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Relatório estágio profissional

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Academic year: 2021

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Relatório de Estágio

do 6º ano do

Mestrado Integrado de Medicina

Nuno Alexandre Barbosa Pauleta – Aluno nº 2013289

Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa Ano Letivo de 2018-2019 – Curso de Medicina de 2013-2019 Regente da Unidade Curricular: Professor Doutor Rui Maio Orientador: Dr.José Filipe Guia

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AGRADECIMENTOS

Quero deixar expressos profundos agradecimentos a três pessoas sem as quais eu não teria conseguido, tenho essa certeza, não só entrar, mas também concluir este curso:

À minha mãe Fernanda, que sempre me apoiou nas decisões difíceis e é para mim um pilar fundamental, a todos os níveis, onde sempre me alicercei para as grandes construções da minha vida. Viveu, sofreu e sorriu, sentindo na pele, tal como eu próprio, todas as alegrias e tristezas pelas quais passei. Por todos os pequenos-almoços pela minha mãe preparados quando me levantava às seis da manhã para ir para as aulas de anatomia;

À minha irmã Vera, minha colega de infância, juventude e profissão, que viveu em paralelo muito do que eu vivi, sempre comigo ombro a ombro, munida da sua visão objetiva, pragmática, inteligente e mordaz, que tanta força me deu e tantas vezes me apoiou. Pelo seu apoio férreo e conselhos válidos que sempre me deixaram a sorrir; À minha mulher Vanessa, outrora e hoje namorada, que presenciou e participou no dia-a-dia deste projeto e de outros, e que tal como eu abdicou de muitos dias, tardes e noites para que se constituísse este trilho, longo e difícil. Suportou e aliviou as minhas frustrações, e deu-me, por si própria - e de há uns meses para cá mais do que ela própria - grandes motivos e uma forte sensação de tudo valer a pena. Pelas vezes que legitimamente me “deu na cabeça” e seguidamente me abraçava com a sua serenidade confortante.

DEDICATÓRIA

Dedico este relatório e, muito mais que este documento, o próprio Curso de Medicina, ao meu pai João e aos meus avós Fernando, Emília e Zulmira. Não estando fisicamente presentes sei que de alguma forma me acompanharam neste percurso e que se sentirão orgulhosos e, mais do que o objetivo conquistado, por todo o longo caminho percorrido. Ontem, hoje e amanhã estarão sempre comigo.

ÍNDICE

Introdução e Objetivos .………. 2

Estágios e Atividades Desenvolvidas .……….. 3

Elementos Valorativos ……….. 7

Reflexão Crítica Final ……….. 7

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INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A execução deste relatório tem por objetivo descrever sucintamente o que fiz ao longo deste conjunto de estágios do 6º ano, mas acima de tudo o que pretendia e o que ganhei, pessoal e profissionalmente, com este Curso de Medicina. Existindo várias definições, por consensos nacionais ou europeus, daquilo que é ser-se médico, prefiro fazê-lo por palavras minhas, malgrado a possível aproximação a outras descrições. Médico é aquele que com os seus conhecimentos, competências e valores humanos, ajuda quem precisa, servindo assim a sociedade. E essa necessidade de alguém pode ser tanto uma cirurgia complexa, como um esquema terapêutico elaborado, como uma simples mão no ombro e dois minutos de conversa franca e compreensiva. A razão de ser do médico é o doente e a relação que se estabelece com ele, sendo essa a pedra de toque de toda a essência da Medicina. A par de todo o conhecimento, de todas as capacidades científicas e técnicas há que ter essa aproximação, essa empatia ao próximo. Antes de médicos somos seres humanos e é como tal, com

humanidade, que nos devemos reger na nossa missão. Numa perspetiva mais genérica foram estes os conceitos

elementares a que eu me agarrei e essa atitude que pretendi aperfeiçoar neste último ano de Medicina.

