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Mobilidade social e interseccionalidade: o que mudou para negros e mulheres nos últimos 30 anos no Brasil?

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MOBILIDADE SOCIAL E INTERSECCIONALIDADE:

O QUE MUDOU PARA NEGROS E MULHERES NOS ÚLTIMOS 30 ANOS NO BRASIL?1

Paulo de Martino Jannuzzi2 Paula Montagner3 Edna Taira4

INTRODUÇÃO

A Intersecionalidade vem se constituindo um eixo estruturador importante nas pesquisas em Ciências Sociais e na agenda política do Movimento Social no Brasil nas últimas décadas, repercutindo o que tem se passado em outras partes do mundo. Afinal, a discussão acerca da promoção de maior bem-estar e justiça societal no mundo contemporâneo requer, como bem aponta Fraser (2003), de um lado, a continuidade da luta histórica por maior redistribuição da riqueza material produzida, e de outro, a formulação de estratégias de reconhecimento identitário, que combatam a dominação cultural e simbólica de grupos populacionais – segundo raça, gênero, sexualidade etc. – sobre outros.

Assim, se não se pode abandonar a perspectiva de análise – e combate político – de Classe social, não se deixar de lado, na contemporaneidade, as perspectivas identitárias de Raça, Gênero e Sexualidade, para citar algumas das dimensões mais presentes. Para a autora, políticas públicas de natureza redistributiva não deveriam ser formuladas sem consideração de suas implicações identitárias e vice-versa, sob pena de reforçar estigmas simbólicos e acentuar a própria desigualdade social que se procurava mitigar. Ela propõe uma perspectivaintegrada e articulada para análise da – e ação política contra a – injustiça socioeconômica e injustiça cultural. Afinal...

No mundo real, cultura e economia política estão sempre imbricados e virtualmente toda luta contra injustiça, quando corretamente entendida, implicada demandas por redistribuição e reconhecimento.

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Trabalho apresentado no Encontro Nacional sobre População, Trabalho, Gênero e Políticas Públicas, realizado na Universidade Estadual de Campinas, em Campinas, SP, entre os dias 27 a 29 de novembro de 2019.

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Professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. Pesquisador CNPq no projeto “Políticas Públicas, Mudança Social e Dinâmica Demográfica no Brasil de 1992 a 2014. E-mail: paulo.jannuzzi@ibge.gov.br

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Economista. E-mail: pmontagner54@gmail.com 4

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Na prática, ambas estão interligadas. Até mesmo as instituições econômicas mais materiais têm uma dimensão cultural constitutiva, irredutível; estão atravessadas por significados e normas. Similarmente, até mesmo as práticas culturais mais discursivas têm uma dimensão político-econômica constitutiva, irredutível; são suportadas por apoios materiais. Normas culturais enviesadas de forma injusta contra alguns são institucionalizadas no Estado e na economia, enquanto as desvantagens econômicas impedem participação igual na fabricação da cultura em esferas públicas e no cotidiano. O resultado é frequentemente um ciclo vicioso de subordinação cultural e econômica (FRASER, 2003, p. 248-251).

Reportando-se ao caso brasileiro, se programas públicos como o Bolsa Família, por exemplo, tem méritos reconhecidos de mitigação de parcela da pobreza e desigualdade social, por outro, tem reforçado estereótipos e situações de discriminação de famílias vulneráveis e seus filhos. Da mesma forma, se políticas de cotas tem ampliado oportunidades de acesso a negros nas universidades públicas, tem ensejado manifestações de descontentamento e de demérito da política – e de seus beneficiários – por parte de setores médios “brancos” da sociedade brasileira.

Nesse sentido, Interseccionalidade e Consubstancialidade parecem ser conceitos bastantes interessantes e instrumentais para fins analíticos da desigualdade, mobilidade social e da injustiça simbólica presente na discriminação de raça/cor, gênero ou orientação sexual. Não basta considerar a condição de gênero na análise da desigualdade social, nem só, isoladamente, a de raça, e muito menos ainda, desconsiderar a origem social dos indivíduos. Como defende Hirata (2014), a perspectiva da Interseccionalidade – centrada nas interseções de Raça e Gênero – e a da Consubstancialidade – mais voltada à articulação “co-existencial” entre Classe e Gênero- permitem iluminar aspectos da desigualdade social e opressão simbólica de modo analiticamente mais rico e politicamente mais mobilizador.

