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Relatório de Estágio realizado na Farmácia 5 de Outubro

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Academic year: 2021

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Farmácia 5 de Outubro

Rafaela Maria de Araújo Oliveira

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

fevereiro de 2020 a setembro de 2020

Rafaela Maria de Araújo Oliveira

Orientadores: Dr. Ricardo Gonçalves

Tutor FFUP: Prof. Doutora Beatriz Quinaz

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Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 21 de outubro de 2020

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Agradecimentos

Chegada a altura de voar mais alto e conquistar o mundo, não poderia deixar de agradecer a todos os que fizeram parte do meu percurso.

Em primeiro lugar, à minha família. Este percurso só foi possível com eles, que sempre foram os meus maiores exemplos de honestidade e integridade, que me permitem e incentivam, sempre, a arriscar e a acreditar que sou capaz. Não posso deixar de pedir desculpa por todas as vezes em que estive ausente, ou porque havia reuniões na faculdade, ou porque a época de exames sufocava o meu tempo. E não é sempre assim na vida? Obrigada por compreenderem sempre. Tenho de agradecer, em especial, ao meu irmão, por ser o melhor do mundo e por ter feito parte de todas as fases da minha vida, incluindo esta grande viagem na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Meu maior orgulho.

À Comissão de Estágios da FFUP, pela oportunidade de poder estagiar na Farmácia 5 de Outubro e, em particular, à professora Beatriz Quinaz, por orientar o meu Estágio Curricular, pela disponibilidade e acompanhamento durante esta fase tão importante e pela correção final

deste relatório.À nossa querida, mui nobre, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto,

quero deixar um agradecimento, repleto de saudade, bem como a todos os seus docentes e funcionários. Foi nesta casa que aprendi a ser melhor profissional, que cresci como pessoa e que superei imensos obstáculos, no seio desta família.

A toda a equipa técnica da Farmácia 5 de Outubro (Dra. Maria Eulália Brandariz Manso Preto, Sr. Eng. António Bragança, Dr. Ricardo Gonçalves, Dr. Nuno Duarte, D. Carmen Magalhães, D. Assunção, D. Manuela), um enorme obrigada. Não podia imaginar que iria ser recebida da forma que fui. Desde o primeiro dia, com muita paciência, sempre com boa disposição, senti-me em casa. Graças a vocês, para além de ter conseguido aprender imenso e desenvolver as minhas capacidades enquanto futura profissional de saúde, houve sempre tempo para uma gargalhada.

Ao Pedro, por toda a força, dedicação e apoio incondicional. Mesmo quando a motivação e a energia não estavam nos melhores dias, tive sempre um Porto seguro.

Aos grupos e associações que fui tendo o prazer de pertencer (com um especial agradecimento ao projeto Geração Saudável e a todos os que dele fizeram parte), pelo sentido de responsabilidade, organização de tempo e priorização de tarefas que me incutiram, sem nunca esquecer que somos uma equipa e que “a união faz a força”. Sem dúvida alguma que levarei estas ferramentas para o futuro.

Aos meus amigos de Barcelos (Rui, Bruno e Mima), por serem a pedra basilar.

Por fim, um eterno abraço aos meus amigos de curso, que são agora meus amigos da vida. Este percurso só fez sentido porque foi com vocês. Tenho a agradecer-vos por todos os ótimos e péssimos momentos, e pelos assim-assim. Tenho o maior orgulho em todos nós e tenho a certeza de que seremos grandes farmacêuticos e grandes amigos. Até sempre!

“Para além da curva da estrada, talvez haja um poço. E talvez um castelo. E talvez apenas a continuação da estrada”

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Resumo

O estágio curricular profissionalizante é o culminar e o verdadeiro teste a todo o esforço e conhecimento adquirido ao longo do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Esta é uma etapa desafiante e repleta de responsabilidade e sei que tenho a motivação certa para ser uma excelente farmacêutica e querer sempre aprender mais.Com o estágio que realizei em farmácia comunitária, consegui aplicar a teoria científica que adquiri ao longo do meu percurso académico, à realidade profissional que me foi apresentada. Os casos clínicos estudados nas aulas passaram a ser atendimentos a utentes, todos eles com dúvidas e condições próprias, que merecem o nosso total apoio e atenção, mantendo assim a relação de confiança entre farmacêuticos e utentes.

Nesta situação pandémica que estamos a viver, tão atípica, o farmacêutico tem ainda uma maior importância na população. Regra geral, os utentes não conseguem recorrer aos médicos, uma vez que as consultas estão a ser reduzidas ao mínimo indispensável possível e a farmácia torna-se o local de escolha dos utentes para o esclarecimento de qualquer dúvida existente.

O presente relatório encontra-se dividido em duas partes: A primeira parte refere-se à organização interna, gestão e dispensa de medicamentos e produtos de saúde na Farmácia 5 de Outubro, onde realizei o estágio durante seis meses, assim como as tarefas por mim realizadas; a segunda parte descreve os projetos que desenvolvi durante o estágio, os motivos que me levaram a escolhê-los, os seus objetivos, métodos e fundamento científico.

No que diz respeito à segunda parte, o primeiro projeto que realizei focou-se na consciencialização dos utentes, relativamente à pandemia relativa ao SARS-CoV-2, tão particular, que estamos a viver. A prioridade foi e é sempre a segurança e a saúde de todos, o que dificultou a realização de quaisquer projetos onde houvesse contacto direto com os utentes e que obrigassem a permanência dos mesmos dentro da farmácia. Por esta razão, decidimos que seria produtivo elaborar algum tipo de comunicação que explicasse, de forma sucinta, a correta utilização das máscaras de proteção individual. Esta comunicação foi feita em formato de panfleto, que foi afixado aos balcões de atendimento, permitindo aos utentes a sua leitura, nos tempos de espera. O segundo projeto relaciona-se com uma das áreas mais importantes desta farmácia - o aconselhamento dermocosmético. Numa primeira fase, procedemos à organização de todas as amostras de dermocosmética existentes na farmácia em expositores, que foram colocados atrás dos balcões de atendimento; numa segunda fase, elaborei um PowerPoint relacionado com os passos de uma rotina de limpeza e cuidado da pele. Atualmente, é muito importante manter as páginas das redes sociais ativas e atualizadas, o que estimulou a conversão deste documento num projeto de comunicação digital, onde elaborei uma compilação de publicações nas páginas do Facebook e Instagram da farmácia. Por último, relativamente ao terceiro projeto, teve como objetivo a desmistificação do tema “medicamentos genéricos”, uma vez que senti que ainda há muita falta de informação e de confiança acerca desta temática. Assim, elaborei um esquema que refere as principais diferenças e semelhanças entre os medicamentos genéricos e os medicamentos originais, que foi fornecido à Farmácia 5 de Outubro, para permitir a sua consulta, por parte da equipa, durante o atendimento ao balcão.

