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Manifestações Patológicas em Estruturas de Concreto Armado em Prédios Residenciais

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016

Manifestações Patológicas em Estruturas de Concreto Armado em Prédios Residenciais

Cirilo Antonio Ventura Xavier – civantonio@hotmail.com MBA – Projeto, Execução e Controle de Estruturas e Fundações.

Instituto de Pós-Graduação – IPOG Manaus, AM, 10 de agosto de 2015.

Resumo

As manifestações patológicas em estrutura de concreto armado em prédios residenciais que vem ocorrendo no Brasil podem estar ligadas a diversos fatores. O processo construtivo passou por grandes avanços tecnológicos nos últimos anos. Com o crescimento acelerado no setor, com as construtoras visando o lucro financeiro, o cumprimento de metas e cronogramas apertados, a contratação de profissionais sem a devida experiência,e a má qualidade dos materiais trouxe consigo diversos problemas desde a concepção do projeto até a manutenção das edificações.Diante disso, formulou-se a questão: Como realizar o processo construtivo evitando que erros de projeto, execução e manutenção possam acarretar problemas maiores na obra? O objetivo da pesquisa foi de abordar as manifestações patológicas em estrutura de concreto armado, seus tipos, suas origens e como evitá-las durante as etapas de projeto, execução e principalmente manutenção da obra. A pesquisa bibliográfica foi utilizada como metodologia. Foram abordados também alguns tópicos da Norma de Desempenho NBR 15.575 referente às responsabilidades dos projetistas, construtores e usuários dos empreendimentos. A aplicação dessa norma visa garantir uma melhor qualidade na construção civil e respaldo para juízes em processos judiciais.

Palavras-chave: Patologias.Norma de desempenho.Manutenção.

1. Introdução

O presente artigo científico tem como objeto de estudo as patologias geradas em estrutura de concreto armado em prédios residenciais. As manifestações patológicas estruturais que vêm ocorrendo na construção civil tais como: trincas, fissuras, infiltrações e danos por umidade excessiva na estrutura podem estar ligadas aos processos de concepção, execução e utilização da obra. No Brasil, desde a década de 70, o crescimento acelerado no setor da construção civil, o cumprimento de cronogramas, a utilização de material de baixa qualidade, a má execução dos projetos, a falta de preparo dos profissionais e o descaso com os agentes naturais são fatores que prejudicam a qualidade da obra podendo levar muitas vezes ao comprometimento da estrutura ocasionando desabamento da construção e morte de pessoas.

Diante do exposto, formulou-se a seguinte problemática: Como realizar o processo construtivo evitando que erros de projeto, execução e manutenção possam acarretar problemas maiores na obra? Esta pesquisa tem como objetivo geral abordar as manifestações

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patológicas em estrutura de concreto armado e como objetivos específicos observar e analisar os fatores que influenciam essas manifestações.

2. Patologia

Segundo (CBIC, 2013, 32) manifestação patológica é a irregularidade que se manifesta no produto em função de falhas no projeto, na fabricação, na instalação, na execução, na montagem, no uso ou na manutenção bem como problemas que não decorram do envelhecimento natural.

Patologia da construção civil é basicamente quando um edifício apresenta defeitos.

O edifício deve exercer diversas funções para atender às necessidades humanas. Diz- se que um edifício apresenta uma patologia quando não atende adequadamente uma ou mais funções para as quais foi construído. Assim, o reparo (conserto) de uma patologia tem como objetivo recuperar essa função (IBAPE – RS, 2013).

Designa-se genericamente por PATOLOGIA DAS ESTRUTURAS esse novo campo da Engenharia das Construções que se ocupa do estudo das origens, formas de manifestação, consequências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas de degradação das estruturas (SOUZA e RIPPER, 1998:16).

