• Nenhum resultado encontrado

6 APLICAÇÃO E RESULSTADO: TEMA TESTE

6.1 REFLEXÕES SOBRE O USO DO OT-RPG / SAD-EsAO

Na fenomenologia do trabalho de EM ocorre a intensa produção de conhecimento paralela e simultânea dos integrantes da equipe. Nos procedimentos que já estão consolidados neste método de trabalho no CAO, não existia suporte corporativo utilizando meios de TICs, meios estes que, antes da nosso proposição, eram empregados de modo descentralizado e individualizado pelos capitães alunos. De maneira geral cada capitão aluno desenvolve a sua metaconsciência através de interações, onde são utilizados instrumentos e signos nos encontros presenciais em sala de aula ou nos estudos em domicílio. Estes procedimentos serão preservados com a utilização da arquitetura computacional pedagógica que estamos propondo. É uma solução que centraliza as informações, que torna mais simples, fácil e ágil a interação síncrona ou assíncrona dos capitães alunos, que possibilita e estimula a autoria e a criatividade a qualquer tempo e local.

Apesar da ocorrência específica de apenas um Tema Teste, todo o processo foi e vem sendo testado em cada tema, sendo reavaliado e revalidado seguindo os preceitos da metodologia DBR. As interações entre os indivíduos da equipe de investigação e entre a equipe de investigação e os alunos induz a mudanças na metaconsciência dos sujeitos por influências externas e retornam, após internalização e maturação, para influenciar os sujeitos e também a solução pedagógica. Uma confirmação notada pela equipe de investigação foi que qualquer contestação sobre os processos e procedimentos em uso é suscetível a gerar novos procedimentos ou mesmo insights que, em consequência, pode resultar em aperfeiçoamentos e refinamentos nos processos. Esta sistematização segue os preceitos da metodologia DBR, como descrito no Capítulo I, onde as retificações e ratificações acontecem a qualquer momento, como descrito nas Figuras 02, 03 e 04 daquele Capítulo.

No Tema Teste, para a produção colaborativa da equipe de EM foi testado o recurso wiki do moodle que não se mostrou o mais adequado porque foi necessário realizar atividades adicionais para compilar o conhecimento construído. Para este tipo de trabalho colaborativo o ideal é uma aplicação similar ao google drive onde os sujeitos podem realizar as atividades de modo individualizado ou colaborativamente e simultaneamente, além de fornecer outras facilidades. Por motivos de segurança este tipo de aplicação sofre restrições de emprego, pois o conhecimento doutrinário sobre táticas e estratégias de emprego do EB produzido no CAO ficaria hospedado em uma nuvem, não sendo possível o controle do acesso a estas informações sigilosas.

Uma vez que houve restrições ao uso do google drive, partimos em busca de outras soluções. A busca colaborativa da equipe de investigação por uma alternativa levou ao Editor de Textos Coletivo (ETC) desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O ETC é um editor de domínio público que permite produção colaborativa de textos de forma online e simultânea e que também dispõe de funcionalidades que fornecem suporte para a comunicação e interação entre os usuários, assim como recursos para gerenciamento de grupos, textos e arquivos. Não conseguimos autorização para utilizar a aplicação nos servidores da EsAO, somente através da interface disponível na Internet e controlada pela UFRGS, o que, pela similaridade com o google drive, também foi contraindicada.

Diante da dificuldade de encontrar uma aplicação que atendesse as demandas muito peculiares do CAO, voltamo-nos para estudar o moodle na tentativa de buscar uma solução. Fizemos um experimento com o recurso Livro. Com este artifício é possível criar uma atividade com diversas páginas em formato de livro, com capítulos e subcapítulos. A nossa intenção foi distribuir as quatro especialidades: pessoal e administração; informações (inteligência) e segurança; operações; e logística, como descrito no Capítulo II, uma por capítulo do livro com o objetivo de produção colaborativa, paralela e simultânea de conhecimento. O resultado não atendeu as nossas expectativas, pois, assim como o recurso wiki, foi necessário realizar atividades adicionais para compilar o conhecimento construído.

O uso progressivo da arquitetura computacional pedagógica pelo C Inf do CAO deixou evidente o seu potencial. Os resultados positivos passaram a ser sentidos não somente pela Divisão de Ensino mas principalmente pela Direção da Escola que atendeu às solicitações do C Inf em relação a demanda por uma aplicação para produção colaborativa de conhecimento.

