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Segurança na internet para encarregados de educação : desenvolvimento de um MOOC

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UNIVERSIDADE

DE

LISBOA

INSTITUTO

DA

EDUCAÇÃO

SEGURANÇA NA INTERNET PARA ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE UM MOOC

Carolina Batalha de Oliveira Pascoal Amado

MESTRADO EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO Área de especialização em E-learning e Formação a Distância

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UNIVERSIDADE

DE

LISBOA

INSTITUTO

DA

EDUCAÇÃO

SEGURANÇA NA INTERNET PARA ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE UM MOOC

Carolina Batalha de Oliveira Pascoal Amado

MESTRADO EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO Área de especialização em E-learning e Formação a Distância

Trabalho de Projeto orientado por Professora Doutora Ana Isabel Ricardo Gonçalves Pedro

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AGRADECIMENTOS

À Professora Doutora Ana Isabel Ricardo Gonçalves Pedro, orientadora desta dissertação, pela disponibilidade, pelo apoio, pela partilha de saberes e as pelas suas valiosas contribuições neste trabalho.

Ao Professor Doutor João Filipe Matos, pelo apoio e por me ter dado a oportunidade de me integrar na equipa C2Ti.

À equipa fantástica do C2Ti, pelo incentivo e apoio nesta caminhada.

Ao Diogo pela amizade, pelo amor, pela paciência e pela partilha destes anos. Somos tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo.

À minha irmã, por acreditar em mim e por ser um exemplo a seguir.

Ao meu pai, por me rever nele.

À minha mãe pela pessoa que é, pelo amor, carinho e dedicação. Um especial e enorme obrigado por nunca ter desistido de mim. Espero um dia poder retribuir e compensar todo o apoio, esforço e amor que me deu. A ela, dedico este trabalho.

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i ÍNDICE RESUMO ... v ABSTRACT ... vi PARTE I INTRODUÇÃO ... 1 PARTE II APRESENTAÇÃO DO PROJETO ... 3 2.1 Temática do Projeto ... 5 2.2 Participantes ... 5

2.3 Justificação da escolha do projeto... 5

PARTE III ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 7

CAPÍTULO I ... 8

Introdução ao Ensino a Distância ... 8

Caracterização da EaD ... 11

Modalidades de EaD ... 22

EaD em Instituições do Ensino Superior em Portugal ... 24

CAPÍTULO II ... 27 Teorias de Aprendizagem... 27 Behaviorismo ... 28 Cognitivismo ... 29 Construtivismo ... 34 Conectivismo ... 37 CAPÍTULO III ... 40 Educação Aberta ... 40

Recursos Educativos Abertos ... 40

REA em contexto escolar e o seu potencial transformador ... 42

CAPÍTULO IV ... 47

MOOC – Abordagem ao conceito ... 47

e-Learning & MOOC ... 51

Modelo pedagógico do MOOC ... 54

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ii

Considerações finais ... 58

PARTE IV ÂMBITO, PROBLEMÁTICA E OBJETIVOS ... 60

4.1 Temática do Projeto ... 61

4.2 Objetivos ... 61

4.3 Breve descrição do Projeto SeguraNet ... 62

PARTE V METODOLOGIA ... 64

5.1 Procedimentos ... 65

5.1.1 Análise e exploração de Massive Open Online Courses ... 66

5.1.2 Técnicas de Investigação ... 66

Processo de validação do instrumento e questões éticas ... 69

Procedimentos e participantes das entrevistas ... 69

Análise de conteúdo ... 70

5.2 Desenvolvimento do MOOC ... 72

5.2.1 Análise e Discussão do Levantamento de Necessidades ... 72

5.2.2 Planificação do guião... 80

5.2.3 Orientações para a construção do MOOC ... 81

5.2.4 Orientações para a implementação e avaliação do MOOC ... 83

PARTE VI DESCRIÇÃO DO PROJETO A IMPLEMENTAR ... 85

6.1 Módulo Introdutório ... 86

6.2 Módulo I – Para encarregados de educação - Breve descrição ... 86

6.3 Módulo 2 – De educador para educando - Breve descrição ... 87

6.4 Ferramentas de aprendizagem ... 88

PARTE VII CONCLUSÃO ... 93

Limitações do trabalho ... 96

Orientações para o futuro projeto ... 97

REFERÊNCIAS ... 98

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iii ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Teoria de Aprendizagem ... 27 Figura 2: Representação da Zona de Desenvolvimento Proximal ... 35 Figura 3: Fases de construção do projeto ... 66

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iv ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Dimensões DIGCOMP (versão portuguesa) ... 4

Tabela 2: Pedagogia de EaD ... 10

Tabela 3: Características do ensino a distância ... 13

Tabela 4: Estágios de Piaget ... 33

Tabela 5: Comparação de cMOOC e xMOOC ... 50

Tabela 6: Diferenças entre plataformas LMS e MOOC ... 52

Tabela 7: Resposta dos entrevistados na categoria "iniciativas" ... 72

Tabela 8: Resposta dos entrevistados na categoria "Público-alvo" ... 73

Tabela 9: Resposta dos entrevistados na categoria "Benefícios de projetos no âmbito da segurança na internet" ... 73

Tabela 10: Resposta dos entrevistados na categoria "Fragilidades" ... 74

Tabela 11: Resposta dos entrevistados na categoria "Ultrapassar fragilidades" ... 74

Tabela 12: Resposta dos entrevistados na categoria "Dificuldades com encarregados de educação" ... 75

Tabela 13: Resposta dos entrevistados na categoria "Áreas temáticas" ... 76

Tabela 14: Resposta dos entrevistados na categoria "Adoção de estratégias" ... 76

Tabela 15: Resposta dos entrevistados na categoria "Ações de formação e sensibilização" ... 77

Tabela 16: Resposta dos entrevistados na categoria "Limitação na participação" ... 77

Tabela 17: Resposta dos entrevistados na categoria "Ultrapassar limitações" ... 78

Tabela 18: Resposta dos entrevistados na categoria "Potencialidades" ... 78

Tabela 19: Resposta dos entrevistados na categoria "Superar desafios" ... 79

Tabela 20: Resposta dos entrevistados na categoria "Projeto para pais e encarregados de educação" ... 79

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v RESUMO

O projeto SeguraNet, um dos projetos desenvolvidos pelo C2Ti IEUL em parceria com a ERTE-DGE – Ministério da Educação, tem como propósito a promoção de uma navegação segura, crítica e esclarecida da internet na comunidade educativa (professores, alunos e encarregados de educação/pais), ou seja, pretende sensibilizar para um uso adequado, livre e consciente da internet por parte de todos os participantes envolvidos no projeto.

As principais iniciativas do projeto passam, essencialmente, pela formação de professores, pela dinamização de sessões de sensibilização nas escolas e pela disponibilização de informação/recursos em formatos múltiplos e adequados a cada um dos seus públicos.

Apesar de o público-alvo ser toda a comunidade educativa, ao longo do estágio desenvolvido tomou-se consciência que o foco do projeto incide nos jovens e nas crianças, sentindo-se assim necessidade de direcionar a atuação para um público adulto, procurando proporcionar mais oportunidades de informação e conhecimento. Para isso, pretendeu-se realizar uma formação online para pais e encarregados de educação, possibilitando e facilitando o acesso à informação e não ser necessário a mobilização física por parte dos mesmos, através da planificação, construção e implementação de um Massive Open Online Course.

O processo metodológico da investigação passou por diversas fases, nomeadamente pela: (a) Formulação da problemática de investigação; (b) da definição de fases e procedimentos metodológicos; (c) e pelo desenvolvimento do MOOC (planificação e construção).

No que concerne à sua implementação, apesar desta não ter ocorrido, tecem-se um conjunto de recomendações para essa fase, fazendo igualmente considerações sobre possibilidades de avaliação do MOOC elaborado.

Palavras-chave: Formação online, MOOC, Segurança digital, Encarregados de educação e pais.