Assim, de modo a contribuir com essa perspectiva de estudos, o objetivo desse trabalho é apresentar um balanço dos movimentos de ascensão e descenso sócio-ocupacional de negros e mulheres – e homens negros e mulheres negras- por meio dos suplementos de mobilidade social levantados pela PNADs 1982, 1996 e 2014. Para tanto, apresenta-se na primeira seção, os resultados gerais de mobilidade intrageracional – ou carreira – nesse período; passando-se em seguida para breve explicação dos determinantes do processo e, então, para a análise da mobilidade em uma perspectiva interseccional propriamente dita, estimando-se as cifras de mobilidade intergeracional de homens e mulheres segundo raça/cor.

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A RETOMADA DA MOBILIDADE ASCENDENTE NOS ANOS 2000

Ao contrário do que apregoam diversos agentes políticos e midiáticos no país, os anos Lula/Dilma não foram de “gastança desenfreada e inconsequente” dos recursos públicos ou de “consumismo e endividamento popular”. Não só a carga fiscal se manteve em um mesmo patamar (JANNUZZI, 2016), como houve recuperação expressiva do investimento público e privado (CARVALHO, 2018) e ampliação da escala e escopo das políticas sociais (CASTRO, 2011). E como decorrência desses processos uma série de avanços significativos, reportados em diversas pesquisas do IBGE e IPEA, estudos nas universidades brasileiras e relatórios de centros de pesquisas e de organismos internacionais, mesmo os mais conservadores5, como a redução expressiva da pobreza, da insegurança alimentar, do trabalho infantil, da desigualdade social e ingresso acentuado de negros e beneficiários de programas sociais nas escolas técnicas e universidades. E, complementarmente, muitas famílias mais pobres puderam, além de ampliar o volume e diversidade de alimentos consumidos, comprar (ou trocar) geladeiras, computadores, viagens de avião.

Há quem minimize esses avanços já que estariam muito aquém da revolução social tão esperada, e certamente tão necessária. O acesso universal à luz elétrica e (quase) da água no campo, à escola e ao transporte escolar, à segurança alimentar pelo recebimento do Bolsa Família e outras ações seriam realizações modestas frente à necessidade de reformas estruturais no sistema político-partidário e tributário, na regulação do setor de comunicação, no fomento e proteção da indústria nacional, para citar alguns6. Há quem, do outro lado do espectro ideológico, como registra Carvalho (2018), classifique o crescimento econômico e desenvolvimento social nos anos Lula/Dilma de “Milagrito” em contraposição ao Milagre dos anos 1970. Há, contudo, quem reconheça algumas mudanças no panorama social, mas as atribua à mão invisível do mercado internacional, inclusive, como o boom das commodities nos anos 2000-, ou como resultado de um movimento secular e inexorável da “modernização” a que toda

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Vide, nesse sentido, PNUD (2014); FAO (2014); CEPAL (2015); Banco Mundial (2016); IPEA (2014); IBGE (2015); Campello; Falcão e Costa (2014); Jannuzzi e Sousa (2016) e Montagner (2016).

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Sem entrar na discussão sobre o balanço geral desses anos – e as expectativas e frustações geradas – é fato que a concretização do Golpe e os desmontes que se seguiram desde então tem sido pedagógicos para mostrar como as forças conservadoras, muito menos ocultas que já foram no passado, estão organizadas para barrar avanços mais estruturais na sociedade, economia e aparato institucional-regulatório no Brasil. Fossem essas lutas o centro da agenda política e das políticas pública nesses anos, o Golpe talvez tivesse vindo mais cedo ...

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sociedade ocidental estaria destinada a passar. Há ainda quem acredite que foi tudo obra de Deus, sensibilizado pelo crescente apostolado pentecostal, conjugado ao esforço, estoicismo e mérito individual de milhões de brasileiros empreendedores. Por fim, há, aqueles, como os autores desse texto, que advogam que as Políticas Públicas e a expansão do emprego nos últimos anos tiveram um papel central.

Se os indicadores de mobilidade social são sínteses compreensivas de mudanças sociais mais expressivas, como advogam Boudon e Barricaud (2001), talvez não haja como negar a intensidade dos avanços conquistados entre os anos 2000-2014 e a relação originária desses com decisões econômicas e de políticas sociais implementadas nesse período. Pelo menos é o que sugerem os resultados preliminares apontados por Jannuzzi; Montagner e Taira (2017), em que se mostra, pela edição da PNAD 2014, a forte recuperação da mobilidade social ascendente, depois das agruras de duas décadas perdidas de estagnação do emprego e de precarização das relações de trabalho. Os mais de 20 milhões de empregos formalizados e/ou criados entre 2003 e 2014, em todo o país- e não só no Sudeste, como em outros momentos no século passado-, o acesso crescente às políticas e serviços públicos, a ampliação do ingresso ao ensino técnico e universidades promoveram oportunidades de ascensão socioocupacional ainda pouco analisadas, mas bem conhecidas por muitos que protagonizaram movimentos para cima e para baixo na estrutura social brasileira. Na primeira situação, de movimentos ascendentes, são os casos de filhos de famílias mais pobres, chefiadas por pais com empregos de baixa qualificação no campo e nas cidades médias; na segunda, de casos de descenso, são os casos daqueles aqueles filhos que não lograram repetir o feito de seus pais nas décadas de 1960-70, como parcela da classe média, que passou a conviver com riscos crescentes de imobilidade ou descenso socioocupacional no período mais recente.

