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CONSELHO TUTELAR ATRIBUIÇÕES DISTORCIDAS

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Academic year: 2021

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CONSELHO TUTELAR ATRIBUIÇÕES DISTORCIDAS

“Ótimo que tua mão ajude o voo, mas jamais que ela se atreva a tomar o lugar das asas”.

(Dom Helder Câmara)

Pretende-se com este texto em poucas linhas, de forma simples, abordar as

atribuições da Policia e as atribuições do Conselho Tutelar perante as distorções trazidas muitas vezes pela Autoridade Policial, quando da instauração de procedimentos para a apuração de atos infracionais praticados por adolescentes.

Tornou-se costumeira a famigerada prática abusiva perpetrada por algumas autoridades policiais desenformadas, que ignoram seu papel ao se depararem com o flagrante de autoria de ato infracional e neste caso insistem em ao arrepio da lei querer obrigar o Conselho Tutelar a receber tais adolescentes, nas situações que se trata da liberação mediante termo de responsabilidade aos pais ou responsáveis.

Em muitos relatos conselheiros denunciam agressões físicas, agressões verbais, abuso de autoridade, condução coercitiva e prisões ilegais e outras praticas criminosas de que são vitimas, quando o Conselho não aceita receber aludidos adolescentes, por claro entendimento de que não é sua atribuição legal o recebimento de adolescentes a quem se atribua autoria de ato infracional. Observa-se que o procedimento, em caso de apreensão em flagrante aponta para o que orienta o art. 172 do ECA.

Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial competente.

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De inicio afirma-se que a Autoridade Policial que impõe ao Conselho Tutelar que receba os citados adolescentes, age em manifesta afronta à Constituição Federal, a Lei Federal 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente e a Resolução 170 do CONANDA, quando exorbitando do seu dever funcional, equivocadamente, praticam contra os conselhos as condutas descritas acima, além de outras.

Destaca-se desde logo o que autoridade que age assim manifesta despreparo arrogância e desconhecimento dos seus deveres funcionais, vez que ignorando os comandos legais do art. 174 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ao invés de seguir conforme a lei, arbitrariamente obrigam Conselho Tutelar a acolher adolescente autor de ato infracional, ao arrepio das determinações do ECA.

Vejamos o Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, SOB TERMO DE COMPROMISSO E RESPONSABILIDADE DE SUA APRESENTAÇÃO AO REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO, NO MESMO DIA OU, SENDO IMPOSSÍVEL, NO PRIMEIRO DIA ÚTIL IMEDIATO, EXCETO QUANDO, PELA GRAVIDADE DO ATO INFRACIONAL E SUA REPERCUSSÃO SOCIAL, DEVA O ADOLESCENTE PERMANECER SOB INTERNAÇÃO PARA GARANTIA DE SUA SEGURANÇA PESSOAL OU MANUTENÇÃO DA ORDEM PÚBLICA.

Os comandos trazidos pelo artigo acima citado são claros, a regra é que seja o adolescente apreendido em flagrante de ato infracional, de imediato liberado, mediante a entrega aos seus pais ou responsáveis por meio de assinatura de termo de entrega e recebimento.

Excetua-se, no entanto, a apreensão por pratica de ato infracional grave, nos casos que por IMPERIOSA FORÇA DA REPERCUSSÃO SOCIAL DO FATO, OU QUE VISE A GARANTIA DA

SEGURANÇA PESSOAL DO ADOLESCENTE, OU PARA FIM DE MANUTENÇÃO DA ORDEM PÚBLICA, é

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infração, mas também a as razões da inevitável medida extrema e emergencial”

(...)(HC.193.614/RJ 6ª Turma, rel. Sebastião Reis Junior, DJ 06.10.2011,v.u).

É fato que “TAMBÉM NÃO SE FARA A LIBERAÇÃO DO ADOLESCENTE QUANDO OS PAIS OU RESPONSÁVEIS POR FORÇA DE QUALQUER MOTIVO, NÃO FOREM ENCONTRADOS, OCASIÃO EM QUE A AUTORIDADE POLICIAL ENCAMINHARÁ O ADOLESCENTE PARA A ENTIDADE

COM PROGRAMA DE ATENDIMENTO ADEQUADO”. (Guilherme de Souza Nucci, Estatuto da Criança e

do Adolescente Comentado, pag. 557).

Não cabe em qualquer dos casos descritos acima o encaminhamento ou entrega do adolescente ao Conselho Tutelar, vez que este não é entidade de execução de programas de

atendimento a crianças e adolescentes, a ação policial deve seguir os termos do art. 175 e

seguintes do ECA.