Como objetivos mais específicos para este 6º ano defini aprofundar e consolidar os conhecimentos de resolução ou minoração dos efeitos da doença, toda a sua componente preventiva, de sinalização ou de reajustamento dos múltiplos reais e potenciais problemas no decurso da vida da pessoa. Tanto quanto resolver a patologia em causa interessa prevenir a recaída, limitar os danos associados à mesma ou às comorbilidades, contribuir para a manutenção da qualidade de vida do doente e acima de tudo muni-lo de armas que lhe permitam a ele próprio contribuir para essa tarefa. Decidi assumir que o ganho relativo das nossas ações enquanto médicos é muito vasto, tendo nós, e principalmente os outros, muito a ganhar com as nossas intervenções. E sendo altas as nossas responsabilidades, será alta sem dúvida a gratificação e satisfação que daí se tira. A referir e a valorizar, tornando a Medicina tão densa, é a vastidão de temáticas e o grau de conhecimento que lhes está inerente, o que implica necessariamente um tipo de competências técnico-científicas que são em si um desafio considerável para o médico e, até aqui no meu caso, para o estudante, sendo esta no entanto uma missão estimulante e aliciante. Pretendi então, considerando as especificidades de cada área médica: avaliar o doente, na sua natureza somática e emocional, reconhecendo fatores de risco, problemas potenciais, patologias estabelecidas, reconhecendo os seus sinais e sintomas; aperfeiçoar a técnica de colheita da história clínica e da execução do exame objetivo, nos diferentes contextos, devidamente enquadrados nas queixas e na semiologia; melhorar o raciocínio clínico e diagnóstico, recorrendo de forma adequada a exames complementares, bem como a critérios diagnósticos, com a sua interpretação e aplicabilidade à situação em causa; lidar com toda a informação médica e manancial de

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dados relativos ao doente para criar uma história coerente e consequentemente uma abordagem ajustada; aprofundar os conhecimentos de terapêutica, nas suas vertentes multimodais, incluindo as situações urgentes e emergentes; observar e realizar ações e procedimentos médicos importantes, para melhorar competências e prestar um melhor serviço no futuro; aplicar conceitos de prevenção e educação para a saúde e reconhecer os problemas passiveis de serem corrigidos ou melhorados; aperfeiçoar a minha capacidade expositiva na apresentação de temas médicos a colegas e outros; melhorar faculdades comunicativas e relacionais com o paciente, com os familiares, com colegas e com outros profissionais, no sentido de melhorar a eficácia e principalmente a humanidade exigíveis. E assim sendo, tomei como objetivos primordiais estes desafios, consistindo este conjunto de estágios como o cenário ideal para a exploração e aprendizagem de todo este “mundo” da Medicina no qual tencionei integrar-me e viver durante este ano.

Segue-se uma descrição das atividades exercidas nos diferentes estágios, seguida de uma apreciação critica das mais-valias dos mesmos, dos objetivos mais ou menos atingidos e dos ganhos globais deste estágio profissionalizante. Em anexo adiciono os certificados de cursos e formações extracurriculares.

ESTÁGIOS E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Estágio de Pediatria

(de 10 de setembro a 4 de outubro de 2018 no Hospital de São Francisco Xavier)

Iniciei o ano letivo com este estágio, sob a orientação do Dr. Edmundo Santos. Foi um estágio que abrangeu as valências: do internamento, onde passei boa parte deste estágio e onde pude explorar e aperfeiçoar a anamnese, o exame objetivo dirigidos a esta faixa etária e acompanhar mais continuadamente os doentes; da urgência, onde se exerce a medicina do doente com queixas e patologia aguda, coisa muito comum nas crianças e grande fator de stress para os pais, sendo algo que exige competência e sensibilidade do médico, tal como o exigiu de mim; do berçário, onde se observa e avalia objetivamente o neonato, se descartam patologias e inadaptações à vida extrauterina e se antecipam as necessidades do bebé e da mãe. De referir que observava pessoalmente dois a três neonatos por cada manhã; das consultas, tendo investido particularmente nas consultas de desenvolvimento, do Dr. António Macedo, assunto que considero de particular interesse e importância. Participei igualmente nas várias reuniões de discussão dos casos clínicos e nas sessões formativas ministradas, tendo sido participante ativo de todas elas na medida do possível. Apresentei formalmente no serviço uma história clínica de um caso de uma criança de 2 anos com celulite do membro inferior.