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Índice Geral

Índice de Tabelas ... vii

Índice de Figuras ... vii

Índice de Anexos ... vii

Lista de Abreviaturas ... viii

Parte I - Organização e Quotidiano da Farmácia 5 de Outubro ... 1

1. Introdução ... 1

2. Farmácia 5 de Outubro ... 2

2.1. Localização da Farmácia, Direção Técnica e Perfil dos Utentes ... 2

2.2. Horário de Funcionamento ... 2

2.3. Recursos Humanos ... 3

2.4. Instalações e Equipamentos ... 3

2.4.1. Espaço Físico Exterior ... 3

2.4.2. Espaço Físico Interior ... 4

2.5. Sistema Informático ... 6

3. Gestão de Encomendas e Armazenamento ... 7

3.1. Elaboração de Encomendas ... 7

3.2. Receção e Conferência de Encomendas ... 8

3.2.1. Dispositivos de Segurança nas Embalagens dos Medicamentos ... 9

3.3. Armazenamento de Encomendas ... 10

3.4. Controlo de Prazos de Validade... 11

3.5. Gestão de Devoluções ... 11

4. Dispensa de Medicamentos ... 12

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 12

4.1.1. Prescrição Médica ... 13

4.1.2. Regimes de Comparticipação ... 14

4.2. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes ... 15

4.3. Medicamentos Genéricos ... 15

4.4. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 16

4.5. Outros Medicamentos e Produtos de Saúde ... 16

4.5.1. Produtos e Medicamentos de Uso Veterinário ... 16

4.5.2. Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal ... 17

4.5.3. Produtos Fitoterapêuticos ... 17

4.5.4. Suplementos Alimentares ... 18

4.5.5. Produtos de Puericultura ... 18

4.5.6. Medicamentos Homeopáticos ... 19

4.5.7. Dispositivos Médicos ... 19

5. Conferência de Receituário e Faturação ... 19

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vi

6.1. Determinação de Parâmetros Bioquímicos e Fisiológicos ... 20

6.2. Administração de Injetáveis ... 21

6.3. Consultas de Nutrição ... 21

6.4. Consultas de Podologia ... 21

6.5. Programa de Recolha de Resíduos – Valormed ... 21

Parte II – Projetos Desenvolvidos na Farmácia 5 de Outubro ... 22

1. Projeto I – Correta Utilização das Máscaras de Proteção Individual ... 22

1.1. A Farmácia 5 de Outubro e o SARS-CoV-2 ... 22

1.2. Enquadramento Teórico ... 24

1.3. Enquadramento Prático e Objetivo ... 25

1.4. Métodos ... 26

1.5. Resultados, Discussão e Conclusão ... 26

2. Projeto II – Passos para uma Rotina de Dermocosmética ... 26

2.1. Enquadramento Teórico e Prático ... 26

2.2. Qual é a Importância Da Dermocosmética? ... 27

2.3. A Pele ... 27

2.4. Os Quatro Tipos De Pele Saudável ... 29

2.5. Objetivo ... 30

2.6. Métodos ... 30

2.7. Resultados e Discussão ... 31

2.8. Conclusão ... 32

3. Projeto III – Medicamentos Genéricos vs. Medicamentos Originais ... 32

3.1. Enquadramento Teórico e Prático ... 32

3.2. Como Reconhecer Um Medicamento Genérico? ... 32

3.3. Quais São As Vantagens Dos Medicamentos Genéricos? ... 33

3.4. O Que São Patentes? ... 33

3.5. Objetivo ... 34

3.6. Métodos ... 34

3.7. Resultados e Discussão ... 34

3.8. Conclusão ... 35

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Índice de Tabelas

Tabela 1. Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio curricular ......… 2

Tabela 2. Características de desempenho por tipo de máscara com finalidade médica……... 25

Tabela 3.Características de desempenho por classe de semimáscaras de proteção respiratória autofiltrantes ...……… 25

Índice de Figuras

Figura 1. Museu com relíquias farmacêuticas da Farmácia 5 de Outubro ... 5

Figura 2. As três camadas principais da pele ... 29

Figura 3.Evolução do nº de publicações no Instagram da farmácia e respetivo impacto ... 31

Índice de Anexos

Anexo I. Exemplo dos dispositivos de segurança das embalagens dos medicamentos ... 41

Anexo II. Exemplo de ficha técnica e instruções de lavagem de uma máscara de adulto ... 42

Anexo III. Exemplo de ficha técnica e instruções de lavagem de uma máscara de criança .... 43

Anexo IV. Panfleto relativo à correta utilização das máscaras de proteção individual ... 44

Anexo V. Afixação do panfleto relativo ao Projeto I nos balcões de atendimento da F5O ... 45

Anexo VI. Organização das amostras de dermocosmética em expositores ... 46

Anexo VII. Apresentação sobre os passos para uma rotina de cuidado da pele ... 48

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Lista de Abreviaturas

AIM - Autorização de Introdução no Mercado ANF - Associação Nacional das Farmácias BPF - Boas Práticas Farmacêuticas CCF - Centro de Conferência de Faturas CNP - Código Nacional de Produto DCI - Denominação Comum Internacional DGS - Direção-Geral da Saúde

DM - Dispositivo Médico

EPI - Equipamento de Proteção Individual F5O - Farmácia 5 de Outubro

FC - Farmácia(s) Comunitária(s) FEFO - First Expired, First Out

FFUP - Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto IMC - Índice de Massa Corporal

IVA - Imposto Sobre o Valor Acrescentado

LVMNSRM - Locais de Venda de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MG – Medicamentos Genéricos

MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MPS - Medicamentos e Produtos de Saúde

MSRM - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica MUV - Medicamento(s) de Uso Veterinário

OMS - Organização Mundial de Saúde PA - Pressão Arterial

PCHC - Produto(s) Cosmético(s) e de Higiene Corporal PD - Produtos Dermocosméticos

PIC - Preço Inscrito na Cartonagem PV - Prazo(s) de Validade

PVF - Preço de Venda à Farmácia PVP - Preço de Venda ao Público SA - Suplementos Alimentares

SABA - Solução Antisséptica de Base Alcoólica SI - Sistema Informático

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Parte I - Organização e Quotidiano da Farmácia 5 de Outubro

1. Introdução

A Farmácia Comunitária (FC) é a principal área de atuação da profissão Farmacêutica, sendo que o estágio curricular em FC permite que todos os futuros mestres em Ciências Farmacêuticas tenham, não só o primeiro contacto direto com uma das principais realidades que poderão assumir no seu futuro profissional, como também uma transição menos abrupta entre o mundo académico e o mundo profissional que os espera no futuro.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o farmacêutico é definido como sendo “uma pessoa preparada para formular, dispensar e fornecer informações clínicas sobre medicamentos aos profissionais de saúde e pacientes”. Contudo, ao longo dos tempos, a profissão farmacêutica foi evoluindo e, por conseguinte, os farmacêuticos também. Nos dias de hoje, os farmacêuticos exercem as suas funções em diversas áreas, para além da FC, nomeadamente: análises clínicas, indústria farmacêutica, farmácia hospitalar, distribuição grossista, entre outras. A disponibilidade e dedicação do farmacêutico torna-o responsável pelo aconselhamento personalizado a cada utente, cientificamente atualizado, e pela prestação dos cuidados de saúde à população da área em que a FC se insere, destacando o papel fundamental da profissão na promoção da saúde pública e no cumprimento dos objetivos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Para além da dispensa de medicamentos, também é da responsabilidade do farmacêutico comunitário a prestação de inúmeros serviços, como a monitorização de parâmetros bioquímicos, a administração de injetáveis, o aconselhamento e seguimento

farmacoterapêutico, a promoção da literacia em saúde e a adesão à terapêutica1.

Falando especificamente da nossa área, os farmacêuticos são dotados da competência científica que nos torna os “especialistas do medicamento”, com o objetivo primário de garantir que os utentes da sua farmácia atinjam o objetivo terapêutico desejado. Isto torna-se possível, confiando que o(a) farmacêutico(a), durante o aconselhamento e dispensação de medicamentos e produtos se saúde, comunica de forma clara, correta e empática, garantindo que os utentes estão a tomar o medicamento indicado, na dose certa, no timing correto e sem qualquer interferência que possa prejudicar a sua condição.

Tive a oportunidade de realizar o meu estágio na Farmácia 5 de Outubro (F5O), no Porto, entre 4 de fevereiro e 14 de setembro de 2020, tendo interrompido o meu estágio durante cerca de um mês e meio, devido às medidas de confinamento aplicadas à comunidade da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP). Durante este período, fui acompanhada e orientada pelo farmacêutico adjunto da farmácia, o Dr. Ricardo Gonçalves, pelo Dr. Nuno Duarte, bem como por todos os elementos da equipa da farmácia, que sempre se demonstraram totalmente disponíveis.

