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Objective Team - Role Playing Game para o Sistema de Apoio a Decisão da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (OT-RPG / SAD-EsAO)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO - FACED

DOUTORADO MULTI-INSTITUCIONAL E MULTIDISCIPLINAR EM DIFUSÃO DO CONHECIMENTO - DMMDC

EWERTTON CARNEIRO PONTES

OBJECTIVE TEAM - ROLE PLAYING GAME PARA O SISTEMA DE APOIO A DECISÃO DA ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

(OT-RPG / SAD-EsAO)

Salvador 2017

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SIBI/UFBA/Faculdade de Educação – Biblioteca Anísio Teixeira

Pontes, Ewertton Carneiro.

Objective Team - Role Playing Game para o Sistema de Apoio a Decisão da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (OT-RPG / SAD-EsAO) / Ewertton Carneiro Pontes. - 2017.

246 p. : il.

Orientador: Prof. Dr. José Karam Filho.

Coorientador: Prof. Dr. Alfredo Eurico Rodrigues Matta.

Tese (Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento) - Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação, 2017.

1. Sistema de suporte de decisão. 2. Jogos de fantasia. 3. Brasil. Exército. Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. I. Karam Filho, José. II. Matta, Alfredo Eurico Rodrigues. III. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação. Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento. IV. Título.

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EWERTTON CARNEIRO PONTES

OBJECTIVE TEAM - ROLE PLAYING GAME PARA O SISTEMA DE APOIO A DECISÃO DA ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

(OT-RPG / SAD-EsAO)

Tese apresentada ao Programa de Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do Grau de Doutor em Difusão do Conhecimento.

Orientador: Prof. Dr. José Karam Filho.

Co-orientador: Prof. Dr. Alfredo Eurico Rodrigues Matta

Salvador 2017

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EWERTTON CARNEIRO PONTES

OBJECTIVE TEAM - ROLE PLAYING GAME PARA O SISTEMA DE APOIO A DECISÃO DA ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

(OT-RPG / SAD-EsAO) .

Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Difusão do Conhecimento, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Bahia.

Aprovada em 27 de outubro de 2017.

José Karam Filho – Orientador __________________________________________ Doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Laboratório Nacional de Computação Científica

Alfredo Eurico Rodrigues Matta – Co-orientador_____________________________ Doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia,Brasil. Universidade do Estado da Bahia.

Maurício Vieira Kritz ___________________________________________________ Doutor em Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Laboratório Nacional de Computação Científica

Suely Aldir Messeder__________________________________________________ Doutora em Antropologia pela Universidade Santiago de Compostela, Santiago de Compostela, Galiza, Espanha. Universidade Federal da Bahia.

Fabiano Saldanha Gomes de Oliveira_____________________________________ Doutor em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Ivan Soares dos Santos________________________________________________ Doutor em Educação pela Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

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AGRADECIMENTOS

Os meus agradecimentos são para as pessoas que contribuíram para que esta jornada se concretizasse.

Primeiramente ao Grande Arquiteto do Universo, que me concedeu saúde, paz, harmonia, sobriedade, disciplina, força de vontade e fé para percorres esta trajetória laboriosa.

Agradeço a minha família minha filha amada Camila, minha esposa Silvania, minha mãe Helenira e minhas tias Euza e Eudaci. Todos me proporcionaram o suporte adequado para que eu pudesse me dedicar ao estudos, principalmente no período em que fiquei distante do Rio de Janeiro sozinho em Salvador. Sem a ajuda de você não teria conseguido. Que Deus os abençoe.

Ao Prof. Dr. Alfredo Eurico Rodrigues Matta pela orientação, pelo acompanhamento, pela confiança e por estar disponível a me auxiliar. Seu conhecimento sobre a história do Exército Brasileiro e sua admiração pela Força Terrestre nos orgulha muito, sabemos que podemos contar o seu apoio e estamos disponíveis para o que for necessário.

Aos comandantes da Escola de Aperfeiçoamento de Oficias que permitiram e apoiaram o desenvolvimento dos trabalhos.

Ao amigo Cel Jansen, entusiasta quando se trata de estudos de simulação de combate, como Scmt da Escola disponibilizou acesso a todas as instalações da Escola envolvidas na pesquisa.

Ao Cel Nonato quer como Chefe da Divisão de Ensino ou Scmt da EsAO sempre apoiou a equipe de pesquisa.

Ao Curso de Infantaria, especialmente ao TC Hervé e aos Cap Rodrigo Pedroso, Inácio e Salles que acreditaram no projeto e se integraram harmoniosamente com a equipe de pesquisa e contribuíram enormemente na desenvolvimento da solução pedagógica que criamos.

Ao Prof. José Karam Filho, uma pessoa iluminada por Deus que aceitou me orientar na fase final dos estudos. Sua ajuda foi primordial na finalização da pesquisa, sem ele não teríamos conseguido.

Finalmente agradeço a todos que direta ou indiretamente estiveram presentes, quer seja fisicamente ou espiritualmente ao meu lado durante esta jornada. Que Deus os ilumine, guie e proteja.

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PONTES, Ewertton C. Objective Team - Role Playing Game para o Sistema de Apoio a Decisão da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (OT-RPG / SAD-ESAO). 248f. 2017. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2017.

RESUMO

Nesta tese, seguindo uma abordagem de tecnologia da informação e comunicação, apresenta-se uma arquitetura computacional pedagógica, chamada Objective Team - Role Playing Game / Sistema de Apoio a Decisão - Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (OT-RPG / SAD-EsAO), com o objetivo de aperfeiçoar a capacidade cognitiva de tomada de decisão de alunos de uma Escola do Exército Brasileiro, onde o processo ensino/aprendizagem se faz segundo um trabalho colaborativo em equipe. Este instrumento pedagógico, construído colaborativamente por analistas cognitivos e especialistas em fenomenologia do trabalho de estado-maior do Exército Brasileiro, teve como base de aplicação o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. Partindo da estrutura e dos conceitos do RPG, cujos personagens são individuais, elaborou-se um aperfeiçoamento da estrutura e introduziu-se o conceito de personagens em equipes. Foram levantados os aspectos cognitivos da fenomenologia do trabalho de estado-maior, práxis comum no planejamento de operações militares no Exército Brasileiro e objeto de estudo na Escola, para modelar esta solução pedagógica. Os experimentos foram realizados nos cursos da EsAO e, tendo em vista tratar-se de uma investigação sobre práticas educacionais, utilizou-se a abordagem metodológica Design Based Research (DBR) como método de pesquisa e os pressupostos do socioconstrutivismo e do sociointeracionismo como concepção epistemológica, considerando a inseparável relação entre conhecimento teórico e a aplicação prática, característica dos profissionais da arte da guerra.

Palavras-chave: OT-RPG, Difusão do Conhecimento, Sistema de Apoio a Decisão, Aplicação Pedagógica, Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Trabalho em Equipe, Exército Brasileiro

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PONTES, Ewertton C. Objective Team - Role Playing Game for the Decision Support System of the Officers Improvement School (OT-RPG / SAD-ESAO). 248f. 2017. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2017.

ABSTRACT

In this thesis, following an information and communication technology approach, a pedagogical computational architecture, called Objective Team - Role Playing Game / Decision Support System - Officers Improvement School (OT-RPG / SAD-EsAO) is presented, with the objective of improving the cognitive decision-making capacity of students of a Brazilian Army School, where the teaching / learning process is done according to a collaborative team work. This pedagogical tool, built collaboratively by cognitive analysts and specialists in the phenomenology of the Brazilian Army's general staff work, had its application basis on the CaptainsCareer Course. Starting from the structure and concepts of RPG, whose characters are individual, an improvement of the structure was elaborated and the concept of characters in teams has been introduced. The cognitive aspects of the phenomenology of general staff work, common praxis in the planning of military operations in the Brazilian Army and object of study in the School, were raised to model this pedagogical solution. The experiments were carried out in the courses of the EsAO and, since it is an investigation on educational practices, the methodological approach Design-Based Research (DBR) was used as research method and the assumptions of socio-constructivism and of socio-interactionism as epistemological conception, considering the inseparable relation between theoretical knowledge and the practical application, characteristic of the professionals of the art of war.