O filme “A que horas ela volta” de Anna Muylaert, agraciado por vários prêmios dentro e fora do país, é uma representação ficcional desses dois casos antagônicos: da realidade vivenciada por milhares de jovens de baixa renda, que ingressaram em ensino superior e conseguiram romper o ciclo intergeracional da pobreza; e do outro lado, da dificuldade de filhos da classe média em reproduzirem as trajetórias escolares e profissionais de seus pais. O filme conta a trajetória de Jéssica, filha de Val, migrante nordestina e empregada doméstica em casa de classe média-alta paulistana que, tendo estudado em escola pública no interior do

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Nordeste, consegue passar no vestibular em Arquitetura e Urbanismo na USP. O filho da “patroa” Bárbara, empresária bem-sucedida e portadora de todos os preconceitos típicos de sua classe, não tem a mesma “sorte” ou “destino”. Mal-sucedido já na primeira fase do processo seletivo, Fabinho, aluno das melhores escolas particulares da capital paulistana, tem seu prêmio de consolação: passar alguns meses em viagem internacional. Seriam nomes e situações estereotípicas perfeitas para uma “ficção hollywoodiana”. Mas não foi ficção para muito jovens, pelo menos até pouco tempo, como revela a crescente diversidade étnica e social do alunado nas universidades públicas e fluxos de saída de filhos de classe média-alta para EUA, Austrália e Portugal.

O filme ilustra o que parece ser uma ruptura com os padrões de mobilidade no país do século XX, em que, se é verdade que muitos ascenderam em relação aos seus pais ou primeiro emprego, o fizeram a curtas distâncias socioocupacionais (PASTORE, 2012). A mobilidade teria se concentrado na base da pirâmide social, decorrência de forte herança de status de classe de origem. Tal padrão aparentemente antitético de mobilidade – em que muitos ascenderam pouco e poucos ascenderam muito na pirâmide social – seria resultado da natureza restrita da mobilidade socioocupacional dos trabalhadores rurais e de seus filhos. Para a grande maioria dos volumosos fluxos de trabalhadores de enxada que chegavam do campo, as oportunidades ocupacionais acabaram se restringindo às ocupações de baixa remuneração e qualificação no mercado de trabalho urbano, na prestação de serviços, serviços domésticos e construção civil.

De fato, essas são as características gerais que se pode inferir da análise da mobilidade social em três levantamentos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE em 1982, 1996 e 2014 (JANNUZZI; MONTAGNER; TAIRA, 2017). Mas, o nível de mobilidade ascendente em 2014 é, em certa medida, surpreendente. Menos pelo fato de apontar uma reversão do cenário identificado no levantamento anterior, já que seria de se esperar alguma melhora na mobilidade ascendente. Mas a retomada dos níveis de mobilidade ascendente para níveis próximos aos de 1982 é que, à primeira vista, é bastante intrigante: em 2014, 52% dos indivíduos lograram ascender em relação ao primeiro emprego, mesmo patamar apurado em 1982 (Gráfico 1).

Os diferentes contextos econômicos e seus reflexos sobre o emprego e sobre a diversificação da estrutura ocupacional é certamente a chave para explicar

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essas variações além, naturalmente, do comportamento da migração inter-regional e do acesso à educação. A expansão e diversificação do emprego no “Milagre Econômico” nos anos 1970, a contenção na “Década Perdida” nos anos 1980-90 e o pujante crescimento nos anos do “Desenvolvimento Inclusivo” nos anos 2000 – o “Milagrito” a que se refere Edmar Bacha (CARVALHO, 2018) – traduzem-se diferentemente nas taxas de mobilidade ascendente captadas nas edições da PNAD.

Em 1982, a PNAD apontou que pouco mais da metade -52%- dos indivíduos (homens, responsáveis dos domicílios, com idade entre 15 a 74 anos) tiveram trajetória ascendente no mercado de trabalho. Somente 4% dos indivíduos estava em posição pior na escala socio-ocupacional entre o primeiro emprego e aquele então ocupado em 1982. Esses eram os resultados do dinamismo econômico no final dos anos 1960 e começo dos 1970 e seus efeitos induzidos na oferta de postos na indústria, no comércio e nos serviços, associados à intensificação da migração rural-urbana e dos fluxos do Norte e Nordeste em direção à São Paulo e Rio de Janeiro desde anos 1940 e, mais tarde, para Brasília e entorno.