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Estágio de Ginecologia e Obstetrícia

(de 8 de outubro a 2 de novembro de 2018 no Hospital de Vila Franca de Xira)

Decorrido sob a orientação da Dr.ª Paula Tapadinhas, na vertente de obstetrícia, e da Dr.ª Paula Ambrósio na vertente de ginecologia. É uma área médica bastante multifacetada, cujas várias vertentes fiz por abranger: o internamento de obstetrícia-berçário, onde observei e avaliei quer as grávidas de risco quer as puérperas, com particular relevo para o seu status pós-parto e para os aspetos práticos da sua ligação ao bebé e da gestão desta fase crucial; o banco de urgências que por inerência incluiu também o bloco de partos, onde tive oportunidade de contactar com as queixas mais comuns quer de grávidas quer não-grávidas, e onde assisti a partos eutócicos, distócicos e a cesarianas, participando numa destas como ajudante de cirurgião; as consultas, nas área da gravidez de alto risco, interrupção voluntária de gravidez e na onco-ginecologia, onde tive oportunidade de aperfeiçoar o exame objetivo ginecológico e contactar com algumas das patologias mais prevalentes; nos exames complementares, em particular as ecografias obstétricas, as ecografias ginecológicas e nas histeroscopias, podendo nesta última constatar igualmente a sua componente terapêutica; no bloco operatório, assistindo essencialmente a cirurgias do foro ginecológico, tendo por duas ocasiões participado como ajudante de cirurgião. Estive presente numa sessão de serviço a qual incluiu a apresentação do tema de revisão escolhido e apresentado por mim e pelas minhas colegas Ana Bernardino e Elsa Araújo, para efeitos de avaliação tendo por tema “Infeções TORCH na gravidez”.

Estágio de Saúde Mental

(de 5 a 30 de novembro de 2018, no Hospital Egas Moniz)

Decorrido sob a orientação da Dr.ª Inês Donas-Boto, este estágio de psiquiatria envolveu as seguintes componentes: as consultas de psiquiatria, que são o cerne desta especialidade, onde se explora o sofrimento psíquico e a doença mental e se definem as estratégias terapêuticas, com a premência de uma relação médico-doente intensa e particular, dada a natureza das patologias, e onde pude apreender e melhorar quer competências técnicas quer relacionais, em particular a empatia. A minha tutora dava igualmente consultas na área da onco-psiquiatria, o que me permitiu contactar com uma realidade tão especifica e sensível; na psiquiatria de ligação, onde se dava apoio a outras especialidades em doentes com patologia psiquiátrica concomitante e onde constatei a transversalidade da doença psiquiátrica na nossa população geral usuária de cuidados de saúde; No internamento, onde contatei diretamente com patologia psiquiátrica grave com necessidade de apoio intensivo e abordei mais proximamente determinados pacientes; nas urgências, tendo a oportunidade aqui de observar a doença mental na sua forma aguda e mais floreada, com manifesto sofrimento dos doentes e seus

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familiares. No início do estágio houve dois dias de aulas teórico-práticas para enquadramento de temas chave desta área, nas quais participei. Estive igualmente em reuniões de discussão de casos clínicos no serviço e executei uma história clínica sobre um individuo com bipolaridade para efeitos de avaliação, que incluiu igualmente uma conversa final com o Regente da Unidade Curricular.