O presente relatório visa descrever, de forma clara e sucinta, todas as vertentes com que tive contacto durante o meu estágio curricular em FC, que me permitiram aplicar, desenvolver e complementar os conhecimentos adquiridos ao longo do meu percurso académico.

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2

Tabela 1. Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio curricular.

2. Farmácia 5 de Outubro

2.1. Localização da Farmácia, Direção Técnica e Perfil dos Utentes

A F5O foi inaugurada a 10 de janeiro de 2019, na Rua de 5 de Outubro, 366, 4100-172,

distrito do Porto.A atual farmácia veio de uma transferência de localização, de Campanhã, com

o antigo nome de “Farmácia Nau Vitória”.Esta farmácia tem a seu favor o facto de se localizar

muito perto do centro da cidade e de uma estação de transportes públicos.

Para além disso, conta com uma excelente equipa de profissionais que, sob a direção técnica da Dra. Maria Eulália Brandariz Manso Preto, tudo fazem em prol da saúde dos seus

utentes e do bom ambiente na farmácia.Apesar de ser uma farmácia recente na Rua de 5 de

Outubro e de ainda estar a criar relações de confiança, muitos dos utentes habituais deslocam-se desde a farmácia antiga até à F5O e os novos utentes ficam logo cativados com o ambiente

sereno e com a boa disposição da equipa.Desta forma, o perfil de utentes nesta farmácia é muito

heterogéneo, com faixas etárias e nacionalidades muito diversas, tendo necessidades muito distintas: desde os medicamentos MNSRM, até aos produtos cosméticos, de higiene corporal e buco-dentários. Para além deste grupo, a F5O é frequentada por pessoas que trabalham perto da farmácia e por residentes da zona. Estes últimos são, normalmente, indivíduos de idade mais avançada, muitas vezes com patologias crónicas e polimedicados.

Como resultado, consegui adequar o meu discurso no atendimento ao público, consoante as faixas etárias, as necessidades, as nacionalidades e as características de cada utente, o que foi extremamente proveitoso.

2.2. Horário de Funcionamento

Relativamente ao período de funcionamento elaborado de acordo com os requisitos da Portaria nº 277/2012, 12 de setembro, a presente farmácia funciona seis dias por semana, com o seguinte horário de funcionamento2:

Para além disso, a F5O está ao serviço da população durante 24h, com um intervalo de, aproximadamente, um mês e meio, sendo este dia rotativo juntamente com as outras 53 farmácias do concelho do Porto. Contudo, durante o meu estágio, que coincidiu com o início da

Atividades Fev Mar Mai Jun Jul Ago Set

Receção e armazenamento de encomendas × × × × × × ×

Gestão de devoluções e regularização de notas de crédito × × × ×

Atendimento com supervisão × × ×

Atendimento sem supervisão × × × × × ×

Medição de parâmetros bioquímicos e fisiológicos × × × × × ×

Conferência de receituário e faturação × × × × × ×

Controlo dos prazos de validade e stocks × × × × ×

Projeto I × × ×

Projeto II × × × ×

Projeto III × ×

Dias úteis Sábados Domingos e feriados

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pandemia causada pelo SARS-CoV-2, a ANF permitiu às farmácias a escolha de fazer ou não serviço e, destas 53, houve algumas farmácias que desistiram.

No início do meu estágio, foi-me atribuído um horário de trabalho das 10h00 às 18h00, com uma hora de almoço entre as 13h00 e as 14h00, completando assim sete horas diárias.

2.3. Recursos Humanos

Conforme o enquadramento legal em vigor, Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de agosto, uma farmácia deve possuir, no mínimo, dois farmacêuticos, incluindo o Diretor Técnico, o que preenche o Quadro farmacêutico. Há então a divisão dos recursos humanos em dois Quadros: o farmacêutico e o não-farmacêutico. Este último comporta o pessoal técnico de farmácia e outros auxiliares. Toda a equipa desta farmácia segue o Código Deontológico, promovendo a

eficácia e qualidade dos seus serviços, zelando sempre pelo bem-estar e instrução do doente3.

Esta farmácia é constituída por uma equipa vasta, multidisciplinar e consideravelmente jovem. Cada elemento tem funções específicas atribuídas, por forma a que exista uma maior organização e um melhor funcionamento de todas as atividades relacionadas com a farmácia.

A Direção Técnica é da responsabilidade da Dra. Maria Eulália Brandariz Manso Preto, sendo que o Quadro farmacêutico fica completo com o Dr. Ricardo Gonçalves e o Dr. Nuno Duarte. A equipa é também constituída por dois técnicos de farmácia, D. Carmen e D. Assunção, sendo que a última se reformou durante o período do meu estágio. A equipa fica completa com a D. Manuela, auxiliar de limpeza. Durante o meu estágio, pude trabalhar com todos os

elementos dos recursos humanos da F5O.

2.4. Instalações e Equipamentos

Relativamente à legislação em vigor, assim como às normas estabelecidas nas Boas Práticas Farmacêuticas (BPF), acerca das instalações e equipamentos para a FC, a F5O cumpre os requisitos estipulados. As farmácias devem apresentar instalações adequadas com o objetivo de garantir a segurança, conservação e preparação de medicamentos; devem também permitir o acesso facilitado, a comodidade e privacidade dos utentes. A organização do espaço físico da farmácia é crucial para garantir uma correta prestação de serviços e cuidados de saúde e para

a rentabilização dos recursos humanos e económicos3,4.

A F5O está dividida em dois pisos, que se organizam por diferentes áreas, criando assim um ambiente agradável para o utente, assim como para a equipa.

2.4.1. Espaço Físico Exterior

A F5O cumpre os requisitos exigidos pelo Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde), relativamente às infraestruturas das farmácias. Como consta no Manual de BPF para as FC, “o aspeto exterior da farmácia deve ser característico e profissional, facilmente visível e identificável”, sendo que, na parte exterior da F5O, localiza-se uma cruz verde luminosa, juntamente com as letras grandes com a designação “Farmácia”. A cruz verde tem indicação das horas e da temperatura, bem como qualquer publicidade a produtos

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4

sazonais da própria farmácia (ao longo do meu estágio, esta publicidade focou-se mais nas

máscaras de proteção individual e no álcool-gel desinfetante)4.

O acesso à F5O é efetuado através de uma porta única, onde se realiza a entrada e saída dos utentes. Na porta de entrada, estão também visíveis as informações relativas ao horário de funcionamento, bem como uma placa onde consta o nome da proprietária e Diretora Técnica da farmácia (Dra. Maria Eulália Brandariz Manso Preto). Durante estes meses, era também na entrada que se encontravam as normas e orientações propostas pela DGS como medidas de Saúde Pública, relativamente à COVID-19, nomeadamente: uso obrigatório de máscara dentro da farmácia; estabelecimento de um limite máximo de 3 pessoas na farmácia, mantendo-se um distanciamento de pelo menos 2 metros relativamente a outros utentes; desinfeção obrigatória das mãos, à entrada, com solução antisséptica de base alcoólica (SABA).

Relativamente à montra da F5O, esta serve para dar destaques a várias promoções e descontos praticados dentro da mesma, bem como produtos sazonais de interesse (durante o

meu estágio, serviu também como expositor de máscaras e viseiras de proteção individual).