2.1 Patologias das Estruturas

Segundo Helene (1992) apud Cavaco (2008:10), embora o concreto possa ser considerado um material praticamente eterno, desde que receba manutenção sistemática e programada, há construções que apresentam manifestações patológicas em intensidade e incidência significativas, acarretando elevados custos para sua correção. Sempre há comprometimento dos aspectos estéticos e, na maioria das vezes, redução da capacidade resistente, podendo chegar, em certas situações, ao colapso parcial ou total da estrutura.

2.2 Origem das Patologias das Estruturas

De acordo com Pedro (2002), a origem das patologias pode ser classificada em: Concepção;

Execução; Utilização; Acidentais.

2.2.1 Concepção - São aquelas originárias da fase de projeto, em função da não observância das Normas Técnicas, ou de erros e omissões dos profissionais, que resultam em falhas no detalhamento e concepção inadequada dos revestimentos.

2.2.1.1 Patologias geradas na etapa de concepção da estrutura (projeto)

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De acordo com Cunha, Souza e Lima (1996:14) As antigas edificações residenciais e comerciais construídas na década de 70 apresentavam elevada robustez e pouca esbeltez tornando as deformações pequenas e pouco perceptíveis. A partir dos anos 80 as construções tornaram-se mais esbeltas percebendo-se mais facilmente suas deformações.

Várias são as falhas possíveis de ocorrer durante a etapa de concepção da estrutura.

Elas podem se originar durante o estudo preliminar (lançamento da estrutura), na execução do anteprojeto, ou durante a elaboração do projeto de execução, também chamado de projeto final de engenharia. (SOUZA E RIPPER, 1998:24).

Segundo Souza e Ripper (1998:24) “as falhas geradas durante a realização do projeto final de engenharia geralmente são as responsáveis pela implantação de problemas patológicos sérios e podem ser tão diversas como:”

elementos de projeto inadequados (má definição das ações atuantes ou da combinação mais desfavorável das mesmas, escolha infeliz do modelo analítico, deficiência no cálculo da estrutura ou na avaliação da resistência do solo, etc.);

falta de compatibilização entre a estrutura e a arquitetura, bem como com os demais projetos civis;

especificação inadequada de materiais;

detalhamento insuficiente ou errado;

detalhes construtivos inexeqüíveis;

falta de padronização das representações (convenções);

erros de dimensiomento;

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016 Figura 1 - Comparação entre diferentes situações de detalhamento de armaduras

Fonte: Souza e Ripper (1998)

Segundo (BAUER 1987:409) “as principais causas de deteriorização de estrutura de concreto, decorrentes de erros de projetos estruturais são:”

Falta de detalhamento ou detalhes mal especificados;

Cargas ou tensões não levadas em consideração no cálculo estrutural;

Variações bruscas de seção em elementos estruturais;

Falta, ou projeto deficiente de drenagem;

Efeitos da fluência do concreto, não levados em consideração.

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2.2.2 Execução - Sua origem está relacionada à fase de execução da obra, resultante do emprego de mão de obra despreparada, produtos não certificados e ausência de metodologia para assentamento das peças.

2.2.2.1 Patologias geradas na etapa de execução da obra (execução)

Segundo Bauer (1987:410) As principais causas de deterioração de estrutura de concreto decorrentes de erros de execuções são:

Má interpretação das plantas e/ou detalhes, por parte do pessoal de campo;

Adoção de métodos executivos e equipamentos inadequados;

Deslocamento de formas, prumos e alinhamentos, na montagem;

Falta de limpeza das formas;

Descolamento de formas, durante a concretagem, por deficiente amarração, vibração excessiva etc.;

Má colocação da armadura, como falta de cobrimento adequado, má distribuição;

Desforma antes que o concreto apresente resistência à compressão e módulo de deformação suficientes e necessários;

Nas juntas de dilatação, a não retirada de materiais construtivos, tais como, formas, falta de vedação elástica, ou limpeza;

Recalque diferenciais;

Segregação do concreto;

Retração hidráulica, durante a pega do concreto, por perda d’água;

Vibrações produzidas por tráfego intenso, cravação de estacas, impactos ou explosões nas proximidades da estrutura;

Inadequado conhecimento de engenharia por parte do construtor e/ou desobediência as Normas, Códigos e Especificações.