Estágio de Medicina Geral e Familiar

(de 3 de dezembro de 2018 a 11 de janeiro de 2019, na USF de S. Julião-Oeiras)

Tendo o estágio as férias do natal como interregno, sob a orientação da Dr.ª Áurea Farinha, este constituiu-se essencialmente pelas consultas de medicina primária de: rotina e seguimento dos utentes, nas quais se abordam patologias agudas ou crónicas, se ajusta medicação, estabelecendo-se o acompanhamento longitudinal e a gestão dos aspetos de saúde dos mesmos; doença aguda, em que se trata das variadas queixas e patologias, consultas estas requeridas pelos utentes numa perspetiva de urgência; planeamento familiar e saúde materna, em que se aborda necessidades de contraceção, apoio na saúde da mulher e seguimento da mulher grávida; saúde infantil, em que se observa e monitoriza regularmente a saúde e desenvolvimento de utentes em idade pediátrica e se planificam profilaxias e se antecipam problemas. Executei um conjunto de consultas, maioritariamente nas de doença aguda, com tutoria presencial ou não presencial, em algumas delas, com a óbvia validação final pela minha tutora. Participei igualmente em rastreios ginecológicos e em procedimentos de enfermagem, nomeadamente pensos, tratamentos, vacinações e avaliação de pé diabético. Executei um trabalho de revisão sobre criptorquidia em idade pediátrica, cuja apresentação foi feita por mim numa reunião de serviço da USF. Fiz um Diário de Exercício Orientado, que incluiu um caso clínico e uma revisão farmacológica para efeitos de discussão final.

Estágio de Medicina Interna

(de 21 de janeiro a 15 de março de 2019, no Hospital de São Francisco Xavier)

Sob a orientação da Dr.ª Susana de Jesus, este estágio centrou-se essencialmente no internamento do Serviço de Medicina IV, a título diário, onde me eram atribuídos dois a três doentes, fazendo a sua avaliação e os respetivos exames objetivos, tratando dos diários clínicos, notas de alta, pedidos de exames e outras necessidades. Participei em vários procedimentos, sendo que as punções arteriais para gasimetria e a execução de ECGs ficavam a meu cargo. Diariamente discutia os resultados dos MCDs, as terapêuticas e a gestão global dos doentes com a minha tutora. Participei em reuniões interdisciplinares e em exames ecocardiográficos dos meus doentes. Semanalmente fazia urgências, tendo estado quer no balcão, quer no serviço de observação, tal

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como na sala de reanimação e na sala de TAC, tendo sido estas sessões particularmente intensas pois foi período coincidente com o “pico de gripe”. Aqui prestava auxílio e colaborava com os médicos que prestavam serviço. Participei nas sessões de consulta da minha tutora onde dava apoio na colheita de dados do exame objetivo e onde discutíamos os casos. Participei em várias sessões de serviço, quer de caráter formativo, quer nas visitas médicas semanais com o Diretor de Serviço, tendo em várias dessas ocasiões apresentado formalmente os meus doentes. Participei nas aulas teórico-práticas ministradas pelo serviço e fiz a apresentação de uma revisão bibliográfica acerca de Poliarterite Nodosa.

Estágio de Cirurgia Geral

(de 18 de março a 17 de maio de 2019, no Hospital da Luz Lisboa)

Decorrido sob a orientação da Dr.ª Natacha Botelho Vieira, este estágio foi essencialmente passado no bloco operatório deste hospital. Assisti a múltiplas cirurgias, essencialmente nas áreas bariátrica, de tiroide, de cólon e de parede abdominal, com particular preponderância das modalidades laparoscópica e robótica. Participei em várias delas, essencialmente nas cirurgias de via aberta, como segundo ajudante de cirurgião. Participei igualmente como ajudante principal da minha tutora no contexto da pequena cirurgia. Estive nas sessões de consultas onde dei apoio na avaliação dos doentes, muitos deles de cirurgias as quais assisti. Estive igualmente no internamento na avaliação pós-operatória de alguns doentes. Durante duas semanas estive no serviço de gastroenterologia onde assisti a variadíssimos exames e procedimentos endoscópicos, incluindo ecoendoscopia, e assisti a consultas desta especialidade. Assisti às reuniões interdisciplinares e às sessões formativas facultadas. A primeira semana de estágio consistiu em aulas teórico-práticas no Hospital Beatriz Ângelo, que incluíram o curso TEAM, este ministrado na Faculdade. No último dia houve um seminário em que apresentei um caso de prolapso retal com os meus colegas Joana Romão, Inês Vidó e Piero Valentino, para efeitos de avaliação na presença do Professor Doutor Rui Maio e de outros médicos.

