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Pós-colheita de pera Rocha e limão numa central fruteira. Frutoeste - Cooperativa Agrícola de Hortofruticultores do Oeste CRL. . Relatório de Estágio

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Academic year: 2021

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Pós-colheita de pera Rocha e limão numa central fruteira.

Frutoeste – Cooperativa Agrícola de Hortofruticultores do Oeste

CRL.

André Filipe Simões Elias

Relatório de estágio para obtenção do grau de mestre em

Engenharia Alimentar

Orientador: Doutora Margarida Gomes Moldão Martins

Júri:

Presidente: Doutora Fernanda Maria dos Reis Torroaes Valente, Professora Auxiliar, Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.

Vogais: Doutor Vítor Manuel Delgado Alves, Professor Auxiliar, Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.

Doutora Margarida Gomes Moldão Martins, Professora Auxiliar com Agregação, Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, orientadora.

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Agradecimentos

A realização da presente dissertação de Mestrado apenas foi possível pela colaboração das seguintes entidades e pessoas:

Em primeiro lugar a empresa Frutoeste, que me acolheu durante o estágio. No qual permitiu ter um contato direto com o mundo de trabalho.

Na Frutoeste alarguei os meus conhecimentos sobre o ramo dos hortofrutícolas, nomeadamente pera Rocha e limão desde a produção até à central.

Agradeço também, as pessoas com quem tive o prazer de partilhar os meus dias durante os últimos 6 meses, quer ao pessoal técnico quer aos funcionários que ajudaram sempre que necessário e esclareceram sempre as minhas dúvidas.

Agradeço também a Professora Margarida Moldão pelo acompanhamento durante a dissertação. Através do apoio e de ideias de como poderia melhorar.

Ao Instituto Superior de Agronomia tenho a agradecer estes maravilhosos 5 anos de aprendizagem e de crescimento como profissional e como pessoa.

Agradeço ainda a minha família e amigos que me incentivaram durante este período, sempre com uma paciência e incentivo intermináveis.

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Resumo

O estágio a que respeita o presente relatório realizou-se numa central fruteira do Oeste, a Frutoeste CRL de Março a Setembro de 2015.

Na Frutoeste a principal atividade diz respeito a dois frutos muito produzidos na região circundante da empresa, concelho de Mafra, limão e pera Rocha.

A Frutoeste dispõe de instalações distribuídas por dois pisos. No segundo piso situa-se a zona administrativa e no primeiro a zona de produção. A zona de produção está dividida por forma a separar as várias etapas de preparação e o tipo de fruto a embalar.

O limão e a pera Rocha são frutos com comportamentos fisiológicos distintos o que se reflete nas condições e tempo de conservação dos mesmos. O limão é um fruto que se degrada rapidamente, pelo que o tempo de armazenamento não ultrapassa por norma uma semana. A pera Rocha é um fruto que suporta períodos de armazenamento que podem atingir cerca de um ano.

Durante o estágio realizou-se uma análise da produção de pera Rocha da campanha de 2014 e da produção de limão de 2014. Procedeu-se ainda ao acompanhamento da receção e acondicionamento de pera Rocha da campanha de 2015.

Na receção de pera de 2015 é verificado o seu grau de maturação através de métodos não-destrutivos (QS-200) e métodos destrutivos (penetrómetro).

Verificou-se que a Frutoeste rececionou no ano de 2014 aproximadamente 858 toneladas de limão. Do total de produto rececionado foi comercializado 62,8% em fresco, direcionado para indústria 33,9% e 3,3% correspondem a perdas. A maior percentagem de perdas é verificada na operação de embalamento.

No caso da pera Rocha, a Frutoeste na campanha de 2014 rececionou aproximadamente 9 mil toneladas de fruto. Sendo 88,7% comercializado em fresco e 8% para indústria, havendo ainda produto direcionado para alimentação animal (1,9%) e perdas e desperdício de 1,5%.

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Abstract

This report concerns an internship that occurred on a fruit factory in the West, the Frutoeste, on the period between March and August 2015.

In Frutoeste the primary focus are two fruits, the lemon and the Rocha pear. Regarding its facilities, Frutoeste is a co-operative based on two floors. The second floor has got the administration services and the first floor has got the production. The production area is divided depending on the phases of preparation and also depending on the fruit that is being packed.

The lemon and the Rocha pear are fruits with very distinct physiological behaviours, which reflects itself on their conditions and time of conservation. The lemon is a fruit that easy degradation and as such it does not stay at the factory for a long time. On the other hand, the Rocha pear is a very resistant fruit that can endure for long periods in storage. Although there have been many problems regarding its conservation.

An analysis of the production of both the Rocha pear and lemon from 2014 was conducted during the internship. There was also the opportunity to follow the reception and packing of the 2015 Rocha pear.

When the Rocha pear is received, the state of maturation of the fruits is verified through visual observation and non destructive tests (QS-200) or destructive tests (penetrometer). Frutoeste received approximately 858 tons of lemons on the year 2014. And this lemon received, 62,8% was sold in fresh, 33,9 for industry. The remaining 3,3% are product losses.

On the specific case of the Rocha pear, Frutoeste received approximately 9 thousand tons of this fruit in the 2014 season. In this case, 88,7% was sold fresh and 8% went to the industry. Some fruits went also to animal feeding (1,9%) and there was a waste of 1,5%.

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Índice

Agradecimentos ... i Resumo ... ii Abstract ... iii Índice de figuras ... vi

Índice de tabelas ... viii

1. Introdução ... 1

2. Objetivos... 2

3. Enquadramento Teórico ... 3

3.1. Pós-Colheita de Frutas e Hortaliças ... 3

3.1.1. Fatores fisiológicos de conservação pós-colheita ... 3

3.1.2. Métodos de conservação pós-colheita ... 9

4. Limão ... 11

4.1. Enquadramento taxonómico ... 11

4.2. Composição... 12

4.3. Colheita e fisiologia pós-colheita ... 13

4.4. Critérios de Qualidade ... 15

5. Pera Rocha ... 17

5.1. Enquadramento Taxonómico ... 17

5.2. Morfologia e Composição ... 18

5.3. Colheita e fisiologia pós-colheita ... 19

5.4. Critérios de Qualidade ... 21

6. Desenvolvimento Experimental/Estágio ... 23

6.1. Apresentação e Layout da Empresa ... 23

6.2. Principais Defeitos/Causas de Rejeição ou de alteração de categoria ... 26

6.2.1. Limão ... 26

6.2.2. Pera Rocha ... 34

6.3. Referenciais de qualidade ... 44

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6.4.1. Diagrama de Produção ... 45

6.4.2. Limão comercializado pela Frutoeste no ano de 2014 ... 47

6.5. Análise de Produção de Pera Rocha ... 50

6.5.1. Diagrama de Produção ... 50

6.5.2. Controlo da matéria-prima à receção ... 52

6.5.3. Pera Rocha comercializada pela Frutoeste na campanha de 2014 ... 53

7. Possíveis melhorias ... 56

8. Considerações finais ... 58

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Índice de figuras

Fig. 1 - Atividade respiratória pós-colheita vs. capacidade de conservação (Varoquaux

1990). ... 4

Fig. 2 - Comportamento da Taxa de Respiração em frutos climatéricos e não climatéricos (Kader, 1992 b). ... 6

Fig. 3 - Fruto do Limoeiro (http://pt.wikipedia.org/wiki/Lim%C3%A3o). ... 11

Fig. 4 - Pera Rocha do Oeste (ANP, 2006a). ... 17

Fig. 5 - Área de Produção de Pera Rocha em Portugal (COOPVAL, 2010). ... 18

Fig. 6- Esquema do piso de Produção da Central Fruteira - Frutoeste CRL. ... 24

Fig. 7 - Fotografia de Limão com roçamentos (Fotografia da autoria de André Elias). 26 Fig. 8 - Estragos provocados por granizo (Fotografia de autoria de André Elias). ... 27

Fig. 9 - Fotografia de Limão Verde (Fotografia de autoria de André Elias). ... 28

Fig. 10 - Limão infetado com antracnose (Fotografia de autoria de André Elias). ... 29