Art. 175. Em caso de não liberação, a AUTORIDADE POLICIAL ENCAMINHARÁ, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a AUTORIDADE POLICIAL ENCAMINHARÁ o adolescente à entidade de atendimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a APRESENTAÇÃO FAR-SE-Á PELA AUTORIDADE POLICIAL. À FALTA DE REPARTIÇÃO POLICIAL ESPECIALIZADA, O ADOLESCENTE AGUARDARÁ A APRESENTAÇÃO EM DEPENDÊNCIA SEPARADA DA DESTINADA A MAIORES, NÃO PODENDO, EM QUALQUER HIPÓTESE, EXCEDER O PRAZO REFERIDO NO PARÁGRAFO ANTERIOR. (grifo nosso).

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sistema de justiça, policia judiciária, Defensoria Pública ou Advocacia, Ministério Publico e Judiciário, principio do qual deriva a impossibilidade desses organismos de utilizarem os conselheiros tutelares para suprir eventuais deficiências técnicas ou auxiliares”. (Conforme o então Procurador de Justiça

do Rio Grande do Sul, DR. KONZEN AFONSO ARMANDO 2001).

Logo qualquer ato exorbitante praticado por qualquer autoridade, no sentido de criar atribuições destoantes daquelas definidas no ECA ao Conselho Tutelar evidencia grave abuso de poder, além de outros crimes sujeitos a responsabilização funcional, civil e penal.

Tais praticas ilegais violam a Resolução Nº 170 do CONANDA, art. 25, onde é estabelecido que:

Art. 25 – O Conselho Tutelar exercerá exclusivamente as atribuições previstas na Lei número 8.069/90, não podendo ser criadas novas atribuições por ato de quaisquer outras autoridades do Poder Judiciário, Ministério Público, do Poder Legislativo ou do Poder Executivo Municipal, Estadual ou do Distrito Federal.

Pelo texto da aludida resolução em perfeita harmonia com o ECA, não restam dúvidas de que as atribuições do Conselho Tutelar não devem ultrapassar o rol contido nos artigos 136, 191,194 e outros do ECA, a imposição ao Conselho Tutelar de uma obrigação sem obediência ao devido processo legal e não prevista em lei, viola ao principio da autonomia do Conselho Tutelar, art. 131 do ECA.

Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, DEFINIDOS NESTA LEI.

Pode-se facilmente observar que na parte final do dispositivo citado acima, o Conselho Tutelar aparece definido como órgão encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos,

DEFINIDO NESTA LEI, um claro limite das suas atribuições, disposto pelo próprio Estatuto da Criança

e do Adolescente, assim sendo, tendo em vista ao principio de que “NÃO EXISTEM PALAVRAS INÚTEIS

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nenhuma autoridade criar atribuições ao Conselho Tutelar. Ampara este entendimento o disposto no art. 5º, inciso II, da Constituição Federal, “NINGUÉM SERÁ OBRIGADO A FAZER OU DEIXAR DE FAZER

ALGUMA COISA SENÃO EM VIRTUDE DE LEI”.

O que se extrai do dispositivo constitucional acima citado, é um comando geral e abstrato, do qual se conclui que, somente por força de lei poderá ser criado direito, deveres e vedações, ficando os agentes públicos vinculados aos comandos legais, disciplinadores de suas atividades, deste modo todas as autoridades são limitadas às suas funções legais, agir fora destes preceitos de forma abusiva é violação ao ordenamento constitucional e legal pátrio.

Importa finalmente ressaltar o profundo respeito que se nutre pala Policia por entender relevância dos serviços prestados à sociedade, por isto, justa ressalva se faz, aos competentes agentes que executam seus deveres nos termos da lei, porem as nossas mais francas criticas a aqueles que ainda exorbitam de suas funções atribulando Conselho Tutelar com praticas estranhas às suas atribuições legais.

Ante ao exposto recomenda-se aos conselhos tutelares que não se deixem deturpar, diante das ações abusivas das quais são vítimas, conversem, busquem a construção harmônica do sistema, todavia, se este recurso restar inviabilizado, busque a Executiva da ACECTMA, por meio dos coordenadores regionais, busque as ouvidorias e as corregedorias dos coatores e por ultimo a Justiça, para fim de responsabilização civil e penal de quem exorbitar de suas funções.

São Luís-MA. 06/05/2017 Atenciosamente:

IVAN NILO PINHEIRO MARQUES

Advogado OAB/MA 11.028 Assessor Jurídico da ACECTMA Coord. Nacional de Formação dos Cons. Tutelares

Coordenador dos CTs do Nordeste Representante do Maranhão no-FCNCT

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