A não existência na maioria das obras de uma fiscalização efetiva de engenheiros responsáveis, quer do Estado, quer dos clientes, faz com que frequentes falhas de execução venham a comprometer a qualidade das obras. A obrigação dos engenheiros encarregados das obras de cuidar, frequentemente, de diversos empreendimentos ao mesmo tempo, ou de tratar todos os detalhes técnicos, administrativos e financeiros conjuntamente, afeta, também, a qualidade de seu trabalho. Esta situação está na origem de inúmeras patologias constatadas em obras concluídas até recentemente (CUNHA, SOUZA E LIMA, 1996:17).

A ocorrência de problemas patológicos cuja origem está na etapa de execução é devida, basicamente, ao processo de produção, que é em muito prejudicado por refletir, de imediato, os problemas socioeconômicos, que provocam baixa qualidade técnica dos trabalhadores menos qualificados, como os serventes e os meio-oficiais, e mesmo do pessoal com alguma qualificação profissional. SOUZA E RIPPER 1998:24)

As ideias dos autores acima citados convergem entre si no que se refere a qualificação de mão de obra e desvios de funções. Com o intuito de economizar as construtoras contratam pessoal

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não qualificado por ser uma mão de obra mais barata e o engenheiro muitas vezes exerce o papel de engenheiro e administrador. Dessa forma, ele não tem tempo suficiente para conferir e fiscalizar todos detalhes técnicos e isso ocasiona os problemas patológicos na execução da obra.

Figura 1 – Exemplo de laje nervurada apresentando erro de execução

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016 Figura 2 – Exemplo de viga apresentando erro de execução

Figura 3 – Exemplo de pilar apresentando erro de execução

2.2.3 Utilização - Ocorrem durante a vida útil dos revestimentos, sendo resultado da exposição ao meio em que se inserem, podendo ser naturais, decorrentes da agressividade do meio, ou decorrentes da ação humana ou de revestimentos não adequados.

2.2.3.1 Patologias geradas na etapa de utilização da obra

De acordo com OLIVARI (2003:7). As principais causas de patologias na fase de utilização são:

Falta de programa de manutenção adequada;

Sobrecargas não previstas no projeto;

Danificação de elementos estruturais por impacto;

Carbonatação e corrosão química ou eletroquímica;

Erosão por abrasão;

Ataque de agentes agressivos.

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Segundo a NBR 14037 (ABNT, 1998), a manutenção compreende o conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes, além de atender às necessidades e segurança dos seus usuários.

Entende-se por manutenção de uma estrutura o conjunto de atividades necessárias à garantia do seu desempenho satisfatório ao longo do tempo, ou seja, o conjunto de rotinas que tenham por finalidade o prolongamento da vida útil da obra, a um custo compensador (SOUZA E RIPPER, 1998:21).

Souza e Ripper (1998) ressaltam que não só o construtor, mas o proprietário também é corresponsável pela manutenção devendo arcar com os custos e zelar por um programa de manutenção preventiva.

2.2.4 Acidentais - Caracterizadas pela ocorrência de algum fenômeno atípico, resultado de uma solicitação incomum.

2.2.4.1 Patologias geradas por acidentes

De acordo com SOUZA e RIPPER (1998:49) patologias de origem acidentais são ações imprevisíveis mecânicas ou físicas que ocorrem na área externa da estrutura. Podem resultar de incêndio, sismos, inundações, choques de veículos e esforços devidos ao vento. As ações mecânicas podem originar-se de choque de veículo, recalque de fundações e acidentes. As ações físicas podem originar-se de variação de temperatura, insolação e atuação da água.