Cadeira Opcional de Trauma

(de 20 a 31 de maio de 2019, na Faculdade e no Hospital de São José)

Na última quinzena do ano letivo, não sendo formalmente estágio, participei nesta disciplina, coordenada pelo Professor Doutor Francisco de Oliveira Martins, sendo a mesma constituída por três dias de seminários, onde se dá o enquadramento dos vários temas dentro da traumatologia e se ministra a informação teórica, sempre acompanhados de casos clínicos reais e subsequente discussão com os alunos, nas quais fui sempre participante ativo. Estão igualmente incluídos seis dias de componente prática, consistindo no cerne da disciplina, onde

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integrei os seguintes serviços e atividades: Cirurgia Vertebro-Medular; Cirurgia Maxilo-Facial; Cirurgia Plástica (Unidade de Queimados); VMER (INEM); Serviço de Urgência (Sala de Trauma); Neurocirurgia.

ELEMENTOS VALORATIVOS

Ao longo deste ano letivo participei num conjunto de reuniões formativas cujos temas me suscitaram o interesse. No âmbito da pediatria, no Hospital de São Francisco Xavier, “Oligossacáridos do leite humano” e, organizado pelo Hospital Dona Estefânia, “8ª Reunião de imunoalergologia de Lisboa”. No âmbito da saúde mental, organizado pelo Hospital de Vila Franca de Xira, “Psicofármacos nos idosos” e “Abordagem da depressão”.

REFLEXÃO CRÍTICA

Este estágio parcelar profissionalizante de Medicina do 6º ano, após concluído, permite-me abordar de forma mais confiante, direcionada e informada os problemas e patologias mais frequentes da população em geral, sendo as áreas médicas abordadas as mais fundamentais e pertinentes quer na formação, quer nas competências técnico-científicas, quer na cultura básica de qualquer médico. Tive deste modo a oportunidade de contatar de forma mais direta e pessoal com os vários serviços nas suas múltiplas dimensões, nomeadamente na vertente dos espaços físicos e equipamentos, na vertente dos profissionais - médicos, enfermeiros, auxiliares, técnicos e administrativos - e acima de tudo, dos doentes. Este último participante, o doente, tornou-se com estes estágios, de alguma forma mais “desvendado”, familiar, próximo de mim enquanto futuro médico, pois até aqui apenas o era na perspetiva do aluno de medicina. Ser-me-á mais fácil, daqui em diante, abordar uma pessoa com uma dor precordial ou uma dificuldade respiratória, um idoso com síndrome confusional agudo ou com um quadro depressivo, uma grávida com os seus sintomas e os seus receios, ou uma criança febril e a chorar, e isto apenas para exemplificar todo um conjunto de patologias e dificuldades, sabendo agora, de forma mais consistente, como questionar o doente, examina-lo, trata-lo e acima de tudo conseguir dar-lhe apoio e orienta-lo objetivamente em função das suas necessidades. Deste modo creio que atingi globalmente os objetivos estipulados, quer genéricos quer específicos, dentro dos dois pontos essenciais do conhecimento médico e da

relação humana. E estes últimos aspetos foram transversais a todos os estágios, em maior ou menor grau. Os

estágios de Pediatria, Ginecologia-Obstetrícia e Medicina destacaram-se pelo vasto manancial de informação clínica e de procedimentos que apreendi, fazendo estes de mim mais “médico”, científica e tecnicamente falando, tendo sido grandes pilares de conhecimento. Os estágios de Saúde Mental e Medicina Geral e Familiar