2.4.2. Espaço Físico Interior

O espaço interno da F5O está dividido em dois pisos e o piso principal é composto por: uma sala de espera (acessível a pessoas com mobilidade reduzida, com a existência de sofás e cadeiras, para os utentes poderem aguardar pela sua vez de forma mais confortável); a área de atendimento ao público, ampla e convidativa (com um balcão de atendimento prioritário, com a devida altura, para pessoas com deficiência motora); um WC para cada sexo e um WC para pessoas com deficiência motora; um gabinete de podologia; um gabinete para consultas de nutrição e administração de injetáveis; uma sala de reuniões; um escritório para atendimento a fornecedores; a área de receção de encomendas (local equipado com um computador, uma impressora de etiquetas e um leitor de código de barras, onde se realiza a gestão e receção de encomendas provenientes de vários fornecedores); a área com gavetas deslizantes com os MSRM (esta área engloba comprimidos/cápsulas, organizados por ordem alfabética), onde podemos ainda encontrar gavetas destinadas para os medicamentos de uso oftálmico e auricular, pomadas e cremes, xaropes, suspensões orais e cutâneas, injetáveis, supositórios, produtos ginecológicos, produtos capilares, entre outros; um frigorífico, onde se armazenam os produtos termolábeis, com condições especiais de conservação (temperaturas entre os 2-8ºC), particularmente vacinas e insulinas; um móvel destinado às reservas de produtos (dividido entre “pagas” e “não pagas”); um móvel unicamente destinado ao armazenamento de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes (de acesso restrito à equipa da farmácia); uma bancada para a preparação de formulações extemporâneas; uma sala para refeições (copa); o gabinete da proprietária e Diretora Técnica, que é também um local onde se tratam assuntos burocráticos, relativos à gestão e contabilidade da farmácia (uma das estratégias usadas é a divisão das faturas entre “não pagas” – que estão arquivadas numa capa vermelha e “pagas” – que estão arquivadas numa capa verde).

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Devido às medidas de segurança públicas aplicadas nestes meses, junto à porta de entrada, existiu sempre um dispensador de álcool-gel para os utentes usarem e a entrada na farmácia exigia sempre o uso de máscara; caso contrário, o atendimento era feito na porta.

De referir também a existência de um museu (representado na Figura 1), junto à porta de entrada da F5O, com relíquias farmacêuticas muito bem estimadas, nomeadamente a

Farmacopeia Portuguesa na Edição Original, seringas e respetivas embalagens de vidro,

balanças, moldes de hóstias, entre outros. Para mim, era um lembrete diário da evolução do

ofício farmacêutico e um tema de conversa com vários utentes, que elogiavam e faziam perguntas acerca deste verdadeiro tesouro.

A área de atendimento ao público corresponde ao maior espaço da farmácia e ao primeiro com o qual o utente contacta. Para além disto, é também neste espaço que se encontram os produtos dermocosméticos (PD), com grande destaque, com os respetivos lineares, divididos por marcas e gamas.Ainda na zona de atendimento geral, estão expostos vários produtos de higiene, nutrição infantil, uma área veterinária, uma vasta área de suplementação alimentar e uma área com expositores para produtos sazonais (como protetores solares e produtos after sun, no verão).

A F5O dispõe de 4 balcões de atendimento, devidamente separados com proteções de acrílico. Cada posto é equipado com um computador, uma caixa registadora, um leitor de código de barras e uma impressora de faturas e receituário. Entre cada balcão, são expostos produtos que a farmácia pretenda destacar e aqueles que variam consoante a sazonalidade.

Atrás dos balcões de atendimento, encontram-se vários suplementos alimentares e produtos de higiene oral, diferentes aparelhos (como tensiómetros, nebulizadores, termómetros contactless, aspiradores nasais, entre outros) e os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) com maior rotação de stock e mais frequentemente aconselhados num atendimento, variando os mesmos com a sazonalidade.

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No início do meu estágio, que ainda coincidiu com o período de inverno e, acompanhando a sazonalidade da gripe, os MNSRM expostos focaram-se em produtos que minimizam os sintomas de gripe (nomeadamente, descongestionantes nasais, pastilhas anti-inflamatórias para a garganta, xaropes para a tosse e mucolíticos) e suplementos vitamínicos para estimulação do sistema imunitário. Já no período de Verão, os expositores atrás do balcão também continham suplementação vitamínica para estimulação do sistema imunitário, géis de Aloé Vera (para refrescar, acalmar, hidratar e suavizar a pele, após exposição solar, por exemplo), repelentes de insetos, vernizes medicamentosos para as unhas, entre outros. De referir que, era também atrás do balcão que se encontravam as máscaras de proteção individual reutilizáveis/laváveis e o álcool-gel desinfetante.

No piso -1, localiza-se o armazém dos medicamentos, organizados por ordem alfabética do nome comercial - no caso dos medicamentos originais, ou por substância ativa - no caso dos medicamentos genéricos (MG), cada um deles separado por dosagens e de acordo com o prazo de validade (PV), respeitando o princípio FEFO (First Expired, First Out). Este piso dispõe também de cacifos para os funcionários guardarem os seus bens pessoais durante o horário de trabalho e de um laboratório de preparação de medicamentos manipulados (ainda que não se efetue a preparação individualizada da medicação na F5O).

2.5. Sistema Informático

O sistema informático (SI) utilizado na F5O é o Sifarma® 2000, software disponibilizado pela Glintt (Global Intelligent Technologies), que é relativamente intuitivo e fornece ferramentas importantes, não só para o atendimento ao público, como também para a gestão da farmácia. Esta ferramenta é responsável pela gestão do produto farmacêutico, desde a sua entrada até à saída, proporcionando uma gestão de stock, controlo de PV e etiquetagem, regularização de notas de crédito e devoluções, entre outras funções.

Relativamente ao atendimento ao público, o Sifarma 2000® é uma ferramenta vantajosa para o farmacêutico, uma vez que não permite somente a dispensa de medicamentos a partir do receituário, mas também confere segurança durante o atendimento, devido à disponibilização da informação científica e fidedigna sobre o produto (indicações terapêuticas, posologia e doses, composição qualitativa e quantitativa, contraindicações, possíveis interações, reações adversas e precauções), bem como histórico de compras e vendas (o que é muito útil para haver sempre controlo do stock e da sua rotatividade). Para além disso, este SI permite a criação de uma ficha de cliente, que pode ser associada a cada compra na farmácia, permitindo assim aceder à informação do utente, nomeadamente o seu histórico terapêutico, bem como o(s) seu(s) laboratório(s) de MG habitual(ais). Este ato simples de criação de uma ficha de cliente permite facilitar o atendimento de utentes assíduos na farmácia, bem como tornar a dispensa de medicação crónica mais eficaz, uma vez que reduz erros, como o esquecimento por parte do utente de dado medicamento para dada patologia, ou incerteza na dosagem correta.

Pessoalmente, a minha adaptação a este SI foi relativamente simples, dado que já tinha contactado anteriormente com o programa. Foi uma excelente ajuda ao longo do estágio, pois

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permitiu-me consultar informação relativa a medicamentos que não conhecia e aconselhar devidamente o utente.

3. Gestão de Encomendas e Armazenamento

Para além de todas as funções relacionadas com o front office (como o atendimento ao público), é imprescindível assegurar um bom funcionamento da farmácia, pelo que o farmacêutico comunitário é responsável por realizar diversas tarefas associadas ao back office.

Um dos pontos cruciais é uma boa gestão de stocks, de modo a evitar rutura ou saturação de produtos, satisfazendo as necessidades dos utentes e evitando desperdícios. A compra de produtos tem de ser uma decisão bastante ponderada, com base em alguns parâmetros, tais como: poder económico da farmácia, histórico de vendas que reflete os produtos com maior rotatividade, stocks mínimo e máximo, sazonalidade e campanhas promocionais ou vantagens comerciais.Sendo o objetivo basilar a prestação de um serviço de excelência aos utentes, a boa gestão e armazenamento dos produtos farmacêuticos é essencial.

3.1. Elaboração de Encomendas

A F5O tem, maioritariamente, duas formas para efetuar as suas encomendas: através de encomenda direta ao laboratório, ou através de um intermediário - o distribuidor grossista. Em função das vantagens e desvantagens que são concedidas à farmácia, escolhe-se uma ou outra via. A F5O encomenda os seus produtos, na maioria, a distribuidores grossistas. No entanto, também realiza algumas compras diretamente aos laboratórios, já que as condições oferecidas são mais vantajosas, como em alguns MG, MNSRM sazonais, PD e produtos de saúde.