Key words: OT-RPG, Knowledge Diffusion, Decision Support System, Pedagogical Application, Joint Staff Work, Collaborative Work, Brazilian Army

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Método de desenvolvimento de atividades e operações no EB ... 25

Figura 02 - Refinamento de problemas, soluções, métodos e princípios de design... 27

Figura 03 - Fase do Redesign... 27

Figura 04 - Esquema representativo da sistemática dos ciclos de design... 28

Figura 05 - Sistemática de Planejamento de Emprego Conjunto das Forças Armadas ... 35

Figura 06 - Estrutura típica de um EM... 38

Figura 07 - Estrutura das equipes de EM integrada por Capitães Alunos na EsAO... 44

Figura 08 - Organograma da EsAO... 50

Figura 09 - Organograma da Divisão de Ensino da EsAO... 52

Figura 10 - Mapa conceitual das equipes de EM no CAO/2015... 54

Figura 11 - Mapa conceitual dos aspectos cognitivos do socioconstrutivismo no estudo da fenomenologia do trabalho de EM... 77

Figura 12 - Mapa conceitual do RPG By Moodle... 102

Figura 13 - Mapa conceitual com as peculiaridades do OT-RPG / SAD-EsAO em relação ao RPG By Moodle... 106

Figura 14 - Mapa conceitual do C2 em Combate... 112

Figura 15 - Mapa conceitual do OT-RPG / SAD-EsAO dos seis Cursos do CAO com apenas uma turma... 114

Figura 16 - Mapa conceitual do OT-RPG / SAD-EsAO do Curso de Infantaria... 115

Figura 17 - Mapa conceitual do primeiro experimento... 121

Figura 18 - Gráfico das cinco linhas do OT-RPG / SAD-EsAO... 130

Figura 19 - Representação do OT-RPG SAD integrando Estabelecimentos de Ensino... 132

Figura 20 - Esquema representativo dos EE para uso do OT-RPG / SAD-EsAO na manobra escolar de 2017... 133

Figura 21 - Proposta de layout das salas de aula do Curso de Infantaria para utilização do OT-RPG SAD-EsAO... 136

Figura 22 - Proposta de layout das salas de aula do Curso de Infantaria para utilização do OT-RPG SAD-EsAO... 136

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Fases da pesquisa DBR e elementos para a construção de

Proposta da Pesquisa... 30

Quadro 02 - Letras indicativas do tipo de Estado-Maior... 37

Quadro 03 - Números indicativos dos elementos e das especialidades dentro do EM... 37

Quadro 04 - Campos de Estudo de Estado-Maior... 39

Quadro 05 - Documentos internos do Estado-Maior... 42

Quadro 06 - Quadro resumo do ano de instrução de 2015 do CAO... 64

Quadro 07 - Aspectos cognitivos do socioconstrutivismo no estudo da fenomenologia do trabalho de EM... 78

Quadro 08 - Características dos games que os tornam fascinantes e atrativos... 86

Quadro 09 - Técnicas de aprendizagem interativa baseadas em TICs... 87

Quadro 10 - Efetivo de aluno e quantidades de turmas do CAO em 2017... 95

Quadro 11 - Conceitos básicos do RPG... 103

Quadro 12 - Características do RPG... 104

Quadro 13 - Fases desta pesquisa de acordo com a metodologia DBR... 142

Quadro 14 - Resultado consolidado da pesquisa de satisfação dos capitães alunos... 150

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LISTA DE ABREVIATURAS

AAAe - Artilharia Antiaérea Aj G - Ajudante Geral

AMAN - Academia Militar das Agulhas Negras Art - Artilharia

Art Cmp - Artilharia de Campanha Ass Civ - Assuntos Civis

ATED - Assessoria de Tecnologia da Informação e Educação a Distância AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem

AZUVER - Azul e verde Bda - Brigada

C - Curso

CAO - Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais CAM - Curso de Aperfeiçoamento Militar Cav - Cavalaria

CCOMGEX Comando de Comunicações de Guerra Eletrônica do Exército

CD - Controle de Danos

CEMCFA - Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas Ch EM - Chefe do Estado-Maior

Ch Sv Pol - Chefe do Serviço de Polícia Cia C2 - Companhia de Comando e Controle Com - Comunicações

CMA - Comando Militar de Área Cmt - Comandante

Cmt GU - Comandante de Grande Unidade Cmt QG - Comandante do Quartel General Cmt PC - Comandante do Posto de Comando Com GE - Comunicações e Guerra Eletrônica Com Soc - Comunicação Social

Crt - Carta

DBR - Design-Based Research

DBRIEF - Design-Based Research in Innovative Education Framework DECEx - Departamento de Educação e Cultura do Exército

DE - Divisão de Exército

DEFAR - Defesa da Área de Retaguarda Dent - Dentista

DES Mil - Diretoria de Ensino Superior Militar Dir ESMil - Diretor de Ensino Superior Militar DFA - Diretoria de Formação e Aperfeiçoamento DGP - Departamento Geral do Pessoal

DQBRN - Defesa Química Biológica Radiológica e Nuclear Dtz - Diretriz

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EAD - Educação a Distância EB - Exército Brasileiro

ECEME - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército EE - Estabelecimento de Ensino

EM - Estado-Maior

EME - Estado-Maior do Exército EMG - Estado-Maior Geral EMP - Estado-Maior Pessoal Eng - Engenharia

Emp U/SU Eng - Emprego de Unidade/Subunidade de Engenharia EsAO - Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais

Esc - Escala

ESIO - Estágio Setorial de Instrutores Online ETC - Editor de Textos Coletivo

Farm - Farmacêutico Fl - Folha

FTC - Força Terrestre Componente GAC - Grupo de Artilharia de Campanha

G Cmdo Eng - Grande Comando de Engenharia G Cmdo Op - Grande Comando Operativo GU - Grande Unidade

Intlg - Inteligência Inf - Infantaria Int - Intendência

LMS - Learning Management System Log - Logística

MB - Material Bélico MD - Ministério da Defesa Med - Médico

MG - Minas Gerais

Moodle - Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment Of - Oficial

Op - Operações

Op Cmb - Operações de Combate Op Def - Operações Defensivas Op Psi - Operações Psicológicas PC - Posto de Comando

PCI - Pedido de Cooperação de Instrução Pes - Pessoal

PGE - Plano Geral de Ensino QAO - Quadro Auxiliar de Oficiais

QCO - Quadro Complementar de Oficiais QCP - Quadro de Cargos Previstos QEM - Quadro de Engenheiros Militares

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QEMA - Quadro de Estado-Maior da Ativa QMB - Quadro de Material Bélico

Ref - Referência

RS - Rio Grande do Sul

S1 - Oficial de Pessoal de Unidade S2 - Oficial de Inteligência de Unidade S3 - Oficial de Operações de Unidade S4 - Oficial de Logística de Unidade

SABRE - Sistema de Adestramento de Batalhões e Regimentos Sau - Saúde

SCT - Secretaria de Ciência e Tecnologia SEAD - Seção de Educação a Distância

SECODAS - Seção de Coordenação Doutrinária das Armas, Quadro e Serviços SEGAR - Segurança da Área de Retaguarda

SisPECFA - Sistemática de Planejamento de Emprego Conjunto das Forças Armadas

SISTAB - Sistema de Simulação Tático de Brigada SITAGE - Sistema Tático de Guerra Eletrônica S Cmt - Subcomandante

Sv - Serviço

TICs - Tecnologias da Informação e Comunicação U - Unidade

UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

URL - Uniform Resource Locator (Localizador Padrão de Recursos) U/SU - Unidade/Subunidade