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vi ABSTRACT

The project SeguraNet, one of the projects developed by C2Ti IEUL in partnership with ERTE-DGE, aims to promote safe navigation, critical and clarified the internet in the educational community (teachers, students and parents), in other words, it aims to sensitize for proper use, free and conscious of the internet by all the participants involved in the project.

The main project initiatives are, essentially, for teacher training, the promotion of awareness sessions in schools and the provision of information/resources in multiple formats and appropriate for each of the public.

Although the target audience is the entire educational community, throughout the developed stage it became aware that the project focus is on young people and children, and feeling the need for direct action for an adult audience, seeking to provide more information opportunities and knowledge. For this, it intended to conduct an online training for parents, enabling and facilitating access to information and physical mobilization not be needed by them, through the planning, construction and implementation of a Massive Open Online Course.

The research methodological process has gone through several phases, specifically by: (a) formulation of research problem; (b) definition of phases and methodological procedures; (c) and the development of MOOC (planning and construction).

With regard to implementation, although this did not occur, we define a set of recommendations for this phase also making considerations on evaluating possibilities of MOOC.

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1

PARTE I

INTRODUÇÃO

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2 A presente investigação insere-se no âmbito do 2º ano de Mestrado em Educação e Formação, especialidade de E-learning e Formação a Distância, do Instituto da Educação da Universidade de Lisboa.

Importa salientar que o projeto se foca no desenvolvimento de uma formação informal para pais e encarregados de educação, no âmbito da segurança digital através da construção de um curso massivo (MOOC).

O relatório está organizado em cinco partes. Na primeira parte dedicamo-nos a uma breve apresentação do projeto realizado. Já na segunda parte fazemos um enquadramento teórico que reflete todo o trabalho de pesquisa bibliográfica que se desenvolveu ao longo do projeto. Assim, inicia-se o capítulo I com a definição de um conceito base – Educação a Distância, focando-nos posteriormente no segundo capítulo no conceito de Educação Aberta e os Recursos Educativos Digitais, definindo o conceito de ambos e tratando as potencialidades do papel dos REA no contexto escolar. Ainda neste enquadramento, abordamos no terceiro capítulo as Teorias de Aprendizagem e enfatizamos, de forma breve, cada uma das teorias – Behaviorismo, Cognitivismo, Construtivismo e Conetivismo. Por último, no capítulo IV faz-se alusão ao conceito de cursos massivos e gratuitos – Massive Open Onlline Course. Neste contexto, salienta-se quais as características e a origem deste tipo de cursos, o modelo pedagógico e o papel destes nas instituições educativas no mundo.

Na terceira parte deste relatório, apresentamos o âmbito em que o projeto se desenvolveu ao longo do ano, a problemática de investigação a ser trabalhada e os objetivos definidos. Na quarta parte descrevemos detalhadamente os procedimentos metodológicos usados para se proceder ao desenvolvimento da presente investigação, abordando os processos de levantamento de necessidades, utilizados como elemento justificativo do desenvolvimento do MOOC.

Por último, apresenta-se a descrição do projeto a implementar, referindo a estrutura e os objetivos de cada módulo e quais as ferramentas a implementar no curso em questão. Estes pontos são indicados em articulação com as orientações para implementação futura do projeto. Em conclusão apresentam-se as considerações finais e a descrição das limitações que surgiram ao longo do trabalho.

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3

PARTE II

APRESENTAÇÃO DO PROJETO

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4 Considera-se a segurança digital uma problemática atual e cada vez mais abordada, devido ao constante e enorme uso da internet por parte da nossa sociedade e pelo destaque que essa utilização tem nos dias de hoje. Por isto, é fulcral formar e sensibilizar a população (quer jovens, quer adultos), para as questões relativas à segurança e ao uso informado das tecnologias. Isto mesmo tem sido salientado por diferentes relatórios internacionais, dos quais se destaca o Quadro de Referência Europeu para o Desenvolvimento e Compreensão da Competência Digital (Joint Research Centre, 2013; 2016). Este quadro alicerçado em cinco áreas, nivela-se em cinco dimensões, funcionando como um instrumento de autoavaliação para todos os cidadãos nivelarem o seu grau de proficiência digital.

Tabela 1: Dimensões DIGCOMP (versão portuguesa)

Informação 1.1 Navegação, procura e filtragem da

informação

1.2 Avaliação da informação

1.3 Armazenamento e recuperação da informação

Comunicação 2.1 Interação através de tecnologias

2.2 Partilha de informação e conteúdo 2.3 Envolvimento na cidadania digital 2.4 Colaboração através de canais digitais 2.5 Netiqueta

2.6 Gestão da identidade digital Criação de conteúdo 3.1 Desenvolvimento de conteúdo

3.2 Integração e reelaboração 3.3 Direitos de autor e licenças 3.4 Programação

Segurança 4.1Proteção de dispositivos

4.2 Proteção de dados pessoais 4.3 Proteção da saúde

4.4 Proteção do meio ambiente Resolução de problemas 5.1 Resolução de problemas técnicos

5.2 Identificação de necessidades e respostas tecnológicas

5.3 Inovação e utilização da tecnologia de forma criativa

5.4 Identificação de lacunas na competência digital

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5 Realça-se assim o facto do domínio Segurança aparecer como elemento fundamental nas competências a desenvolver por todos os cidadãos europeus, simultaneamente ao facto de existirem ainda competências relacionadas com a temática noutros dois domínios abordados, como se pode verificar na tabela anterior.

Neste sentido, é fundamental proporcionar aos cidadãos formação formal e informal que lhes permitam desenvolver competências nestes aspetos.

2.1 Temática do Projeto

Decorrente do projeto SeguraNet (projeto desenvolvido pelo Ministério da Educação, financiado por fundos europeus, a desenvolver no ponto seguinte), o tema a ser abordado neste âmbito é a “Segurança na internet para encarregados de educação”.

2.2 Participantes

Os participantes do estudo englobam todos os pais/encarregados de educação, que tenham interesse em conhecer e abordar as questões relacionadas com a própria literacia digital e a dos seus educandos.

Assim, este projeto dirige-se a encarregados de educação que:

 Compreendam as potencialidades das novas tecnologias, sem menosprezar riscos envolvidos;

 Estejam menos familiarizados com os riscos associados à utilização da internet e ao seu uso;

 Estejam aptos para adquirir mais competências digitais, assim como os seus filhos, dando uma oportunidade aos últimos de experienciarem os benefícios da internet e reforçarem as suas competências para lidar com os riscos da mesma.

2.3 Justificação da escolha do projeto

O presente trabalho aborda a atividade desenvolvida no C2Ti IEUL – Centro de Competência em Tecnologias e Inovação do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa – no âmbito de estágio do 2º ano do Mestrado em Educação e Formação, especialidade em E-learning e Formação a Distância do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

O Seguranet é um dos projetos desenvolvidos pelo C2Ti IEUL em parceria com a ERTE-DGE, tendo como objetivo principal a promoção de uma navegação segura, crítica e

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6 esclarecida da Internet na comunidade educativa (professores, alunos e encarregados de educação/pais), abordando temas relevantes para todos os participantes envolvidos. Decorrente do trabalho realizado anteriormente pelo C2Ti IEUL, desenvolveu-se um curso MOOC dirigido especificamente a pais/encarregados de educação, que tenham interesse em conhecer e abordar questões relacionadas com a própria segurança digital e com a dos seus educandos.

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PARTE III

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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8 CAPÍTULO I

Introdução ao Ensino a Distância

As perspetivas da aprendizagem têm evoluído no decorrer dos tempos, tendo essa evolução evidenciando-se com o interesse crescente verificado na implementação do processo ensino-aprendizagem apoiada pelo computador (Petersen, 2006). Deste modo, quer com a implementação da aprendizagem apoiada pelo computador, quer da aprendizagem baseada nas TIC e da utilização de ferramentas multimédia levaram a sociedade a deparar-se perante uma nova realidade: Ensino a Distância [EaD], nos seus vários pressupostos (e-learning e b-learning). Assim, o professor teve que repensar as suas práticas de ensino, constituindo uma nova visão e utilizando métodos diversificados para além dos utilizados no ensino presencial tradicional.