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016 Figura 4 - Situação de recalque de fundação

Fonte: Souza e Ripper (1998).

Segundo Souza e Ripper (1998:23) Muitos pesquisadores tem procurado definir e relacionar em quais atividades tem ocorrido maiores problemas patológicos. Contudo, fica difícil chegar a uma conclusão, visto que os estudos foram realizados em diversos países e a relação de causas são tantas ficando difícil identificar a mais importante.

O surgimento de problema patológico em dada estrutura indica, em última instância e de maneira geral, a existência de uma ou mais falhas durante a execução de uma das etapas da construção, além de apontar para falhas também no sistema de controle de qualidade próprio a uma ou mais atividades (SOUZA E RIPPER, 1998:23)

CAUSAS DOS PROBLEMAS PATOLÓGICOS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO

FONTE DE PESQUISA

Concepção e Projeto

Materiais Execução Utilização e Outras Edward Grunau

Paulo Holcno (1992)

44 18 28 10

D. E. Allen (Canadá)

(1979)

55 <= 49 =>

C.S.T.C.

(Bélgica) Verçoza (1991)

46 15 22 17

C.E.B. Boletim

157 (1982) 50 <= 40 => 10

Faculdade dc Engenharia da Fundação Armando Alvares Penteado Verçoza (1991)

18 6 52 24

B.R.E.A.S.

(Reino Unido) (1972)

58 12 35 11

Bureau Securitas (1972)

<= 88 => 12

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016 E.N.R. (U.S.A.)

(1068 -1078 9 6 75 10

S.I.A. (Suíça)

(1979) 46 44 10

Dov

Kaminetzky (1991)

51 <= 40 => 16

Jean Blevot

(França) (1974) 35 65

L.E.M.I.T.

(Venezuela) (1965-1975)

19 5 57 19

Quadro 1 - Análise percentual das causas de problemas patológicos em estruturas de concreto Fonte: Adaptado de Souza e Ripper (1998: 23)

2.3 Os Principais Sintomas de Problemas Patológicos de Edifícios –

Segundo Olivari (2003:8), os principais sintomas de problemas patológicos de edifícios:

a) fissuras e trincas em elementos estruturais e alvenarias;

b) esmagamento do concreto;

c) desagregação do concreto;

d) disgregação do concreto (ruptura do concreto);

e) carbonatação;

f) corrosão da armadura;

g) percolação de água;

h) manchas, trincas e descolamento de revestimento em fachadas.

E também as principais causas da patologia.

a) recalque das fundações;

b) movimentação térmica;

c) excesso de deformação das peças estruturais;

d) sobrecargas ou acúmulo de tensões;

e) retração do cimento;

f) carbonatação;

g) expansão de armadura (corrosão);

h) reações químicas internas;

i) defeitos construtivos.

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Segundo Bauer (1987:411) “Os três sintomas principais de deterioração de uma obra, em concreto armado são as fissuras, a disgregação e a desagregação, cada um destes sintomas são visíveis e podem ser facilmente constatados e diferenciados entre si.”

Fissuras - Em todas as construções de concreto, e, portanto com o emprego do cimento, aparecem fissuras que podem surgir após anos, semanas ou mesmo algumas horas do término da concretagem.

Além do aspecto antiestético e a sensação de pouca estabilidade que apresenta uma peça fissurada, os principais perigos decorrem da corrosão da armadura, e penetração de agentes agressivos externos, no concreto.

As aberturas máximas admissíveis pelas Normas Brasileiras NBR-6118(NB-1/78), considera a fissuração como nociva quando a abertura na superfície do concreto ultrapassa os seguintes valores:

- 0,1 mm para peças não protegidas, em meio agressivo;

- 0,2 mm para peças não protegidas, em meio não agressivo;

- 0,3 mm para peças protegidas.

Disgregações - A disgregação do concreto é caracterizada pela ruptura do mesmo, especialmente em regiões salientes dos elementos estruturais.