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 14

2 PROCESSO EDUCACIONAL DA FENOMENOLOGIA DO TRABALHO DE EM NO CURSO DE APREFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS NA ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS... 35

2.1 O ESTADO-MAIOR... 36

2.1.1 Estrutura do Estado-Maior... 36

2.1.2 Características do Trabalho de Estado-Maior... 38

2.1.3 Estado-Maior no Nível de Unidade... 43

2.1.4 Equipes de Estado-Maior no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais... 43

2.1.4.1 Subcomandante... 44

2.1.4.2 S1, Oficial de Pessoal, Chefe da 1a Seção... 45

2.1.4.3 S2, Oficial de Inteligência, Chefe da 2a Seção... 46

2.1.4.4 S3, Oficial de Operações, Chefe da 3a Seção... 46

2.1.4.5 S4, Oficial de Logística, Chefe da 2a Seção... 47

2.2 ESTRUTURA DO ENSINO NA ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS... 49

2.2.1 Comandante e Diretor de Ensino... 50

2.2.2 Divisão de Ensino... 52

2.2.3 O Trabalho de Estado-Maior Realizado pelo Capitão Aluno na Estrutura de Ensino da EsAO... 51

2.2.4 O Ano de Instrução de 2015 na EsAO... 55

2.2.4.1 Resumo das Atividades no Ano de Instrução de 2015 no Curso de Infantaria... 55

2.2.4.2 Resumo das Atividades no Ano de Instrução de 2015 no Curso de Cavalaria... 57

2.2.4.3 Resumo das Atividades no Ano de Instrução de 2015 no Curso de Artilharia... 58

2.2.4.4 Resumo das Atividades no Ano de Instrução de 2015 no Curso de Engenharia... 59

2.2.4.5 Resumo das Atividades no Ano de Instrução de 2015 no Curso de Comunicações... 59

2.2.4.6 Resumo das Atividades no Ano de Instrução de 2015 no Curso de Material Bélico... 60

2.2.4.7 Resumo das Atividades no Ano de Instrução de 2015 no Curso de Intendência... 62

2.2.4.8 Resumo das Atividades no Ano de Instrução de 2015 no Curso de da Seção Psicotécnica Militar... 63

2.2.4.9 Apreciação Sobre o Ano de Instrução de 2015 no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais... 65

3 FUNDAMENTOS COGNITIVOS DO SOCIOCONSTRUTIVISMO E AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO... 68

3.1 ASPECTOS DO DESIGN COGNITIVO NA FENOMENOLOGIA DO TRABALHO DE ESTADO-MAIOR... 71

3.2 APRENDIZAGEM MEDIADA POR MEIOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO... 79

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3.2.2 Objetivo... 82 3.2.3 Regras... 83 3.2.4 Feedback... 84 3.2.5 Engajamento... 85 3.2.6 Interação... 85 4 METODOLOGIA... 91

4.1 Os sujeitos e o campo de pesquisa... 92

4.2 Os instrumentos de coleta de dados... 93

5 OBJECTIVE TEAM-ROLE PLAYING GAME (OT-RPG) APLICADO AO SISTEMA DE APOIO A DECISÃO (SAD) NO CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS... 94

5.1 SIMULADORES CONSTRUTIVOS NO EXÉRCITO BRASILEIRO E NA ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS... 96

5.2 O ROLE PLAYING GAME... 99

5.3 OT-RPG / SAD-EsAO... 107

6 APLICAÇÃO E RESULSTADO: TEMA TESTE... 116

6.1 REFLEXÕES SOBRE O USO DO OT-RPG / SAD-EsAO... 124

6.2 PROPOSTA PARA O OT-RPG / SAD-EsAO PARA O CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS PARA O ANO DE 2018... 134

7 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO OT-RPG / SAD-EsAO SEGUINDO A DBR... 138

7.1 APLICAÇÃO DO DESIGN BASED RESEARCH A FENOMENOLOGIA DO TRABALHO DE ESTADO-MAIOR... 142

8 CONCLUSÕES E PRÓXIMAS ETAPAS... 154

REFERÊNCIAS... 160

GLOSSÁRIO... 166

ANEXO A - QUESTIONÁRIOS PARA OS CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO DA ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS... 169

ANEXO B - TEMA TESTE... 194

ANEXO C - FORMULÁRIOS PARA ABERTURA DE CURSOS... 210

ANEXO D - PESQUISA DE OPINIÃO PARA OS ALUNOS SOBRE O OT-RPG / SAD-EsAO... 218

ANEXO E - PESQUISA DE OPINIÃO PARA OS INSTRUTORES SOBRE O OT-RPG / SAD-EsAO... 234

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CAPÍTULO I

1. INTRODUÇÃO

O Sistema de Ensino do Exército Brasileiro (EB) possui características muito peculiares que estão estipuladas na Lei no 9.786 de 8 de fevereiro de 1999, Brasil18, e no Decreto no 3.182 de 23 de setembro de 1999, Brasil1. Segundo estas normas o ensino no EB compreende três graus: o fundamental, destinado a qualificar pessoal para a ocupação de cargos militares e o desempenho de funções próprias de soldados e cabos; o médio ou técnico, destinado à qualificação de pessoal para a ocupação de cargos militares e o desempenho de funções próprias das graduações de sargentos e subtenentes e dos postos dos integrantes do Quadro Auxiliar de Oficiais; e universitário ou superior, destinado à qualificação de pessoal para a ocupação de cargos militares e o desempenho de funções próprias de oficiais e de oficiais-generais. Compreende ainda o ensino preparatório e assistencial, mantido pelo Exército, por meio dos Colégios militares e da Escola Preparatória de Cadetes do Exército, que obedecem à legislação federal pertinente. Os três graus de ensino são desenvolvidos em Quatro Linhas de Ensino Militar: a Bélica, a Científica, a de Saúde e a Complementar. A Linha Bélica é destinada à qualificação continuada de pessoal necessário a direção, ao preparo e ao emprego do EB; a Linha Cientifica estabelece critérios para os militares necessários à direção e à execução das atividades científico – tecnológicas; a Linha de Saúde é direcionada ao pessoal necessário a direção e a execução das atividades de saúde; e a Linha Complementar regula o pessoal necessário ao desempenho de atividades não enquadradas nas linhas anteriores e definidas em legislação específica. Todo este sistema de ensino está estruturado e organizado.

O Estado-Maior do Exército (EME) é o órgão de direção central a quem cabe formular a política de ensino, as diretrizes estratégicas e planejar, organizar, coordenar e controlar o funcionamento do sistema. Existem dois órgãos de direção setorial: a Secretaria de Ciência e Tecnologia (SCT) e o Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx). A SCT é a responsável pela Linha de Ensino Militar Científica – Tecnológica, competindo-lhe planejar, organizar, coordenar e controlar as atividades de ensino e de pesquisa dos órgãos que integram esta Linha. O DECEx, considerado o Ministério da Educação do EB, tem a seu encargo as Linhas

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de Ensino Militar Bélico, de Saúde e Complementar, competindo-lhe planejar, organizar, coordenar e controlar as atividades de ensino e de pesquisa dos órgãos subordinados. Os órgãos de execução são: os institutos de pesquisa, que realizam estudos e pesquisas com o propósito de dotar o EB de novas técnicas e de novos materiais; os estabelecimentos de ensino (EE) que são responsáveis por planejar, administrar e avaliar o ensino e a aprendizagem, fornecendo informações aos escalões superiores sobre a execução do processo educacional com o objetivo de aprimorá-lo constantemente; e existem também organizações militares designadas para colaborar nas atividades de ensino. O Comando de Operações Terrestres (COTer) tem o encargo de planejar, organizar, coordenar e controlar as atividades relativas à Instrução Militar e também faz parte da estrutura de ensino do EB.