Durante o período de realização do meu estágio, apesar de ter sido menor o número de delegados que se deslocavam à farmácia, devido à COVID-19, tive o prazer de contactar com vários, que sempre se mostraram disponíveis para me esclarecerem qualquer dúvida existente.

Apesar de todas as vantagens como descontos promocionais e bonificações, a encomenda direta ao laboratório também apresenta desvantagens, sendo um método desajustado para a reposição diária de stocks e impede encomendas de pedidos especiais de utentes, pois implica reuniões e negociações com os delegados de determinados laboratórios. Assim, o uso da forma de encomenda através do distribuidor grossista permite múltiplas encomendas diárias, sem exigência de quantidades mínimas e com entrega rápida. A desvantagem de encomendar por esta via é a possibilidade de preços mais elevados, o que acarreta uma margem de lucro menor.

Os principais distribuidores grossistas da F5O são a OCP Portugal® e a Alliance HealthCare®, que realizam entregas em dois períodos diferentes do dia, espaçados adequadamente entre eles (nesta farmácia, por volta das 10:00h e das 16:00h) e é nestes que se centram a maioria das encomendas diárias da farmácia.

A encomenda diária feita ao grossista é feita com base nos dados fornecidos pelo Sifarma2000®. Este cria automaticamente uma encomenda baseada nos stocks mínimos e máximos, definidos manualmente pelo farmacêutico, na ficha de cada produto, tendo por base as referências de vendas e, quando esse produto não existe nas quantidades definidas, é

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automaticamente incluído nesta lista. Contudo, é imprescindível que esta lista seja revista antes de ser enviada, já que se deve fazer um ajuste das quantidades de produtos a encomendar, com base na média mensal de vendas e na quantidade já vendida no próprio mês, que o próprio programa consegue mostrar no separador da encomenda “Diária”. Durante a revisão desta lista e antes de fazer a encomenda, deve ser tido em conta o disposto nas “normas relativas à

dispensa de medicamentos e produtos de saúde”, que obrigam a farmácia a possuir três

medicamentos, pelo menos, com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, de entre os que correspondam aos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo (no sistema informático, estão destacados com “p4”)5.

Também existem as encomendas por Via Verde do Medicamento, que são realizadas sempre que seja necessária a requisição de produtos que apresentam quota limitada (produtos que nem sempre estão disponíveis). Nestes casos, é requisitado o número da receita para se proceder com o pedido no SI. Quanto às encomendas manuais, destinadas frequentemente a produtos esgotados ou rateados, estas são feitas via telefone, ou seja, não se encontram criadas no SI. Deste modo, é necessário criá-las, para posteriormente poder rececioná-las e fazer com que os produtos entrem no stock da farmácia.

A F5O faz parte de um grupo de farmácias - Grupo ADDO PHARM - o que traz benefícios em termos de descontos e promoções. Contudo, também traz desvantagens, porque há encomendas obrigatórias que, por vezes, são de produtos com pouca rotatividade na farmácia.

Quanto aos medicamentos de uso veterinário, a GlobalVet® é o distribuidor utilizado pela F5O. Contudo, muitas das vezes, faz-se uma encomenda diretamente ao laboratório (normalmente por via telefónica), de forma a satisfazer pedidos específicos de utentes.

Para não haver lacunas de medicamentos, ou de pedidos específicos de utentes, no final de cada atendimento, tinha a preocupação de confirmar se tinha procedido à realização das encomendas instantâneas, uma vez que o utente iria deslocar-se propositadamente à farmácia para recolher os produtos que faltavam (seja um produto novo, solicitado pelo utente durante o atendimento, ou um produto já existente na farmácia, para o qual não havia “stock” suficiente). Também tive a oportunidade de observar, várias vezes, a realização das encomendas diárias, embora não tenha realizado esta tarefa autonomamente.

3.2. Receção e Conferência de Encomendas

Aquando da chegada das encomendas à farmácia, o primeiro passo é guardar os produtos termolábeis no frigorífico, que já vêm acondicionados num contentor térmico, sem esquecer de apontar as suas quantidades e PV. Os contentores são acompanhados por faturas ou guias de remessa (a original e duplicados), nas quais estão presentes todos os produtos encomendados, com a quantidade pedida, a quantidade que efetivamente foi enviada, o preço de venda à farmácia (PVF) e o IVA, para além da indicação dos medicamentos esgotados. Consta também nestas faturas a identificação do fornecedor, o número do documento e a indicação da farmácia. É necessário analisar estas faturas relativas à encomenda e conferir no SIFARMA® se a encomenda é diária (o que significa que já está criada), ou se é preciso criar

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encomenda com os produtos rececionados. Para o registo informático e facilitação da confirmação das quantidades, cada produto possui um Código Nacional de Produto (CNP), apresentado através de um código de barras, que é registado manualmente ou, mais facilmente, por um leitor ótico.

Após a entrada da encomenda, identificada no SI pelo número da respetiva fatura, é verificado o estado de conservação das embalagens (e se o selo de segurança está intacto), o PV, o PVF (que pode ser associado a bónus ou descontos) e o Preço de Venda ao Público (PVP). Em alguns casos, também está marcado na embalagem o Preço Inscrito na Cartonagem (PIC) - num atendimento ao balcão, deverão ser assinalados os PIC que sejam diferentes do PVP.

No caso dos produtos que apresentam stock negativo no SI, são imediatamente separados após receção, pois correspondem a produtos já pagos pelos utentes ou encomendados para um utente específico, sendo colocados no local das “reservas pagas”, juntamente com o talão de reserva associado.

Depois da leitura de todos os produtos, verifica-se se há correspondência entre o total de embalagens rececionadas e o total de embalagens faturadas, bem como se o valor total faturado é igual ao valor total gerado pelo SI no momento da receção. Por fim, desde que não tenham um preço previamente estabelecido na embalagem, todos os produtos são etiquetados (devendo ser colocado também um alarme naqueles produtos que estão dispostos na farmácia em locais aos quais os utentes tenham acesso), tendo em conta as margens de lucro estabelecidas pela Diretora Técnica (fórmula em uso: PVP = PVF + Margem de comercialização + IVA) e verifica-se o valor final da fatura.

Segundo o Decreto-Lei nº 14-E/2020, de 13 de abril, no caso específico de dispositivos médicos (DM) e de equipamentos de proteção individual (EPI), bem como de álcool etílico e de gel desinfetante cutâneo de base alcoólica, a percentagem de lucro na comercialização é limitada ao máximo de 15%. Esta foi uma medida que considero importante para a coerência de preços

destes produtos, uma vez que permite uma uniformização em todas as farmácias, não havendo competição, numa altura em que o objetivo de todos é o mesmo – a saúde da população. Cerca

de um mês mais tarde, o IVA destes produtos deixou de ser de 23% e passou a ser de 6%, pelo

que tivemos de alterar a etiquetagem das embalagens respetivas6.

O objetivo principal desta área é receber as encomendas e proceder a eventuais devoluções. Todavia, serve também de arquivo de faturas, notas de devolução, notas de crédito e outros documentos necessários para a contabilidade e correta gestão da farmácia.

Assim que o meu estágio começou, das primeiras tarefas que aprendi no SI foi a rececionar encomendas dos fornecedores, o que foi muito vantajoso para mim porque pude, desde logo, ter uma visão geral dos produtos com mais saída na farmácia.