Fig. 11 - Dano provocado pela mosca-da-fruta. (InfoAgro, 2006). ... 29

Fig. 12 - Danos da Cochonilhas no limão (InfoAgro, 2009b). ... 30

Fig. 13 - Danos provocados por ácaros (Fotografia de autoria de André Elias). ... 31

Fig. 14 - Sintomas de míldio nos frutos (InfoAgro, 2011). ... 32

Fig. 15 - Limão com Bolores (Fotografia de autoria de André Elias). ... 33

Fig. 16 – Pera com carepa (Fotografia de autoria de André Elias). ... 34

Fig. 17- Pera com ferimento epidérmico (Fotografia de autoria de André Elias). ... 35

Fig. 18 – Pera com escaldão (Fotografia de autoria de André Elias). ... 35

Fig. 19 - Pedrado (Fotografia de autoria de André Elias). ... 36

Fig. 20 - Aspeto exterior (A) e Aspeto interior (A) de conservação de doença de pera Rocha - Podridão (Fotografia de autoria de André Elias). ... 38

Fig. 21 - Pera Rocha com acastanhamento interno (Fotografia de autoria de André Elias). ... 38

Fig. 22 – Pera Rocha com melada da psila (Fotografia de autoria de André Elias). .... 39

Fig. 23 – Pera Rocha afetada com cochonilha de São José (Fotografia de autoria de André Elias). ... 40

Fig. 24 - Pera Rocha afetada com filoxera (Fotografia de autoria de André Elias). ... 41

Fig. 25 - Pera Rocha afetada com estenfiliose (Fotografia de autoria de André Elias).42 Fig. 26 - Pera Rocha afetada com bichado (Fotografia de autoria de André Elias). .... 43

Fig. 27 - Diagrama de embalamento de limão... 45

Fig. 28 - Importância das variedades de Limão rececionado em 2014. ... 47

Fig. 29 - Quantidade transacionadas de Limão no ano de 2014. ... 48

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Fig. 31 - Percentagem de saídas de Limão e o seu destino no ano de 2014. ... 49

Fig. 32 - Diagrama de embalamento de Pera Rocha. ... 51

Fig. 33- Quantidade de pera Rocha laborada na campanha de 2014. ... 53

Fig. 34 - Saídas de Pera Rocha - Quantidades (kg). ... 54

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Índice de tabelas

Tabela 1 - Classificação dos produtos hortofrutícolas segundo a respetiva taxa

respiratória (TR) (Kader, 1992b). ... 5 Tabela 2 – Taxa de Produção de etileno à temperatura de 20ºC (µLC2H4/kg/h)

(Kader,1992b). ... 7 Tabela 3 – Composição em diferentes partes dos frutos e em diferentes variedades de limões (Winton & Winton, 1935). ... 12 Tabela 4 - Classificação de citrinos por calibre. ... 16 Tabela 5 – Morfologia da pera Rocha (ANP, 2006c). ... 18 Tabela 6 -Composição nutricional de pera Rocha (valores médio por 100g) (ANP, 2006c). ... 19 Tabela 7 - Calibre da Pera Rocha. ... 22

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1. Introdução

A produção e comercialização de frutas são áreas com grande importância em Portugal. São produzidos os mais diversos frutos, com características e condições de conservação específicas e que permitem atualmente a sua comercialização durante todo o ano, para a maioria dos casos.

Na zona Oeste, mais concretamente no concelho de Mafra, atingem especial importância sob o ponto de vista socioeconómico, a pera Rocha e o limão, dois frutos muito distintos do ponto de vista fisiológico e de capacidade de conservação.

A qualidade dos produtos hortofrutícolas é originada principalmente através do trabalho efetuado no campo.

Durante a colheita, são provocados danos aos produtos que posteriormente condicionam o trabalho na central de armazenamento e distribuição.

Na central, não sendo possível melhorar a qualidade do produto final, procede-se à procede-seleção e acondicionamento dos produtos por forma a minimizar perdas.

Os frutos durante o pós-colheita continuam fisiologicamente ativos (respiração, transpiração e libertação de etileno) o que acelera a sua deterioração. O processo de escolha/embalamento de produto é da maior importância já que é a última etapa do diagrama de produção e permite prevenir possíveis problemas com os clientes e devoluções.

A pera Rocha e o limão são frutos com parâmetros de qualidade muito específicos e normalizados.

A qualidade apresentada pelos frutos à receção facilita os processos adjacentes na unidade, permitindo posteriormente rendimentos superiores para todos os intervenientes da fileira alimentar.

É necessário atender à pressão que atualmente os fornecedores de fruta sofrem de forma a satisfazer o cliente cada vez mais exigente. Igualmente importante é a necessidade de minimizar perdas e desperdícios alimentares por questões económicas e ecológicas.

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2. Objetivos

O presente trabalho teve como objetivo a análise de uma central fruteira de pera Rocha e limão por forma a perceber os principais pontos do diagrama onde se verificam perdas na produção.

Foram definidos os seguintes objetivos específicos:

 Analisar a produção e distribuição de limão no ano de 2014;

 Analisar a produção e distribuição de pera Rocha referente à campanha de 2014 e a receção na campanha de 2015;

 Identificar possíveis causas de perdas;

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3. Enquadramento Teórico

3.1. Pós-Colheita de Frutas e Hortaliças

Os hortofrutícolas, contrariamente aos produtos de origem animal, após a colheita continuam “vivos”, mantendo atividade biológica. Devido a isso e por conterem elevados teores de água na sua composição são produtos altamente perecíveis e de períodos de vida útil normalmente baixos.

De forma a ser possível aumentar o tempo de conservação e reduzir as perdas de pós-colheita, é importante que se tenha o conhecimento e se utilize as práticas adequadas de manuseio durante as fases de colheita, armazenamento, comercialização e consumo.

Ao efetuar-se boas práticas de produção e de conservação nos hortofrutícolas consegue-se reduzir as perdas alimentares.

A conservação é realizada de forma a manter os produtos em perfeitas condições de consumo durante um determinado período de tempo, e não para melhorar a sua qualidade que provém do trabalho realizado durante a produção agrícola.

O primeiro passo para conservar é ter a noção da fisiologia dos produtos hortofrutícolas no pós-colheita.

3.1.1. Fatores fisiológicos de conservação pós-colheita

Respiração

A respiração é o processo metabólico mais importante que tem lugar nos produtos hortofrutícolas, mesmo no pós-colheita (Moldão e Empis, 2000). É um processo oxidativo que conduz ao consumo de açúcares e ácidos orgânicos, e na conversão destes em moléculas mais simples, como o anidrido carbónico e a água, com a libertação de energia e outras moléculas que podem ser usadas pelas células noutras reações de síntese (Wills et al., 1989) (Eq.1).

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A respiração é a utilização lenta dos compostos ricos em energia, obtidos pela fotossíntese, dos quais um dos mais utilizado é a glicose. Esta utilização leva à transformação e canalização da energia para outras reações vitais da planta.

A intensidade respiratória constitui um indicador da atividade fisiológica do vegetal e pode traduzir-se por conceitos como o quociente respiratório ou a atividade respiratória.

Os produtos Hortofrutícolas não conseguem repor os glúcidos ou a água utilizada no processo de respiração após a colheita e assim, num curto espaço de tempo esgotam as suas reservas de energia e ocorre a senescência e morte dos tecidos celulares.

A taxa de respiração está diretamente relacionada com a taxa de degradação, quanto mais os frutos respirarem menor o poder de conservação do produto. A figura 1 representa a relação entre a taxa respiratória dos produtos hortofrutícolas com a sua perecibilidade.

Os produtos hortofrutícolas podem ser classificados segundo a sua taxa respiratória em 6 classes: taxa respiratória muito baixa, baixa, moderada, alta, muito alta e extremamente alta (tabela 1).

Fig. 1 - Atividade respiratória pós-colheita vs. capacidade de conservação (Varoquaux 1990).

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Tabela 1 - Classificação dos produtos hortofrutícolas segundo a respetiva taxa respiratória (TR) (Kader, 1992b).