O Departamento de Educação e Cultura do Exército é o principal componente do sistema de ensino, não só por ser o responsável pelo processo educacional de três das quatro linhas de ensino, mas principalmente por ter encargos educacionais sobre todos os oficiais combatentes do EB (Linha Bélica). Os oficiais combatentes são formados (nível graduação) na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), cursam a pós-graduação stricto senso (nível mestrado) na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e cursam a pós graduação stricto senso (nível doutorado) na Escola de Comando e Estado-Maior. A finalidade da Linha de Bélica de ensino em tempos de paz é preparar os recursos humanos para a guerra, o que envolve, nos três níveis, produção teórica e execução prática. Como definido por Brasil6, a missão do EB para assegurar a defesa da pátria é "Realizar a

campanha militar terrestre para derrotar o inimigo que agredir ou ameaçar a soberania, a integridade nacional, o patrimônio e os interesses vitais do Brasil." .

Segundo Brasil1 (1999) todos os estabelecimentos de ensino do EB, entre outros, devem observar na elaboração de seus currículos: favorecer a participação discente nas atividades de ensino – aprendizagens planejadas por intermédio do trabalho em grupo, da pesquisa, de jogos educacionais e de outros procedimentos centrados no aluno; favorecer a ampla utilização da informática nas atividades presenciais, não presenciais e no ensino à distância; e, enfatizar a necessidade de conhecimento e preservação do meio ambiente, o que corrobora com a importância dada pelo EB na associação entre produção teórica e execução na prática.

Existem várias teorias sobre educação que debatem sobre o processo de aprendizagem, como a escola nova, as teorias tecnicistas, as teorias construtivistas,

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entre outras. Pensadores como Aranha (1996) e Gadotti (2003) expõem estudos sobre diversas perspectivas desenvolvidas ao longo da história da educação. Diante das várias vertentes epistemológicas da educação e levando em consideração as características no processo educacional no EB que aliam teoria e prática, esta pesquisa se baseará nos princípios socioconstrutivistas. A partir desta concepção este estudo aborda autores como Freire (1996), Piaget (1964) e Vygotsky (2007) para determinar um posicionamento sobre o processo educacional segundo estes princípios. O construtivismo, segundo Aranha (1996), pode ser visto sob o enfoque interacionista onde o conhecimento é resultado de uma construção contínua, ou seja nem é inato e nem é dado apenas pelo objeto, mas se constrói pela interação entre ambos. Este é o principal pressuposto partilhado por estes três teóricos. Vale dizer que este estudo não pretende analisar em detalhes as discordâncias entre os autores, mas sim identificar os pressupostos que melhor se adéquam às características da pesquisa.

A abordagem construtivista sobre aprendizagem indica que os esquemas cognitivos dos sujeitos encontram-se estruturados por conhecimentos prévios. São os diferentes esquemas de conhecimento que formam a estrutura cognitiva do indivíduo. Segundo o modelo de equilibração das estruturas cognitivas de Piaget (1964), a educação escolar assume papel importante no processo de transformação destas estruturas, pois o contato com novos conteúdos provoca o desequilíbrio que remete imediatamente a uma reorganização das estruturas cognitivas dos indivíduos. Outros teóricos convergem em relação a este princípio, como Freire (1996), que argumenta que se deve levar em consideração o conhecimento prévio dos indivíduos e tomá-lo como ponto de partida para novos desafios, e Vygotsky (2009) que afirma que a aprendizagem escolar se caracteriza pelo acúmulo de conhecimentos cotidianos. Com isto percebe-se que estes autores construtivistas convergem em considerar que o conhecimento adquirido exerce importância fundamental para novas aprendizagens.

Existem divergências entre os citados autores construtivistas, como por exemplo entre Piaget (1964) e Vygotsky (2009), em relação ao indivíduo no processo de aprendizagem. Enquanto que na perspectiva piagetiana o ato de aprender acontece de dentro para fora (endógeno), para a vygotskyana este processo acontece de fora para dentro (exógeno), pois Vygotsky (2009) parte do princípio de que o indivíduo aprende inicialmente em uma relação interpessoal e

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posteriormente a aprendizagem é interiorizada numa relação intrapessoal. Piaget (1964) parece não dar importância à interação social no processo de aprendizagem. Este autor postula em sua teoria da equilibração que há equilíbrio inicial na estrutura cognitiva dos indivíduos, que passam por constantes desequilíbrios (acomodação-assimilação), para a seguir voltar ao estado de equilíbrio. Partindo-se de uma visão vygotskyana de Piaget (1964) podemos deduzir que este processo não se limita a uma construção individual. Para Vygotsky (2009), a aprendizagem ocorre por meio da relação com o outro. Vale destacar que a perspectiva por nós adotada é a socioconstrutivista, e que neste estudo, a interpretação vygotskyana é assumida como a que melhor se associa com as características do EB que envolvem produção teórica e execução prática, relações sociais e interação com o meio ambiente.

A importância dada pelo EB a associação entre produção teórica e execução prática, a utilização dos meios de tecnologia da informação e comunicação (TIC) em apoio ao processo educacional e a preservação do meio ambiente estão alinhados com as mudanças pelas quais o planeta terra vem passando principalmente a partir da segunda metade do século XX, com ênfase na evolução da tecnologia. Em especial a educação a distância tem se beneficiado destas evoluções tecnológicas a partir deste período. Segundo Litto (2010), a história da Educação a Distância (EAD) apresentou grandes mudanças conceituais proporcionadas pelo excepcional desenvolvimento tecnológico. As necessidades da sociedade moderna e a flexibilidade característica da EAD motivaram seu crescimento nos ambientes acadêmicos e corporativos. O autor ressalta a importância do computador no mundo da aprendizagem, pois uma só tecnologia associa todos os recursos outrora empregados na aprendizagem, como textos, sons e imagens, propiciando transformar o espaço e o tempo. Permite a utilização no modo síncrono ou assíncrono, permite percorrer continentes com mensagens, imagens e vozes em segundos, e o que é mais significativo, é interativo, propicia o diálogo entre o usuário e a aplicação instalada no computador, seja para dar instruções e fazer perguntas ou para receber perguntas e respondê-las. Todo este contexto faz parte do processo ensino/aprendizagem, seja em uma sala de aula presencial ou em uma sala de aula virtual, o que abre a possibilidade para que se reduza ou elimine grandes distâncias, o que é muito relevante para o Brasil e também para o EB que está presente em todas as regiões do território nacional. O DECEx aproveitou todo este contexto de evolução tecnológica para criar a rede de ensino do EB. Esta rede originou-se na

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década de 1990 com o objetivo de integrar todos os seus estabelecimentos de ensino subordinados que estão distribuídos por todo o território nacional.

A rede de ensino no Exército Brasileiro ganhou grande impulso a partir do ano de 2005, período em que foram dados os primeiros passos para a criação do Eb-aula, ambiente de educação a distância que utilizou o LMS Moodle1 como plataforma. Em 2008 estavam acontecendo enormes avanços tecnológicos no mundo e que influenciaram também o ensino militar. A EAD utilizando o moodle era ambiente novo no âmbito do DECEx e não haviam militares capacitados a utilizá-lo. Por esta razão, em junho de 2010, através da Portaria No 068-DECEx, foi criado o Estágio Setorial de Instrutores2 Online (ESIO), com a finalidade de capacitar instrutores dos Estabelecimentos de Ensino (EE) subordinados ao DECEx para atuar em cursos a distância mediados por Ambiente Virtual de Aprendizagem. Uma singularidade inédita tornou este curso tema para dois estudos posteriores, um de especialização e um de mestrado, quando foi pela primeira vez realizada a avaliação de atributos da área afetiva em cursos a distância. A avaliação da área afetiva em cursos presenciais é uma prática plenamente consolidada no Exército Brasileiro.