Debruçando-nos inicialmente na contextualização histórica, a EaD surgiu no século XIX, no entanto, somente agora é reconhecida como uma eficaz modalidade de ensino.

A evolução histórica e tecnológica do EaD descreve-se, essencialmente, em quatro períodos: educação por correspondência, educação tele-ensino, educação multimédia e educação a distância. (Roque, 2015)

A primeira surgiu em 1833 e era baseada numa distribuição de documentos impressos e correio postal. Neste caso, a comunicação e interação era feita entre a instituição e o estudante por telefone ou correio. No que concerne a segunda evolução, esta foi iniciada nos anos 60, sendo baseada numa representação de conteúdos onde a distribuição era feita em áudio e/ou vídeo, através de rádio e/ou televisão. A comunicação e interação entre a instituição e o estudante era, por seu lado, feita através do telefone, fax ou correio. Por vezes, era apoiada por reuniões presenciais.

A terceira geração, iniciada nos anos 80, era alicerçada na representação de conteúdos multimédia interativos, cuja distribuição era feita em CD e DVD. Desta forma, a educação passou a integrar a informática e os seus suportes de informação eletrónica, aproveitando assim os avanços tecnológicos que a internet permitiu, ao facilitar, por exemplo, o acesso a recursos e conteúdos predispostos (textos, vídeos, áudio, etc.). No que diz respeito à comunicação e interação entre a comunidade educativa, esta torna-se interativa, frequente e com um elevado grau de interação entre professor-aluno pela facilidade associada ao uso do correio eletrónico (Gomes, 2008).

A última e quarta evolução surgiu nos anos 90, tendo sido denominada como aprendizagem em rede. Esta geração caracteriza-se pela produção de recursos multimédia colaborativos, alicerçando-se assim na colaboração e na interação. Na quarta geração a

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9 utilização através da Internet e de dispositivos móveis engloba recursos tecnológicos, o que permite uma comunicação bidirecional (síncrona e assíncrona), o que consequentemente possibilita uma maior rapidez no feedback no processo ensino-aprendizagem.

Acompanhando as gerações referidas acima, alguns autores analisaram cada geração de ensino a distância, associando-a a uma dada pedagogia, nomeadamente: cognitivo-behaviorista, socialconstrutivista e conetivista. (Alves, 2008)

Para este autor, a pedagogia cognitivo-behaviorista defende a ideia de que as aprendizagens são definidas como novos comportamentos ou mudanças nos indivíduos, que por consequência são adquiridos como resultado da resposta dos mesmos a uma dada situação. Neste caso, existe uma ausência social e a aprendizagem é tida como um processo individual. É dada uma maior importância aos resultados.

No que se refere ao segundo modelo, Alves (2008) considera que o indivíduo aprende e participa de forma dinâmica e ativa, tendo, neste caso, o professor um papel crítico na criação das atividades de aprendizagem e na estrutura em que ocorrem as mesmas. No construtivismo é assim valorizada a evolução da aprendizagem e a construção do conhecimento através das experiências.

Por fim, o conetivismo (Siemens & Downes, 2003) desenvolvido já na era da informação digital, onde a interação através das tecnologias em rede é privilegiada. Neste modelo, a aprendizagem está interligada à produção de conteúdos educacionais – ficheiros, objetos de aprendizagem, discussões, recursos didáticos, pensamento crítico, não podendo ser dissociada da exploração, da construção e dos processos metacognitivos.

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10 Tabela 2: Pedagogia de EaD

Pedagogia de EaD Tecnologia Atividades de aprendizagem Papel do professor Cognitivo-behaviorista Televisão, rádio, comunicação individual Ler, assistir (individual) Criador de conteúdos Construtivista Conferência, comunicação e participação ativa Discutir, criar, construir (grupo) Líder de discussão, acompanha a aprendizagem Conetivista Web 2.0, tecnologias colaborativas e interavitas

Explorar, ligar, criar, avaliar (Em rede)

Facilitador, tutor, motivador de aprendizagem

Constata-se assim que, com o avanço das gerações de EaD, nasce o fenómeno de cibercultura (criada pelas tecnologias digitais) (Lévy, 1999). Partindo do enfoque na auto-aprendizagem e na auto-aprendizagem colaborativa, a educação online proporciona a interatividade entre estudantes e entre estudantes e professores. Anteriormente a interação estava limitada à troca de correspondência ou eventuais encontros presenciais, limitando a colaboração e a comunicação, contudo, o desenvolvimento de ferramentas da web 2.0 tem vindo a possibilitar os processos interativos mais dinâmicos por exemplo com a aprendizagem e ensino online.

Consequentemente entende-se que o ensino a distância ao ter por princípio a separação física de quem ensina e quem aprende, assumindo assim um grau de separação entre o professor e o aluno, necessita de ter presente um conjunto de fatores que possibilitem um trabalho eficaz e estruturado que permita a colaboração entre estudantes e assim a aprendizagem. Deste modo, apara garantir a eficácia na atuação deste modelo de ensino, as instituições devem apresentar uma estrutura e uma organização clara e bem definida – produção de materiais didáticos, a comunicação entre aluno, professor e instituição (tutoria, apoio e interação), a coordenação de cursos e o processo de avaliação, contribuindo para processos de aprendizagem eficazes e estruturados.

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11 Caracterização da EaD

A ideia de EaD constitui-se por um conjunto de sistemas que partem do princípio que os estudantes estão separados do professor em termos espaciais e, por vezes, temporais. É um ensino centrado no aluno, pois procura ir mais além da dependência e transmissão de conhecimento por parte do professor, atribuindo assim, maior responsabilidade aos estudantes. Desta forma, o aluno passa a controlar a sua aprendizagem, adquirindo experiências por conta própria.

Para Melo (2008), a educação a distância tem as seguintes finalidades:

 Democratização do acesso à educação: oferta de uma educação para todos, promovendo igualdade de oportunidades educativas e, proporcionando oportunidades aos estudantes com limitação de tempo, distância ou incapacidade física;

 Proporcionar uma aprendizagem autónoma e experiência: estimular formação diferente do contexto educação tradicional, fomentar a aprendizagem autónoma, tornando os alunos responsáveis pela sua formação. O professor torna-se um orientador, motivador e facilitador, incentivando os estudantes a estudarem e pesquisarem de forma independente, promovendo igualmente uma aprendizagem colaborativa;

 Incentivar a educação permanente: oferecer estratégias e instrumentos adequados à educação contínua;

 Promover um ensino inovador. Diversificar e ampliar as ofertas e oportunidades de estudos e cursos e, propiciar um sistema educativo inovador, com meios didáticos e de multimédia;

 Reduzir os custos: diminuir custos iniciais – produção de materiais didáticos e apoio do sistema operacional.

Assim, pode-se afirmar que as principais características de um espaço de aprendizagem online são:

 Separação física e temporal entre o professor e o aluno;

 Utilização de meios técnicos de comunicação para a transmissão dos conteúdos educativos (programas interativos);

 Alta relação de custo-benefício, pois pode ensinar a um maior número de pessoas com maior frequência e reduzindo custos adicionais;

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12  Conhecimento pode ser comunicado e atualizado em tempo real. O material de

ensino pode ser recebido pelo aluno em qualquer lugar e a qualquer hora;

 Estudo autónomo, o aluno realiza a sua própria aprendizagem controlando o tempo, o espaço e ritmo de estudo, mediada por material didático;

 A comunicação massiva e bidirecional mediada entre professor/formador e aluno/formando, através de diferentes recursos.

Deste modo, a EaD é uma modalidade de ensino e aprendizagem onde não há proximidade física entre o docente e o estudante e a comunicação é feita mediada por recursos tecnológicos. Isto é, os estudantes estão face a face com os materiais de aprendizagem fornecidos pelo professor, permitindo aos mesmos que interajam com os materiais e realizem tarefas autonomamente, simultaneamente interajam com outros estudantes.