GRÁFICO 1 – Mobilidade Social segundo anos de levantamento Chefes homens de 15 a 74

anos – Brasil 1982, 1996 e 2014

Fonte: PNADs (1982; 1996; 2014).

OS DETERMINANTES DA MOBILIDADE ASCENDENTE NOS ANOS 2000

Se o “Milagre Econômico” explica em boa medida a natureza da mobilidade social captada em 1982, papel semelhante deve-se atribuir desaquecimento da

52,0% 3,9% 44,1% 41,5% 12,6% 45,9% 52,2% 8,1% 39,7% ,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0%

ascendente descendente imóvel

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“Década Perdida”, mas com efeitos em sentido contrário aos anteriormente apontados. Afinal, as baixas taxas de crescimento econômico e do emprego nos anos 1980 – e em boa parte da década seguinte – significaram a redução das chances dos indivíduos, sobretudo para a enorme coorte de jovens que ingressaram na vida ativa nesse período – nascidos nos anos 1960 – a galgar postos de trabalho de status igual ou superior a aqueles no qual primeiramente se inseriram. De fato, em 1996, comparativamente ao levantamento anterior, parcela menor - 42%- de indivíduos haviam logrado mobilidade ascendente; além disso, o descenso socio-ocupacional ampliou-se para 13% dos indivíduos. Este quadro em 1996 refletia a combinação perversa, de um lado, da menor expansão do emprego em geral e em setores que tradicionalmente “puxaram” a mobilidade ascendente no passado- como a Construção Civil e Administração Pública –, e de outro, das demissões em setores econômicos com postos de trabalho mais qualificado e diversificado como os bancos comerciais e públicos e a indústria metal-mecânica paulista. É ilustrativo desse quadro que 20% dos indivíduos que ingressaram no primeiro emprego na Indústria estavam, em 1996, em uma ocupação de status mais baixo; ou ainda que 52% dos que iniciaram sua vida profissional como empregadores haviam vivenciado o descenso socio-ocupacional (JANNUZZI, 2002).

A retomada da mobilidade ascendente como constatada em 2014 deve-se, em primeiro lugar, ao forte dinamismo do emprego formal na Construção Civil e ampliação de postos de trabalho de nível técnico e superior, para atender as demandas de uma economia urbana maior e mais complexa e também do escopo crescentemente ampliado de serviços e programas públicos. Foram criados e/ou formalizados mais de 20 milhões de empregos segundo os registros do Ministério de Trabalho entre 2003 e 2014; cifra muito superior aos 8 milhões de empregos que se registrou, em 17 anos, entre 1985 a 2002. A recuperação dos investimentos públicos em infraestrutura, assim como os privados, criou um volume expressivo de vagas na Construção Civil em todo o país, abrindo oportunidade de ocupações não apenas de baixa qualificação – como de serventes – mas também ocupações de qualificação média e técnica – como ladrilheiros, mestre de obras e técnicos de educação. O setor foi fortemente influenciado pela construção de moradias populares e equipamentos públicos – escolas, postos de saúde, centros de assistência social, praças esportivas etc. –, duplicação e recapeamento de rodovias, obras de

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saneamento e pavimentação urbana, com repercussões sobre os segmentos da economia (CARVALHO, 2018).

A ampliação do escopo e cobertura das políticas sociais também repercutiram diretamente no emprego da Construção Civil, pelo investimento público para construção de equipamentos sociais, e indiretamente no emprego no Comércio, pelos efeitos multiplicadores da renda transferida por um volume crescente de beneficiários das transferências da Previdência Social e do Programa Bolsa Família. A mobilidade ascendente também se explica pela expansão do funcionalismo municipal ao longo dos últimos trinta anos, para atender uma matriz mais diversificada de serviços, decorrentes da expansão de escopo e cobertura das Políticas Públicas nos últimos 30 anos, em particular a partir de 2004. Esse conjunto de Políticas levou à forte ampliação de oportunidades em ocupações técnicas e de nível superior, em todo o território: a políticas demandavam volume crescente de professores da Educação Básica e Infantil, merendeiras e nutricionistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, médicos e outros profissionais da Saúde, assistentes sociais, psicólogos e advogados nos Serviços Socioassistenciais. Entre 2004 e 2014, o número de servidores públicos municipais cresceu de 3,6 milhões para 5,5 milhões, uma ampliação de 54% (DAPP, 1988). Em municípios de pequeno e médio porte (até 50 mil habitantes) a expansão foi ainda maior, especialmente nas Regiões Norte e Nordeste (124 % e 61%, respectivamente, no período).