Classe

TR (mg CO2 libertado/kg.h

( a 5ºC)) Vegetal

Muito baixa <5 Tâmara, frutos e vegetais secos

Baixa 5-10

Maçã, frutos cítricos, alho, cebola, uva, batata, ananás, melancia

Moderada 10-20

Pêssego, banana, mirtilo, abóbora, cenoura, cereja, figo, alface, manga, nectarina, pera, tomate

Alta 20-40 Couve-flor, groselha, lima, folhas de alface, framboesa

Muito Alta 40-60 Brócolos, couve-de-bruxelas, endívia, quiabo

Extremamente Alta >60 Espargo, cogumelo, salsa, ervilha, espinafre

De um modo geral, a intensidade respiratória diminui ao longo do processo de crescimento e desenvolvimento vegetal. Comportamento observado em todos os produtos hortofrutícolas.

Com base na taxa de respiratória durante o período de maturação, os vegetais são classificados como climatéricos e não-climatéricos. Nos produtos não climatéricos as modificações associadas à maturação são lentas. Enquanto no caso dos produtos climatéricos, a taxa respiratória decresce ao longo do período de crescimento e desenvolvimento, para, em seguida, subir e apresentar um máximo, o pico climatérico, na fase da maturação, a que se segue uma descida acentuada (Kader, 1992b) (Fig.2). O início da respiração climatérica ocorre quando o fruto atingiu a dimensão máxima. É na fase climatérica que o fruto desenvolve o aroma característico e acentua o sabor. A seguir à fase climatérica, o fruto entra em senescência.

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Fig. 2 - Comportamento da Taxa de Respiração em frutos climatéricos e não climatéricos (Kader, 1992 b).

Os frutos climatéricos são frutos que após colhidos tem a capacidade de amadurecerem separados da planta, mesmo quando não colhidos no estado de maturação ideal, enquanto os não climatéricos só amadurecem ligados à planta, se colhidos não amadurecem mas vão-se degradando.

O facto de conhecer se o fruto é climatérico ou não é de extrema importância de forma a ser possível a sua conservação e posterior comercialização em natureza ou sob a forma de minimamente processados. Mesmo antes de projetar o tipo de embalagem a utilizar, bem como a mistura de vegetais a introduzir na mesma, ou de definir a atmosfera a utilizar, deve-se ter conhecimento da taxa respiratória dos produtos à temperatura de conservação prevista.

A taxa respiratória além de variar segundo a cultivar, também é afetada por condições extrínsecas. A temperatura, a composição da atmosfera e os danos mecânicos a que os vegetais são sujeitos, nomeadamente as operações de corte ou raspagem, são fatores com maior influência na taxa respiratória dos vegetais (Porte e Maia, 2001).

Libertação de etileno

O etileno é um hidrocarboneto simples (C2H4), gás nas condições normais de

pressão e temperatura e que exerce variados efeitos sobre o crescimento vegetal. É uma hormona que atua principalmente nos frutos climatéricos, que é produzida naturalmente em muitos órgãos vegetais, como raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes, e que tem implicações marcadas no período de armazenamento e na conservação dos produtos hortofrutícolas. Esta hormona

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provavelmente atua em união com outras hormonas (auxinas, giberelinas, quininas e ácido abcísico) controlando o processo de maturação dos frutos (Wills et al., 1989).

A produção de etileno varia conforme o tipo de fruto (Tabela 2), bem como com o grau de maturação, aumentando à medida que a maturação avança, com o grau de danos físicos, com as doenças e com o aumento de temperatura.

Tabela 2 – Taxa de Produção de etileno à temperatura de 20ºC (µLC2H4/kg/h) (Kader,1992b).

Muito Baixa (< 0,1) Baixa (0,1-1,0) Média (1,0-10,0) Elevada (10,0-100,0) Muito elevada (> 100,0) Batata; Morango; Raízes de leguminosas; Uva. Ananás; Framboesas; Kiwi. Banana; Manga; Melão; Tomate; Figo; Laranja. Maçã; Pêssego; Nectarina; Pera; Papaia. Maracujá; Cherimoia.

Transpiração

Os produtos hortofrutícolas possuem na sua composição valores muito elevados de água nos tecidos (85 a 95%) e aproximadamente 100% nos espaços intercelulares (Pinto e Morais, 2000).

A transpiração é um processo físico que consiste na libertação de água para a atmosfera, através de evaporação, através dos estomas, da cutícola ou das lentículas. Este processo fisiológico pode representar uma elevada perda de água por parte do vegetal e deve-se a passagem de água do interior da planta, onde a concentração é superior para o exterior onde a concentração no meio ambiente é inferior.

A quantidade de água perdida depende de vários fatores intrínsecos e extrínsecos, de entre os quais se salientam:

Fatores intrínsecos: Tipo de estrutura vegetal, superfície de evaporação. Fatores extrínsecos: Humidade relativa, luz, temperatura, composição da atmosfera, movimentações do ar.

A perda de água implica sempre perda de turgescência e perda de massa (até 10% da massa inicial), pelo que se traduz igualmente numa perda de rendimento para o produtor e/ou distribuidor e afeta a aparência dos produtos tornando-os enrugados e opacos e a textura apresenta-se mole, flácida e murcha (Moldão e Empis, 2001). Quanto maior a superfície exposta do produto, maior é a sua taxa de transpiração.

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A existência de indumento e baixas temperaturas retarda a perda de água e fazem com que estomas se fechem, diminuindo a transpiração. Após a colheita, caso os estomas se encontrem abertos já não é possível que os mesmos se fechem aumentando assim a transpiração dos hortofrutícolas.

Fatores como aumento da temperatura ambiente ou da ventilação de ar não-saturado, provocam maior taxa de transpiração.

No sentido de minimizar a perda de água podem ser usadas várias metodologias. O aumento da humidade relativa da atmosfera envolvente é o método mais efetivo de controlar a perda de água. Uma atmosfera saturada reduz a diferença de tensão de vapor entre o produto e o ar e permite controlar as perdas de água. Este tipo de atmosfera nem sempre é viável dado favorecer o desenvolvimento microbiano. A utilização de uma embalagem que constitua certa barreira ao vapor de água é outro meio de controlar a perda de água bem como a utilização de revestimentos comestíveis (Moldão e Empis, 2001).

A atividade fisiológica dos produtos, no geral, pode geralmente ser controlada, por um conjunto de fatores ambientais que possibilitam o retardamento das alterações indesejáveis, controlando a temperatura, a humidade relativa e a composição da atmosfera circundante.

Para além da atividade fisiológica referida, os produtos Hortofrutícolas sofrem ainda outras reações, enzimáticas e microbianas (Aked, 2002).

A atividade microbiana é acelerada em condições de humidade elevada, no caso de frutos o principal problema são os fungos. Devido à elevada acidez que controla o desenvolvimento bacteriano. Nos hortícolas podem ocorrer perdas devido a infeções bacterianas por apresentarem por norma um valor de pH superior (Aked, 2002).

Do ponto de vista bioquímico as reações enzimáticas são as principais responsáveis por alterações sensoriais, tais como: odor e sabor desagradável, alteração da cor (escurecimento ou descoloração) e perda de firmeza dos hortofrutícolas (Sigrist, 2002).

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3.1.2. Métodos de conservação pós-colheita

O objetivo da tecnologia pós-colheita é manter os produtos nas condições ideais de consumo, para tal utiliza-se vários métodos de forma a permitir que os produtos hortofrutícolas cheguem à mesa do consumidor nas condições mais próximas a qualidade com que chegam às centrais fruteiras (Pinto e Morais, 2000).

No pós-colheita tenta-se reduzir ao máximo possível as reações degradativas dos produtos mantendo a qualidade sensorial, nutricional e microbiológica, de forma a haver menores quantidades de perdas ao longo da cadeia.

A conservação dos hortofrutícolas é realizada de forma a reduzir a atividade fisiológica dos mesmos.

Os métodos de conservação mais utilizados são a refrigeração, a atmosfera controlada, o controlo da humidade relativa (HR) e utilização de tratamentos químicos.