O moodle foi o Ambiente Virtual de Aprendizagem utilizado no Eb-Aula para o primeiro ESIO que reuniu trinta e seis alunos de Estabelecimentos de Ensino subordinados ao DECEx, oriundos de vários estados, como: Rio Grande do Sul (Escola de Aperfeiçoamento de Sargento das Armas e Colégio Militar de Porto Alegre), Rio de Janeiro (Escola de Educação Física do Exército, Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Colégio Militar do Rio de Janeiro e Centro de Estudos de Pessoal), Mato Grosso do Sul (Colégio Militar de Campo Grande), Distrito

Federal (Centro de Instrução de Guerra Eletrônica), Bahia (Colégio Militar de

Salvador e Escola de Formação Complementar do Exército), Pernambuco (Colégio Militar de Recife) e Ceará (Colégio Militar de Fortaleza).

1

- LMS (Learning Management System) - refere-se ao sistema de gestão da aprendizagem que disponibiliza uma série de

recursos, síncronos e assíncronos, que dão suporte ao processo de ensino/aprendizagem, permitindo seu planejamento,

implementação e avaliação. Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) se relaciona ao ambiente

modular de aprendizagem dinâmica orientado ao objeto que é um software livre, de apoio à aprendizagem, executado num ambiente virtual.

2

- Denominação utilizada pelo Exército Brasileiro para os militares que atuam nas atividades do processo ensino/ aprendizagem.

(20)

Uma das correntes epistemológicas que serviram de suporte teórico para o ESIO foi o sociointeracionismo de Vygotsky, tendo como um de seus pilares que o desenvolvimento e a aprendizagem dos seres humanos se desenvolve por meio de interações. Vygotsky (2007, p.55) destaca que "O controle da natureza e o controle

do comportamento estão mutuamente ligados, assim como a alteração provocada pelo homem sobre a natureza altera a própria natureza do homem." O Moodle

permite atividades didático-pedagógica em que o aluno interage com a aplicação, permite também interações de aluno com aluno além da interação entre docente e discente. Neste contexto, Claro (2008) destaca que o docente é primordial, sendo sua principal função interagir com os aprendizes permitindo que construam seus próprios conhecimentos através de seus respectivos caminhos.

Inúmeras teorias também apresentam críticas ao modelo baseado na transmissão de informação, como é o caso do modelo sociointeracionista, que tem em Vygotsky seu principal representante. O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), próprio da teoria sociointeracionista, ressignifica o papel do professor. Segundo o autor, a ZDP pode ser definida como a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de resolução de um problema em colaboração com outro indivíduo, ou seja, é a série de informações que a pessoa tem a potencialidade de aprender, mas ainda não completou o processo, conhecimentos fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis.

O papel do professor muda radicalmente a partir dessa concepção. Ele não é mais aquele professor que se coloca como centro do processo, que ensina para que os alunos passivamente aprendam. Ele é o agente mediador deste processo e com suas intervenções estará contribuindo para o fortalecimento de funções ainda não consolidadas, ou para a abertura de zonas de desenvolvimento proximal. (CLARO, 2008, p. 6).

O ESIO expandiu nossos horizontes sobre a perspectiva de que com um pouco mais de dedicação é possível colocar em prática nossas ideias. Foi uma realização que se originou a partir de interações de um grupo de indivíduos com objetivos comuns e que identificaram a carência naquele momento, no âmbito do DECEx, de militares capacitados ao uso de tecnologias da informação e comunicação na educação. Um ponto crucial que foi considerado pelo grupo foi a viabilidade do que era possível executar com a infraestrutura de tecnologia da informação existente para a disponibilização do Estágio. Foi uma representação do ser humano agindo colaborativamente para atuar sobre o meio, neste caso a junção do educacional com o técnico/informacional, e sofrendo influências deste meio, pois

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se produziu o que era viável dentro das possibilidades de infraestrutura disponíveis, o que pode ser caracterizado como uma sociointeração.

A partir da concretização do primeiro ESIO, percebi outra carência do sistema de ensino militar bélico. Começou a germinar em minha mente a concepção de um ambiente virtual que permitisse o processo ensino/aprendizagem do trabalho de Estado-Maior3 (EM) em operações militares, concatenando os níveis estratégicos, táticos e operacionais com o objetivo de propiciar a integração de todos os Estabelecimentos de Ensino subordinados ao DECEx, o que poderia contribuir com a consolidação e o aprimoramento da doutrina militar terrestre. Esta iniciativa apresentaria como vantagens, além do contínuo desenvolvimento da doutrina militar terrestre nas Escolas, os benefícios proporcionados pelo treinamento utilizando as tecnologias da informação e comunicação. Alguns destes benefícios são definidos por Dexter Fletcher apud Prensky (2012) como a regra dos terços:

A regra estabelece que o uso da instrução baseada em tecnologia reduz custos sobre um terço ou reduz o tempo de instrução em cerca um terço ou aumenta a efetividade da instrução em cerca de um terço. (DEXTER FLETCHER APUD PRENSKY, 2012 p. 508).

Como são muitos os EE subordinados ao DECEx o universo da pesquisa seria muito amplo, o que levaria a elaboração de um problema em uma dimensão inviável dentro do prazo disponível para a pesquisa, pois segundo Gil (2002, p. 29): "Em

muitas pesquisas, sobretudo acadêmicas, o problema tende a ser formulado em termos muito amplos, requerendo algum tipo de delimitação." A partir desta

constatação, foi iniciado um estudo sobre qual Estabelecimento de Ensino seria o mais indicado para integrar o estudo. Alguns fatores foram determinantes para esta escolha, como: a) o trabalho de estado-maior em operações militares deveria ser objeto de estudo do EE; e, b) não poderia ser uma Escola no início da carreira militar, pois o aluno não teria a necessária vivência de caserna4 e também não teria a suficiente experiência em exercícios militares, e nem uma Escola no final da carreira militar, onde seria muito reduzido o potencial de difusão do conhecimento e

3

- Trabalho de Estado-Maior é uma sistematização utilizada por muitos Exércitos que envolve atividades de análises, levantamentos, estudos e planejamentos, com a finalidade de apoio e assessoramento a tomada de decisão de um Comandante Militar.

4

- Vivência de caserna é uma práxis comum do Exército Brasileiro. Envolve prática social que é comum a todas as Organizações Militares.

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a experiência alcançada pelos discentes egressos para o universo do Exército Brasileiro.

A Escola de Aperfeiçoamento de Oficias (EsAO), sediada na Vila Militar, no Rio de Janeiro se mostrou a mais adequada pelas seguintes razões: o trabalho de estado-maior é o core do estudo e é cursada por militares de oito a dez anos após a graduação, ou seja, os alunos possuem uma considerável vivência na caserna assim como também experiência em exercícios de operações militares e os egressos da Escola terão tempo suficiente na carreira para difundir o conhecimento e a experiência alcançados. Ao final de cada Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, aproximadamente quinhentos Capitães são designados para organizações militares de norte a sul do Brasil.

De acordo com Brasil7 (2016), a EsAO é conhecida no Exército Brasileiro como a "Casa do Capitão". Foi criada em 29 de janeiro de 1919, pelo Decreto No 13.451, como resultado da evolução do ensino militar no Exército e das inovações da Primeira Grande Guerra. É um Estabelecimento de Ensino que faz parte da Linha de Ensino Militar Bélico, grau superior e segundo ciclo (modalidade - aperfeiçoamento). É subordinada à Diretoria de Educação Superior Militar (DES Mil) que orienta e fiscaliza as atividades nela realizadas, em consonância com as diretrizes emanadas do Departamento de Educação e Cultura do Exército. Sua missão é atualizar e ampliar os conhecimentos dos capitães alunos, capacitando-os para o exercício do comando e chefia das unidades de suas Armas, Quadro e Serviços, habilitando-os para o exercício das funções de estado-maior de unidade e demais funções de oficial superior não privativas do Quadro do Estado-Maior da Ativa (QEMA).