Não menos importante foi a ampliação de vagas em universidades – de 3,4 milhões para 8,1 milhões entre 2003 e 2015 – e de escolas técnicas criadas em municípios do interior brasileiro, em um contexto de implantação de políticas afirmativas de raça/cor e de mecanismos de equidade de acesso ao ensino técnico e superior, como as cotas de egressos de escolas públicas. De certa forma, essa ampliação da oferta de vagas no setor público privado procurava atender os efeitos de aumento da demanda por ensino superior, decorrentes da universalização do ensino fundamental a partir dos anos 1990 e concretizada em meados da década seguinte. Recursos do FUNDEF e depois do FUNDEB foram fundamentais para construção de escolas em regiões mais pobres e rurais, assim como as pressões junto às prefeituras para que provessem atendimento escolar às crianças de famílias beneficiárias do programa Bolsa Família. Um volume maior de crianças e adolescentes passaram a sair das escolas do ensino fundamental no Norte e Nordeste, pressionando a ampliação de oferta do ensino médio e, logo depois, de

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ensino superior, pelas expectativas criadas pela interiorização da oferta pública dos campi das universidades federais (pelo REUNI) e criação de mais de 400 unidades vinculadas aos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (CAMELO; DEAK; ARRUDA, 2018).

Ademais, a criação do PROUNI, a implantação do ENEM, do Sistema de Seleção Unificada (SISU) e forte ampliação de recursos para Assistência Estudantil nas universidades federais (bolsas de estudo, alimentação e moradia estudantil) criaram a possibilidades concretas para que filhos de famílias mais pobres do semiárido nordestino – pretos e pardos em sua larga maioria-pudessem disputar vagas de ensino superior em um número muito maior de universidades, públicas ou privadas, em um universo mais amplo pelo país e adquirir as credenciais formativas para ingresso em emprego de maior remuneração (SENKEVICS; MELLO, 2019). De fato, na análise pareada entre o Censo de Ensino Superior e o Cadastro Único de Programas Sociais, entre 2009 e 2012, Vaz (2016) mostra que as matrículas de beneficiários do Bolsa Família aumentaram em 94% no período (contra 30% entre os não inscritos no Cadastro Único). Em 2012, cerca de um terço deles estava matriculado em universidades públicas e 24% tinha algum tipo de financiamento estudantil (FIES, PROUNI etc). O público beneficiário matriculado era majoritariamente de mulheres (94%), com idade acima de 30 anos (53%), embora o contingente de jovens de 18 a 29 anos viesse ganhando participação rapidamente no período (de 36% dos matriculados beneficiários em 2009 para 47% em 2012).

Como consequência dessas ações e políticas o acesso de negros ao ensino superior aumentou expressivamente no período, passando de 441 mil para 1,6 milhão entre 2002 e 2015, uma ampliação de quase quatro vezes (CAMPELO, 2018). Em 2018, os negros já constituíam a maioria dos alunos nas universidades federais, como revelou a quinta Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural das IFES (ANDIFES, 2019). No conjunto de 1,2 milhão de alunos matriculados nas instituições federais de ensino superior em 2018, havia 613 mil pretos e pardos (eram 159 mil em 2003). Outro fato reportado no levantamento é que 70% dos alunos eram provenientes de famílias com renda mensal familiar per capita de até 1,5 salários mínimo.

Sem deixar de reconhecer o enorme esforço pessoal de jovens brasileiros para ultrapassar as barreiras de acesso ao ensino médio e superior, os avanços apontados decorrem de efeitos sinérgicos de várias Políticas Públicas, de acesso à

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educação básica, melhora geral da renda e de condições de vida da população mais pobre, à ampliação da oferta de vagas e assistência estudantil no ensino superior, como apontado. Contudo é preciso reconhecer também que o aumento da demanda por vagas nas universidades e faculdades, sobretudo nas públicas, cresceu de forma muito mais expressiva do que a oferta de vagas (ZARDO, 2019). Entre 2005 e 2015, em dez anos, as inscrições para ingresso aos processos seletivos às IES no país passaram de 5 milhões para 15 milhões (Gráfico 2). Este aumento foi mais intenso nas IES públicas, para as quais as inscrições passaram de 2,8 milhões para 8,7 milhões. Contudo, em 2015, somente 15% dessa demanda potencial se concretizou em ingresso efetivo (1,2 milhões), proporção inclusive inferior a apurada em 2005 (27%). Da mesma forma como, rapidamente, em poucos anos, cresceram as expectativas de ingresso ao ensino superior, sobretudo entre jovens de pequenos municípios no Norte e Nordeste que não imaginavam isso como projeto de vida, disseminou-se uma ampla frustação com as possibilidades concretas de viabilizá-lo. A ampliação de vagas nas IES públicas e as limitações do PROUNI, FIES e outros mecanismos não permitiram sequer a manutenção das taxas de sucesso entre os inscritos (em relação aos efetivamente ingressantes)7.