O recurso a baixa temperatura permite controlar a degradação devida à atividade fisiológica e ao desenvolvimento microbiológico, contundo é essencial o conhecimento da resistência ao frio dos hortofrutícolas de forma a não causar injúrias aos produtos que os torna de qualidade inferior. Estas são responsáveis pela indução de distúrbios do ponto de vista fisiológico com implicações ao nível do escurecimento dos tecidos.

Apesar de a refrigeração ser um processo de armazenamento a baixa temperatura não evita totalmente o desenvolvimento de podridões sendo recomendado o uso combinado com a aplicação de fungicidas (Senhor et al., 2009) e atmosfera controlada.

A atmosfera controlada (CA) é outra das tecnologias vulgarmente utilizadas na conservação pós-colheita de hortofrutícolas (Assis, 2000).

Durante o armazenamento continuam a verificar-se os processos fisiológicos dos hortofrutícolas e assim sendo neste tipo de acondicionamento a atmosfera envolvente aos produtos vai ser alterada conforme as necessidades dos mesmos permitindo regular a atividade fisiológica. A alteração da composição atmosférica na câmara implica a redução do teor de O2 e aumento da concentração de CO2. Por

norma os níveis de O2 devem situar-se abaixo dos 2%, respeitando sempre as

condições aeróbias. O nível de CO2 é elevado de 0,03% na atmosfera normal para

valores que não devem exceder os 5%.

O controlo das concentrações gasosas no interior das câmaras de armazenamento permite atrasar o amadurecimento sendo possível observar este

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efeito ao nível da cor, firmeza, taxa respiratória e teor de sólidos solúveis (Senhor et

al., 2009).

No entanto, torna-se necessário avaliar os efeitos da alteração da concentração da atmosfera evitando sempre desenvolvimento de microrganismos anaeróbios.

A aplicação de tratamentos químicos é outro dos métodos de conservação mais utilizados, contudo tem sido cada vez mais restrita a sua utilização.

Este método é de uso relativamente simples em relação aos outros métodos sendo reconhecido como efetivo em diferentes vertentes de degradação (Prestes, 2003). Os produtos químicos utilizados visam controlar o desenvolvimento microbiano, sobretudo de fungos e fenómenos oxidativos. Os mais usuais são os fungicidas e o SmartFresh.

Fungicidas de ação específica como o Imazalil atuam sobre a estrutura das membranas alterando a sua permeabilidade, vulnerabilizando assim os patogénicos (Costa e Veiga, 1996).

A utilização de SmartFresh, um produto que tem sido utilizado de forma a manter a qualidade dos produtos, que bloqueia a ação do etileno em frutas e hortaliças reduzindo muito os efeitos indesejáveis do etileno nos frutos, tais como a perda de firmeza, distúrbios fisiológicos e senescência (AgroFresh, 2015).

Contundo o uso destes produtos introduzem problemas ambientais e de risco químico para os consumidores, cada vez mais exigentes.

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4. Limão

4.1. Enquadramento taxonómico

O limão provém do limoeiro (Citrus x limon L.), uma árvore de porte arbóreo médio, alcançando até os quatro metros de altura. Apresentando um tronco reto, com copa densa e arredondada.

Existem inúmeras variedades, apenas se diferenciam através de aspetos do fruto diferenciadores: a cor (verde escuro ao amarelo claro, passando pelo laranja), o tamanho, a forma e a textura da casca (lisa a muito enrugada).

Os frutos (Fig.3B) são formados por vários gomos resultantes de cada um dos carpelos que constituem o ovário que lhes deu origem. O epicarpo (parte amarelada da casca) é provido de numerosas câmaras secretórias que contém os óleos essenciais do fruto; o mesocarpo que é a parte branca que se encontra entre os gomos e a casca e torna-se visível aquando o descasque do fruto denomina-se coriáceo; o endocarpo (película que limita cada um dos gomos) é membranoso e encontra-se recheado de uma espécie de pelos intumescidos que contém o sumo rico em ácidos e açúcares, apresentando a presença ou ausência de sementes em cada gomo do fruto (Amaral, 1977).

A

grande maioria dos citrinos provém do continente Asiático, mais concretamente das regiões compreendidas entre a Índia e o sudeste dos Himalaias, sendo possível encontrar algumas variedades primitivas dos limoeiros.

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4.2. Composição

O limão tem na sua composição uma grande percentagem de água, normalmente superior a 80%.

A composição do limão não é uniforme havendo partes mais ricas do ponto vista nutricional que outras e difere também conforme a variedade. A composição encontra-se representada na Tabela 3.

Tabela 3 – Composição em diferentes partes dos frutos e em diferentes variedades de limões (Winton & Winton, 1935).

Origem

Fruto Sumo

Massa Casca Sementes Resíduos Água Proteínas Cinza Volume Sólidos Ácido cítrico Açúcares totais Sacarose g % % % % % % c.c. % % % % Califórnica Eureka: Mínimo 87,00 25,00 - 13,00 77,93 0,76 0,42 27,00 10,00 6,86 1,20 0,56 Máximo 125,00 44,00 1,00 35,00 88,54 1,13 0,78 53,00 12,95 8,33 3,60 0,58 Lisboa: Mínimo 103,00 19,00 - 20,00 87,00 0,87 0,44 40,00 10,20 7,00 1,35 - Máximo 117,00 38,00 2,00 25,00 87,20 1,04 0,51 50,00 11,50 7,84 3,10 - Todas as Variedades Mínimo 80,00 13,00 - 13,00 77,93 0,69 0,42 23,00 9,08 5,74 1,20 0,35 Máximo 170,00 50,00 3,00 38,00 88,54 1,14 0,78 95,00 13,20 8,40 3,60 0,58 Sicília: Mínimo 115,00 35,00 1,00 16,00 78,92* - - 34,00 9,90 6,51 0,07** - Máximo 128,00 44,00 3,00 23,00 83,65* - - 44,00 13,38 7,21 0,96** - *Na Polpa **Açúcares redutores

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4.3. Colheita e fisiologia pós-colheita

A colheita de citrinos deve ser efetuada quando o fruto tiver atingido um desenvolvimento e um grau de maturação convenientes, respeitando os critérios aplicáveis à variedade, ao período de colheita e à zona de produção.

O estado de maturação dos citrinos é definido pelos seguintes parâmetros:

 Teor mínimo de sumo - 20%;

 Teor de sólidos solúveis - 10ºBrix a 15ºBrix (Erazo, 2002 e Duarte, 2004);

 Relação ácido/açúcar – dependendo da variedade (Duarte, 2004);

 Cor - Deve ser tal que, na sequência do seu desenvolvimento normal, os citrinos atinjam a cor típica da variedade no ponto de destino (admitidos frutos de coloração verde, não verde escuro, desde que satisfaçam os requisitos mínimos relativos ao teor de sumo, tendo em conta o período de colheita e zona de produção).

Os citrinos de coloração verde-clara, que satisfaçam o critério de maturação anteriormente definido podem ser “desverdecidos”. Este tratamento é um processo de maturação artificial, onde se coloca os frutos no interior de câmaras de conservação com a presença de etileno de forma a acelerar o processo de maturação, permitido que as características organolépticas não são alteradas. Este tratamento deve ser efetuado segundo as regras estabelecidas pelas autoridades administrativas de cada país e sob o seu controlo (Regulamento de Execução da UE, n.º543/2011, 2011).

A colheita deve ser realizada cuidadosamente, de forma a evitar lesões nos frutos e evitar ainda colher frutos quando a humidade relativa for muito elevada (chuva ou orvalho matinal) que reduz a qualidade e pode originar perdas elevadas (Massapina e Gonçalves, 1995).

Os frutos podem ser colhidos por torção do pedúnculo seguida de remoção do mesmo ou por meio de tesouras de colheita.

A colheita pode ocorrer de duas formas, gradualmente onde ocorre a colheita dos frutos em ótimas condições de maturação permitindo uma harmonia com as necessidades do mercado e o preço ou então uma colheita única, onde todos os frutos são colhidos. Quando se realiza a colheita gradual, aconselha-se colher primeiro os frutos da parte inferior da copa das árvores, pois são os mais sensíveis a doenças e a acidentes (míldio, queimas com herbicidas, geadas, etc.), e também os que apresentam calibres adequados (Massapina e Gonçalves, 1995).

