas que eu falei em prática, mas outras levaram aquilo mui- to a sério. Nessa live, eu disse que a única coisa que de fato poderia mudar a sua vida é você visitar os velhos no asilo, as crianças no orfanato ou os mendigos nas ruas. Se você não faz isso, perde o foco da vida. Se você não presta assistência a quem precisa, como os velhos, os órfãos e os mendigos — aqueles que estão fora dos limites da responsabilidade com a sua família, da qual você não deve se esquivar —, a sua vida vai ficando meio sem sentido.
Muitos vêem o pedinte na rua como aproveitador,
pois pensam: “Se ele quisesse trabalhar, trabalhava, eu
é que não vou alimentar o seu vício em drogas”. O pri-
meiro erro em pensar assim é incorrer em julgamen-
to. A vida de quem mora na rua é uma merda, você já
imaginou? Faça a experiência de um dia sair de casa
sem carteira e celular, sem avisar a ninguém, e ir dor- mir na rua para ver se é tranquilo. É compreensível que alguém nessas condições queira comprar droga para ficar chapado e se anestesiar um pouco, ou você gos- taria que ele comprasse um exemplar em capa dura de
“Crime e Castigo”? Além disso, quem reclama do men- digo dificilmente gasta o próprio dinheiro apenas com comida e livros, mas compra bebida e cigarro. Uma das coisas mais daninhas que existe para a alma é julgar a intenção dos outros. Não é para julgar a intenção do mendigo, é para cuidar dele.
É por isso que histórias como a da Kênia Cristina, que reúne uma gente em Goiânia para distribuir quen- tinhas aos mendigos da cidade, e que vai sair como documentário em uma de nossas produções, enchem o meu coração de esperança. Imagine se em cada cida- de brasileira existissem dois ou três grupos assim, de gente que de repente vira a chave e diz: “não vou ficar aqui chorando na cama, tem muita gente fodida aí fora, deixa eu ver se eu consigo ajudar em alguma coisa”. E faz. Você não precisa ficar rico primeiro para fazer isso.
A Kênia não é rica. Aliás, a sua riqueza está no cora- ção, na esperança, e no gênero quase de loucura, que é um pouco necessário para essa vida. Devemos ter essa loucura de olhar para certas situações que parecem im- possíveis e dizer: “Acho que dá. Não importa se eu sei cozinhar ou não, vou fazer quentinha e distribuir para os mendigos”.
O problema de muitos de vocês é querer racionali-
zar tudo. Nossa realidade neste mundo tem um elemen-
to de absurdo, que se você não abraçar, vai acabar com
você. O mundo não é linear, ele tem algo de absurdo.
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Olhe para mim, um médico latino americano, sem car- gos públicos, e olha o tamanho do nosso trabalho. É essa loucura que eu quero despertar no coração de vo- cês, a loucura da esperança, do “vambora, tamo junto”, que, longe de ser uma agitação juvenil, é um entusias- mo de um coração que arde e volta aos outros: “cara, dá para fazer comida e distribuir aos mendigos da cida- de”. Assim, a cidade vai se transformando, os mendigos estão agradecidos e com esperança, as pessoas estão amigas umas das outras.
Mas tem uma galera que gosta de calcular: “vou aju- dar depois que estiver ganhando 8 mil por mês”. O meu conselho é: Saia hoje, e dê algum dinheiro para um men- digo, ou compre alguma coisa para ele — não invente de apoiar o mendigo com os seus papos chatos. Se você tiver mais condições, compre um perfume da Christian Dior para o mendigo poder ficar bem perfumado. São essas loucuras que expandem as possibilidades huma- nas, que fazem as coisas começarem a andar. é por não acreditar nisso que vocês estão todos travados, cheios de neuroses na cabeça, querendo calcular e planejar tudo. O mundo não é uma equação, é uma narrativa, e narrativa tem tropeço, drama, contrapartida, queda, ressurreição, frustração. Isso é o tesão da vida.
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Disk-Doc Disk-Doc
Mariele: “Tenho 29 anos, nunca tive um namoro sério.
Sempre fui muito mesquinha e egoísta nessa questão
de namoro e relacionamento. Sempre vivi de más-
caras. Hoje, tento tirar essas máscaras, mas é muito
complicado, eu não sei por onde começar. Eu quero
servir ao próximo, a quem está do meu lado, ao meu futu- ro companheiro, mas eu não sei por onde começar, pois sou muito fechada, tenho dificuldade de me abrir.”
Vou dar um conselho para todos que estão na mesma si- tuação da Mariele. Existe uma coisa que torna as relações humanas, e sobretudo as relações amorosas, impossíveis de acontecer. É isso de querer calcular tudo, querer ter tudo certinho, fazer o outro passar por um check-list, uma lista de valores inegociáveis. Para que os outros gostem de estar com você numa roda de conversa, você precisa ter um tipo de repertório do qual possa tirar os assuntos.