GRÁFICO 2 – Inscrições para ingresso e Ingressos efetivos em Instituições de Ensino

Superior – Brasil 1991, 2000, 2005, 2015

Fonte: Zardo (2019). 7

O aumento da taxa de insucesso no ingresso ao ensino superior aumentou em todas as regiões, e provavelmente para todos os segmentos socioeconômicos, da classe média aos mais pobres. Parece que a frustação de acesso a um caminho que poderia levá-los a maior ascensão sócio-ocupacional e mobilidade ascendente acabou sendo canalizada para outros campos.... A Politica Pública acabou vítima de seu próprio sucesso!

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A ampliação de oportunidades para segmentos populacionais antes privados, em boa medida, de acesso ao ensino superior, conjugado à criação de empregos por todo o país, teriam que repercutir, naturalmente, sobre a mobilidade de negros, mulheres e outros segmentos dispersos pelos territórios de maior vulnerabilidade no país. É que se mostra em seguida.

A MOBILIDADE DE NEGROS E MULHERES

Em que pese a existência de vários trabalhos relacionando a desigualdade social com discriminação racial desde os anos 1960, foram os estudos de Mobilidade Social de Carlos Hasenbalg e Nelson do Valle e Silva do final dos anos 1970 que conseguiram demonstrar de forma inegável a persistência de práticas racistas no país. Os autores mostraram que, equalizadas as origens sociais de brancos e “não-brancos”, persistiam as diferenças salariais, de escolaridade ou de posições ocupacionais entre os mesmos. Não era apenas a origem social mais baixa, de partida, da parcela majoritária dos “não-brancos” que explicava, ao final, condições de vida comparativamente piores deles em relação aos brancos. O crescimento econômico, a urbanização, a ampliação do acesso à escola, a modernização das relações de trabalho e do consumo não haviam se encarregado de eliminar as diferenças decorrentes do passado escravocrata, nem garantido oportunidades de acesso e realização entre bancos e “não-brancos”.

Se categorias como brancos e “não-brancos” eram pouco precisas do ponto de vista analítico – e menos ainda reconhecidas como classificações nativas – elas evidenciavam percepções e vivencias muito concretas de discriminação de pretos e partos no mercado de trabalho e espaços de consumo. De fato, ainda que a “cor/raça” fosse uma aproximação imperfeita ou proxy de etnia, isso não impediu que parte significativa da produção de pesquisa em Ciências Sociais e dos institutos oficiais de pesquisa (como IBGE e IPEA) se valessem desse hibridismo para demonstrar diferenciais de condições de vida entre brancos, pretos, pardos, amarelos e indígenas (CAMPOS, 2013). Como bem registra o autor, em que pese o desconforto com as classificações usadas nos levantamentos do IBGE, essas evidências construídas em bases pragmáticas de categorias de raça/cor, somadas as dos estudos de diferenciais raciais posteriores, nos anos 1990, entre brancos e negros (como viria se consolidar a categoria aglutinada de pretos e pardos, desde então), forneceram substrato

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técnico e legitimado para bandeiras históricas do movimento negro8. Este movimento, fortalecido pelo advocacy internacional contra o Racismo e Discriminação, tema central de uma das últimas Cúpulas Sociais das Nações Unidas em 2001, passou a ter uma posição mais ativa na demanda por políticas compensatórias no país.

Assim, ao longo dos anos 2000, primeiramente no Rio de Janeiro e depois, no país, no Governo Lula, um número crescente de universidades passam a adotar mecanismos de ingressos de cotas identitárias. Em 2011, dados apresentados pelo autor, mostram que pelo menos 39 universidades já empregavam algum instrumento de seleção de alunos ingressantes segundo categorias de “raça/cor” ou origem étnica, com maior ou menor sofisticação classificatória, declaratória ou certificadora. O fato é que:

[...] os movimentos negros puderam falar em nome do interesse da metade dos brasileiros que é, ao mesmo tempo, a parte mais pobre da população. Graças a isso, eles conseguiram denunciar a omissão do Estado em reconhecer o papel da discriminação racial na manutenção das desigualdades sociais, o que redundou na legitimação e na posterior introdução das ações afirmativas raciais no país (CAMPOS, 2013, p. 90).