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É obrigatória a limpeza e higienização de equipamentos e utensílios de colheita, tais como luvas, tesouras e recipientes auxiliares de colheita.

Frutos que apresentem sintomas da presença de agentes patogénicos causadores de podridões e frutos com cortes ou qualquer outro tipo de ferimentos devem ser rejeitados logo na colheita (Cavaco e Calouro, 2005).

É proibida a mistura de frutos colhidos do chão com os colhidos da árvore. Rejeitam-se ainda, frutos danificados mecanicamente, que apresentem coloração verde-escuro, que apresentem a relação sólido solúveis baixa, os de fraca coloração de sumo que podem originar sabor estranho e por fim os frutos muito maduros que são facilmente afetados por doenças e mais sensíveis aos danos mecânicos, podendo gerar sabores estranho e contaminação da restante carga (Magalhães et all., 2005).

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4.4. Critérios de Qualidade

A comercialização de frutos cítricos obriga a respeitar as disposições do Regulamento de Execução da UE, n.º543/2011, de 7 de Junho de 2011 que estabelece regras de execução do Regulamento CE, n.º 1234/2007 do Conselho nos setores das frutas e produtos hortícolas e das frutas e produtos hortícolas transformados, que no anexo I classifica os parâmetros de qualidade dos diferentes tipos de frutos, entre eles os citrinos, destinados a ser distribuídos em fresco ao consumidor.

Os frutos são classificados por categorias e por calibres. Contudo em todas as categorias os citrinos devem apresentar as seguintes características mínimas:

Inteiros, sem pisaduras e/ou golpes;

 Sãos (sem podridões ou alterações que os tornem impróprios para consumo);

Limpos e isentos de parasitas;

Isentos de qualquer princípio de desidratação;

 Isentos de qualquer deterioração provocada por baixas temperaturas e geada;

Isentos de humidades exteriores anormais;

Isentos de odores e/ou sabores estranhos. Os citrinos são classificados em três categorias:

Categoria “Extra”:

Os citrinos classificados nesta categoria devem ser de qualidade superior e apresentar as caraterísticas da variedade e/ou do tipo comercial.

Não devem apresentar defeitos, com exceção de alterações muito ligeiras e superficiais, desde que estas não prejudiquem o aspeto geral do produto nem a sua qualidade, conservação ou apresentação na embalagem.

Categoria I:

Os citrinos classificados nesta categoria devem ser de boa qualidade e apresentar as características da variedade e/ou do tipo comercial.

No entanto, podem apresentar ligeiros defeitos de forma, de coloração (incluído queimaduras solares ligeiras), ligeiros defeitos da epiderme, defeitos surgidos durante a formação do fruto (incrustações prateadas, carepa ou ataques de parasitas), ligeiros defeitos cicatrizados devido a causas mecânicas (queda de granizo, fricção ou toques sofridos durante as movimentações a que os frutos são sujeitos). Estes não podem

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prejudicar o aspeto geral do produto nem a qualidade, conservação ou apresentação na embalagem.

Categoria II:

Esta categoria abrange os citrinos que não podem ser classificados nas categorias superiores, mas respeitam as características mínimas acima definidas (Regulamento de Execução da UE, n.º543/2011, 2011).

Podem apresentar defeitos de forma, de coloração (incluído queimaduras solares), defeitos progressivos da epiderme (desde que não afetem a polpa), defeitos da epiderme surgidos durante a formação do fruto (incrustações prateadas, carepa ou ataques de parasitas), defeitos cicatrizados devidos a causas mecânicas (queda de granizo, fricção ou toques sofridos durante as movimentações a que os frutos são sujeitos), alterações epidérmicas superficiais cicatrizadas, casca rugosa, desde que mantenham as características essenciais de qualidade, conservação e apresentação:

Os citrinos além de categorias são classificados por calibre, o que define também o seu valor de mercado e é medido conforme o diâmetro máximo da seção equatorial do fruto.

Quando forem aplicados códigos de calibre, devem ser respeitados os códigos e amplitudes a seguir indicados (Tabela 4).

Tabela 4 - Classificação de citrinos por calibre.

Calibre Diâmetro (mm) 0 79 – 90 1 72 – 83 2 68 – 78 3 63 – 72 4 58 – 67 5 53 – 62 6 48 – 57 7 45 – 52

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5. Pera Rocha

5.1. Enquadramento Taxonómico

A pereira (Pirus communis, L.) é uma rosácea, árvore de raiz pivotante, folhas alternas mais ou menos longamente ovaladas, pecioladas, acuminadas, serrilhadas. As flores dispõem-se em corimbos simples, têm cinco sépalas, cinco pétalas brancas ou róseas, 15 a 30 estames providos de antera avermelhada e cinco estiletes.

Quanto ao fruto (Fig. 4), a pera é uma baga de cinco séptos e pericarpo carnudo. A pera é consumida ao natural ou sob a forma de doce, compota e bebida fermentada. A forma e a cor do fruto dependem da variedade.

Há inúmeras variedades de pera, contundo em Portugal a mais conhecida é a pera Rocha que tem determinação de origem protegida (DOP) (Gomes, 2007).

A pera Rocha é uma variedade de pera tipicamente portuguesa, sendo identificada há cerca de 179 anos (1836) no concelho de Sintra como uma pereira diferente, com frutos de qualidade invulgar. Engloba uma vasta área de produção em Portugal Continental.

A pera Rocha da zona Oeste é reconhecida no mercado como produto DOP e denominada de “Pera Rocha do Oeste”, condicionada a certificação com regras de instalação dos pomares, das práticas culturais, as condições a observar na colheita, transporte, calibragem e acondicionamento que constam no respetivo Caderno de Especificações (DrapCentro, 2008).

A área de produção (Fig.5) de pera Rocha abrange inúmeros concelhos. Os principais concelhos de produção são na região Oeste sendo oito: Cadaval, Bombarral, Torres Vedras, Caldas da Rainha, Alcobaça, Lourinhã, Óbidos e Mafra.

Havendo produção em mais áreas do território nacional contundo não com tanta importância como os anteriormente referidos, atualmente ocorre propagação de produção de pera Rocha ao longo de todo o território português desde Norte a Sul (ANP, 2006b).

Fig. 4 - Pera Rocha do Oeste (ANP, 2006a).

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5.2. Morfologia e Composição

A pera Rocha é uma variedade que apresenta uma cor, textura e sabor muito apetecíveis para os consumidores. Apresentando ainda elevada capacidade de conservação.

Durante o processamento, a variedade Rocha sofre diversas etapas, mantendo as suas características ótimas.

Os seus principais mercados são os países da Europa e da América (ANP, 2006c).

Nas tabelas 5 e 6 apresenta-se a caracterização morfológica e a composição nutricional da pera Rocha.

Tabela 5 – Morfologia da pera Rocha (ANP, 2006c).

Tamanho Médio (55-65 mm)

Formato Oval; periforme

Epiderme Fina e lisa

Cor Epiderme amarela a verde-claro

Carepa Típica à volta do pedúnculo

Polpa Branca; Rija; Firme; Doce e sumarenta

Qualidade alimentar Rija, firme, sumarenta e doce, excelente qualidade

alimentar

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Tabela 6 -Composição nutricional de pera Rocha (valores médio por 100g) (ANP, 2006c).

Energia 29 Calorias/125 Joules

Proteínas 0,2g

Hidratos de Carbono 7,6g

Lípidos Vestígios

Fibras 1,7g

5.3. Colheita e fisiologia pós-colheita

A colheita de pera Rocha é realizada manualmente e cuidadosamente de forma a evitar-se danos que posteriormente originam grandes quantidades de fruto para indústria. A colheita é realizada com auxílio de escadotes e plataformas caso sejam pomares de elevada altura.

No campo ocorre a primeira fase de seleção do fruto com separação de frutos sãos dos frutos com doenças.

Tradicionalmente, na região Oeste, a colheita das peras é feita a partir da segunda semana de Agosto havendo alterações conforme o estado de maturação das mesmas.