3.2.1. Dispositivos de Segurança nas Embalagens dos Medicamentos

Com o avanço da tecnologia, novas ferramentas vão surgindo, oferecendo mais possibilidades e facilidades, a funções que já fazem parte do nosso dia a dia. Isto também se verifica na ciência e na saúde, como é o caso da implementação de QR codes (códigos de “Quick

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response” ou resposta rápida) nas embalagens dos medicamentos. Esta tecnologia é mais prática do que os códigos de barras habituais, contempla mais funções e maior capacidade de armazenar informações, o que torna o processo de identificação dos medicamentos pelo leitor ótico muito mais eficiente. Este código QR é designado por Identificador Único e consiste num código bidimensional, que permite verificar a autenticidade e a identificação de um medicamento. Os elementos que constituem o identificador único em medicamentos com Autorização de Introdução no Mercado (AIM) em Portugal são: Código do produto, Número de Série, Lote, Prazo de Validade e o número de registo de AIM do medicamento. Deste modo, esta tecnologia permite fazer o rastreamento dos medicamentos, desde o início do seu percurso, o que se torna muito vantajoso. Contudo, também pode ter desvantagens, como poder ser mal impresso na

embalagem ou não ser reconhecido pelo leitor ótico7.

Uma outra medida introduzida pela lei Europeia, é a implementação de um Dispositivo de Prevenção de Adulterações e combate a contrafação (selos que fecham as embalagens dos medicamentos), que permite verificar se a embalagem de um medicamento foi adulterada, cujas características serão definidas por cada um dos fabricantes7.

Estas duas novas ferramentas (Anexo I) pretendem facilitar a verificação da autenticidade dos medicamentos, por parte dos hospitais e das farmácias, possibilitando aos

utentes o acesso a medicamentos legais, em farmácias devidamente licenciadas7.

3.3. Armazenamento de Encomendas

Após o rececionamento, a etapa seguinte é o acondicionamento dos produtos rececionados em local adequado, segundo o critério FEFO, que é fulcral para garantir a minimização do tempo perdido durante os atendimentos ao público e para assegurar as condições corretas de temperatura e humidade exigidas pelos produtos. Assim, colocam-se de forma mais acessível, aqueles produtos que apresentam um prazo de validade mais curto.

Existem diferentes locais de armazenamento na F5O, nomeadamente a área de armazenamento geral (na zona de receção de encomendas) onde os MSRM são guardados em gavetas deslizantes, por ordem alfabética, separados por especialidades, dosagens e laboratórios de MG. Os produtos de frio, naturalmente, são guardados no frigorífico e os restantes produtos existentes na farmácia devem ser armazenados em ambiente controlado de temperatura e humidade (até 25ºC e com humidade relativa inferior a 60%), por termohigrómetros, colocados em pontos estratégicos, devidamente certificados e calibrados. Os

resultados são analisados e, em caso de irregularidades, as mesmas devem ser justificadas4.

Os Estupefacientes e Psicotrópicos são guardados num armário específico, de acesso restrito aos profissionais da F5O, separados dos restantes produtos, ordenados por ordem alfabética e segundo as dosagens. Relativamente aos medicamentos, produtos de saúde e PD que não têm lugar nestes locais, são armazenados num armazém secundário, no piso inferior.

Durante todo o período de estágio, tive a oportunidade de por em prática todas estas regras de armazenamento e confirmação da temperatura e humidade, o que me permitiu adquirir um vasto conhecimento acerca dos diversas produtos (MSRM, MNSRM, PD, etc.) e marcas

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comerciais, tendo sido tremendamente vantajoso para uma posterior rentabilização de tempo por atendimento.

3.4. Controlo de Prazos de Validade

O controlo dos PV é fundamental para garantir a qualidade, segurança e eficácia dos Medicamentos e Produtos de Saúde (MPS) dispensados aos utentes. A legislação dita que nenhuma farmácia pode dispensar MPS cujo PV tenha expirado, para além de que deve garantir

condições apropriadas de conservação dos mesmos3.

Tal como foi referido acima, é durante o processo de receção de encomendas que os PV são verificados e inseridos no SI, para além de que são revistos mensalmente, através de uma listagem (fornecida pelo SI) de produtos cujo PV expirou ou está próximo de expirar (no caso dos MPS, este período deve ser de 90 dias). Todos os produtos que constam na lista são colocados de parte, para serem devolvidos aos armazenistas, ou aos fornecedores, com a respetiva nota de devolução e justificação. Na lista, é registada a data de validade mais antiga do produto que ficou na farmácia e, nos casos em que os PV reais não coincidem com os que estão descritos

no SI, procede-se à atualização dos mesmos na ficha do produto8.

Durante o meu estágio, realizei esta tarefa em vários meses, tendo o cuidado de destacar os produtos com o PV próximo da caducidade (colocando um elástico à volta das embalagens), para serem os primeiros a serem dispensados. Contudo, em cada atendimento ao público, deve haver uma segunda verificação dos PV.

3.5. Gestão de Devoluções

No sentido de manter uma boa gestão da farmácia e para eliminar a possibilidade de se vender medicamentos fora de validade, é necessário respeitar os seus PV e de devolução.

No quotidiano da farmácia, é muito frequente haver a necessidade de efetuar devolução de produtos, aos respetivos fornecedores e armazenistas, por diversos motivos, nomeadamente: PV reduzido ou próximo da caducidade, embalagens danificadas, receção de produtos não encomendados, erros no pedido (dosagem errada, por exemplo), receção de circulares informativas relativamente à suspensão da comercialização de determinado(s) produto(s) (emitidas pelo Infarmed) ou à recolha de determinados lotes ou produtos (emitidas pelos detentores de AIM). Nestas situações, é necessário proceder-se à devolução dos produtos, que será comunicada à Autoridade Tributária. Para isso, usa-se a funcionalidade “Gestão de Devoluções” do SI, que permite emitir uma nota de devolução (e respetivos duplicado e triplicado), onde consta o nome e o CNP do produto, o motivo pelo qual o mesmo está a ser devolvido, o número de fatura associado, a quantidade, o preço de custo e o PVP. A nota original e o duplicado, assim que devidamente carimbadas e assinadas, juntam-se ao produto de devolução, para posterior envio ao armazenista. O triplicado é arquivado na farmácia, após recolha do produto com o número de guia de transporte, fornecido pelo fornecedor.

A devolução é processada pelo fornecedor, que pode, ou não, aceitá-la.

• Se for aceite, o fornecedor pode substituir o produto, ou emitir uma nota de crédito. Posteriormente, deverá ser feita a regularização da devolução no SI;

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• Caso seja recusada, o produto é reenviado para a farmácia e é retirado como quebra; • Contudo, se se tratar de um produto enviado diretamente por um laboratório, esses

produtos são guardados separadamente e divididos por laboratórios, até visita dos respetivos delegados, que os recolherão.

Ao longo do meu estágio, apercebi-me de que a maioria das devoluções de produtos efetuadas na F5O, correspondem à aproximação do PV, embora tenha presenciado alguns enganos na encomenda e, mais frequentemente, o envio de produtos danificados ou não encomendados. Realizei algumas reclamações aos fornecedores e tive várias oportunidades para realizar, de forma mais autónoma, devoluções e regularização das mesmas.

4. Dispensa de Medicamentos

A dispensa de MPS, em FC, é uma das principais tarefas do farmacêutico comunitário e de máxima responsabilidade, que requer o maior rigor e respeito. Consiste num ato profissional, executado aquando da apresentação de prescrição médica, da solicitação de aconselhamento farmacêutico ou de um regime de automedicação. No caso de aconselhamento farmacêutico, este deve ser centralizado no utente e nas suas necessidades. De acordo com o Decreto‐Lei nº 176/2006, de 30 de agosto, artigo nº113, quanto à dispensa ao público, os medicamentos

destinados a consumo humano são divididos em MSRM e MNSRM9.

Segundo as BPF, esta etapa deve ser acompanhada por uma avaliação cuidada e rigorosa da medicação e da condição do utente. Cabe ao farmacêutico avaliar a medicação e transmitir toda a informação necessária, numa linguagem percetível e adaptada ao utente, para o correto uso dos MPS; assim como promover a adesão terapêutica e detetar e corrigir possíveis problemas relacionados com o medicamento. Se houver necessidade, deve entrar-se em contacto com o médico prescritor, para resolução do problema.