Se as cifras gerais de mobilidade são alvissareiras ao longo dos trinta anos de análise desse texto, fato é que a mobilidade social ascendente de negros sempre foi mais baixa que a dos “não-negros”. As tendências gerais já descritas para mobilidade social reproduzem-se para os vários grupos segundo raça/cor. Depois da queda de mobilidade verificada em 1996, como reflexo da Década Perdida de 1980, com a forte dinamização do emprego, em todo o país, nos anos 2000, e ampliação do ingresso ao ensino superior, verificou-se retomada dos níveis de mobilidade ascendente próximos aos de 1982 (que refletiam o processo secular de urbanização, industrialização e Milagre Econômico). Ainda que a proporção de pretos e pardos que ascenderam em relação ao primeiro emprego seja menor que a de brancos e amarelos em todos os anos em que pesquisa investigou esse processo, em 2014 as

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Uma conceituação mais elaborada em termos em termos de suas implicações éticas e políticas, e talvez mais complexa em termos de sua operacionalização analítica, é a noção de Raça com um conceito socialmente construído para clivagem de comunidades com certa identificação sócio-cultural ou étnica de origem. Mas isso não parece precisá-la de forma suficiente como categoria analítica, pelo menos no Brasil. Se nos Estados Unidos a origem africana – ou latino-americana ou asiática- conferiu identidade muito clara para a comunidade de descendentes dos escravos naquele país – ou da localidade de procedência dos migrantes pobres- no caso brasileiro a correspondência entre Raça e origem étnica parece mais matizada. “Cor da pele” seria, no Brasil, a categoria nativa a influenciar a “classificação racial” no país, como apontado por Guimarães (2003).

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desigualdades de mobilidade ascendente parecem ter diminuído entre os segmentos, ou pelo menos, voltaram ao padrão de 1982 (Gráfico 3).

Entre 1996 e 2014, a parcela de pretos com ascensão socioocupacional passou de 33% para 48%, 15 pontos percentuais maior; entre brancos, o aumento foi menor no período, de 45% para 56%, 11 pontos de diferença. O fato da retomada da mobilidade ascendente de pretos e pardos ser mais intensa que a dos brancos parece apontar que as ações afirmativas podem ter tido um papel não desprezível nesse sentido, pela ampliação de acesso ao ensino superior. A criação de empregos formais em áreas mais pobres, de maior presença de negros, assim como a ampliação do acesso a políticas sociais redistributivas, educação básica e saúde básica também devem ter papel nesse sentido. De fato, Senkevics e Mello (2019), em análise minuciosa sobre os impactos das políticas de cotas – para egressos de baixa renda da escola pública e negros – nas instituições federais de ensino superior, mostram que a participação do conjunto de pardos, pretos e indígenas, com renda até 1,5 salário mínimo de renda domiciliar per capita, passou de 34% para 43% do total de jovens de 18 a 24 anos no ensino superior, entre 2012 e 2016. No Norte e Nordeste, em que a larga maioria da população é negra e onde instituições federais de ensino superior expandiram-se fortemente entre 2004 a 2014, em direção a cidades médias situadas no interior dos estados, a participação desse grupo já atingia 70% e 60%, respectivamente, em 2016 (contra 62% e 49% em 2012).

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GRÁFICO 3 – Mobilidade social intrageracional ascendente chefes homens de 15 a 74 anos

– Brasil 1982, 1996 e 2014

Fonte: PNADs (1982; 1996; 2014).

A análise dos suplementos da PNAD aqui estudados revela que a mobilidade intrageracional ascendente – do primeiro ao emprego atual – de homens e mulheres sempre foi mais favorável aos primeiros, seja em 1982, 1996 ou 2014. Nesse último período, a parcela das chefes mulheres que ascendeu em relação à primeira ocupação foi de 43,6%, mais baixa que entre os homens, de 52,3% (Gráfico 4).

Para implementar uma análise de mobilidade social na perspectiva da Interseccionalidade/Consubstancialidade9 de fato, é necessário estimar as cifras específicas de mobilidade socio-ocupacional vivenciada por homens, mulheres, de diferentes categorias de Raça/Cor, nascidos em famílias de distintos estratos socioocupacionais. Essa análise integrada e “co-existencial” pode ser apreciada pela mobilidade para cada grupo sexo/cor controlado por estrato socioocupacional do pai em 2014 (mobilidade intergeracional). Dessa forma, controla-se a origem social de homens e mulheres, segundo raça/cor (Gráfico 5).

9 Há aqui uma tentativa reconhecidamente “ingênua” de integrar duas perspectivas de análise em disputa nos estudos de gênero, como aponta a discussão trazida no texto de Hirata (2014).

57,0 41,8 44,3 77,4 45,4 33,1 36,4 46,0 56,3 47,7 48,9 59,4 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0

Brancos Pretos Pardos Amarelos

(15)

GRÁFICO 4 – Mobilidade social intrageracional ascendente chefes homens e chefes

mulheres de 16 a 74 anos – Brasil 1982, 1996 e 2014

Mulheres Homens

Fonte: Jannuzzi (2004) – 1982 e 1996; PNAD 2014 – Microdados processados 2014.