A decisão da data de colheita é um aspeto fundamental no processo de conservação. Colheitas precoces ou tardias originam frutos de menor qualidade.

Para a determinação da “data de colheita” recorre-se aos seguintes parâmetros:

• Dureza da polpa: entre 5,5 e 6,5kg/0,5 cm2;

• Índice refratométrico (teor de sólidos solúveis totais): entre 11 e 13% Brix; • Acidez: entre 2-3g/l de ácido málico;

• Nº de dias após plena floração: 135 a 140 dias; • Cor das sementes.

Durante o procedimento de colheita os trabalhadores devem ter determinados cuidados de forma a manter o produto intacto e que a sua longevidade seja superior mantendo o produto nas condições ideais durante mais tempo.

Antes do início da colheita deve ser preparado todo o equipamento utilizado na mesma, procedendo-se à lavagem e desinfeção dos palotes, baldes e todo o material utilizado de maneira a não ocorrer contaminações cruzadas de fruta de campanhas anteriores.

Na colheita deve ser evitado o uso de caixas partidas ou danificadas. Deve ser realizada com toda a palma da mão evitando a pressão dos dedos e inclinando a pera

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ligeiramente no sentido lateral, provocando assim a separação do pedúnculo do seu ponto de inserção na árvore.

Os recipientes de transporte não devem conter alturas exageradas de frutos para evitar danos mecânicos.

Todas as operações de carga e transporte devem ser efetuadas com o máximo cuidado evitando exposição solar.

Deve-se evitar colher frutos húmidos e quando assim for é aconselhável transporta-los rapidamente para o armazém.

Quando se colhe em várias mondas tem-se um substancial ganho de calibre por permitir que frutos mais pequenos estejam mais tempo na árvore e cresçam. Contudo estes podem se encontrar num estado mais avançado de maturação.

A pera não deve ficar muito tempo fora das câmaras de frio depois de colhida (máximo de 24 horas).

Realizam-se tratamentos pós-colheita (Imazalil e Smartfresh) de forma a aumentar a longevidade de conservação utilizando apenas produtos devidamente autorizados (ANP, 2015).

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5.4. Critérios de Qualidade

A comercialização de Pera é regulada pelas disposições do Regulamento de Execução da EU, n.º543/2011, de 7 de Junho de 2011 que estabelece as regras de execução do Regulamento CE, n.º1234/2007 do Conselho nos setores das frutas e produtos hortícolas e das frutas e produtos hortícolas transformados, que no anexo I classifica os parâmetros de qualidade dos diferentes tipos de frutos, e no caso da pera é na Parte 6 do mesmo.

A presente regulamentação aplica-se às peras da variedade de Pyrus

communis L. que se destinem a ser apresentadas ao consumidor no estado fresco,

com exclusão das peras destinadas a transformação industrial.

Na comercialização de pera dependendo da categoria com a qual seja classificada, tendo em consideração as disposições específicas previstas para cada categoria e as tolerâncias admitidas, devem apresentar-se:

 Inteiras;

 Sãs;

 Sem frutos que apresentem podridões ou alterações que os tornem impróprios para consumo que serão excluídos;

 Limpas, praticamente isentas de matérias estranhas visíveis;

 Isentas de parasitas;

 Isentas de ataques de parasitas na polpa;

 Isentas de humidades exteriores anormais;

 Isentas de odores e/ou sabores estranhos.

O desenvolvimento e estado da pera deve ainda permitir-lhe suportar o transporte e outras movimentações a que são sujeitas de forma a chegar ao lugar de destino em condições satisfatórias.

As peras são classificadas em 3 categorias que se encontram de seguida descritas de forma detalhada:

i) Categoria “Extra”:

As peras classificadas nesta categoria devem ser de qualidade superior e apresentar as caraterísticas da variedade.

A polpa não deve apresentar qualquer deterioração, a epiderme deve estar isenta de carepa rugosa, não deve apresentar defeitos, com exceção de alterações muito ligeiras e superficiais, desde que estas não prejudiquem o aspeto geral do produto nem a sua qualidade, conservação ou apresentação na embalagem.

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ii) Categoria I:

As peras classificadas nesta categoria devem ser de boa qualidade e apresentar as características da variedade.

A polpa não deve apresentar qualquer deterioração. Contudo podem apresentar ligeiros defeitos, desde que estes não prejudiquem o aspeto geral do produto nem a sua qualidade, conservação ou apresentação na embalagem.

Nesta categoria é tolerável a presença de frutos com ligeiro defeito de forma e de desenvolvimento, ligeiros defeitos de coloração, carepa rugosa muito ligeira, ligeiros defeitos de epiderme e ainda o pedúnculo que pode estar ligeiramente danificado.

iii) Categoria II:

Esta categoria abrange as peras que não podem ser classificadas nas categorias superiores, mas que contém as caraterísticas mínimas acima definidas.

A polpa não deve apresentar defeitos graves.

As peras podem apresentar defeitos, nomeadamente de forma, de desenvolvimento, de coloração, de epiderme, pisaduras ligeiras, ligeira carepa rugosa, sendo este defeitos mais acentuados que na categoria I (Regulamento de Execução da EU, n.º543/2011, 2011).

As peras além da categoria são também classificadas por calibre (Tabela 7), o que define também o seu valor de mercado e é medido conforme o diâmetro máximo da seção equatorial do fruto ou através da massa.

Tabela 7 - Calibre da Pera Rocha.

Calibre (mm) Calibre (g) 50< <60 50/55 60-85 55/60 85-123 60/65 123-160 65/70 160-195 70/75 195-230 75/80 230-260

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6. Desenvolvimento Experimental/Estágio

6.1. Apresentação e Layout da Empresa

O presente estágio foi realizado na Frutoeste – Cooperativa Agrícola de Hortofruticultores do Oeste, CRL. Trata-se de uma empresa de hortofrutícolas no concelho de Mafra, cujo principal foco é a receção, armazenamento e comercialização de limão e pera Rocha do Oeste.

A empresa recebe limão ao longo de todo o ano, os fornecedores são principalmente sócios da cooperativa, contudo na época de menor produção adquire a fornecedores exteriores.

A receção de pera Rocha ocorre durante o mês de Agosto e os fornecedores são associados da empresa que também receciona pera de época (Pérola, Coscia, Lawson, Carapinha, Vitória) e maçãs Royal gala e reineta. A percentagem rececionada destes frutos é muito baixa pelo que não foram considerados no presente estudo, que apenas foi realizado para a variedade Rocha que na zona Oeste é a pera com maior expressão e que permite ser conservada e comercializada durante quase todo o ano.

Os mercados que a Frutoeste aborda são muito distintos conforme o tipo de fruto comercializado. No caso da pera Rocha os principais destinos são a exportação, nomeadamente o Brasil, a Inglaterra e a Alemanha sendo também comercializada em Portugal (grande distribuição). Quanto ao limão o principal mercado é o nacional havendo algumas tentativas de comercialização para o exterior, nomeadamente a Europa de Leste.

A empresa em causa apresenta um layout organizado em 2 pisos. No piso inferior está localizada a central de produção e zonas adjacentes de apoio à mesma e no piso superior a zona administrativa da empresa e órgãos sociais.

Na figura 6 encontra-se representado o esquema do piso inferior e os principais equipamentos presentes em cada segmento da produção.

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Na Frutoeste é possível verificar a existência de várias seções de apoio (Fig.6), nomeadamente a zona de apoio às instalações (1; 2; 3; 6; 7; 8), a zona de apoio técnico aos associados (4; 5). A empresa dispõe de 2 zonas de câmaras em zonas opostas à nave central, num total de 31. Nos corredores 1 e 2 são câmaras de atmosfera normal e nos corredores 3 e 4 são câmaras de atmosfera controlada. A zona central da unidade corresponde à área de calibragem, seleção e embalamento de produto final (12 - circundada a verde). De referir que nesta zona o layout é ajustado à produção.