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facultaram-me competências de comunicação interpessoal, na relação médico-doente, da visão globalizante da pessoa e de aspetos mais específicos de gestão da saúde e de um acompanhamento mais longitudinal e próximo dos doentes. O estágio de Cirurgia Geral e a opcional de Trauma fascinaram-me pelo seu lado altamente técnico e puramente interventivo, pelo recurso à anatomia e fisiologia elementares, pelo seu caráter resolutivo e imediato, mais ou menos bem-sucedido, mas com a assertiva intenção de atuar para extirpar a doença ou salvar a vida. Não sendo isto, obviamente, exclusivo destas especialidades. No entanto, identifico-me com estes últimos temas pelo seu cariz eminentemente prático e objetivo, considerando eu a arte cirúrgica algo de fascinante. Mas todos estes estágios, pelas suas diferentes e complementares valências, contribuíram enormemente para a minha formação. Sinto que reforcei quer competências quer autonomia e acima de tudo orientei-me e valorizei-me com base no sentido de responsabilidade, dedicação e humanidade. E deste modo faço tenções de extrapolar estes princípios para todos os aspetos da minha vida, quer a nível profissional, quer a nível pessoal.

O curso de Medicina, enquanto formação pré-graduada, é um preâmbulo de uma carreira que se revestirá de muita mais formação, mas uma das grandes mais-valias de um médico será sempre a capacidade de observar, compreender e aprender, seja com colegas, seja com doentes, mas acima de tudo consigo próprio. Seremos sempre alunos. E tanto se aprende com o Sr. Professor que nos ensinou os fundamentos da circulação sanguínea, como aprendemos com a Sr.ª Dona Beatriz, a senhora da cama 7, do pé diabético, que num breve momento à beira da cama nos fez ver a essência da simplicidade, da simpatia e do agradecimento. Estes foram os principais ensinamentos que tirei deste curso, tanto absorvidos pelas aulas, pelos estágios, pelos médicos, mas principalmente através dos inúmeros doentes os quais tive o enorme prazer de conhecer ao longo destes seis anos.

A título autocrítico, gostaria de referir que - apesar das limitações e inexperiência inerentes a um aluno do 6º ano, considerando que não era o responsável pelos doentes de facto, sendo esta uma função tutorada - o contacto direto com o doente, a abordagem anamnésica e o exame objetivo foram, no conjunto, aquilo com que me senti mais à vontade. Ir ter com a Dona Helena ou o Sr. Rui, perguntar-lhes como estão, falar com eles e examina-los era o momento alto do dia e era a função em que me sentia de facto a exercer Medicina. Tive talvez maior dificuldade em dominar softwares informáticos, executar diários e notas de alta, solicitar exames ou mergulhar em toda a gestão logística e interação que envolve um médico num serviço clínico, na atualidade. No entanto, com o decorrer dos dias de estágio tudo isso se descomplicou um pouco e estou em crer que, no futuro, a experiência adquirida tornará isso uma função mais natural e fluida. Outro aspeto que poderia ter sido mais explorado, quer neste ano quer no curso todo, foi a questão da formação extracurricular, sentindo ou desejando ter feito mais, no entanto, pelas limitações várias que se me impuseram e pelas opções que tive de tomar, longe

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estou de considerar tal como um objetivo não conseguido. Decerto que, sendo a vida de um médico um continuum de aprendizagem, oportunidades não faltarão para enriquecimento de currículo, e quiçá, feitas de um modo mais conhecedor e direcionado.

Por tudo o exposto previamente, agradeço a todos os doentes que conheci e acompanhei, aos profissionais com quem contactei nos vários serviços, mas em particular aos meus orientadores-tutores, com quem passei boa parte destes estágios, por toda a atenção, paciência, conhecimentos e orientação que me facultaram e que me auxiliaram bastante nas múltiplas dúvidas e dificuldades que surgiram no dia-a-dia nestes 10 meses do Estágio de Medicina. Gostaria de fazer um agradecimento mais pessoal àquelas pessoas que foram muito para além do expectável e exigível, ao terem lidado comigo de uma forma particularmente próxima, afável e descontraída, consistindo igualmente para mim paradigmas de grandes médicos, sendo eles: o Dr. Edmundo Santos, a Dr.ª Inês Donas-Boto, a Dr.ª Áurea Farinha, a Dr.ª Teresa Libório (USF S. Julião) e a Dr.ª Natacha Botelho Vieira. A todos eles um profundo agradecimento e um abraço amigo.