Nas primeiras semanas de estágio, observei atentamente os atendimentos ao público desempenhados pela equipa da F5O, todos eles com o cunho pessoal de cada elemento. Progressivamente, passei a realizar esta tarefa de forma autónoma e, presumivelmente, senti dificuldades, principalmente por receio de errar. No entanto, todos me demonstraram total disponibilidade para esclarecer quaisquer dúvidas ou resolver qualquer caso mais atípico. Como futura farmacêutica, posso assumir que foi uma tarefa que me deixou bastante feliz e me fez sentir realizada, pois cada utente é peculiar e cada atendimento é um desafio.

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Segundo o Decreto‐Lei nº 176/2006, de 30 de agosto, artigo nº 114, para um

medicamento ser considerado MSRM deve conter, pelo menos, uma das seguintes condições: • Constituir um risco direto ou indireto para a saúde do utente, mesmo que seja usado para

o fim a que se destina, caso seja usado sem vigilância médica;

• Ser frequentemente utilizado em quantidade considerável para fins diferentes daquele a que se destinam, se daí puder resultar qualquer risco, direto ou indireto, para a saúde;

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• Conter substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade e/ou efeitos

secundários seja indispensável aprofundar;

• Ser prescrito pelo médico para ser administrado por via parentérica9.

Os MSRM são de venda exclusiva em farmácias e apenas são dispensados perante a apresentação de uma receita médica válida, devidamente prescrita por um médico. O PVP destes medicamentos coincide com o PIC e é igual para todas as farmácias.

A classificação dos MSRM pode ainda ser subdividida em:

Medicamentos de receita médica renovável – destinam-se a tratamentos prolongados, ou

a determinadas doenças, que podem ser adquiridos mais do que uma vez, sem necessitar de uma nova prescrição e onde não haja comprometimento da segurança na sua utilização.

Medicamentos de receita médica especial - preenchem um dos seguintes requisitos: conter

uma substância considerada estupefaciente ou psicotrópica, nos termos da legislação aplicável; em caso de utilização incorreta, poder originar riscos importantes de abuso medicamentoso; utilização para fins ilegais ou criar toxicodependência; possuir uma substância, nova ou que pelas suas propriedades, por prevenção, seja necessário incluir nas situações descritas na alínea anterior.

Medicamentos de receita médica restrita – aqueles cuja utilização seja exclusivamente hospitalar ou em regime de ambulatório. Os medicamentos incluídos neste grupo, se não forem de uso hospitalar exclusivo, podem ser vendidos nas farmácias comunitárias, sob a

regulamentação do Infarmed9.

Ao longo do meu estágio, notei que é muito frequente a solicitação de MSRM, sem prescrição médica. Nesse contexto, a postura que adotei passava por explicar ao utente, com discurso claro, as razões pelas quais não podia dispensar o medicamento em questão. Se houvesse recetividade por parte do utente, aconselhava-o com um MNSRM ou com um Produto de Saúde e Bem-Estar para o alívio da sintomatologia e explicava que, se não sentisse o efeito pretendido, deveria consultar o médico, para que lhe fosse prescrito o tratamento mais adequado.

4.1.1. Prescrição Médica

Entende-se por receita médica o documento no qual é prescrito um ou mais medicamentos destinados ao uso humano e a um utente em específico, por um médico ou outro profissional de saúde devidamente habilitado. A prescrição médica é realizada pela denominação comum internacional (DCI), seguida da forma farmacêutica, dosagem, tamanho da embalagem e posologia. As receitas médicas podem ser classificadas em: receita manual, receita eletrónica materializada (em papel) e receita eletrónica desmaterializada9.

As receitas manuais só são permitidas em situações pontuais, nomeadamente, no caso de falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio ou caso o médico prescreva até 40 receitas por mês. O médico deve assinalar com uma cruz qual a exceção que justifica o uso desta receita (este é um dos critérios para que a comparticipação da receita seja validada). Estas receitas não são renováveis e, após a data de prescrição, apresentam uma validade de 30 dias. Relativamente ao número de embalagens prescritas, o número máximo é

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um total de 4 embalagens por receita, podendo ser 4 medicamentos distintos, associados a um limite de 2 embalagens de cada medicamento. No caso de um medicamento unidose, podem ser prescritas 4 embalagens, no máximo. Estas receitas têm de ser revistas com atenção, uma vez que têm várias peculiaridades, como o facto de não poderem conter rasuras, caligrafias diferentes, ser prescritas com canetas diferentes ou a lápis; sendo que, a ocorrência de qualquer uma destas situações, as torna não comparticipáveis. Para a receita ser validada, deve conter a assinatura do prescritor, vinheta ou identificação do local de prescrição, data de prescrição, nome do utente, número de beneficiário e a justificação para ser receita manual assinalada10.

Quanto às receitas eletrónicas materializadas e desmaterializadas, é obrigatório que contenham número da receita (que pode ser lido com o leitor ótico ou escrito manualmente), o código de dispensa e o código de direito de opção. A validade dos medicamentos prescritos nestas receitas é de 30 dias para tratamentos de curta duração e de 6 meses para tratamentos de longa duração. Estas receitas trouxeram várias vantagens, como a minimização dos erros de dispensação, a diminuição da fraude e falsificação e a simplificação no processo de conferência de receituário. No caso das receitas médicas desmaterializadas, não existe um suporte físico, sendo que é possível aceder e interpretar as mesmas, por meio de um equipamento eletrónico.

Durante a minha experiência em FC, pude acompanhar como se processam as prescrições médicas em situação de pandemia. Como era de prever, a maioria eram receitas eletrónicas desmaterializadas, que evitavam o contacto entre médicos e utentes. Desta forma, é compreensível que cada vez mais utentes se façam acompanhar pelo telemóvel, com a prescrição médica. Apesar de ser um método prático, porque evita a necessidade de transportar um suporte físico, traz uma enorme desvantagem, pois não especifica quais os medicamentos prescritos. Face a esta situação, sempre que um utente se mostrava confuso, a solução passava pela impressão de um talão, com as respetivas informações; e por auxiliar o utente a selecionar quais as receitas que já se encontravam em estado dispensado (quais as “mensagens que já podia apagar”). Para mim, a maior vantagem destas receitas é a possibilidade de escolha entre aviar na totalidade ou apenas parte dela, deixando os restantes produtos para outra ocasião. As receitas manuais foram as que exigiram mais concentração e dedicação da minha parte (ou em perceber a letra de alguns médicos prescritores, ou na distinção dos diferentes regimes especiais de comparticipação associados) mas, com ajuda da equipa, esta tarefa tornou-se mais mecânica.

4.1.2. Regimes de Comparticipação

Com o objetivo de atenuar o preço final dos medicamentos para o utente, a comparticipação dos medicamentos é feita segundo o regime geral, ou o regime especial. Este último grupo é aplicado apenas a determinadas patologias ou grupos de utentes. Relativamente ao regime geral, a comparticipação pelo Estado sob o PVP é efetuada de acordo com os seguintes escalões: escalão A (90%), escalão B (69%), escalão C (37%) e escalão D (15%). Quanto ao regime especial, este inclui dois tipos de comparticipação: em função do beneficiário - dependendo dos respetivos rendimentos, onde o estipulado é que, para os pensionistas com um rendimento anual igual ou inferior 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida, a

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comparticipação do Estado no PVP dos medicamentos integrados no escalão A tem um acréscimo de 5% e nos escalões B, C, e D tem um acréscimo de 15%; em função das patologias ou de grupos especiais, onde se incluem patologias como a diabetes, artrite reumatoide, psoríase, entre outras11,12,13.