No caso da pera o embalamento pode ocorrer de forma manual a partir de um calibrador pequeno (20) e das bancadas de embalamento (25, 26) ou de forma automática nas máquinas de sacos (24). Quanto ao limão o embalamento pode ocorrer de forma manual nas bancadas de embalamento (22) e ainda automaticamente na máquina de sacos (23).

As zonas refrigeradas na empresa são apenas as câmaras de refrigeração (11), contudo dado que as câmaras de refrigeração contornam a sala de embalamento, é possível manter nesta sala uma temperatura entre 10-15ºC, o que impede oscilações muito vincadas da temperatura dos frutos. Dado que esta zona, sem ser refrigerada, se encontra a temperatura relativamente baixas é aconselhável aos funcionários o uso de roupa quente de forma a tornar o trabalho mais confortável.

A empresa funciona respeitando o fluxo de marcha-em-frente, tentando evitar ao máximo cruzamento de produto, o que é verificado através do cuidado na existência de zonas específicas para armazenamento e embalamento dos mesmos. Existindo para esse efeito uma câmara de produto acabado (11PA)

Ainda de referir a zona de tratamento pós-colheita (27), a oficina (14), a zona de armazenamento de óleos e produtos de manutenção de equipamentos (15) e por fim a zona de armazenamento de produtos fitofármacos (16).

A zona da administração situa-se no segundo piso que não se encontra descrito no esquema apresentado.

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6.2. Principais Defeitos/Causas de Rejeição ou de alteração de

categoria

A identificação das principais causas de rejeição ou de alteração de categoria tem por base dados bibliográficos e a observação direta ou ao microscópio na central durante o estágio. De realçar que nesta etapa do estágio foi fundamental a experiência dos técnicos.

6.2.1. Limão

Defeitos Físicos

Roçamentos

Os roçamentos (Fig. 7) dos frutos, com folhas, ramos, ou uns com os outros, pode ser causa de lesões nos mesmos que os desvalorizem. Estas lesões podem produzir-se quando os frutos ainda estão pequenos ou quando já se encontram em fase adiantada de desenvolvimento.

Frutos de pequenas dimensões, as lesões produzidas adquirem com o tempo aspeto de manchas de coloração acastanhada. Quando já desenvolvidos, as zonas atingidas pelo roçamento podem ser maiores ou menores e cicatrizar ou não. Como meio de luta recomenda-se a plantação de sebes ou instalação de quebra-ventos de forma a reduzir a incidência dos ventos e assim diminuir os seus efeitos (Massapina e Gonçalves, 1995) e efetuar-se, frequentemente, uma poda/limpeza de pomares.

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Danos provocados por Granizo

O granizo é um acidente meteorológico cuja ocorrência, embora irregular, pode, no entanto ocasionar danos avultados.

O tamanho do granizo, a velocidade, a direção da chuva, a orientação das linhas das árvores, a época em que o acidente se verifica e o respetivo estado fenológico dos citrinos são fatores que podem fazer variar a intensidade dos prejuízos.

Os efeitos do granizo podem observar-se nas folhas, nos ramos e nos frutos. Nos frutos podem ocorrer abortamentos quando ainda estão em crescimento, alterações na casca ou ainda feridas de dimensão variável.

A inviabilidade de recorrer a qualquer meio de luta permite apenas evitar a infeção das feridas através da aplicação de uma calda cúprica (Massapina e Gonçalves, 1995). Na fig. 8 é possível verificar os estragos provocado pelo granizo.

Fig. 8 - Estragos provocados por granizo (Fotografia de autoria de André Elias).

Descoloração

Limão colhido antes do estado de maturação ideal (Fig.9), apresentando teores esverdeados na casca o que o desvaloriza e leva à desclassificação do fruto, perdendo valor comercial.

Desverdecimento é a técnica utilizada, processo realizado numa câmara através da introdução de etileno. Origina frutos com a coloração condizente com a qualidade interna, na qual a indesejável cor verde, em geral associada com a imaturidade é removida da casca do fruto internamente maduro.

Trata-se de uma forma de acelerar o processo natural de coloração do fruto conferindo-lhe um aspeto externo mais atraente para o consumidor que deseja um produto

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com qualidade. É uma operação de pós-colheita na qual o desaparecimento da clorofila da casca é acelerado (Jimenez-Cuesta et al., 1983).

Fig. 9 - Fotografia de Limão Verde (Fotografia de autoria de André Elias).

Danos Biológicos

Antracnose

A antracnose (Fig.10) é uma doença resultante da infeção das plantas por várias espécies de Colletotrichum que origina elevados prejuízos e desvaloriza comercialmente os frutos (Syngenta, 2014).

A antracnose é importante em locais onde o verão é quente e chuvoso, condições que favorecem a disseminação do fungo. Os danos são provocados nos frutos, ainda nas plantas, ou após a colheita (Agrolink, 2015).

A doença pode manifestar-se em plantas de qualquer idade, mas ataca sobretudo os frutos em vias de amadurecimento. Provoca nos frutos lesões arredondadas e depressões rosa-acastanhadas.

Os frutos, que permanecem na planta ou no solo, acabam por constituir a futura fonte de inóculo (Syngenta, 2014).

O controlo da antracnose deve incluir práticas de remoção e queima dos frutos mumificados e das partes podadas no inverno, com o objetivo de reduzir o inóculo. Em anos com verões húmidos deve-se pulverizar a cultura com fungicida (Agrolink, 2015).

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Fig. 10 - Limão infetado com antracnose (Fotografia de autoria de André Elias).

Mosca da Fruta

A mosca do mediterrâneo ou mosca da fruta (Fig.11) é um díptero da família Tephritidae. É uma praga cosmopolita amplamente difundida na zona mediterrânica que pode atacar a maioria das espécies fruteiras, tendo preferência por frutos de polpa carnuda e doce, tais como, ameixa, citrinos, pêssego, pera, maçã, alperce, ameixa, kiwi, uvas, cereja, morango, etc (InfoAgro, 2006).

A mosca da fruta é de cor amarelada, corpo amarelo mais escuro e asas transparentes com manchas escuras de desenho caraterístico.

As fêmeas adultas ao picarem os frutos provocam feridas onde se podem desenvolver os fungos saprófitos, e colocam os ovos que se transformam em larvas que nascem no interior do fruto e alimentam-se da polpa do fruto originando o seu apodrecimento e destruição total dos mesmos (Bayer CropScience Portugal, 2009).

O dano causado pela mosca ocorre, exclusivamente no fruto perto da maturação. A larva que se alimenta internamente da polpa do fruto, forma galerias, que posteriormente, se

transformam numa área húmida, em decomposição (Embrapa,2005b).

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Cochonilhas

A cultura dos citrinos é infestada por diversas espécies de cochonilhas. Em Portugal as espécies consideradas como as mais importantes na cultura dos citrinos são: as cochonilhas algodão (Planococcus citri (Risso)); a cochonilha vírgula (Lepidosaphes

beckii Newman) e a cochonilha de pinta amarela (Chrysomphalus dictyospermi (Morgan)),

da família Diaspididae; e a cochonilha H ou negra da oliveira (Saissetia oleae (Olivier)), da família Coccidea (InfoAgro. 2009b).

A cochonilha (Fig.12) é uma das pragas mais perigosas para a cultura do limoeiro e por isso exige um controlo sistemático o que resulta em custos. Liberta toxinas nas plantas que contribuem para o enfraquecimento das mesmas, pode provocar ainda a queda de frutos e a consequente perda de valor comercial (Melo e Silva, 2006).

O controlo pode ser feito com o uso de inseticidas sistémicos, com a aplicação no solo em torno da planta. Por se tratar de uma praga de difícil erradicação, o produtor deve tomar todos os cuidados necessários para que ela não entre no pomar.

As cochonilhas desenvolvem-se nos troncos e nos ramos das plantas cítricas. Nos locais onde a planta for atacada manifesta-se uma coloração esbranquiçada, como se estivessem pulverizadas de branco (Lazia, 2012).

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Ácaros

Os ácaros (Fig.13) são uma praga de ataque rápido, com expressiva deterioração da casca do fruto, principalmente na parte mais ensombrada. O desenvolvimento é favorecido por temperatura e humidade relativa elevadas.