Desagregações - É um dos sintomas característicos da existência de ataque químico. Como a corrosão de concreto é de natureza química, as causas fundamentais reduzem-se a duas principais:

- reações com o hidróxido de cálcio proveniente da hidratação dos componentes do cimento;

- reações do íon sulfato, com o aluminato tricálcio hidratado do cimento ou com a alumina do inerte numa solução saturada de hidróxido de cálcio, dando origem a expansões.

Os principais sintomas observados e suas causas:

SINTOMAS

CAUSAS PRINCIPAIS

A B C

X 1 – Durante a construção

X 2 – Retração durante a pega do concreto

X 3 – Retração durante o endurecimento do concreto 4 – Efeitos de variação de temperatura

X X 4.1 – Interna

X 4.2 – Ambiente

X x 4.3 – Incêndio

X 5 – Absorção de água pelo concreto

6 – Corrosão de armadura

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X X 6.1 – Origem química

X X 6.2 – Origem eletroquímica

X X x 7 – Reações químicas

X x 8 – Alterações atmosférica

X X 9 – Ondas de choque

X X 10 – Projeto incompleto, sem detalhes

X X 11 – Erros de cálculo

x 12 – Abrasão

Quadro 2 – Sintomas e causas

A – fissuras, trincas. B – disgregações C – desagregação Fonte: BAUER (1987:413)

3. Como realizar o processo construtivo evitando que erros de projeto, execução e manutenção possam acarretar problemas maiores na obra?

De acordo com (CUNHA, SOUZA E LIMA, 1996:17) Todo e qualquer empreendimento deve ser cuidadosamente avaliado do ponto de vista técnico quanto a suas condições de estabilidade, durabilidade e funcionalidade. Esta é uma regra que não pode ser negligenciada nem nos menores dentre eles.

Em fevereiro de 2013 foi publicada pela ABNT – Associação Brasileira de Normas técnicas, a NBR 15.575 – Desempenho de Edificações Habitacionais. A norma que começou a vigorar em 19/07/2013 visa uma melhoria na construção civil, pois estabelece uma série de requisitos e critérios para edificação habitacional e seus sistemas. Ela define as corresponsabilidades de todos os envolvidos (projetistas, fabricantes, construtores, incorporadores e consumidores) na cadeia produtiva da indústria da construção, os requisitos mínimos de qualidade, prazos de vida útil, prazos de garantia, condições de manutenção e métodos de ensaio. A norma terá reflexos nas ações judiciais, seja nas perícias, seja em aspectos processuais (o ônus da prova da manutenção).

Por que a norma deve ser cumprida? Segundo Del Mar (2013) As normas uniformizam e consolidam o conhecimento, prescrevem as boas técnicas, estabelecem um padrão de qualidade e são benéficas para a sociedade.

De acordo com a LEI 8.078/90 (CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR)

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos e serviços:

VIII – colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO.

Reflexo jurídico: baliza as exigências e o cumprimento das obrigações. Os projetistas devem estabelecer a Vida Útil de Projeto (VUP) de cada sistema que compõe a norma.

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SISTEMA VUP mínima

Estrutura ≥ 50 anos

Pisos internos ≥ 13 anos

Vedação vertical externa ≥ 40 anos

Vedação vertical interna ≥ 20 anos

Cobertura ≥ 20 anos

Hidrossanitário ≥ 20 anos

(*) Considerando periodicidade e processos de manutenção segundo a ABNT NBR 15575 e especificados no respectivo manual de uso, operação e manutenção entregue ao usuário elaborado em atendimento à ABNT NBR 14037.

Quadro 3 - Vida útil de projeto (VUP)* (item 14.2.1 da Norma) Fonte: Adaptado de Del Mar (2013)

VIDA ÚTIL – VU conceito

É um parâmetro, estabelecido pelo meio técnico, que indica o período de tempo em que os requisitos mínimos de desempenho (indicados pela Norma) devem ser atendidos pela edificação, supondo a correta manutenção.