Pode considerar-se o EaD como um mundo de informação e conhecimentos sem limites, rompendo as barreiras geográficas e, onde os objetos e espaços tornam-se universais. Realça-se por exemplo a possibilidade de frequentar cursos (de caracter formal ou informal) noutros países e noutras línguas.

A educação a distância é diferente do ensino presencial em derivados aspetos – (i) no papel do professor/formador e do estudante/formando, na (ii) disponibilização de conteúdos, recursos tecnológicos, na (iii) comunicação e interação entre professor e aluno, entre outros aspetos. O quadro abaixo demonstra algumas das diferenças entre os dois ensinos.

O espaço de aprendizagem virtual pode ser considerado, um local não situado geograficamente, onde ocorre o processo de ensino e de aprendizagem através da organização e aplicação de uma estrutura pedagógica, contendo comunicação e interação, bem como o apoio e o estímulo de uma instituição ou equipe de profissionais multidisciplinares.

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13 Tabela 3: Características do ensino a distância

Ensino a Distância  Separação geográfica e temporal entre professor-aluno;  Prevalência de material didático e interativo;

 Interatividade através de tecnologias;

 Processo de ensino-aprendizagem planeado com base em objetivos e metas a serem alcançados;

 Possibilidade de maior número de alunos.

Neste sentido e procurando alcançar os vários objetivos e potencialidades advindos dos processos de Ensino a Distância, realça-se que os sistemas de EaD são complexos e exigem uma gestão eficiente para que os resultados educacionais possam ser alcançados.

Com base no autor acima referido, não basta uma boa proposta pedagógica-tecnológica ou produção de materiais instrucionais para garantir o sucesso de um curso em EaD. Para que ocorra de facto sucesso no processo de ensino-aprendizagem é necessário um desenvolvimento de uma estrutura devidamente operacional, que envolva a conceção de um curso, a produção dos materiais didáticos ou fontes de informação, definição do sistema de avaliação, distribuição de matérias e a disponibilização de serviços de apoio/tutoria à aprendizagem. Desta forma, o aluno está perante um processo de aprendizagem efetivo.

Importa então analisar algumas características essenciais para um ensino a distância eficaz e estruturado:

i. Gestão educacional

A gestão educacional é extremamente importante para compreender o conjunto do processo de ensino-aprendizagem em qualquer modalidade educativa, tenha um carácter presencial, a distância ou misto. Neste âmbito, a gestão da EaD, como na gestão

Uma vez definidos os objetivos educacionais, o desenho instrucional, as etapas e as atividades, os mecanismos de apoio à aprendizagem, as tecnologias a serem utilizadas, a avaliação, os procedimentos formais acadêmicos e o funcionamento do sistema como um todo, é fundamental que se estabeleçam as estratégias e os mecanismos pelos quais se pode assegurar que esse sistema vá efetivamente funcionar conforme o previsto.

(Oliveira & Nakayana, 2014, p.5)

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14 presencial, refere-se a ação de planear, organizar, coordenar e gerir, espaço, tempo, custos, software, pessoas e informações.

ii. Separação geográfica e temporal

Como já foi referido, a principal característica do EaD é a separação espaço-tempo entre aluno e professor. O grau de separação entre estes dois atores educativos é crucial. Ou seja, um curso com um grau de separação baixo (vários encontros presenciais) não será igual a um curso com um grau de separação alto, tanto a nível de material didático como a nível de recursos tecnológicos. Num curso a distância que apresenta um grau de separação baixo pode-se, por um lado, proceder a encontros presenciais entre professor e aluno ou por outro, a utilização de meios tecnológicos e de tutoria, porém, pode ser limitado. Já num curso com um grau de separação alto podem ser usados chats, videoconferências, fóruns e tutoria (Comassetto, 2006), possibilitando a superação das distâncias.

iii. Comunicação e Interação

Na educação a distância, a comunicação tem um valor imenso no papel da interatividade entre os atores do processo educacional e na construção do conhecimento. A utilização sistemática de recursos didáticos, multimédia e comunicação multidirecional possibilita a aprendizagem dinâmica, autónoma e inovadora.

Na EaD a comunicação tem que se apresentar de forma multidirecional, onde os atores educativos - aluno, professor, tutor e instituição - possam de múltiplas formas realizar o seu contacto (Comassetto, 2006). Os componentes responsáveis pela comunicação e interação devem ter uma proposta pedagógica adequada, que possibilite que o processo ensino-aprendizagem aconteça de forma eficaz (Roque, 2015). Para isso, é imprescindível uma abordagem pedagógica que proponha atingir os objetivos pré-estabelecidos e vá ao encontro das necessidades dos formandos. Estas práticas que apelam para este tipo de trabalho são apoiadas pelas ferramentas colaborativas – chat, e-mail, fórum, videoconferências.

Predominam, assim, no que concerne à comunicação duas modalidades: a síncrona (onde a comunicação se desenvolve de tempo real, de modo imediato, prevalecendo ferramentas como os chat e audioconferência ou videoconferência) e a assíncrona (sendo a comunicação em tempo diferido e alicerçando-se sobretudo nas trocas decorridas através de email, participação e discussão em fórum, entre outros.).

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15 No que diz respeito à comunicação síncrona, a sala de chat é o espaço mais informal de comunicação. A sua diferença em relação ao fórum de discussão é a sensação de interação em tempo real. Pode ser utilizado para tirar dúvidas ou organizar grupos de discussão, supervisionado pelo professor. Os fóruns podem ter um carácter de aprendizagem informal, onde os alunos discutem questões diversas, não se verificando mediação por parte do professor.

Já a videoconferência torna-se uma ferramenta crucial – Colibri, Skype, etc. Esta permite que os utilizadores estejam geograficamente distantes mas comuniquem “face a face”, através de áudio e/ou vídeo.

Relativamente à comunicação de forma assíncrona, os formandos têm oportunidade de ler, refletir, pesquisar informação, escrever ponderadamente, e corrigir as suas intervenções as vezes que forem necessárias. Ou seja, torna-se uma comunicação mais flexível temporalmente. Neste tipo de interação existe, essencialmente, duas formas: correio eletrónico e fóruns de discussão.

A EaD, de um ponto de vista tecnológico, tem como suporte a Internet e os seus serviços de comunicação. Já de um ponto de vista pedagógico, existe um modelo de interação entre formador-formando, entre formando-formando e formando-conteúdos (Roque, 2015). A interação formador-formando facilita e orienta a aprendizagem, através do diálogo e da exploração das suas ideias.

A interação formando-formando é vista numa perspetiva construtivista, partilhando, analisando e criticando ideias e experiências através do diálogo.

Já a interação formando-conteúdos resulta do processo de interação intelectual com o conteúdo, levando a que os alunos alterem as suas ideias, ocorrendo assim, mudanças de compreensão dos alunos.

iv. Recursos Didáticos e Ferramentas digitais

No processo ensino-aprendizagem cabe ao docente facilitar a construção do processo de formação, motivando e influenciando o aluno no desenvolvimento da sua aprendizagem. Segundo Souza (2007, p.113), mencionado por Silva et al. (2012), “O uso de recursos didáticos deve servir de auxílio para que no futuro os alunos aprofundem, apliquem seus conhecimentos e produzam outros conhecimentos a partir desses”.

Segundo Comassetto (2006), os recursos didáticos dividem-se em dois tipos: os recursos básicos e recursos complementares. Os primeiros constituem a fonte principal de

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16 conteúdos e conhecimentos. Os segundos são considerados reforços e apoios as recursos básicos.

O professor tem a responsabilidade de utilizar e variar ao máximo os recursos didáticos, tendo em consideração a adequação dos alunos em cada fase do processo de ensino, conforme o projeto pedagógico e desenho instrucional de cada curso, dos objetivos, das metas atingir e dos resultados a obter.