Para além do SNS e em simultâneo, os utentes podem ainda beneficiar de outras entidades comparticipantes, sendo que a percentagem de comparticipação varia entre entidades. Num atendimento na farmácia, para que a comparticipação seja aplicada, os utentes abrangidos por estas entidades devem apresentar o cartão e o número de benificiário. A tarefa de perceber

quais são os utentes que beneficiam de outras entidades comparticipantes e qual é a entidade comparticipante, requer muita atenção e cuidado, uma vez que, muitas vezes, era a equipa da farmácia que relembrava o utente que este tinha de mostrar o cartão de benificiário. Durante o estágio, contactei com vários tipos de comparticipações complementares, como: Sindicato dos Bancários do Norte, SaVida, Sindicato dos Quadros e Técnicos Bancários, entre outros.

4.2. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes

Estes medicamentos são caracterizados por conterem substâncias ativas que atuam ao nível do Sistema Nervoso Central, podendo causar habituação ou mesmo dependência. Consequentemente, estão sujeitos a um controlo muito rigoroso, desde a sua entrada na farmácia, até à sua dispensa. Para se proceder à dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, é obrigatória a apresentação da receita médica e o preenchimento de um registo eletrónio de inúmeras informações, como a identificação do doente e do seu representante, a identificação do médico prescritor e da prescrição, a identificação da farmácia, medicamento(s) dispensado(s) e a data da dispensa. Terminada a venda, todas estas informações são impressas num talão, que é posteriormente arquivado nos documentos da F5O. As farmácias devem enviar ao Infarmed, até ao dia 8 do mês seguinte, o registo mensal de saídas destes medicamentos; devem também enviar, até dia 31 de janeiro do ano seguinte, um mapa do balanço anual relativo

à entrada e saída destes medicamentos14.

Na dispensa destes produtos, solicitava sempre auxílio, para uma segunda validação.

4.3. Medicamentos Genéricos

Segundo o Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de agosto, os MG são “medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência tenha sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados”. A tarefa de informar o utente acerca da existência destes medicamentos (em alternativa aos originais), e das suas características é do farmacêutico, no momento da dispensa medicamentosa. Estes medicamentos são mais baratos do que os originais, o que se torna vantajoso para o utente9.

Este tema será abordado com mais detalhe no meu terceiro projeto, presente na segunda parte deste relatório.

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4.4. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

De acordo com o Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de agosto, os MNSRM são aqueles medicamentos que não preenchem nenhuma condição apresentada para os MSRM. Estes medicamentos são de venda livre (tal como o nome indica, não é necessária a apresentação de prescrição médica) e, geralmente, não são comparticipados. Podem, inclusive, ser vendidos em locais de venda de MNSRM (LVMNSRM), para além das farmácias. No entanto, mesmo os LVMNSRM têm de cumprir todos os requisitos legais necessários e dispor de colaboradores

devidamente qualificados (farmacêuticos ou técnicos de farmácia) ou, então, sob a

responsabilidade destes profissionais de saúde9.

Trata-se de um grupo de medicamentos que já são utilizados há imensos anos, para o tratamento de problemas de saúde ligeiros e sem gravidade, pelo que o seu perfil de segurança já se encontra bem estabelecido. Podem ser vendidos por indicação farmacêutica ou por automedicação do utente. É de salientar que, sempre que possível, o primeiro passo devem ser as medidas não farmacológicas. Quando estas, por si só, não são suficientes, o papel do farmacêutico comunitário na dispensa destes produtos é fundamental, uma vez que, para a mesma sintomatologia apresentada pelo utente, tem de haver uma seleção do produto mais indicado. É tarefa do farmacêutico, consciencializar e orientar o utente para um uso correto e responsável da medicação, alertando sobre as possíveis reações adversas e contraindicações. Durante o estágio, percebi que grande parte dos atendimentos em FC passa pelos

MNSRM. Esta área é aliciante, pois exigiu que me empenhasse, diariamente, no estudo destes medicamentos. É também com este grupo de medicamentos que há a possibilidade de fazer “cross-selling” (vendas cruzadas), que é muito vantajoso para a farmácia. Decorrente da situação pandémica atual, como grande parte dos utentes não conseguia prescrição médica para a resolução de determinada sintomatologia, houve muita recorrência aos MNSRM, como, por exemplo, aqueles para o controlo de ansiedade e distúrbios do sono. Quero também mencionar que os farmacêuticos estão a ter um papel fulcral na resolução de outras patologias, não relacionadas a COVID-19, uma vez que os utentes consideram a farmácia um local de prestação de auxílio, onde podem ser ouvidos e aconselhados. Durante estes meses desafiantes, os utentes queixavam-se da dificuldade em adormecer, da ansiedade diária sentida e do stress acumulado em dias de teletrabalho, com a família toda reunida num espaço confinado, pelo que aumentou a procura por soluções mais naturais (por exemplo, um suplemento à base de Passiflora, Valeriana e Melatonina, para os distúrbios de sono). A dispensa dos MNSRM é uma tarefa que se vai praticando e aprimorando com o tempo, com a repetição de atendimentos.

4.5. Outros Medicamentos e Produtos de Saúde

4.5.1. Produtos e Medicamentos de Uso Veterinário

A defesa, o bem-estar e a saúde dos animais são um dever público, pelo que os

medicamentos de uso veterinário (MUV) são importantes recursos. Segundo o Decreto-Lei nº 314/2009, de 28 de outubro, um MUV é “toda a substância, ou associação de substâncias, com propriedades curativas ou preventivas de doenças/sintomas em animais, ou que possa ser

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utilizada ou administrada no animal, com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”15.

Na F5O, a área dos produtos veterinários não é muito vasta, apesar de conter o suficiente para satisfazer as necessidades dos utentes. A estratégia utilizada pela equipa da farmácia, quando um utente solicita um MUV específico, é encomendar e avisar o utente qual a data de chegada à farmácia do mesmo. No caso de utentes que compram MUV com frequência, na F5O, há o cuidado de ter sempre stock desses medicamentos em particular.

No decorrer do meu estágio, notei que a maior procura destes produtos se resumia a desparasitantes externos (coleiras, pipetas e comprimidos) e desparasitantes internos (comprimidos), para cães e gatos. Tive ainda a oportunidade de assistir a uma formação, da marca PATTA®, sobre os seus produtos veterinários, vendidos exclusivamente em farmácias.

4.5.2. Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

De acordo com o Decreto-Lei nº 189/2008, de 24 de setembro, um produto cosmético e

de higiene corporal (PCHC) define-se como “qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou corrigir os odores corporais”. Sendo esta área muito abrangente, podemos agrupar os PCHC em várias categorias, nomeadamente, produtos de higiene corporal

(sabonetes, géis de banho, champôs, pastas dentífricas, desodorizantes) e produtos de beleza (maquilhagem, vernizes)16,17.

Estes produtos integram uma área de grande relevância em FC, havendo inúmeras marcas no mercado de PCHC. O aconselhamento farmacêutico personalizado permite que haja uma escolha pensada para determinado objetivo, sendo o ponto de distinção entre a farmácia e outras superfícies onde também é possível obter estes produtos. Na F5O, para além das marcas mais conhecidas, como Avène®, ISDIN®, Bioderma®, Vichy®, por exemplo, podemos também encontrar as seguintes marcas: SvR®, Martiderm®, Sensilis®, Sesderma®, Frezyderm®, Filorga®, Cosmeclinik®, Endocare®, Papillon® (gama exclusivamente masculina), entre outras.

Ao longo do meu estágio, tive a oportunidade de descobrir várias marcas e de perceber as principais diferenças entre elas, assim como os pontos fortes e fracos de cada uma. Tive também a oportunidade de assistir a algumas formações de marcas de dermocosmética, nomeadamente, da Sensilis® e da SvR®. No verão, a procura por protetores solares e produtos de higiene íntima (devido ao aumento das infeções urinárias) era muito elevada. Frequentemente, havia utentes à procura de cremes hidratantes e antienvelhecimento, despigmentantes para manchas do rosto, corretores de olheiras, etc.

4.5.3. Produtos Fitoterapêuticos

Assim como acontece com todos os medicamentos, também os produtos fitoterapêuticos são submetidos a procedimentos para a concessão da AIM. A nível legislativo, estes são

Referências

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