Como mencionado no Capítulo IV, o C2 em Combate surgiu em 2002 como parte do Projeto de Comando e Controle em Combate da Força Terrestre voltado para o emprego das grandes unidades em campanha, em operações de combate ou adestramento. A aplicação se tornou bastante conhecida entre os oficiais da Força Terrestre, porém muito poucos tiveram a oportunidade de utilizá-lo. A maior prova disto é que todos os instrutores do C Inf do CAO tinham conhecimento da sua existência, porém nenhum deles relatou experiência prática na utilização da aplicação. O Projeto está sendo revitalizado e, por esta razão, o EB está desenvolvendo um novo design. No final do ano de 2016 o C2 em Combate começou a ser instalado e utilizado nos Grandes Comandos da Força. Por solicitação do C Inf a Direção da Escola solicitou uma capacitação para os seus instrutores na nova versão do C2 em Combate. Esta solicitação é um marco de que a arquitetura computacional pedagógica deixou de ser projeto da equipe de investigação composta por pesquisadores e instrutores do C Inf e passou a ser um projeto da Escola.

Na capacitação no C2 em Combate tivemos a certeza de que a aplicação foi desenvolvida especificamente para a produção colaborativa de conhecimento para a fenomenologia do trabalho de EM e pode ser integrada à arquitetura computacional pedagógica. Diferentemente dos recursos wiki e livro do moodle, do google drive e

do ETC, no C2 em Combate os documentos que o EM tem que produzir já estão customizados para a fenomenologia do trabalho de EM. Na aplicação é possível importar e compartilhar cartas e esboço de operações; porém, como foi desenvolvido para emprego real e não para o ensino, são necessárias algumas adaptações. O C2 em Combate possui algumas limitações, como por exemplo a necessidade de ser instalado em um servidor dedicado, o que pode dificultar ou limitar o acesso de número elevado de usuários, como é o caso do CAO. Estas limitações podem ser sanadas, pois a aplicação ainda encontra-se em desenvolvimento e a EsAO está em contato direto com os desenvolvedores.

O moodle se torna necessário para hospedar a produção do C2 em Combate, uma vez que o C2 em Combate não tem a concepção de difusão para número elevado de usuários, como á necessidade do CAO da EsAO. Esta é uma das razões que nos levou ao conceito de arquitetura computacional, um sistema que deve propiciar a integração de vários instrumentos pedagógicos que sejam necessários para a fenomenologia do trabalho de EM, razão pela qual a importância e o cuidado com a escalabilidade da arquitetura.

Somente em meados do ano de 2015 chegamos ao conceito de arquitetura computacional pedagógica. Naquele momento achamos inadequado utilizá-lo, pois o ano de instrução já estava em curso e tanto docentes como discentes já estavam moldados aos processos em desenvolvimento desde o início do CAO e introduzir mudanças poderia levar a entraves no processo educacional. No ano de 2016 o curso não se realizou em razão das olimpíadas. Somente em 2017 a equipe de investigação encontrou condições para colocar a arquitetura pedagógica OT-RPG / SAD-EsAO em uso no CAO. Mesmo não tendo as condições ideais, grandes avanços foram alcançados.

No início do CAO 2017 tudo era novo e fomos construindo conhecimento gradativamente. A integração da equipe de investigação foi tão profunda que a qualquer momento interagíamos utilizando: ligações telefônicas, e-mail ou

whatsapp26. Podemos citar alguns exemplos de como estes meios de comunicação facilitaram as interações entre os integrantes da equipe de investigação. O primeiro deles foi que cadastramos todos os instrutores do C Inf no moodle com o perfil de

26

- Aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas e chamadas de voz para celulares. Permite o envio de: mensagens de texto, imagens, vídeos e documentos. em PDF. É possível também realizar ligações sem custo por meio de conexão com a internet.

professor. Em razão do grande efetivo, os capitães alunos do C Inf foram divididos em três turmas. No conceito que criamos de OT-RPG / SAD-EsAO para o C Inf, como foi mostrado na Figura 14, para coordenar, mediar e supervisionar as três turmas, foram necessários três instrutores, e não apenas um como para os demais Cursos. Para cada tema tinha sido designado um instrutor responsável, porém mais dois instrutores tinham que ser adicionados em cada tema, mas o perfil de professor do moodle não permitia realizar esta operação. Nesta ocasião foram necessárias muitas interações através de ligações telefônicas, e-mail e whatsapp para construirmos o conhecimento de que o perfil do responsável pelo tema deveria ser de gerente e não de professor, para que fosse possível adicionar mais dois instrutores aos temas. O segundo exemplo em que foram necessárias muitas interações utilizando estes três meios de comunicação foi o de aumentar o limite de tamanho de arquivo a ser carregado no AVA. Após vários testes chegamos ao consenso de que 50MB27 seria um tamanho suficiente para docentes e discentes enviarem arquivos para o ambiente. Outro exemplo foi a evolução do relacionamento do perfil do aluno nos temas. No Tema Teste, como só foi possível uma equipe de EM, os instrutores que atuaram como alunos foram alocados ao Tema sem qualquer cuidado especial. Em 2017 algumas dificuldades trouxeram ensinamentos que antes não tinham sido sentidos. Um deles foi em relação a administração dos alunos no ambiente que foi realizada pela equipe de investigação, pois os instrutores não possuem tempo para estas ações. Espelhar o ambiente real foi outro ensinamento colhido que foi amadurecendo frente as necessidade que foram surgindo.