Para que a aprendizagem seja verdadeiramente significativa, é imprescindível que o professor conheça os seus formandos e planeie as suas aulas de acordo com os objetivos estipulados e de acordo com as necessidades dos seus alunos. Assim, o formador deve escolher os recursos a utilizar, de maneira a que a proposta metodológica e pedagógica seja a mais adequada para aquele determinado perfil de aluno ou turma. Não obstante, permite igualmente que os estudantes sejam autónomos, construam o seu próprio conhecimento e reflitam sobre os temas/situações propostas pelo docente.

No entanto, por vezes não se torna fácil a escolha e gerência dos recursos, pois os professores precisam de estar capacitados para explorar determinados recursos.

Os recursos didáticos apresentam algumas funções – fornecer informações, orientar a aprendizagem, praticar capacidades, motivar, avaliar, fornecer ambientes de exploração e criação e, promover o pensamento e reflexão crítica. Desta forma, os recursos permitem aos alunos tomarem contacto com diferentes materiais que os ajudam a gerar interesse, motivação, participação, uma aprendizagem ativa e discussão de ideias, proporcionando assim, interação social entre alunos.

No ensino a distância, para viabilizar o desenvolvimentos e organização dos cursos é necessário haver componentes físicos (computadores, equipamentos de gravação de vídeos e áudios, entre outros) que nos ajudam a criar, armazenar e propagar os conteúdos didáticos e, existem ferramentas e recursos que nos ajudam a criar, editar, gerir e disponibilizar conteúdos de diferentes maneiras, tais como vídeos, áudios, textos e

Para que os recursos didáticos possam promover uma aprendizagem significativa, é necessário que o professor esteja preparado, capacitado, ter criatividade para explorar os recursos que estão ao seu alcance, com o objetivo de aproveitar todos os benefícios que os mesmos possam proporcionar. O professor deve se planejar para que a aplicação desses recursos não se torne meramente uma ação recreativa, eles devem ser usados dentro do processo de ensino-aprendizagem, contribuindo para assimilação do conteúdo ministrado na disciplina, por parte dos alunos.

(27)

17 imagens, oferecendo, assim, um conjunto de ferramentas consistentes e atrativas aos utilizadores que os motive e facilite a construção do seu conhecimento. (Roque, 2015) Das inúmeras ferramentas, destacam-se:

 Fórum – Ferramenta comunicação assíncrona, orientada por um tema central e realizada por meio da ferramenta Fórum de Discussões. Neste espaço, os formadores incentivam à troca de ideias e experiências;

 Wiki – Ferramenta assíncrona de escrita colaborativa. Permite edição coletiva dos documentos e atualização dinâmica;

 Chat – Ferramenta de comunicação síncrona. Exige-se que os participantes estejam conectados simultaneamente para que o processo de comunicação seja efetuado;

 Blog – Páginas pessoais da Internet cujo mecanismo possibilita registar e atualizar todos os conteúdos e/ou informação que o criador do mesmo quiser;

 Tarefa – Consiste na descrição de uma atividade a ser desenvolvida pelo participante;

 Glossário – Permite criar e atualizar uma lista de definições – dicionário.

Outras tantas ferramentas podem ser inseridas no EaD, das quais: Correio eletrónico, Prezi, Google Forms, Google Drive, Slideshare, Redes Sociais, Screencast, Youtube, entre outras.

Outra mudança nos elementos da EaD é a facilidade e rapidez com que o aluno pode pesquisar e encontrar informações. A internet disponibiliza inúmeras bibliotecas virtuais e bases de dados que, conjuntamente com os conteúdos disponibilizados e as ferramentas de comunicação e interação, enriquecem o processo educacional.

Para Alves (2008, p.11),

v. Papel do professor e do aluno

A eficiência das instituições e programas de educação a distância dependem grande parte da formação, capacidade e atitudes de seus docentes. Na modalidade a distância de ensino e de aprendizagem, o professor assume múltiplas e complexas funções – facilitador,

Os conteúdos vão servir de apoio aos formandos e é a qualidade dos mesmos que poderá motivar ou não os alunos, assumindo assim um papel fundamental na aprendizagem. Estes materiais didáticos costumam ser apresentados num sistema sob a forma de texto, áudio, vídeo, videoconferência ou digital (informático).

(28)

18 motivador, tutor, etc. Assim, o professor passa a ter outro tipo de funções, este deve estimular a partilha de ideias e experiências e mediar a interação entre os alunos, motivar e possibilitar um processo de ensino-aprendizagem independente e autónoma ao aluno. “As funções formativas no contexto do e-Learning são múltiplas: desde planear, implementar, orientar, monitorizar e avaliar, passando pela criação de conteúdos. (Roque, 2015, p.61)”

No entanto, para tornar os recursos tecnológicos realmente eficazes para a aprendizagem dos alunos, os professores devem utilizar as ferramentas colaborativas com competências assertivas e estarem constantemente atualizados devido às mudanças na área da tecnologia, computação e internet. Os professores não devem ter receio de utilizar as ferramentas, é importante que os mesmos utilizem toda a didática, conhecimentos e criatividade que possuem para realizar o seu trabalho.

Para Mason (1998) segundo Roque (2015), um docente na educação a distância deve promover, estimular, orientar e apoiar as interações que ocorrem no processo de formação – interação entre formando-formador; interação entre formando-formando; interação entre formando-conteúdos. Assim, um e-formador tem um papel central de mediador na dinamização de atividades e no apoio na construção da rede de aprendizagem. Através desta mediação colaborativa, o docente promove a interação entre a rede de aprendizagem e facilita a construção do conhecimento coletivo. (Roque, 2015)

Na EaD, efetivamente, o professor deve ser parceiro dos estudantes no processo de construção do conhecimento, nas atividades de pesquisa e na inovação pedagógica. Melo (2008, p.62), aborda três grandes dimensões para uma formação online adequada:

 Dimensão pedagógica: diz respeito às atividades de orientação, aconselhamento, tutoria e o domínio de conhecimentos específicos da pedagogia, como psicologia, ciências cognitivas, ciências humanas.

 Dimensão tecnológica: compreende as relações entre tecnologia e educação, ou seja, o uso dos recursos técnicos disponíveis na avaliação, na seleção de materiais, na elaboração de estratégias e na produção de materiais pedagógicos.

(…) características de um bom formador nestas modalidades não presenciais e que normalmente se organizam em três eixos: (i) o formador enquanto dinamizador dos fóruns de discussão, (ii) o formador como parceiro tanto na realização das atividades quanto na construção coletiva do conhecimento e (iii) o formador enquanto regulador das participações dos formandos.

(29)

19  Dimensão didática: relaciona-se com a formação específica do professor em

determinado campo científico e à necessidade constante de atualização. Para o docente usar uma metodologia de ensino adequada nas atividades individuais, colaborativas e cooperativas pode ser um desafiante, mas é fulcral que, independentemente do desafio, o professor desempenhe um papel de pesquisador para que possa desenvolver capacidades e competências individuais e coletivas.

No caso dos alunos, aquando do seu contacto com estas metodologias, estes assumem um papel mais ativo, de responsabilidade pelas suas próprias aprendizagens, desenvolvendo em simultâneo capacidades de autonomia e monitorização.

Tendo o papel do formador sido modificado – passa agora pelo disponibilizar de materiais, o sugerir recursos e interagir online com os formandos, fornecer feedback, apoio à motivação; estímulo ao pensamento crítico; aconselhamento e tutoria; organização de práticas e avaliação; estrutura bem concebida para a construção do conhecimento do aluno, entre outros – cabe ao aluno ter um papel mais autónomo e responsável pela sua aprendizagem. Assim, estes últimos devem (indo de encontro ao definido nos referenciais de competências para o séc. XXI):

 Ser autodirigidos, isto é, realizando as tarefas mas também a saber avaliar o próprio desempenho;

 Desenvolver competências para criar os seus próprios objetivos de aprendizagem;  Identificar recursos pertinentes que o ajudarão atingir as suas metas/resultados;  Usar práticas de ensino adequadas para atingir os seus objetivos;

 Possuir conhecimento de tecnologias e recursos multimédia usados;

 Fortalecer o trabalho e a aprendizagem colaborativa, trocando informações e experiências entre os outros formandos (Partnership for 21st century skills (2009), ISTE (2008), a enGauge 21st Century skills (2009) ou a OCDE (2011).