Na EsAO, funcionam os seguintes cursos:

- Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Arma de Infantaria (CAO Inf); - Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Arma de Cavalaria (CAO Cav); - Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Arma de Artilharia (CAO Art); - Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Arma de Engenharia (CAO Eng); - Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Arma de Comunicações (CAO Com); - Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais do Serviço de Intendência (CAO Int); - Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais do Quadro de Material Bélico(CAO MB); - Curso de Aperfeiçoamento Militar de Oficiais do Serviço de Saúde - Médicos (CAM Sv Sau Med);

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- Curso de Aperfeiçoamento Militar de Oficiais do Serviço de Saúde - Dentistas e Farmacêuticos (CAM - Sv Sau Dent/Farm);

- Curso de Aperfeiçoamento Militar de Oficiais do Quadro de Engenheiros Militares (CAM - QEM); e

- Curso de Aperfeiçoamento Militar de Oficiais do Quadro Complementar de Oficiais (CAM - QCO).

Estes onze cursos, segundo Brasil14 (2014), são classificados em duas modalidades: Cursos de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO) e Cursos de Aperfeiçoamento Militar (CAM). Os Cursos de Aperfeiçoamento de Oficiais são destinados aos oficiais formados pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), oriundos das Armas de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia e

Comunicações; do Serviço de Intendência e do Quadro de Material Bélico. O

Curso de Aperfeiçoamento Militar é destinado aos oficiais do Serviço de Saúde, do Quadro Complementar e do Quadro de Engenheiros Militares.

O CAM, de acordo com a Portaria do DECEx No 111, tem o funcionamento realizado de forma diferenciada para cada um dos cursos. Não é cursado junto com o CAO, é ministrado somente na modalidade EAD e aborda apenas noções gerais do trabalho de EM, razões pelas quais não é objeto deste trabalho.

O CAO, criado pela Portaria No 104 (Brasil11), do Chefe do Estado Maior do Exército, objeto desta pesquisa, é realizado em duas fases: a primeira, a distância, com duração de quarenta semanas; e a segunda, presencial, com duração de quarenta e uma semanas. Na fase a distância são estudadas disciplinas introdutórias e preparatórias para a fase presencial e não são abordados os objetivos pedagógicos voltados para o trabalho de EM. Na fase presencial é estudado o emprego de Organizações Militares valor Batalhão com ênfase no trabalho de EM, período de interesse para este trabalho de pesquisa.

Pela experiência do autor o CAO utiliza esporadicamente meios de tecnologia da informação em apoio ao processo educacional, ou seja, grande parte dos processos não são automatizados. Não existe meio corporativo de tecnologia da informação e comunicação desenvolvido para o apoio ao processo educacional do trabalho de EM no CAO. Os materiais didáticos disponibilizados aos alunos são em grande parte impressos, e quando são utilizados meios digitais, o são por iniciativa dos instrutores por meios não corporativos. Os meios digitais ainda são muito pouco explorados para a troca de informação entre a Escola e os alunos e ex-alunos.

(24)

Partindo da proposição inicial de desenvolvimento de um ambiente virtual que permitisse o trabalho de EM em operações militares que integrasse todos os Estabelecimentos de Ensino subordinados ao DECEx e da delimitação do universo de pesquisa para a EsAO, constatamos na Escola a inexistência de qualquer

aplicação corporativa com suporte de meios de tecnologia da informação e comunicação (TIC) que apoiasse a aprendizagem. Este cenário deixou bem clara

a nossa percepção de que o problema da pesquisa de estabelecer uma solução pedagógica baseada em TICs corporativa de apoio ao trabalho de EM na EsAO estava bem além da realidade, ou seja, não havia experiência anterior dos integrantes da Escola na utilização de meios digitais corporativos em apoio a aprendizagem, o que, caso existisse, agregaria conhecimento para o desenvolvimento de um módulo adicional para atender ao trabalho de EM. Teríamos que partir do zero. Cabe ressaltar que a fenomenologia do trabalho de EM no Exército Brasileiro assim como, o seu estudo pelos capitães alunos na EsAO, está plenamente consolidada e vem sendo aprimorada ao longo de décadas. O nosso objetivo é que com o auxílio das TICs o espaço/tempo de estudo presencial do aluno seja ampliado para além da sala de aula.

Após trabalho conjunto com os instrutores da Escola, especialmente com os instrutores do Curso de Infantaria mapeamos que a rotina de trabalho destes instrutores inclui além de atividades relativas ao processo educacional da fenomenologia do trabalho de EM, também atividades administrativas, o que toma parte considerável do seu tempo diário. A utilização dos meios de TICs disponíveis sem explorar todo o seu potencial, principalmente no processo educacional do CAO na Escola, limita a capacidade de aperfeiçoar e otimizar este processo. Por tais motivos elaboramos a seguinte tese para a pesquisa: viabilidade do

desenvolvimento de uma solução pedagógica corporativa com o apoio de meios de TICs e de fácil utilização que amplie o espaço/tempo do aluno no estudo da fenomenologia do trabalho de EM para além da sala de aula. Cabe

ressaltar que a fenomenologia (método) do trabalho de Estado-Maior é uma sistematização utilizada por muitos Exércitos que envolve atividades de análises, levantamentos, estudos e planejamentos, com a finalidade de apoio e assessoramento a tomada de decisão de um Comandante (Cmt) Militar. Caracteriza-se por Caracteriza-ser realizada de forma colaborativa em equipe e tem a composição mínima de seis integrantes: um decisor ou o Comandante; um mediador ou Subcomandante,

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um responsável pela área de recursos humanos, um responsável pela área de inteligência, um responsável pela área de operações e um responsável pela área de logística. A fenomenologia de trabalho de EM estabelece uma dinâmica que envolve trabalho teórico, caracterizado pela construção do conhecimento através de levantamento de dados e informações, planejamentos, reuniões e elaboração de documentos, e prática, pois todo o conhecimento que foi produzido é executado em uma manobra militar.

Caso existisse na EsAO qualquer aplicação que fizesse uso de meios de tecnologia da informação e comunição em apoio ao processo de ensino/aprendizagem, a proposição do desenvolvimento de uma solução pedagógica digital que permitisse o trabalho de planejamento de EM seria um passo adicional. Como não existe tal aplicação, a equipe de investigação composta por instrutores da Escola e pesquisadores percebeu primeiramente a necessidade de analisar todos os aspectos e variáveis que afetam a dinâmica educacional para, então, propor uma solução pedagógica específica para o processo ensino/aprendizagem da fenomenologia do trabalho de EM no CAO.

Esta proposta de intervenção no processo de aprendizagem no CAO da EsAO pode ser assim justificada: a) inexistência de design cognitivo para a fenomenologia do trabalho de EM; b) inexistência de um meio centralizado corporativo para a troca de informações entre instrutores (docentes) e alunos durante e após o período de curso; c) tempo/espaço limitado a sala de aula para a construção do conhecimento colaborativo; d) o acesso às informações não é automatizado; e) limitada utilização de recursos digitais em apoio ao processo educacional; e f) precária comunicação do ex-aluno com a Escola. Assim, nossa intenção é disponibilizar para a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais uma tecnologia educacional testada e validada por seus instrutores e que promova aperfeiçoamentos ao processo educacional.

O objetivo geral desta investigação é propor uma solução pedagógica

com apoio de meios de TIC que permita a extensão do trabalho de EM que é executado presencialmente em sala de aula para um ambiente virtual para atender às necessidades de ensino/aprendizagem da EsAO. Especificamente,

pretendemos: a) mapear o design cognitivo da fenomenologia do trabalho de

EM para aplicá-lo ao ambiente virtual; b) desenvolver uma arquitetura que possibilite que a construção do conhecimento na Escola aconteça além da

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sala de aula e que permita a mobilidade; c) propiciar que o trabalho de EM que está plenamente consolidado no modelo presencial também possa ser executado eficientemente na nova arquitetura virtual; e, d) desenvolver a solução pedagógica seguindo critérios de escalabilidade e adaptabilidade para que possa atender a outras demandas da Escola.