A configuração do C Inf com 180 alunos divididos em três turmas foi introduzida e customizada no ambiente. Para cada Tema há a necessidade de formação de novas equipes de EM nas três turmas. O ambiente respeita e acolhe a distribuição dos alunos em equipes de EM realizada pela Seção Psicotécnica Militar da Divisão de Ensino. Todo este trabalho administrativo não deve ser feito pelo instrutor. Na arquitetura de desenvolvimento criada na Escola a equipe de investigação realizou estas tarefas. Como já está em curso a migração da

27

- O megabyte (MB) é uma unidade de medida de informação que equivale a 1 000 000 bytes, segundo o Sistema Internacional de Medidas.

arquitetura para o CEADEx, tais tarefas administrativas serão realizadas pelo Centro.

O trabalho desenvolvido na Escola a partir do segundo semestre do ano de 2017 começou a chegar ao conhecimento de outros setores do EB. A solicitação da EsAO para o setor responsável pelo C2 em Combate para a capacitação de seus instrutores chegou ao conhecimento do Comando de Operações Terrestres, que designou o general responsável pela primeira subchefia para comparecer à Escola para ter o conhecimento do projeto OT-RPG / SAD-EsAO que está em desenvolvimento. A visita se realizou em 9 de agosto de 2017.

A preparação para a visita do primeiro subchefe do COTer foi mais um exemplo da total integração da equipe de investigação. Os instrutores do C Inf entenderam e internalizaram o conceito da arquitetura computacional pedagógica, como pode ser visto no gráfico das cinco linhas exposto na Figura 18, que sintetiza o conceito da arquitetura computacional pedagógica OT-RPG / SAD-EsAO. As duas linhas azuis à direita e à esquerda representam o mundo real, sendo que a da esquerda é indicativa dos escalões superiores ao Batalhão, como as brigadas e as divisões de exército, e a da direita é indicativa dos batalhões e dos escalões menores, como as subunidades. A linha vermelha representa os problemas militares, que são utilizados para o processo ensino/aprendizado e podem ser simulações para exercícios militares ou mesmo para o planejamento de emprego real. A linha amarela representa a interface de ligação da arquitetura computacional pedagógica com os indivíduos de um lado e, do outro, com outros instrumentos pedagógicos que se fizerem necessários.

A linha vermelha representa o problema militar que será objeto da fenomenologia do trabalho de EM. A grande unidade, que pode ser uma divisão de exército ou uma brigada, começa o seu planejamento, quando houver necessidade, emite alertas para a unidade fazendo uso do AVA. A unidade, assim que recebe o alerta no AVA de dados e informações postados pela grande unidade, inicia o seu planejamento. De maneira correlata age a subunidade. Tanto grande unidade como unidade e subunidade utilizam-se dos instrumentos pedagógicos necessários para aumentar o lastro de conhecimento que está em processo de produção.

Figura 18. Gráfico das cinco linhas do OT-RPG / SAD-EsAO.

Fonte:elaboração TC Hervé, Cap Rodrigo Pedroso, Cap Inácio.

Apesar de termos denominado a solução que estamos propondo como arquitetura computacional pedagógica, o instrumento pedagógico não precisa ser necessariamente um artefato digital, pode ser uma carta em papel por exemplo. Não podemos negar que as TICs otimizam, agilizam e facilitam o planejamento. Por exemplo, no lugar de uma carta em papel pode ser utilizada uma carta vetorizada na aplicação C2 em Combate para gerar uma manobra que pode ser exportada em um formato de arquivo para disponibilização no AVA. Outra aplicação que pode ser utilizada é o COMBATER: os dados e informações produzidos no planejamento realizado no C2 em Combate são lançados no COMBATER, que simula o desempenho da manobra no terreno e devolve como resultado o grau de eficácia e eficiência deste planejamento. O fato é que o COMBATER é um instrumento pedagógico auxiliar para a construção do conhecimento através da fenomenologia do trabalho do EM e o AVA faz a difusão deste conhecimento produzido.