Faltando algum contacto visual com o professor – típico do ensino presencial –, o apoio imediato de um professor e a avaliação das necessidades e dificuldades dos alunos é crucial. Assim, o ensino a distância, de certa forma, possibilita aos docentes experimentarem formas diversificadas de explicação e transmissão de conteúdos e de motivar os formandos.

(30)

20 vi. Acompanhamento e tutoria

Outro ponto importante é o acompanhamento e tutoria realizada ao longo do curso. Para Comassetto (2006, p.65),

A tutoria deve iniciar-se desde o momento da inscrição dos alunos, até ao final deste processo. É fulcral que haja, por parte da instituição e por parte dos professores, um acompanhamento, apoio, motivação e avaliação durante todo o processo ensino-aprendizagem dos alunos.

Muitas vezes, neste processo ensino-aprendizagem a distância os alunos estudam, na maioria das vezes, individualmente. Perante isto, é necessário o devido acompanhamento, apoio e incentivo a esta aprendizagem individualizada, visando a superação de possíveis obstáculos que poderão surgir.

vii. Avaliação

A excelência na EAD só é atingida por um programa pedagógico bem planeado, por professores competentes, pela tecnologia usada de forma adequada e por um bom sistema de avaliação. (Melo, 2008)

Independentemente da forma da avaliação, esta deve ser contínua, flexível, qualitativa e quantitativa. Mas, principalmente deve dar ênfase ao alcance dos objetivos propostos e na construção do conhecimento pelo aluno.

Na EaD, a avaliação é pensada enquanto sistema, ou seja, ela compõe um todo conjuntamente com os sistemas de gestão, sistema de tutoria, sistema de comunicação e interação e sistema de desenvolvimento de material didático (Oliveira, 2006).

O processo avaliativo pretende diagnosticar e analisar – comportamentos, desempenhos e resultados – a aprendizagem e verificar se houve uma melhoria contínua da qualidade educacional.

As modalidades de avaliação são: Diagnóstica, Formativa e Sumativa.

Por isso, a tutoria e acompanhamento são essenciais como apoio aos alunos, pois possibilita a aquisição de hábitos e técnicas de estudo específicos da EAD, bem como, estimula o contato com os professores e entre alunos, de modo a manter a constante interação e motivação, indispensáveis à permanência destes no processo de ensino e de aprendizagem.

(Comassetto, 2006,p.56)

Um sistema de tutoria compreende um conjunto de ações educativas que contribuem para desenvolver e potencializar as capacidades básicas dos alunos, orientando-os para obterem seu crescimento intelectual e autonomia.

(31)

21 a) Diagnóstica – Normalmente, ocorre em dois momentos diferentes: antes e durante o processo de ensino. Pode-se considerar uma prática investigativa com intuito a conhecer o perfil do aluno e as suas tendências de aprendizagem;

b) Formativa – Ocorre durante o processo de instrução;

c) Sumativa – Ocorre no final do processo de ensino, proporciona a avaliação de resultados e analisar o que melhorar.

Segundo Rocha (2012,p.6), existem pré-requisitos para avaliar na EaD as competências desenvolvidas, das quais:

Deste modo, a avaliação nesta modalidade de ensino (como nas outras modalidades) desempenha um importante passo para a certificação de qualidade no processo de formação.

Tido como instrumento capaz de revelar as lacunas no processo metodológico, um sistema de avaliação bem estruturado pode oferecer condições para uma re-definição de práticas.

 do ensino e aprendizagem - incentivar a aprendizagem

colaborativo-cooperativa, incentivar a autonomia. Articular e fortalecer a aprendizagem pela Busca;

 da didática das nuvens – apropriar-se de novas competências para o

aprendizado em redes sociais, em comunidades virtuais de aprendizagem, no M-Learning, MOOCS, REAs - Recursos Educacionais Abertos etc;

 dos Indicadores de desempenho - desenvolver competências para planejar e

acompanhar Indicadores de qualidade pela aprendizagem significativa, indicadores de cooperação e de apropriação do conhecimento. Indicadores de conformidade e resultados;

 de contexto ou natureza – avaliar sem perder de vista a diversidade de

realidades socioculturais, socioeconômicas, sociopolíticas, éticas, ideológicas ou religiosas que se misturam nos espaços e salas de aula virtual, além das quatro paredes da escola tradicional;

 de estilos de aprendizagem – desenvolver competências para o olhar

diferenciado na avaliação de aspectos cognitivos, físicos, emocionais mais andragógicos ou mais pedagógicos (contínuo pedagógico-andragógico); considerar os estilos de aprendizagem divergente, assimilador, convergente e acomodador (…);

 de destreza tecnológico-midiática – investir no domínio das tecnologias

(32)

22 Modalidades de EaD

A educação a distância é um modelo de formação que tem por base a separação física e temporal dos alunos e dos professores. Neste sentido, o uso de ferramentas e meios tecnológicos permitem o acesso aos conteúdos, à comunicação e interação entre diferentes atores. É um processo de ensino-aprendizagem que leva a o individuo aprender, a pensar, a criar, a inovar, a explorar, a construir conhecimentos e a participar ativamente na sua aprendizagem (Parreira, 2012).

Como já foi referido anteriormente, houve quatro gerações da EaD, surgindo na última as modalidades de ensino da EaD. Nesta geração “aprendizagem em rede”, há a possibilidade de haver aulas colaborativas e interações bidirecionais, promovendo a aprendizagem e o ensino através do uso dos computadores e da internet, como dispositivos de mediação entre os indivíduos e entre os materiais didáticos.

Atualmente existem quatro regimes de ensino em EaD: e-learning, b-learning, m-learning e educação aberta.

O e-learning é suportado pelo uso das novas tecnologias, nomeadamente pela internet. Esta modalidade permite a autoaprendizagem e a aprendizagem interativa, permitindo o acesso a qualquer hora e em qualquer lugar, mediada pelos recursos didáticos apresentados por diferentes suportes tecnológicos de informação e comunicação.

Este regime e-learning não se limita somente à facilidade de acesso, mas também à partilha de conhecimentos e à difusão de conteúdos – atualizados, dinâmicos e personalizados –, proporcionando melhores experiências de aprendizado, além de estimular a colaboração entre os alunos, bem como a criação de comunidades virtuais e de redes de aprendizagem. (Pereira & Sanches, 2009,p.91)

Assim, o e-learning acentua numa dimensão social, o que capacita a partilha de ideias e experiências e dá ao aluno a responsabilidade pela sua própria aprendizagem. Portanto, a e-learning torna-se diferente do EaD em termos tecnológicos e pedagógicos, integrando fortemente formas colaborativas de aprendizagem (Manuel, 2013).

Roque (2015) enumera algumas características comuns ao regime de ensino a distância onde se integra o e-learning:

 Separação física entre formador e formando;

 Utilização de materiais de aprendizagem em diferentes suportes;  Sistemas de comunicação bidirecional para fins tutoriais;

(33)

23  Acompanhamento das necessidades de formação dos alunos, articulando assim,

os interesses dos mesmos com os objetivos estabelecidos pelo curso.

Em suma, o ator principal deste modelo é o aluno, onde o mesmo pode construir o seu percurso de aprendizagem, interagir com os outros intervenientes e interagir com os conteúdos disponibilizados, segundo as suas necessidades de aprendizagem. Relativamente ao professor, este torna-se um orientador e motivador do desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, permitindo que haja diferentes estilos e ritmos de aprendizagem, possibilitando o trabalho de grupo e feedback (Manuel, 2013).