Em tom de conclusão gostaria de referir alguns aspetos e pensamentos que têm particular significado para mim, indo para além do âmbito do estágio. Sinto-me deveras satisfeito pelo facto de, a par dos seis duros anos quer de aulas, quer de estudo, quer de estágios do curso de Medicina, ter conseguido manter em simultâneo a minha profissão de Médico Veterinário até fase bem adiantada deste último ano letivo. Consegui também manter outras paixões minhas, nomeadamente a corrida e a natação, atividades continuadas há mais de 20 anos, que me ajudam a levar uma vida prazerosa e saudável, quer de corpo quer de mente. Consegui igualmente investir na minha vida familiar e, a par dos outros elementos também eles pedras basilares da minha existência, casei-me com a minha mulher e com ela espero um filho, que nascerá nos próximos casei-meses, construindo assim uma nova família. Sinto-me orgulhoso pois mantive e enriqueci todas estas paixões, tendo a elas juntado mais uma, a Medicina. E com tamanha satisfação gostaria de citar o Exmo. Sr. Professor Doutor Francisco de Oliveira Martins, que há poucos dias, imediatamente após o último exame deste curso e durante a fotografia de grupo, no pátio da Faculdade junto ao busto do Dr. Bentes de Souza, nos deu o melhor dos conselhos, no qual está resumido aquilo que é para mim concluir-se um curso de Medicina: “…muitos Parabéns a todos, no entanto, acima de tudo, nunca esqueçam o que vos deve dirigir enquanto pessoas e médicos… o Espirito de Beneficência!”.

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ANEXOS

Tabela de Casuística Resumida:

Pediatria

Internamento 19 crianças: 10 ♂ e 9♀ - média de idades de 3,7 anos (excluídos RNs) Urgências 36 crianças: 14 ♂ e 22♀ - média de idades de 6,8 anos

Consultas

26 crianças: 12 ♂ e 14♀ - média de idades de 6,5 anos

Ginecologia e Obstetrícia

Internamento (Obstetrícia) 18 mulheres (16 puérperas) - média de idades de 30,7 anos Urgências 45 mulheres (5 partos) - média de idades de 29,4 anos Consultas (Obstetrícia) 39 mulheres (7 IVG) - média de idades de 30,3 anos Consultas (Ginecologia) 37 mulheres (5 partos) - média de idades de 56,2 anos Cirurgia (Oncoginecológica) 6 mulheres – média de idades de 52,2 anos

Saúde Mental

Consultas 33 doentes: 14 ♂ e 19♀ - média de idades de 55,1 anos Psiquiatria de Ligação 15 doentes: 6 ♂ e 9♀ - média de idades de 65,3 anos

Urgências 18 doentes: 10 ♂ e 8♀ - média de idades de 52,6 anos

Medicina Geral e Familiar

Consultas Doença Aguda 23 doentes: 9 ♂ e 14♀ - média de idades de 43,0 anos

Medicina Interna

Internamento 48 doentes: 22 ♂ e 26♀ - média de idades de 78,9 anos Consultas 31 doentes: 12 ♂ e 19♀ - média de idades de 70,6 anos Urgências 30 doentes: 11 ♂ e 19♀ - média de idades de 71,5 anos

Cirurgia Geral

Cirurgias 43 doentes: 20 ♂ e 23♀ - média de idades de 53,1 anos Consultas 15 doentes: 6 ♂ e 9♀ - média de idades de 48,1 anos Gastroenterologia (Exames) 32 doentes: 11 ♂ e 21♀ - média de idades de 55,1 anos Gastroenterologia (consultas) 14 doentes: 3 ♂ e 11♀ - média de idades de 55,6 anos

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Tabela de Casuística Resumida:

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