Outro objetivo da arquitetura computacional pedagógica que estamos propondo, além dos já citados no Capítulo I, e que somente nesta fase do

desenvolvimento da solução pedagógica foi identificado, é que com esta sistematização a fenomenologia do trabalho de EM pode ser executada paralelamente e simultaneamente em todos os níveis. Abre-se a possibilidade das grandes unidades ao iniciarem os trabalhos de EM emitirem alertas para as unidades, que assim podem iniciar quase que simultaneamente o seu planejamento de EM, como também as unidades podem passar informações para as subunidades. Com isto não é necessário que a subunidade e a unidade tenham que aguardar que a grande unidade termine toda a fenomenologia do trabalho de EM para iniciar o seu planejamento. Pode-se ganhar um tempo valioso com esta inovação. Este é mais um exemplo de que a metodologia DBR permite, a qualquer momento e em qualquer fase, realizar retificações ou refinamentos em qualquer fase de desenvolvimento do projeto.

A preparação para a palestra para o primeiro subchefe do COTer fez com que fizéssemos a reanálise e a reflexão sobre todo o projeto e como consequência tivemos a consciência da consolidação da tese que havíamos proposto no início do projeto. Outra constatação importante é que há indícios de que todos os integrantes da equipe de investigação atingiram a mesma zona de desenvolvimento real em relação ao que o projeto representa para a EsAO e todo o seu potencial para o EB. Um destes indícios foi a criação do gráfico das cinco linhas pelos instrutores do C Inf sem que houvesse interações com os pesquisadores. Outro indício aconteceu na preparação para a palestra ao chefe do DECEx que aconteceu em 14 de agosto de 2017. Nesta preparação, que contou com a equipe de investigação completa, pesquisadores e instrutores do C Inf, fizemos a projeção do projeto antes da delimitação do tema explicada no Capitulo I, ou seja, desenvolver um ambiente virtual que permitisse o trabalho de EM no processo educacional de operações militares, concatenando os níveis estratégicos, táticos e operacionais com o objetivo de propiciar a integração de todos os Estabelecimentos de Ensino subordinados ao DECEx. Com os resultados desta projeção elaboramos como estariam posicionados, nos diversos níveis, os estabelecimentos de ensino do DECEx no processo ensino/aprendizagem da fenomenologia do trabalho de EM, utilizando todos os conceitos que mapeamos, desenvolvemos e produzimos com esta pesquisa. A Figura 16 exibe o esquema representativo do posicionamento hierárquico dos EE que vislumbramos compatíveis para uso do OT-RPG / SAD EsAO.

Figura 19. Representação do OT-RPG / SAD integrando Estabelecimentos de Ensino.

Fonte: elaboração equipe de investigação.

Através da Figura 19 foi apresentada uma proposta geral para o Chefe do DECEx mostrando o potencial da arquitetura computacional pedagógica OT-RPG / SAD-EsAO para o Departamento. Fizemos outra proposta que reduziu um pouco o escopo, mas, por outro lado, indicamos o evento onde poderia ser utilizado: a manobra escolar de 201728. Propomos que o conceito de arquitetura computacional pedagógica que criamos no CAO na EsAO poderia ser utilizado na manobra escolar de 2017 pela ECEME, pela EsAO e pela AMAN. Colocamos à disposição o AVA instalado nos servidores da EsAO, bastando para isto que nos fosse informado a relação de militares participantes para que fizéssemos a customização do ambiente. A Figura 20 mostra o esquema representativo de como seria o relacionamento entre ECEME, EsAO e AMAN para a utilização do conceito do OT-RPG / SAD-EsAO na manobra escolar de 2017. No Anexo F consta o diploma ofertado pelo DECEx após a palestra.

28

- A manobra escolar é um exercício no terreno envolvendo várias Escolas subordinadas ao DECEx e que acontece ao final de cada ano na cidade de Resende no Rio de Janeiro.

Figura 20. Esquema representativo dos EE para uso do OT-RPG / SAD na manobra escolar de 2017.

Fonte: elaboração equipe de investigação.

Acreditamos que o trabalho que estamos desenvolvendo auxilie no desenvolvimento da capacidade cognitiva de tomada de decisão do capitão aluno assim como também facilite os processos de ensino/aprendizagem no CAO na EsAO, mesmo ainda não tendo se realizado em todo o seu potencial. Nossa crença tem fundamentos pelos retornos que tivemos não só dos integrantes da Escola, mas principalmente por ter despertado a curiosidade de outros setores do EB sobre o projeto que estamos desenvolvendo. Muito ainda há que ser feito, retificações e refinamentos, são partes do processo, são constantes, e estarão sempre se realizando. Na próxima Seção é apresentada uma proposta para o CAO de 2018 que inclui até alterações de layout nas salas de aula visando obter as melhores condições para o desenvolvimento cognitivo da capacidade de tomada de decisão do capitão aluno.

6.2 PROPOSTA PARA O OT-RPG / SAD ESAO PARA O CURSO DE

Documentos relacionados