Se o que me interessou na outra pessoa foi a sua beleza deslumbrante, o interesse vai durar quatro dias, porque, curiosamente, o ser humano tem outros interesses além da beleza estética, que geralmente é o que as pessoas mais se esforçam em oferecer.
De certa forma, a beleza estética importa, mas importa menos do que o pessoal prega. Para perceber isso, basta ver que há muita gente feia e casada há muito tempo. Não é a beleza estética que segura o vínculo. Ela pode promo- ver o primeiro encontro, o primeiro olhar, de modo que cuidar da fachada, estar sempre mais arrumadinha, tem a sua importância. Acontece que você não será a única pes- soa bonita e arrumada do mundo. Só o que é capaz de fa- zer o interesse do primeiro olhar permanecer é isso que eu estou chamando de repertório: a quantidade de filmes que você viu, a quantidade de livros que você leu, as histórias que você ouviu, os nomes de pessoas que você conhece.
Na faculdade, por exemplo, é comum as pessoas que vêm do mesmo colégio ou do mesmo cursinho formarem
“panelinhas”. Elas têm histórias em comum, afinidades em
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comum. Imagine que você não faça parte desse grupo de amigos, mas se interesse por alguém dali. Vai ser muito difícil introduzir-se nesse grupo e ganhar a simpatia da pessoa, a não ser que você tenha repertório. É por isso que os meninos que tocam violão ou cantam têm uma enorme vantagem sobre os outros que não fazem nada disso, porque esse é o repertório possível para um jovem.
Tocar violão vai chamar a atenção das garotas, porque elas acham isso legal. A coisa é simples assim.
Já que você não é mais uma adolescente, não se trata de aprender a dançar ou tocar violão, mas conseguir man- ter uma conversa longa. Você não mantém um relaciona- mento com alguém se não tiver o que falar. Para isso, os seus interesses têm que ser amplos. Isso não significa ser intelectual, saber expor a epistemologia kantiana. Não é a isso que me refiro. O repertório para relacionamento é mais popular, compõem-se, por exemplo, de filmes e sé- ries aos quais você assistiu. Entre o seu sorriso de dentes brancos e alinhados e o sorriso das outras pessoas não há tanta diferença assim capaz de fazer um relaciona- mento ser duradouro, o que faz diferença, o que gera o vínculo de verdade, é o repertório que você tem.
Também não adianta ter um repertório composto ape-
nas por coisas do seu gosto particular, e forçar os outros
a ouvirem o que você fala, também é preciso se inteirar
do gosto popular e instrumentalizá-lo para manter o diá-
logo e o interesse. Essa é a arte chamada small talk, que
não tem nada a ver com falar sobre o clima e o preço da
gasolina. É uma capacidade de tornar gostosa a convi-
vência verbal de você com os outros. Um dos elementos
para você conseguir dominar essa arte é adquirindo um
repertório. Não adianta você querer pular etapas. Mesmo
a dica do coque que eu dei tempos atrás, para melhorar a aparência, está subordinado a essa capacidade de manter um diálogo agradável.
Geralmente, num primeiro contato, as pessoas sérias querem oferecer duas coisas: ou querem oferecer o corpo, mesmo que modestamente, ou querem oferecer os grandes pensamentos, os valores e os princípios. Pode parecer es- quisito para você ouvir isso, mas nenhuma dessas coisas funciona. Eu fui perito do Tribunal Eclesiástico durante al- gum tempo, e ouvi alguns pedidos de nulidade matrimo- nial. Em muitos casos, o casal se conheceu no grupo jovem, viveu a castidade direitinho, mas o casamento não deu cer- to porque o contato que eles mantinham era sustentado por projeção de princípios: acreditamos nas mesmas coisas, queremos o céu, ser santos etc. Isso é bom para a amizade.
No casamento, o convívio é mais intenso e não é possível você compartilhar principios e valores todos os dias com seu parceiro, tampouco o sexo. Essas coisas fazemos de vez em quando.
Princípios e valores são como faróis, são como as estre-
las, que o orientam de algum modo, mas ninguém vive nas
estrelas. Para um relacionamento dar certo, é necessário o
cultivo dessa coisa intermediária, essa arte do smalltalk,
que inclui o repertório.Imagine que eu chegue em casa de-
pois de 12 horas de trabalho, e a minha mulher for me pa-
lestrar sobre o corpo glorioso na ressurreição. Por mais que
eu goste desses assuntos, não vai dar certo, por mais que
eu precise saber que ela tem valores e princípios que, não
sendo idênticos aos meus em toda linha, pelo menos apon-
tam na mesma direção. Ninguém aguenta falar disso todos
os dias. Seria como se você estivesse sempre numa reunião
apostólica ou numa roda filosófica — não dá!
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