A monitorização de pragas é uma ferramenta essencial para se obter o mapeamento e evolução da população de ácaros.

O principal período de ataque ocorre na fase inicial de desenvolvimento dos frutos (Eduardo, 2012).

Fig. 13 - Danos provocados por ácaros (Fotografia de autoria de André Elias).

Míldio

O míldio (Fig.14) é provocado por pseudofungos do género Phytophthora, sendo as espécies mais frequentes, em Portugal, Phytophthora citricola Sawada, P. citrophtora (R. E. Smith & E. H. Smith.) Leonian, P. hibernalis Carne, P. nicotianae var. parasitica (Dastur) Waterhouse e P. syringae (Kleb.).

Esta doença ocorre preferencialmente em frutos, ocasionalmente em folhas, tronco e na parte superior das raízes principais, provocando elevados prejuízos nos pomares.

Entre os fatores que favorecem o desenvolvimento da doença constam o tipo de solo (solos mais argilosos, com drenagem deficiente, favorecem mais o desenvolvimento da doença do que os arenosos), a suscetibilidade do hospedeiro vegetal (laranjeira mais suscetível do que o limoeiro), condução das plantas em compassos apertados com pouco arejamento e ramos em contacto com o solo, plantações incorretas (muito fundas) e condições meteorológicas (chuvas persistentes e temperaturas da ordem dos 18-20ºC).

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A proteção dos citrinos relativamente a esta doença baseia-se fundamentalmente em medidas culturais e químicas. Entre as medidas culturais recomendam-se: drenagem do solo para evitar excesso de água, poda racional para facilitar a circulação do ar evitando deixar ramos demasiado próximos do solo, evitar plantações com compassos apertados em zonas húmidas, enterrar frutos longe do pomar e evitar adubações em excesso (InfoAgro, 2011).

Fig. 14 - Sintomas de míldio nos frutos (InfoAgro, 2011).

Bolores/Podridões

Os bolores (Fig.15) são as principais doenças de pós-colheita dos citrinos, em particular o bolor verde, causado por Penicillium digitatum que é o patogénico principal no pós-colheita de citrinos.

O patogénico inicia a infeção por meio de ferimentos dos frutos e rapidamente causa sintomas de podridão mole, destruindo o fruto em poucos dias.

O controlo do bolor verde é basicamente realizado pela utilização de fungicidas, porém a exigência dos consumidores por produtos livres de resíduos de pesticidas, aliada a ocorrência de resistência de P. digitatum aos fungicidas recomendados, estimula o desenvolvimento de outros métodos de controlo da doença (Forner, 2012).

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6.2.2. Pera Rocha

Danos Físicos

Carepa

É uma fina rugosidade, disseminada de forma inconstante e irregular na epiderme dos frutos, imprimindo-lhe tons desde o amarelo acastanhado até ao pardo escuro. São formações de células suberificadas da camada epidérmica podendo abranger outras camadas da hipoderme.

A carepa (Fig.16) desvaloriza os frutos pela redução do tamanho, aspeto e deformação. Porém parece melhorar algumas características, que o mercado não aproveita,

como a firmeza da polpa, acidez, teores de açúcar e aromas.

É muito usual a sua presença nos frutos da Pera Rocha, sendo mesmo uma característica comum desta pera (Bayer CropScience Portugal, 2009b).

Fig. 16 – Pera com carepa (Fotografia de autoria de André Elias).

Ferimentos epidérmicos/Picados

As peras durante a colheita, o transporte e manuseamento na central fruteira podem sofrer ferimentos (Fig.17), podem ser provocados por embate em baldes, em caixas, em unhas, em outras peras ou outros. Quando os ferimentos são de pequenas dimensões pode ocorrer a cicatrização e o produto pode ser comercializado mas caso os ferimentos epidérmicos sejam de grandes dimensões leva a ocorrência de posteriores podridões desvalorizando o produto que posteriormente será comercializado para indústria ou para alimentação animal.

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Fig. 17- Pera com ferimento epidérmico (Fotografia de autoria de André Elias).

Danos Biológicos e Fisiológicos

Escaldão pelo frio

Dano provocando pela aplicação incorreta de frio durante a conservação da pera Rocha nas câmaras de conservação. Como é um produto conservado a baixas temperatura e durante um grande período de tempo por vezes ocorre este tipo de danos que diminui o valor comercial.

Cada vez mais, o escaldão (Fig.18) tem sido um problema de maior importância, que com a proibição de produtos químicos que o evitavam/controlavam se tornou mais frequente.

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Pedrado

O pedrado (Fig.19) surge como um problema importante dos pomares no Oeste, sendo a variedade de pera Rocha uma das mais susceptiveis à doença. Em anos com Primaveras mais chuvosas, a doença pode atingir elevados níveis de infeção (COTHN, 2010).

O pedrado da pereira (Venturia pirina) hiberna em pseudotecas nas folhas caídas no solo. Na Primavera com a ocorrência de chuva ou orvalho, verificam-se as condições necessárias para as pseudotecas libertarem os ascósporos que são dispersos pelas pereiras, provocando as infeções primárias do pedrado. Nas infeções de pedrado observadas na pereira, decorre a formação dos conídeos que originam as infeções secundárias.

Para a libertação dos conídeos e posterior infeção da doença é suficiente a existência de orvalho sobre as pereiras que permita a germinação dos esporos (Soares, 2003).

Os sintomas de infeção de pedrado surgem cerca de 15 dias após a infeção, podendo a ocorrência de temperaturas baixas atrasar o aparecimento das características manchas da doença.

Como principais fatores de nocividade das infeções de pedrado destacam-se as condições meteorológicas (temperatura e precipitação) e o nível de inóculo da doença existente no pomar e nas áreas vizinhas que influencia a propagação do fungo.

No que respeita ao nível económico de ataque, deve-se utilizar uma estratégia de proteção contra o pedrado que permita obter menos de 1% dos frutos atacados à colheita, com objetivo de não ocorrerem prejuízos sobre a produção e manter um nível baixo de inóculo da doença para o ano seguinte (Soares, 2003).

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Bolores/Podridões

As doenças de conservação (Fig. 20) podem ser provocadas por desordens fisiológicas ou infeções causadas por fungos.

Como principais causas de podridões destacam-se os fungos que se desenvolvem nas feridas, nomeadamente Botrytis cinerea (podridão cinzenta), Penicillium expansum (podridão azul), Rhizopus spp. e Monilia fructigena (moniliose).

Atendendo ao tipo de estragos provocados por estas doenças torna-se aconselhável utilizar meios de proteção preventivos de modo a evitar prejuízos significativos.

Em relação aos fatores de nocividade, destacam-se a higiene nas embalagens de colheita e central fruteira, as condições meteorológicas, a colheita, o transporte da fruta, o período e as condições de conservação.

Assim no que respeita à proteção cultural torna-se vantajoso proceder a elaboração de um plano de higienização para a lavagem de caixas, câmaras frigoríficas e limpeza da central fruteira. A colheita e o transporte devem ser realizados de modo adequado, para reduzir o aparecimento de feridas nos frutos.

Em frutos colhidos num estado de maturação mais avançado ou com a presença de chuva, verifica-se um aumento da possibilidade de podridões. Também as condições de conservação podem contribuir para a diminuição dos ataques das podridões dos frutos, nomeadamente nas câmaras de atmosfera controlado onde o baixo teor de oxigénio é suficiente para impedir o desenvolvimento normal de fungos. A aplicação de cálcio no pomar ou após a colheita, a imersão ou duche dos frutos com uma solução de cloreto de cálcio a 1,5% a 2%, pode contribuir para a redução do aparecimento de podridões.

O estado nutritivo do pomar deve ser avaliado regularmente para adequar a fertilização, de modo a obter uma produtividade elevada e frutos de bom potencial de conservação (Sygenta, 2014).

Os lotes de frutos para conservação em atmosfera normal, num período superior a três meses, devem na maioria das situações ser tratados com fungicidas de pós-colheita para evitar prejuízos na central fruteira ou durante o transporte e venda dos frutos (Soares, 2003).

Referências

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