O b-learning (blended learning) é a combinação e integração de diferentes pedagogias, tecnologias e metodologias de aprendizagem, com intuito a ultrapassar dificuldades que poderão surgir no ensino a distância (isolamento, abandono da formação) e, conseguir dar resposta a eventuais necessidades e constrangimentos dos alunos, com a interação e participação do ensino presencial.

É uma abordagem mista de aprendizagem onde está inserido o ensino presencial e o ensino a distância. Ou seja, é um tipo de ensino onde está combinada situações de ensino presencial e situações de ensino a distância.

Esta modalidade de ensino híbrida deve apelar à sua flexibilidade e capacidade de adaptação a diferentes contextos, professores e alunos. Isto irá permitir que haja comunicação, trabalhos de grupo e utilização de ferramentas digitais, tais como os fóruns de discussão, chat’s, videoconferência, etc.

O professor deve ter uma comunicação clara e deve promover a cultura social entre os estudantes. Já os alunos têm responsabilidade sob a sua própria experiência e nas suas tomadas de decisão. Isto leva a que os mesmos adquiram conhecimentos através de um processo de ensino-aprendizagem que está de acordo com as suas necessidades, interesses, ritmos e estilos de aprendizagem (Gil, 2009).

Mais recentemente, surgiu o m-learning (mobile learning) que tem por base a utilização de dispositivos móveis – telemóveis, tablets, computadores portáteis.

Já a open learning – educação aberta – é caracterizada pela abertura a todos os interessados e aos meios de ensino e aprendizagem. Esta aprendizagem tem como

Dessa forma, utiliza-se da combinação e integração de diferentes tecnologias e metodologias de aprendizagem, misturando educação on-line e presencial, de acordo com as necessidades específicas das organizações e cumprindo os seus objetivos de forma global, melhorando a eficácia e eficiência do processo de aprendizagem.

(34)

24 principais ideias a aprendizagem colaborativa e interativa e a liberdade de (re)uso, adaptação de recursos educativos abertos conforme os interesses e objetivos atingir pelos professores e, conforme as necessidades do seu público-alvo.

EaD em Instituições do Ensino Superior em Portugal

Desde sempre que o ensino superior tem vindo a sofrer alterações nas diferentes formas de promover o conhecimento de acordo com as necessidades da sociedade. Ou seja, trata-se de encontrar novas metodologias que privilegiem a criação de contextos de aprendizagem centrados nos alunos, para que estes possam desenvolver espírito crítico e refletir acerca das suas aprendizagens de uma forma participativa e ativa. Neste contexto, o professor terá que proporcionar as condições adequadas para que os alunos se tornem mais autónomos, mais confiantes e que adquiram consciência das suas aprendizagens. Com a globalização e com as imposições do atual mercado de trabalho é crucial que as instituições de ensino superior se mantenham atualizadas, assim, a adoção de práticas de EaD vão tomando relevância no ensino superior. No entanto, para ser um modelo ensino-aprendizagem eficaz, o e-learning tem que ser visto como uma ferramenta educativa inovadora com grandes potencialidades. O investimento das IES em e-learning deve focar-se, essencialmente, na melhoria dos processos de ensino-aprendizagem.

Em Portugal, no ensino superior existe um sistema binário: Universidade e Politécnico. Nas Universidades, em 1988 surgiu a Universidade Aberta que é vocacionada exclusivamente para ensino no regime em EaD. Quando fundada, determinou-se que o seu objetivo era a educação massiva, geograficamente dispersa.

Em Portugal é permitido que todas as instituições de ensino superior ofereçam cursos a distância, mas a UAb é a única na área – 28 anos de experiência. Esta universidade, até hoje, a única instituição de ensino superior público no país que se dedica unicamente à educação a distância, onde é oferecida um conjunto diversificado de cursos em três ciclos – licenciatura, mestrado e doutoramento –, e cursos de curta duração.

O modelo pedagógico desta universidade é baseado em quatro princípios:

 Aprendizagem centrada no estudante, enquanto individuo ativo e construtor do seu conhecimento;

 Flexibilidade;  Interação;

A comunicação e a interação faz-se de acordo com a disponibilidade do estudante.

(35)

25  Promoção de estratégias educativas que contribuam para a aquisição e

desenvolvimento de literacia digital.

A UAb é a universidade com a menos percentagem de professor e estudantes em Portugal, o que tem implicações em termos de financiamento público e faz dela um exemplo a seguir. Ao contrário das universidades públicas presenciais, a UAb não é financiada em função do número de estudantes, mas sim pelo conjunto da sua atividade (Martins & Caetano (2013). Numa linha diferenciadora, ao contrário de algumas Universidades, esta atribui aos seus professores a responsabilidade pela conceção e implantação dos planos de estudos e materiais didáticos. Isto implica que exista um corpo técnico de apoio altamente preparado para responder às necessidades dos docentes. (Ibidem, 2013) No ensino Politécnico, em 2008/2009 foram disponibilizadas as primeiras vagas em regime EaD no Instituto Politécnico de Leiria. O Instituo Superior de Contabilidade de Aveiro, o Instituto Politécnico de Beja e o Instituto Politécnico de Cávado e Ave juntaram-se ao Instituto Politécnico de Leiria.

Um dos aspetos relevantes da oferta de EaD no ensino superior é a adesão de múltiplas instituições – universidades de Aveiro, Beira Interior, Coimbra, Lisboa, Minho, Porto, e os institutos Politécnico de Leiria e Superior de Gestão Bancária.

Neste sentido, em 2010 foi criado na Universidade de Lisboa o Laboratório de Elearning da Universidade – E-learning Lab.

Tendo sido criado em 2010, o e-Learning Lab da ULisboa é a unidade responsável pelo apoio à implementação do programa de e-learning nas 18 escolas da Universidade de Lisboa, e que procura desenvolver iniciativas de promoção da integração das novas tecnologias e meios interativos de comunicação nas práticas letivas. Tem como principais objetivos (http://elearninglab.ulisboa.pt/missao):

Promover a Inclusão digital e o acesso ao conhecimento, através de mecanismos tecnológicos adaptados às diferentes necessidades dos estudantes

 Promover o desenvolvimento de competências digitais e o recurso às tecnologias de vanguarda no suporte ao ensino, através da Formação dirigida aos docentes Apoiar o desenvolvimento de Conteúdos multimédia que permitam uma

aprendizagem mais eficaz por parte dos estudantes

Desenvolver iniciativas que projetem a ULisboa Internacionalmente  Criar meios de divulgação da oferta formativa e de outros projetos

formativos/científicos, através dos ambientes web, que deem Visibilidade à ULisboa

(36)

26

 Apoiar o desenvolvimento de soluções educativas e formativas pós-graduada e contínua, através de iniciativas em Blended-Learning e Totalmente Online, que permitam a captação de novos públicos

 Apoiar a atualização tecnológica das práticas de ensino e o contínuo desenvolvimento de competências pedagógicas dos docentes da ULisboa para a utilização das tecnologias e para a Valorização da relação pedagógica entre docentes e estudantes.

Tendo desenvolvido um modelo pedagógico assente em quatro pilares (Aprendizagem baseada em recursos, Flexibilidade e Autonomia, Interação e Colaboração e E-moderação), tem sido a entidade responsável pelo apoio ao desenvolvimento de inúmera oferta formativa totalmente a distância ou em b-learning, destacando-se o Mestrado Educação e Tecnologias Digitais do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (Guia do Estudante, Mestrado em Educação e Tecnologias Digitais, 2015).

(37)

27 CAPÍTULO II

Teorias de Aprendizagem

Em Psicologia e em Educação, as teorias de aprendizagem são modelos que visam explicar o processo de aprendizagem dos indivíduos. Desde o século XX que diversas teorias sobre a aprendizagem têm sido formuladas, das quais as de maior destaque na educação contemporânea são as de Jean Piaget e Lev Vygotsky.