A finalidade da fenomenologia do trabalho de EM é o planejamento para emprego em operações militares, mas que também é utilizado em diversas atividades da Força Terrestre. Faz parte de um processo que busca o aperfeiçoamento contínuo. Está mostrado na Figura 01. No planejamento, quando é realizado o trabalho de EM, são levantadas e analisadas todas as variáveis que envolvem o evento. É a fase de produção do conhecimento. Na execução, tudo o que foi planejado é colocado em prática. A análise pós-ação é o momento de levantar os pontos fracos e as oportunidades de melhorias que servem de reflexão para próximos eventos.

Figura 01 - Método de desenvolvimento de atividades e operações no EB.

A sistemática utilizada pela Força Terrestre na condução de operações militares adota uma práxis muito própria ao Exército Brasileiro e que vem sendo desenvolvida e refinada ao longo de toda a sua história. Sanches (2011) nos esclarece sobre o significado de práxis:

[...] Práxis, em grego antigo, significa a ação, de levar algo a cabo, mas uma ação que tem seu fim em sim mesma, e que não cria ou produz um objeto alheio ao agente ou na sua atividade [...] (SANCHES, 2011, p. 30).

[...] O homem comum e corrente é um ser social e histórico; isto é, encontra-se imerso em uma rede de relações sociais e enraizado em um determinado terreno histórico [...] (SANCHES, 2011, p. 33).

Todo este cenário que envolve o trabalho colaborativo de indivíduos nas operações militares e que envolve variáveis ambientais (por exemplo o clima e a temperatura), variáveis geográficas (por exemplo o relevo) e ainda as variáveis sobre um oponente, nos remete ao socioconstrutivismo, assim descrito por Rego:

[...] Vygotsky parte deste princípio e postula que é na atividade prática, nas interações estabelecidas entre os homens e a natureza que as funções psíquicas, especificamente humanas, nascem e se desenvolvem. Detém-se na investigação do surgimento de novas estruturas cognitivas a partir da demanda social, da necessidade de novos instrumentos de trabalho e de pensamento. (REGO, 2014 p. 101).

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Podemos alinhar nossa perspectiva científica com as necessidades da comunidade de pesquisa, com a práxis do EB e o socioconstrutivismo levantados como características da Força Terrestre e fazer uma associação com a abordagem metodológica Design Based Research (DBR), tendo em vista sua correspondência com o socioconstrutivismo e sua similaridade com o método de desenvolvimento de atividades e operações no EB exibido na Figura 01. Considerando nosso objeto de pesquisa e o ambiente que envolve os fatores que associamos à DBR, podemos desempenhar a genuína função de cientistas sociais.

A terminologia Design Based Research foi empregada na década de 1990 pelos pesquisadores Brown (1992) e Collins (1992) para especificar uma metodologia de pesquisa em educação que se destina a resolver problemas complexos reais em cooperação com professores e proceder investigação rigorosa e reflexiva para experimentar e aprimorar ambientes de aprendizagem inovadores. Essa metodologia apresenta uma característica peculiar quando aborda o papel de professor e de pesquisador não fazendo distinção entre eles, uma vez que o professor é quem realiza, analisa e remodela atividades. O professor-pesquisador ao mesmo tempo em que está testando está aprendendo, como é o caso deste estudo, onde estamos atuando em auxílio ao instrutor e pesquisador.

Segundo Matta, Silva e Boaventura (2014) a DBR tem vocação para a pesquisa aplicada e por esta razão recebe muitas designações em inglês, como:

Formative Research, Design Experiments, Development Research, Design Based Research (utilizaremos esta neste trabalho) e Design Research. Das muitas

definições para DBR, citamos as de Baraq e Squire (2004) apud Matta, Silva e Boaventura (2014) e Reeves (2006) apud Amiel e Reeves (2008):

Uma série de procedimentos de investigação aplicados para o desenvolvimento de teorias, artefatos e práticas pedagógicas que sejam de potencial aplicação e utilidade em processos ensino-aprendizagem existentes. (MATA, SILVA e BOAVENTURA, 2014, p. 25).

[...] abordar problemas complexos em contextos reais, em colaboração com os profissionais; integração de princípios de design conhecidos e hipotéticos com os avanços tecnológicos para tornar soluções plausíveis para estes problemas complexos; e realização de investigação rigorosa e reflexiva para testar e refinar ambientes de aprendizagem inovadores, bem como definir novos princípios de design (tradução nossa). (AMIEL e REEVES, 2008, p. 34).

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Na DBR profissionais e pesquisadores trabalham juntos para produzir uma mudança significativa em contextos de prática educacional. Reeves (2006) apud Akker et. al (2013) descrevem que todos os processos sistemáticos de ensino/aprendizagem são cíclicos e envolvem, de maneira iterativa, as fases de: atividades de análise, design, avaliação e revisão, até atingirem um estágio de equilíbrio entre o que foi teorizado e a realização prática produzida. Estes ciclos estão mostrados na Figura 02.

Figura 02 - Refinamento de problemas, soluções, métodos e princípios de design.

.Baseado emReeves (2006) apud Akker et. al (2013).

A estrutura da pesquisa é composta de sucessões de episódios e inclui métodos de registro do que aconteceu durante a realização. Podemos resumir o desenvolvimento que ocorrem em fases cíclicas contínuas como: design (preparação), desenvolvimento do protótipo (execução), análise e redesign (reflexão) conforme exibido na Figura 03. Ribeiro (2015) declara que a DBR tem maior abrangência quando comparada às metodologias clássicas de pesquisa, pois evidencia uma perspectiva interventiva e executável no ambiente educacional real para atender as demandas da comunidade de aprendizagem.

Figura 03 - Fase do Redesign.

Baseado em Collins, Joseph e Bielaczyc (2004).

A fenomenologia do trabalho de EM engloba teoria e prática e também podemos caracterizá-la como de aprendizagem cíclica, pois os ensinamentos colhidos após a execução de uma manobra militar, ainda que talvez não possam ser reaplicados na mesma manobra, aumentam o lastro de conhecimento para adoção em futuras manobras similares. A metodologia DBR também é cíclica, o que é mais um fator, além das similaridades socioconstrutivistas, que a aproxima da

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fenomenologia do trabalho de EM. A conjunção que traçamos entre fenomenologia do trabalho de EM e metodologia DBR juntamente com o estudo de Reeves Akker et. al (2013) nos conduziu à elaboração do esquema representativo da sistemática dos ciclos de design mostrado na Figura 04.

Figura 04 - Esquema representativo da sistemática dos ciclos de design.

Baseado em Akker et. al (2013).

Herrington et al. (2007) relatam a importância tanto do processo quanto do produto de pesquisa como sendo fundamentais em uma proposta sólida de investigação. Segundo os autores o processo é importante porque a escrita da proposta de pesquisa requer profundo e fundamentado pensamento na área a ser investigada e uma análise sistemática dos requisitos da pesquisa, ou seja, o que é necessário para que a pesquisa aconteça. Os requisitos para especificar uma metodologia são úteis devido à natureza prática da tarefa e à necessidade de pensar através da conduta real de ser utilizada na pesquisa. Pensando em estabelecer uma conduta que facilite o emprego da metodologia DBR, Matta, Silva e Boaventura (2014) estudando Henrrigton e seus colaboradores (2007) apresentam uma sugestão de posição e estruturação de tópicos e fases na construção de uma pesquisa aplicada de metodologia DBR, como mostrada no Quadro 01.

Labutando junto com o instrutores do Curso de Infantaria da EsAO para o desenvolvimento da solução pedagógica para atender as peculiaridades da Escola, como primeira linha de ação, partimos por verificar se os simuladores construtivos5 utilizados pelo EB seriam viáveis para emprego. Porém, a falta de militares na EsAO

5

- Segundo a Portaria No 55-EME, de 27 de março de 2014, simulação construtiva envolve tropas e elementos simulados, operando sistemas simulados, controlados por agentes reais, normalmente numa situação de comandos constituídos. Também conhecida pela designação de “jogos de guerra”. A ênfase dessa modalidade é a interação entre agentes, divididos em forças oponentes que se enfrentam sob o controle de uma direção de exercício. Seu emprego principal é no adestramento de comandantes e EM, no processo de tomada de decisão, e no funcionamento de postos de comando e sistemas de comando de controle.