PROJETISTAS - manutenção “de projeto”

Quem define a VUP precisa também estabelecer quais ações de manutenção deverão ser realizadas, para garantir que seja atingida (manutenção “de projeto”).

VIDA ÚTIL - MANUTENÇÃO

O funcionamento de um subsistema, durante a vida útil, depende da substituição de componentes que se desgastam em tempo menor do que a vida útil do sistema (flexíveis, gaxetas, o “ courinho ” da torneira, etc.), providências compreendidas na atividade de manutenção.

3.1 Projeto

A NBR 15575 estabelece que, para edifícações ou conjuntos habitacionais com local de implantação definido, os projetos devem ser desenvolvidos com base nas características geomorfológicas do local, avaliando-se convenientemente os riscos de deslizamentos, enchentes, erosões e outros.

Durante o processo de concepção do projeto deve-se verificar também:

– Maior detalhamento do projeto evitando detalhes inexequíveis,

– Buscar compatibilização entre os projetos de estrutura, arquitetura e demais projetos civis; levar em consideração as cargas ou tensões no cálculo estrutural;

– Padronização das representações (convenções);

– Evitar a variações bruscas de seção nos elementos estruturais;

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– Formar uma equipe multidisciplinar para os estudos e elaboração dos projetos é de grande importância;

– Especificação e escolha adequada de todos os materiais utilizados na construção;

– Verificar se na região é facil o acesso ao material definido;

– Elaboração de cronograma fisico para a execução da obra;

– Elaboração do projeto de drenagem;

– Elaboração do projeto de impermeabilização;

– Levar em consideração o efeito da fluência do concreto;

– Avaliação da resistência do solo para melhor definição da infraestrutura;

– Definir o sistema construtivo.

3.2 Execução

Durante o processo de execução da obra deve-se verificar:

– Planejamento para inicio da obra como: cronograma, histograma e contratação de equipe treinada ou que seja treinada;

– Elaboração do quadro de produtividade;

– Elaboração de cronograma para evitar que os serviços sejam executados fora da sequência lógica do processo construtivo;

– Treinamento e capacitação das equipes envolvidas no processo construtivo;

– Maior fiscalização por parte de engenheiros e mestres nos seguintes serviços: prumo, formas, limpeza de formas, recobrimento das ferragens, fazer a desforma na hora correta, tratamento da junta de dilatação e evitar as vibrações excessivas nas formas;

3.3 Manutenção

De acordo com Del Mar (2013) A manutenção é um dos itens mais importantes da Norma NBR 15.575 técnica e juridicamente.

1º REFLEXOS NA QUALIDADE: Porque, se a manutenção não for feita, a vida útil pode não ser atingida - vide Norma (excludentes da responsabilidade: culpa exclusiva da vítima;

inexistência de relação causal, etc.)

Porque a apuração se se trata de falha, ou não, passa pela verificação se foi feita a manutenção (perícias)

3º OBRIGAÇÃO DE REALIZAR: Porque a manutenção é responsabilidade dos usuários, assim definida na Norma.

4º Porque o ônus da prova da manutenção, é dos próprios usuários.

5º OBRIGAÇÃO DE ESPECIFICAR: Porque cabe ao construtor especificar as atividades de manutenção, por meio dos manuais.

Conforme a ABNT (NBR 15.575) Ao construtor ou incorporador cabe elaborar o manual de uso, o de manutenção, ou documento similar, conforme 3.26, atendendo à ABNT NBR

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14037. O manual deve ser entregue ao proprietário da unidade quando da disponibilização da edificação para uso. Deve também ser elaborado o manual das áreas comuns, que deve ser entregue ao condomínio.

Ainda em Del Mar (2013) a manutenção é um dos itens mais importantes da Norma, para o construtor.