Os resultados gerais de mobilidade intergeracional seguem um padrão diferencial por sexo: pelos resultados de 2014, em relação aos seus pais, chefes mulheres pretas tiveram ascensão socioocupacional próxima das brancas menor (48%), mais baixas que homens pretos ou brancos (52%). Pardos, mulheres e homens, tiveram mobilidade próxima e menor que os demais segmentos (46-47%).

Ao se considerar a mobilidade ascendente por classe de origem, sobretudo de pais com ocupações de baixo (e médio-baixo) status socioocupacional, ficam mais evidentes as dificuldades de ascensão de pardos e pretos, em particular entre mulheres. A condição de classe de origem parece reduzir as chances relativas de mobilidade em relação aos brancos, homens e mulheres. De fato, entre os nascidos em famílias com pais pertencentes aos estratos mais baixos, a mobilidade ascendente segue um gradiente de cor e sexo: mulheres pretas e pardas tem menos chances de ascender que homens pretos e pardos, cujas possibilidades são próximas ou um pouco piores que mulheres brancas, todos com menos oportunidade de realização ascendente que homens brancos.

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GRÁFICO 5 – Mobilidade intergeracional ascendente por estrato socioocupacional do pai

segundo sexo/cor – Chefes homens e mulheres de 16 a 74 anos – Brasil 2014

Fonte: PNAD (2014) – Microdados processados.

Tal determinação da condição de raça/cor parece menos intenso para pessoas que viveram em famílias do estrato médio (pais com ocupações qualificadas na indústria e serviços). Mulheres oriundas desse estrato teriam conseguido ascender mais do que homens. Mais ainda, pretas e pardas nascidas nessas famílias de médio status conseguiram chegar mais próximo às brancas. Seriam esses as brasileiras que, de fato, conseguiram acessar os mecanismos de políticas afirmativas, de cotas nas universidades e de igualdade de gênero nas ocupações? Esse parece ser o caso de professoras e técnicas de ensino médio. O mesmo padrão não é tão claro entre homens.

Ainda que requeiram análises mais aprofundadas, esses resultados mostram a importância da perspectiva da análise interseccional/consubstancial nos estudos sobre desigualdade de oportunidades e de resultados, para entender os eventuais efetiso de políticas públicas específicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos últimos anos, sobretudo após 2016, as perspectivas de mobilidade mudaram completamente. O aumento explosivo da desocupação entre 2014 e 2018 e a reforma trabalhista já devem ter levado, em curto espaço de tempo, ao descenso

(17)

socioocupacional de milhões de brasileiros, jovens ou maduros, obrigados a aceitar um posto de trabalho de remuneração mais baixa, de requerimentos técnicos aquém de suas experiências e formação. O abandono de uma perspectiva e estratégia nacional de desenvolvimento econômico nos últimos dois anos ceifaram empregos de maior complexidade, qualificação e remuneração, no que o setor de Petróleo e o estado do Rio de Janeiro parecem se constituir nos núcleos mais afetados e evidentes. Nem mesmo as reformas advogadas por setores liberais da sociedade brasileira – e internacional – a reforma trabalhista e da Previdência, a desregulamentação da legislação ambiental e tantas outras pautas não parecem surtir o efeito esperado por seus principais apoiadores na dinamização da economia. O “desfinanciamento” das políticas sociais e a desarticulação dos arranjos federativos que as operavam, tampouco acenam para que jovens possam adiar o ingresso ao mercado de trabalho e completar a formação em ensino médio, técnico ou superior. Soma-se a isso, os problemas de recursos que as universidades federais, escolas técnicas e o sistema de pesquisa científica começam a passar. Ainda que políticas de cotas consigam ser mantidas nesse quadro de desmonte institucional de políticas públicas e garantir alguma igualdade de oportunidades de acesso – aos sobreviventes do ensino básico – a igualdade de permanência e de resultados nas escolas técnicas e universidades começa a ruir, pela diminuição das bolsas de assistência estudantil para estudantes de baixa renda. Ainda que sobrevivam a essa travessia pelo ensino técnico e superior, os jovens egressos poderão enfrentar as dificuldades de inserção que seus pais passaram da década de 1980, não por acaso chamada de Década Perdida.

Infelizmente, as perspectivas no curto prazo não são alvissareiras para ascensão socioocupacional, muito menos para negros, mulheres e outros segmentos sociais que puderam contar durante algum período com normas que buscassem equalizar as oportunidades no mercado educacional e trabalho. Se “A que horas ela volta” é a metáfora cinematográfica da mobilidade social nos anos 2000, “Bacurau” pode ser mesmo a representação ficcional do que pode ser o Brasil em alguns anos.

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