(30)

capacitados em operá-los nos obrigou a adotar outra postura. Iniciamos por uma pesquisa histórica sobre a utilização de simuladores na Escola. Encontramos poucos registros, o mais importante deles foi quando aconteceu pela primeira vez o uso da simulação de combate. Encontra-se registrado no Livro Histórico 1986-1996, no período de 07 a 10 de outubro de 1996, com a designação de primeiros "Jogos de Guerra6". Diante das dificuldades encontradas sobre a utilização dos simuladores, recorremos ao Comando de Operações Terrestre, órgão responsável pelo emprego de simuladores no EB, através do Documento Interno do Exército no 2974-SECODAS/EsAO, EB 64495.006723/2015-75, de 12 de agosto de 2015, solicitando informações sobre a cronologia e as características de todos os simuladores de combate utilizados no Exército Brasileiro. Não houve resposta.

Ampliando nossos estudos, consultamos o banco de teses de doutorado da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército sobre a simulação de combate no Exército Brasileiro. Após estudar vários autores, entre esses Cunha (2011) e Rocha (2011), chegamos a conclusão da inviabilidade de utilizar os simuladores construtivos existentes no EB para a produção do trabalho de EM. O trabalho de EM precede a fase de utilização do simulador construtivo, ou seja, os alunos do Curso de Infantaria elaborariam o trabalho de EM e a seguir os dados do planejamento seriam inseridos no simulador para encenar uma aplicação real, o que retornaria não o certo ou errado, mas sim o nível de eficiência do planejamento realizado pelo EM.

Como fazemos parte do grupo de pesquisa Sociedade em Rede, Pluralidade Cultural e Conteúdos Digitais Educacionais, liderados pelo Professor Alfredo Eurico Rodrigues Matta, e pela inviabilidade da utilização dos simuladores construtivos utilizados pelo EB, como segunda linha de ação, partimos para estudar a utilização dos conceitos Role Playing-Game (RPG). Dois motivos nos levaram a seguir este caminho: o primeiro é que o RPG é uma das linhas de pesquisa do Grupo Sociedade em Rede, Pluralidade Cultural e Conteúdos Digitais Educacionais e, em segundo, o RPG é uma evolução dos jogos de guerra. Rodrigues (2004, p.20) descreve que "O Roleplaying Game surgiu nos Estados Unidos, no início da

6

- Rodrigues (2004). Criados no século XIX, na Alemanha, a partir de simulações de batalhas e que evoluiu para jogos de tabuleiro, sempre com objetivos bélicos.

(31)

década de 1970, como evolução dos jogos de guerra e muito influenciado pela literatura de Tolkien7".

Quadro 01 - Fases da pesquisa DBR e elementos para a construção de Proposta da Pesquisa.

FASES DA DBR TÓPICOS POSIÇÃO DA PROPOSTA

Fase 1: Análise do pro-blema por investigado-res, usuários e/ou demais sujeitos envolvi-dos em colaboração.

Definição do problema Definição do Problema, ou Introdução, ou Funda-mentação, ou Contexto. Consulta recíproca entre

sujeitos engajados na práxis e investigadores.

Questões de pesquisa Questões de pesquisa. Contextualização e/ou

revi-são de literatura.

Contexto, ou Revisão de Literatura.

Fase 2: Desenvolvi-mento da proposta de solução responsiva aos princípios do design, às técnicas de inovação e à colaboração de todos os envolvidos. Construção Teórica Quadro teórico Desenvolvimento de projeto

de princípios para orienta-ção do plano de intervenorienta-ção Descrição da proposta de Intervenção.

Metodologia.

Fase 3: Ciclos iterativos de aplicação e refina-mento em práxis da solução.

Implementação da interven-ção (primeira iterainterven-ção)

Metodologia Participantes

Coleta de informações Análise das informações Implementação da interven-ção (segunda iterainterven-ção) Participantes

Coleta de informações Análise das informações Fase 4: Reflexão para

produzir “Princípios de Design” e melhorar im-plementação da solução. Princípios de design. Artefato(s) implementado(s). Desenvolvimento profissional. Metodologia

Fonte: Matta, Silva e Boaventura (2014).

O RPG é um jogo de interpretação de personagens onde segundo Rodrigues (2004) o narrador principal, chamado de mestre, conduz personagens individuais que tomam decisões individuais no desenvolvimento de campanhas e aventuras.

7

- Rodrigues (2004). Tolkien, professor de Oxford, criador do mundo da Terra Média com mitologia e linguagem própria, habitado por elfos, anões, magos e hobbits, povo de baixa estatura, sem predicados de coragem e excelência normalmente vinculado a palavra herói. Seu livro mais famoso talvez seja a trilogia O Senhor dos Anéis, que vendeu milhões de exemplares, mas Silmarillion é o que descreve detalhadamente o mundo por ele criado, sendo o grande esquema narrativo de sua produção. O mundo criado pelo autor é semelhando ao do chamado de fantasia medieval e é considerado a fonte mais próxima do surgimento do Roleplaying Game, com a publicação, em 1973, do Dungeons & Dragons.

(32)

Esta estrutura se assemelha parcialmente com a estrutura das atividades do trabalho de EM no processo educacional no CAO da EsAO, uma vez que nesta o instrutor conduz equipes no lugar de personagens individuais, com temas e evoluções que correspondem às campanhas e às aventuras, respectivamente. As equipes conduzidas pelo instrutor adotam a fenomenologia do trabalho de EM, ou seja, todas as equipes têm a mesma constituição e os capitães alunos desempenham funções pré-determinadas, que são comuns a todas as equipes. O objetivo é o mesmo para todas as equipes e a decisão final é da equipe. O contexto peculiar do processo educacional da fenomenologia do trabalho de EM no CAO da EsAO nos conduziu a criar o conceito de OT-RPG (Objective Team - Role Playing

Game), uma vez que equipes ocupam o lugar dos personagens individuais. Foi

desenvolvido com o objetivo de ajudar no aperfeiçoamento cognitivo da capacidade de tomada de decisão do capitão aluno. Denominamos de OT-RPG / SAD-EsAO a toda esta sistematização, que significa Objective Team - Role Playing Game para o Sistema de Apoio a Decisão da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.

O CAO da EsAO é composto por sete Cursos: Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia, Comunicações, Material Bélico e Intendência e que, segundo Brasil5 (2014), possuem empregos bem distintos, assim definidos: a Infantaria é a Arma vocacionada para o combate a pé; a Cavalaria é a Arma vocacionada para o combate embarcado; a Artilharia é a Arma de apoio ao combate que tem por missão apoiar a manobra pelo fogo, destruir alvos estratégicos com precisão e letalidade e prover a Defesa Antiáerea de Estruturas Estratégicas e meios da Força Terrestre; a Engenharia é a Arma de apoio ao combate que atua produzindo mudanças no terreno, proporcionando mobilidade às Forças Amigas; a Arma de Comunicações, de apoio ao combate, proporciona ao comandante, nos diversos escalões, os meios da ciência do controle, necessários a aplicação da arte do comando no exercício da coordenação e controle sobre seus elementos subordinados; o Material Bélico é o Quadro vocacionado para realizar o apoio logístico voltado para a manutenção do material bélico, principalmente de armamento, de viatura e de aeronaves da Força Terrestre, incluindo o suprimento de peças e conjuntos de reparação destinados a esses materiais; e a Intendência é o Serviço que atende às necessidades logísticas associadas ao planejamento e à condução das operações militares. Apesar das diferenças marcantes no emprego das Armas, Quadro e Serviço que integram o CAO, todos os Cursos possuem características comuns, onde a principal delas é

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