Segundo Moreira (1999, p.12), citado por Piva, Pupo, Gamez & Oliveira (2011, p.47) uma teoria de aprendizagem define-se como:

Assim, as teorias de aprendizagem referem-se a um conjunto de perspetivas teóricas que tentam explicar os elementos e fatores implicados nos processos de mudança, que os indivíduos têm como resultado das suas experiências e relação com o meio. Mais especificamente, uma teoria de aprendizagem procura reconhecer a dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do ser humano, e tenta explicar a relação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento (Soster, 2011).

Apresentam-se assim, as teorias de aprendizagem:

Figura 1: Teoria de Aprendizagem

 Perspetiva Behaviorista – a aprendizagem como mudança de comportamento;

uma construção humana para interpretar sistematicamente a área de conhecimento que chamamos aprendizagem. Representa o ponto de vista de um autor/pesquisador sobre como interpretar o tema aprendizagem, quais as variáveis independentes, dependentes e intervenientes. Tenta explicar o que é aprendizagem e porque funciona como funciona. T eor ias de A pr endi zag em Behaviorismo Cognitivismo Construtivismo Conetivismo

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28  Perspetiva Cognitivista – a aprendizagem como o alcance da compreensão;  Perspetiva Construtivista – a aprendizagem como prática social;

 Perspetiva Conectivista – a aprendizagem centrada na comunicação e de como estes aprendem através da utilização das tecnologias de informação e comunicação.

Behaviorismo

John B. Watson (1878-1958) foi o criador da vertente do behaviorismo. Para Watson, os indivíduos não possuíam nenhuma herança biológica ao nascer, todo o ser humano aprendia a partir do seu ambiente. No entanto, o modelo Behaviorista ganhou outro caminho.

Segundo Skinner (1904-1990), o conhecimento resulta da experiência. O Behaviorismo valoriza o processo de ensino individual e a aprendizagem é baseada na reflexão do comportamento do indivíduo com relação a estímulos negativos ou positivos. Ou seja, as mudanças de comportamento são o resultado de uma resposta individual a estímulos que ocorrem no meio envolvente e, portanto, reforçar tais estímulos significa fortalecer o comportamento. (Gomes et al., 2010)

Trata-se de um controlo das condições que rodeiam o indivíduo. O objetivo da teoria skinneriana passa por descobrir as leis naturais que regem a aprendizagem e as reações do indivíduo, a fim de aumentar o controlo das variáveis que o afetam (Ostermann & Cavalcanti, 2010).

Skinner como um dos maiores impulsionadores desta teoria ressalta para a necessidade de se avaliar o controlo do ambiente sobre o autoconhecimeto, isto é, a maneira como um indivíduo reage, é influenciado pelo ambiente a que se foi criado. Com isto, a relação do homem com o ambiente passa a ser vista como uma interação. (Gomes et al., 2010)

Su aporte a la educación se fundamenta en la importancia de controlar y manipular los eventos del proceso educativo para lograr en el alumno la adquisición o la modificación de conductas através de la manipulación del ambiente; dichos cambios conductuales son el aprendizaje de conductas, habilidades o actitudes.

(Guerrero & Flores, 2009)

Os componentes da aprendizagem - motivação, retenção, transferência - decorrem da aplicação do comportamento operante. Segundo Skinner, o comportamento aprendido é uma resposta a estímulos externos, controlados por meio de reforços que ocorrem com a resposta ou após a mesma.

(39)

29 Assim, o comportamento operante é o comportamento que é seguido de uma consequência, e a natureza da consequência (positiva ou negativa) modifica a tendência do organismo a repetir o comportamento no futuro.

Referindo o papel do professor, este deve modelar as respostas apropriadas aos objetivos pré-estabelecidos e, deve conseguir o comportamento adequado pelo controlo do meio. Segundo Präss (2012, p.11), existem aplicações do condicionamento operante no processo educacional:

Neste sentido, o behaviorismo constitui a base da escola tradicional, aquela que é voltada para o que é ensinado. A conceção predominante, neste caso, é a de que o professor transmite o conhecimento à criança, e esta última recebe de forma passiva esse mesmo conhecimento. Efetivamente pode-se considerar a criança um bocado de barro na qual o pode ser moldada na forma desejada pelo professor e sociedade (Nogueira, 2007).

Cognitivismo

Gagné (1916-2002) situa-se entre a primeira teoria (behaviorismo) e o cognitivismo. Por um lado, pelos estímulos e resposta e por outro, os processos internos de aprendizagem. De acordo com Gagné, a aprendizagem é uma modificação na disposição ou na capacidade cognitiva dos indivíduos, que não pode ser somente atribuída ao processo de crescimento intelectual. Ao contrário das teorias behavioristas, o mesmo autor foca-se no processo de aprendizagem que acontece internamente na cabeça do ser humano.

Para Gagné, a aprendizagem é ativada pela estimulação do ambiente exterior (input) e provoca uma modificação do comportamento que é observada como desempenho humano (output) (Ostermann & Cavalcanti, 2010, p.14). Neste sentido, ensinar é

1. Facilitar o processo de ensino através da aplicação e desenvolvimento de motivações específicas.

2. Permitir a aquisição, modificação e supressão de condutas pelo uso adequado de reforços.

3. A “economia simbólica” pode ser ´útil no processo de ensino-aprendizagem

Este enfoque fija su atención e interés en los procesos internos de los individuos, estudia el proceso a través del cual se transforman los estímulos sensoriales reduciéndolos, elaborándolos, almacenándolos y recuperándolos.

(40)

30 organizar as condições exteriores à aprendizagem, ativando desta forma, as condições interna.

Ou seja,

Na educação cognitiva existem múltiplos métodos de ensino para orientar os alunos a memorizar e recordar o conhecimento adquirido e para compreender e desenvolver as capacidades humanas – informação verbal, capacidades intelectuais, estratégias cognitivas, atitudes e capacidades motoras. Assim, percebe-se que a aprendizagem passa por atribuir significados às estruturas cognitivas, de maneira a que se modifiquem. (Guerrero & Flores, 2009)

A teoria do desenvolvimento cognitivo foi desenvolvida pelo psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980).

A corrente cognitivista enfatiza o processo de cognição, através do qual a pessoa atribui significados à realidade em que se encontra. Ou seja, a aprendizagem é vista como um processo interno, que envolve o pensamento e que não pode ser observada diretamente. As mudanças externas e observáveis são consequências de mudanças internas relacionadas com mentalizações, sentimentos, emoções e significações da pessoa. Nesta corrente, situam-se autores como Brunner, Piaget, Ausubel, entre outros.

Segundo Jerome Brunner (1915-), o que é relevante numa matéria de ensino é a sua estrutura, as suas ideias e as relações fundamentais. Para este autor, a posição defendida é uma teoria da instrução porque prescreve a melhor forma de guiar uma criança a adquirir um determinado conceito quando tiver idade suficiente para compreender.

Brunner remete ainda, quanto à questão de como ensinar, para o processo de aprendizagem por descoberta. Esta aprendizagem por descoberta deve ter os seguintes aspetos:

(…)entre eventos externos e internos da aprendizagem, sendo os primeiros a estimulação que atinge o estudante e os produtos que resultam de sua resposta e os últimos são atividades internas que ocorrem no sistema nervoso central do estudante. Os eventos internos compõem o ato de aprendizagem e a série típica desses eventos pode ser analisada através das seguintes fases: fase de motivação (expectativa), fase de apreensão (atenção; percepção seletiva), fase de aquisição (entrada de armazenamento), fase de retenção (armazenamento na memória), fase de rememoração (recuperação), fase de generalização (transferência), fase de desempenho (resposta) e fase de retroalimentação (reforço).

Imagem

Tabela 1: Dimensões DIGCOMP (versão portuguesa)
Figura 1: Teoria de Aprendizagem
Figura 2: Representação da Zona de Desenvolvimento Proximal
Tabela 5: Comparação de cMOOC e xMOOC
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