1º - Porque os condomínios devem seguir as Normas Técnicas (entre as quais a 15.575 e a 5674).

2º - Porque a NBR 15.575 define que manutenção é responsabilidade dos usuários.

3º - Porque cabe ao construtor especificar as atividades de manutenção, por meio dos manuais (tem o dever, e também tem o direcionamento).

4º - Porque, se a manutenção não for corretamente feita, a vida útil pode não ser atingida (vide NBR 15.575), e isso exclui a responsabilidade do construtor.

5º - Porque o ônus da prova da manutenção é dos usuários (NBR 15.575 c/c NBR 5.674).

4. Conclusão

Devido ao crescimento acelerado da construção civil no Brasil vários fatores contribuíram para o aumento das manifestações patológicas em estrutura de concreto armado. Com muitas edificações sendo erguida em curto espaço de tempo, o uso de materiais mais baratos e de má qualidade ou mal aplicados, a falta de uma fiscalização efetiva por parte do engenheiro responsável, até mesmo o acúmulo das funções de gerente e fiscal das obras, a contratação de engenheiro recém-formado com pouca experiência como meio de economia acaba por gerar falhas na execução das obras. O resultado disso são os diversos sintomas de problemas patológicos de edifícios que surgem como fissuras e trincas em elementos estruturais, problemas de umidade, corrosão e comprometimento da qualidade da obra. As patologias geradas na fase de concepção de projeto podem ser decorrentes principalmente de erros de projeto estruturais como detalhamento insuficiente ou errado, erros de dimensionamento, etc.

As principais causas de patologias de estrutura de concreto decorrentes de erros de execuções são: má interpretação das plantas e detalhes por parte do pessoal de campo, adoção de métodos executivos e equipamentos inadequados, inadequado conhecimento de engenharia por parte do construtor e/ou desobediência as Normas, Códigos e Especificações. Dentre as causas principais geradas na fase de utilização estão a falta de programa de manutenção adequada, sobrecargas não previstas no projeto, dentre outras. Sendo a manutenção de responsabilidade não só do construtor como também do proprietário. Este deverá arcar com um programa de manutenção preventiva a fim de garantir o prolongamento da vida útil do empreendimento. Estudos feitos por pesquisadores demonstram que as principais causas de problemas patológicos em estruturas de concreto em nível de percentual estão ligadas a concepção do projeto, execução da obra e manutenção.

Quanto à análise da problemática de como realizar o processo construtivo evitando que erros de projeto, execução e manutenção possam acarretar problemas maiores na obra pode-se

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concluir que: a aplicação da Norma NBR 15.575 – Norma de Desempenho, que começou a vigorar em julho/2013 é um instrumento importante para melhorar a qualidade, a segurança e o conforto das edificações no Brasil. Ela define as corresponsabilidades de todos os envolvidos (projetistas, fabricantes, construtores, incorporadores e consumidores) na cadeia produtiva da indústria da construção, os requisitos mínimos de qualidade, prazos de vida útil, prazos de garantia, condições de manutenção. Para a sociedade este é um ganho importante tendo em vista que atualmente são grandes as demandas judiciais por causa de imóveis entregues fora do padrão projetado.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14037: Manual de

operação, uso e manutenção das edificações – Conteudo e recomendações para elaboração e apresentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edificações Habitacionais – Desempenho Parte 1: Requisitos Gerais - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro, 2013.

BAUER, Luiz Alfredo Falcão, Materiais de construções. 5a. ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Ed.,1987. 435 p.

CAVACO, Jonas Rodrigo Zimmermann. Patologias nas estruturas de concreto armado. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Regional de Blumenau, Santa Catarina: Monografia, 2008.

CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção Desempenho de edificações habitacionais: guia orientativo para atendimento à norma ABNT NBR 15575/2013 - Fortaleza: Gadioli Cipolla Comunicação, 2013. 308p.

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Referências

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